Projeto Araribá História

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para degustação

Professor, esta amostra apresenta algumas unidades do Projeto Araribá História. Nela, você poderá conhecer a estrutura da coleção e o conteúdo programático desenvolvido para proporcionar aulas ainda mais dinâmicas e completas. A coleção aborda os acontecimentos históricos em ordem cronológica, possibilitando a análise e a comparação de fontes históricas sob um olhar analítico. Os conteúdos priorizam a postura crítica e a formação ética dos alunos, desenvolvendo atitudes e valores essenciais para a cidadania. O programa de compreensão leitora apresenta textos com linguagem acessível que destacam aspectos sociais, culturais, políticos e econômicos. Acesse o site da coleção e conheça todos os recursos multimídia que preparamos para facilitar a prática pedagógica dos professores adotantes e despertar o interesse nos alunos. Para mais informações sobre o conteúdo e a versão digital para tablet, entre em contato com o seu consultor Moderna!

Projeto

Araribá história

Projeto Araribá história

Projeto Araribá história

amostra para degustação do professor

Ensino Fundamental II

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confira: Nossos consultores estão à sua disposição para fornecer mais informações sobre esta obra.

www.moderna.com.br/arariba

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• Sumário da obra • Uma seleção de conteúdos didáticos para análise do professor



ARARIBÁ HISTÓRIA

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Organizadora: Editora Moderna Obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna. Editora Executiva: Maria Raquel Apolinário

3a edição

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© Editora Moderna 2010

Elaboração dos originais: Fábio Duarte Joly Doutor em História Econômica pela Universidade de São Paulo (USP). Professor adjunto da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB). Maria Raquel Apolinário Bacharel e licenciada em História pela Universidade de São Paulo (USP). Professora da rede estadual e municipal de ensino por 12 anos. Editora. Nubia Andrade e Silva Bacharel e licenciada em História pela Universidade de São Paulo (USP). Especialista em História, Sociedade e Cultura pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Editora. Eduardo Augusto Guimarães Bacharel e licenciado em História pela Universidade de São Paulo (USP). Mestre em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Professor da rede particular de ensino por 6 anos. Editor. Rosane Cristina Thahira Bacharel e licenciada em História pela Universidade de São Paulo (USP). Editora. Alvaro Hashizume Allegrette Bacharelado em História pela Universidade de São Paulo (USP). Doutor em Antropologia Social com Especialização em Arqueologia pela Universidade de São Paulo (USP). Professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Alexandre Alves Doutor em História Econômica pela Universidade de São Paulo (USP). Pesquisador-colaborador no Departamento de História da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Paulo Camargo de Oliveira Mestrando em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). João Luiz Maximo da Silva Mestre em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Pesquisador e catalogador iconográfico. Ricardo Vianna Van Acker Bacharel e licenciado em História pela Universidade de São Paulo (USP). Mestre em Semiótica e Linguística Geral pela Universidade de São Paulo (USP). Professor da rede particular de ensino por 10 anos. Thelma Cadermatori Figueiredo de Oliveira Licenciada em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Professora da rede particular de ensino.

Coordenação editorial: Maria Raquel Apolinário Edição de texto: Nubia Andrade e Silva, Eduardo Augusto Guimarães, Pamela Shizue Goya Consultoria histórica: Júlio Pimentel Assistência editorial: Vivian Kaori Ehara, Tathiane Gerbovic, Cíntia Medina, Gabriele C. B. Santos, Clara Fernandes Peres Preparação de texto: Sérgio Roberto Torres Coordenação de design e projetos visuais: Sandra Botelho de Carvalho Homma Projeto gráfico: Everson de Paula Capa: Aurélio Camilo Arte e fotografia: Catedral de Santa Sofia © Reiner Elsen/Glow Images/Imageplus Coordenação de produção gráfica: André Monteiro, Maria de Lourdes Rodrigues Coordenação de arte: Wilson Gazzoni Agostinho Edição de arte: Renata Susana Rechberger Edição de infografias: William Hiroshi Taciro (coordenação), Ana Claudia Fernandes. Tathiane Gerbovic, Daniela Máximo Ilustrações: Alexandre Affonso, Ale Setti, Breno Girafa, Carlos Caminha, Éber Evangelista, Mario Araújo, Orly Wanders, Paulo Manzi, Rodval Matias, Roger Cruz, Roko, Sattu, Studio Argozino, Tiago Cordeiro e Julia Priolli/Editora Abril, Vicente Mendonça Cartografia: Alessandro Passos da Costa, Anderson de Andrade Pimentel, Fernando José Ferreira Coordenação de revisão: Elaine Cristina del Nero Revisão: Afonso N. Lopes, Ana Maria Cortazzo, Ana Paula Luccisano, Márcia Leme, Nancy H. Dias Coordenação de pesquisa iconográfica: Ana Lucia Soares Pesquisa iconográfica: Ana Claudia Fernandes, Leonardo de Sousa Klein, Etoile Shaw, Odete Ernestina Pereira, Ellen Silvestre, Felipe Campos As imagens identificadas com a sigla CID foram fornecidas pelo Centro de Informação e Documentação da Editora Moderna. Coordenação de bureau: Américo Jesus Tratamento de imagens: Arleth Rodrigues, Bureau São Paulo, Fabio N. Precendo, Pix Art, Rubens M. Rodrigues Pré-impressão: Alexandre Petreca, Everton L. de Oliveira Silva, Helio P. de Souza Filho, Marcio Hideyuki Kamoto Coordenação de produção industrial: Wilson Aparecido Troque Impressão e acabamento:

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Projeto Araribá: história: ensino fundamental / obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna; editora executiva Maria Raquel Apolinário. — 3. ed. — São Paulo: Moderna, 2010.

Obra em 4 v. para alunos do 6o ao 9o ano. “Componente curricular : História” Bibliografia.

1. História (Ensino fundamental) I. Apolinário, Maria Raquel.

10-07541

CDD-372.89

Índices para catálogo sistemático: 1. História: Ensino fundamental 372.89 ISBN 978-85-16-06844-8 (LA) ISBN 978-85-16-06845-5 (LP) Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados EDITORA MODERNA LTDA. Rua Padre Adelino, 758 - Belenzinho São Paulo - SP - Brasil - CEP 03303-904 Vendas e Atendimento: Tel. (0_ _11) 2602-5510 Fax (0_ _11) 2790-1501 www.moderna.com.br 2010 Impresso no Brasil 1 3 5 7 9 10 8 6 4 2

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Apresentação

O

s livros do Projeto Araribá foram feitos para você gostar de estudar História e descobrir que os conteúdos dessa disciplina estão muito próximos da realidade que você vive, da escola em que estuda, do país que habita. Ao fazer as atividades propostas, você ampliará sua capacidade de ler diferentes tipos de texto, analisar imagens, debater ideias e expressar suas opiniões. Acima de tudo, você irá expandir seus conhecimentos e perceber como é importante construir uma atitude solidária na relação com as pessoas e responsável na relação com a natureza. Os temas que você irá estudar na seção Em Foco surgiram de assuntos relacionados aos alimentos, às crenças, ao trabalho, ao patrimônio cultural do Brasil e de outros países, à preocupação com o corpo e a saúde, entre muitos outros. Estude-os com atenção e realize as atividades de análise das fontes. Como um detetive e um historiador, você irá aguçar o seu olhar e descobrir que as coisas boas que conquistamos, inclusive o aprendizado, são sempre fruto do nosso esforço pessoal. Um ótimo estudo!

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Organização da Unidade Um livro organizado O seu livro tem oito unidades, divididas em duas partes: as páginas de estudo dos temas e as páginas da seção Em foco.

As páginas de abertura da Unidade trazem imagens e questões que procuram investigar o que você já sabe sobre o assunto.

Estudos dos temas

Nas páginas de estudo dos temas há ainda mapas e outras representações visuais que complementam o conteúdo e auxiliam na compreensão dos conteúdos.

Os temas selecionados para o estudo da Unidade sempre começam com uma ideia central do conteúdo que você vai estudar. Exemplo de tema: O Egito e o Rio Nilo.

Na seção De olho no presente há textos e questões que trazem o passado para os dias de hoje, permitindo que você perceba o que mudou e o que permaneceu.

As palavras ou expressões destacadas nessa vinheta remetem à seção Vocabulário em contexto do Guia de estudo. A seção Ampliando conhecimentos destaca um tema relacionado ao conteúdo que está sendo estudado e pode ser uma cidade, um monumento ou um fato histórico. A proposta é desenvolvida por meio de infográficos, um tipo de informação fortemente visual que mistura texto e ilustração.

As questões desta seção exercitam a habilidade de compreender conteúdos textuais e visuais.

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Atividades organizadas

Atividades de construção de um relato

As questões propostas no bloco de Atividades são basicamente de dois tipos: as que visam à construção de um relato e as de ampliação do conhecimento.

• Organizar o conhecimento • Aplicar • Produzir um texto • Na linha do tempo Desafio

Atividades de ampliação

Uma novidade desta edição, a seção Desafio traz questões de vestibulinhos, vestibulares e do Enem.

• Personagem • Edifícios daquele tempo • Arte e história • Ontem e hoje • Mapas históricos

As monografias e a análise de fontes históricas

As atividades da seção Em foco visam desenvolver a sua capacidade de analisar as fontes históricas. O objetivo é que você exercite, aos poucos, o método da investigação, essencial no ofício do historiador.

Cada Unidade inclui a seção Em foco, uma espécie de monografia em que você vai estudar com mais detalhes um tema relevante para o estudo da Unidade, relacionando melhor o passado e o presente.

Compreender um texto A seção Compreender um texto traz diferentes tipos de textos (lendas, artigos jornalísticos e de historiadores, documentos oficiais, poemas), que o estimulam a gostar de ler e a compreender as leituras que faz.

As atividades desta seção exercitam a habilidade de extrair informações de um texto, estabelecer relações com o conhecimento aprendido, debater ideias e elaborar conclusões. Os passos definidos para realizar o trabalho em equipe auxiliam a planejar a tarefa e a executá-la de forma organizada e funcional.

Trabalho em equipe A cada duas unidades, há propostas orientadas de Trabalho em equipe. Você e seus colegas irão brincar com um jogo de tabuleiro, construir uma maquete, entre outras atividades.

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Sumário Introdução Unidade 1

INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS HISTÓRICOS TEMA 1 – O trabalho do historiador ..........................................................................................12 A história e o historiador - 12, O que são fontes históricas - 13, Verdades absolutas ou versões históricas? - 14, Novos personagens em cena - 14, A história e as outras áreas do conhecimento - 15

TEMA 2 – O tempo e a história .......................................................................................................16 O tempo e as unidades de medida - 16, Instrumentos de medição do tempo - 17, O século: conjunto de cem anos - 19, A linha do tempo - 20, O tempo cronológico e o tempo histórico - 21 Atividades – Temas 1 e 2 ................................................................................................................................22 • Personagem – Os bosquímanos - 23

Unidade 1

AS ORIGENS DO SER HUMANO TEMA 1 – A evolução do ser humano .......................................................................................26 O criacionismo - 26, O evolucionismo - 26, Os hominídeos - 27, Os primeiros humanos - 28 TEMA 2 – A vida humana no Paleolítico................................................................................29 A era da pedra lascada - 29, A vida no Paleolítico - 29, As ferramentas do Paleolítico - 30

TEMA 3 – O Neolítico e a Revolução Agrícola ...................................................................31 A era da pedra polida - 31, A Revolução Agrícola - 31 Ampliando conhecimentos – Agricultura: uma revolução ..............................................................32 Atividades – Temas 1 a 3 ................................................................................................................................34 • Personagem – Romeu e Julieta do Neolítico .......................................................................................35

TEMA 4 – A Idade dos Metais ..........................................................................................................36 Uma revolução tecnológica - 36, O tempo do cobre e do bronze - 36, Os objetos de ferro - 36

TEMA 5 – O surgimento das cidades ........................................................................................37 As primeiras cidades - 37, O comércio e a divisão do trabalho - 38, A centralização política - 39, A escrita - 39 Atividades – Temas 4 e 5 ................................................................................................................................40 Em foco – Arte rupestre: o ser humano sensível ....................................................................................42 Compreender um texto – Uma cronologia da arte pré-histórica ..................................................46

Unidade 2

O POVOAMENTO DA AMÉRICA TEMA 1 – O ser humano chega à América............................................................................50 Os caminhos para a América - 50, Clóvis: armas de 11.200 anos - 51, Monte Verde: casas de 13.500 anos - 52

TEMA 2 – Como viviam os primeiros americanos .........................................................53 Povos nômades, caçadores e coletores - 53, Mudanças climáticas - 53, Mudanças na vida humana - 54, O início da agricultura na América - 54 Atividades – Temas 1 e 2 ................................................................................................................................56 • Ontem e hoje – Agricultura e mudanças ambientais ........................................................................57

TEMA 3 – O povoamento do Brasil .............................................................................................58 Uma época muito diferente da atual - 58, Esqueletos e objetos em Lagoa Santa - 58, O sítio de São Raimundo Nonato - 59

TEMA 4 – A vida dos primeiros habitantes do Brasil.................................................60 Povos caçadores e coletores - 60, O fogo e os antigos habitantes do Brasil - 60, Os povos dos sambaquis - 61, Povos agricultores - 61, A arte da cerâmica - 62, Os povos ceramistas - 62, As moradias - 63 Atividades – Temas 3 e 4 ................................................................................................................................64 Em foco – O milho, da América para o mundo .......................................................................................66 Compreender um texto – Uma lenda do milho ...................................................................................70 Trabalho em equipe 1 – Escrever a história da minha família .........................................................72

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Unidade 3

MESOPOTÂMIA, EGITO E O REINO DA NÚBIA TEMA 1 – Mesopotâmia: o berço da civilização ..............................................................76 Terra entre rios - 76, Homens livres e escravos - 76, Uma religião com muitos deuses - 77, A escrita e a astronomia mesopotâmicas - 77

TEMA 2 – Mesopotâmia: terra de grandes impérios..................................................79 Os povos que formaram a Mesopotâmia - 79 Atividades – Temas 1 e 2 ................................................................................................................................82 • Ontem e hoje – A lei e a ordem .................................................................................................................83

TEMA 3 – O Egito e o Rio Nilo ..........................................................................................................84 O Egito é um oásis - 84, O trabalho às margens do Rio Nilo - 84, A história de um longo império - 85

TEMA 4 – A sociedade no Egito antigo ..................................................................................86 O faraó era considerado um deus - 86, Os colaboradores do faraó - 86, Os camponeses - 87, A vida nas cidades egípcias - 88

TEMA 5 – A religião e a escrita ......................................................................................................89 A religião: o centro da vida no Egito - 89, A escrita no Egito - 90 Ampliando conhecimentos – Práticas funerárias no Egito antigo ................................................91 Atividades – Temas 3 a 5 ................................................................................................................................92 • Ontem e hoje – A decifração dos hieróglifos .......................................................................................93

TEMA 6 – O Reino da Núbia...............................................................................................................94 Recuperando a história de uma civilização - 94, Localização geográfica - 94, A história de um grande reino - 95, Napata: a nova capital de Cuxe - 95, Meroé e o último reino cuxita - 96, Atividades econômicas - 97 Atividades – Tema 6 .........................................................................................................................................98 Em foco – Imagens do Egito antigo ......................................................................................................... 100 Compreender um texto – A importância da mulher no antigo Egito ....................................... 104

Unidade 4

CHINA E ÍNDIA TEMA 1 – China: das origens à dinastia Chou................................................................ 108 Às margens do Rio Amarelo - 108, As culturas Longshan e Yangshao - 108, A dinastia Chang - 109, Os Chous no poder - 109

TEMA 2 – A China imperial ............................................................................................................. 110 A crise da dinastia Chou - 110, A China dos Ch’in - 110, A dinastia Han no poder - 111, A restauração das letras e das artes - 111, Os ricos da dinastia Han - 112, Os camponeses - 112, Atividades econômicas - 113 Ampliando conhecimentos – A Grande Muralha da China .......................................................... 114 Atividades – Temas 1 e 2 ............................................................................................................................. 116 • Ontem e hoje – A China e suas religiões ............................................................................................. 117

TEMA 3 – A antiga civilização indiana ................................................................................. 118 Às margens do Rio Indo - 118, A cultura harapense - 118, A atividade agrícola - 119, A produção artesanal - 119, A escrita harapense - 120, As crenças religiosas - 120

TEMA 4 – A Índia do período védico ...................................................................................... 121 O fim da cultura harapense - 121, Os arianos e os Vedas - 121, A sociedade de castas - 122, A evolução religiosa - 123, O carma e a filosofia hindu - 123 Atividades – Temas 3 e 4 ............................................................................................................................. 124 Em foco – O Rio Amarelo e o Rio Ganges .............................................................................................. 126 Compreender um texto – Planeta água ............................................................................................... 130 Trabalho em equipe 2 – Elaborar uma maquete............................................................................... 132

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Sumário

Unidade 5

FENÍCIOS, HEBREUS E PERSAS TEMA 1 – Fenícios: um povo de navegantes .................................................................. 136 O território da civilização fenícia - 136, As cidades-Estado fenícias - 136, Fenícios: grandes artesãos e comerciantes - 137, O alfabeto fenício - 137, A religião dos fenícios - 138, A Fenícia e os impérios - 138

TEMA 2 – Os hebreus e a Terra Prometida ....................................................................... 139 Os hebreus e a história judaica - 139, Origem e tradição - 139, A posse da terra - 140, O período dos juízes - 141

TEMA 3 – Um rei para Israel .......................................................................................................... 142 A centralização política - 142, O reinado glorioso de Salomão - 142, Os assírios dominam Israel - 143, O fim do cativeiro da Babilônia - 143

TEMA 4 – A vida em Israel .............................................................................................................. 144 Um território diversificado - 144, O trabalho - 144, A vida familiar - 145, A vida religiosa - 145 Ampliando conhecimentos – Jerusalém: a cidade sagrada ......................................................... 146

TEMA 5 – O Império Persa ............................................................................................................... 148 Os medos e os persas - 148, A construção de um império - 148, Uma administração eficiente - 149, A sociedade persa - 149 Atividades – Temas 1 a 5 ............................................................................................................................. 150 Em foco – A Bíblia ........................................................................................................................................... 152 Compreender um texto – A saída do Egito ......................................................................................... 156

Unidade 6

A CIVILIZAÇÃO GREGA TEMA 1 – A origem da civilização grega ............................................................................ 160 A Grécia atual - 160, Grécia, um território favorecido pelo mar - 160, A cultura cretense ou minoica - 161, A sociedade micênica - 161, Do genos à cidade-Estado - 162, A cidade-Estado grega - 162, A expansão colonial grega - 163

TEMA 2 – A vida política na Grécia .......................................................................................... 164 A Atenas aristocrática - 164, A implantação da democracia - 164, A sociedade ateniense - 165, A oligarquia espartana - 167, O domínio dos esparciatas - 167

TEMA 3 – A conquista macedônica ........................................................................................ 168 O domínio ateniense - 168, A Guerra do Peloponeso - 168, A vitória macedônica - 169, O império de Alexandre - 169 Atividades – Temas 1 a 3 ............................................................................................................................. 170 • Personagem – Alexandre, o Grande ..................................................................................................... 171

TEMA 4 – A vida cotidiana na Grécia antiga ................................................................... 172 A cidade de Atenas - 172, Esparta, uma pólis guerreira - 173

TEMA 5 – Mito e religião na Grécia.......................................................................................... 174 A mitologia grega - 174, Deuses e heróis - 174, Homens e deuses - 175, Deuses protetores das cidades - 175

TEMA 6 – A arte grega........................................................................................................................ 176 Os deuses inspiram a arte - 176, A arquitetura - 176, A pintura - 177, O teatro - 177, A poesia - 178

TEMA 7 – A filosofia grega ............................................................................................................. 179 Para além do pensamento mítico – 179 Ampliando conhecimentos – A escultura grega .............................................................................. 180 Atividades – Temas 4 a 7 ............................................................................................................................. 182 Em foco – O corpo na Grécia e no mundo atual ................................................................................. 184 Compreender um texto – A imposição dos padrões de beleza .................................................. 188 Trabalho em equipe 3 – Dramatizar um mito grego ....................................................................... 190

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Unidade 7

A CIVILIZAÇÃO ROMANA TEMA 1 – A formação de Roma................................................................................................... 194 Pequenos núcleos às margens do Tibre - 194, A influência etrusca - 194, A organização social - 195, A organização política - 196, O fim da dominação etrusca - 196

TEMA 2 – A República Romana .................................................................................................. 197 Nova ordem política - 197, Diferenças entre patrícios e plebeus - 198, O controle da Península Itálica - 199 Atividades – Temas 1 e 2 ............................................................................................................................. 200 • Personagem – As mulheres vestais....................................................................................................... 201

TEMA 3 – As guerras de conquista ......................................................................................... 202 A expansão pelo Mediterrâneo - 202, Uma nova cidade - 203, A escravidão em Roma - 204

TEMA 4 – O Império Romano........................................................................................................ 205 Lutas sociais em Roma - 205, O prestígio dos militares - 205, Júlio César e a centralização do poder - 206, Otávio inicia o império - 206

TEMA 5 – A sociedade e a cultura ............................................................................................ 207 A religião - 207, A família - 207, A produção intelectual - 208, Diversão e cultura - 208, Os letrados e os analfabetos - 209 Ampliando conhecimentos – Termas romanas: entretenimento e higiene no mundo antigo ........................................................... 210 Atividades – Temas 3 a 5 ............................................................................................................................. 212 Em foco – Os gladiadores de Roma ......................................................................................................... 214 Compreender um texto – O cotidiano dos romanos....................................................................... 218

Unidade 8

A CRISE DO IMPÉRIO ROMANO TEMA 1 – A mensagem do cristianismo ............................................................................. 222 Onde nasceu o cristianismo? - 222, As pregações de Jesus - 222, As primeiras comunidades cristãs - 223, As perseguições no Império Romano - 223

TEMA 2 – Século III: uma época de crises ......................................................................... 224 A dificuldade de controlar o império - 224, A crise do século III - 224, Mudanças que agravaram a crise romana - 225

TEMA 3 – A ruralização da Europa........................................................................................... 226 O esvaziamento das cidades - 226, O surgimento dos colonos - 226, Os colonos transformam-se em servos - 227

TEMA 4 – A divisão do Império Romano ............................................................................ 228 As reformas de Diocleciano - 228, Um governo de base religiosa - 228, A queda do Império Romano do Ocidente - 229

TEMA 5 – O Império Romano do Oriente............................................................................ 230 O esplendor do reinado de Justiniano - 230, A cidade de Constantinopla - 231, As diferenças religiosas - 231 Atividades – Temas 1 a 5 ............................................................................................................................. 232 Em foco – A cidade de Constantinopla .................................................................................................. 234 Compreender um texto – A queda de Constantinopla .................................................................. 238 Trabalho em equipe 4 – Brincar com um jogo de tabuleiro ......................................................... 240

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Introdução aos estudos históricos

A importância da história

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oda vez que você entra na internet, assiste a um noticiário na televisão ou abre um jornal toma conhecimento de muitas notícias: guerras, problemas econômicos, catástrofes ambientais, inovações tecnológicas, epidemias, mudanças na moda, na alimentação ou nos comportamentos. Porém, amanhã ou depois essas notícias serão esquecidas e darão lugar a outras. No mundo de hoje as informações circulam com grande velocidade. Tudo passa tão rápido que mal temos tempo de refletir sobre o que está acontecendo. Parece que nada permanece e que o presente supera completamente o passado. Mas isso não é real. As pessoas, os costumes, as tecnolo-

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gias, as sociedades, enfim, combinam elementos do passado com inovações do presente. E a história nos ajuda a reconhecer o que é novo e o que herdamos do passado, a entender como tudo o que existe no mundo contemporâneo começou. Ela nos auxilia a entender o presente e, portanto, a conhecer melhor a nós mesmos e o que nos cerca. Por que tal país está em guerra com aquele outro? Por que existe tanta desigualdade e pobreza no mundo? Por que algumas coisas mudam e outras permanecem como estavam? Quando conhecemos o nosso passado podemos entender melhor o nosso presente e planejar mudanças para o nosso futuro.

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Começando a Unidade (1) Avós brincam com neto; (2) Mãe e filha; (3) Família passeia no Parque do Ibirapuera, em São Paulo; (4) Mãe e filho; (5) Família de orientais. Fotos da década de 2000. As fotografias são fontes que permitem estudar a história de uma pessoa, de uma família ou de um lugar.

1 O bserve as famílias que aparecem nesta abertura. Que diferenças e semelhanças há entre elas? 2 P ara você, qual é a importância de um desenho, de uma pintura ou de uma foto? 3 V ocê já ouviu falar em fontes históricas? O que são? 4 A s imagens desta abertura podem ser tratadas como fontes históricas? Por quê?

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5 O que, na sua opinião, um historiador faz?

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omo o historiador desenvolve seu trabalho, analisa as fontes históricas e interpreta os acontecimentos do passado?

Vocabulário em contexto

Aprenda mais sobre a palavra história no Guia de estudo.

Ao contar histórias evocando lembranças do passado, os idosos contribuem para manter os vínculos entre as novas e as antigas gerações. A memória dos idosos é parte da identidade e da história de um lugar, de um povo ou de um país.

O trabalho do historiador A história e o historiador A palavra história vem do grego e seu sentido original é “investigação”. Em nossa língua, história pode significar tanto um acontecimento do passado quanto o que foi escrito e registrado sobre esse fato, ou seja, um conhecimento elaborado sobre ele. Por exemplo, quando dizemos “meu avô conta histórias superinteressantes sobre sua infância na Itália” ou “nunca houve um jogador como Pelé na história do futebol”, estamos usando a palavra história no primeiro sentido. Agora, veja as seguintes frases: “ontem comecei a ler um livro chamado História do Brasil” ou “esse professor já leu muito sobre a história da África”. Nesse caso, a palavra história está sendo usada no segundo sentido, ou seja, como um conhecimento produzido sobre acontecimentos do passado. Mas de que forma o historiador pode investigar o passado e produzir um conhecimento sobre ele? O passado é aquilo que já passou, que não está mais presente. Para ter acesso ao passado, o historiador deve tentar reconstruí-lo examinando vestígios ou testemunhos deixados pelas pessoas que viveram em outra época. Esses vestígios podem ser imagens, livros, objetos, cartas, pinturas, depoimentos etc.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Tema

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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O que são fontes históricas? As pessoas deixam muitas marcas da sua existência em determinado lugar e determinada época. Essas marcas recebem o nome de fontes históricas, pois são utilizadas pelo historiador para estudar o passado. Elas podem ser classificadas em fontes históricas materiais (documentos pessoais, livros, fotografias, roupas, cartas, pinturas, monumentos) e fontes históricas imateriais (músicas, lendas, línguas, crenças etc.). Uma importante fonte histórica imaterial que o historiador pode utilizar para investigar o passado são os relatos orais. Eles são muito utilizados para registrar a memória de pessoas que normalmente não aparecem nos documentos escritos, como mulheres, crianças, analfabetos, idosos, operários etc. Esse tipo de trabalho é chamado de história oral e é muito utilizado pelos historiadores atualmente.

Diário de uma adolescente.

Martinho Prado Jr. e família, foto de 1890.

Brinquedo grego feito entre 430-420 a.C. Museu Benaki, Atenas.

Quadrinho do Cascão da Turma da Mônica, de Mauricio de Sousa, junho de 1998.

Máscara representando a divindade africana Obá produzida no Benin, século XVI. Museu Nacional de Etnologia, Holanda.

Telefone celular.

Reprodução da Lei Áurea, de 13 de maio de 1888. Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro. 13

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Vocabulário em contexto

Aprenda mais sobre a palavra documento no Guia de estudo.

Crianças caiapós brincam em uma praia no Pará, 2002. A infância e as tradições dos povos indígenas também se tornaram objeto de estudo para muitos historiadores.

Novos personagens em cena Se o historiador tiver de recontar como foi uma greve, ele terá de recuperar a versão dos patrões, a versão dos operários e a das pessoas que acompanharam os acontecimentos. No lugar da verdade absoluta, hoje a história reconhece que há muitos pontos de vista diferentes sobre o mesmo fato. Todos são parciais porque mostram a visão de cada grupo, mostram como cada um olhou a mesma situação e a avaliou com base em seus critérios e interesses. Essa mudança provocou uma reviravolta no estudo da história. Em vez de estudar os acontecimentos apenas de acordo com a visão das elites ou daqueles que escreviam os documentos oficiais, outros personagens foram valorizados: os operários, as mulheres, as crianças, os escravos, os indígenas. As vozes desses novos personagens aparecem em muitos tipos de fontes além das escritas: desenhos, pinturas, fotografias, lendas e crenças transmitidas oralmente de geração a geração. Tudo e todos passaram a ser importantes para produzir conhecimento sobre o passado.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Vaso grego mostrando duas crianças brincando com carrinho de mão, do século V a.C. Museu Britânico, Londres. Peças como essa servem como fontes para o estudo do dia a dia das crianças gregas do passado.

Verdades absolutas ou versões históricas? Durante o século XIX (de 1801 a 1900), as principais fontes ou documentos históricos utilizados pelos historiadores eram os textos escritos, sobretudo os de origem oficial, emitidos pela administração do Estado: certidões de nascimento, atestados de óbito, acordos diplomáticos, cartas entre governantes, leis, normas jurídicas etc. Naquela época, os historiadores valorizavam bastante essas fontes escritas. Além disso, muitos deles pensavam que havia uma verdade absoluta sobre o passado. Partindo da pesquisa e do estudo, buscavam fornecer uma versão única e definitiva de um acontecimento. Hoje os historiadores não acreditam mais na construção de um conhecimento único sobre o passado. Eles consideram a existência de várias versões para um mesmo acontecimento. Afinal, cada um que tenha participado de um evento tem sua visão particular a respeito dele. Imagine que peçam a você que escreva sobre o que aconteceu na semana passada na sua escola. O que cada aluno, professor ou funcionário da escola lhe diria? Que documentos você reuniria? Quantas versões de cada acontecimento surgiriam? Claro que nem toda versão pode ser aceita. Ela precisa ser comprovada por mais de um depoimento ou documentação. Quem estuda o passado faz isso. Reúne o máximo de versões, cruza umas com as outras, verifica se elas são confiáveis e escreve a versão mais ampla possível sobre os acontecimentos.

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A história e as outras áreas do conhecimento Imagine que você e seus colegas tenham de realizar uma redação sobre o Sítio do Pica-pau Amarelo e o escritor Monteiro Lobato. Algumas pessoas do grupo vão pesquisar a vida e a obra do escritor; outras poderão coletar informações sobre os personagens do sítio; outras, ainda, ficarão encarregadas de reunir os resultados da pesquisa e escrever o texto. Ao final, cada membro do grupo terá dado sua contribuição para realizar o trabalho. Essa dinâmica de estudo tem várias semelhanças com a construção do conhecimento histórico. Para pesquisar alguns temas, o historiador precisa recorrer ao saber elaborado por vários estudiosos, muitos deles dedicados a outras áreas do conhecimento, como a arqueologia, a antropologia, a sociologia, a geografia e a economia. Por exemplo, o historiador que pretende estudar a vida das populações nativas da Oceania pode recorrer aos estudos feitos pelo antropólogo para compreender melhor algumas características dessa população, como a língua falada por esse povo, as crenças e os rituais religiosos, os costumes ligados ao casamento, o aprendizado das crianças etc. Existe, assim, uma interdependência entre o trabalho do historiador e o de outros pesquisadores. A história, como todas as outras áreas do conhecimento, não está isolada; ela faz parte de um todo cujo objetivo é estudar o ser humano e sua vida ao longo do tempo.

O antropólogo polonês Bronislaw Malinowski com os nativos das Ilhas Trobriand, próximo à Austrália, em 1918.

Historiadora realiza pesquisa na biblioteca do Real Gabinete Português de Leitura, localizado na cidade do Rio de Janeiro, em 2010. 15

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Tema

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V

imos que o historiador estuda as realizações humanas ao longo do tempo. Mas que tempo é esse? Como ele é organizado?

Vocabulário em contexto

Aprenda mais sobre a palavra tempo no Guia de estudo.

O tempo e a história O tempo e as unidades de medida O tempo não para! Quantas vezes você já Réplica de calendário ouviu essa frase? Muitas, pois ela nos dá a cer- produzido pelos astecas, que viveu na região teza de que não podemos voltar a ser bebês, e povo onde hoje se localiza o de que amanhã estaremos mais velhos do que México. Cancun, 2008. estamos hoje. Desde os tempos mais antigos, os seres humanos percebiam a passagem do tempo observando a natureza. Notavam, por exemplo, que depois do dia vinha a noite; que os animais e as plantas nasciam, cresciam, reproduziam-se e morriam; que havia épocas de chuvas e épocas de seca. Para organizar as tarefas do dia a dia, os seres humanos criaram unidades de medida do tempo, como hora, dia, mês, ano, século. Essas unidades de medida também auxiliam o historiador a delimitar a duração dos diversos acontecimentos.

Prédio do Parlamento, na cidade de Londres, Inglaterra. No local, encontra-se o complexo Big Ben, composto pela torre, pelo sino e pelo relógio, que se tornou símbolo da capital inglesa e ficou famoso devido a sua arquitetura. Foto de 2008. 16

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Glossário

Instrumentos de medição do tempo Observando os fenômenos da natureza e os astros, camponeses, artesãos, marinheiros e, principalmente, astrônomos aprenderam a calcular a duração dos dias e das noites, o início da época de chuvas, a mudança das estações e a chegada de um novo ano. Com esse conhecimento, criaram os primeiros instrumentos para calcular a passagem das horas, como os relógios, e a sucessão dos dias, meses e anos, como os calendários. Os relógios de sol são os instrumentos de medição de tempo mais antigos de que se tem notícia. Acredita-se que os primeiros foram criados pelos egípcios, há mais de 4.000 anos. Mais tarde foram criadas as ampulhetas, as clepsidras e as lamparinas. Os instrumentos de medição do tempo mais antigos funcionavam com os recursos da própria natureza, como a luz, a água, a areia etc.

Ampulheta

Instrumento constituído de dois compartimentos de vidro usado para medir o tempo mediante a duração que leva a passagem de uma areia finíssima de um compartimento a outro.

Ampulheta.

Clepsidra

Relógio de água. Consiste de dois recipientes, o superior, contendo o líquido, e o inferior, vazio. O tempo é medido conforme a água passa do recipiente de cima para o de baixo.

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Dos relógios mecânicos aos digitais

O primeiro relógio totalmente mecânico foi inventado na Europa no final do século XIII. Esse tipo de relógio funcionava por meio de uma corda, que gerava a energia para mover uma série de engrenagens. Esse mecanismo movimentava os ponteiros, que mostravam a passagem do tempo. Desde que foram inventados, os relógios mecânicos não pararam de ser aperfeiçoados, tornando-se menores, mais precisos e baratos. Atualmente, é muito comum encontrar nas residências os relógios digitais. Eles funcionam com energia elétrica, e as horas são mostradas em um visor. Como são baratos e pequenos, geralmente vêm acoplados a aparelhos de som, televisão, micro-ondas e celulares. Nos anos 1970, foram lançados os primeiros relógios digitais de pulso. No entanto, os relógios de pulso analógicos, que utilizam um cristal de quartzo para mover os ponteiros, ainda são mais populares que os digitais.

1

2

Coelho Branco, personagem do filme Alice no país das maravilhas, representa aquelas pessoas que se transformam em escravas do relógio e vivem ansiosas e inquietas.

O relógio digital (2) é mais sofisticado tecnologicamente, mas isso não significou o abandono do relógio mecânico (1). 17

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O calendário mais usado no mundo atual é o gregoriano, também conhecido como calendário cristão. Ele é inteiramente solar, isto é, baseado na rotação da Terra em torno do Sol. Esse calendário tem a sua origem no Império Romano, no chamado calendário juliano, que tinha 365,25 dias. A reforma do calendário juliano foi encomendada pelo papa Gregório XIII (1502-1585), procurando aproximar o ano definido no calendário com o ano solar, que é de 365 dias, 5 horas e 49 minutos. O novo calendário instituiu o ano bissexto a cada quatro anos, começando a partir de 1600, e definiu o dia 1o de janeiro como início do ano para toda a cristandade.

Não existe um único calendário para todos os povos. Cada povo tem a sua forma de marcar o tempo, que geralmente se relaciona a um acontecimento importante para a sua cultura. Os povos cristãos, por exemplo, baseiam o calendário que adotam no ano do nascimento de Cristo (leia boxe ao lado). Esse acontecimento marca o primeiro ano do calendário cristão. Os anos anteriores ao do nascimento de Cristo são contados de forma decrescente e vêm acompanhados da sigla a.C. (antes de Cristo). Os anos posteriores ao nascimento de Cristo são identificados com a sigla d.C. (depois de Cristo). Nesse caso, no entanto, não é necessário colocar a sigla após o ano. No judaísmo, o calendário se inicia na data em que, para os judeus, Deus criou o universo. Esse fato teria ocorrido no ano 3760 a.C. do calendário cristão. Para os muçulmanos, o marco inicial do calendário é a fuga do profeta Maomé de Meca para Medina, ocorrida no ano 622 do calendário cristão. Outros calendários

Outros povos também criaram seus calendários. Os maias, que habitavam o sul do México e parte da América Central, por exemplo, usavam dois calendários. Um era religioso e tinha 260 dias. Outro era solar, com 365 dias. Muitos povos indígenas que vivem na Amazônia brasileira também desenvolveram seus próprios calendários. Alguns grupos marcam o tempo observando as constelações, as fases da Lua e os fenômenos naturais, como as cheias dos rios e as secas. Com base, então, nos ciclos da natureza, essas comunidades planejam as épocas do plantio, da colheita, da pesca e dos rituais religiosos. Os incas, que habitavam a parte oeste da América do Sul, tinham um calendário que era ao mesmo tempo solar e lunar. O ano era solar e se dividia em doze meses lunares. Como não há uma correspondência entre o tempo solar e o lunar, muitas vezes os incas enfrentavam dificuldades para prever as épocas de semeadura e de colheita.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Arrumando o calendário

O calendário gregoriano

comparando calendários

Observe que os três calendários, o judaico, o cristão e o islâmico, têm como base acontecimentos importantes da história dessas religiões. É importante notar, no entanto, que as datas indicadas nesse calendário muçulmano são aproximadas. Por ser um calendário totalmente lunar, é difícil estabelecer uma correspondência exata entre ele e o calendário cristão, que é solar.

Calendário judaico

Calendário cristão

Calendário islâmico

Criação do mundo para os hebreus 1

Dias atuais 3761

Antes de Cristo 3760

4382

Nascimento de Cristo 1

Depois de Cristo 622

640

2011

Fuga de Maomé para Medina

Antes da fuga de Maomé 4517

5771

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O século: conjunto de cem anos O calendário cristão pode ser ainda organizado em séculos, ou seja, em grupos de cem anos. O primeiro século da Era Cristã estende-se do nascimento de Cristo (ano 1) até o ano 100. Por esse arranjo, você sabe dizer a que século pertence o ano de 1492? Para descobrir o século, fazemos duas operações: • Se o ano acaba em 00, basta eliminar os zeros e temos o século. Assim: 1500 = século 15 ou XV; 1800 = século 18 ou XVIII; 2000 = século 20 ou XX. • Quando o ano não termina em dois zeros, retiramos os dois últimos algarismos e somamos um (+1) ao número que sobrar. Assim: 1492 = 14 + 1 (século 15 ou XV); 476 = 4 + 1 (século 5 ou V); 2011 = 20 + 1 (século 21 ou XXI). O dia e o ano são unidades de tempo baseadas na natureza. O dia corresponde, aproximadamente, ao tempo que a Terra leva para dar uma volta completa em torno de si mesma (movimento de rotação). O ano corresponde ao tempo que a Terra leva para dar uma volta completa em torno do Sol (movimento de translação). O século, ao contrário, é uma unidade de tempo arbitrária, não corresponde à duração de nenhum fenômeno da natureza. Ele é muito utilizado pelos historiadores para localizar acontecimentos sobre os quais não se tem uma data precisa.

Calendário do 23o ano do reinado do imperador chinês Guangxu, 1897. Biblioteca Nacional da França, Paris. Nesse antigo calendário chinês, o tempo era medido pela duração do reinado do imperador no poder.

Calendário francês produzido em 1843. Biblioteca de Artes Decorativas, Paris. 19

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a Vida de mariana

2012

Mariana muda de escola e conhece novos amigos.

2010

Mariana se muda com a família para uma nova casa.

2008

Falecimento do avô de Mariana.

2007

Mariana ingressa no Ensino Fundamental.

2005

Os pais de Mariana adotam Pitoco.

2001

Nascimento de Mariana, em 15 de junho.

Os acontecimentos da linha do tempo da vida de Mariana não estão representados em escala temporal.

Para facilitar o estudo do passado, alguns historiadores dividiram a história em quatro períodos, tomando como base a história europeia. Para eles, os acontecimentos anteriores à invenção da escrita fazem parte da Pré-história. Cada imagem do quadro representa um período. Os acontecimentos dessa linha do tempo não foram representados em escala temporal.

A linha do tempo A linha do tempo é uma forma de organizar os acontecimentos históricos. A função de uma linha do tempo é nos mostrar como os fatos se situam no tempo, ou seja, o que vem antes (anterioridade), o que acontece ao mesmo tempo (simultaneidade) e o que vem depois (posterioridade). Para construir uma linha do tempo, devemos utilizar duas retas paralelas, abertas nas extremidades. Sobre uma dessas retas se situa o eixo cronológico, orientado para a direita ou para cima, no qual se indica a escala utilizada. A escala é a relação entre uma medida de tempo (milênio, século, década etc.) e uma medida de comprimento (metro, decímetro, centímetro etc.). A escala de tempo pode variar de acordo com a duração dos acontecimentos representados. Quando a linha do tempo representa um período histórico muito longo, fica difícil, no espaço de um livro ou de um caderno, representar os acontecimentos em escala. Assim, é necessário informar que os acontecimentos não estão representados em escala temporal, como nos exemplos desta página. E você, já tentou fazer a linha do tempo da sua vida? Quais acontecimentos você destacaria nessa linha do tempo? Que vestígios você utilizaria como fontes históricas para obter informações de fatos da sua vida dos quais não se lembra mais? a periodiZaÇÃo da HisTÓria ocidenTal

Vênus de Willendorf, réplica de escultura datada de cerca de 25 mil anos atrás. Museu de Arqueologia e Etnologia/USP, São Paulo.

