• O Rio de Janeiro no início da república:
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reforma urbana e rebeldia social
O grande aumento populacional, gerado com o final da escravidão e com a chegada dos imigrantes entre fins do século XIX e início do XX, incidiu negativamente sobre as condições de vida na cidade: os problemas habitacionais, de saneamento e de higiene, tornaram-se mais agudos. Embora a população do Rio como um todo fosse atingida pelo impacto dessas questões, a população trabalhadora era a mais penalizada pela urbanização acelerada. Em 1902, Rodrigues Alves assumiu a presidência da república propondo a reforma e a modernização do porto do Rio de Janeiro, ponto de partida para uma renovação urbana radical da cidade. Nomeado diretamente pelo presidente, o engenheiro Francisco Pereira Passos tomou posse como prefeito do Distrito Federal no final de dezembro do mesmo ano, recebendo amplos poderes. Pereira Passos, junto com o governo federal, passou a remodelar a estrutura material da cidade com o plano popularmente conhecido como “bota abaixo”. Uma verdadeira cirurgia urbana foi iniciada: demolições de prédios, abertura de avenidas, prolongamento de ruas, reforma do calçamento, arborização e ajardinamento de praças, mudanças que atingiram principalmente a população pobre que morava e trabalhava no centro ou em suas redondezas.
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Uma dura avaliação da reforma urbana do Rio “As reformas tiveram como um dos efeitos a redução da promiscuidade social em que vivia a população da cidade, especialmente no centro. A população que se comprimia nas áreas afetadas pelo bota-abaixo de Pereira Passos teve ou de apertar-se mais no que Um barracão de menos, charge de ficou intocado, ou de subir Calixto Cordeiro sobre a reforma os morros adjacentes, ou de urbana no Rio de Janeiro, 1903. Fundação Biblioteca Nacional, deslocar-se para a Cidade Rio de Janeiro. Nova e para os subúrbios da Central. Abriu-se espaço para o mundo elegante que anteriormente se limitava aos bairros chiques, como o Botafogo, e se espremia na rua do Ouvidor. O footing passou a ser feito nos 33 metros de largura da avenida Central, quando não se preferia um passeio de carro pela avenida Beira-Mar. No Rio reformado circulava o mundo Belle Époque fascinado com a Europa, envergonhado do Brasil, em particular do Brasil pobre e do Brasil negro”. CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a república que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. p. 40-41.
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Fotografia de Augusto Malta da Avenida Central, no Rio de Janeiro, cerca de 1905. Arquivo G. Ermakoff.
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