Oficina de Redação

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leitor

Observamos que as línguas podem apresentar variações de acordo com os falantes e a situação comunicativa. Existem situações em que o mais adequado é usar a linguagem informal (ou um registro informal), rica em termos coloquiais, gírias e recursos expressivos próprios da oralidade. A linguagem informal pode ser usada quando há intimidade entre os interlocutores. Autores de textos de ficção muitas vezes fazem com que suas personagens usem a linguagem informal para mostrar que elas são próximas, que entre elas existe certo grau de intimidade, como fez Angeli na tira que você leu. Fora da ficção, a linguagem informal pode ser empregada em anúncios publicitários, em conversas familiares, em certos programas de televisão, etc. Existem, entretanto, situações em que o mais adequado é usar a linguagem formal (ou um registro formal), com maior objetividade e obediência à gramática normativa. Nesse caso, devem ser evitadas expressões coloquiais e gírias; se elas forem usadas na escrita, o ideal é colocá-las entre aspas. Toda língua apresenta variedades associadas a diversos aspectos. Na língua portuguesa, existem as variedades regionais (como as já estudadas neste capítulo) e as sociais. Ambas geram inúmeras variações linguísticas dentro de nosso idioma. A partir da observação dessas variações, podemos determinar a origem, a faixa etária, a família, o grupo social, o nível de estudos e outras características dos interlocutores. É importante conhecer todas as variedades linguísticas, para que possamos utilizá-las de forma adequada, na comunicação com diversas pessoas, de diferentes regiões e formações culturais.

oficina 1 Leia este texto de Tutty Vasques, que emprega gírias em sua linguagem humorística.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Você é o

Febeapá: do bafo ao caô! A gíria caiu em desuso. Ninguém mais fala “bafo”, no sentido de mentira, conversa fiada, cascata... Mas, nem tanto tempo assim faz, pegava superbem empregar o termo para resumir o descontentamento geral com tudo isso que aí está. O Aurélio define bem que época é essa na citação de Stanislaw Ponte Preta, em Febeapá 2: “Quando eles fizeram aí essa revolução e falaram tudo aquilo, que iam salvar o País, que iam prender tudo que é safado, que isso, que aquilo, eu cheguei a ter uma esperançazinha. Palavra de honra! Mas logo depois eu vi que era tudo bafo”.

Sérgio Porto não viveu para ver mas, quando acabou a ditadura, falaram tudo aquilo de novo, que iam salvar o País, que iam prender tudo que é safado, que isso, que aquilo... Continuaram até hoje insistindo no mesmo bafo! Na tecla SAP das novas gerações, “tudo caô!”. [...] Neste pleito, em particular, o bafo dos políticos atinge níveis alarmantes. Como ninguém tem mais a menor responsabilidade sobre o que diz e multar, simplesmente, não está surtindo efeito, talvez seja hora de submeter os candidatos em campanha ao teste do bafômetro. Bafômetro a garotada sabe o que é, né?

Tutty Vasques. O Estado de S. Paulo. São Paulo, 24 jul. 2010. (Fragmento).

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