Discóbolo, de Míron, 450 a.C. Museu do Vaticano, Itália.

Pré-história

Idade Antiga

2 milhões de anos

4000 a.C.

Aparecimento do gênero Homo

Invenção da escrita

Ano 1

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O tempo cronológico e o tempo histórico Com o objetivo de facilitar o estudo dos acontecimentos, historiadores europeus dividiram a história em quatro períodos: História Antiga, História Medieval, História Moderna e História Contemporânea (veja linha do tempo das páginas 20 e 21). De acordo com essa periodização, tanto as pessoas que viveram duzentos anos atrás como a sociedade de hoje fazem parte da História Contemporânea, iniciada com a Revolução Francesa. Mas será que nada mudou desde 1789? A invenção do cinema, do avião e do computador não criou muitas diferenças entre o nosso modo de vida e o de pessoas que viveram por volta de 1800? Outro limite dessa periodização é o fato de ela só considerar o modo de vida predominante na Europa. Por exemplo, se a industrialização é uma característica da Era Contemporânea, como ficam as comunidades que têm um modo de vida tribal? Elas vivem no mesmo tempo cronológico que as sociedades industriais, mas têm um tempo histórico diferente (veja fotos ao lado). Nessa periodização, privilegiam-se as transformações políticas ocorridas na Europa. Entretanto, cada sociedade tem sua própria história e constrói um caminho particular de transformação. A história da Europa não é um modelo a ser seguido. Assim, não podemos falar em sociedades “atrasadas” ou “adiantadas”, mas em modos de vida diferentes.

Multidão caminha em rua comercial de Tóquio, no Japão, em 2009. O país é um dos mais industrializados do mundo.

Aldeia himba, na região de Kunene, Namíbia, 2010. O povo himba é seminômade e vive no continente africano.

Estrada de Ferro Central do Brasil, pintura de Tarsila do Amaral, 1924. Museu de Arte Contemporânea da USP, São Paulo.

Embarcação portuguesa, gravura de Theodore de Bry, século XVI. Biblioteca Nacional, Madri.

Iluminura representando o mês de junho, da obra As ricas horas, do Duque de Berry, século XV. Museu Condé, França.

Idade Média

Idade Moderna

Idade Contemporânea

476

1453

1789

Queda de Roma

Tomada de Constantinopla pelos turcos

Revolução Francesa

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Temas 1e2

Organizar o conhecimento

4. Observe o gráfico e responda às questões.

1. Monte a ficha a seguir. Siga o modelo. Fontes históricas a) O que é fonte histórica. b) Cite exemplos de fontes históricas. c) Por que no passado as fontes históricas escritas eram as mais aceitas. d) O que mudou nessa concepção. e) Indique algumas fontes históricas que, no futuro, poderão ser usadas para estudar a história da sua família.

Aplicar

2. Leia o texto a seguir e responda às questões sobre a história e o trabalho do historiador. No campo da história, não existe uma verdade definitiva sobre o passado. À medida que aparecem novos documentos, indícios ou descobertas, a interpretação dos acontecimentos do passado pode modificar. É por isso que muitas vezes um mesmo acontecimento pode ser lido e interpretado de formas diferentes pelos historiadores, dependendo, entre outras coisas, das fontes que utilizam no seu estudo e do peso que atribuem a cada uma delas. É por isso que a história é uma ciência em constante movimento, que se inova e se atualiza dia a dia. a) Grife no texto uma passagem que explica por que, no campo da história, não existe uma verdade definitiva sobre o passado. b) Na sua opinião, que fatores podem levar os historiadores a interpretar um mesmo acontecimento de maneira diferente?

3. Escreva V (verdadeiro) ou F (falso). a)

b)

c)

o desempreGo na reGiÃo meTropoliTana do reciFe % 30 25 20 15 10 Homens Mulheres

5 0

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

Fonte: Dieese.

a) Qual a medida de tempo usada no gráfico? b) Que acontecimento está sendo representado no gráfico? c) Esse gráfico pode ser utilizado como fonte histórica? Por quê?

5. Anote o século de cada ano. a) 1822 b) 27 a.C.

c) 1789 d) 2010

e) 4000 a.C. f) 1500

g) 476 h) 1997

6. Traga para a sala um objeto antigo da sua família. Pode ser uma carta, uma fotografia, um adorno, um documento oficial etc. a) Agindo como um historiador, procure extrair informações do objeto. Pergunte: quem o fez?; quem o usava?; quando foi feito?; para que servia? b) Escreva no caderno um breve relato com as conclusões da investigação. Na linha do tempo

7. Em seu caderno, construa uma linha do tempo e insira nela os acontecimentos a seguir. Depois, responda às questões. 1. Abolição da escravatura no Brasil

1888

2. Nascimento de Jesus Cristo

Ano 1

3. Segunda Guerra Mundial

1939-1945

A história é uma ciência que estuda apenas o passado de homens como generais, reis, cientistas, ditadores etc.

4. Ano do seu nascimento 6. O domínio colonial português no Brasil

1500-1822

Para descobrir como as pessoas viviam no passado, o historiador estuda os vestígios que estão disponíveis para a realização de seu trabalho.

7. Regime militar no Brasil

1964-1985

Ferramentas, fotografias, CDs, objetos pessoais, roupas, pinturas, celulares, livros, cartas etc. podem ser considerados fontes históricas.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ATIVIDADES

5. Olimpíadas de Pequim

2008

8. Fundação da sua escola

a) Escreva na linha do tempo o século de cada um desses acontecimentos. b) Em relação ao ano de seu nascimento, que acontecimentos são anteriores, simultâneos ou posteriores? E em relação ao ano de fundação da sua escola, o que é anterior, posterior ou simultâneo?

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Personagem

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Os bosquímanos Os bosquímanos são um povo que vive no sul do continente africano há, mais ou menos, 100 mil anos. Eles se adaptaram bem às condições climáticas da região e são excelentes caçadores. No entanto, várias de suas tradições, como a língua, correm o risco de desaparecer. Hoje restam apenas sete anciãos que dominam o !nu, idioma falado pelos bosquímanos. !una, a anciã do texto a seguir, ensina a língua para as crianças bosquímanas que vivem na região, numa tentativa de manter viva a cultura dos bosquímanos. “‘Naquele tempo, vivíamos da natureza e não havia sofrimento’, começa !una, falando de sua infância. Suas cabanas eram como as de hoje, com teto de palha, de capim e paredes de madeira. Ela diz que havia muito mais árvores, e não só pequenas como as [...] de hoje. [...] Só havia alguns brancos, policiais. ‘Todo o resto eram bosquímanos’. Os bosquímanos faziam rituais de cura, ao redor do fogo. Os homens dançavam. As mulheres cantavam e batiam palmas. Os doentes ficavam deitados ao redor. Os anciãos punham o nariz e a boca no lugar que doía, sugavam o sangue e cospiam no bosque.” SANT’ANNA, Lourival. O “elo perdido” do país da copa. O Estado de S. Paulo, 27 jun. 2010.

Bosquímiano com seu filho na região do Deserto do Kalahari, em Botsuwana, junho de 2008.

1. Escreva V (verdadeiro) ou F (falso). a)

A língua dos bosquímanos faz parte da tradição oral desse povo.

b)

Antigamente as casas dos bosquímanos eram diferentes das de hoje.

c)

A dança da chuva era um ritual de cura.

d)

Os bosquímanos viviam do que a natureza lhes oferecia.

2. Responda às questões a seguir. a) Qual a importância de uma idosa como !una Rooi para o trabalho do historiador?

b) Até o século XIX, a memória dos idosos era considerada importante para os estudos de história? Justifique sua resposta. c) Na sua opinião, os idosos são respeitados na sociedade atual? O que deveria ser feito para melhorar a vida deles?

3. Entreviste um idoso que você conhece e construa no caderno a linha do tempo da vida dele. Pergunte-lhe sobre a sua infância, onde morava, onde trabalhava, que lugares frequentava e os acontecimentos mais importantes de sua vida. Faça desenhos para ilustrar a linha do tempo e mostre para seus colegas. 23

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Unidade

1

As origens do ser humano

145 milhões de anos 360 milhões de anos

Desenvolvimento de plantas com flores e dos seres polinizadores.

A terra é habitada por anfíbios, répteis e insetos. Surgem vastas florestas.

245 milhões de anos Dinossauros e mamíferos percorrem a Terra.

570 milhões de anos Os seres marinhos se desenvolvem e povoam as águas. 24

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O início da aventura humana

V

ocê já parou para pensar como surgiu o ser humano? E como viviam nossos antepassados?

Ao longo do tempo, muitas explicações foram formuladas para tentar responder a essas perguntas. Ossos, objetos, ferramentas, ruínas, pinturas, entre outros vestígios, são informações valiosas para reconstruir esse passado. Mas, assim que novas pistas são descobertas, algumas hipóteses são deixadas para trás e outras são apresentadas e aceitas. Principalmente no campo da Pré-história, as pesquisas, as novas pistas e as explicações que elas geram formam um enredo interminável, continuamente carregado de mistério e emoção. É semelhante ao trabalho de um detetive que nunca soluciona definitivamente um caso policial. Conheça um pouco sobre as origens do ser humano e descubra por que esse assunto fascina tantas pessoas!

Começando a Unidade 1 Como viviam e onde moravam os primeiros seres humanos? 2 Os primeiros seres humanos faziam algum tipo de arte? 3 Como você imagina que eram as ferramentas produzidas por nossos ancestrais? 4 Que mudanças você imagina que o início da agricultura provocou na vida da humanidade? 5 Observe a ilustração: na história evolutiva dos seres vivos, quais espécies são mais antigas? Os seres humanos estão entre as espécies mais antigas?

150 mil anos Surge o Homo sapiens, espécie à qual pertencemos.

65 milhões de anos Os dinossauros são extintos. Os mamíferos iniciam sua caminhada no planeta.

3, 5 milhões de anos Surgem os primeiros hominídeos, ancestrais do homem atual. Fonte: Breve história da Terra. Serviço geológico do Brasil. Disponível em www.cprm.gov.br. Acesso em 2 ago. 2010.

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D

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iferentes explicações, religiosas e científicas, procuram mostrar a origem da vida.

A evolução do ser humano O criacionismo O criacionismo é um modelo de explicação para a origem de tudo o que existe no universo. Os defensores dessa ideia acreditam que a vida e todas as coisas existentes foram criadas por um Deus superior e eterno. A visão criacionista está presente em várias culturas antigas, como a egípcia, a hebraica e a de muitos povos indígenas americanos. O modelo criacionista com o maior número de defensores na sociedade atual foi elaborado pela tradição judaico-cristã e está fundamentado no livro do Gênesis, da Bíblia. Segundo a narrativa bíblica, no princípio não havia nada. Por sua vontade, Deus criou o céu, a terra, a luz, os animais das águas, do ar e da terra e, por fim, o homem, para habitar o mundo recém-criado. A criação do mundo, segundo a Bíblia, teria ocorrido há menos de 6 mil anos. O criacionismo hoje tem várias correntes, desde aquelas que defendem a narrativa bíblica literal até as que procuram combinar o princípio da criação com explicações evolucionistas. A teoria do Design Inteligente, por exemplo, afirma que, por trás do processo evolutivo das espécies, há um ser inteligente, um projetista, responsável por ordenar a evolução da vida na Terra. O evolucionismo O evolucionismo é atualmente a teoria aceita pela ciência para compreender como surgiu a enorme diversidade de seres vivos que habitam a Terra. Segundo essa teoria, as espécies de seres vivos passam por mudanças ao longo do tempo, diversificando-se e dando origem a novas espécies. O pensamento evolucionista, embora fosse mais antigo, ganhou força no século XIX com os trabalhos dos naturalistas Charles Darwin e Alfred Wallace. Eles tiveram a oportunidade de viajar pelo mundo, observar e estudar diversos ambientes, animais, plantas, fósseis de seres já extintos, rochas e condições naturais em diferentes regiões do planeta.

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Tema

Charles Darwin e sua árvore da evolução. Caricatura de Bill Sanderson, 2008. Ainda hoje, a teoria formulada por Darwin gera discussões entre criacionistas e evolucionistas. 26

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Gravura do navio Beagle, feita com base no desenho de Robert T. Prichett, 1831. Durante cinco anos, de 1831 a 1836, Charles Darwin fez parte de uma expedição científica a bordo do navio Beagle, que lhe permitiu explorar as condições naturais de regiões do Pacífico e da América do Sul, chegando inclusive à costa brasileira.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A seleção natural

De maneira independente, Darwin e Wallace chegaram à conclusão de que os seres vivos mais bem adaptados ao ambiente, ou seja, que têm características que lhes permitem sobreviver e reproduzir, transmitem suas características às próximas gerações, enquanto os menos adaptados tendem a desaparecer. Esse é o mecanismo da seleção natural. Em 1859, um ano após a publicação das conclusões dos dois cientistas, Darwin publicou um livro que abalou o mundo. Em A origem das espécies, ele detalha o processo de seleção natural e traz a ideia revolucionária de que o ser humano também é resultado do processo de evolução por seleção natural.

Os hominídeos O ser humano moderno faz parte de um grupo de mamíferos, chamados primatas, que surgiu na África há cerca de 70 milhões de anos. Sua aparência lembrava a dos lêmures atuais (leia boxe ao lado). Uma linhagem dos primatas deve ter originado os primeiros hominídeos, ou seja, seres que já apresentavam algumas características semelhantes às do homem moderno, como a postura ereta. Os mais antigos hominídeos de que se tem evidência foram os australopitecos ou “macacos do sul” (viviam no sul da África). Eles já andavam eretos sobre os dois pés e tinham habilidade nas mãos, mas não fabricavam instrumentos. Em 1974, na Etiópia, descobriu-se o esqueleto de um australopiteco quase completo, de 3 milhões de anos. Depois de se comprovar que se tratava de uma mulher, o esqueleto foi batizado com o nome de Lucy, porque no momento da descoberta os arqueólogos estavam ouvindo a canção Lucy in the sky with diamonds, dos Beatles. Em 2010, foi descoberto, também na Etiópia, um esqueleto 400 mil anos mais velho que o de Lucy, mas da mesma espécie que ela, um Australopithecus afarensis. Denominado de Kadanuumuu, o esqueleto teria 3,6 milhões de anos.

Os lêmures Em Madagascar, uma grande ilha localizada a sudeste do continente africano, existem plantas, aves e mamíferos que não encontramos em outros lugares do planeta. Entre esses animais destaca-se o lêmure, uma espécie de primata de cauda longa e grandes olhos que se alimenta de frutas e sementes. Os lêmures são considerados os seres ainda vivos mais próximos dos primatas, ancestrais do ser humano que viveram há 55 milhões de anos. Atualmente, os lêmures correm o risco de extinção. A destruição das florestas e a caça podem fazer desaparecer esses animais. Assim, infelizmente, o ser humano ameaça eliminar um elo que explica sua própria evolução. Lêmures (Lemur catta), uma espécie ameaçada de extinção.

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Homo habilis

Homo erectus

Homo neanderthalensis

Homo sapiens

Savana Vegetação tropical caracterizada por arbustos rasteiros e árvores esparsas.

Os primeiros humanos O gênero Homo, do qual fazemos parte, originou-se há cerca de 2 milhões de anos. Maior volume cerebral e habilidade nas mãos o diferenciavam dos australopitecos. As seguintes espécies fazem parte desse gênero: • Homo habilis — como o nome indica, já tinha a habilidade de fabricar ferramentas simples de pedra. Alimentava-se de vegetais e carne, e provavelmente desenvolveu uma forma de linguagem. Ossos dessa espécie foram encontrados na África. • Homo erectus — além de utilizar ferramentas de pedra lascada, como machados, era bom caçador. Foi provavelmente a primeira espécie a deixar a África. Em 2001, pesquisadores encontraram na República da Geórgia, na Europa Oriental, ossos humanos que datam de 1,7 a 1,8 milhão de anos. Esses achados foram classificados como pertencentes à espécie do Homo erectus. • Homo neanderthalensis — muito parecido com o ser humano moderno, era caçador, e suas diferentes subespécies habitaram a Europa e a Ásia Ocidental entre 230 mil e 30 mil anos atrás. • Homo sapiens — surgiu há pelo menos 150 mil anos, nas savanas africanas, e se espalhou depois por todos os continentes. Era caçador e coletor antes de começar a praticar a agricultura. Também construiu instrumentos diversos e mais elaborados. O ser humano atual pertence à espécie Homo sapiens, a única que conseguiu sobreviver. Se colocássemos todos os acontecimentos da história da Terra em um calendário anual, os hominídeos teriam surgido no dia 30 de dezembro. Descobrimos, ao fazer essa conversão, que o ser humano é um recém-nascido no planeta.

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Glossário

a eVoLuçÃo craniana

a eVoLuçÃo do Ser HuMano

Australopithecus

3,5 milhões de anos 2 milhões de anos Os cientistas que utilizam as denominações Homo sapiens e Homo neanderthalensis acreditam que os neandertais pertenciam a uma espécie distinta da nossa. Ela teria sido extinta quando os Homo sapiens, partindo da África, começaram a povoar a Europa, cerca de 30 mil anos atrás.

Pedra trabalhada de um lado. Museu da Pré-história de Carnac, França.

Homo erectus

Homo habilis

PALEOLÍTICO 1,8 milhão de anos

Técnica de produzir o fogo.

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2

Tema

O

A vida humana no Paleolítico Pontas de machado de pedra lascada do período Paleolítico. Museu Britânico, Londres.

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s primeiros seres humanos viviam da caça, da pesca e da coleta, e eram nômades.

A era da pedra lascada Paleolítico (da pedra antiga ou da pedra lascada) é o nome que se dá ao período da história humana que vai do aparecimento do gênero Homo, há cerca de 2 milhões de anos, até o início da prática da agricultura, ocorrido há cerca de 10 mil anos. O Paleolítico foi um período muito longo. Durante quase dois milhões de anos, os hominídeos foram se adaptando à natureza: em vez de conservar o fogo, que era ateado nas matas por raios, eles começaram a produzi-lo. Suas ferramentas também foram se aperfeiçoando, e eles produziram as primeiras manifestações artísticas. A vida no Paleolítico Os primeiros humanos viviam da caça, da pesca e da coleta de frutos silvestres. Eles viviam em regiões de savanas, em moradias simples, feitas da combinação de madeira ou ossos, para a estrutura, e peles, para a cobertura. Outros ainda se abrigavam em cavernas ou viviam a céu aberto. Eles caçavam mamutes, bisões e outros animais, utilizando a carne como alimento, as peles para fazer suas roupas e os ossos para fazer pontas de lanças. Os seres humanos do Paleolítico eram nômades, quer dizer, não moravam em um lugar fixo. Viviam se deslocando de uma região a outra, em busca de alimentos. Eles ainda não domesticavam animais e também não praticavam a agricultura.

Homo neanderthalensis

Homo sapiens Vaso de cerâmica. Museu de Arte da Ásia Oriental.

Estatueta de cerâmica da deusa da fertilidade.

200 mil anos

150 mil anos

10 mil anos

NEOLÍTICO 8 mil anos 6 mil anos

4 mil anos REPRESENTAÇÃO SEM ESCALA, CORES-FANTASIA.

Pedra lascada dos dois lados. Universidade de Granada, Espanha.

Arpão de osso. Museu da América, Madri.

Ornamentos de bronze. Museu Britânico, Londres. 29

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Arpão Instrumento utilizado para fisgar peixes.

As ferramentas do Paleolítico Os seres humanos evoluíram a partir de uma característica particular: sua capacidade intelectual. Com sua inteligência, foram capazes de criar ferramentas que facilitaram a sua vida. As ferramentas fabricadas pelos primeiros grupos humanos foram: facas, para cortar a carne e as peles; raspadores, com os quais separavam a pele dos animais, para utilizá-la como vestimenta e abrigo; pontas de lanças e de flechas, para caçar; agulhas, para costurar; arpões de pesca, entre outras. A maior parte das ferramentas do Paleolítico era de pedra, mas também se utilizavam a madeira e o osso. Um passo importante nesse período foi o domínio do fogo, que ocorreu por volta de 500 mil anos atrás. Com o fogo foi possível afugentar os animais, iluminar os caminhos e as moradias à noite, e cozinhar. Veja a ilustração abaixo.

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Glossário

Cópia de pintura rupestre existente na Caverna dos Cavalos, Barranco de Valltorta, na Espanha. É possível identificar nessa pintura os homens e suas armas cercando os animais.

a técnica de produzir o fogo

1

2

3

Nas figuras 1 e 2, vemos duas formas de produção de uma pequena brasa pela fricção de dois pedaços secos de madeira. Na figura 3, vemos a produção de faíscas pelo choque de duas pedras. A conquista da técnica de produzir o fogo foi um passo importante para a evolução cultural do ser humano. 30

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Tema

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H

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á cerca de 10 mil anos, o ser humano começou a praticar a agricultura, mudando radicalmente a sua vida e a face do planeta.

Pintura rupestre do maciço de Tassili n’ Ajjer, na Argélia, quarto milênio a.C. Museu do Homem, Paris. Observe nessa pintura que a domesticação de animais já fazia parte da vida da comunidade.

O Neolítico e a Revolução Agrícola Foice de pedra polida e vaso de argila do Neolítico encontrados na Espanha.

A era da pedra polida Por volta de 8000 a.C., grupos humanos começaram a fabricar armas e utensílios com pedras polidas, iniciando o período Neolítico (da pedra nova). Alguns desses utensílios eram enxadas, foices, pilões e machados, e os mais antigos foram encontrados no Oriente Médio. A Revolução Agrícola Acredita-se que as mulheres eram, em geral, responsáveis pela coleta de raízes e frutos, e assim puderam observar que as sementes das plantas, uma vez enterradas no solo, davam origem a novas plantas. A agricultura teria sido uma invenção da mulher. Assim, além de caçar, pescar e coletar, os seres humanos começaram a plantar e a colher. O cultivo das primeiras plantas ocorreu no Extremo Oriente e no Crescente Fértil, região localizada no Oriente Médio. O Crescente Fértil se estendia do Vale do Rio Nilo, no Egito, até as margens dos rios Tigre e Eufrates, onde atualmente se localiza o Iraque. Veja no mapa abaixo. As primeiras plantas cultivadas foram os cereais: o trigo, no Oriente Médio e na África; o arroz, na Índia e na China; o painço, na China e no Oriente Médio; e o milho, na América. A atividade agrícola possibilitou a sedentarização dos grupos humanos, ou seja, a sua fixação à terra. O aumento da oferta de alimentos, com nutrientes variados, resultou em um grande crescimento populacional. creScente fértiL MAR CÁSPIO

MAR NEGRO

ÁSIA MENOR

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T MI ig Rio E A ufr

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Golfo Pérsico

PA L

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MAR MEDITERRÂNEO

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SO

ARÁBIA

270 km

O AR H M EL RM

VE

Fonte: VIDAL-NAQUET, Pierre; BERTIN, Jacques. Atlas histórico: da Pré-história aos nossos dias. Lisboa: Círculo de Leitores, 1990. p. 39.

Rio Nilo

EGITO

Crescente Fértil

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Ampliando conhecimentos

Agricultura: uma revolução

ORIGENS DA AGRICULTURA E DA CRIAçÃO DE ANIMAIS (a partir de 8000 a.C.)

Aprender a produzir o próprio alimento provocou uma verdadeira revolução no modo de vida dos povos do Neolítico. As mudanças causadas pela agricultura, no entanto, variavam de lugar para lugar. Em muitos locais, as comunidades continuaram vivendo basicamente da caça, da pesca e da coleta. Veja no mapa a área onde cada planta começou a ser cultivada e os animais passaram a ser domesticados.

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AMÉRICA

OCEANO ATLÂNTICO Questões

1. Após a leitura do infográfico, complete o quadro

6000 a.C.

abaixo.

3000 a.C.

Produtos agrícolas

Animais criados

3300 a.C.

América Ásia África

4000 a.C.

OCEANO PACÍFICO

diferentes continentes ao mesmo tempo ou foi descoberta por um povo, em determinado local, e depois se espalhou pelo resto do mundo? Justifique sua resposta.

3. Com base nas informações do infográfico, liste os

5000 a.C.

4000 a.C. 6000 a.C.

4000 a.C. AMÉRICA

Europa

2. De acordo com o mapa, a agricultura se iniciou em

6000 a.C.

A especialização do trabalho A Revolução Neolítica possibilitou aos trabalhadores desenvolver uma atividade especializada. Por exemplo: artesãos que fabricavam tecidos, objetos de cerâmica, cestos, armas e outros.

principais resultados gerados pelo desenvolvimento da agricultura.

4. Em que continentes teve início o cultivo dos produtos que você costuma consumir? Dê alguns exemplos.

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Formação de aldeias O desenvolvimento da agricultura levou os grupos humanos a se fixarem junto às plantações. No local, com o tempo, formaram-se aldeias, que reuniam famílias vizinhas.

ÁSIA

6500 a.C.

EUROPA

3500 a.C. 8000 a.C. 6500 a.C.

5500 a.C.

7000 a.C.

6000 a.C.

7000 a.C. 7500 a.C.

ÁFRICA

OCEANO PACÍFICO

8000 a.C.

7000 a.C. Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

NO ICO

Comunidades fluviais As aldeias neolíticas situavam-se geralmente nas proximidades de um rio, o que garantia água para regar os campos e abastecer a população e o gado.

7000 a.C.

3000 a.C. 8000 a.C.

8000 a.C.

8000 a.C.

3500 a.C.

8000 a.C.

4000 a.C.

7000 a.C.

OCEANO ÍNDICO

O sedentarismo A necessidade de acompanhar o desenvolvimento das plantas obrigou os grupos humanos a viver mais tempo em um mesmo lugar. Ao se fixarem, trocaram, aos poucos, o nomadismo por uma vida sedentária.

Aumento demográfico A durabilidade dos grãos permitiu o armazenamento dos alimentos por longos períodos. Com o cultivo da terra e a criação de animais, a alimentação tornou-se mais diversificada. O resultado foi um grande aumento populacional.

vocabulário em contexto

Aprenda mais sobre as palavras sedentarismo e nomadismo no Guia de estudo.

8000 a.C.

OCEANIA

Algodão

Cânhamo

Feijão

Milho

Alpaca

Cavalo

Porco

Arroz

Centeio

Inhame

Painço

Boi

Galinha

Porco-da-índia

Aveia

Cevada

Lentilha

Sorgo

Cabra

Ganso

Batata

Ervilha

Mandioca

Trigo

Carneiro

Lhama

Área de origem das principais culturas agrícolas e criação de animais

Fontes: Atlas da história do mundo. São Paulo: Times/Folha de S.Paulo, 1995. p. 38-39; REFREW, Colin; BAHN, Paul. Arqueologia. Madri: Akal, 1993. p. 152.

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Temas 1a3

Organizar o conhecimento

1. Complete a ficha abaixo com as principais características do ser humano moderno. O ser humano moderno a) Nome científico. b) Onde surgiu. c) Quando surgiu. d) Atividades que praticava para sobreviver.

2. Cite uma semelhança e uma diferença entre os gêneros Australopiteco e Homo.

3. Leia as afirmativas abaixo e escreva V (verdadeiro) ou F (falso). a)

período Paleolítico se iniciou com o apareO cimento do australopiteco e estendeu-se até o surgimento da escrita.

b)

o Paleolítico, o ser humano aprendeu a lidar N com o fogo, a produzir e a utilizar ferramentas.

c)

s homens do Paleolítico eram sedentários e O produziam o próprio alimento

Aplicar

4. Observe a imagem, leia o trecho bíblico e siga o roteiro de análise.

Um episódio da criação “Javé Deus plantou um jardim em Éden, [...], e aí colocou o homem que havia modelado. [Ele] fez brotar do solo todas as espécies de árvores formosas de ver e boas de comer. [...]. Então Javé Deus formou do solo todas as feras e todas as aves do céu. E as apresentou ao homem para ver com que nome ele as chamaria: cada ser vivo levaria o nome que o homem lhe desse. O homem deu então nome a todos os animais, às aves do céu e a todas as feras.” Bíblia sagrada – edição pastoral. São Paulo: Paulus, 1990. p. 15-16.

a) Na Bíblia, a visão para a origem da vida é evolucionista ou criacionista? Explique. b) Qual das duas explicações aparece no desenho da iluminura? Justifique. c) Compare o texto e a iluminura com a ilustração da abertura desta unidade. Quais as diferenças que se destacam?

5. Leia o texto para responder às questões. A vida de um hominídeo “[...] vivia [...] nas savanas, em pequenas comunidades, junto aos lagos e aos rios, onde houvesse árvores que lhe dessem frutos, a cujos galhos [...] pudesse subir e sob cujas sombras se acolhesse. Pois sentia necessidade de se resguardar do sol e da chuva, havendo [...], indícios de que possa ter construído uma espécie de abrigo ou para-vento, com ramos de árvore. Sabia possivelmente transmitir aos filhos a técnica de lascar a pedra. E talvez já tivesse desenvolvido um sistema rudimentar de sinais sonoros, a caminho da linguagem, quando saiu de cena [...], há um milhão de anos.”

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Atividades

SILVA, Alberto da Costa e. A enxada e a lança: a África antes dos portugueses. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996. p. 50-51.

a) A espécie descrita no texto pode ser um australopiteco? Justifique. b) Para que, na sua opinião, os homens dessa espécie lascavam a pedra? c) Qual espécie é descrita no texto? Quais são os indícios que o levaram a essa conclusão?

6. Observe o mapa ilustrado nas páginas 32 e 33 e Iluminura do século XII que representa Adão nomeando os animais.

discuta com seus colegas as vantagens e as desvantagens, para o homem e para a natureza, do processo de interferência humana na paisagem.

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Personagem

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Romeu e Julieta do Neolítico “Arqueólogos na Itália descobriram um casal enterrado no período Neolítico, entre 5.000 e 6.000 anos atrás, se abraçando. ‘É um caso extraordinário’, disse Elena Menotti, que liderou a equipe nas escavações perto da cidade de Mantova, norte do país. Os arqueólogos italianos chamaram o achado de ‘eterno abraço’. ‘Não foi descoberto um enterro de casal do período Neolítico, muito menos duas pessoas se abraçando — e ambos estão realmente se abraçando.’ Menotti disse acreditar que os dois, quase certamente um homem e uma mulher, embora ainda não tenha sido confirmado, morreram jovens, porque suas arcadas dentárias estavam quase inteiramente intactas e não estavam gastas. ‘Devo dizer que, quando nós os descobrimos, ficamos muito entusiasmados. Tenho este emprego há 25 anos. Fiz escavações em Pompeia, todos os sítios famosos’, disse Menotti. ‘Mas eu nunca fiquei tão comovida assim, porque esta é a descoberta de algo especial.’ Um laboratório tentará determinar a idade do casal à época da morte e há quanto tempo estão enterrados.” Esqueletos de casal são encontrados em eterno abraço. O Estado de S. Paulo, 7 fev. 2007. Disponível em www.estadao.com.br. Acesso em 2 fev. 2009.

Ossada de um casal sepultado no período Neolítico, chamado de “eterno abraço”, encontrado na Itália, em 2007.

1. Escreva V (verdadeiro) ou F (falso). Em seu caderno, corrija as afirmativas incorretas. a)

A descoberta foi importante porque foi a primeira realizada na Itália.

b)

O casal foi encontrado no sítio arqueológico de Pompeia, na Itália.

c)

As características das arcadas dentárias foram usadas pelos arqueólogos para estimar a pouca idade do casal.

d)

A descoberta do casal pode significar que os povos do norte da Itália do período Neolítico costumavam enterrar os mortos, demonstrando respeito e religiosidade.

2. Na sua opinião, o amor e o luto são sentimentos presentes também na Pré-história? Justifique.

3. No século XVI, o escritor britânico William Shakespeare escreveu Romeu e Julieta. Faça uma pesquisa em livros e na internet sobre os personagens principais dessa história e descubra por que o casal do Neolítico foi chamado de Romeu e Julieta.

O último adeus de Julieta e Romeu, pintura de Francesco Hayez, de 1833, representando a tragédia escrita pelo britânico William Shakespeare.

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4

H

á cerca de 8 mil anos, o metal começou a ser usado para fabricar objetos.

Vaso de bronze chinês, produzido entre os séculos XIV a XII a.C.

Punhal de ferro da cultura Hallstatt, proveniente da região de Salzkammergut, na Áustria, c. 750-450 a.C. Museu Nacional de Antiguidades, Saint-Germain-en-Laye, França.

A Idade dos Metais

Machado e punhal da Idade do Bronze, c. 1770-1120 a.C.

Uma revolução tecnológica Até a invenção da metalurgia, isto é, a técnica de trabalhar os metais, as comunidades fabricavam os objetos com pedras, ossos e madeira. Há 8 mil anos, na região compreendida entre o Egito e a Índia, vários povos começaram a usar o metal para fazer ferramentas e utensílios. O uso do metal trouxe muitas vantagens. Com ele podiam-se fabricar utensílios mais afiados, mais resistentes e mais adaptados à habilidade das mãos humanas. As armas se tornaram mais potentes e aumentaram a eficiência da caça e da pesca. No entanto, mesmo com o uso de metais, os instrumentos de pedra continuaram a ser fabricados. O tempo do cobre e do bronze O primeiro metal utilizado foi o cobre, há cerca de 8 mil anos, para fazer estatuetas e enfeites. Por ser um metal mole, era pouco usado na fabricação de armas e ferramentas. Por meio de golpes, os humanos conseguiam modelar o metal à forma desejada. Mais tarde, passaram a usar o fogo para fundir o cobre. O metal em fusão era despejado em recipientes com cavidades e assumia, assim, a forma esperada. Mais duro e resistente que o cobre, o bronze passou a ser usado cerca de 6 mil anos atrás na produção de armas, ferramentas e outros objetos. O bronze é uma liga metálica obtida da fusão de cobre com estanho. Muitos povos, como os egípcios e os mesopotâmicos, conseguiram aumentar seu poder militar graças ao conhecimento do uso do bronze, sobretudo na fabricação de armas.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Tema

Os objetos de ferro O uso do ferro era raro e só se difundiu em torno de 1500 a.C. Nesse momento descobriu-se que o minério de ferro retirado das jazidas, misturado a outros elementos químicos, como o carbono e o manganês, e aquecido em altos-fornos, produz ligas bastante resistentes. Com o ferro foi possível produzir armas mais duradouras, aperfeiçoar instrumentos agrícolas e criar novos tipos de utensílios e ferramentas, como o alicate. Foi o início de uma corrida tecnológica que prossegue até hoje nos laboratórios, metalúrgicas e siderúrgicas.

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Tema

A

Glossário

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

s primeiras cidades desenvolveram-se nas proximidades de grandes rios, onde se iniciou a atividade agrícola.

Produtividade No caso da agricultura, é a capacidade de obter o maior volume de alimentos utilizando o mesmo espaço agrícola e no menor tempo possível.

Megacidade Cidade habitada por mais de 10 milhões de pessoas.

O surgimento das cidades As primeiras cidades O cultivo da terra permitiu que as sociedades produzissem mais alimentos. Com isso, a população humana cresceu mais rapidamente. Tornou-se necessário assim ampliar as áreas cultivadas e desenvolver técnicas para melhorar a produtividade do solo. As pequenas comunidades e aldeias começaram a se unir para construir sistemas de irrigação e aproveitar melhor as margens férteis dos rios. A união das aldeias provocou a formação das primeiras cidades, geralmente nas proximidades de grandes rios, pois a água era essencial à agricultura. O surgimento das cidades indicava o nascimento das primeiras civilizações. Por se localizarem às margens de rios, ficaram conhecidas como civilizações fluviais: • no Vale do Rio Nilo, as cidades egípcias; • entre os rios Tigre e Eufrates, as cidades dos diferentes povos mesopotâmicos; • nos vales dos rios Hoang-Ho (Amarelo) e Yang-Tsé (Azul), as cidades chinesas; e • no Vale do Rio Indo, as cidades harapenses. Nas terras hoje pertencentes à Turquia ergueu-se, cerca de 9 mil anos atrás, a cidade de Çatal Hüyük, uma das mais antigas do mundo.

De olho no presente

As megacidades “Um milhão de pessoas a mais por semana. É esse o ritmo do crescimento das cidades do mundo. Em 1950, havia 86 cidades com mais de 1 milhão de habitantes; atualmente há 400. Naquele ano, Nova York era uma megacidade solitária no planeta; hoje há 25, dois terços delas concentrados nos países em desenvolvimento. Foram necessários 100 mil anos para que, em 2008, a população urbana – cerca de 3,4 bilhões – superasse a do campo. Mas em 2025 o porcentual da população urbana já será de 61 [...].” Grandes reportagens. Megacidades. O Estado de S. Paulo, 3 ago. 2008.

Questões

1. O que o texto informa sobre as cidades e as megacidades no mundo atual?

2. Represente, no gráfico abaixo, a informação sublinhada no texto. Cidades com mais de um milhão de habitantes

400 86 0

1950

2008

Ano

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Os monumentos do período Neolítico eram feitos com grandes blocos de pedra e cumpriam uma função religiosa e funerária. Os monumentos constituídos de uma única pedra cravada verticalmente no solo recebem o nome de menir (pedra longa). O conjunto de três menires, formando uma “mesa”, chama-se dólmen. Uma série de menires e dolmens agrupados em círculos, semicírculos, retângulos ou sem nenhuma ordem aparente recebe o nome de cromeleque. O mais famoso é o de Stonehenge, na Inglaterra, provavelmente construído para realizar cerimônias de culto ao Sol e à Lua. Atualmente muito se discute se Stonehenge foi um templo ou um calendário.

Stonehenge, monumento do período Neolítico, localizado na Inglaterra. Foto de 2000.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O comércio e a divisão do trabalho A maior parte da população das cidades trabalhava na agricultura e na criação de animais. A construção de sistemas de irrigação e de outras técnicas agrícolas ajudou a produzir excedentes, ou seja, a obter mais alimentos do que o necessário para o consumo. Esses excedentes puderam ser trocados com os excedentes de outros povos, dando origem ao comércio. Como se produzia mais que o necessário para a sobrevivência, o excedente de alimentos sustentava também um grupo de trabalhadores que se dedicavam à prestação de serviços (médicos, soldados, sacerdotes etc.) ou à fabricação de objetos (cerâmica, instrumentos de metal, tecidos). A especialização de trabalhadores em determinadas atividades profissionais é o que chamamos de processo de divisão do trabalho. A especialização do trabalho permitiu duas inovações técnicas muito importantes: a confecção de tecidos e a cerâmica. • Os tecidos eram feitos com a lã de animais, como a ovelha. Primeiro, com fusos de osso, fiava-se a lã; depois, os fios eram tecidos em teares muito simples. • Os objetos de cerâmica eram produzidos com argila modelada à mão e cozida em fornos. Usando essa técnica, os artesãos produziam vasilhas para armazenar alimentos, pratos, vasos decorativos e outros objetos. Algumas peças de cerâmica eram decoradas com pinturas. As mais belas serviam também como meio de troca por produtos que eram necessários à população das aldeias. A necessidade de melhorar a produtividade agrícola e a divisão do trabalho também levaram as comunidades neolíticas a produzir uma importante invenção, o arado, que facilitava e agilizava o preparo da terra para o cultivo.

Monumentos megalíticos

aS priMeiraS cidadeS

ANATÓLIA Çatal Hüyük

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Egípcios Mesopotâmicos Indianos Chineses Cidades

Fonte: A aurora da humanidade. Rio de Janeiro: Time-Life/Abril Livros, 1993. (Coleção História em Revista) 38

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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A centralização política Com o desenvolvimento da agricultura e o aumento populacional, tornou-se necessário organizar melhor o trabalho na sociedade. Esse trabalho de coordenação era feito pela família da aldeia mais poderosa, que assumia o controle da produção de alimentos e da construção de obras públicas, como canais de irrigação e diques. O chefe dessa família passava então a ser um rei. Para conseguir estender esse controle sobre toda a população, o rei utilizava seus próprios servidores. Entre esses servidores, uns eram encarregados de registrar as colheitas, outros eram responsáveis pelo armazenamento dos grãos, e assim por diante. Originou-se assim uma organização de pessoas com plena autoridade sobre a população, que podiam, por exemplo, criar e cobrar impostos, recrutar trabalhadores, organizar a defesa, fazer as leis e julgar os crimes. É o que chamamos de processo de centralização política ou de formação do Estado. O palácio era o local onde os servidores se reuniam com o rei. Além do palácio, existiam os templos, onde os sacerdotes cultuavam os deuses protetores da cidade. A escrita Um dos principais resultados do surgimento das cidades foi o desenvolvimento da escrita, por volta de 4000 a.C. Isso se deveu a vários fatores, entre eles: • a necessidade de contabilizar os produtos comercializados e os impostos arrecadados pelos servidores do rei; • o levantamento da estrutura das obras, que exigiu a criação de um sistema de sinais numéricos para realizar os cálculos geométricos. Com a escrita, o ser humano criou também uma forma de registrar suas ideias e de se comunicar. A linguagem escrita é especial porque permite que a vida de hoje seja conhecida pelas gerações futuras.

Placa em cuneiforme, a mais antiga forma de escrita, encontrada no palácio do rei Dario I, na região do atual Irã. O desenvolvimento da agricultura, do comércio e da centralização política tornou a escrita uma necessidade.

Vocabulário em contexto

Aprenda mais sobre a palavra Estado no Guia de estudo.

Escribas registram a cobrança de impostos. Gravura de autoria desconhecida feita com base em relevo da tumba de um nobre egípcio. Sacara, Egito, cerca de 2700 a.C. 39

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Atividades

Temas 4e5

Organizar o conhecimento

1. Observe novamente o mapa “As primeiras cidades”, na página 38, e responda às questões. a) Em quais continentes surgiram as primeiras cidades? b) Qual elemento geográfico era comum às primeiras cidades? c) Qual recurso natural mais interferiu na formação das primeiras cidades? Justifique.

2. Complete o quadro com informações sobre a Idade dos Metais.

e) Você concorda com o fato de que o ofício da escrita foi a inovação de maior alcance? Justifique.

4. Explique com suas palavras o que você entendeu dos seguintes conceitos. a) Excedente agrícola. b) Divisão do trabalho. c) Centralização política.

5. O poema abaixo foi escrito por Hesíodo, um poeta grego que viveu no século VIII a.C.

Quando Principais começou a usos ser extraído

Características

Cobre Bronze Ferro

Aplicar

3. Analise o texto seguindo o roteiro. As mudanças do período Neolítico “A próspera produção agrícola tornou possível a criação de animais em comunidade. O excesso de alimento permitiu que se desenvolvessem habilidades artesanais e administrativas mais especializadas, e o florescimento de um comércio de matérias-primas, tais como o cobre, estimulou a evolução da autoridade e do poder centralizados — assim como a guerra. Talvez a inovação de maior alcance tenha sido o ofício da escrita.” BRETSCHNEIDER, Joachim. Nabada: vida e morte. Scientific American Brasil, edição especial Arqueologia, n. 10, 2005. p. 74.

“Primeiro os deuses imortais criaram a raça [de ouro dos homens mortais [...]. Os mortais viviam como deuses, [...] longe de penas e misérias; nem temível velhice lhes pesava, sempre iguais nos pés e nas mãos, alegravam-se em festins, os males todos [afastados [...] Então uma segunda raça bem inferior os [deuses criaram, de prata [...] E Zeus Pai criou uma terceira raça de homens mortais, de bronze, em nada semelhante à de [prata; [...] nenhum trigo eles comiam e de aço tinham [resis­tente o coração [...] Mas depois também a esta raça a terra cobriu [...] Antes não estivesse eu entre os homens da quinta raça, mais cedo tivesse morrido ou [nascido depois. Pois agora é a raça de ferro e nunca durante o dia cessarão de trabalhar e penar e nem à noite de se destruir; e árduas angústias os deuses lhes darão.”

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

As raças de homens

HESÍODO. Os trabalhos e os dias. São Paulo: Iluminuras, 1990. p. 32-35.

a) Sublinhe as mudanças principais do período Neolítico citadas no texto.

a) Destaque no texto, em cores diferentes, o metal mais valorizado e o menos valorizado.

b) Cite duas habilidades artesanais que foram proporcionadas pelo excesso de alimentos.

b) O que diferenciava a raça dos homens de ouro da raça dos homens de ferro?

c) Em que sentido o comércio de metais relacionava-se com a guerra?

c) Você encontra no poema elementos que expliquem a origem da vida? Quais?

d) Qual mudança do período Neolítico possibilitou que as demais modificações ocorressem? Justifique sua resposta.

d) Escolha um adjetivo para qualificar cada uma das raças de homens (ouro, prata, bronze, ferro) descritas no poema.

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6. Observe atentamente a ilustração de uma cidade neolítica e responda.

Cama do homem Camas

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Cama da esposa e das crianças Banco

Área de serviço Lareira Área da cozinha

Escada para a entrada do telhado

Forno

Representação atual de como poderia ter sido a cidade de Çatal Hüyük, situada na atual Turquia. A cidade, descoberta na década de 1950, ocupava uma área de 13 hectares (130 mil metros quadrados). Fonte: CASELLI. Giovanni. As primeiras civilizações. São Paulo: Melhoramentos, 1990. p. 17.

a) De que forma as moradias dessa cidade eram construídas? Como as pessoas entravam em suas casas? b) Pela distribuição das casas na cidade, onde você imagina que os moradores obtinham os alimentos? c) Havia diferenças entre as moradias? Na sua opinião, há indícios de grupos privilegiados terem vivido nesse local?

Desafio! (Cefet-SP) As populações das espécies vivas sofrem modificações ao longo do tempo, as quais se acumulam, podendo originar novas espécies. A partir de estudos no século XIX, Charles Darwin formulou uma teoria para explicar como as espécies evoluíam. Qual foi a principal conclusão de Darwin ao formular a teoria da evolução das espécies? a) Cada população se modifica sempre que as condições atmosféricas da região mudam, assim, em um curto período de tempo, todos os indivíduos serão diferentes entre si. b) Cada população apresenta certa variabilidade entre os indivíduos que a compõem, os quais

sofrem uma seleção natural promovida pelas condições do ambiente. c) Os indivíduos de uma população se modificam para se adaptarem às condições ambientais e transmitem os caracteres adquiridos para os seus descendentes (lei dos caracteres adquiridos). d) Os órgãos mais usados pelos indivíduos que formam uma população se desenvolvem mais do que os órgãos menos utilizados (lei do uso e desuso). e) As populações se modificam constantemente porque a quantidade de alimento produzida é pequena para alimentar todos os indivíduos (lei da produção alimentar).

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Em foco

Arte rupestre: o ser humano sensível

Em 1879, foram descobertas pinturas rupestres no interior da gruta de Altamira, na Espanha. Ninguém, na época, acreditou que aquelas fabulosas gravuras coloridas fossem autênticas. Essa descrença se explica porque se achava que o homem pré-histórico comportava-se como um animal e obedecia apenas aos próprios instintos. Não seria capaz, portanto, de produzir arte. Em segundo lugar, achava-se na época que a arte era uma forma de expressão das culturas mais complexas, e apenas pessoas letradas e refinadas seriam capazes de produzi-la. Sabemos atualmente que a capacidade de produzir arte independe da cultura, da sociedade, da classe social e até do estado mental do artista. A arte cria significados sobre o mundo por meio da intuição do artista, manifestando-se na pintura, na música, na poesia, no cinema, nas colagens, no teatro, na dança e em outras linguagens.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

• A arte é uma expressão da nossa humanidade

Pintura rupestre representando cavalos, de aproximadamente 32 mil anos atrás. Caverna de Chauvet, França. Além de cavalos, a caverna contém pinturas de leões, panteras, ursos, aves e de vários outros animais.

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• A evolução da arte

Fonte 1

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

na Pré-história

As figuras rupestres são pinturas e gravuras feitas em paredes de cavernas e em outros abrigos pelas populações pré-históricas. As primeiras figuras rupestres eram desenhos de animais e foram feitas cerca de 35 mil anos atrás. Por volta de 17 mil anos atrás, já se utilizavam técnicas mais aprimoradas de pintura e se produziam figuras mais elaboradas, mas sem proporção. Exemplo disso são os desenhos de animais encontrados na caverna de Lascaux, na França. Aproximadamente 5 mil anos mais tarde, as imagens já tinham definição, forma e volume, ganhando realismo e proporção. As pinturas da caverna de Altamira, na Espanha, são um exemplo dessa nova fase. Por volta de 10 mil anos atrás, as figuras deixaram de representar apenas animais, como cavalos, bisões, renas, mamutes e animais alvejados por flechas. Elas passaram a mostrar a figura humana em cenas de rituais religiosos, de dança, luta e caça.

• Como as pinturas eram feitas? As figuras que compõem a arte rupestre parietal, ou seja, nas paredes de rochas, são basicamente de dois tipos: pinturas e entalhes na pedra. Essas figuras eram feitas tanto no interior de cavernas quanto ao ar livre. Inicialmente, as cores usadas para pintar eram marrom, vermelho e amarelo. Acredita-se que elas eram obtidas do óxido de ferro, um composto químico presente em alguns minérios, que eram socados até virar pó e depois misturados à argila. A cor era aplicada com o uso dos dedos ou de cerdas. Em seguida, passava-se banha de animal para fixar o desenho à parede da rocha. O preto vinha, em geral, do carvão. Mais tarde, além do preto e dos tons de vermelho, a tinta passou a ser extraída de plantas, obtendo-se outras cores. Para pintar no interior de cavernas escuras, os cientistas descobriram que os homens pré-históricos utilizavam pequenas “lâmpadas de pedra” cheias de banha ou tutano, substância encontrada no interior de ossos.

Pintura rupestre representando veado, de aproximadamente 12 mil anos atrás. Caverna de Altamira, na Espanha.

Fonte 2

Réplica de pintura rupestre da caverna de Lascaux representando um boi e um cavalo. Acredita-se que as pinturas da caverna de Lascaux tenham aproximadamente dezessete mil anos.

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em foco

Desde a descoberta das primeiras figuras rupestres até os dias de hoje, não se sabe o que elas representavam ou para que serviam. Há muitas hipóteses sobre o significado que elas tinham, mas nenhuma certeza. Logo que ocorreram as primeiras descobertas da arte rupestre, em 1879, acreditava-se que as imagens representavam uma forma de arte sem significado específico ou função. No início do século XX, difundiu-se a hipótese de que as figuras estavam ligadas a rituais mágicos de caça. Esses rituais seriam realizados para que a caça fosse abundante e os caçadores pudessem pegar um grande número de animais. É possível também que os rituais mágicos fossem realizados para dominar as forças da natureza, pois os homens acreditavam que podiam aprisionar a alma dos animais desenhados. Outra explicação é que as pinturas eram uma maneira de comunicar cenas, mitos e situações da vida cotidiana das comunidades. Provavelmente, nossos ancestrais dependiam da comunicação tanto quanto os humanos atuais.

A partir da década de 1960, elaborou-se uma nova hipótese sobre as figuras rupestres. Segundo a nova visão, os animais desenhados nas grutas simbolizavam o mundo masculino e o feminino em que se dividia o universo. As grutas com arte rupestre seriam santuários, onde os seres humanos realizavam rituais religiosos.

• A pintura rupestre no Brasil Existem milhares de figuras rupestres em todo o Brasil. A maior parte da arte rupestre brasileira é vista em paredões rochosos expostos ao ar livre. Estima-se que a idade das figuras varie entre 9 e 7 mil anos atrás, mas há quem defenda que muitas delas podem ter mais de 20 mil anos. O estudo da arte rupestre no Brasil é recente. Entretanto, o primeiro documento que trata das figuras em rochas é de 1598. Nesse documento, foram descritas imagens encontradas na região do atual Nordeste. Povos indígenas do Brasil pré-histórico criaram diferentes figuras antropomórficas, ou seja, com formas humanas. Os cientistas estudam essas figuras para entender o modo de vida de cada grupo e saber se houve contato entre eles.

Fonte 3

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

• O significado das figuras rupestres

Pintura rupestre na Lapa dos Desenhos, no município de Itacarambi, Minas Gerais, datada de aproximadamente 9 mil anos atrás.

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Fonte 4

A mão humana

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“Não sabemos se, até que ponto, o motivo rupestre da impressão da mão aberta, contornada, se reveste de significado mágico, como acontece com a maior parte das figurações do Paleolítico. Em todos os tempos, a arte apreciará a figura da mão: raramente, porém, conseguirá a sugestão destas, que são gritos de presença e conquista. [...] Trabalhos duros e árduos, no problema elementar da sobrevivência, afligiram, mais do que em qualquer outro tempo, estas mãos. Mas já aparece nítida a mão do homem.” PISCHEL, G. História universal da arte. São Paulo: Melhoramentos, 1966. p. 11.

Detalhe de mãos pintadas na Caverna das Mãos, Patagônia, Argentina, de cerca de 10 mil anos atrás.

Atividades Organize o conhecimento

1. Os artistas pré-históricos extraíam da natureza

os recursos necessários para realizar a sua obra. Cite alguns recursos utilizados e a função que eles tinham.

Analise e compare as fontes

2. Complete o quadro com informações das fontes 1 e 2.

Tipo de fonte

Local e idade Conteúdo

Fonte 1 Fonte 2

3. Sobre a pintura da fonte 3 responda. a) Quais figuras você pode perceber na pintura? Desenhe, no caderno, algumas dessas figuras. b) Quais cores predominam na pintura? Que outras cores podemos identificar? c) Em sua opinião, qual seria o significado dessas figuras pintadas em conjunto na pedra?

4. De acordo com o texto da fonte 4, as mãos pintadas na Caverna das Mãos têm um significado mágico ou representam o esforço dos homens do Paleolítico? Justifique.

5. Leia o texto a seguir e responda. “A arte jamais é uma mera descrição clínica do real. [...] Mesmo um grande artista didático [...] não serve apenas da razão e da argumentação: serve-se também do sentimento e da sugestão. Não se limita a colocar o seu público em face da obra de arte; permite-lhe igualmente ‘entrar’ nela. [...] A arte é necessária para que o homem se torne capaz de conhecer e mudar o mundo.” FISCHER, Ernst. A necessidade da arte. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. p. 19-20.

a) Segundo o autor, uma obra de arte pode ser considerada uma representação fiel da realidade? Justifique. b) As obras de arte são interpretadas da mesma maneira por todos que a observam? Explique. c) Na sua opinião, a arte é realmente necessária para que o homem se torne capaz de conhecer e mudar o mundo?

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Compreender um texto Uma cronologia da arte pré-histórica Compreender um texto não significa apenas ser capaz de entender um relato, um artigo de jornal, o capítulo de um livro ou uma carta. O ato de ler significa também poder compreender textos visuais, como um quadro cronológico, um mapa, um gráfico, um esquema etc.

O quadro a seguir mostra a evolução cronológica das figuras rupestres mais conhecidas e outras expressões da arte pré-histórica. Preste atenção no formato, nas cores e nos traços de cada figura. Procure colocar-se no lugar do artista e entender o que ele sentia, via ou pensava ao realizar a sua obra.

2

1

3

Museu Nacional de Antiguidades, Saint-Germain-en-Laye.

Museu Sul-Africano, Cidade do Cabo.

Pintura rupestre de 15 mil a.C., encontrada em uma caverna no Deserto da Líbia, na África. 75 mil anos

22 mil anos

Conchas perfuradas encontradas na caverna de Blombos, na África do Sul. Com cerca de 75 mil anos, as conchas fazem parte do que seria o mais antigo colar feito pelo ser humano.

17 mil anos

Busto feminino chamado de Vênus de Brassompouy, esculpido em marfim de mamute e encontrado em 1894, no sul da França.

aLgunS doS principaiS SÍtioS arQueoLÓgicoS do Mundo

FRANÇA ESPANHA

Descobertas por um grupo de adolescentes em 1940, as pinturas de Lascaux, no sudoeste da França, mostram figuras de bovinos, cervos, felinos, cavalos e outros animais.

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TURQUIA

LÍBIA

Pará Mato Grosso ÁFRICA DO SUL

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AtividAdes Localize a informação 5

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1. Copie a ficha em seu caderno e preencha-a com as informações pedidas. Siga o modelo. Figura

Tipo de arte

Local da descoberta

Idade estimada

1

Conchas perfuradas

África do Sul

75 mil anos

Analise e interprete

2. Qual a característica principal de cada fonte? 3. Escreva nas linhas que aparecem próximas As figuras rupestres da Serra da Lua, em Monte Alegre, no Pará, têm cerca de 11 mil anos.

12 mil anos

às imagens a qual manifestação da arte pré-histórica pertence cada obra mostrada nessa cronologia: pintura rupestre, escultura ou outras. Dê um possível significado de cada uma delas.

7

4. Vestígios da arte pré-histórica foram encontrados em diferentes países e continentes. O que esse fato demonstra em relação ao ser humano? 11 mil anos

7 mil anos

5 mil anos

Opine

5. Qual das figuras dessa cronologia mais o agraBisão pintado na parede rochosa da gruta de Altamira, Espanha. O artista usou as reentrâncias da rocha para dar volume e sombra à imagem. A cor, aplicada com a mão, foi distribuída para realçar as formas do animal.

6

Estátua da deusa da fertilidade encontrada em Çatal Hüyük, na Turquia.

Figuras de seres humanos e animais encontradas em Santa Elina, município de Jangada, Mato Grosso.

dou? Em que você imagina que o artista pensava quando pintou, confeccionou ou esculpiu a sua obra? Exponha seu ponto de vista para os colegas e ouça o deles.

6. Os sítios de pinturas e gravuras rupestres são patrimônios culturais de valor incalculável. Eles expressam as experiências humanas, suas crenças, sensibilidade e relação com a natureza. a) Por que é importante preservar um sítio de arte rupestre? b) Quais são, em sua opinião, as principais ameaças aos sítios de arte rupestre?

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ARARIBÁ HISTÓRIA

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Organizadora: Editora Moderna Obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna. Editora Executiva: Maria Raquel Apolinário

3a edição

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© Editora Moderna 2010

Elaboração dos originais: Maria Auxiliadora Dias Guzzo Mestre em História pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Professora do curso de especialização em História da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Maria Raquel Apolinário Bacharel e licenciada em História pela Universidade de São Paulo (USP). Professora da rede estadual e municipal de ensino por 12 anos. Editora. Nubia Andrade e Silva Bacharel e licenciada em História pela Universidade de São Paulo (USP). Especialista em História, Sociedade e Cultura pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Editora. Eduardo Augusto Guimarães Bacharel e licenciado em História pela Universidade de São Paulo (USP). Mestre em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Professor da rede particular de ensino por 6 anos. Editor. Rosane Cristina Thahira Bacharel e licenciada em História pela Universidade de São Paulo (USP). Editora. João Carlos Agostini Bacharel e licenciado em História pela Universidade de São Paulo (USP). Professor da rede pública e particular de ensino por 22 anos. João Luiz Maximo da Silva Mestre em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Pesquisador e catalogador iconográfico. Ricardo Vianna Van Acker Bacharel e licenciado em História pela Universidade de São Paulo (USP). Mestre em Semiótica e Linguística Geral pela Universidade de São Paulo (USP). Professor da rede particular de ensino por 10 anos. Thelma Cadermatori Figueiredo de Oliveira Licenciada em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Professora da rede particular de ensino.

Coordenação editorial: Maria Raquel Apolinário Edição de texto: Nubia Andrade e Silva, Eduardo Augusto Guimarães, Pamela Shizue Goya, Paulo Camargo Oliveira Ferraz Consultoria histórica: Júlio Pimentel Assistência editorial: Vivian Kaori Ehara, Cíntia Medina, Gabriele C. B. Santos, Tathiane Gerbovic Preparação de texto: Sérgio Roberto Torres Coordenação de design e projetos visuais: Sandra Botelho de Carvalho Homma Projeto gráfico: Everson de Paula Capa: Aurélio Camilo Foto de capa: Castelo de Segóvia, na Espanha, construído no século XII © Mark Fiennes/Arcaid/Corbis/Latinstock Coordenação de produção gráfica: André Monteiro, Maria de Lourdes Rodrigues Coordenação de arte: Wilson Gazzoni Agostinho Edição de arte: Renata Susana Rechberger Editoração eletrônica: Grapho Editoração Edição de infografias: William Hiroshi Taciro, Tathiane Gerbovic, Daniela Máximo, Ana Claudia Fernandes Ilustrações: Affonso, Ale Setti, Carlos Caminha, Estúdio Ilustranet, Fido Nesti, Gilmar, Mariana Coan, Mario Bag, Paulo César, Paulo Manzi, Renato Alarcão, Rodval Matias, Roko, Vicente Mendonça, Yan Sorgi Cartografia: Alessandro Passos da Costa, Anderson de Andrade Pimentel, Fernando José Ferreira Coordenação de revisão: Elaine Cristina del Nero Revisão: Denise de Almeida, Lílian Semenichin, Márcia Leme Coordenação de pesquisa iconográfica: Ana Lucia Soares Pesquisa iconográfica: Ana Claudia Fernandes, Leonardo de Souza Klein, Felipe Campos, Elaine Bueno, Carol Böck As imagens identificadas com a sigla CID foram fornecidas pelo Centro de Informação e Documentação da Editora Moderna. Coordenação de bureau: Américo Jesus Tratamento de imagens: Arleth Rodrigues, Fabio Novaes e Pix Art Pré-impressão: Alexandre Petreca, Everton L. de Oliveira Silva, Helio P. de Souza Filho, Marcio Hideyuki Kamoto Coordenação de produção industrial: Wilson Aparecido Troque Impressão e acabamento:

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Projeto Araribá: história: ensino fundamental / obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna; editora executiva Maria Raquel Apolinário. — 3. ed. — São Paulo: Moderna, 2010.

Obra em 4 v. para alunos do 6o ao 9o ano. “Componente curricular : História” Bibliografia.

1. História (Ensino fundamental) I. Apolinário, Maria Raquel.

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CDD-372.89

Índices para catálogo sistemático: 1. História: Ensino fundamental 372.89 ISBN 978-85-16-06846-2 (LA) ISBN 978-85-16-06847-9 (LP) Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados EDITORA MODERNA LTDA. Rua Padre Adelino, 758 - Belenzinho São Paulo - SP - Brasil - CEP 03303-904 Vendas e Atendimento: Tel. (0_ _11) 2602-5510 Fax (0_ _11) 2790-1501 www.moderna.com.br 2010 Impresso no Brasil 1 3 5 7 9 10 8 6 4 2

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Apresentação

O

s livros do Projeto Araribá foram feitos para você gostar de estudar História e descobrir que os conteúdos dessa disciplina estão muito próximos da realidade que você vive, da escola em que estuda, do país que habita. Ao fazer as atividades propostas, você ampliará sua capacidade de ler diferentes tipos de texto, analisar imagens, debater ideias e expressar suas opiniões. Acima de tudo, você irá expandir seus conhecimentos e perceber como é importante construir uma atitude solidária na relação com as pessoas e responsável na relação com a natureza. Os temas que você irá estudar na seção Em Foco surgiram de assuntos relacionados aos alimentos, às crenças, ao trabalho, ao patrimônio cultural do Brasil e de outros países, à preocupação com o corpo e a saúde, entre muitos outros. Estude-os com atenção e realize as atividades de análise das fontes. Como um detetive e um historiador, você irá aguçar o seu olhar e descobrir que as coisas boas que conquistamos, inclusive o aprendizado, são sempre fruto do nosso esforço pessoal. Um ótimo estudo!

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Organização da Unidade Um livro organizado O seu livro tem oito unidades, divididas em duas partes: as páginas de estudo dos temas e as páginas da seção Em foco.

As páginas de abertura da Unidade trazem imagens e questões que procuram investigar o que você já sabe sobre o assunto.

Estudos dos temas Os temas selecionados para o estudo da Unidade sempre começam com uma ideia central do conteúdo que você vai estudar. Exemplo de tema: A cultura humanista do Renascimento.

As palavras ou expressões destacadas nessa vinheta remetem à seção Vocabulário em contexto do Guia de estudo.

A seção Ampliando conhecimentos destaca um tema relacionado ao conteúdo que está sendo estudado e pode ser uma cidade, um monumento ou fato histórico. A proposta é desenvolvida por meio de infográficos, um tipo de informação fortemente visual que mistura texto e ilustração.

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Nas páginas de estudo dos temas há ainda fotos, mapas e outras representações visuais que complementam o conteúdo e auxiliam na compreensão dos conteúdos. Na seção Um problema você vai conhecer algumas polêmicas na história e responder às questões propostas para cada caso.

As questões desta seção exercitam a habilidade de compreender conteúdos textuais e visuais.

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Atividades organizadas As questões propostas no bloco de Atividades são basicamente de dois tipos: as que visam à construção de um relato e as de ampliação do conhecimento.

Desafio Uma novidade desta edição, a seção Desafio traz questões de vestibulinhos, vestibulares e do Enem.

Atividades de construção de um relato

Atividades de ampliação

• Organizar o conhecimento

• Edifícios daquele tempo

• Aplicar

• Personagem • Arte e história

• Produzir um texto

• Ontem e hoje

• Na linha do tempo

• Ciência e tecnologia

As monografias e a análise de fontes históricas Cada Unidade inclui a seção Em foco, uma espécie de monografia em que você vai estudar com mais detalhes um tema relevante para o estudo da Unidade, relacionando melhor o passado e o presente.

As atividades da seção Em foco visam desenvolver a sua capacidade de analisar as fontes históricas. O objetivo é que você exercite, aos poucos, o método da investigação, essencial no ofício do historiador.

Compreender um texto A seção Compreender um texto traz diferentes tipos de textos (lendas, artigos jornalísticos e de historiadores, documentos oficiais, poemas), que o estimulam a gostar de ler e a compreender as leituras que faz.

Trabalho em equipe A cada duas unidades, há propostas orientadas de Trabalho em equipe. Você e seus colegas irão criar uma história em quadrinhos, produzir um blog, entre outras atividades.

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As atividades desta seção exercitam a habilidade de extrair informações de um texto, estabelecer relações com o conhecimento aprendido, debater ideias e elaborar conclusões.

Os passos definidos para realizar o trabalho em equipe auxiliam a planejar a tarefa e a executá-la de forma organizada e funcional.

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Sumário

Unidade 1

A FORMAÇÃO DA EUROPA FEUDAL TEMA 1 – Os germânicos entram no mundo romano ................................................12 O fim do Império Romano - 12, A ruralização da sociedade - 13, A prática do colonato - 13, Como o líder guerreiro tornou-se rei - 14, As realezas germânicas - 14 TEMA 2 – Os germânicos e a Idade Média ...........................................................................15 A Europa dos germânicos - 15

TEMA 3 – O Reino Franco e o cristianismo ..........................................................................16 A dinastia merovíngia - 16, Os “mordomos” do palácio - 17, Alianças entre reis e papas - 17, Carlos Magno foi coroado imperador - 17, A administração do império de Carlos Magno - 18, A fragmentação do império e o início do feudalismo - 19 Atividades – Temas 1 a 3 ................................................................................................................................20 • Personagem – Os vikings - 21

TEMA 4 – O feudalismo na Europa .............................................................................................22 Do benefício ao feudo - 22, A sociedade feudal - 22 Ampliando conhecimentos – Os mosteiros medievais ....................................................................25

TEMA 5 – A economia feudal ..........................................................................................................26 Uma economia de base agrária - 26

TEMA 6 – O ensino e a cultura na Europa feudal...........................................................28 O Renascimento Carolíngio - 28, As transformações no ensino - 28, A literatura medieval: do oral ao escrito - 29 Atividades – Temas 4 a 6 ................................................................................................................................30 Em foco – Os castelos medievais .................................................................................................................32 Compreender um texto – O cavaleiro e a donzela .............................................................................36

Unidade 2

MUNDOS ALÉM DA EUROPA TEMA 1 – A Arábia e os árabes .......................................................................................................40 A Península Arábica - 40, O deserto e as tribos nômades - 40, A costa e as cidades - 41, Meca e a religião dos antigos árabes - 41

TEMA 2 – O nascimento e a expansão do islã...................................................................42 Nasce um profeta - 42, Nasce uma religião e um Estado - 42, Os sucessores do profeta - 43

TEMA 3 – Economia e cultura .........................................................................................................44 A economia no Império Muçulmano - 44, A cultura no mundo muçulmano - 45, Avanços técnicos e científicos - 45, A população nas cidades - 46, O trabalho nos campos - 46 Ampliando conhecimentos – A arquitetura muçulmana ................................................................47 Atividades – Temas 1 a 3 ................................................................................................................................48 • Ontem e hoje – A peregrinação a Meca - 49

TEMA 4 – A África dos reinos islamizados ..........................................................................50 A África antes dos europeus - 50, As sociedades sahelianas - 51, O Reino de Gana: a terra do ouro - 51, O Império do Mali - 53, O Império Songhai - 55 Atividades – Tema 4 .........................................................................................................................................56 Em foco – O comércio caravaneiro..............................................................................................................58 Compreender um texto – A linguagem e o simbolismo dos tecidos do Mali ...........................62 Trabalho em equipe 1 – Produzir um mosaico .....................................................................................64

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Unidade 3

MUDANÇAS NA EUROPA TEMA 1 – Mudanças no campo e nas cidades...................................................................68 As transformações no feudalismo - 68, Personagens da cidade - 69, O artesanato e o comércio nas cidades feudais - 70

TEMA 2 – As Cruzadas ...........................................................................................................................71 A convocação do papa - 71, Os resultados das Cruzadas - 72 Ampliando conhecimentos – O nascimento das Ordens Militares ...............................................73

TEMA 3 – A formação dos Estados europeus modernos .......................................74 O cenário e os personagens - 74 Atividades – Temas 1 a 3 ................................................................................................................................76 • Personagem – Os saltimbancos - 77

TEMA 4 – O saber e as artes .............................................................................................................78 O saber medieval - 78, A literatura medieval - 79 Ampliando conhecimentos – Os estilos arquitetônicos da Idade Média ...................................80

TEMA 5 – Os sinais da crise: a peste negra e a grande fome ..............................82 A origem da epidemia - 82, A propagação da peste negra - 82, A grande fome - 83, As consequências da peste negra - 83

TEMA 6 – As revoltas no campo e nas cidades................................................................84 Revoltas camponesas - 84, Revoltas urbanas - 85, A superação do feudalismo - 85 Atividades – Temas 4 a 6 ................................................................................................................................86 Em foco – As cidades medievais ..................................................................................................................88 Compreender um texto – Um modelo da cidade medieval ............................................................92

Unidade 4

MUDANÇAS NA ARTE E NA RELIGIÃO TEMA 1 – A cultura humanista do Renascimento ........................................................96 Uma nova visão de mundo - 96, Os valores humanistas - 97, Os novos meios de divulgação - 98, Os novos conhecimentos - 98

TEMA 2 – A arte do Renascimento .............................................................................................99 A prática do mecenato - 99, O realismo da arte renascentista - 99, O Renascimento na Península Itálica - 100, A expansão do Renascimento - 101 Ampliando conhecimentos – As escolas pictóricas......................................................................... 102 Atividades – Temas 1 e 2 ............................................................................................................................. 104 • Ontem e hoje – Do livro impresso ao livro virtual - 105

TEMA 3 – A Reforma Protestante ............................................................................................ 106 A crise religiosa - 106, O início da Reforma - 106, A doutrina de Lutero - 107, Outros movimentos reformadores - 107

TEMA 4 – A Contrarreforma .......................................................................................................... 109 A Reforma Católica - 109, Instrumentos da Contrarreforma - 110, A Europa se divide - 111 Atividades – Temas 3 e 4 ............................................................................................................................. 112 Em foco – Leonardo da Vinci, o homem universal.............................................................................. 114 Compreender um texto – Leonardo da Vinci e a conquista do ar .............................................. 118 Trabalho em equipe 2 – Produzir um blog .......................................................................................... 120

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Sumário

Unidade 5

O ENCONTRO ENTRE DOIS MUNDOS TEMA 1 – O nascimento das monarquias nacionais ................................................ 124 Interesses no fortalecimento dos reis - 124, As divisões na nobreza - 124, A política mercantilista - 125, A aliança entre o rei, a burguesia e parte da nobreza - 125, O Estado absolutista - 126, Teóricos do absolutismo - 127

TEMA 2 – A expansão marítima portuguesa ................................................................. 128 O pioneirismo português - 128, Comércio e pesca em Portugal - 128, O início da expansão portuguesa - 129, O caminho marítimo para as Índias - 129

TEMA 3 – A expansão marítima espanhola .................................................................... 130 Chegar ao Oriente viajando pelo Ocidente - 130, A viagem de Cristóvão Colombo - 130, As outras viagens de Colombo - 131, Novas expedições - 132, A viagem de Fernão de Magalhães - 133 Atividades – Temas 1 a 3 ............................................................................................................................. 134 • Ciência e tecnologia – Caravelas e naus - 135

TEMA 4 – América: terra de grandes civilizações ..................................................... 136 Diversidade cultural - 136, Mesoamérica - 137, América do Sul - 137

TEMA 5 – A civilização maia.........................................................................................................................138 Três milênios de história - 138, Matemática e astronomia - 139, A idade de ouro maia - 139

TEMA 6 – A civilização asteca ..................................................................................................... 140 Os astecas formaram um grande império - 140, As atividades econômicas - 140, A educação de meninos e meninas - 141, A religião e a arte - 142, O calendário asteca - 142

TEMA 7 – A civilização inca............................................................................................................ 143 Os incas - 143, Dominação política - 143, As atividades econômicas - 144, A composição das elites incaicas - 144, A cidade de Machu Picchu - 145, Astronomia inca - 145 Ampliando conhecimentos – Artesãos pré-colombianos ............................................................ 146 Atividades – Temas 4 a 7 ............................................................................................................................. 148 Em foco – Alimentos da América na mesa do mundo todo ........................................................... 150 Compreender um texto – As montanhas que viraram deuses .................................................... 154

Unidade 6

ESPANHÓIS E INGLESES NA AMÉRICA TEMA 1 – A conquista espanhola ............................................................................................. 158 Cortés e a conquista do Império Asteca - 158, Pizarro e a conquista do Império Inca - 159

TEMA 2 – A colonização espanhola na América ......................................................... 160 Conquista: violência e exploração - 160, A administração espanhola - 160, Principais órgãos da administração - 161, O controle da metrópole - 161, A sociedade colonial - 162, Pureza de sangue - 162

TEMA 3 – As atividades econômicas na colônia ......................................................... 163 Prata e ouro em abundância - 163, Explorando o trabalho indígena - 163, A Coroa e os índios - 164, A Igreja e o trabalho indígena - 165, A produção açucareira no Caribe - 165 Atividades – Temas 1 a 3 ............................................................................................................................. 166 • Edifícios daquele tempo – Tenochtitlán e a Cidade do México - 167

TEMA 4 – As viagens marítimas inglesas......................................................................... 168 A busca de novas rotas para as Índias - 168, Corsários, os piratas da Coroa - 168, James Cook, navegador e astrônomo - 169

TEMA 5 – A colonização inglesa na América.................................................................. 170 A Inglaterra em ebulição - 170, Os peregrinos na América - 170, As colônias do norte e do centro - 171, O comércio triangular - 171, As colônias do sul - 172

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TEMA 6 – Franceses e holandeses na América do Norte.................................... 173 As colônias francesas - 173, Os holandeses na América do Norte - 173 Atividades – Temas 4 a 6 ............................................................................................................................. 174 Em foco – A viagem do Mayflower........................................................................................................... 176 Compreender um texto – O sonho de uma vida melhor ............................................................... 180 Trabalho em equipe 3 – Escrever um diário de bordo .................................................................... 182

Unidade 7

O IMPÉRIO ULTRAMARINO PORTUGUÊS TEMA 1 – As conquistas portuguesas ................................................................................. 186 Conquistas no Extremo Oriente - 186, Várias formas de relação colonial - 186, Riquezas vindas do vasto império - 187

TEMA 2 – A colonização portuguesa na América ...................................................... 188 O encontro entre dois mundos - 188, A extração do pau-brasil - 188, A Coroa decide colonizar o Brasil - 189, Mudanças na relação com os indígenas - 189, A escravidão africana na América - 190

TEMA 3 – A administração da América portuguesa ................................................ 192 O início da colonização - 192, As capitanias hereditárias - 192, O governo geral - 193, As Câmaras Municipais - 193 Atividades – Temas 1 a 3 ............................................................................................................................. 194 Em foco – Os povos indígenas do Brasil ................................................................................................. 196 Compreender um texto – A humanidade dos indígenas .............................................................. 200

Unidade 8

O NORDESTE COLONIAL TEMA 1 – A economia açucareira ............................................................................................. 204 O principal negócio na colônia - 204, A organização da produção açucareira - 204, Senhores de engenho e de cana - 205 Ampliando conhecimentos – O processo de produção açucareira ........................................... 206

TEMA 2 – A ocupação do Nordeste pelos holandeses .......................................... 208 Problemas na Europa, efeitos na América - 208, A parceria entre Portugal e Holanda - 208, A União Ibérica e o poderio espanhol - 208, Espanha e Holanda: domínio e guerra - 209, Da Bahia a Pernambuco - 209, O domínio holandês na América portuguesa - 210, O fim da União Ibérica - 210, Tensões entre holandeses e colonos - 211, As guerras de expulsão - 211, Ampliando conhecimentos – Artistas e cientistas no Brasil holandês ..................................... 212 Atividades – Temas 1 e 2 ............................................................................................................................. 214 • Edifícios daquele tempo – O Forte Orange - 215

TEMA 3 – A vida nos engenhos .................................................................................................. 216 Os senhores de engenho - 216, Trabalhadores especializados - 216, Os escravos - 217, A casa-grande - 218, A senzala - 218

TEMA 4 – Escravidão e resistência ......................................................................................... 219 A África e o tráfico negreiro - 219, Submissão e resistência - 220, A formação de quilombos - 220

TEMA 5 – Trocas e conflitos .......................................................................................................... 221 A convivência entre senhores e escravos - 221, Uma outra interpretação - 221, Sincretismo religioso - 222

TEMA 6 – Nem só de açúcar vivia a colônia .................................................................... 223 Agricultura de exportação e produção de alimentos - 223, A criação de gado - 224, A importância do Rio São Francisco - 224, Fumo e algodão - 225, A produção de alimentos - 225 Atividades – Temas 3 a 6 ............................................................................................................................. 226 Em foco – Senhores e escravos.................................................................................................................. 228 Compreender um texto – O poder e as tarefas do senhor do engenho .................................. 232 Trabalho em equipe 4 – Criar uma história em quadrinhos.......................................................... 234

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Unidade

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A formação da Europa feudal Torneios medievais As justas, ou torneios medievais, eram ocasiões nas quais, fora do campo de batalha, os cavaleiros podiam derrotar seus oponentes e demonstrar sua força, destreza e poder na tentativa de obter prestígio, recursos e oportunidades de casamento com as filhas dos membros da nobreza. As justas também proporcionavam aos cavaleiros o treinamento necessário para seu aperfeiçoamento técnico.

O passado e o presente do cavaleiro medieval

A

s novelas de cavalaria surgiram no século XII e fizeram parte da tradição oral e escrita de toda a Idade Média. Acredita-se que essas histórias tenham sido criadas a partir da releitura de lendas e contos folclóricos celtas, povos indo-europeus que se espalharam pela Europa no segundo milênio antes de Cristo. Elas narram feitos heroicos, guerras e histórias de amor. Um dos principais personagens desses romances é o cavaleiro, tradicionalmente representado como homem fiel, honrado e cumpridor de suas obrigações. Ao longo do tempo, os cavaleiros tornaram-se um dos símbolos da cultura ocidental e temas de obras literárias, peças teatrais, filmes, desenhos animados e jogos, como veremos a seguir.

O romance histórico O escritor escocês Walter Scott publicou, em 1819, a obra Ivanhoé. O romance narra as aventuras do jovem cavaleiro Ivanhoé, que vive na Inglaterra do século XII. Ele combate seus inimigos, busca a liberdade e deseja conquistar sua amada, Lady Rowena.

Começando a Unidade 1 De acordo com o texto, quais são as origens das novelas de cavalaria? 2 Como se deu o processo de transmissão dessas histórias ao longo do tempo? 3 Quais são as características básicas dessas histórias e quais são os valores essenciais dos cavaleiros? 4 Que outras histórias de cavalaria você conhece? Cite exemplos. 10

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Fontes: FRANCO JÚNIOR, Hilário. A Idade Média: nascimento do Ocidente. São Paulo: Brasiliense, 2006; SPINA, Segismundo. A cultura literária medieval: uma introdução. São Paulo: Ateliê Editorial, 2007.

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Bravura, lealdade e cortesia Por volta do século XI, foi composto o poema épico A canção de Rolando, que trata do fim heroico de Rolando, sobrinho do imperador franco Carlos Magno, em uma batalha contra os muçulmanos. Nas narrativas épicas medievais, a imagem do cavaleiro estava associada ao heroísmo, à lealdade e ao amor cortês, sentimento que unia uma dama da alta nobreza e um cavaleiro. Nessas histórias, o amor cortês normalmente não se concretizava, mas dava força aos cavaleiros nos campos de batalha.

O cavaleiro Dom Quixote Entre 1605 e 1615, o escritor espanhol Miguel de Cervantes escreveu a obra Dom Quixote de la Mancha. O personagem principal, Dom Quixote, após ler romances de cavalaria, decide tornar-se um cavaleiro e combater seus inimigos imaginários, como moinhos de vento que ele acredita serem monstros gigantes. Para Dom Quixote, um cavaleiro deveria sempre defender a honra e estar pronto para suportar privações de qualquer espécie.

Tragédia e humor A trágica história de amor entre Isolda, uma mulher casada, e o jovem Tristão surgiu por volta do século XII e foi readaptada em forma de ópera, em 1859, por Richard Wagner. Nesse mesmo período, o escritor norte-americano Mark Twain publicou Um ianque na corte do rei Artur. Na obra, Martin é um norte-americano que, após levar uma pancada na cabeça, acorda na corte do rei Artur.

O cavaleiro contemporâneo Nos séculos XX e XXI, os cavaleiros tornaram-se personagens de filmes, desenhos animados e jogos. Muitas histórias da tradição medieval foram adaptadas e recontadas em cenários futuristas ou têm como cavaleiros personagens incomuns, caso do ogro Shrek. No entanto, valores básicos dos romances de cavalaria, como o heroísmo, a honra, a coragem, a amizade e a valentia, estão presentes nessas obras.

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C

om o esfacelamento do Império Romano, várias realezas bárbaras fixaram-se na Europa Ocidental.

vocabulário em contexto

Aprenda mais sobre a palavra Estado no Guia de estudo.

Os germânicos entram no mundo romano O fim do império Romano A partir do século III, o Império Romano conheceu um longo processo de desestruturação. Entre os principais fatores de sua crise estava a grande extensão de suas fronteiras. Mantê-las protegidas das constantes pressões dos bárbaros exigia do Estado muito dinheiro para financiar o exército, pagar os funcionários administrativos e manter a infraestrutura (estradas, muros de proteção, fortes, alimentos etc.). Na prática, a dificuldade de guardar as fronteiras era tão grande que o império deixou de conquistar novos territórios. Os benefícios econômicos provenientes das conquistas não compensavam os gastos para realizá-las e mantê-las. A entrada de novos escravos no império foi reduzida drasticamente. Com a escassez de escravos, o preço deles aumentou, a produção diminuiu, e os produtos ficaram mais caros. Esse quadro afetou a economia da Península Itálica, da Gália e da Península Ibérica, que eram as principais regiões escravistas do império. Como os escravos vinham dos povos dominados pelos romanos, o fim das guerras de conquista e a concorrência econômica das províncias afetaram as propriedades dessas regiões, que se viram com poucos mercados e reduzida mão de obra.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Tema

Gravura em alto-relevo representando coletores de impostos durante o Império Romano, século II. Museu Nacional Renano, Trier, Alemanha.

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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A ruralização da sociedade A partir de 406, povos germânicos, vindos do norte e do centro da Europa, entraram nos territórios romanos, muitos fugindo dos ataques dos hunos, um povo vindo das regiões orientais e que tinha forte tradição guerreira (leia boxe ao lado). No ano 476, um dos povos germânicos, os hérulos, depôs o imperador do Ocidente Rômulo Augústulo. Alguns historiadores consideram que esse fato marcou a queda de Roma e o início, na Europa Ocidental, do que chamam de Idade Média. Em razão da crise econômica, as cidades foram se esvaziando. Roma, por exemplo, que tinha mais de 1 milhão de habitantes no auge do império, contava apenas com 300 mil quando a crise se agravou. Várias mudanças contribuíram para que essas pessoas migrassem para o campo. • A dificuldade de obter trabalho nas cidades devido à diminuição da atividade econômica. • Os saques realizados por bárbaros e assaltantes, que tornavam as cidades inseguras (nas cidades costeiras, houve também a ação de piratas). A maior parte da população urbana mudou-se para o campo em busca de abrigo, trabalho e proteção. Além de homens livres, muitos escravos (livres ou fugitivos) se refugiaram nos campos. A partir de então, a sociedade efetivamente se ruralizou, ou seja, instaurou-se um modo de vida em que a condição social das pessoas passou a ser determinada pela relação que tinham com a terra.

A prática do colonato Desde a República Romana, as terras da área rural pertenciam a particulares ou ao Estado romano. Como muitos proprietários não tinham recursos para manter escravos ou para pagar trabalhadores, passaram a admitir que pessoas se fixassem em suas terras. Surgiu, assim, a figura do colono, inicialmente um trabalhador livre. No final do século III, o governo romano instituiu o colonato, transformando o colono em um camponês preso à terra. Ele cuidava de uma pequena parcela das terras, de onde tirava o seu sustento e o da sua família. Como pagamento, devia entregar parte do que produzia ao proprietário. A prática dos proprietários de estabelecer, em suas terras, trabalhadores dependentes da sua proteção originou a servidão, sistema de trabalho que predominou na Europa Ocidental a partir do século X.

Os hunos Observe como Amiano Marcelino, historiador romano do século IV, descreveu os hunos. “[...] o povo dos hunos [...] tem membros compactos e firmes, pescoços grossos e são tão prodigiosamente disformes e feios que os poderíamos tomar por animais bípedes [...]. Tendo porém o aspecto de homens, embora desagradáveis, são rudes no seu modo de vida [...], não têm necessidade nem de fogo nem de comida saborosa; comem as raízes das plantas selvagens e a carne semicrua de qualquer espécie de animal que colocam entre as suas coxas e os dorsos dos cavalos para aquecer um pouco. Ninguém entre eles lavra a terra ou toca um arado. Todos vivem sem um lugar fixo, sem lar nem lei ou uma forma de vida estabilizada [...].” Amiano Marcelino, século IV. Citado em ESPINOSA, F. Antologia de textos medievais. 3. ed. Lisboa: Sá da Costa, 1981. p. 4-5.

Ilustração atual representando um guerreiro huno. Fonte: Impérios sitiados: 200-600. Rio de Janeiro: Abril Livros, 1991. p. 14.

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Os vândalos eram um povo germânico que havia se fixado em Andaluzia, na atual Espanha, em 409. Converteram-se ao arianismo, corrente cristã considerada herética pelo Concílio de Niceia. Eles eram o único povo germânico que possuía uma frota marítima. Foi com essa frota que aproximadamente 80 mil vândalos partiram para o norte da África em 429. Instalados no local, eles interromperam as relações comerciais entre o norte da África e Roma, que se abastecia do trigo cultivado nessa região. As conquistas dos vândalos no norte da África foram muito violentas. Contudo, não foram capazes de alterar as características sociais da região. Assim, em 534, as tropas do imperador bizantino Justiniano aniquilaram o reino vândalo.

Glossário

Mosaico de uma vila de Cartago, no norte da África, representando um guerreiro vândalo a cavalo, cerca de 500 d.C. Museu Britânico, Londres.

Butim Espólio, tudo que era conquistado por meio da guerra.

Como o líder guerreiro tornou-se rei A guerra era um elemento central na vida dos povos germânicos. Consequentemente, o chefe guerreiro era uma figura muito importante. Sua liderança na guerra proporcionava terras para a agricultura, garantindo a sobrevivência de todo o povo e o poder da aristocracia. Inicialmente, os líderes guerreiros eram aclamados por uma assembleia, o comitatus. Os eleitos dirigiam o bando armado nas conquistas e, depois da vitória, dividiam o butim entre eles. Com o tempo, essa liderança passou a ser hereditária. Acreditava-se que o eleito descendia dos deuses ancestrais da tribo e era, portanto, uma figura sagrada. Com a entrada dos germânicos nos territórios romanos, os líderes guerreiros passaram a dominar grandes extensões de terra e tornaram-se reis. As realezas germânicas Quando os povos germânicos saquearam terras e cidades romanas, provocaram a fragmentação do poder imperial. No lugar do poder centralizado romano surgiram realezas, em que o poder era local e exercido por um rei. As realezas germânicas não possuíam instituições como as romanas (senado, tribunos da plebe, magistrados), mas assimilaram elementos da cultura romana na organização dos reinos. As leis baseavam-se nos costumes, e essas antigas tradições eram transmitidas oralmente de geração para geração. Esse sistema, chamado direito consuetudinário, predominou nos novos reinos, muitas vezes convivendo com práticas do direito romano. Os germânicos nem sempre aplicavam a justiça interpretando a lei escrita. Muitas vezes, a divindade era chamada a manifestar-se em relação a um conflito, chamado ordálio ou juízo dos deuses. O teste podia ser um duelo ou uma prova pelo fogo (segurar um ferro em brasa) ou pela água (ser lançado à água preso a uma pedra). Essa prática foi mantida pelos reis germânicos após sua conversão ao cristianismo.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Os vândalos

Par de broches com figura de águia, símbolo do Reino Franco, século V. Museu de Cluny, Paris.

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Tema

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Os germânicos e a Idade Média A Europa dos germânicos A fixação dos germânicos nas terras do antigo Império Romano do Ocidente ocorreu em duas fases. • Primeira fase. Durante o século V e o início do século VI, por meio da guerra e de alianças, guerreiros germânicos estabeleceram-se em terras das antigas aristocracias romanas. Como eles não possuíam uma organização estatal como os romanos nem instituições para administrar os territórios conquistados, seus domínios não eram duradouros e viviam em conflito entre si. Foi o que ocorreu, por exemplo, com os domínios estabelecidos pelos vândalos, suevos, ostrogodos e visigodos (veja mapa). • Segunda fase. A partir do século VI, alguns povos germânicos estabeleceram domínios duradouros em terras da Europa. Foi o que ocorreu com os francos na Gália, com os anglo-saxões nas Ilhas Britânicas (atual Grã-Bretanha) e com os lombardos na Península Itálica. Esses povos migraram lentamente e consolidaram seu poder sobre grandes extensões de terra a partir de um centro político mais fortalecido. A criação de domínios germânicos duradouros contribuiu para assentar as bases da futura Europa feudal.

E

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ntre os séculos V e VI ocorreram disputas pelo poder que deram origem aos domínios germânicos na Europa Ocidental.

domínios germânicos (séculos V E VI) Jutos

York

Escoceses

Anglos

Bretões

OCEANO ATLÂNTICO

Londres Saxões DOMÍNIO DOS FRANCOS Colônia DOMÍNIO DE SIAGRO Soissons Alamanos Burgúndios

S DO

ÍNIO DOM Valência

M CÁ AR SP IO

Genebra Ostrogodos Lion Milão Avignon Mantova Ravena Toulouse DOMÍNIO DOS Barcelona OSTROGODOS Toledo Roma

É IMP

RIO ROM AN O

Cartago Siracusa

D

Antioquia

MAR

MEDITERRÂNEO Alexandria

Movimento das invasões

E IENT

Império Romano do Oriente em 476 Domínios germânicos

Constantinopla

OR

Origem das invasões

DOMÍNIO DOS VÂNDALOS

MAR NEGRO

O

ÁFRICA

Observe no mapa que, enquanto o Império Romano do Oriente manteve uma unidade política, o Império Romano do Ocidente fragmentou-se em diversos reinos germânicos.

s Huno

VI SI GO DO S

DOMÍNIO DOS SUEVOS

Lombardos

Ri o Rio

Tig re

Eu f ra tes

Jerusalém

360 km

Fonte: VIDAL-NAQUET, Pierre (Org.). Il nuovo atlante storico. Bolonha: Nicola Zanichelli, 1992. p. 60. 15

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O Reino Franco e o cristianismo A dinastia merovíngia Os francos, no início do século V, Iluminura do século XIII representando o batismo ocuparam a Gália, região da atual França. do rei Clóvis. Museu Nacional A contínua expansão militar e as alianças da França, Paris. políticas seladas pelos líderes fizeram com que os francos se destacassem entre os povos germânicos. Praticamente todos os territórios do antigo Império Romano do Ocidente foram incorporados aos domínios de seus chefes guerreiros. A expansão franca ganhou impulso com Clóvis (482-511), que se tornou rei e governou tribos francas da Austrásia e da Nêustria. A família de Clóvis descendia de Meroveu, suposto chefe guerreiro que teria fundado a dinastia merovíngia. Clóvis estabeleceu a capital de seus domínios em Lutetia Parisiorum (Lutécia), uma antiga cidade romana que daria origem, mais tarde, a Paris. Nessa cidade, estabeleceram-se com ele muitos aristocratas, que formaram sua corte. Por volta do ano 495, Clóvis converteu-se ao cristianismo, aproximando as relações entre os francos e a Igreja cristã romana. Em seu reinado, também ocorreram conquistas territoriais em direção à atual Alemanha, cujos territórios não tinham sido dominados nem pelos romanos.

D

Glossário

e todos os povos bárbaros, os francos foram os que mais contribuíram para a formação do feudalismo: construíram um grande império e expandiram as fronteiras do cristianismo.

Dinastia Sucessão de reis originários de uma mesma família.

a gÁlia no século i a.c. BRETANHA

a expansÃo Franca nos séculos V e Vi MAR DO NORTE

o en

io

S

GERMÂNIA Rio R

GÁLIA BÉLGICA

R

MAR DO NORTE

en a

Lutécia (Paris)

Paris

OCEANO ATLÂNTICO

Lion

Milão

Toulouse

Os romanos chamavam a região habitada pelo povo celta de Gália, nome derivado de galli (celtas, em latim).

140 km

HISPÂNIA

LIA

Milão SE EN N O GÁLIA CISALPINA RB NA

MAR

Marselha MEDITERRÂNEO

Fonte: II nuovo atlante histórico. Bolonha: Nicola Zanichelli, 1987. p. 59.

Ravena

tr og Roma odo s

Toledo

Lugdunum (Lion) AQUITÂNIA

Marselha

Visigodos

GÁLIA CÉLTICA

s O

OCEANO ATLÂNTICO

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Tema

MAR

MEDITERRÂNEO

Vândalos 300 km

Primeira expansão franca no século V Territórios tomados dos visigodos no século VI Territórios tomados dos burgúndios

Fonte: II nuovo atlante histórico. Bolonha: Nicola Zanichelli, 1987. p. 79.

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Os “mordomos” do palácio Os sucessores de Clóvis deram continuidade às conquistas, embora de forma irregular. Com os merovíngios, as regras de sucessão hereditária permaneceram muito fortes. Assim, com a morte de um rei, era comum dividir a administração do reino entre seus filhos. Para alguns historiadores, essa prática dava continuidade à tradição guerreira de dividir o butim; outros enxergam ali uma influência romana, pois muitas vezes a administração de Roma foi dividida, mesmo preservando a unidade territorial. Uma série de lutas pelo poder permitiu aos aristocratas mais importantes da corte desempenhar as funções reais, ou seja, defender, ampliar e administrar domínios. Esses aristocratas eram os “prefeitos” ou “mordomos” do palácio, uma espécie de primeiro-ministro escolhido pelo rei. A importância desses mordomos ficou clara quando passaram a constituir uma dinastia: os reis não escolhiam mais seus principais servidores, que transferiam diretamente o poder para os próprios herdeiros. Um desses mordomos, Carlos Martel, foi responsável por expulsar os árabes muçulmanos da Gália, na Batalha de Poitiers, em 732. Alianças entre reis e papas Pepino, o Breve, sucedeu Carlos Martel e manteve a mesma política. Lutou contra os lombardos na Península Itálica e entregou ao papa os territórios conquistados. Com isso, aprofundou a aliança entre os francos e a Igreja e deu origem ao Patrimônio de São Pedro ou Esta­ dos Pontifícios. Em troca, o papa reconheceu Pepino como rei dos francos (751-768), o que pôs fim à dinastia merovíngia e legitimou a dinastia carolíngia. O sucessor de Pepino foi seu filho Carlos Magno. Coroado rei, Carlos consolidou e expandiu os territórios francos e fortaleceu a aliança com a Igreja de Roma. Em 773, derrotou o rei lombardo e recebeu a coroa de ferro da Lombardia. Dominou também os bávaros e os saxões. Dessa forma, Carlos tornava-se senhor de praticamente toda a Europa Ocidental. Carlos Magno foi coroado imperador No Natal do ano 800, Carlos Magno foi coroado imperador pelo papa Leão III, em Roma. Com esse gesto, o papa reafirmava a autoridade da Igreja sobre os homens e os reis, ao mesmo tempo em que declarava que o poder vinha de Deus. Para administrar imensos domínios territoriais, Carlos Magno partilhou o poder com seus homens, ou seja, com aqueles guerreiros que o auxiliaram na conquista. Ao recompensar esse grupo armado com poder e terras, o imperador iniciou um processo que levaria a Europa Ocidental ao feudalismo.

Alto-relevo representando Carlos Magno subjugando o inimigo. Museu Nacional do Bargello, Itália.

Pintura representando Carlos Magno com os símbolos de sua linhagem e de seu império: a águia, a cruz e a flor-de-lis, de Albrecht Dürer, 1512. Museu Nacional da Alemanha, Nuremberg. 17

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o império carolíngio (séculos viii-ix)

REINO ANGLO-SAXÃO

o

Aquisgrã Trévis Ri Atgny Reims S Worms a en

NÊUSTRIA

ATLÂNTICO

o Reno

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BRETANHA MARCA DA BRETANHA Rio Loire OCEANO

MAR BÁLTICO

MAR DO NORTE

Verden SAXÔNIA

Magúncia

AUSTRÁSIA

Rio Danú bio ALEMANHA BAVIERA

ESLAVOS

MARCA Milão DA PANÔNIA AQUITÂNIA Aquileia Pávia Rio PóVeneza ÁVAROS BORGONHA ÍSTRIA REINO Ravena DA ITÁLIA ESTADOS MARCA DA IGREJA EbHISPÂNICA DUCADO ro DE ESPOLETO EMIRADO CÓRSEGA Roma Benevento DE CÓRDOBA DUCADO Nápoles DE BENEVENTO SARDENHA Rio

Reino dos francos no início do governo de Carlos Magno Conquistas de Carlos Magno Estados tributários

MA R M ED

SICÍLIA ITE RR ÂN CALIFADO EO ABÁSSIDA

270 km

Área de influência carolíngia Domínio bizantino

Fonte: DUBY, Georges. Atlas historique mondial. Paris: Larousse/Vuef, 2003. p. 36.

Catedral Aix-la-Chapelle, localizada em Aachen, na Alemanha, 2007. Essa catedral, construída por ordem de Carlos Magno, foi declarada patrimônio da humanidade pela Unesco.

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A administração do império de Carlos Magno Nos territórios localizados nas fronteiras do império, estabeleceram-se as marcas, controladas pelos marqueses, e os ducados, governados pelos duques. Nessas regiões, os servidores do rei tinham grande liberdade para manter exércitos formados pelos aristocratas locais e também para administrar a justiça. Os demais territórios, dirigidos pelos condes, eram chamados condados. Para evitar as agitações e traições que marcaram a dinastia merovíngia, Carlos Magno estimulou o costume germânico das relações de fidelidade e honra entre senhor e servidores, criando as re­ lações de vassalagem. Essa medida funcionou pa­ra concentrar o poder nas mãos de Carlos Magno, que mantinha representantes para percorrer seus domínios e supervisionar o cumprimento das capitulares (leis administrativas ditadas pelo imperador). Com os sucessores de Carlos Magno, no entanto, o poder real ficou cada vez mais enfraquecido, pois entre o rei e os súditos surgiram muitos intermediários, os senhores de terras, que tinham muito poder em seus domínios locais.

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A fragmentação do império e o início do feudalismo Luís, o Piedoso, sucedeu Carlos Magno como imperador cristão do Ocidente. Seu governo caracterizou-se pela interrupção das conquistas territoriais, pelo reforço da cristianização e por novas disputas familiares pelo poder. Com a morte de Luís, seus filhos Lotário, Carlos, o Calvo, e Luís, o Germânico, disputaram os territórios e o título imperial. Depois de muitas guerras, assinaram o Tratado de Verdun (843), que estabeleceu a divisão do império: para Lotário coube a região da Lotaríngia e o título imperial; para Carlos, o Calvo, a região da Francia Ocidentalis, que originou a França moderna; e para Luís, o Germânico, foram garantidos os territórios da Francia Orientalis (veja mapa). As disputas por territórios e poder enfraqueceram os reis e fortaleceram os senhores locais. Além disso, durante o século IX, várias regiões da Europa Ocidental foram saqueadas pelos vikings (ler texto da seção Personagem, na página 21), o que também contribuiu para reforçar os poderes locais e esvaziar o poder real.

a diVisÃo do império carolíngio (século ix) MAR DO NORTE

Territórios Carlos, o Calvo Lotário Luís, o Germânico

Verdun FRANCIA ORIENTALIS

FRANCIA OCIDENTALIS

LOTARÍNGIA

280 km

MAR

ESTADOS DA IGREJA MEDITERRÂNEO

Fonte: DUBY, Georges. Atlas historique mondial. Paris: Larousse/Vuef, 2003. p. 36.

Um problema

A coroação de Carlos Magno Texto 1 Assim o evento foi registrado pelos clérigos romanos: “Naquele dia santíssimo da Natividade do Senhor, quando o rei se ergueu depois de orar na missa em frente do túmulo do bem-aventurado Pedro apóstolo, o papa Leão colocou-lhe uma coroa na cabeça e todo o povo dos romanos o aclamou: ‘Vida e vitória para Carlos Augusto, coroado por Deus grande e pacífico imperador dos romanos!’. E depois desse louvor foi adorado pelo apostólico à maneira dos príncipes e, posta de parte a denominação de patrício, foi chamado imperador e augusto.” Annales Laurissenses. Citado em PEDRERO-SÁNCHEZ, M. G. História da Idade Média: textos e testemunhas. São Paulo: Editora Unesp, 2000. p. 70-71.

Ilustração de um manuscrito do século XIV representando a coroação de Carlos Magno, um acontecimento do final do século VIII. Biblioteca Britânica, Londres.

Texto 2 A visão do historiador franco Eginhardo, principal biógrafo do imperador, foi diferente: “[Carlos Magno] foi a Roma a fim de restaurar a ordem nos negócios muito perturbados da Igreja e aí permaneceu durante todo o inverno. Nessa altura, recebeu os títulos de imperador e augusto. Mas a princípio desagradou-lhe tanto este ato que declarou que se acaso tivesse podido conhecer com antecedência a intenção do pontífice, não teria entrado na igreja naquele dia [...], embora fosse um dia muito festivo.” EGINHARDO [séc. IX]. Citado em ESPINOSA, Fernanda. Antologia de textos históricos medievais. Lisboa: Sá Costa, 1981. p. 63.

Questões

1. Sintetize, pelas leituras, a visão dos clérigos e a do biógrafo do imperador sobre a coroação de Carlos Magno.

2. Identifique a data festiva da coroação de Carlos Magno. Por que, na sua opinião, o evento ocorreu nessa data?

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Atividades

Temas 1a3

Organizar o conhecimento

1. Associe cada número a uma frase.

a) b) c) d) e) f)

Colonato. Comitatus. Direito consuetudinário. Ordálio. Guerra. Germânicos. T este usado pelos germânicos para provar a culpa ou a inocência de um acusado. Sistema de trabalho em que o camponês era preso à terra. Sistema jurídico em que a tradição e os costumes têm força de lei. Assembleia de guerreiros germânicos. Conjunto de povos que habitavam o norte e o centro da Europa. Atividade fundamental para os povos germânicos.

2. Que relação havia entre a guerra e o surgimento das realezas germânicas?

3. Construa, no caderno, uma ficha sobre os francos. a) Onde se estabeleceram. b) Rei que unificou os francos. c) Responsável pela administração do palácio. d) Dinastias que governaram o reino e o império. e) Religião com a qual se aliaram.

4. As cenas mostradas nas fotos a seguir são consideradas atos de “barbárie” e “vandalismo”, palavras que derivam de “bárbaro” e “vândalo”. Observe as imagens e em seguida conheça alguns significados que o dicionário atribui a essas palavras.

A estátua do poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade recebe novos óculos, após os antigos terem sido roubados, na praia de Copacabana, Rio de Janeiro. Foto de 2008.

“Bárbaro: que ou quem é cruel, desumano, feroz, [...] incivil, rude, grosseiro. [...] Vândalo: que ou aquele que estraga ou destrói bens públicos, coisas belas, valiosas, históricas etc.” HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 401, 2.827.

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. 1 2. 3. 4. 5. 6.

a) Qual era o significado dos termos “bárbaro” e “vândalo” na sociedade romana? b) Na sua opinião, por que essas palavras adquiriram um significado negativo que permaneceu até hoje? c) Que outros adjetivos você usaria para as situações mostradas nas fotos? d) Discuta em classe, sob a orientação do professor, as soluções para essa situação. Na linha do tempo

5. Elabore uma linha do tempo contendo a sequência

Escola estadual depredada na cidade de São Paulo, em 2008.

cronológica dos principais reis francos. Depois, associe cada rei franco à dinastia à qual pertencia. a) Merovíngia. b) Carolíngia.

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Personagem Ontem e hoje

Os vikings

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Vikings, também conhecidos como normandos, é o nome que se dá aos povos que viviam na região onde hoje se situam Dinamarca, Suécia e Noruega. A origem do nome viking é incerta, mas se acredita que o termo escandinavo vik significaria “aquele que se aventura pelo mar”. Os vikings praticavam a agricultura, a caça, o artesanato, a pesca, o comércio e eram hábeis navegadores. Eles construíram embarcações leves e rápidas, que os ajudaram a explorar uma vasta área do Oceano Atlântico. A partir do século IX, provavelmente pressionados pelo aumento populacional, os vikings expandiram seus domínios e se estabeleceram na Islândia, na Groenlândia e, por volta do ano 1000, desembarcaram na costa da América do Norte. Mas foi no norte da França, na região da Normandia, e na Inglaterra que os vikings estabeleceram um domínio mais duradouro. Os vikings são tradicionalmente associados a ações violentas. Contudo, foram responsáveis por fundar muitas cidades, principalmente onde hoje se localizam Inglaterra, Rússia e França. As técnicas de construção naval desenvolvidas por eles e a descoberta de rotas de comércio marítimo foram outras realizações importantes dos povos normandos. as inVasÕes ViKings na europa para a Groenlândia

OCEANO ÁRTICO Islândia

para a América do Norte

Lapões

Noruegueses

OCEANO ATLÂNTICO

MAR DO NORTE

Suecos

Origem

Conquistas

Povoado

Vikings

Á S I A

Ladoga Rostov

Novgorod

Cabeça estilizada de leão que decorava um navio viking enterrado por volta de 850 a.C. Universidade Museu Nacional de Antiguidades, Oslo, Noruega. A peça foi encontrada em uma tumba na cidade de Oseberg, perto de Oslo, na Noruega, há cerca de 100 anos.

Bolgar

Dinamarqueses

Dublin York

Eslavos Rio

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MAR CÁSPIO

Rio Loire

Paris

CALIFADO DE CÓRDOBA Sevilha Córdoba

IMPÉRIO CAROLÍNGIO

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EGRO R N

Co n s ta n t i n o p l a IMPÉRIO BIZANTINO

MAR

470 km

ABÁSSIDAS ÁFRICA

ME

DITERRÂNEO

Bagdá

Fonte: DUBY, Georges. Atlas historique mondial. Paris: Larousse/Vuef, 2003. p. 37.

1. Construa, no caderno, uma ficha sobre os vikings. a) Região de origem. b) Principais atividades que desempenharam. c) Realizações principais.

2. Como as invasões vikings contribuíram para o início do feudalismo na Europa?

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4

O

feudalismo foi um sistema social europeu originado da síntese da cultura romana com as tradições germânicas.

vocabulário em contexto

Glossário

Aprenda mais sobre as palavras feudo e vassalo no Guia de estudo.

O feudalismo na Europa do benefício ao feudo O feudalismo foi um sistema social que predominou na Europa Ocidental entre os séculos X e XIII, ou seja, na chamada Idade Média (leia o boxe desta página). A palavra feudalismo deriva de feudo, um termo de origem germânica e latina que significa “bem dado em troca”. O uso da palavra está ligado à prática germânica de doar terras e poder a líderes guerreiros, frequentemente em troca de serviços prestados. O feudo foi a base das relações sociais no período. Durante a Idade Média, o principal bem que alguém poderia possuir era a terra. Os senhores dessas terras eram os aristocratas. Para assegurar a posse da terra e seu poder sobre ela, os aristocratas firmavam alianças pessoais que eram reforçadas pelo juramento de fidelidade entre eles. Por meio dessa aliança, um aristocrata transferia a outro o poder sobre o principal bem (ou feudo), que era a terra. Aquele que doava o feudo passava a ser chamado suserano e aquele que o recebia passava a chamar-se vassalo. Ambos eram aristocratas, senhores de terra ou guerreiros.

Nobreza Grupo superior da aristocracia feudal que descendia dos servidores de Carlos Magno, ou seja, a linhagem descendente dos mais antigos duques, condes e marqueses.

Leigo Cristão comum, ou seja, aquele que não faz parte do clero; laico.

A Idade Média A Idade Média, de acordo com a divisão clássica da história, é o período que vai da queda do Império Romano do Ocidente, em 476, até a tomada de Constantinopla pelos turcos, em 1453. A alta idade média (do século V ao X) corresponde ao período de formação e consolidação do feudalismo. A Baixa idade média (do século XI ao XV) abrange tanto o período de apogeu do feudalismo como o da sua desintegração.

A sociedade feudal Um bispo do século XI, chamado Adalberón de Laon, resumiu em um poema a visão clerical da estrutura da sociedade feudal: havia os que oravam (clero), os que lutavam (a nobreza e os demais aristocratas) e os que trabalhavam (camponeses). Segundo o bispo, essa estrutura refletia a ordem celeste, representada pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo. Correspondia também à hierarquia celeste, constituída pelos santos (base), anjos (centro) e pela Trindade (topo). Alterar essa ordem seria o mesmo que ir contra a vontade de Deus. A visão de Adalberón, porém, não representava a sociedade feudal. A análise de outros documentos da época mostra que a sociedade feudal também estava organizada conforme as relações econômicas, ou seja, enquanto alguns grupos cultivavam a terra e fabricavam produtos artesanais, outros eram proprietários de terras e consumiam os artefatos fabricados. Enfim, o papel do indivíduo na sociedade cristã era outro modo de distinguir o lugar que cada um ocupava na sociedade. Na comunidade cristã, havia os leigos e os clérigos e, dentro de cada um desses grupos, outras subdivisões.

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Tema

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Os leigos no meio rural: senhores e camponeses

Os senhores de terra formavam o primeiro grupo de leigos das áreas rurais. Dentro desse grupo havia os nobres, os grandes senhores, os senhores menores e os cavaleiros. De acordo com a crença da época, o papel dos nobres era servir à comunidade pelas armas, protegendo todos os cristãos. Eles também cuidavam da justiça e da vigilância dos servos a eles subordinados. Os camponeses formavam o segundo grupo de cristãos leigos. Ele era constituído por homens e mulheres em diferentes condições sociais determinadas pela relação que tinham com a terra e seus senhores. Entre os camponeses havia os servos, os vilões e os escravos. • Servos ou servos da gleba. Camponês que estava preso à terra para o resto da vida. Em troca de proteção e do direito de usufruir a terra, ele devia cultivar os terrenos recebidos e as terras pessoais do senhor. Além disso fazia várias outras tarefas, como consertar pontes, estradas etc. Sobre os servos pesavam, ainda, várias obrigações e taxas cobradas pelo senhor e pelos clérigos. • Vilões. Eram camponeses livres que viviam nas vilas. Eles se originaram dos trabalhadores livres do Império Romano que conseguiram adquirir pequenos lotes de terra. Com o passar do tempo, muitos desses vilões foram obrigados a ceder suas propriedades para os senhores em troca de proteção. • Escravos. A escravidão era pequena e restrita. Os poucos escravos que havia trabalhavam principalmente nos afazeres domésticos dos castelos senhoriais. Com o trabalho na agricultura e as taxas cobradas, eram principalmente os servos que sustentavam os senhores feudais e os clérigos. A mão de obra servil era a principal força de trabalho no feudalismo.

Nobres, em banquete, comemoram o Ano Novo. Ilustração do mês de janeiro do Livro das ricas horas, do duque de Berry, século XV. Biblioteca Nacional da França, Paris.

O cavaleiro O cavaleiro era um combatente armado que pertencia à aristocracia laica. Até o século X, só os vassalos mais importantes se tornavam cavaleiros. No século seguinte, a cavalaria afirmou-se como uma instituição ligada a toda a aristocracia laica. O ritual de ingresso na cavalaria marcava a passagem para a vida adulta: um adolescente de 18 a 20 anos recebia do senhor um golpe na nuca e as armas, que faziam dele um integrante do grupo de cavaleiros.

Cavaleiro recebe das damas o elmo e o escudo, iluminura de cerca de 1340. Museu Britânico, Londres.

Camponeses trabalhando, miniatura do mês de setembro de um calendário do século XV. Biblioteca Bodleian da Universidade de Oxford, Inglaterra. 23

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Glossário

Muitas pessoas eram excluídas ou viviam à margem da sociedade cristã medieval. Como exemplo, podemos destacar os judeus e os muçulmanos, considerados infiéis pela Igreja Católica. Outros grupos excluídos eram os hereges, pessoas que interpretavam a mensagem de Cristo de maneira diferente daquela defendida pelo alto clero. Existiam, também, aqueles que se excluíam voluntariamente da sociedade, como os eremitas, habitantes solitários das florestas.

Secular Clérigo que está em contato com a comunidade cristã e cuida de assuntos religiosos e administrativos.

Diocese Unidade administrativa e religiosa que, entre os séculos IV e IX, correspondia aos limites de uma cidade.

Os leigos nas cidades: mercadores, artesãos

As cidades medievais chamavam-se burgos. Nelas viviam os bur­ gueses, desempenhando diferentes ocupações. Em sua grande maioria, os burgueses vinham do meio rural: podiam ser servos fugidos ou homens livres que dependiam dos senhores de terra. Com a crescente importância econômica das cidades a partir do século XI, surgiram novas atividades e novos grupos sociais. Mercadores, banqueiros, artesãos, estudantes das escolas instaladas nas catedrais e das universidades, açougueiros e donos de hospedarias eram alguns tipos sociais formados no meio urbano. Os clérigos nos campos e nas cidades

Na comunidade cristã, o papel dos que oravam era muito importante, tanto no campo quanto na cidade. O clero secular dividia-se em dois grupos: o alto e o baixo clero. • Alto clero. Era composto pelos bispos responsáveis pelas dioceses. Seus membros estavam no topo da hierarquia social e compunham-se, em sua maioria, de pessoas nascidas nas famílias nobres. Eles tinham terras e muito poder e geralmente eram os únicos que sabiam ler e escrever. • Baixo clero. Na parte inferior da hierarquia clerical estavam os párocos, líderes de paróquia. Eles viviam frequentemente como os camponeses: cultivavam a terra e atendiam aos pobres e necessitados das vilas e regiões próximas da paróquia. Havia também o clero regular, grupo formado pelos monges, cristãos que se afastavam do mundo para glorificar e servir a Deus. Os monges viviam em mosteiros afastados das cidades.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Os excluídos da sociedade feudal

À esquerda, monge (membro do clero regular) representado por Psautier d’ Egber, bispo de Trèves, século XIV. Biblioteca do Museu Arqueológico Nacional, Itália. À direita, um abade, um bispo (membros do clero secular) e um monge, representados em desenhos feitos em manuscritos religiosos do século XIII. Biblioteca Nacional da França, Paris. 24

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Ampliando conhecimentos

Os mosteiros medievais Os mosteiros ou abadias eram o refúgio dos monges. Eles foram criados pela Ordem dos Beneditinos, clérigos que seguiam a Regra de São Bento, e se espalharam pela Europa a partir do século VI. Nos mosteiros, a vida dos moradores era simples. Tinham horários fixos para orar, trabalhar e estudar. Os mosteiros tinham as maiores bibliotecas da Europa. Lá, os monges copiavam e ilustravam as obras antigas dos gregos, romanos e cristãos, cumprindo, assim, um papel fundamental na preservação dos textos clássicos.

O claustro dos monges era composto de cozinha, cantina, domitório, refeitório, enfermaria, padaria e banheiros.

O mosteiro de Cluny

Outras igrejas menores e capelas cercavam a grande igreja e eram dedicadas ao trabalho e à pregação.

Os monges desenvolveram técnicas para abrir clareiras, drenar pântanos e construir moinhos.

A majestosa estrutura da grande igreja representava a imponência e a riqueza da Igreja Católica.

Os mosteiros, como o de Cluny, muitas vezes recebiam, alojavam e alimentavam viajantes, peregrinos, doentes, errantes, crianças e pobres.

Questões

1. O que eram os mosteiros? Como era a vida nesses locais?

2. O documento Regra de São Bento, que Os monges que pertenciam a famílias aristocráticas tinham o hábito de andar a cavalo e caçar.

regulava a vida dos monges, afirmava que a ociosidade é inimiga da alma. Explique o significado dessa frase com base nas características do mosteiro de Cluny.

Fonte: Luzes no Oriente: 1000-1100. Rio de Janeiro: Abril Livros, 1994. p. 106-107. (Coleção História em Revista)

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Tema

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A

economia feudal, essencialmente agrária, sofreu grandes transformações a partir do século XI.

A economia feudal Uma economia de base agrária A agricultura era a fonte de sustento da maior parte da população. As aldeias e domínios tendiam a ser autossuficientes, ou seja, a produzir quase tudo que era necessário ao consumo dos moradores. A base da alimentação eram os cereais, especialmente o trigo e a aveia, as verduras e as leguminosas. Alguns trabalhadores criavam galinhas, bois, carneiros e outros animais, que proporcionavam leite, ovos, queijo e lã. Embora a agricultura de subsistência tenha sido a base da economia feudal, o comércio e o artesanato não desapareceram. A propriedade agrícola senhorial era chamada de senhorio. A produção do senhorio tendia à autossuficiência, ou seja, as terras forneciam os alimentos e outros artigos necessários à sobrevivência dos moradores: ferramentas, vestuário e utensílios domésticos. Entre os séculos XI e XIII, os senhorios dividiam-se em reserva senhorial, ou manso senhorial, manso servil e terras comunais. Veja na ilustração a seguir como se organizava o senhorio.

O SENHORIO MEDIEVAL

Manso comum Os produtos retirados dessas terras eram de uso tanto dos servos quanto dos senhores. As terras comunais eram constituídas de pastos para criar animais e de florestas e baldios, onde os camponeses colhiam frutos e raízes, extraíam a madeira e o mel. A caça nas florestas era exclusiva dos senhores. No senhorio, em geral, também havia celeiros para armazenar a colheita; um moinho para triturar os grãos; e fornos para assar os pães.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A organização do senhorio

Manso senhorial Os produtos dessas terras pertenciam exclusivamente ao senhor. Nelas trabalhavam servos e outros camponeses. Ali se produzia tudo o que o senhor necessitava para manter sua família e outros dependentes.

Ilustração atual de como poderia ter sido um senhorio medieval.

Manso servil Terras destinadas aos servos. Nelas os servos produziam o que era necessário para a sua sobrevivência, devendo em troca cumprir uma série de obrigações para com o senhor.

Fonte: LOUIS, Alain; POMMIER, Maurice. Les châteaux forts. Paris: Hachette, 2000. p. 18-19.

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A agricultura e o trabalho servil

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Os servos produziam para abastecer toda a sociedade e pagavam tributos pela utilização das terras dos senhores, como a corveia, a talha, a capitação e as banalidades. • Corveia. Os servos deviam cultivar as terras da reserva senhorial de duas a três vezes por semana, sem ganhar nada por isso. Tudo que produziam era apropriado pelo senhor. • Talha. Os servos entregavam ao senhor uma parte do que produziam no manso servil. Em geral, o tributo variava entre 30% e 40%. • Capitação. Imposto por cabeça (per capita, em latim), que recaía sobre cada servo que morava no feudo. • Banalidades. Para utilizar as instalações da reserva senhorial, como o forno e o moinho, os servos entregavam ao senhor uma parte da produção. Os servos tinham ainda outras obrigações ocasionais. Por exemplo, nas viagens que os senhores faziam pelas aldeias, os servos tinham de oferecer alimentação e hospedagem.

A alimentação na época feudal A alimentação indicava a condição social das pessoas. Em geral, os servos consumiam a carne cozida, que complementava as sopas e papas de cereais e legumes. A alimentação dos nobres, embora mais nutritiva que a dos camponeses, era pouco variada. Compunha-se principalmente de carne, peixe, queijo, cebola, nabo, cenoura, feijão, ervilha, maçã e pera. O açúcar só se tornou conhecido a partir do século XII e, mesmo assim, era tão caro que só entrava nas cozinhas dos nobres mais poderosos.

O comércio medieval

O comércio era escasso, mas foi praticado durante toda a Idade Média nas proximidades dos castelos. O uso de dinheiro nessas transações comerciais era reduzido, pois prevalecia a troca direta de produtos, chamada escambo. O comércio também foi muito desigual em toda a Europa. Na região da Escandinávia, onde hoje estão Noruega, Suécia e Finlândia, e na Península Itálica já havia, no século X, centros de comércio de longa distância com mercadores europeus e orientais.

vocabulário em contexto

Aprenda mais sobre a palavra servo no Guia de estudo.

Colheita e transporte, c. 1300-1340, cenas do manuscrito do Livro de salmos, de Luttrell, que mostram camponeses trabalhando na colheita e no transporte de trigo. 27

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A

Igreja Católica cumpriu um papel importante na preservação da cultura clássica, no ensino e no desenvolvimento intelectual durante a Idade Média.

O ensino e a cultura na Europa feudal O Renascimento Carolíngio Durante o seu reinado, Carlos Magno promoveu um movimento que foi chamado de Renascimento Carolíngio. O principal objetivo era preparar intelectualmente o clero cristão, para que pudesse orientar os fiéis com autoridade e sabedoria. Carlos Magno reuniu grandes conhecedores da cultura antiga, como Alcuíno e Eginhardo. Com a orientação desses estudiosos, a Bíblia foi revista e copiada pelos monges, e os textos gregos, romanos e cristãos serviram de base para desenvolver o ensino. O movimento carolíngio preservou a cultura da Antiguidade clássica e fez dos mosteiros e das escolas palatinas centros de difusão do conhecimento antigo. As transformações no ensino Até o século X, a Igreja mantinha escolas junto aos mosteiros ou às catedrais. O ensino era voltado, principalmente, à formação eclesiástica e consistia no estudo de textos religiosos, como a Bíblia, e de textos de pensadores cristãos, em especial os de Santo Agostinho. Nas escolas cristãs, estudava-se o trívio (gramática, retórica e dialética) e o quatrívio (aritmética, geometria, astronomia e música). O alcance delas, porém, era pequeno, pois, em geral, apenas os membros do clero e os filhos dos nobres podiam frequentá-las.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Tema

À esquerda, relevo representando São Gregório escrevendo com os escribas, c. 850-875. Museu de História da Arte, Viena. À direita, Eadwine, o escriba, retirado de um livro de salmos escrito pelo monge Eadwine, em meados do século XII. 28

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Capa de manuscrito medieval, cerca de 1050. Biblioteca Britânica, Londres. Observe a decoração feita na borda da capa.

Glossário

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A literatura medieval: do oral ao escrito A língua escrita utilizada nos primeiros séculos da Idade Média era o latim. Ela era empregada nos escritos religiosos produzidos geralmente nos conventos, contribuindo para manter os domínios da Igreja Católica na Europa Ocidental e Central. Outros idiomas mantiveram-se por séculos como línguas orais e foram empregados pelos distintos grupos da sociedade medieval. Aos poucos, o latim foi se misturando às diferentes línguas germânicas locais, originando as línguas modernas, como francês, alemão, italiano, espanhol, português, inglês e outras. Elas se afirmaram a partir dos séculos XI e XII, com o desenvolvimento de uma literatura escrita e profana. Essa literatura tinha, por base, antigas tradições, sem autoria definida, que eram transmitidas oralmente de geração em geração. Para a diversão dos frequentadores das cortes dos senhores feudais, exibiam-se os jograis, compostos de recitadores, cantores e músicos ambulantes, contratados pelo senhor. Eles executavam acrobacias, cantavam e tocavam instrumentos musicais, principalmente a viola e o alaúde. Esses artistas levavam uma existência nômade, viajando em caravanas compostas por homens e mulheres que viviam de doações feitas pelos nobres.

Palatino Localizado no palácio do imperador.

Profano Não religioso; o que é oposto ao sagrado.

As novelas de cavalaria

No século XII, surgiram os primeiros romances, que ficaram conhecidos como novelas de cavalaria. Escritas em verso e em prosa, as novelas adaptavam antigas narrativas orais que abordavam os feitos heroicos e as guerras históricas travadas por Carlos Magno e os doze pares de França, as lendas do rei Artur e dos cavaleiros da távola redonda ou os amores de Tristão e Isolda. O enredo das novelas de cavalaria apresentava um verdadeiro código de conduta no qual se destacavam o heroísmo, a honra e a lealdade, que eram os ideais da cavalaria medieval. Valorizava-se a ação do cavaleiro, em defesa da honra e da lealdade ao rei e à Igreja. A mulher era o objeto do amor cortês do homem, a dama que deveria ser tratada e amada com respeito e delicadeza. Esses primeiros romances ajudaram a divulgar os valores da sociedade medieval.

Ilustração que representa o rei Artur e seus cavaleiros embarcando para a Terra Santa, da obra de Antoine Verard (1450-1519). Biblioteca Nacional, Turim, Itália. Artur, personagem lendário das novelas medievais, teria comandado a defesa da Grã-Bretanha contra os invasores saxões no início do século VI. Ele e seus cavaleiros tinham a missão de encontrar o Santo Graal, o cálice que Jesus Cristo teria usado na última ceia. 29

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ATIVIDADES

Temas 4a6

Organizar o conhecimento

1. Identifique as camadas da sociedade feudal representadas nesta pirâmide. Em seguida, complete as lacunas e relacione o esquema com a visão do bispo Adalberón de Laon. LEIGOS

CLÉRIGOS

ARISTOCRACIA

ALTO CLERO

1

5 Grandes senhores

Cardeais

2

Bispos Cavaleiros

BAIXO CLERO

TRABALHADORES

dos e a eles ordenado guardar e conservar o país em paz. Devem eles sobressair-se em sua vida particular e em seus costumes dando a todos o exemplo de honestidade.” Século XIII. Citado em Coletânea de documentos históricos para o 1o grau – 5a a 8a séries. São Paulo: SE/Cenp, 1980. p. 73.

a) Expliquem por que os nobres eram pessoas “naturalmente isentas” de tributos. b) Qual o papel dos nobres e a conduta que eles deveriam ter na sociedade feudal? c) Reescrevam o documento trocando a condição de nobre pela condição de servo.

Monges

6 Vilões

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2. Junto a um colega, observe o organograma com atenção e o complete. Em seguida, dê um título ao organograma.

Principalmente servos trabalham (corveia) Destino da produção:

Terras trabalhadas pelos Manso servil

Tributo pelo qual o servo entregava ao senhor parte do que produzia:

Terras de uso comum (pastos, e baldios). A caça era exclusiva do

Aplicar

3. Junto de um colega, leia o documento a seguir para responder às questões.

Os nobres “Os nobres são pessoas naturalmente isentas, às quais, de direito, não cabe qualquer tipo de servidão e de tributos. Os nobres foram escolhi-

4. Leia o texto a seguir. O pedido de casamento “Artur percorria com frequência seu reino pacífico e próspero, reforçando velhas amizades e fazendo novos amigos. Guinevere, filha única de Leodegrance, recebeu-os no salão e logo impressionou Artur com sua beleza, seus cabelos cor de cobre, seus olhos luminosos e vivazes. [...] Já era noite cerrada quando o dono do castelo voltou. Artur se levantou de um salto e cumprimentou-o, inclinando-se com todo o respeito. [...] ‘Permita que eu me case com sua filha! Quero que ela seja minha rainha.’ [....] ‘Muitos pais dariam a vida por tamanha honra. Eu lhe concedo a mão da minha filha com o maior orgulho’. Radiante, Artur perguntou a Guinevere: ‘A senhorita me aceita como seu marido?’. ‘Aceito’, ela respondeu, sorrindo.”

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KERVEN, Rosalind. O rei Artur e os cavaleiros da távola redonda. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2000. p. 20-21.

a) Que os personagens aparecem no texto e qual o papel de cada um deles? b) Que gênero literário essa história representa? Quando surgiu? c) Quais características desse gênero literário você reconhece no texto? d) Você estranhou a forma como o rei Artur pediu a mão de Guinevere em casamento? Por quê? Como você imagina que isso acontece nos dias de hoje?

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5. Leia o texto abaixo sobre o casamento. Em seguida,

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responda às questões.

O casamento na Idade Média No direito romano, as uniões entre homens e mulheres eram assunto privado. Durante a Idade Média, essa ideia de casamento foi sendo abandonada e a Igreja assumiu o controle da aliança matrimonial. No século XII, o casamento público foi institucionalizado e, no século seguinte, tornou-se um dos sacramentos da Igreja. Desde então, os cristãos deveriam escolher entre dois caminhos: dedicar-se ao sacerdócio, o que significava “casar-se” com a Igreja, ou unirem-se pelos laços do matrimônio. As alianças entre famílias cristãs por meio do casamento passaram a ser seladas em cerimônias públicas, no interior das igrejas, aos olhos de Deus e da comunidade cristã. O controle cada vez maior da Igreja sobre o casamento se ampliou com as regras impostas para a realização do matrimônio. Proibiu-se o casamento entre quaisquer consanguíneos e o divórcio. As regras eclesiásticas definiam, assim, o modelo de casamento que a Igreja Católica ainda prega nos dias de hoje: único e indissolúvel.

a) Diferencie o casamento no direito romano do casamento estabelecido na Idade Média. b) Identifique os grupos sociais no feudalismo que “se casavam com a Igreja” e os que se casavam com outros leigos. c) Em sua opinião, qual o interesse da Igreja em assumir o controle do casamento? d) Compare o casamento tal qual foi instituído pela Igreja na Idade Média com o que existe nos nossos dias. O que mudou? O que permaneceu?

6. Escreva V (verdadeiro) ou F (falso) sobre a Europa medieval. a)

O Renascimento Carolíngio estimulou o estudo de antigos textos gregos e romanos.

b)

Durante a Idade Média, o comércio desapareceu em toda a Europa Ocidental.

c)

Os servos estavam presos à terra e sobre eles recaíam vários tributos.

d)

Os monges faziam parte do clero secular e atuavam nas paróquias cuidando da vida religiosa dos fiéis.

Desafio! 1. (Cefet-RS/adaptado) O sistema feudal foi um conjunto de práticas socioeconômicas que permeou a Europa medieval e tinha como principal característica: a) a manutenção do comércio e a necessidade de grandes plantações monocultoras para exploração de diferentes produtos agrícolas. b) a forte religiosidade cristã que atingia todos os níveis da sociedade e a centralização do poder político na figura dos reis. c) a presença de uma grande urbanização, com a criação de grandes cidades medievais, como Veneza e Londres, e a pouca influência religiosa no poder dos reis. d) a existência de uma sociedade rural, com o poder dividido entre os diversos senhores

feudais e a quase ausência do comércio entre comunidades.

2. (Fatec-SP) Uma das características a ser reconhecida no feudalismo europeu é: a) A sociedade feudal era semelhante ao sistema de castas. b) Os ideais de honra e fidelidade vieram das instituições dos hunos. c) Servos estavam presos a várias obrigações, entre elas o pagamento anual de capitação, talha e banalidades. d) A economia do feudo era dinâmica, estando voltada para o comércio dos feudos vizinhos. e) As relações de produção eram escravocratas.

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Em foco

Os castelos medievais

• Fortalezas e residências Muitos castelos medievais hoje estão em ruínas; outros foram transformados em elegantes hotéis, que recebem turistas de todo o mundo; e vários deles viraram museus. A insegurança que existia na Europa durante os primeiros séculos da Idade Média, resultado das contínuas invasões e das guerras internas, explica em parte por que a paisagem do continente se cobriu de castelos. Os primeiros castelos, de madeira, eram construídos com a finalidade de abrigar o senhor e sua família e de controlar e proteger um território, uma aldeia e seus habitantes. Eram um símbolo do poder do senhor e de sua justiça. As construções de madeira eram muito frágeis para suportar ataques e cercos. Por isso, a partir do século XI, os senhores mais enriquecidos passaram a construir seus castelos com pedra. A construção se iniciava pelas muralhas e terminava com os aposentos do senhor e de sua família. Em torno do castelo, abria-se um fosso cheio de água que dificultava a aproximação dos inimigos. A construção de um castelo levava aproximadamente dez anos e ocupava muitos trabalhadores.

Castelo de Arundel, localizado na Inglaterra (Reino Unido), construído entre os séculos XI e XII.

Fonte 1

A alimentação da aristocracia “Depois da carne, do pão e do vinho, essenciais na alimentação da nobreza, vêm os ovos e o queijo, combinados com a carne nos dias normais ou alternados com o peixe nos dias de penitência. [...] Os alimentos são servidos [...] na sala de jantar, onde se encontra a mesa. Nos dias comuns os pratos são de estanho, cobre, cerâmica ou madeiras nobres; a baixela de metais preciosos é reservada aos banquetes. [...] O poderoso come até se saciar; quem come muito domina os outros.” FLANDRIN, Jean-Louis; MONTANARI, Massimo (Dir.). História da alimentação. 2. ed. São Paulo: Estação Liberdade, 1998. p. 395-397.

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• O ataque ao castelo A guerra na Idade Média visava principalmente capturar o inimigo e cobrar o resgate. Por isso, o cerco a um castelo podia durar muito. Inicialmente, o inimigo cercava o castelo e instalava armas — como a catapulta — em volta das muralhas. O ataque iniciava-se com o lançamento de rochas e objetos em chamas em direção aos muros e ao interior da fortaleza. Depois, cobria-se o fosso com entulho para substituir as pontes levadiças e se cavava um buraco sob a muralha. Ao entrar no castelo, os atacantes baixavam a ponte que permitia a entrada dos demais. Do lado de dentro do castelo, os moradores tomavam providências defensivas: levantava-se a ponte, armavam-se os guardas nas várias torres sobre as muralhas e, enquanto os guerreiros defendiam a fortaleza, outros moradores usavam as passagens subterrâneas secretas pa­ra pedir socorro aos aliados e obter alimentos pa­ra suportar o cerco. Utilizavam, ainda, alertas de fumaça, pombos-correio e som de trombetas e sinos para enviar pedidos de socorro.

Fonte 2

Uma residência fortificada “O castelo [...] era a residência fortificada e a fortaleza residencial de um senhor [...]. Todos os edifícios refletem a sociedade que os produz, e os castelos são o produto característico de uma sociedade feudal, dominada por uma aristocracia militar para a qual eles são a moldura apropriada. Embora existissem também palácios e casas não fortificadas, assim como residências dotadas de fortificações comparativamente ligeiras [...], os castelos estavam entre as mais prestigiosas das casas senhoriais no período feudal e converteram-se também em símbolos da nobreza feudal. O castelo era a residência fortificada não só do rei ou príncipe, mas de qualquer senhor; e enquanto representa, portanto, aquela fragmentação ou delegação de poder civil e militar que é essencialmente feudal, também é propriedade estritamente privada, em oposição à pública, sede e centro do senhorio de um homem, de sua família, seus servidores e dependentes: um conceito muito diferente da vila ou cidade fortificada, a chamada praça forte. [...]” LOYN, Henry R. Dicionário da Idade Média. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997. p. 78-80.

Castelo de Penrhyn, situado na cidade de Bangor, no Reino Unido. O castelo foi construído em 1438 e passou por duas reformas ao longo da sua história.

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Em foco Fonte 3

As dependências de um castelo medieval Os castelos evoluíram até se tornarem verdadeiras fortalezas militares. Os primeiros eram simples e feitos de madeira. A partir do século XIV, os castelos passaram a ser construídos com pedra, como mostra esta ilustração. A eficiência dos castelos se manteve até o início do uso da pólvora. A partir daí, os muros, por mais resistentes que fossem, eram derrubados pelos tiros de canhões.

3 4 1

6 2

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Fonte: STEELE, Philip. Castles. Boston: Kingfisher, 1995. p. 26-31.

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1. Barbacã: muro avançado construído para proteger os pontos estratégicos do castelo. 2. Capela particular 3. Torre principal: local onde ficavam os aposentos da família do senhor. 4. Depósito de grãos 5. Banheiro: buracos por onde os dejetos eram lançados para fora das muralhas. 6. Poço de água 7. Despensa

8. Prisão: local onde ficavam os prisioneiros à espera de julgamento. 9. Grande salão: o senhor exercia a justiça e a família dava banquetes e assistia a espetáculos de músicos e malabaristas. 10. Cozinha 11. Portão: única entrada do castelo, com ponte levadiça, que podia ser erguida em segundos, ao menor sinal de ataque inimigo.

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AtividAdEs Organize o conhecimento

1. Responda. a) Por que a construção de castelos foi tão comum na Europa medieval? b) Por que os castelos representavam o poder do senhor feudal? c) Explique quando e por que os castelos passaram a ser construídos com pedras. d) Que elementos do castelo medieval demonstram que ele também servia como fortaleza? Analise as fontes

2. Responda às questões sobre o texto da fonte 1.

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a) Liste os principais pratos da alimentação da nobreza medieval. b) Compare os materiais com que eram feitos os pratos utilizados na sala de jantar dos castelos com os utilizados na sua casa, estabelecendo diferenças e semelhanças. c) Nas refeições, o senhor feudal comia até se saciar. Atualmente, comer muito continua sendo um costume valorizado pela sociedade? As camadas mais ricas se destacam por comer demais? Converse com os colegas sobre o assunto.

3. Leia o texto da fonte 2 e responda. a) Do ponto de vista militar, qual era a importância de se atacar o castelo medieval? b) Segundo o texto, os edifícios traduzem a sociedade que os produz. Que características da sociedade estão refletidas nos edifícios da cidade onde você vive?

4. Responda às questões sobre a fonte 3.

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a) Imagine que você fosse um morador desse castelo e tivesse que se proteger de um ataque inimigo. Em qual dependência você estaria mais seguro? b) Por que era comum que a justiça fosse aplicada no próprio castelo, com o julgamento e a prisão dos acusados? c) Relacione a presença de uma capela no castelo com o que você estudou sobre o papel da Igreja na Idade Média.

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Compreender um texto O castelo: um abrigo aconchegante Na segunda metade do século XII, o escritor francês Chrétien de Troyes escreveu o romance cortês Yvain. O texto conta a história de Yvain, que pretendia vingar a derrota de seu irmão para um cavaleiro do além. A obra causou grande impacto no mundo literário e influenciou outros escritores. No trecho que reproduzimos a seguir, do início do romance, um dos cavaleiros da corte do rei Artur conta uma de suas aventuras.

Abóbada no subterrâneo do Castelo do Ovo, em Nápoles, Itália, construído no século XII.

O cavaleiro e a donzela

Aconteceu, há perto de sete anos, que eu, sozinho como um “ camponês, fui à busca de aventuras, armado com todas as minhas armas, assim como um cavaleiro deve estar; e encontrei um caminho à destra em meio a uma espessa floresta. O caminho era muito ruim, cheio de mato e de espinhos [...]. Durante quase todo o dia, fiquei cavalgando assim, até que saí da floresta, e isto se deu em Broceliande. Da floresta entrei numa charneca e vi uma torre [...]. Cavalguei depressa nessa direção e vi em todo o seu redor uma paliçada e um fosso profundo e largo; e sobre a ponte estava de pé aquele a quem pertencia o castelo; sobre o seu punho, um falcão de caça mudado. Nem bem o havia saudado, quando ele veio pegar o meu estribo, e me convidou a desmontar. Desmontei; não podia fazer outra coisa, pois estava precisando albergue [...]. Enquanto isso, entramos no pátio, e passamos pela ponte e pelo portão. No meio do pátio do cavaleiro [...], pendia uma placa; creio que nada dela era de ferro ou de madeira, mas que era toda de cobre. Sobre esta placa o cavaleiro bateu três vezes com um martelo, que pendia de um poste. Os que estavam em cima, na casa, ao ouvir sua voz e o som, saíram da casa e desceram para o pátio. Uns pegaram meu cavalo, que o bom cavaleiro estava segurando, e eu vi que vinha em minha direção uma donzela bela e amável. Detive-me a observá-la: era alta e esbelta e direita. Ela foi ágil em desarmar-me, fazendo-o com gentileza e destreza. Depois cobriu-me com um manto curto, coberto de pano escarlate, e todos os outros deixaram o lugar; só eu e ela ficamos, e ninguém mais, e isto causou-me prazer, pois mais ninguém eu queria ver. [...]

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Mas a chegada da noite foi contrária aos meus desejos; o cavaleiro veio me buscar, quando foi tempo e hora de jantar. Não pude mais me demorar, e segui o seu convite. Acerca do jantar, dir-vos-ei brevemente que ele foi totalmente a meu contento, pois diante de mim sentou-se a donzela, que tomou o seu lugar à mesa. Após o jantar, disse-me o cavaleiro que já não podia lembrar desde quando albergara cavaleiros errantes que tivessem à busca de aventuras [...]. Depois pediu-me, como recompensa, que tornasse a visitá-lo, à minha volta, se pudesse. E eu lhe disse: ‘De bom grado, senhor’. [...] Durante a noite estive muito bem hospedado, e meu cavalo estava selado, logo que se pôde ver o dia; pois isto eu tinha pedido com urgência; e meu pedido havia sido cumprido. [...] pedi permissão para partir e saí, tão logo pude.

Chrétien de Troyes [segunda metade do século XII]. Yvain. Citado em AUERBACH, Erich. Mimesis: a representação da realidade na literatura ocidental. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 2007. p. 110-111.

Atividades Localize a informação

1. Quais personagens e outras referências da Europa medieval aparecem no texto?

2. Sublinhe trechos do texto que mostram as partes típicas de um castelo medieval. O que elas indicam sobre uma das funções mais importantes do castelo medieval?

3. Sublinhe a passagem do texto que diferencia o cavaleiro de um camponês. Por que um camponês não podia ter o que tinha um cavaleiro? Analise e interprete

4. O texto mostra outra função do castelo, além de fortaleza e residência da família senhorial. Que função era essa?

5. Como a donzela da história foi descrita? Por que ela foi descrita dessa forma?

6. Assinale a(s) afirmativa(s) correta(s) sobre o texto. a) O castelo situava-se muito próximo das grandes cidades e seu acesso era muito fácil. b) A placa de cobre significava que o senhor do castelo era muito rico, pois ele não utilizou nem madeira nem ferro, elementos mais baratos e fáceis de se obter. c) O narrador da história não havia sido o único viajante a pedir abrigo no castelo. d) O personagem narrador queria deixar o castelo assim que o dia raiasse, pois ele não estava sendo tratado como gostaria, apesar de ter sido bem recebido pelo senhor do castelo.

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ARARIBÁ HISTÓRIA

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Organizadora: Editora Moderna Obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna. Editora Executiva: Maria Raquel Apolinário

3a edição

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© Editora Moderna 2010

Elaboração dos originais: Maria Auxiliadora Dias Guzzo Mestre em História pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Professora do curso de especialização em História da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Maria Raquel Apolinário Bacharel e licenciada em História pela Universidade de São Paulo (USP). Professora da rede municipal e estadual de ensino por 12 anos. Editora. Nubia Andrade e Silva Bacharel e licenciada em História pela Universidade de São Paulo (USP). Especialista em História, Sociedade e Cultura pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Editora. Eduardo Augusto Guimarães Bacharel e licenciado em História pela Universidade de São Paulo (USP). Mestre em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Professor da rede particular de ensino por 6 anos. Editor. Rosane Cristina Thahira Bacharel e licenciada em História pela Universidade de São Paulo (USP). Editora. João Carlos Agostini Bacharel e licenciado em História pela Universidade de São Paulo (USP). Professor da rede particular de ensino. João Luiz Maximo da Silva Mestre em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Pesquisador e catalogador iconográfico. Alexandre Albuquerque da Silva Bacharel em Biociências pela Universidade de São Paulo (USP). Mestre em Biociências pela Universidade de São Paulo (USP). Paulo Ferraz de Camargo Oliveira Bacharel em História pela Universidade de São Paulo (USP). Mestrando em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Tathiane Gerbovic Bacharel e licenciada em História pela Universidade de São Paulo (USP). Doutoranda em História Econômica pela Universidade de São Paulo (USP).

Coordenação editorial: Maria Raquel Apolinário Edição de texto: Nubia Andrade e Silva, Pamela Shizue Goya, Eduardo Augusto Guimarães, Cíntia Medina Consultoria histórica: Júlio Pimentel Assistência editorial: Gabriele C. B. Santos, Tathiane Gerbovic Preparação de texto: Sérgio Roberto Torres Coordenação de design e projetos visuais: Sandra Botelho de Carvalho Homma Projeto gráfico: Everson de Paula Capa: Aurélio Camilo Foto de capa: Fachada do Museu Paulista da Universidade de São Paulo, obra do arquiteto e engenheiro italiano Tommaso Gaudenzio Bezzi, 1999 © José Alexandre Silva/Keystone Coordenação de produção gráfica: André Monteiro, Maria de Lourdes Rodrigues Coordenação de arte: Wilson Gazzoni Agostinho Edição de arte: Renata Susana Rechberger Editoração eletrônica: Grapho Editoração Edição de infografias: William Hiroshi Taciro, Tathiane Gerbovic, Daniela Máximo, Ana Claudia Fernandes Ilustrações: Carlos Caminha, Cassio Bittencourt, Eduardo Dupon Medeiros, Fernando Monteiro, Gilmar, Max Dalton, Mario Kanno, Orly, Paulo Manzi, Rodval Matias Cartografia: Alessandro Passos da Costa, Anderson de Andrade Pimentel, Fernando José Ferreira Coordenação de revisão: Elaine Cristina del Nero Revisão: Márcia Leme Coordenação de pesquisa iconográfica: Ana Lucia Soares Pesquisa iconográfica: Carolina Leite de Souza, Elaine Bueno, Etoile Shaw, Felipe Campos, Leonardo de Sousa Klein, Odete Ernestina Pereira As imagens identificadas com a sigla CID foram fornecidas pelo Centro de Informação e Documentação da Editora Moderna. Coordenação de bureau: Américo Jesus Tratamento de imagens: Arleth Rodrigues, Bureau São Paulo, Fabio N. Precendo, Pix Art, Rubens M. Rodrigues Pré-impressão: Alexandre Petreca, Everton L. de Oliveira Silva, Helio P. de Souza Filho, Marcio Hideyuki Kamoto Coordenação de produção industrial: Wilson Aparecido Troque Impressão e acabamento:

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Projeto Araribá: história: ensino fundamental / obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna; editora executiva Maria Raquel Apolinário. — 3. ed. — São Paulo: Moderna, 2010.

Obra em 4 v. para alunos do 6o ao 9o ano. “Componente curricular : História” Bibliografia.

1. História (Ensino fundamental) I. Apolinário, Maria Raquel.

10-07541

CDD-372.89

Índices para catálogo sistemático: 1. História: Ensino fundamental 372.89 ISBN 978-85-16-06848-6 (LA) ISBN 978-85-16-06849-3 (LP) Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados EDITORA MODERNA LTDA. Rua Padre Adelino, 758 - Belenzinho São Paulo - SP - Brasil - CEP 03303-904 Vendas e Atendimento: Tel. (0_ _11) 2602-5510 Fax (0_ _11) 2790-1501 www.moderna.com.br 2010 Impresso no Brasil 1 3 5 7 9 10 8 6 4 2

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Apresentação

O

s livros do Projeto Araribá foram feitos para você gostar de estudar História e descobrir que os conteúdos dessa disciplina estão muito próximos da realidade que você vive, da escola em que estuda, do país que habita. Ao fazer as atividades propostas, você ampliará sua capacidade de ler diferentes tipos de texto, analisar imagens, debater ideias e expressar suas opiniões. Acima de tudo, você irá expandir seus conhecimentos e perceber como é importante construir uma atitude solidária na relação com as pessoas e responsável na relação com a natureza. Os temas que você irá estudar na seção Em Foco surgiram de assuntos relacionados aos alimentos, às crenças, ao trabalho, ao patrimônio cultural do Brasil e de outros países, à preocupação com o corpo e a saúde, entre muitos outros. Estude-os com atenção e realize as atividades de análise das fontes. Como um detetive e um historiador, você irá aguçar o seu olhar e descobrir que as coisas boas que conquistamos, inclusive o aprendizado, são sempre fruto do nosso esforço pessoal. Um ótimo estudo!

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Organização da Unidade Um livro organizado O seu livro tem oito unidades, divididas em duas partes: as páginas de estudo dos temas e as páginas da seção Em foco.

As páginas de abertura da Unidade trazem imagens e questões que procuram investigar o que você já sabe sobre o assunto.

Estudos dos temas Os temas selecionados para o estudo da Unidade sempre começam com uma ideia central do conteúdo que você vai estudar. Exemplo de tema: A conquista do sertão. As palavras ou expressões destacadas nessa vinheta remetem à seção Vocabulário em contexto do Guia de estudo.

A seção Ampliando conhecimentos destaca um tema relacionado ao conteúdo que está sendo estudado e pode ser uma cidade, um monumento ou um fato histórico. A proposta é desenvolvida por meio de infográficos, um tipo de informação fortemente visual que mistura texto e ilustração.

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Na seção Um problema você vai conhecer algumas polêmicas na história e responder às questões propostas para cada caso.

As questões desta seção exercitam a habilidade de compreender conteúdos textuais e visuais.

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Atividades organizadas As questões propostas no bloco de Atividades são basicamente de dois tipos: as que visam à construção de um relato e as de ampliação do conhecimento.

Desafio Uma novidade desta edição, a seção Desafio traz questões de vestibulinhos, vestibulares e do Enem. Atividades de ampliação

Atividades de construção de um relato

• Personagem

• Organizar o conhecimento

• Arte e história

• Aplicar

• Edifícios daquele tempo • Ontem e hoje

• Produzir um texto

• Conceitos históricos

• Na linha do tempo

• Ciência e tecnologia

As monografias e a análise de fontes históricas Cada Unidade inclui a seção Em foco, uma espécie de monografia em que você vai estudar com mais detalhes um tema relevante para o estudo da Unidade, relacionando melhor o passado e o presente.

As atividades da seção Em foco visam desenvolver a sua capacidade de analisar as fontes históricas. O objetivo é que você exercite, aos poucos, o método da investigação, essencial no ofício do historiador.

Compreender um texto A seção Compreender um texto traz diferentes tipos de textos (lendas, artigos jornalísticos e de historiadores, documentos oficiais, poemas), que o estimulam a gostar de ler e a compreender as leituras que faz.

As atividades desta seção exercitam a habilidade de extrair informações de um texto, estabelecer relações com o conhecimento aprendido, debater ideias e elaborar conclusões.

Trabalho em equipe A cada duas unidades, há propostas orientadas de Trabalho em equipe. Você e seus colegas irão criar um folheto turístico, produzir uma biografia, entre outras atividades.

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Os passos definidos para realizar o trabalho em equipe auxiliam a planejar a tarefa e a executá-la de forma organizada e funcional.

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Sumário

Unidade 1

A EXPANSÃO DA AMÉRICA PORTUGUESA TEMA 1 – As missões jesuíticas....................................................................................................12 A fundação da Companhia de Jesus - 12, Os jesuítas em Portugal e no império colonial português - 12, A Companhia de Jesus na América portuguesa - 13, As missões jesuíticas - 13 Ampliando conhecimentos – A vida nas missões ..............................................................................14

TEMA 2 – A conquista do sertão ..................................................................................................16 Expedições de apresamento - 16, As bandeiras - 17, A captura de índios no sertão - 18, Entradas e monções - 19, Assimilação de conhecimentos indígenas - 19 Atividades – Temas 1 e 2 ................................................................................................................................20 • Personagem – O mito dos bandeirantes - 21

TEMA 3 – A crise da economia portuguesa ........................................................................22 A queda do comércio ultramarino - 22, Acordos e disputas - 22, Busca de saídas para a crise - 23

TEMA 4 – Rebeliões na colônia .....................................................................................................24 As ações da metrópole - 24, As reações na colônia - 24 Atividades – Temas 3 e 4 ................................................................................................................................26 Em foco – A pecuária bovina no Brasil .......................................................................................................28 Compreender um texto – A morte do touro mão de pau ...............................................................32

Unidade 2

A ÉPOCA DO OURO NO BRASIL TEMA 1 – A descoberta do ouro ....................................................................................................36 As expedições portuguesas - 36, As primeiras descobertas, 36, A Guerra dos Emboabas, 37

TEMA 2 – A exploração de ouro e diamante ......................................................................38 Os escravos na mineração - 38, Datas e faiscações - 38, O quinto e as casas de fundição - 39, A criação de novos impostos - 39, A revolta contra os impostos - 40, A descoberta dos diamantes - 41, O controle sobre os diamantes - 41 Atividades – Temas 1 e 2 ................................................................................................................................42 • Ciência e tecnologia – As técnicas de mineração do ouro - 43

TEMA 3 – O mercado interno e a vida urbana ..................................................................44 O crescimento da vida urbana - 44, A sociedade mineira - 45, Os caminhos para as minas - 46

TEMA 4 – A vida cotidiana nas cidades mineiras..........................................................47 A vida doméstica - 47, As irmandades religiosas - 49 Atividades – Temas 3 e 4 ................................................................................................................................50 Em foco – O Barroco mineiro.........................................................................................................................52 Compreender um texto – Um mestre da nossa arte colonial..........................................................56 Trabalho em equipe 1 – Criar um folheto turístico..............................................................................58

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Unidade 3

DAS REVOLUÇÕES INGLESAS À REVOLUÇÃO INDUSTRIAL TEMA 1 – As Revoluções Inglesas do século XVII.........................................................62 A era da dinastia Tudor - 62, O governo da rainha Elisabeth I - 63, A prosperidade da era Tudor - 63, Os conflitos da era Stuart - 64, A Revolução Puritana - 65, A Revolução Gloriosa, 65

TEMA 2 – Inglaterra: pioneira no processo de industrialização .....................66 A formação de uma rede de comércio - 66, O domínio inglês no comércio mundial - 66, A modernização da agricultura - 67, Abundância de carvão e ferro - 67

TEMA 3 – A Revolução Industrial ................................................................................................68 O que é indústria? - 68, O sistema doméstico e a manufatura - 68, A indústria mecanizada - 69, O artesanato de ontem e o de hoje - 69, A instalação de fábricas e o crescimento das cidades - 70, A busca do lucro e o uso de novas fontes de energia - 70 Ampliando conhecimentos – O Rio Tâmisa ...........................................................................................72 Atividades – Temas 1 a 3 ................................................................................................................................74 • Ciência e tecnologia – Fontes energéticas - 75

TEMA 4 – As cidades industriais e a vida operária......................................................76 Do campo para as cidades - 76, O tempo da natureza e o tempo do relógio - 76, Ruas e moradias - 77

TEMA 5 – As lutas operárias e os sindicatos .....................................................................79 A organização da classe operária - 79, O movimento cartista - 81, Atividades – Temas 4 e 5 ................................................................................................................................82 Em foco – A exploração do trabalho infantil ...........................................................................................84 Compreender um texto – Diário de um adolescente que trabalha ..............................................88

Unidade 4

REVOLUÇÕES NA AMÉRICA E NA EUROPA TEMA 1 – A era da Ilustração ...........................................................................................................92 A Europa do Antigo Regime - 92, A reação iluminista - 92, Não tenha medo de usar o intelecto! - 93, O liberalismo econômico - 94, O despotismo esclarecido - 94, Luzes na educação - 95

TEMA 2 – A independência dos Estados Unidos ...........................................................96 O mercantilismo inglês - 96, Mudanças na política inglesa - 97, A Declaração de Independência - 98, O significado da Independência - 99 Atividades – Temas 1 e 2 ............................................................................................................................. 100 • Ontem e hoje – O iluminismo e a educação no Brasil - 101

TEMA 3 – A França antes da revolução ............................................................................... 102 As vésperas da revolução - 102, O velho e o novo em conflito - 102, A crise econômica - 103, A convocação dos Estados Gerais - 103

TEMA 4 – O início da revolução .................................................................................................. 105 A Assembleia Constituinte - 105, A queda da Bastilha - 105, A monarquia constitucional - 106, Nasce a república francesa - 106

TEMA 5 – Do Terror à reação termidoriana ..................................................................... 108 A Convenção Nacional - 108, Os jacobinos no poder - 108, O Terror - 109, A reação termidoriana - 110, Do Diretório ao 18 Brumário - 110, Palavras da revolução - 111, Símbolos da revolução - 111 Atividades – Temas 3 a 5 ............................................................................................................................. 112 Em foco – O cotidiano na França revolucinária ................................................................................... 114 Compreender um texto – Crianças pobres de Paris......................................................................... 118 Trabalho em equipe 2 – Elaborar um jornal da revolução............................................................. 120

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Sumário

Unidade 5

A ERA DE NAPOLEÃO E A INDEPENDÊNCIA DA AMÉRICA ESPANHOLA TEMA 1 – Napoleão Bonaparte no poder .......................................................................... 124 A crise do Diretório - 124, Napoleão chega ao poder - 124, França: autoritarismo e recuperação econômica - 125, A legislação napoleônica - 125,

TEMA 2 – O Império Napoleônico............................................................................................. 126 As conquistas de Napoleão na Europa - 126, Rússia, o começo do fim - 126, O Governo dos Cem Dias - 127, O Congresso de Viena - 128 Atividades – Temas 1 e 2 ............................................................................................................................. 130 • Personagem – Ludwig van Beethoven: música e revolução - 131

TEMA 3 – Os americanos lutam por liberdade ............................................................. 132 A submissão dos povos americanos - 132, A organização política e econômica nas colônias - 132, A revolução chega à América - 133, As guerras pela independência - 133, San Martín e Simón Bolívar: líderes da independência - 133, Uma América unida? - 134

TEMA 4 – México livre ........................................................................................................................ 135 A independência do México - 135, A independência da América Central - 136, O fim do Império Espanhol na América - 137 Atividades – Temas 3 e 4 ............................................................................................................................. 138 Em foco – Os indígenas na América independente ........................................................................... 140 Compreender um texto – O Dia dos Mortos ...................................................................................... 144

Unidade 6

A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL E O PRIMEIRO REINADO TEMA 1 – O Brasil sob as regras do pacto colonial .................................................... 148 Os principais fatores da independência - 148, As regras do pacto colonial - 148, O aumento da fiscalização metropolitana - 149, A era pombalina - 149, As medidas tomadas por Pombal - 150, A metrópole amplia o controle - 150

TEMA 2 – A crise do antigo sistema colonial ................................................................. 151 O cenário da revolta em Minas - 151, A Conjuração Mineira - 151, A devassa sobre os conjurados - 153, A Bahia às vésperas da revolta - 154, A Conjuração Baiana - 154

TEMA 3 – O Brasil se torna sede do Reino de Portugal ......................................... 155 A vinda da família real para o Brasil - 155, A abertura dos portos de 1808 - 156, De colônia a Reino Unido - 156, Inovações na cidade da corte - 157, A interiorização da metrópole - 157 Atividades – Temas 1 a 3 ............................................................................................................................. 158 • Personagem – D. João VI: rei de Portugal e do Brasil - 159

TEMA 4 – A independência do Brasil .................................................................................... 160 Uma rebelião no Nordeste - 160, Um reino sem rei - 160, A volta de D. João VI a Portugal - 161, D. Pedro e as elites - 161, A proclamação da independência - 162

TEMA 5 – O Primeiro Reinado (1822-1831) .................................................................... 163 A consolidação da independência - 163, A Assembleia Constituinte de 1823 - 164, A Constituição de 1824 - 165, A Confederação do Equador - 165

TEMA 6 – O fim do Primeiro Reinado .................................................................................... 166 A crise na Província Cisplatina - 166, A crise política - 166, A abdicação de D. Pedro I - 167 Atividades – Temas 4 a 6 ............................................................................................................................. 168 Em foco – Rio de Janeiro, a cidade da corte.......................................................................................... 170 Compreender um texto – Um olhar sobre a cidade maravilhosa ............................................... 174 Trabalho em equipe 3 – Produzir uma biografia ............................................................................... 176

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Unidade 7

REVOLUÇÕES NA EUROPA E A EXPANSÃO DOS ESTADOS UNIDOS TEMA 1 – A Europa das revoluções ......................................................................................... 180 Ventos liberais e a herança nacionalista - 180, As ondas revolucionárias de 1820 e 1830 - 181, As revoluções de 1848 - 182, Uma mistura explosiva - 183

TEMA 2 – A unificação da Itália e da Alemanha .......................................................... 184 A Itália para os italianos - 184, A Prússia cria a Alemanha - 185 TEMA 3 – Estados Unidos: a conquista do oeste................................................................................. 186 A marcha para o oeste - 186, A formação de um país - 187 Ampliando conhecimentos – A retração dos territórios indígenas nos Estados Unidos...... 188

TEMA 4 – A Guerra Civil Americana ....................................................................................... 190 A escravidão - 191, A Guerra Civil Americana - 191 Atividades – Temas 1 a 4 ............................................................................................................................. 192 • Conceitos históricos – A Comuna de Paris - 193

TEMA 5 – Propostas de transformação social .............................................................. 194 A necessidade de mudanças - 194, Os primeiros socialistas - 194, Socialismo e utopia - 195, O marxismo - 196, O anarquismo - 196

TEMA 6 – Novas formas de ver o mundo ........................................................................... 197 A razão contra a fé - 197, A revolução técnica e científica - 197, A sensibilidade romântica - 198, Técnica ou poética? 198 Ampliando conhecimentos – Românticos e realistas ..................................................................... 199 Atividades – Temas 5 a 6 ............................................................................................................................. 200 Em foco – Charles Darwin e a teoria da evolução............................................................................... 202 Compreender um texto – Temos todos um ancestral comum .................................................... 206

Unidade 8

BRASIL: DA REGÊNCIA AO SEGUNDO REINADO TEMA 1 – O período regencial (1831-1840) ................................................................... 210 A Regência Trina Provisória - 210, A Regência Trina Permanente - 210, Os grupos políticos durante a Regência - 211, As reformas regenciais - 211, Os velhos e os novos grupos políticos - 212, A Regência Una - 212, As rebeliões regenciais - 212, A Revolta dos Malês - 213, A Balaiada - 214, O golpe da maioridade - 214 TEMA 2 – Segundo Reinado: o governo de D. Pedro II .......................................... 215 Detendo o “carro da revolução” - 215, Liberais e conservadores no poder - 215, A Guerra do Paraguai (1864-1870) - 216, Resultados do conflito - 217 Atividades – Temas 1 e 2 ............................................................................................................................. 218 • Conceitos históricos – A Guerra dos Farrapos - 219

TEMA 3 – A expansão cafeeira no Brasil ........................................................................... 220 O café chegou ao Brasil - 220, Do Vale do Paraíba ao Oeste Paulista - 220, Mudanças favorecidas pelo café - 221 Ampliando conhecimentos – A expansão cafeeira no Oeste Paulista ...................................... 220

TEMA 4 – O movimento abolicionista .................................................................................. 224 A permanência da mão de obra escrava - 224, As pressões inglesas pelo fim do tráfico - 224, A Lei Eusébio de Queiroz - 225, O fim do tráfico e seus efeitos - 225, Abolição lenta e gradual - 226, Cresce a campanha abolicionista - 227, Os escravos depois da abolição - 227, Um golpe na monarquia - 228

TEMA 5 – Os imigrantes no Brasil ............................................................................................ 229 Imigrantes para o cultivo dos cafezais - 229, As primeiras experiências - 229, As colônias de parceria - 230, A imigração subvencionada - 231, Os colonos no Sul do Brasil - 231 Atividades – Temas 3 a 5 ............................................................................................................................. 232 Em foco – A questão agrária no Brasil ..................................................................................................... 234 Compreender um texto – O agronegócio e a questão ambiental.............................................. 238 Trabalho em equipe 4 – Realizar uma entrevista .............................................................................. 240

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Das Revoluções Inglesas à Revolução Industrial

Unidade

3

Os operários, alguns com apenas sete anos, eram obrigados a trabalhar até 16 horas em pé, em galpões escuros e sujos, espremidos entre máquinas perigosas. 4h 5h

3h

6h

7h

8h

William trabalhava nas fiadeiras, trocando as bobinas com o fio que saía das máquinas, enquanto sua irmã preparava a fibra de linho para ser fiada. Não havia tempo para o café da manhã – quando conseguiam levar algum lanche, comiam enquanto trabalhavam.

Os irmãos Cooper acordavam todos os dias antes de o Sol aparecer para andar cerca de 2,5 quilômetros até a fábrica. 2h

1h

Quando finalmente chegava em casa, ela só tinha quatro horas para descansar antes de começar tudo de novo.

No fim de dezesseis horas de trabalho, William podia caminhar de volta para sua casa.

A gente apanhava com tiras de couro se não estávamos atentos para a troca das bobinas cheias. Batiam nos meninos e meninas do mesmo jeito, às vezes doía muito.

24 h

A menina trabalhava duas horas a mais que o irmão.

23 h

22 h

21 h

20 h

19 h

18 h

60

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A origem da vida moderna

A

Revolução Industrial transformou o cotidiano dos trabalhadores e das cidades na Inglaterra. Nas fábricas, os operários, muitos deles crianças, trabalhavam até a exaustão. Em 1832, as denúncias de maus-tratos e mortes de crianças no trabalho levaram o Parlamento inglês a investigar o assunto. Entre os operários convocados a depor estava William Cooper, que começou a trabalhar em 1814, com a irmã, em uma fábrica de fiação de linho na cidade inglesa de Leeds. O depoimento de Cooper serviu de base para a elaboração deste infográfico.

Começando a Unidade 1 O que foi a Revolução Industrial? Onde e quando começou? 2 Quais foram as consequências para as pessoas da época? O que mudou na vida delas? 3 Em quais aspectos nossa sociedade se assemelha com a de William Cooper? O que mudou? 4 Como a sociedade atual se relaciona com o meio ambiente? Como você imagina que era no tempo de William Cooper?

Total de operários do Império Britânico (1839) Apesar das investigações sobre os abusos, a lei inglesa continuou permitindo o trabalho infantil. No fim dos anos 1830, quase metade dos operários da Inglaterra eram menores de idade. De um total de 419.590

8h

9h

10 h

11 h

Eu deixava a comida de lado, trocava uma bobina, dava umas mordidas e largava a comida de novo. Era muito empoeirado lá e às vezes não dava para comer pois a comida ficava cheia de sujeira.

192.887 eram menores de 18 anos

12 h

Só depois de sete horas trabalhando em pé é que eles tinham uma pausa, a única do dia. Ainda assim, podia haver serviço para fazer nos 40 minutos de almoço.

12 h 40 min

13 h

17 h

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16 h

15 h

69 Queimaduras

67 Causas diversas

23 Quedas

De tempos em tempos tínhamos que limpar as máquinas, então comíamos do jeito que dava.

Tendo trabalhado no almoço ou não, o turno da tarde começava sempre na mesma hora. Para piorar uma rotina tão dura, os castigos físicos eram frequentes.

Mortes de menores de idade em Manchester Uma década depois do depoimento de William, a indústria britânica continuava vitimando crianças. Em 1842, uma única cidade, Manchester, em apenas 9 meses, registrou 215 mortes de menores de idade, um terço delas por queimaduras.

56 Afogamentos 14 h

Fontes: ENGELS, Friedrich. A situação da classe trabalhadora na Inglaterra. São Paulo: Global, 1985. (Coleção Bases); Spartacus Educational. Disponível em www.spartacus.schoolnet.co.uk. Acesso em 16 fev. 2010.

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Tema

1

As Revoluções Inglesas do século XVII A era da dinastia Tudor

A

s Revoluções Inglesas do século XVII criaram as condições políticas e econômicas para a industrialização da Inglaterra.

A formação do absolutismo inglês No século XIII, nobres ingleses forçaram a Coroa inglesa a assinar a Magna Carta, documento que, entre outras atribuições, limitava os poderes dos reis. No mesmo período, instituiu-se o Parlamento, que aprovava ou não as decisões reais. O fortalecimento do poder monárquico na Inglaterra ocorreu apenas no século XV, após a Guerra das Duas Rosas (1455-1485), um intenso conflito entre famílias rivais pela posse da Coroa. A guerra devastou o reino, enfraqueceu a nobreza e despertou nos habitantes o anseio por um governo forte, que acabasse com as agitações e a insegurança. Quando o combate terminou, subiu ao trono Henrique VII, fundador da dinastia Tudor e do absolutismo inglês.

A dinastia Tudor iniciou-se no final do século XV e terminou no início do século XVII. Nesse período houve grande desenvolvimento econômico. Mesmo com um Parlamento atuante, os reis dessa dinastia conseguiram impor suas decisões a todas as camadas sociais e grupos religiosos. Com eles, a autoridade da Coroa ganhou força, e a Inglaterra tornou-se uma potência comercial e marítima. Os principais governantes Tudor foram Henrique VIII e Elizabeth I. Um dos acontecimentos mais importantes do governo de Henrique VIII foi o rompimento com a Igreja Católica, motivado essencialmente por interesses políticos e econômicos. Em 1533, contra a vontade do papa, o soberano anulou seu casamento com a primeira esposa, Catarina de Aragão. O rei queria um herdeiro para o trono, e Catarina só tivera filhas. O papa recusou-se a aceitar o divórcio também por motivos políticos, pois Catarina era tia de Carlos V, o rei da Espanha católica. Henrique VIII, então, rompeu com a Igreja Católica e fez o Parlamento votar o Ato de Supremacia, que o proclamava chefe supremo da igreja inglesa, conhecida como Igreja Anglicana. Os bens da Igreja Católica na Inglaterra foram confiscados pela Coroa e vendidos a nobres e burgueses ingleses. Depois disso, Henrique VIII casou-se mais cinco vezes. Com Ana Bolena, a segunda esposa, tivera uma filha, Elizabeth I, que assumiria o trono da Inglaterra em 1558. Com a terceira esposa, Jane Seymour, conseguiu o filho que tanto queria, Eduardo VI, mas este faleceu aos 15 anos.

Bispo de Chichester, Robert Sherburne, solicita a Henrique VIII que confirme um documento, detalhe de painel de Lambert Barnard, 1519. Catedral de Chichester, Inglaterra. Por meio desse documento, Henrique VIII garantia proteção à catedral de Chichester. 62

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O governo da rainha Elizabeth I

A prosperidade da era Tudor

No século XVI, houve um grande crescimento das manufaturas de lã na Inglaterra. Para a produção lanífera continuar a crescer, era preciso expandir as áreas destinadas à criação de ovelhas, que forneciam a matéria-prima para fazer tecidos. Iniciou-se, então, o processo conhecido como cercamentos. Os produtores de lã tomavam as terras dos camponeses, que eram cercadas, e subs­tituíam a atividade agrícola pela criação de ovelhas. No início, os cercamentos ocorreram por iniciativa particular. A partir do século XVIII, o Estado acelerou esse processo, fixando as Leis de Cercamentos.

Os reis da dinastia Tudor conseguiram governar de forma absoluta graças à prosperidade econômica da Inglaterra. A criação de carneiros visando à produção de lã (leia boxe desta página), o desenvolvimento das manufaturas, a política mercantilista e a pirataria realizada sobre os navios estrangeiros produziram uma rica burguesia. Esta apoiava a monarquia, que em troca a beneficiava com a concessão de monopólios comerciais geradores de altos lucros. Por outro lado, também foi importante a habilidade com que os reis da dinastia Tudor trataram o Parlamento. A monarquia inglesa não só deixou de ser alvo de ataques como também recebeu relativo apoio do Parlamento. O governo de Elizabeth I, por exemplo, ficou conhecido como “absolutismo disfarçado”. Glossário

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Com Elizabeth I, o absolutismo inglês chegou ao auge. Seguindo os passos do pai, ela fez tudo para fortalecer a autoridade real. Controlou a disputa política e religiosa entre católicos e protestantes, estabeleceu boas relações com o Parlamento e conseguiu fazer da Igreja Anglicana uma igreja nacional, o que reforçou a unidade do país. Elizabeth I procurou desenvolver o comércio e a indústria naval. Ao enfrentar e derrotar a Invencível Armada espanhola, em 1588, a soberana preparou a Inglaterra para se tornar a maior potência marítima do mundo. A expansão marítima inglesa favoreceu a grande burguesia, que acumulou fortunas com a exploração comercial e a pirataria. Os grandes burgueses também foram beneficiados pela concessão de monopólios, que lhes dava o direito exclusivo de fabricar ou comercializar determinados produtos. A morte de Elizabeth I, em 1603, encerrou a dinastia Tudor. Sem herdeiros diretos, o trono foi assumido por seu primo, um membro da família Stuart.

Os cercamentos

Parlamento Instituição que aprova leis, impostos, taxas e outras medidas propostas. No século XIV, na Inglaterra, o Parlamento foi dividido em duas casas: a Câmara dos Lordes, que representava o alto clero e os nobres, e a Câmara dos Comuns, formada por proprietários de terra e pela burguesia urbana. Apesar da divisão, nenhuma lei poderia ser aprovada sem o aval das duas casas.

Elizabeth I, pintura conhecida como Retrato da Armada, de George Gower, c. 1588. Abadia de Woburn, Inglaterra. 63

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Filme Shakespeare apaixonado. Direção: John Madden. Estados Unidos/Inglaterra, 1998.

William Shakespeare e o período elizabethano O reinado de Elizabeth foi marcado por uma relativa paz entre protestantes e católicos e entre a Coroa e o Parlamento. Essa situação, aliada ao desenvolvimento econômico do reino, criou condições para revigorar o teatro inglês. Um dos dramaturgos mais famosos desse período foi William Shakespeare. Autor de diversas obras de teatro, poesias e sonetos, Shakespeare é bastante conhecido no mundo inteiro. Seus temas tratam do poder, do indivíduo, da guerra. A peça Romeu e Julieta é uma das obras mais dramáticas do escritor. A história, centrada no amor proibido entre dois jovens, é lida, recitada e adaptada ainda hoje em muitos países.

Em geral, os novos burgueses eram seguidores do calvinismo (puritanos e presbiterianos) e não tinham os benefícios dos monopólios reais concedidos aos anglicanos. Descontentes com os privilégios dados às companhias de comércio protegidas da Coroa, os novos burgueses passaram a defender um governo menos autoritário e que interviesse menos na economia. Os primeiros conflitos surgiram com o rei Jaime I, da dinastia Stuart. Um deles foi a chamada Conspiração da Pólvora, de 1605. Planejado por um grupo de católicos também descontentes com a distribuição de privilégios, o movimento tinha como objetivo provocar a morte do rei explodindo barris de pólvora escondidos embaixo do Parlamento. A conspiração foi descoberta e todos os envolvidos foram mortos. O soberano tentou estabelecer na Inglaterra a teoria francesa do direito divino dos monarcas, colocando-se como um representante de Deus. Numa sessão do Parlamento, declarou que “os reis são com justiça chamados deuses, pois exercem uma espécie de direito divino na Terra”. Ao mesmo tempo, em razão dos cercamentos, havia uma enorme camada de ex-camponeses sem trabalho e faminta, que perambulava nas estradas e cidades promovendo agitações e revoltas.

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Os conflitos da era stuart

Vista da ponte de Londres sobre o Rio Tâmisa, obra de Claes J. Visscher, 1615. Museu de Londres, Inglaterra. 64

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A Revolução Puritana O autoritarismo de Carlos I, sucessor de Jaime I, agravou os conflitos do governo com o Parlamento. Carlos I restabeleceu a cobrança de impostos navais sobre as cidades costeiras e impôs aos presbiterianos escoceses as regras da Igreja Anglicana. Em 1642, o rei mandou invadir o Parlamento e provocou uma guerra civil na Inglaterra. Do lado do rei estava a maioria dos nobres, os católicos e os anglicanos. Ao lado do Parlamento, punham-se pequenos proprietários de terra, mercadores e donos de manufaturas, a maior parte presbiterianos. Sete anos após o começo do conflito, o exército do Parlamento, comandado pelo puritano Oliver Cromwell, prendeu, julgou e executou o rei Carlos I. A vitória de Cromwell inaugurou a República Puritana. Ele eliminou taxações excessivas, abafou revoltas internas e aprovou, em 1651, os Atos de Navegação, determinando que mercadorias negociadas com a Inglaterra só poderiam ser transportadas em navios ingleses ou dos países produtores. Cromwell começou seu governo respeitando o Parlamento, mas logo se tornou um ditador e despertou críticas até entre seus apoiadores puritanos. Após sua morte, em 1658, o caminho foi aberto para a restauração monárquica.

Oliver Cromwell, pintura de Robert Walker, c. 1649. Galeria Nacional de Retratos, Londres.

A Revolução Gloriosa Em 1660, com Carlos II, a dinastia Stuart voltou ao poder. Simpático à Igreja de Roma, o rei acabou com as leis que restringiam a atuação dos católicos. Jaime II, seu irmão e sucessor, queria restaurar o poder do catolicismo na Inglaterra. As reações dos anglicanos e dos puritanos foram intensas. Em 1688, o Parlamento, apoiado por comerciantes, financistas e proprietários rurais, depôs Jaime II e colocou no trono seu genro Guilherme de Orange, um holandês protestante. Esse episódio ficou conhecido como Revolução Gloriosa. A monarquia passou a respeitar a Magna Carta e a Declaração de Direitos, documento de 1689 que assegurava, entre outras coisas, o poder ao Parlamento. Medidas administrativas posteriores favoreceram o desenvolvimento capitalista no país: o estímulo ao livre-comércio, a modernização dos portos e a construção de estradas e navios. Com a Revolução Gloriosa, a burguesia assumiu o poder na Inglaterra.

vocabulário em contexto

Aprenda mais sobre a palavra burguesia no Guia de estudo.

Representação da execução do rei Carlos I da Inglaterra por uma testemunha ocular, pintura de John Weesop, 1649. 65

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Tema

2

Inglaterra: pioneira no processo de industrialização

O

apoio do governo, a grande oferta de mão de obra barata e o domínio do comércio mundial explicam o pioneirismo inglês na industrialização.

A Inglaterra e o ouro brasileiro

A partir de 1770, aproximadamente, houve na Inglaterra uma grande transformação social e econômica chamada pelos estudiosos de Revolução Industrial. Isso foi possível graças às medidas tomadas por diferentes governantes para garantir o desenvolvimento econômico inglês. Nos séculos XV e XVI, os europeus partiram para as conquistas ultramarinas. Os principais resultados da expansão marítima europeia foram a conquista de territórios coloniais e a formação de uma rede de comércio que integrou diferentes regiões do planeta num mercado mundial. A Inglaterra se beneficiou bastante com a formação desse mercado mundial. Além de conquistar valiosas colônias ultramarinas, a rainha Elizabeth I e, mais tarde, o líder da República Puritana, Oliver Cromwell, fortaleceram a marinha mercante, ajudando a fazer da Inglaterra a potência naval do mundo.

O domínio inglês no comércio mundial

Nos séculos XVII e XVIII, a economia portuguesa era totalmente dependente da Inglaterra. Em razão de acordos comerciais assinados entre os dois países, o governo de Portugal concedia privilégios aos produtos importados da Inglaterra. Dessa forma, toneladas de ouro, que saíram do Brasil como pagamento dos impostos cobrados pela Coroa, foram utilizadas para pagar as importações portuguesas de produtos ingleses. Barras de ouro do Brasil colonial.

A Revolução Gloriosa consolidou o poderio mercantil inglês. A revolução fez com que o lucro e o desenvolvimento econômico passassem a ser os mais importantes objetivos dos governantes. Essas mudanças criaram um ambiente favorável à industrialização na Inglaterra. Os ingleses conquistaram o domínio do comércio mundial com as vendas de produtos manufaturados, principalmente de tecidos de algodão. O algodão era obtido em suas colônias ultramarinas, sobretudo na América do Norte. A maior parte dos tecidos manufaturados se destinava aos mercados coloniais da América e da África. Os enormes lucros advindos do comércio mundial de tecidos impulsionaram a primitiva indústria de algodão e estimularam os ingleses a mecanizar sua produção têxtil.

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A formação de uma rede de comércio

Gravura do século XVIII representando alfândega à margem do Rio Tâmisa, em Londres. Biblioteca de Artes Decorativas, Paris. 66

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A modernização da agricultura A prática dos cercamentos resultou na modernização da agricultura inglesa. Um exemplo foi a introdução de um sistema em que se alternava o cultivo de cereais, tubérculos e gramíneas. Essa mudança permitiu que as ovelhas pudessem se alimentar o ano inteiro, ao mesmo tempo que forneciam esterco eficiente para evitar o desgaste do solo. Outras inovações do período foram a confinação do gado e a aração profunda, que permitiram, respectivamente, o aumento do peso dos animais e o melhor preparo da terra para o cultivo. Como o custo dessas inovações era elevado, apenas os ricos proprietários podiam introduzi-las em suas terras. As mudanças ocorridas nos campos ingleses levaram ao aumento da produção agrícola, necessário para alimentar uma população em constante crescimento, sobretudo nas cidades. No aspecto social, essas mudanças provocaram a expulsão dos camponeses de suas terras, pois não conseguiam competir com a moderna agricultura das propriedades vizinhas. Muitos deles migraram para as cidades. Os cercamentos, portanto, criaram uma força de trabalho numerosa e barata para as fábricas que começavam a surgir.

Abundância de carvão e ferro Outro fator que permitiu que os ingleses mecanizassem a produção têxtil foi a facilidade de obter a fonte de energia e as matérias-primas básicas para as máquinas: o carvão mineral e o ferro. Até o século XVIII, os ingleses usavam o carvão vegetal, produzido a partir da queima da madeira, para extrair o ferro do minério. O carvão vegetal aquecia fornos a altas temperaturas, mas não o suficiente para obter ferro de boa qualidade. Assim, a partir de 1780, com o uso do coque (carvão mineral), encontrado na superfície terrestre e com poder calorífico superior ao do carvão vegetal, a fabricação de ferro triplicou na Inglaterra. O uso do carvão mineral propiciou a construção de máquinas industriais e estradas de ferro, inovações que transformaram a paisagem inglesa.

O SISTEMA DE TRÊS CAMPOS

Ano 1601

Ano 1602

Ano 1603

Gramíneas Cereais Batatas e beterrabas (tubérculos)

vocabulário em contexto

Aprenda mais sobre a palavra revolução no Guia de estudo.

Pintura de Thomas Miles Richardson, 1841, representando a mina de carvão de Murton, no nordeste da Inglaterra. Galeria de Arte Laing, Newcastle, Inglaterra. 67

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Tema

3

A Revolução Industrial O que é indústria?

Revolução Industrial inaugurou uma nova era, caracterizada pela produção em massa e pela expansão da vida urbana.

vocabulário em contexto

Aprenda mais sobre a palavra indústria no Guia de estudo.

O sistema doméstico e a manufatura No século XV, antes do emprego de máquinas na produção de mercadorias, desenvolveu-se um processo de transformação de matérias-primas chamado sistema doméstico. Os artesãos eram donos dos instrumentos de trabalho e conheciam todas as fases da produção. A produtividade nesse sistema dependia totalmente do ritmo, da força e da habilidade do artesão. Por isso, o sistema doméstico não garantia uma produção volumosa. No mesmo período, homens de negócio começaram a agrupar os artesãos em grandes galpões para controlar melhor a produção. Surgiu, assim, a manufatura. No novo sistema, a produção era dividida em diferentes etapas, cada qual realizada por um trabalhador, contando com o auxílio de ferramentas e algumas máquinas simples. Na manufatura, o artesão deixou de ser o dono dos instrumentos e do local de trabalho, que foram para as mãos dos empresários, e passou a trabalhar em troca de um salário. A divisão de tarefas também fez com que ele deixasse de conhecer a totalidade do processo produtivo.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A

Indústria é todo o esforço empreendido pela humanidade para transformar matérias-primas em mercadorias, com o auxílio de ferramentas ou máquinas. A indústria moderna surgiu na Inglaterra, no século XVIII, e caracteriza-se, principalmente, pelo uso de máquinas para a produção em grande quantidade de artigos padronizados, ou seja, de mercadorias que possuem características similares de forma e aspecto.

As fiandeiras, pintura de Diego Velásquez, 1657. Museu do Prado, Madri. Nessa pintura já podemos observar a divisão de trabalho inserida pela manufatura. 68

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A indústria mecanizada Na segunda metade do século XVIII, com a Revolução Industrial, a manufatura foi substituída pela maquinofatura. Os motores a vapor começaram a mover as máquinas, aumentando a velocidade e a precisão da produção. A tarefa do trabalhador era alimentar a máquina, verificar e controlar sua velocidade e zelar por sua manutenção. A principal consequência dessa organização foi a dependência do homem em relação à tecnologia, cuja eficiência se mede pela quantidade de tempo que ela economiza na produção. Quanto menor o tempo, mais barato é o produto. Quanto mais barato, maior a venda. Em outras palavras, o tempo passou a valer dinheiro.

Artesanato em cerâmica de Aracaju, Sergipe, 2004.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O artesanato de ontem e o de hoje Antes do processo de industrialização, o artesanato era fundamental para obter utensílios básicos, como roupas, móveis, objetos de uso doméstico etc. A Revolução Industrial não aboliu a produção artesanal, mas alterou seu papel na sociedade. Diante da produção em massa feita pelas indústrias, o artesanato voltou-se para a produção de artigos ornamentais e de luxo, como roupas, sapatos e joias, pouco representando no volume geral das mercadorias produzidas na maior parte dos países.

Siderurgia de Cyfarthfa à noite, pintura de Penry Williams, 1825. Museu do Castelo Cyfarthfa, Merthyr, País de Gales. A utilização de máquinas a vapor na obtenção de ferro a partir do minério possibilitou um grande avanço na siderurgia. A produção de chapas de ferro foi fundamental na construção de máquinas e ferrovias.

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A instalação de fábricas e o crescimento das cidades

A busca do lucro e o uso de novas fontes de energia

O aspecto mais visível da Revolução Industrial inglesa ocorreu principalmente nas cidades: a construção das fábricas, grandes galpões que abrigavam máquinas e operários empregados na produção de mercadorias. O artesanato caseiro e as associações medievais de artesãos decaíram e praticamente desapareceram. A expansão das fábricas atraiu para as cidades trabalhadores das áreas rurais, muitos deles expulsos pelos cercamentos. Ao perder as terras para os grandes proprietários criadores de ovelhas, os camponeses encontraram nas fábricas uma saída para garantir sua sobrevivência.

A busca do lucro tornou-se mais intensa com a fábrica. Para o capitalista, obter em seus negócios o maior retorno financeiro com o menor custo possível tornou-se a meta mais importante. As pressões do mercado por produtos mais baratos e melhores levou o industrial a investir incessantemente na melhoria técnica da produção e no uso de novas fontes de energia (veja a linha do tempo abaixo). Durante a Revolução Industrial, um grande salto foi dado com o uso do carvão mineral como fonte de energia para movimentar as máquinas.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Propaganda da fábrica de papel Spalding & Hodge, 1887. Museu de Ciências, Londres. A fábrica que ilustra o anúncio localizava-se no condado de Kent, Inglaterra.

INVENTOS APLICADOS À PRODUçÃO INDUSTRIAL Lançadeira volante, gravura do século XIX. Biblioteca Britânica, Londres. Essa máquina permitia a fabricação de tecidos largos.

1735 John Kay

Spinning jenny, gravura do século XIX. Biblioteca Britânica, Londres. Roda de fiar na qual um artesão podia controlar 80 fusos de fio de uma só vez.

1764 James Hargreaves

Motor a vapor, 1769. Invento aperfeiçoado por James Watt que funcionava com a força gerada pela queima do carvão.

1769 James Watt

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Novos grupos sociais A sociedade que se organizou em torno da industrialização dividiu-se basicamente em duas camadas sociais: a burguesia e o proletariado. • Burguesia. Classe social constituída de proprietários das fábricas, das máquinas, dos bancos, do comércio, das redes de transporte e das empresas agrícolas. A origem do termo é o burgo, aglomerado urbano da Idade Média onde os habitantes se dedicavam ao comércio e ao artesanato. A partir do século XVIII, a burguesia impôs cada vez mais seu domínio sobre toda a sociedade. • Proletariado. Trabalhador operário que surgiu com a Revolução Industrial e que vive do salário que recebe. Como não tem meios para sobreviver por conta própria, o operário vende sua força de trabalho para o dono da fábrica, ou seja, para o capitalista, em troca de um salário que lhe permite sobreviver. O salário, porém, paga apenas uma parte do tempo de trabalho do operário nas fábricas. O restante é apropriado pelo capitalista. A concentração de trabalhadores tornou-se tão intensa e a disciplina das fábricas os fazia parecer tão iguais que os burgueses, de forma pejorativa, passaram a denominar massa o conjunto dos trabalhadores urbanos das sociedades industrializadas.

Tear mecânico, gravura do século XIX. Biblioteca Britânica, Londres. Invento que iniciou a mecanização da tecelagem e a aplicação do motor a vapor na indústria têxtil.

1785 Edmund Cartwright

Navio a vapor. Invento desenvolvido pelos norte-americanos.

1807 Robert Fulton

Estradas de ferro A primeira ferrovia foi inaugurada em 1825, na Inglaterra, e ligava a região de carvão de Durham ao litoral inglês. Vagões correndo sobre trilhos e impulsionados por máquinas respondiam à necessidade de transporte mais barato para percursos curtos e longos. As linhas férreas se expandiram rapidamente, alcançando outros países. Na Inglaterra, em 1830, havia algumas dezenas de quilômetros de estradas de ferro; apenas vinte anos depois, em 1850, já existiam mais de 37 mil quilômetros.

Gravura representando trem na ferrovia Londres-Birmingham, 1845.

vocabulário em contexto

Aprenda mais sobre a palavra proletariado no Guia de estudo.

Locomotiva a vapor. A primeira locomotiva a vapor começou a funcionar em 1825, na Inglaterra.

ATENÇÃO! ESTA CRONOLOGIA NÃO ESTÁ EM ESCALA TEMPORAL.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A substituição do homem pela máquina Com o contínuo avanço tecnológico, cada dia mais o trabalho humano foi sendo substituído ou regrado pela máquina. O trabalhador, que antes era um produtor, tornou-se operador de máquinas. O ritmo da vida e do trabalho deixou de ser determinado pelo ritmo da natureza e do corpo para acompanhar o da máquina. Como a produção devia ser cada vez mais rápida, o homem teve de ajustar sua vida a esse novo ritmo, trabalhando mais horas por dia a uma velocidade cada vez maior. A invenção do navio a vapor (1807) e a inauguração da primeira locomotiva (1825), duas das mais fascinantes conquistas da Revolução Industrial, agilizaram a comunicação entre as cidades e os países. Outra mudança foi a possibilidade de transportar um volume de mercadorias bem maior.

1814 George Stephenson 71

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Ampliando conhecimentos

O Rio Tâmisa O Rio Tâmisa, em Londres, foi uma das grandes vítimas do processo de industrialização na Inglaterra. Fortemente agredido pelos resíduos industriais e por todo o esgoto doméstico da cidade de Londres, já na década de 1850 era considerado morto. Cento e cinquenta anos depois, graças ao programa estatal de despoluição do rio, os pescadores puderam voltar ao Tâmisa, que se tornou um dos rios mais limpos do mundo em área metropolitana. No século XVIII, o Porto de Londres era o mais movimentado do mundo. Pelo Rio Tâmisa, além de muitas embarcações mercantes, circulavam barcos de pesca em busca de salmões, robalos e outros peixes.

Em 1802, inaugurou-se o primeiro conjunto de docas fechadas, a West India Docks, com espaço para 600 embarcações. O aumento da circulação de mercadorias no porto acompanhava o desenvolvimento industrial e mercantil da Inglaterra.

Fontes: JOHNSON, Steven. O mapa fantasma. Rio de Janeiro: Zahar, 2008; River Thames. Disponível em www.riverthames.co.uk; London’s Victorian sewer system. Disponível em www.thameswater.co.uk; Princess Alice Disaster. Disponível em www.thamespolicemuseum.org.uk; Environment Agency. Disponível em www.environment-agency.gov.uk. Acessos em 15 jul. 2010.

Entre 1831 e 1851, as epidemias de cólera mataram mais de 70 mil pessoas. Os estudos de John Snow, que comprovaram a transmissão da doença pela água, foram reconhecidos apenas em 1854.

Nas primeiras décadas do século XIX, o mau cheiro do rio já era perceptível. Além dos resíduos das fábricas, todo o esgoto doméstico de Londres era despejado no Tâmisa.

Londres EUROPA

Situado no sul da Inglaterra, o Rio Tâmisa tem aproximadamente 340 quilômetros de extensão. É o maior rio da Inglaterra e o segundo maior do Reino Unido.

Na década de 1850, mais de 400 mil toneladas de esgoto eram jogadas, todos os dias, no Rio Tâmisa, o que somava cerca de 150 milhões de toneladas por ano. O rio estava biologicamente “morto” e o odor era insuportável.

No verão de 1858, o Parlamento inglês suspendeu suas atividades por causa do mau cheiro vindo do rio, que passou a ser chamado de “Great Stink” (Grande Fedor).

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Questões

Evolução da população de Londres Em pessoas

8.164.416 7.172.091

6.226.494

1.011.157

2.268.609 1851

1801

1901

1951

2001

Fonte: A vision of Britain through time. Disponível em www.visionofbritain.org.uk. Acesso em 6 out. 2010.

Em 1865, inaugurou-se uma complexa rede de esgoto que atendia quase toda a cidade de Londres. O empreendimento resolveu o mau cheiro do rio, mas não o problema da poluição, pois o esgoto era devolvido ao Tâmisa, num ponto mais afastado da cidade, durante a maré baixa.

No ano de 1910, iniciou-se o programa de dragagem do rio e tratamento da água com adição de cloro. A qualidade da água melhorou, mas não o suficiente para os peixes retornarem ao rio.

No dia 3 de setembro de 1878, mais de 600 pessoas, morreram no naufrágio da embarcação Princess Alice, num ponto do Rio Tâmisa onde o esgoto de Londres era despejado. A maioria das vítimas morreu por intoxicação e não por afogamento.

1. Que relação podemos estabelecer entre aumento populacional, industrialização e poluição? 2. Você conhece exemplos de rios brasileiros, localizados parcial ou inteiramente em áreas metropolitanas, que sofrem com a poluição? Quais? 3. Existem políticas públicas para a recuperação desses rios?

Em 1950, mais uma vez, o Rio Tâmisa foi considerado morto. A nova iniciativa do governo foi construir estações para tratamento de esgoto.

Em 1960, a Thames Water, empresa estatal de saneamento de Londres, iniciou um tratamento biológico do esgoto nas estações de Crossness e Beckton. Na década seguinte, os resultados já podiam ser vistos, por exemplo, com o reaparecimento do salmão.

No início de 2010, dados divulgados pela Agência Ambiental da Inglaterra e País de Gales (relatório de setembro de 2009) revelaram que o Rio Tâmisa abriga atualmente 125 espécies de peixes.

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Temas 1a3

Organizar o conhecimento

1. Responda às questões sobre as Revoluções Inglesas do século XVII. a) Como ficou conhecida a primeira fase das Revoluções Inglesas? b) Que fatos motivaram o início da revolução? c) Qual a principal medida econômica adotada pela República Puritana? Por que essa medida favorecia a burguesia inglesa? d) Como se chamou a segunda fase das revoluções? O que a desencadeou? e) Por que o desfecho da revolução consagrou o poder da burguesia britânica?

2. Preencha a ficha sobre a Revolução Industrial. Revolução Industrial a) Quando e onde começou.

d) Que outras mudanças ocorridas nos campos contribuíram para a modernização da agricultura inglesa?

5. Com a Revolução Industrial, a sociedade organizou-se basicamente em dois grupos sociais. Que grupos eram esses? Qual era o papel de cada uma dessas classes sociais na indústria?

6. Leia os dois textos a seguir, compare-os e responda às perguntas.

Visões sobre a fábrica 1 “O segredo do sucesso da fábrica, o motivo da sua adoção, é que ela tirava dos operários e transferia aos capitalistas o controle do processo de produção. Disciplina e fiscalização podiam reduzir os custos, na falta de uma tecnologia superior.” MARGLIN, Stephen. Origem e funções do parcelamento das tarefas (Para que servem os patrões?), 1971. Citado em GORZ, André. Crítica da divisão social do trabalho. São Paulo: Martins Fontes, 1980. p. 56-77.

b) R amo da produção que primeiro se mecanizou. c) Resultados para a produção de mercadorias. d) C aracterística da sociedade surgida com a Revolução Industrial.

3. Escreva 1 para sistema doméstico, 2 para manufatura ou 3 para produção mecanizada. a)

A produção é garantida pelas máquinas.

b)

A produção depende da habilidade, da força e do ritmo do trabalhador.

c)

Possibilitou um aumento enorme da produção.

d)

O trabalhador não é dono dos instrumentos de trabalho, mas ainda é o agente principal da produção.

e)

O trabalhador é dono dos instrumentos de trabalho e conhece todas as etapas da produção.

f)

Implica grande consumo de energia.

Aplicar

4. Responda às questões. a) O que mudou na relação entre o poder político e o poder religioso com o Ato de Supremacia na Inglaterra? b) O desenvolvimento da economia inglesa foi influenciado por decisões políticas? Justifique. c) De que modo os cercamentos contribuíram para fornecer mão de obra para as nascentes fábricas inglesas?

“Este considerável aumento de produção que, devido à divisão do trabalho, o mesmo número de pessoas é capaz de realizar, é resultante de três circunstâncias diferentes: primeiro, ao aumento da destreza de cada trabalhador; segundo, à economia de tempo, que antes era perdido ao passar de uma operação para outra; terceiro, à invenção de um grande número de máquinas que facilitam o trabalho e reduzem o tempo indispensável, para o realizar, permitindo a um só homem fazer o trabalho de muitos.” 2

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Atividades

SMITH, Adam. Investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações (1776). São Paulo: Abril Cultural, 1984. p. 7-12. (Coleção Os pensadores)

a) De qual característica do sistema de fábrica os dois textos falam? b) O que essa característica gerava para a produção de acordo com o texto 1? O autor a considera positiva ou negativa? Por quê? c) Segundo o texto 2, o que essa característica gerava para a produção? O autor a considera positiva ou negativa? Por quê? d) Dê exemplos de como se garantem a “disciplina” e a “fiscalização” na fábrica, citadas no texto 1. e) Você acha que os dois textos dão a mesma importância ao uso de máquinas nas fábricas? Justifique.

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Ciência e tecnologia

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Fontes energéticas Fontes energéticas são recursos da natureza dos quais se pode obter energia. Com o uso da energia, é possível colocar navios, trens e carros em movimento, fazer funcionar máquinas e aparelhos domésticos e iluminar ruas e residências, entre outras coisas. Durante a Revolução Industrial, o uso do carvão mineral como fonte de energia deu um grande impulso à indústria e aos transportes. Isso propiciou o funcionamento dos motores a vapor instalados nas máquinas fabris, nas locomotivas e nos navios. A busca de novas fontes de energia, mais eficientes e economicamente rentáveis, continuou. No século XIX, o petróleo começou a ser usado na indústria para a produção de gasolina e outros derivados. No século XX, foi a vez do aproveitamento da energia nuclear, contida no núcleo dos átomos. É impossível imaginar o mundo moderno sem o aproveitamento das fontes de energia. No entanto, a queima do petróleo e do carvão, por exemplo, provoca sérios danos ao meio ambiente, como o aumento dos gases de efeito estufa, um dos responsáveis pela elevação da temperatura média da Terra. Alternativas energéticas Para tentar diminuir os impactos ambientais gerados pelo uso excessivo de fontes de energia como o petróleo e o carvão, cientistas e ambientalistas vêm propondo uma ação mais consciente e responsável do ser humano no planeta. É o chamado desenvolvimento sustentável. Os governos e as sociedades de todo o mundo devem esforçar-se para obter os recursos naturais da Terra sem desgastá-la ou poluí-la demais, para que as gerações futuras também possam desfrutar de seus benefícios. Podem ser utilizadas como alternativas energéticas de baixo impacto ambiental a energia eólica, captada por meio de turbinas movidas pela força do vento; a energia geotérmica, que utiliza o calor da própria terra; e a energia solar, obtida pela captação da energia proveniente do Sol.

1. O uso das fontes de energia não gera apenas riqueza. Explique essa frase.

2. Desenvolvimento sustentável é aquele que satisfaz o presente sem comprometer o futuro. O que você entende por isso?

Placas de energia fotovoltaica (solar), do Instituto Eco-Engenho, no município de São José da Tapera, Alagoas, 2007. Apesar de ser considerada uma energia limpa, a energia solar exige altos investimentos; por isso ela é, ainda, pouco utilizada.

3. Pesquise e monte um quadro indicando usos possíveis de cada fonte de energia. a) Vento. e) Gás natural. b) Petróleo. f) Bagaço de cana. c) Queda-d´água. g) Sol. d) Carvão vegetal. h) Carvão mineral.

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Tema

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As cidades industriais e a vida operária do campo para as cidades

om a Revolução Industrial, a vida dos trabalhadores entrou no ritmo da máquina e do relógio.

O relógio de ouro Em geral, nas fábricas, os operários eram impedidos de entrar com relógios, cabendo ao supervisor avisar a hora de terminar o trabalho. Daí criou-se a prática de presentear o trabalhador disciplinado, quando ele se aposentava, com um relógio de ouro como reconhecimento por seu esforço. É como se o dono da fábrica devolvesse ao operário o controle sobre seu tempo.

O tempo da natureza e o tempo do relógio Nas áreas rurais, a medição do tempo, como acontece ainda hoje em muitas regiões, estava relacionada aos ciclos da natureza e às tarefas diárias: hora do amanhecer e do anoitecer, hora de arrebanhar o gado, hora de colher os grãos, hora de ordenhar as vacas, hora em que as chuvas cessavam. Sem necessidade de pressa, os trabalhadores conduziam sua vida no ritmo das atividades agrícolas e pastoris. Nas cidades, entretanto, eles conheceram a disciplina do relógio. Os relógios já existiam muito antes da Revolução Industrial, mas foi a necessidade de sincronizar o trabalho das fábricas que difundiu o uso e a fabricação do produto. A própria máquina, com seus movimentos mecanicamente sincronizados, foi um instrumento poderoso de controle do tempo dos operários. Assim, com o relógio, foi possível disciplinar o horário de entrada e saída dos trabalhadores, o horário de almoço e o tempo gasto para realizar as tarefas produtivas. A fim de garantir a nova disciplina, os patrões contrataram supervisores para vigiar o trabalho nas fábricas, instituíram prêmios para os operários mais disciplinados e multas para os descumpridores de horários e de outras normas.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

C

Para os trabalhadores, a mudança para as cidades significou a adoção de novos hábitos, que se chocavam com as tradições comunitárias e familiares que aproximavam as pessoas que viviam no campo. Nos centros urbanos, as festas religiosas, os casamentos, os festivais da colheita, ocasiões que garantiam o contato e a solidariedade entre as pessoas, desapareceram ou foram limitados pelas longas jornadas de trabalho estabelecidas nas fábricas.

Relógio de bolso.

Gravura feita a partir de desenho de Thomas Allom que representa mulheres trabalhando em fábrica de tecidos de algodão, Inglaterra, 1833. 76

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Nas cidades industriais inglesas, a população operária comprimia-se em bairros de ruas estreitas, sinuosas e sujas, tomadas de mendigos, prostitutas e desempregados. Relatos da época destacam o aspecto esfumaçado dos bairros operários, o cheiro nauseante de sujeira e alimentos estragados e a miséria que tomava conta das ruas. A maior parte das casas operárias se localizava próximo às fábricas e era construída a mando dos próprios empregadores, que as alugavam aos trabalhadores. As casas, geralmente de dois andares e geminadas, abrigavam um grande número de pessoas. O quarto ficava no piso superior, onde todos se amontoavam para dormir. No andar de baixo havia a cozinha. Os banheiros eram fossas, pois não existia rede de esgoto. Eles ficavam fora da casa e exalavam um cheiro horrível. Em alguns bairros, havia um serviço de limpeza de fossas, cujos resíduos eram vendidos como esterco aos agricultores. Em outros bairros, os detritos eram jogados na própria rua. A água era fornecida em bicas espalhadas pela cidade. Era muito comum a formação de longas filas para obter um balde do precioso líquido. A alimentação nas casas operárias era muito pobre e consistia basicamente em batata, arenque, tripa de animais, orelha de porco e pé de cabrito, acompanhados de pão. Nessas condições, diversas doenças, como cólera e tuberculose, atingiam com frequência os trabalhadores e suas famílias.

Anúncio de chocolate com damasco da marca Allen´s, 1892. Arquivo Nacional, Londres.

Filme Tempos modernos.. Direção: Charles Chaplin. Estados Unidos, 1936.

Glossário

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Ruas e moradias

Geminado Que se apresenta ligado, duplicado; casas conjugadas, uma encostada na outra.

Arenque Habitações populares típicas de Londres, com as casas geminadas, gravura de Gustave Doré, de 1842. Museu d’Orsay, Paris. Repare a fumaça e a fuligem que dominam a cena.

Peixe abundante nas águas do Atlântico Norte.

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De olho no presente

Principalmente a partir do século XIX, o Estado e diversas associações médicas buscaram meios de combater a proliferação de doenças no espaço urbano e, mais tarde, também no espaço rural. O conjunto dessas ações estatais orientadas para preservar a saúde da população recebe o nome de saúde pública. A construção de hospitais adequados e a realização de campanhas de vacinação e de combate a epidemias são algumas das medidas governamentais promovidas para aperfeiçoar o sistema de saúde pública. Alguns exemplos em nosso país são o Programa Nacional de Controle da Dengue e o Programa Nacional de DST e Aids. No Brasil, o acesso igualitário a hospitais e serviços de saúde é um direito de todo cidadão. Toda e qualquer pessoa, seja ela homem ou mulher, negro ou branco, rico ou pobre, deve ser atendida da mesma maneira em qualquer região do país. No entanto, apesar de o direito à saúde estar assegurado na Constituição Federal, a realidade brasileira deixa a desejar. Os pacientes dos hospitais públicos, geralmente de baixa renda, demoram a ser atendidos. Faltam leitos, médicos e equipamentos em grande parte desses hospitais do país. A precariedade da saúde pública faz crescer cada vez mais os planos de saúde privados, que oferecem uma rede de médicos, laboratórios e hospitais credenciados. A adesão aos planos de saúde privada depende do pagamento de mensalidades, condição reservada a poucos brasileiros. O sistema de saúde pública do país precisa ser revisto e adaptado às diferenças regionais para oferecer condições dignas de atendimento a todos os brasileiros.

Sala de emergência do Hospital da Restauração, administrado pelo governo do estado de Pernambuco. Recife, 2010. A superlotação e a falta de leitos, equipamentos e médicos são problemas comuns nos hospitais públicos do Brasil.

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A saúde pública no Brasil

Questões

1. Explique o que você entendeu por saúde pública.

2. Qual a diferença entre rede particular e rede pública de saúde?

3. Dê dois exemplos de programas

Equipamento de radioterapia IGRT (Sistema de Radioterapia Guiada por Imagem), no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, 2009.

Glossário

de saúde dirigidos pelo Estado, além dos já citados no texto.

DST Doenças sexualmente transmissíveis.

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Tema

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As lutas operárias e os sindicatos A organização da classe operária

A

Glossário

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classe operária inglesa reagiu à exploração capitalista organizando greves e formando sindicatos.

Ludismo Termo derivado de Ludd, sobrenome do operário que teria liderado o movimento de quebra-máquinas. Não se confirmou até hoje a existência de Ned Ludd, mas mesmo assim o levante recebeu seu nome.

No início do século XVIII, os tecelões ingleses organizaram as primeiras associações trabalhistas. Os antigos artesãos, convertidos em trabalhadores assalariados das manufaturas, fundaram pequenos clubes, com a intenção de obter aumentos de salário. No entanto, só com a grande indústria fabril surgiram associações fortes e organizadas, que passaram a representar uma ameaça aos capitalistas. Destruindo as máquinas A vida dos operários nos primórdios da industrialização era extremamente dura. Eles trabalhavam de 14 a 16 horas por dia, em pé, parando apenas para um rápido almoço. Não havia férias, descanso semanal remunerado ou qualquer outro direito trabalhista. A mecanização do trabalho causava a dispensa de muitos trabalhadores. Os operários reagiram destruindo as máquinas, vistas como responsáveis pelo desemprego e pela miséria. O principal movimento de quebra-máquinas ficou conhecido como ludismo e atingiu várias regiões da Inglaterra, inclusive o campo, aonde a mecanização também havia chegado. O movimento foi violentamente reprimido pelas autoridades, que chegaram a aplicar a pena de morte aos envolvidos.

Ilustração do século XIX representando ludistas quebrando máquina de tear durante manifestação entre 1811 e 1816. 79

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Oliver Twist. Direção: Roman Polanski. França/ Itália/Reino Unido/ República Tcheca, 2005.

A formação dos sindicatos ingleses A associação de trabalhadores remonta às corporações de ofício da Idade Média, quando mestres de uma mesma atividade profissional se reuniam para proteger a produção da concorrência de outras cidades. Com as transformações produzidas pela Revolução Industrial, os operários também passaram a se reunir em associações, chamadas trade unions, ou sindicatos, como passaram a ser conhecidas. Com o advento da Revolução Industrial, os mestres artesãos e os profissionais das antigas oficinas foram incorporados ao trabalho nas indústrias. Como em geral a oferta de trabalhadores era maior do que as vagas oferecidas nas fábricas, os proprietários podiam controlar livremente os salários dos operários. Diante dessa realidade criada pela indústria, o objetivo central da trade union era organizar as lutas dos operários por melhores condições de trabalho e maiores salários. A difícil luta pela liberdade sindical As associações trabalhistas na Inglaterra foram proibidas nos anos de 1799 e 1800. Os sindicatos tornaram-se ilegais, e seu funcionamento foi considerado crime. No entanto, muitos continuaram existindo clandestinamente ou com outros nomes, como o de associação mútua. Apenas em 1824, o funcionamento dos sindicatos deixou de ser ilegal e, em 1871, essas associações foram efetivamente legalizadas. Esse processo fortaleceu o movimento operário inglês e abriu brechas para a conquista de novos direitos sociais. A luta dos operários ingleses inspiraria mais tarde o movimento operário de outros países.

Um problema

A formação da classe operária Os historiadores ingleses Edward Thompson e Eric Hobsbawm procuraram definir o momento histórico em que a classe operária teria se constituído na Inglaterra.

“Thompson e Hobsbawm indagaram-se sobre uma mesma questão: quando e como as classes trabalhadoras transformaram-se em classe operária? Para ambos essa transformação é um fenômeno histórico que ocorreu na sociedade inglesa, mas, enquanto para Thompson a classe operária se formou de 1780 a 1832, para Hobsbawm isso somente ocorreu bem mais tarde, de 1870 a 1914. [...] Enquanto Thompson parece estar preocupado com a visão interna à classe, de uma consciência de interesses em comum que faça com que os trabalhadores se percebam como um grupo; Hobsbawm parece ter duas preocupações, tanto com a visão interna à classe, quanto com a visão de outros grupos, a visão externa. Na sua lógica, a classe operária não se define só por si mesma, mas pelo fato, por exemplo, do Estado a perceber como classe.

Para Thompson, a união dos trabalhadores ingleses entre 1780 e 1832, quando passaram a sentir uma identidade de interesses entre si e contra seus dirigentes, já revela o surgimento da classe operária [...]. Hobsbawm acredita que [...] é entre 1870 e 1914 que a classe operária emerge enquanto grupo social, uma vez que somente nessa época ela se reconhece e é reconhecida como um coletivo institucional [que vota e elege representantes para o Parlamento].”

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Filme

FRAGA, Alexandre Barbosa. De substantivo plural a singular: a transformação das classes trabalhadoras em classe operária. Revista Espaço Acadêmico, n. 82, mar. 2008. Disponível em www.espacoacademico.com.br. Acesso em 4 nov. 2008.

Questões

1. Qual é a explicação dada por cada historiador sobre a formação da classe operária na Inglaterra?

2. Em sua opinião, os pontos de vista dos dois historiadores podem ser conciliados? Justifique.

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O movimento cartista O cartismo foi o primeiro movimento da classe operária inglesa a reivindicar direitos políticos e a adquirir um caráter nacional. O movimento nasceu em Londres, em 1837, quando uma associação de trabalhadores enviou ao Parlamento a Carta do Povo, um documento em que requeriam, entre outras coisas, voto secreto, sufrágio universal masculino e parlamentos renovados anualmente.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A petição foi levada para assembleias de trabalhadores em todo o país e recebeu mais de um milhão de assinaturas. A recusa do Parlamento em aprovar a carta desencadeou uma onda de greves, manifestações e prisões. O mais grave incidente ocorreu quando uma coluna de mineiros entrou em confronto com os soldados, resultando em 10 mortos e dezenas de feridos. Por volta de 1840, o movimento cartista apresentou uma segunda petição, bem mais radical que a primeira. Além das reivindicações iniciais, o documento exigia aumento de salário para os operários e redução da jornada de trabalho. A nova petição recebeu cerca de 3,3 milhões de assinaturas, mais da metade da população masculina inglesa da época. Aos poucos, as lutas operárias surtiram efeito. As leis trabalhistas do século XIX e início do XX melhoraram as condições de trabalho nas fábricas e minas inglesas, além de fortalecer as lutas dos trabalhadores de outros países.

Legislação trabalhista britânica Limitou a jornada de trabalho 1802 das crianças a 12 horas diárias. Proibiu o trabalho das crianças 1819 menores de 9 anos nas fábricas de algodão. A associação de trabalhadores 1824 deixou de ser ilegal. Limitou o trabalho das crianças entre 10 e 13 anos a 48 horas semanais; entre 13 e 18 anos, a 1833 69 horas semanais. Estabeleceu que as crianças deveriam usar 2 horas do seu tempo de trabalho para ir à escola. Proibiu os trabalhos infantil e 1842 feminino nas minas. O direito de formar sindicatos 1871 foi legalizado. Limitou o trabalho das mulheres a 56 horas e meia nas 1878 fábricas de algodão e a 60 nas outras fábricas. Instituiu os primeiros sistemas 1908 de seguro social. Estabeleceu a jornada de 8 1919 horas diárias.

Representação de petição cartista sendo levada ao Parlamento, 1842. Biblioteca do Partido Comunista, Londres. 81

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Atividades

Temas 4e5

Organizar o conhecimento

5. Leia o texto a seguir e responda às questões 5 e 6.

1. Escreva 1 para o tempo da natureza ou 2 para o a)

Os camponeses acordam com o canto do galo.

b)

Os comerciários começam a trabalhar às 8 horas.

c)

Os operários das fábricas almoçam entre 11h30 e 13h30.

d)

As crianças só param de brincar quando estão muito cansadas.

e)

Os pastores tosam as ovelhas no início do verão.

f)

A jornada de trabalho no Brasil é de 44 horas semanais.

g)

As aulas nas escolas do Brasil duram em média 50 minutos.

h)

A piracema, que ocorre entre os meses de outubro e maio, é a subida dos peixes até as cabeceiras dos rios para realizarem a desova e, assim, se reproduzirem.

Multidões indiferentes Assim o pensador Friedrich Engels descreveu a cidade de Londres quando a visitou em 1840:

“Esta enorme centralização, este amon­toado de 2,5 milhões de seres humanos num único local [...]. A multidão que cobre as ruas tem já em si qualquer coisa de repugnante, que revolta a natureza humana. Essas centenas de milhares de pessoas de todos os estados e condições, que se apressam e se acotovelam, não são porventura todas elas seres humanos possuindo as mesmas qualidades e capacidades e o mesmo interesse na busca da felicidade? [...] E todavia, as multidões cruzam-se como se nada tivessem em comum, como se nada tivessem a fazer em conjunto [...].”

2. E sua vida, segue mais o tempo da natureza ou o do relógio? Pense sobre isso e faça uma lista de suas atividades diárias, organizando-as em um quadro com duas colunas: tempo da natureza e tempo do relógio.

3. Numere, cronologicamente, estes acontecimentos. a)

b)

Na Carta do Povo, trabalhadores ingleses reivindicavam, entre outras coisas, o sufrágio universal masculino. Com a Revolução Gloriosa, constituiu-se na Inglaterra um governo comprometido com os interesses da burguesia.

c)

A invenção da máquina a vapor foi uma das principais marcas da industrialização inglesa.

d)

A Organização Internacional do Trabalho estabeleceu a jornada de 8 horas diárias.

e)

A legalização dos sindicatos na Inglaterra fortaleceu as lutas operárias.

f)

O movimento de quebra-máquinas foi uma das primeiras reações dos trabalhadores à industrialização inglesa.

ENGELS, Friedrich. A situação da classe trabalhadora em Inglaterra. Lisboa: Presença, 1975. p. 43-44.

a) Quais eram as características da multidão? b) Que grupos sociais fariam parte da multidão? c) Por que a multidão seria prejudicial à natureza humana? Opinar

6. Exponha seu ponto de vista para os colegas. a) Na sua opinião, como se forma a multidão? b) “E todavia, as multidões cruzam-se como se nada tivessem em comum, como se nada tivessem a fazer em conjunto [...].” O que você entende por essa frase? c) Essa descrição poderia ser aplicada às grandes cidades do Brasil atual? Justifique. d) Você concorda que fazer parte de uma multidão faz as pessoas se sentirem sós? Justifique.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

tempo do relógio.

Produzir um texto

7. A cidade é um local onde as pessoas estão mais

Aplicar

4. Sublinhe a expressão que não faz parte do grupo e explique a sua escolha. ludismo trade unions

movimento cartista greves

fontes de energia

associação de trabalhadores

próximas, circulam e entram em contato umas com as outras. Contudo, as grandes cidades têm sido também o lugar da solidão, onde crescem os casos de stress, síndrome do pânico e depressão. Redija um texto propondo medidas que garantam uma vida mais saudável e feliz nas pequenas, médias e grandes cidades.

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Desafio! 1. (Fatec-SP) A Revolução Inglesa de 1688, a Revolu-

ções do homem com o trabalho. As máquinas mudaram as formas de trabalhar, e as fábricas concentraram-se em regiões próximas às matérias-primas e grandes portos, originando vastas concentrações humanas. Muitos dos operários vinham da área rural e cumpriam jornadas de trabalho de 12 a 14 horas, na maioria das vezes em condições adversas. A legislação trabalhista surgiu muito lentamente ao longo do século XIX e a diminuição da jornada de trabalho para oito horas diárias concretizou-se no início do século XX.

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ção Gloriosa, assinala um momento significativo na adoção dos princípios do liberalismo. Entre as medidas adotadas e que confirmam essa afirmação, destacam-se: a) a exclusão da nobreza do Parlamento, garantindo-se assim a maioria da burguesia, e a abolição das sociedades por ações na organização das empresas industriais. b) o reconhecimento da Declaração de Direitos, limitando o poder do rei em face do Parlamento, e a promulgação do Ato de Tolerância, pondo fim à perseguição religiosa contra os dissidentes protestantes. c) a revogação dos Atos de Navegação, que protegiam determinados grupos mercantis, e o reconhecimento do direito de organização para os trabalhadores urbanos. d) a abolição dos tributos feudais da posse da terra e dos censos eleitorais para o preenchimento das cadeiras do Parlamento. e) a eliminação dos tories, partidários de um poder real forte, e a devolução aos camponeses das terras usurpadas durante os cercamentos.

a) a expansão do capitalismo e a consolidação dos regimes monárquicos constitucionais. b) a expressiva diminuição da oferta de mão de obra, devido à demanda por trabalhadores especializados. c) a capacidade de mobilização dos trabalhadores em defesa dos seus interesses. d) o crescimento do Estado ao mesmo tempo em que diminuía a representação operária nos parlamentos. e) a vitória dos partidos comunistas nas eleições das principais capitais europeias.

2. (Enem-MEC) A Revolução Industrial ocorrida no final do século XVIII transformou as rela-

3. (Enem-MEC) “Um operário desenrola o arame, o outro o endireita, um terceiro corta, um quarto o afia nas pontas para a colocação da cabeça do alfinete; para fazer a cabeça do alfinete requerem-se 3 ou 4 operações diferentes.” SMITH, Adam. A riqueza das nações: investigação sobre a sua natureza e suas causas. São Paulo: Nova Cultural, 1985. v. 1.

Pode-se afirmar que as conquistas no início deste século, decorrentes da legislação trabalhista, estão relacionadas com:

A respeito do texto e do quadrinho são feitas as seguintes afirmações. I. Ambos retratam a intensa divisão do trabalho, à qual são submetidos os operários. II. O texto refere-se à produção informatizada e o quadrinho, à produção artesanal. III. Ambos contêm a ideia de que o produto da atividade industrial não depende do conhecimento de todo o processo por parte do operário.

Dentre essas afirmações, apenas: a) I está correta. b) II está correta. c) III está correta. d) I e II estão corretas. e) I e III estão corretas.

Tirinha de Frank e Ernest.

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Em foco

A exploração do trabalho infantil

• Crianças no mundo do trabalho Na época da Revolução Industrial, a exploração do trabalho dos operários tornou-se fonte de enormes lucros para os empresários. Preocupados em pagar salários cada vez mais baixos, os donos de fábricas empregavam muitas crianças, grande parte delas recrutada nos orfanatos ingleses. Passados mais de 200 anos, a exploração do trabalho infantil ainda é muito praticada em diferentes regiões do mundo, principalmente em países de industrialização mais recente, como o Brasil. Em todo o mundo, várias organizações oficiais e não oficiais dedicam-se a combater a exploração do trabalho infantil. No entanto, apesar da ação dessas entidades e do controle de muitos governos, crianças continuam deixando os brinquedos e a escola para se dedicar ao trabalho. Conheça agora um pouco da história do trabalho infantil na Inglaterra, nos primeiros tempos da industrialização.

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Cartaz da campanha de combate ao trabalho infantil, produzido pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), 2005.

• O cotidiano nos campos

Ilustração representando criança durante o trabalho de acender lamparinas nas ruas de Londres, retirada da obra The Costume of Great Britain, de William Pyne, 1808. Museu de Ciências, Londres.

Nas áreas rurais, os meninos começavam a trabalhar desde muito pequenos, ajudando os pais nas tarefas diárias. No entanto, ao contrário do trabalho repetitivo das fábricas, as atividades no campo envolviam diferentes tarefas: semeadura, ordenha das vacas, construção de estábulos e galinheiros, alimentação dos animais etc. As meninas ajudavam em casa a preparar o pão e a comida. No fim da tarde, a família se reunia para o jantar e, principalmente no inverno, as pessoas podiam conversar durante horas, aproveitando para realizar outras tarefas, como fiar, tecer, fabricar calçados, mesas e outros artigos. As festas e as feiras de mercadores eram momentos esperados pelas famílias, ocasião em que podiam encontrar pessoas diferentes e se divertir.

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Fonte 1

Oliver Twist e a sociedade industrial inglesa

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O escritor inglês Charles Dickens (1812-1870) é famoso por seus contos e romances, como Oliver Twist, publicado em 1838 na forma de folhetins semanais. Na obra, o escritor denuncia as condições de vida da população mais pobre na sociedade inglesa do século XIX. O personagem Oliver Twist é um menino que vive em um orfanato e aos 9 anos é enviado para trabalhar em uma fábrica. “Na ocasião em que uma criança conseguia existir com uma escassíssima porção de alimentos, acontecia, oito vezes em dez casos, que a infame criança tinha a maldade de cair doente de frio e de fome ou deixar-se cair no fogo por descuido; então partia a desgraçada criaturinha para o outro mundo, onde ia encontrar os pais que não conhecera neste. [...] Tal sistema de educação não daria às crianças muita força nem grossas banhas. No dia em que completou 9 anos, Oliver Twist era um pirralho, amarelo como um defunto e singularmente magro. [...] Fosse como fosse, completava ele 9 anos e estava nesse dia no depósito de carvão com dois companheiros, que receberam com ele uma dose de bofetões e foram metidos no dito depósito, por terem tido a audácia de dizer que estavam com fome [...].” DICKENS, Charles. Oliver Twist. São Paulo: Hedra, 2002. p. 28.

• Crianças na cidade Nas cidades, a vida das crianças mudou completamente. Primeiro, o tempo de convívio com a família diminuiu, pois as longas jornadas de trabalho impediam que pais e filhos pudessem desfrutar dos momentos de conversa que tinham no campo. Nas cidades, também, as crianças perderam o estreito contato que tinham com a natureza. Já não podiam nadar no rio, subir em árvores nem andar a cavalo. A paisagem era outra: ruas sujas e estreitas, moradias apertadas e fétidas, céu escurecido pela fumaça das chaminés.

• O trabalho infantil nas fábricas Inicialmente, só as crianças abandonadas em orfanatos eram entregues aos patrões para trabalharem como aprendizes nas fábricas ou nas minas. Com o tempo, crianças que tinham família seguiram o mesmo caminho. As crianças começavam a trabalhar por volta dos 6 anos de idade. O trabalho era monótono e muito cansativo, e o salário correspondia, em média, à quinta parte do que era pago aos adultos. O turno de trabalho normalmente se estendia das 5 horas da manhã até as 7 horas da noite, ou seja, as crianças trabalhavam 14 horas por dia. Acidentes de trabalho e doenças decorrentes das condições insalubres das fábricas ocorriam com frequência. Muitas crianças perderam dedos, mãos ou braços nas fábricas inglesas.

Fonte 2

Ilustração do relatório da Comissão de Trabalho Infantil que representa crianças trabalhando em mina de carvão no condado de Cheshire, Lancashire, Inglaterra, 1842. Museu de Ciências, Londres.

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Em foco

Fonte 3

Fonte 4

Lembranças de Robert Blincoe “A primeira tarefa dada a Robert Blincoe foi a de apanhar o algodão que caía no chão, embaixo do tear mecânico.

BROWN, John. Trecho da biografia de Robert Blincoe, publicado no jornal The Lion, 15 de janeiro de 1828. The National Archives Learning Curve. Disponível em www.spartacus.schoolnet.co.uk. Acesso em 26 nov. 2008.

Criança de 11 anos carrega toras de madeira em carvoaria. Alagoinhas, Bahia, 2006.

• Castigo nas fábricas O longo e extenuante trabalho nas fábricas têxteis inglesas deixava as crianças muito cansadas e sonolentas. Quando diminuíam a velocidade de suas tarefas, as crianças recebiam socos e outros tipos de castigo para se manterem acordadas e produtivas. Em algumas fábricas, por exemplo, os supervisores as mergulhavam em cisternas, de cabeça para baixo, para que não adormecessem. Também havia castigos para as crianças que chegavam atrasadas ao trabalho ou que conversassem durante as atividades. Aquelas que fugiam das fábricas eram presas e fichadas na polícia. Além de sofrerem com a extensa jornada de trabalho e a violência física, as crianças ainda eram ameaçadas pelos seus patrões de perderem o emprego caso se queixassem dos maltratos a que eram submetidas. A extrema exploração do trabalho infantil na Inglaterra ficou registrada nos diversos relatórios e depoimentos do período, como os que você vai ler em seguida. A repercussão que essas denúncias tiveram contribuiu para a progressiva regulamentação do trabalho infantil pelas autoridades britânicas.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Aparentemente, nada poderia ser mais fácil, mas ele estava muito apavorado pelo movimento giratório e pelo barulho da maquinaria. Ele também não suportou o pó e a fumaça que o deixavam sufocado. Ele logo se sentiu doente e constantemente parava de trabalhar, pois suas costas doíam de tanto agachar. Blincoe achava que era livre para sentar e descansar, mas logo descobriu que isso era estritamente proibido nas fábricas têxteis. O seu inspetor, Sr. Smith, lhe disse que tinha que ficar em pé [...].”

Ilustração de crianças trabalhando em fábrica de tecidos de algodão, de A. Hervieu, retirada da obra The life and adventures of Michael Armstrong, the factory boy, da escritora inglesa Frances Trollope, 1840. Biblioteca Britânica, Londres.

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ATIvIdAdEs Organize o conhecimento

1. Assinale as afirmativas incorretas e as corrija. a)

Na Inglaterra, o trabalho infantil iniciou-se apenas com o surgimento das fábricas.

b)

A idade e o sexo dos operários eram fatores que determinavam o valor de seus salários nas fábricas.

c)

Nas cidades, as crianças inglesas mantinham o mesmo contato com a natureza que tinham nos campos.

d)

As crianças tinham uma dura rotina de trabalho nas fábricas. As jornadas de trabalho eram longas, os acidentes ocorriam com frequência e as condições insalubres acarretavam muitas doenças.

2. Responda às questões. Gravura de 1820 representando adulto que ensina a meninas o ofício em uma fábrica.

Fonte 5

Lembranças de John Birley “Nosso turno era das cinco da manhã até nove ou dez da noite; e, no sábado, até às onze e, frequentemente, até às doze horas da noite. E ainda nos faziam vir no Retrato de John Birley, domingo para limpar a mamaio de 1849. quinaria. Não havia tempo para o café da manhã, não se podia sentar durante o jantar e não nos davam nenhum tempo para tomar chá. Nós chegávamos à fábrica às cinco horas da manhã e trabalhávamos até aproximadamente às oito ou nove horas, quando nos traziam o nosso café da manhã, que consistia em mingau de aveia com bolo e cebolas para dar mais sabor à comida. O jantar consistia em bolo de aveia e leite [...] Nós bebíamos o leite e com o bolo em nossa mão voltávamos a trabalhar, sem sentar.” Depoimento de John Birley ao jornal The Ashton Chronicle, 19 de maio de 1849. The National Archives Learning Curve. Disponível em www.spartacus.schoolnet.co.uk. Acesso em 26 nov. 2008.

a) Que castigos as crianças sofriam nas fábricas inglesas? Quais eram os motivos dos castigos? b) Como as crianças podiam ser castigadas fora das fábricas? Analise e compare as fontes

3. Releia a fonte 1 e responda às questões. a) De acordo com o texto, quais eram as principais causas de mortandade entre as crianças pobres inglesas? b) Que tipo de maus-tratos Oliver Twist sofreu na fábrica na qual trabalhava? Por quê? c) Na sua opinião, quais seriam as intenções de Charles Dickens ao escrever essa obra?

4. Analise as fontes 2 e 3. a) Descreva a ilustração da fonte 2. b) Anote o local, a data e a cena da fonte 3. c) Comparando as duas fontes, o que nos chama a atenção? O que há de comum entre elas? Debate na história

5. Responda às questões sobre as fontes 4 e 5. a) Qual era o papel do inspetor descrito na fonte 4? b) Que situações relatadas nas duas fontes podiam prejudicar a saúde das crianças? c) Na sua opinião, qual era o objetivo de proibir determinados comportamentos nas fábricas?

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Compreender um texto Serafina discute o trabalho infantil Serafina é um personagem da literatura, familiar a algumas crianças e adolescentes. Alegre, mas questionadora, vasculha diversos assuntos que interessam a garotos e garotas de sua idade. No livro Serafina e a criança que trabalha: histórias de verdade, Serafina nos leva a uma viagem pelo Brasil, investigando a permanência do trabalho infantil em nosso país. As histórias de crianças e adolescentes contadas por Serafina são reais, vividas por meninos e meninas que conhecem a dura realidade de terem que trabalhar desde cedo. O trecho retirado do livro faz parte do diário de um garoto que trabalha como entregador de pão durante a madrugada. O texto desse diário foi escrito por Serafina em um momento em que imaginava como deveria ser um dia na vida daquele menino.

Serafina, personagem da literatura infantojuvenil.

diário: “Hoje,Querido sexta-feira, a Kombi do seu Luiz passou um pouco antes das 3 da madrugada. Ainda bem que não estava fazendo muito frio. A noite de lua cheia estava clara e estrelada. E os cachorros uivavam, em vez de latir. Só podia ser sinal de algum lobisomem no pedaço. É, eu sou assim, gosto de inventar histórias quando acordo, para ver se espanto o sono. Só que quase nunca dá certo. A gente acorda mesmo na hora em que começa a levar aqueles cestos pesados da padaria para a Kombi.

Quando o seu Luiz dá a partida, o negócio é ficar de olho bem aberto e corpo muito esperto, principalmente na hora de pular com a perua andando. Qualquer descuido, um pisão em alguma pedra... é tombo na certa! Ainda bem que a chuva tinha passado. Só assim para minha mãe parar de rezar e voltar para cama depois que eu saio de casa. E ainda bem, também, que a cachorrada toda estava mais interessada em correr atrás do lobisomem do que da gente.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Diário de um adolescente que trabalha

Criança vendendo amendoim no Elevado Costa e Silva, popularmente conhecido como Minhocão, em São Paulo, 2007. 88

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Atividades Localize a informação

1. Numere os eventos na ordem em que apare-

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cem. a)

Ele percebe que a chuva tinha passado e que a mãe não precisava mais rezar, podendo então dormir.

b)

Faz a lição de casa, almoça e vai para a escola.

c)

Toma um lanche, escreve no diário e vai dormir.

d)

A Kombi é carregada com cestos de pães.

e)

Chega em casa pela manhã e consegue dormir até o meio-dia.

f)

O garoto acorda antes das 3 horas da madrugada para trabalhar.

Analise e interprete

2. Responda às questões. Criança catadora de lixo trabalhando no lixão da Estrutural, em Brasília, 2008.

O mais difícil, como sempre, foi a entrega depois da ponte, onde as casas são mais esparramadas. Se bobear, a gente tem que disparar atrás da Kombi, que anda mais devagar, mas não para para esperar, não. Daí, é só canseira o resto do dia. Não dá nem para prestar atenção direito na explicação da professora. Hoje, eu cheguei em casa às 8 da manhã e dormi só até meio-dia, pois antes de almoçar e ir para a escola eu ainda tinha que fazer a lição de casa. Agora já são 8 da noite e eu ainda estou conseguindo escrever porque o café que tomei com pão, em vez de comida, fez meu sono chegar atrasado. Mas agora, que ele já veio com força total, só estou conseguindo enxergar a minha cama. Boa noite, diário. Acho que só volto no domingo que, como você sabe, é meu único dia de folga. Além disso, vai dar para variar um pouco de assunto. Marquei um encontro com minha nova namorada... Só que ainda é segredo, não contei para ninguém.

a) Qual é a condição social do garoto? Justifique. b) Qual atividade do garoto é descrita com mais detalhes? c) Qual atividade foi descrita superficialmente? d) Por que no diário há eventos que recebem mais atenção e outros que são tratados superficialmente? e) Qual é a diferença, na vida do garoto, entre o domingo e os demais dias da semana? f) Com base no relato, resuma a rotina diária dessa criança.

3. Você tem um diário? Se você não tem, que tal fazer uma tentativa? a) Anote, em um caderno, os acontecimentos de apenas um dia da sua vida (como foi o dia com sua família, com seus amigos etc.). b) Compare as suas anotações com as do garoto. Escreva as diferenças entre os dois diários. Debate na história

4. Que diferenças e semelhanças existem entre a exploração do trabalho infantil durante a Revolução Industrial e a atual? Discuta o assunto com o professor e seus colegas, destacando os efeitos da exploração do trabalho infantil para o desenvolvimento da criança.

PORTO, Cristina e outros. Serafina e a criança que trabalha: histórias de verdade. São Paulo: Ática, 1996. p. 28-29. 89

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ARARIBÁ HISTÓRIA

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Organizadora: Editora Moderna Obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna. Editora Executiva: Maria Raquel Apolinário

3a edição

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© Editora Moderna 2010

Elaboração dos originais: Maria Raquel Apolinário Bacharel e licenciada em História pela Universidade de São Paulo (USP). Professora da rede estadual e municipal de ensino por 12 anos. Editora. Nubia Andrade e Silva Bacharel e licenciada em História pela Universidade de São Paulo (USP). Especialista em História, Sociedade e Cultura pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Editora. Eduardo Augusto Guimarães Bacharel e licenciado em História pela Universidade de São Paulo (USP). Mestre em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Professor da rede particular de ensino por 6 anos. Editor. Rosane Cristina Thahira Bacharel e licenciada em História pela Universidade de São Paulo (USP). Editora. Ricardo Augusto Haltenhoffi Melani Mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Cristina Mura Bacharel e licenciada em História pela Universidade de São Paulo (USP). Mestre em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP). Nelson Bacic Olic Bacharel em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP). Professor da Universidade Aberta à Maturidade (PUC-SP). Professor da rede particular de ensino por 27 anos. Vanessa Gregorut Bacharel em História pela Universidade de São Paulo (USP). Editora. Paulo Camargo de Oliveira Mestrando em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Alexandre Alves Doutor em História Econômica pela Universidade de São Paulo (USP). Pesquisador-colaborador no Departamento de História da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Coordenação editorial: Maria Raquel Apolinário Edição de texto: Vanessa Gregorut, Nubia Andrade e Silva, Eduardo Augusto Guimarães, Pamela Shizue Goya Consultoria histórica: Júlio Pimentel Assistência editorial: Cíntia Medina, Gabriele C. B. Santos, Tathiane Gerbovic, Clara Fernandes Peres, Vivian Kaori Ehara, Carlos Eduardo Silveira Matos Preparação de texto: Sérgio Roberto Torres Coordenação de design e projetos visuais: Sandra Botelho de Carvalho Homma Projeto gráfico: Everson de Paula Capa: Aurélio Camilo Foto de capa: Habitat 67, complexo residencial em Montreal, Canadá, criação do arquiteto Moshe Safdie. © Michael Harding/Arcaid/Corbis/Latinstock Coordenação de produção gráfica: André Monteiro, Maria de Lourdes Rodrigues Coordenação de arte: Wilson Gazzoni Agostinho Edição de arte: Renata Susana Rechberger Editoração eletrônica: Grapho Editoração Edição de infografias: William Hiroshi Taciro, Tathiane Gerbovic, Daniela Máximo, Ana Claudia Fernandes Ilustrações: Eduardo Asta, Estúdio Ilustranet, Erika Onodera, Marcelo Pliger, Rogério Soud, São Longuinho Design Cartografia: Alessandro Passos da Costa, Anderson de Andrade Pimentel, Fernando José Ferreira Coordenação de revisão: Elaine Cristina del Nero Revisão: Denise de Almeida, Márcia Leme, Maristela Carrasco Coordenação de pesquisa iconográfica: Ana Lucia Soares Pesquisa iconográfica: Ana Claudia Fernandes, Carol Böck, Felipe Campos, Leonardo de Sousa Klein, Etoile Shaw, Odete Ernestina Pereira, Elaine Bueno, Ellen Silvestre, Denise Durand Kremer As imagens identificadas com a sigla CID foram fornecidas pelo Centro de Informação e Documentação da Editora Moderna. Coordenação de bureau: Américo Jesus Tratamento de imagens: Arleth Rodrigues, Bureau São Paulo, Fabio N. Precendo, Pix Art, Rubens M. Rodrigues, Wagner Lima Pré-impressão: Alexandre Petreca, Everton L. de Oliveira Silva, Helio P. de Souza Filho, Marcio Hideyuki Kamoto Coordenação de produção industrial: Wilson Aparecido Troque Impressão e acabamento: Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Projeto Araribá: história: ensino fundamental / obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna; editora executiva Maria Raquel Apolinário. — 3. ed. — São Paulo: Moderna, 2010.

Obra em 4 v. para alunos do 6o ao 9o ano. “Componente curricular : História” Bibliografia.

1. História (Ensino fundamental) I. Apolinário, Maria Raquel.

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CDD-372.89

Índices para catálogo sistemático: 1. História: Ensino fundamental 372.89 ISBN 978-85-16-06850-9 (LA) ISBN 978-85-16-06851-6 (LP) Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados EDITORA MODERNA LTDA. Rua Padre Adelino, 758 - Belenzinho São Paulo - SP - Brasil - CEP 03303-904 Vendas e Atendimento: Tel. (0_ _11) 2602-5510 Fax (0_ _11) 2790-1501 www.moderna.com.br 2010 Impresso no Brasil 1 3 5 7 9 10 8 6 4 2

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Apresentação

O

s livros desta coleção foram feitos para você gostar de estudar História e descobrir que os conteúdos dessa disciplina estão muito próximos da realidade que você vive, da escola em que estuda, do país que habita. Ao fazer as atividades propostas, você ampliará sua capacidade de ler diferentes tipos de texto, analisar imagens, debater ideias e expressar suas opiniões. Acima de tudo, você irá expandir seus conhecimentos e perceber como é importante construir uma atitude solidária na relação com as pessoas e responsável na relação com a natureza. Os temas que você irá estudar na seção Em foco brotaram de assuntos ligados aos alimentos, às crenças, ao trabalho, ao patrimônio cultural do Brasil e de outros países, à preocupação com o corpo e a saúde, entre muitos outros. Estude-os com atenção e realize as atividades de análise das fontes. Como um detetive e um historiador, você irá aguçar o seu olhar e descobrir que as coisas boas que conquistamos, inclusive o aprendizado, são sempre fruto do nosso esforço pessoal. Um ótimo estudo!

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Organização da Unidade Um livro organizado O seu livro tem oito unidades, divididas em duas partes: as páginas de estudo dos temas e as páginas da seção Em foco.

As páginas de abertura da Unidade trazem imagens e questões que procuram investigar o que você já sabe sobre o assunto.

Estudo dos temas Os temas selecionados para o estudo da Unidade sempre começam com uma ideia central do conteúdo que você vai estudar. Exemplo de tema: Revolução e ditadura na América Latina. Nas páginas de estudo dos temas há ainda fotos, mapas e outras representações visuais que complementam o conteúdo e auxiliam a compreensão dos conteúdos. A seção Ampliando conhecimentos destaca um tema relacionado ao conteúdo que está sendo estudado e pode ser uma cidade, um monumento ou um fato histórico. A proposta é desenvolvida por meio de infográficos, um tipo de informação fortemente visual que mistura texto e ilustração.

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Na seção Um problema você vai conhecer algumas polêmicas na história e responder às questões propostas para cada caso.

As palavras ou expressões destacadas nessa vinheta remetem à seção Vocabulário em contexto do Guia de estudo.

As questões desta seção exercitam a habilidade de compreender conteúdos textuais e visuais.

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Atividades organizadas As questões propostas no bloco de Atividades são basicamente de dois tipos: as que visam à construção de um relato e as de ampliação do conhecimento. Atividades de construção de um relato • Organizar o conhecimento • Aplicar • Produzir um texto • Na linha do tempo

Desafio Uma novidade desta edição, a seção Desafio traz questões de vestibulinhos, vestibulares e do Enem.

Atividades de ampliação • Personagem • Edifícios daquele tempo • Arte e história • Ontem e hoje • Mapas históricos

As monografias e a análise de fontes históricas Cada Unidade inclui a seção Em foco, uma espécie de monografia em que você vai estudar com mais detalhes um tema relevante para o estudo da Unidade, relacionando melhor o passado e o presente.

As atividades da seção Em foco visam desenvolver a sua capacidade de analisar as fontes históricas. O objetivo é que você exercite, aos poucos, o método da investigação, essencial no ofício do historiador.

Compreender um texto A seção Compreender um texto traz diferentes tipos de textos (lendas, artigos jornalísticos e de historiadores, documentos oficiais, poemas), que o estimulam a gostar de ler e a compreender as leituras que faz.

Trabalho em equipe A cada duas unidades, há propostas orientadas de Trabalho em equipe. Você e seus colegas irão redigir um manifesto, escrever um cordel, entre outras atividades.

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As atividades desta seção exercitam a habilidade de extrair informações de um texto, estabelecer relações com o conhecimento aprendido, debater ideias e elaborar conclusões.

Os passos definidos para realizar o trabalho em equipe auxiliam a planejar a tarefa e a executá-la de forma organizada e funcional.

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Sumário

Unidade 1

A ERA DO IMPERIALISMO TEMA 1 – Segunda Revolução Industrial .............................................................................12 A expansão da Revolução Industrial - 12, A expansão industrial da Rússia e do Japão - 13, A industrialização nos Estados Unidos - 14, A era do capitalismo financeiro - 14, Da concorrência aos oligopólios - 15

TEMA 2 – As novas tecnologias ....................................................................................................16 A indústria e os novos inventos - 16, Os transportes e as comunicações - 17, As condições de trabalho durante a Segunda Revolução Industrial - 18

TEMA 3 – A era dos impérios ...........................................................................................................19 A expansão colonial capitalista - 19, Estratégias de colonização - 20, O império colonial britânico - 20, A Guerra dos Boxers - 21, A Rebelião Ashanti - 21 Ampliando conhecimentos – A divisão do grande bolo colonial .................................................22 Atividades – Temas 1 a 3 ................................................................................................................................24 • Personagem – Os samurais - 25

TEMA 4 – O surgimento da sociedade de massas ........................................................26 O crescimento populacional - 26, As migrações ultramarinas - 27, A formação de um imenso mercado - 27, A indústria alimentar - 28

TEMA 5 – Arte moderna: entre a cultura popular e a cultura erudita ........29 Nova cultura, nova arte - 29, A arte da vida moderna - 30, A inspiração fora da Europa - 30, O cinema e a nova cultura de massas - 31 Atividades – Temas 4 e 5 ................................................................................................................................32 Em foco – A expansão imperialista na África...........................................................................................34 Compreender um texto – Como a Europa vê a África ........................................................................40

Unidade 2

A REPÚBLICA CHEGA AO BRASIL TEMA 1 – A proclamação da república no Brasil ............................................................44 O movimento republicano - 44, A questão militar - 45, O golpe de 15 de novembro - 45, A República da Espada (1889-1894) - 46, A República das Oligarquias (1894-1930) - 47

TEMA 2 – A Guerra de Canudos .....................................................................................................50 Uma epopeia no sertão da Bahia - 50, Antônio Conselheiro: um peregrino do sertão - 50, A formação de Canudos - 51, A guerra contra Canudos - 51

TEMA 3 – Cangaço: uma guerra no sertão ..........................................................................52 A origem do cangaço - 52 Atividades – Temas 1 a 3 ................................................................................................................................54 • Personagem – Maria Bonita - 55

TEMA 4 – A industrialização e o crescimento das cidades ..................................56 Em novas terras - 56, Investimentos nas cidades - 57, Os cortiços e as vilas operárias - 57

TEMA 5 – O movimento operário na Primeira República .......................................58 A vida nas fábricas - 58, O início da organização operária - 58, As primeiras lutas e conquistas operárias - 59 Ampliando conhecimentos – A Semana de 1922 ...............................................................................60 Atividades – Temas 4 e 5 ................................................................................................................................62 • Personagem – A revolta dos marinheiros .............................................................................................64 • Conceitos históricos – O messianismo ..................................................................................................65 Em foco – A reforma urbana do Rio de Janeiro ......................................................................................66 Compreender um texto – Os aluguéis na cidade do Rio de Janeiro .............................................70 Trabalho em equipe 1 – Escrever um cordel..........................................................................................72

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Unidade 3

A PRIMEIRA GUERRA E A REVOLUÇÃO RUSSA TEMA 1 – Antes da guerra .................................................................................................................76 O triunfo do modo de vida burguês – 76, Fatores da Primeira Guerra Mundial – 77, A faísca no barril de pólvora – 78

TEMA 2 – A guerra e seus resultados ......................................................................................79 Explode o barril de pólvora - 79, Da guerra rápida à guerra de trincheiras - 79, Os combates na Frente Oriental - 80, Os Estados Unidos entram na guerra - 80, A paz dos vencedores - 81, O mundo após a guerra - 82 Ampliando conhecimentos – A vida no front .......................................................................................83 Atividades – Temas 1 e 2 ................................................................................................................................84 • Ciência e tecnologia – Tecnologia da destruição - 85 TEMA 3 – A Rússia dos czares ........................................................................................................86 O fim da servidão na Rússia - 86, Um país de contrastes - 86, O Domingo Sangrento e a Revolução de 1905 - 87, A Rússia na Primeira Guerra Mundial - 87

TEMA 4 – A revolução socialista na Rússia ........................................................................88 Bolcheviques e mencheviques - 88, A Revolução de Fevereiro - 88, A Revolução de Outubro - 89, A guerra civil e o comunismo de guerra - 90, A Nova Política Econômica - 90, A ditadura de Stalin - 91

TEMA 5 – A arte e a cultura na Europa dos anos 1920 .............................................92 A recuperação europeia - 92, A crise da civilização europeia - 92, O Dadaísmo - 93, Josephine Baker - 93, A arte na União Soviética - 94, O poder do rádio - 94 Ampliando conhecimentos – Dois estilos de arte na União Soviética ........................................95 Atividades – Temas 3 a 5 ................................................................................................................................96 Em foco – A guerra e a morte........................................................................................................................98 Compreender um texto – Os operários na Rússia ............................................................................ 102

Unidade 4

A CRISE DO CAPITALISMO E A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL TEMA 1 – Os anos 1920 e a Grande Depressão ............................................................ 106 Os “loucos” anos 1920 - 106, A tempestade se anuncia... - 106, O mundo desaba: a crise de 1929 - 107, Os efeitos mundiais da crise - 107, A adoção do New Deal - 108, Novos mandatos de Roosevelt - 109

TEMA 2 – Os regimes autoritários tomam conta da Europa ............................ 110 Entre a revolução e o nazifascismo - 110, Características dos regimes totalitários - 110, A Itália às vésperas do fascismo - 111, Os fascistas marcham sobre Roma - 111

TEMA 3 – Uma experiência dolorosa: o nazismo alemão ................................... 112 O saldo da guerra para a Alemanha - 112, Uma “solução” extrema: o Partido Nazista - 113, A crise de 1929 e a ascensão do nazismo - 113, O putsch de Munique e o Mein kampf - 113, Os nazistas tomam o poder - 114, A expansão alemã - 114, A Luftwaffe na Guerra Civil Espanhola - 115 Atividades – Temas 1 a 3 ............................................................................................................................. 116 • Personagem – Bertolt Brecht - 117

TEMA 4 – A expansão do Eixo e a Segunda Guerra Mundial ............................ 118 A Alemanha de Hitler - 118, As ambições do Japão e da Itália - 118, O expansionismo na década de 1930 - 119, O acordo de Munique: o aval para a guerra - 119

TEMA 5 – A eclosão da guerra: o avanço do Eixo........................................................ 120 A invasão da Polônia: o início da guerra - 120, A guerra em compasso de espera - 121, A conquista da Europa Ocidental - 121, A França e a República de Vichy - 122, O Eixo a caminho do leste - 122

TEMA 6 – O avanço dos aliados .................................................................................................. 123 A Operação Barbarossa - 123, Os Estados Unidos entram na guerra - 123, Os aliados tomam a ofensiva - 123, A última fase da guerra - 124, O fim do Reich - 125, O mundo depois da guerra - 125 Ampliando conhecimentos – O Dia D .................................................................................................. 126 Atividades – Temas 4 a 6 ............................................................................................................................. 128 Em foco – O cotidiano dos civis durante a guerra .............................................................................. 130 Compreender um texto – Os inimigos da Alemanha nazista ....................................................... 134 Trabalho em equipe 2 – Redigir um manifesto.................................................................................. 136

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Sumário

Unidade 5

A ERA VARGAS TEMA 1 – A Revolução de 1930 e o Governo Provisório ...................................... 140 Fim da política do café com leite - 140, O pretexto para a tomada do poder - 141, A Revolução de 1930 - 141, O Governo Provisório - 142 TEMA 2 – Entre a ditadura e o governo constitucional ........................................ 143 A Assembleia Constituinte - 143, A Constituição de 1934 - 143, Integralistas e comunistas - 144, Prepara-se o regime autoritário - 144

TEMA 3 – A ditadura do Estado Novo ................................................................................... 145 À espera das eleições - 145, O golpe que instituiu o Estado Novo - 145, O crescimento da economia brasileira - 146, Estatização da economia - 146, Nacionalização do petróleo - 147, Organização sindical e leis trabalhistas - 148, O Brasil na Segunda Guerra Mundial - 148, A renúncia de Vargas - 149 Atividades – Temas 1 a 3 ............................................................................................................................. 150 • Personagem – Olga Benário - 151

TEMA 4 – Educação e cultura na era Vargas .................................................................. 152 O que significa ser brasileiro? - 152, Nacionalismo e propaganda - 152, A educação na era Vargas - 153, Erudito ou popular? - 154, O teatro de revista - 154, O cinema nacional - 155, O rádio e a política - 155 Atividades – Tema 4 ...................................................................................................................................... 156 • Arte e história – Graciliano Ramos - 158 Em foco – Nas ondas do rádio ................................................................................................................... 160 Compreender um texto – O Cine Jornal na era Vargas ................................................................... 164

Unidade 6

O MUNDO BIPOLAR TEMA 1 – A Guerra Fria ...................................................................................................................... 168 O mundo como palco de conflitos - 168, Ofensiva política e econômica capitalista - 168, Alianças militares e equilíbrio de forças - 169, O Muro de Berlim - 169 Ampliando conhecimentos – Guerra Fria nas estrelas ................................................................... 170

TEMA 2 – Indústria cultural e esportes .............................................................................. 172 A guerra das imagens - 172, Realidade e ficção nas telas - 172, O enfrentamento esportivo - 173

TEMA 3 – O Estado de bem-estar social ............................................................................. 174 Um novo papel para o Estado - 174, Seguridade social e intervenção econômica - 174 Pressões sobre o Estado de bem-estar - 175, A ofensiva do neoliberalismo - 175 Atividades – Temas 1 a 3 ............................................................................................................................. 176 • Personagem – Martin Luther King - 177

TEMA 4 – A descolonização da África .................................................................................. 178 O processo de descolonização - 178, A Guerra Fria na descolonização - 178, A independência do norte da África - 178, A descolonização da África Subsaariana - 180

TEMA 5 – Revoluções na Ásia ...................................................................................................... 183 A revolução socialista na China - 183, A independência da Indochina - 184, A Guerra do Vietnã – 184, A independência da Índia - 185

TEMA 6 – A questão judaico-palestina............................................................................... 186 Criação do Estado de Israel - 186, A questão palestina - 187, Entre a guerra e a paz - 187, A Intifada e o muro da divisão - 188, O futuro da Autoridade Palestina - 188, E a luta prossegue - 189

TEMA 7 – Revolução e ditadura na América Latina ................................................. 190 A Revolução Cubana - 190, Intervenções na América Latina - 190, A ditadura chilena - 191 Atividades – Temas 4 a 7 ............................................................................................................................. 192 Em foco – A televisão e o cotidiano ......................................................................................................... 194 Compreender um texto – Da novela ao reality show ....................................................................... 198 Trabalho em equipe 3 – Elaborar uma monografia sobre a cultura durante a década de 1960 ....................................................................................................... 200

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Unidade 7

DEMOCRACIA E DITADURA NO BRASIL TEMA 1 – O Brasil depois de 1945 ........................................................................................... 204 O retorno à democracia - 204, A Constituição de 1946 - 204, O governo Dutra - 205, O segundo governo Vargas - 205

TEMA 2 – Os “anos dourados” ..................................................................................................... 207 “Cinquenta anos em cinco” - 207, Desenvolvimento regional - 207, Investimentos estrangeiros - 207, O crescimento econômico - 208, Brasília: o sonho realizado de JK - 208, Um presidente excêntrico: Jânio Quadros - 209

TEMA 3 – O governo João Goulart e o golpe de 1964 ............................................. 210 A batalha pela posse de Jango - 210, Reformas sociais no campo - 210, As reformas de base - 211, O avanço da mobilização social e o golpe - 211 Atividades – Temas 1 a 3 ............................................................................................................................. 212 • Edifícios daquele tempo – Brasília: seus edifícios, seus monumentos - 213

TEMA 4 – O fim das liberdades democráticas .............................................................. 214 Um regime apoiado na repressão - 214, Os custos da estabilização - 214, Novas restrições à democracia - 215, Os anos de chumbo - 215

TEMA 5 – O processo de abertura ............................................................................................ 216 Os descaminhos da abertura - 216, Investimentos em infraestrutura - 216, A reorganização dos trabalhadores e dos estudantes - 217, A caminho da democracia plena - 217

TEMA 6 – A redemocratização e o governo Sarney ................................................. 219 A campanha das diretas - 219, Um imprevisto dramático - 219, O governo José Sarney - 220, Uma nova Constituição - 220

TEMA 7 – A cultura no regime militar .................................................................................. 221 A música de protesto - 221, O cinema novo - 221 Atividades – Temas 4 a 7 ............................................................................................................................. 222 Em foco – Ditadura e resistência ............................................................................................................... 224 Compreender um texto – Deuses da bola........................................................................................... 228

Unidade 8

A NOVA ORDEM MUNDIAL TEMA 1 – O fim da União Soviética ......................................................................................... 232 União Soviética: um mosaico de povos - 232, Uma grande potência industrial - 232, A crise que levou às reformas - 232, As reformas de Gorbatchev - 233, O fim da União Soviética - 233

TEMA 2 – O fim do socialismo no Leste Europeu ....................................................... 234 As revoluções pela democracia - 234, As repúblicas federadas da Iugoslávia - 236, O início da guerra civil - 236, A guerra civil na Bósnia - 237, Novos conflitos na Iugoslávia - 237

TEMA 3 – O poderio dos Estados Unidos ........................................................................... 238 A força norte-americana - 238, As guerras contra o Iraque - 238, O fundamentalismo islâmico - 239 TEMA 4 – A globalização e seus efeitos............................................................................. 240 A globalização da economia - 240, Características da globalização - 240, Atividades – Temas 1 a 4 ............................................................................................................................. 244 • Ontem e hoje – Uma nova crise econômica mundial - 245

TEMA 5 – O Brasil na nova ordem mundial ...................................................................... 246 A volta das eleições para presidente - 246, Governo Collor: o confisco da poupança - 246, A renúncia de Collor - 247, Itamar Franco e o Plano Real - 247, O primeiro mandato de FHC - 248, O fim do governo FHC - 248, O governo Lula - 249 TEMA 6 – Um balanço do Brasil contemporâneo ....................................................... 250 Modernização econômica - 250, O Brasil no século XXI - 251, Melhorias em vários campos - 251, A educação básica no Brasil - 252, A revitalização do cinema - 253 Atividades – Temas 5 e 6 ............................................................................................................................. 254 Em foco – Desafios do novo milênio ....................................................................................................... 256 Compreender um texto – Por uma globalização mais humana .................................................. 262 Trabalho em equipe 4 – Montar um painel......................................................................................... 264

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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269

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Unidade

2

A república chega ao Brasil

O destino dos imigrantes Grande parte dos imigrantes que vieram para o Brasil nos séculos XIX e XX foi trabalhar na agricultura, em especial na lavoura cafeeira paulista. Descontentes com o trabalho nos campos, muitos estrangeiros se estabeleceram em centros urbanos e se tornaram operários em fábricas.

O branqueamento da população Em menos de setenta anos, a população do Brasil mais do que quadruplicou. O número de brancos superou o de negros e passou a representar mais da metade dos habitantes do país. 1872 Total de habitantes 9.930.478 1940

Total de habitantes 41.236.315 Brancos

Trabalhadores imigrantes de uma fábrica de óleo em São Paulo, c. 1900.

Pretos

Pardos

Amarelos

Outros

Fontes: Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Disponível em www.ibge.gov.br. Acesso em 13 jul. 2010; MAUCH, Claudia; VASCONCELOS, Naira (Orgs.). Os alemães no sul do Brasil: cultura, etnicidade e história. Canoas: Ulbra, 1994; MEDICI, Rafael. Em busca de braços ou de brancos: raça e política de mão de obra no Brasil (1817-1888). Dissertação de Mestrado. São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (USP), 2004.

42

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TOTAL

7.423

34.015

138.596

108.934

1883

1874

1873

1864

19.219

20.114 1863

1853

23.069

1854

10.935

4.655

1844

1843

1.180 1833 1834

1824

2.412

Variação do número de imigrantes no Brasil (1824-1973)

247.888

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A república e os imigrantes

A

o longo dos séculos XIX e XX, aproximadamente 5 milhões de imigrantes desembarcaram nos portos brasileiros. As dificuldades econômicas, os conflitos ocorridos em muitas regiões da Europa, da Ásia e do Oriente Médio e a esperança de encontrar melhores condições de vida impulsionaram a vinda dessas pessoas. A imigração, principalmente de origem europeia, foi incentivada por autoridades brasileiras, que pretendiam garantir a efetiva ocupação do território, mão de obra para a lavoura cafeeira em expansão e, por influência das ideologias racistas do século XIX, promover o branqueamento da população brasileira.

Começando a Unidade 1 Que razões levaram os imigrantes a deixar suas regiões de origem e vir para o Brasil? 2 Quais atividades os imigrantes desempenhavam no Brasil? 3 Em qual período houve a diminuição do desembarque de imigrantes nos portos brasileiros? Por que tal fato ocorreu? 4 Destaque duas consequências da chegada de imigrantes a terras brasileiras. 5 O que são sindicatos? Cite alguns que você conhece ou já ouviu falar.

Imigração no Brasil, por nacionalidade (1884-1933) 2,6% 12,8%

7,5%

0,9%

5% 0,8% 12%

10,8% 4,5%

18,2%

19,3%

1894 a 1903

1884 a 1893

3,4% 22,3%

1904 a 1913

38,2% 1,3%

Total 852.110

215.239

Total 883.668

5,8% 18,8%

15,4% 32,7%

4%

Total 503.981

Total 717.223

Alemães

O auge da imigração

Espanhóis

A política de estímulo à imigração estendeu-se até 1930, com a prática da imigração subvencionada. As passagens eram financiadas pelas autoridades brasileiras, e os contratos já estabeleciam os locais e as condições de trabalho, além dos alojamentos nos quais os imigrantes ficariam.

Italianos Japoneses Portugueses Sírios e libaneses

164.831

190.343

9,9%

1924 a 1933

2,9% 17,2%

39,9%

Total 1.006.617

8,7% 7,4%

23%

1914 a 1923

19,5%

63,1%

57,8%

10,3% 4%

Outros

A política de restrição

883.668

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862.110

1.006.627

503.980

737.223

197.477

348.524

459.285

1973

1964

1963

1954

1953

1944

1943

1934

1933

1924

1923

1914

1913

1904

1903

1894

1893

1884

12.521

46.027

72.248

84.549

88.150

118.686

No período da Segunda Guerra Mundial, foram estabelecidas cotas para limitar a vinda de novos imigrantes para o Brasil, principalmente japoneses, alemães e italianos. O Brasil, membro do bloco dos aliados, estava em guerra contra os países do Eixo, de onde vinham esses imigrantes.

69.575

43

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Tema

1

A proclamação da república no Brasil

O

golpe que derrubou a monarquia no Brasil foi conduzido pelos militares, apoiados por um pequeno grupo de republicanos civis.

A ideia de proclamar uma república no Brasil esteve presente desde a época colonial. No entanto, foi apenas na segunda metade do século XIX, com a expansão da lavoura cafeeira e a formação de uma rica camada de fazendeiros no Sudeste, que o projeto republicano conquistou o apoio de um setor social de peso na política nacional. Os cafeicultores do Oeste Paulista passaram a defender uma nova organização política para o Brasil, que assegurasse mais poder para as províncias e, na prática, um controle maior dessa camada social sobre as instituições do Estado. A defesa de um poder maior para as províncias era o ponto central do programa do Partido Republicano Paulista (PRP), fundado em 1873 e formado basicamente por representantes dos cafeicultores de São Paulo. Nos setores urbanos, a república tinha o apoio de profissionais liberais e das alas mais jovens do exército, que combatiam a extrema centralização do regime monárquico. Havia grandes divergências entre os republicanos. O grupo dominante, liderado pelo jornalista Quintino Bocaiuva, pregava que a passagem da monarquia para a república deveria acontecer sem agitações sociais, que poderiam ameaçar a ordem estabelecida. Outros, como o advogado Silva Jardim, criticavam as propostas conservadoras da maioria dos republicanos e defendiam uma ampla mobilização popular para derrubar a monarquia. A propaganda republicana conseguiu poucos adeptos até os anos 1880. A adesão expressiva à república só aconteceu depois da abolição da escravatura, em maio de 1888, quando muitos ex-donos de escravos, insatisfeitos com a abolição, abraçaram a república em protesto contra a aprovação da Lei Áurea.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O movimento republicano

A grande degringolada, charge de Angelo Agostini, de 1885. Instituto de Estudos Brasileiros/USP, São Paulo. Note os personagens representados pelo artista nesta charge.

A pátria, pintura de Pedro Bruno, 1919. Museu da República, Rio de Janeiro. Com a proclamação da república, uma nova bandeira do Brasil, inspirada na antiga bandeira do império, foi projetada. 44

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Charge de Angelo Agostini para a Revista Illustrada, 1887. Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro. Observe a representação de uma conversa entre os militares e os membros do governo imperial. Como parece ser a relação entre eles?

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A questão militar Durante o governo de D. Pedro II, o exército ocupou uma posição marginal na política brasileira. Os baixos soldos, a rígida disciplina da corporação e a lentidão nas promoções desencorajavam os filhos das elites a seguir a carreira militar. Após a Guerra do Paraguai, o exército saiu fortalecido como corporação. Vitoriosos no conflito, muitos oficiais queriam desempenhar um papel central na vida política, além do de defensores das instituições e da soberania nacional, atribuições impostas pela Constituição. Na década de 1880, houve uma série de atritos entre o governo e oficiais do exército motivada pelo envolvimento dos militares em questões da política nacional. Os constantes enfrentamentos desse período desgastaram a relação entre o exército e o governo e enfraqueceram a monarquia. A cada dia ficava mais evidente o projeto dos militares de assumir um novo papel na cena política brasileira.

vocabulário em contexto

Aprenda mais sobre a palavra república no Guia de estudo.

O golpe de 15 de novembro A crise entre os militares e o governo se agravou em 1889. Reuniões conspirativas de oficiais militares com republicanos civis passaram a acontecer com frequência. Os líderes desse movimento, o militar Benjamin Constant e os civis Aristides Lobo, Quintino Bocaiuva e Lopes Trovão, habilmente encontraram a saída para acelerar a queda da monarquia. O plano era convencer o marechal Deodoro da Fonseca, amigo pessoal do imperador e uma figura respeitada no exército, a chefiar o movimento pela queda do governo. Na manhã do dia 15 de novembro de 1889, Deodoro da Fonseca marchou com as tropas para o Ministério da Guerra, onde se encontrava o primeiro-ministro do governo de D. Pedro II, o Visconde de Ouro Preto. Sob pressão dos militares, o governo monárquico renunciou. O dia 15 de novembro, então, resultou de uma ação quase isolada do exército, apoiada por um pequeno grupo de republicanos civis. Para a maioria da população, alheia aos debates políticos, a república foi uma grande surpresa.

A saúde do imperador Os desentendimentos com os militares e a crise gerada pela questão escravista não eram os únicos fatores a desgastar a imagem da monarquia. A saúde do imperador, debilitado por uma diabete avançada, o obrigava a afastar-se dos assuntos políticos. Caso D. Pedro II morresse, herdaria o trono a princesa Isabel, casada com o conde d’Eu, um francês muito criticado pelos republicanos.

45

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Alegoria da república brasileira, de Angelo Agostini, publicada na Revista Illustrada, c. 1889-1898. Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro.

Compromisso constitucional, pintura de Aurélio de Figueiredo, 1896. Museu da República, Rio de Janeiro. A pintura representa a posse de Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, logo após a promulgação da primeira Constituição republicana, em fevereiro de 1891.

O papel cumprido pelo exército na proclamação da república assegurou aos militares a chefia do novo governo. Essa fase da república brasileira, liderada por presidentes fardados, é conhecida como República da Espada. A adoção do regime republicano levou o Brasil a distanciar-se do governo de Londres, monárquico, e a aproximar-se do governo de Washington, também republicano. As negociações diplomáticas do Brasil sob o novo regime foram assumidas pelo Barão do Rio Branco, que assumiu a pasta do Ministério das Relações Exteriores. Duas ações da diplomacia brasileira tiveram destaque no período: a definição das fronteiras com países da América do Sul e a assinatura do Tratado de Petrópolis, em 1903, por meio do qual a Bolívia reconheceu a soberania do Brasil sobre o Acre. Outro importante acontecimento desse período foi a elaboração da primeira Constituição republicana. A nova lei foi aprovada por uma Assembleia Constituinte, composta em sua maioria por representantes dos senhores de terra e militares. A primeira Constituição republicana A nova Constituição, promulgada em fevereiro de 1891, consagrou o ideal federativo, como desejavam as oligarquias estaduais. Observe alguns pontos estabelecidos pela lei. • O Brasil passou a ser uma república presidencialista, organizada em três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. O Poder Executivo seria exercido pelo presidente da república, eleito para um mandato de quatro anos. O Poder Legislativo, por sua vez, continuava composto pela Câmara dos Deputados e pelo Senado. • Estabeleceu-se o voto direto e universal para os cidadãos maiores de 21 anos e alfabetizados. Os mendigos e os praças não podiam votar. A Constituição não fazia menção às mulheres, o que, implicitamente, as excluía do direito ao voto. A lei também não determinava que o voto devia ser secreto, como prevê a Constituição em vigor no Brasil, promulgada em 1988. • As antigas províncias transformaram-se em estados, organizados numa república federativa. Isso significava que os estados adquiriram uma relativa autonomia, que lhes permitia tomar algumas decisões sem consultar o governo federal. Por exemplo, os estados podiam contrair empréstimos no exterior, instituir impostos sobre suas exportações e organizar uma força militar própria. • O Estado separou-se da Igreja; em outras palavras, deixou de existir uma religião oficial no Brasil. Instituiu-se o casamento civil e a liberdade de culto para todas as crenças religiosas. • Determinou-se o caráter leigo do ensino ministrado nos estabelecimentos públicos e extinguiu-se a pena de morte. De acordo com a nova lei, o Brasil passou a se chamar República dos Estados Unidos do Brasil. O ideal federativo também estava presente no nome do nosso país.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A República da Espada (1889-1894)

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Glossário

A consolidação do novo regime O primeiro presidente do Brasil, o marechal Deodoro da Fonseca, foi eleito pelo Congresso. No entanto, o choque entre a política centralizadora do presidente e o federalismo do Congresso, porta-voz dos cafeicultores paulistas, levou à renúncia de Deodoro, em novembro de 1891. Em seu lugar, assumiu o vice-presidente, o marechal Floriano Peixoto. Floriano governou apoiado numa aliança com o PRP, controlado pelos cafeicultores paulistas. O apoio da oligarquia cafeeira foi decisivo para o enfrentamento das rebeliões que ameaçaram a república no período: a Revolução Federalista, no Rio Grande do Sul, e a Revolta da Armada, no Rio de Janeiro. Reprimidas as revoltas, os militares se afastaram da cena política e os civis se prepararam para tomar o poder. O “trono” agora era dos cafeicultores.

Praça Militar que não tinha patente de oficial.

Leigo Não religioso ou clerical; laico.

Oligarquia Termo de origem grega que significa governo exercido por poucas pessoas, pertencentes a um grupo social dominante ou a uma família poderosa.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A República das Oligarquias (1894-1930) O governo do paulista Prudente de Moraes (1894-1898), um representante dos cafeicultores, inaugurou a chamada República das Oligarquias. O termo oligarquia é bastante apropriado para nomear o Brasil do início da república. Nesse período, o poder esteve nas mãos das grandes famílias latifundiárias, filiadas ao Partido Republicano de cada estado, sob a direção, na maior parte do tempo, dos cafeicultores paulistas. A fórmula para o controle seguro do poder, por parte das oligarquias, foi encontrada pelo sucessor de Prudente de Moraes, o também paulista Campos Sales, criador do arranjo político conhecido como política dos governadores.

A família Prado, ilustre representante da oligarquia cafeeira paulista. Fotografia de aproximadamente 1895. 47

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É o nome pelo qual muitos historiadores denominam a primeira fase da república brasileira, dominada pelas oligarquias rurais, que se estendeu de 1889 até 1930.

A política dos governadores O objetivo desse arranjo era evitar os choques entre os governos estaduais e a União e garantir o poder para os grupos mais fortes no interior de cada estado. Dessa forma, os grupos dominantes em cada estado apoiariam o governo central e, em troca, o governo central não reconheceria, nos estados, a vitória dos candidatos à Câmara ligados à oposição. Para esse acordo funcionar, era preciso que esses grupos dominantes sempre vencessem nos estados. A saída foi criar a Comissão de Verificação dos Poderes, controlada pelo Executivo federal. A comissão, encarregada de examinar as atas das eleições, fazia a “degola” dos candidatos da oposição que tivessem vencido, ou seja, os excluía da lista de eleitos. O coronelismo A política dos governadores fortaleceu o poder local, exercido pelos chamados coronéis, em geral grandes proprietários de terras. A figura do coronel era típica das áreas rurais brasileiras, onde a enorme concentração de terras gerava um quadro contraditório: uma minoria de fazendeiros poderosos diante de uma minoria de camponeses empobrecidos e trabalhadores sem-terra. O poder local dos proprietários de terra vinha desde o período colonial, mas apenas na república podemos falar de coronelismo, ou seja, da interferência desses indivíduos na política local por meio do controle do voto. Isso porque, até a república, era muito reduzido o número de eleitores, devido ao voto censitário e ao regime escravista. Ao estabelecer o voto universal masculino e admitir o voto aberto, a Primeira República entregou aos coronéis o comando político dos municípios. Dessa maneira, muitos eleitores ficavam sujeitos às pressões exercidas por esses chefes políticos locais. Em troca de favores, como um emprego na fazenda ou na cidade, roupas ou materiais para construir uma casa, os eleitores acabavam votando nos candidatos indicados pelos coronéis. Essa prática ficou conhecida como voto de cabresto.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Glossário

Primeira República

Charge de Rafael Lucino satirizando o voto de cabresto. 48

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A política do café com leite Os coronéis eram donos do poder em suas terras, mas a política em cada estado era controlada pelas oligarquias mais influentes. Em geral dependia delas a concretização de muitos favores que os coronéis prometiam aos seus eleitores, como a construção de um hospital ou de uma escola. Os cargos políticos federais mais importantes, como o de presidente da república e o de ministro da Fazenda, eram dominados pelas oligarquias paulista, mineira e gaúcha. Particularmente São Paulo e Minas Gerais, economicamente mais poderosos, conseguiam impor uma política de favorecimento dos seus interesses. A hegemonia de paulistas e mineiros na presidência da república ficou conhecida como política do café com leite. A aliança entre paulistas e mineiros não marcou todo o período da Primeira República. Em alguns momentos, divergências entre as elites levaram à ruptura do esquema, permitindo a eleição de presidentes de outros estados. Foi o que ocorreu em 1910, com a eleição do gaúcho Hermes da Fonseca e, em 1918, com a escolha do paraibano Epitácio Pessoa para a sucessão de Rodrigues Alves, que faleceu antes da posse. A proteção ao café O café foi o principal item de exportação brasileira durante o Segundo Império e na Primeira República. O grande aumento da produção, a partir do final do século XIX, causou uma queda nos preços do café no exterior. Diante disso, o governo federal lançou sucessivos planos para reerguer os preços do café. A principal medida, iniciada em 1906 no Convênio de Taubaté, era contrair empréstimos para comprar estoques do produto e forçar, assim, o aumento dos preços. Imigrantes trabalhando na colheita de café no interior de São Paulo, cerca de 1920. Memorial do Imigrante, São Paulo.

Os presidentes da Primeira República (1889-1930) eodoro da Fonseca (AL) D (1889-1891) Floriano Peixoto (AL) (1891-1894) Prudente de Moraes (SP) (1894-1898) Campos Sales (SP) (1898-1902) Rodrigues Alves (SP) (1902-1906) Affonso Pena (MG) (1906-1909) Nilo Peçanha (RJ) (1909-1910) Hermes da Fonseca (RS) (1910-1914) Wenceslau Braz (MG) (1914-1918) Delfim Moreira (MG) (1918-1919) Epitácio Pessoa (PB) (1919-1922) Arthur Bernardes (MG) (1922-1926) Washington Luís (RJ) (1926-1930) O presidente Washington Luís, nascido no Rio de Janeiro, fez sua carreira política no estado de São Paulo, onde se candidatou, pelo PRP, à presidência da república.

Exportação de café no Brasil (em milhões de sacas de 60 kg) Ano

Porto do Rio de Janeiro

Porto de Santos

1903

4.020

6.395

1904

2.542

7.426

1905

3.244

6.983

1906

4.234

15.392

1907

3.108

7.203

1908

2.883

9.533

1909

3.449

11.495

1910

2.438

8.110

Fonte: HOLLOWAY, Thomas H. Vida e morte do Convênio de Taubaté: a primeira valorização do café. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978. 49

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2

Tema

A Guerra de Canudos Uma epopeia no sertão da Bahia

república não resolveu o drama dos sertanejos, vítimas das dificuldades econômicas, das secas e da opressão dos latifundiários.

Antônio Conselheiro: um peregrino do sertão

REGIÃO DE CANUDOS OCEANO ATLÂNTICO

AP

PA

CE

MA PI

Fra nci sco

GO

MG MS SP

AL isSE

aBa rr

Monte Canudos Santo

BA

ão

MT

PE

Rio Va z

Juazeiro

Rio S

TO

RN PB

ES

RJ

PR SC RS

Antônio Vicente Mendes Maciel nasceu provavelmente em 1830, em Quixeramobim, no Ceará. Na infância, teve aulas de português, latim e francês, estudos necessários para a formação de padre. Já adulto, Antônio trabalhou como comerciante, professor, advogado dos pobres e empregado de lojas comerciais. Por volta de 1871, após dois casamentos desfeitos e vários empregos, Antônio Maciel iniciou suas peregrinações pelo sertão. Trajando um camisolão azul, usando barbas e cabelos longos, percorreu o interior de Pernambuco, da Bahia e de Sergipe pregando mensagens religiosas e aconselhando os sertanejos. Seu trabalho não parava aí. Antônio construía e reformava igrejas e cemitérios, coordenava tarefas coletivas de construção de casas, açudes e colheitas agrícolas. A influência do pregador crescia a cada dia. Por onde andava, ia arregimentando seguidores, que o acompanhavam pelo sertão. O beato peregrino ficou conhecido como Antônio Conselheiro.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A

Em 2002, foi comemorado o centenário da publicação de Os sertões, uma das principais obras da literatura brasileira. Escrita por Euclides da Cunha, Os sertões é a narrativa mais conhecida da Guerra de Canudos, um conflito travado no sertão da Bahia entre o exército republicano e a comunidade religiosa do beato Antônio Conselheiro. O livro não pode ser lido como um retrato fiel dos acontecimentos, mas como uma obra que contém tanto elementos de ficção como dados reais. O grande valor de Os sertões é ter conseguido preservar na nossa memória a epopeia de Antônio Conselheiro e seu povo.

460 km

Região de Canudos Limites atuais entre os estados

Fonte: Saga: a grande história do Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1981. p. 173.

Arraial de Canudos, na Bahia, em 1897. Museu da República, Rio de Janeiro. 50

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A formação de Canudos Em 1893, Antônio Conselheiro e seu grupo resolveram fundar um povoado comunitário. O local escolhido foi a fazenda Canudos, no norte da Bahia. Conselheiro e seu grupo batizaram o povoado com o nome de Belo Monte. Em Canudos, os conselheiristas organizaram uma economia de base comunitária, em que todos deviam trabalhar para o sustento do grupo. No arraial havia professores, artesãos, enfermeiros e até negociantes prósperos, que mantinham relações comerciais regulares com vilas e cidades da região. A comunidade religiosa de Canudos era independente das regras da Igreja Católica e do poder dos coronéis. Além disso, Canudos tinha polícia e presídios próprios, e na comunidade a palavra do beato tinha mais força que a dos bispos e padres.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A guerra contra Canudos Canudos se tornou uma ameaça ao poder dos coronéis e da Igreja Católica, que perdiam mão de obra e fiéis nas missas. O governo da Bahia, apoiado pelos latifundiários, aguardava o momento certo para invadir o arraial. A oportunidade surgiu com os boatos de que os moradores de Canudos pretendiam atacar a cidade baiana de Juazeiro, irritados com o atraso na entrega de uma encomenda de madeira comprada de um comerciante local. Embora o ataque a Juazeiro não tenha ocorrido, em 1896 o governo baiano e o federal iniciaram uma campanha militar contra Canudos. As três primeiras expedições, apesar da superioridade bélica do exército republicano, foram derrotadas pelas forças conselheiristas. A quarta expedição, dirigida pelo general Artur Oscar, reuniu quase 10 mil soldados, armados de fuzis e canhões modernos. Os combates duraram cerca de quatro meses e terminaram com a invasão e a destruição completa do arraial, em 5 de outubro de 1897. A campanha de destruição dos conselheiristas continuou após a queda do arraial. Relatos de civis que acompanhavam os combates contam que muitos prisioneiros eram degolados pelo exército por se recusar a render homenagens à república; seus cadáveres eram empilhados e queimados.

Ilustração de Angelo Agostini representando Antônio Conselheiro rechaçando a república, publicada na Revista Illustrada, em 1896. Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro.

Livro MARTINS, Gilberto. Cidadela de Deus. São Paulo: Moderna, 2003.

Membros da comunidade de Canudos feitos prisioneiros. Bahia, outubro de 1897. Museu da República, Rio de Janeiro. 51

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Tema

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Cangaço: uma guerra no sertão A origem do cangaço

urante quinze anos, Lampião e seu bando percorreram o sertão nordestino atacando povoados e fazendas.

Cangaceiro, pintura de Candido Portinari, 1958-1961.

Lampião, o rei do cangaço Nascido por volta de 1898, no estado de Pernambuco, Virgulino Ferreira da Silva, conhecido como Lampião, cresceu rodeado por disputas violentas entre famílias rivais. O próprio pai de Virgulino foi morto num desses conflitos. Disposto a vingar a morte do pai, Lampião e seus irmãos ingressaram no bando de Sinhô Pereira, conhecido em Pernambuco pelas atrocidades cometidas contra os inimigos. Seis anos depois, em 1922, Lampião assumiu a chefia do bando. Seus homens atacavam cidades, cortavam os fios de telégrafo para impedir a comunicação com a polícia e saqueavam o comércio. Pessoas eram torturadas e mortas por desobedecerem a suas ordens ou por traí­rem sua confiança. A fama do bando despertou nos sertanejos um misto de simpatia, medo e desejo de vingança. Parentes das vítimas, agricultores e comerciantes ingressavam na polícia para combater o bando de Lampião. A luta contra os cangaceiros motivou também a multiplicação das volantes, que percorriam o sertão atrás de Lampião e seus homens.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

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A organização de bandos armados conhecidos como cangaceiros se relaciona com as dificuldades da vida sertaneja no início da Primeira República, geradas pela concentração da propriedade rural, pelas secas e pelo mandonismo dos coronéis. Numa primeira fase do cangaço, os grupos armados eram sustentados por chefes políticos locais, que lhes davam casa, comida e muitas vezes um pequeno pedaço de terra em troca de proteção armada nas disputas políticas com os adversários. Num segundo momento, formaram-se bandos desvinculados do poder político local.

Lampião e seu bando, 1936. Ao centro, Maria Bonita, primeira mulher a fazer parte de um grupo de cangaceiros. 52

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A morte de Lampião Por volta de 1928, Lampião conheceu Maria Bonita, a mulher que seria sua companheira até o final da vida. Mal conheceu o cangaceiro, Maria aderiu ao grupo, deixando para trás casa e marido. Nos anos 1930, o governo fechou o cerco contra o bando de Lampião. Perseguido pelas volantes, Lampião instalou-se em Angico, no estado de Sergipe, de onde coordenava a ação do grupo. O fim do cangaceiro estava próximo. Em 1938, a polícia cercou o esconderijo do bando, graças ao auxílio de um comerciante conhecido de Virgulino. Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros foram mortos e decapitados pela polícia. O cangaço sobreviveu por mais dois anos, centrado na figura de Courisco, um dos líderes do bando de Lampião. Courisco havia rompido com Lampião em 1937, devido a divergências na forma de conduzir o grupo. Ele foi morto pela polícia em 1940, encerrando-se a era dos cangaceiros.

Glossário

Membros de uma volante no estado da Bahia, 1936. Sociedade do Cangaço, Aracaju.

Volante No Nordeste brasileiro, volantes eram pequenos grupos de soldados comandados por um sargento ou tenente.

Um problema

Lampião e o cangaço Há muita controvérsia sobre a figura de Lampião e de seus homens até os dias de hoje. Na memória popular e na visão de alguns escritores, prevalece a ideia de que Virgulino e seu bando, ao roubar dos ricos fazendeiros para depois entregar aos pobres, vingavam uma história de exclusão social. O cangaceiro seria, nessa visão, um redentor. Outros pesquisadores questionam essa imagem de benfeitor do sertão, afirmando que Lampião causava terror nas comunidades por onde passava.

“[...] a balada de onde extraí a maior parte desse relato não menciona [...] nenhum ato de tirar dos ricos para dar aos pobres, nenhuma dispensação de justiça. Registra batalhas, ferimentos, ataques a cidades [...], sequestros, assaltos a ricos, combates

com os soldados, aventuras com mulheres, episódios de fome e de sede [...]. Pelo contrário, registra ‘horrores’: como Lampião assassinou um prisioneiro, embora sua mulher o tivesse resgatado, como ele massacrava trabalhadores [...]. Causar terror e ser impiedoso é um atributo mais importante para esse bandido do que ser amigo dos pobres.” HOBSBAWM, Eric. Bandidos. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1976. p. 57-58.

Questões

1. Identifique as duas principais visões que existem sobre a imagem de Lampião e de seu bando.

2. Qual visão é defendida pelo historiador Eric Hobsbawm? Como ele descreve o cangaceiro?

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Atividades

Temas 1a3

Organizar o conhecimento

1. Complete o quadro sobre a Constituição de 1891. Constituição de 1891 Organização dos poderes Chefe do Poder Executivo Atribuição dos estados Sistema eleitoral Religião

a) De que acontecimento importante essa notícia trata? Quando e onde ele ocorreu? b) Qual foi o principal grupo que atuou nesse acontecimento? Justifique sua resposta. c) Com base no texto, o que podemos afirmar sobre a participação popular nesse acontecimento? d) Como o autor da notícia descreve o clima que tomou conta da cidade naquela data?

5. Observe a charge para responder às questões.

2. Escreva o significado dos conceitos a seguir.

3. Circule o elemento que não faz parte do contexto abaixo e depois justifique sua resposta. a) Governo oligárquico. b) Escravidão. c) Política dos governadores. d) Coronelismo. e) Política do café com leite. Aplicar

4. Leia o texto para responder às questões. Revolta no exército "A população desta cidade foi hoje, ao acordar, sobressaltada pela notícia de graves acontecimentos que se estavam passando no quartel general do exército, em ordem a despertar as mais sérias inquietações. Era assustador o aspecto que oferecia a praça da Aclamação, na parte em que se acha situado o referido exército e circunvizinhanças. Todo o movimento social da cidade acha-se paralisado. O comércio em grande parte fechou as portas. As ruas mais frequentadas nos dias ordinários estão desertas; raros transeuntes passam, apressados, como perseguidos. [...] O serviço de bondes é feito com grande irregularidade; há longos intervalos no trânsito dos carros, que chegam aos pontos de estação aos grupos de cinco e seis. [...] O pânico anda no ar e nas consciências." Novidades, 15 de novembro de 1889. Conexão Professor. Disponível em www.conexaoprofessor.rj.gov.br. Acesso em 31 jul. 2010.

A fórmula democrática, charge de Stoni, publicada na revista Careta, agosto de 1925. Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro.

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a) República da Espada. b) Política dos governadores. c) Política do café com leite. d) República das Oligarquias.

a) Descreva a charge. b) Na sua opinião, qual foi a intenção do autor ao criar essa charge? c) Que elementos ele utilizou para reforçar sua ideia? d) Crie um título para a charge e o justifique.

6. O coronelismo é coisa do passado? Há personagens da atual política brasileira que podem ser considerados “coronéis”? Dê exemplos e converse com os colegas sobre o assunto. Produzir um texto

7. Escreva uma reportagem sobre a Guerra de Canudos ou sobre o cangaço. Não se esqueça de incluir, em seu texto, as seguintes informações: principais personagens, data, localização, acontecimentos mais importantes, desfecho e consequências do movimento.

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Personagem

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Maria Bonita A história de Maria Gomes de Oliveira, ou simplesmente Maria Bonita, companheira de Lampião no cangaço, ainda é formada por muitas lacunas. Nascida em 8 de março de 1911, no povoado de Malhada da Caiçara, na Bahia, ela foi a primeira mulher a fazer parte de um grupo de cangaceiros. Também conhecida como Maria Déia, ela se casou muito cedo, aos 15 anos. Em 1929, ela conheceu Lampião, o líder dos cangaceiros. O grupo tinha se estabelecido próximo ao povoado onde vivia Maria Bonita, às margens do Rio São Francisco, mantendo contato frequente com a população local. No ano seguinte, Maria Bonita abandonou o marido e resolveu seguir Lampião e seus homens. Depois de Maria Bonita, muitas outras mulheres entraram para o bando de Lampião, como Dadá, Sila, Lídia, Neném, Maria, Lili, Cristina, Inhacinha, Durvinha, Adília e Rosinha. A literatura de cordel descrevia Maria Bonita como uma mulher muito bela, dura, corajosa e determinada. A imprensa passou a ressaltar sua notável beleza depois da foto-reportagem feita por Benjamin Abrahão, no começo de 1937. No dia 28 de julho de 1938, tropas policiais, conhecidas como volantes, cercaram o grupo de Lampião e Maria Bonita, que se escondia na Grota de Angicos, no estado de Sergipe. Além do casal, outros nove cangaceiros foram mortos e degolados. Maria Bonita ultrapassou o papel destinado às mulheres de seu tempo, tornando-se uma lenda popular em versos e canções do sertão nordestino.

Maria Bonita, 1936. A participação feminina no cangaço começou, de fato, depois que Maria Bonita entrou para o grupo de Lampião. Da união com Lampião nasceu Expedita.

1. Por que Maria Bonita foi tão importante na história do cangaço? 2. O que levou Maria Bonita a tornar-se bastante conhecida em todo o Nordeste brasileiro?

3. Quais foram as condições que possibilitaram a incorporação das mulheres no cangaço?

4. O poema a seguir faz parte da literatura de cordel do Nordeste. Leia-o e responda às questões.

Maria Déia é um anjo Uma lindeza, um amô Uma princesa encantada Que Lampião encontrô.”

Citado em CAMELO FILHO, José Vieira. Lampião, o sertão e sua gente. Campo Grande: Editora UFMS, 2001. p. 146.

a) Como Maria Bonita foi descrita nesse poema? b) Sublinhe, no poema, os termos que indicam tratar-se de uma literatura popular e justifique sua resposta.

Artesanato em cerâmica, de Pernambuco, representando Lampião e Maria Bonita, 2006. Glossário

“Tem a noite as pestanas Tem a luz dos oios o dia Na boniteza do corpo Tem maió maravia

Literatura de cordel Criação popular típica do Nordeste brasileiro. A literatura de cordel tem esse nome porque os poemas, impressos precariamente, são expostos em feiras e mercados, pendurados em cordéis (barbantes).

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Tema

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A industrialização e o crescimento das cidades

C

om a imigração europeia e os novos investimentos, o Brasil começava a esboçar sua feição urbana e industrial.

O incentivo à imigração A entrada de imigrantes no Brasil para o trabalho nas lavouras de café recebeu o forte incentivo do governo e das elites brasileiras, envolvidos no projeto de modernizar o país. Na visão predominante da época, um Brasil moderno era necessariamente branco; por isso os programas de incentivo à imigração visavam atrair para o Brasil trabalhadores europeus, e não asiáticos ou africanos. Assim, a partir de 1880, o governo estabeleceu a imigração subvencionada, pela qual o Estado se comprometia a pagar as despesas de viagem do imigrante e de sua família. Os cafeicultores, por sua vez, assumiam as despesas do imigrante no primeiro ano de trabalho na fazenda.

A população brasileira teve um enorme acréscimo no final do período monárquico e no início da república. O principal motivo desse aumento populacional foi a entrada de imigrantes, a maior parte deles europeus. Eles saíram de áreas rurais de países como Itália, Espanha e Portugal. Principalmente jovens e sem qualificação, esses trabalhadores dirigiram-se, em geral, às regiões cafeeiras dos atuais estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Muitos imigrantes, especialmente alemães e italianos, também se instalaram no sul do Brasil, onde se dedicaram ao cultivo de pequenas lavouras e à criação de animais. A partir de 1880, os primeiros imigrantes sírios e libaneses chegaram ao Brasil. Até 1940, 100 mil pessoas desse grupo entraram no país, instalando-se principalmente nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, onde se dedicaram, em especial, ao comércio. Em 1908, com a chegada do navio a vapor Kasato Maru ao porto de Santos, no estado de São Paulo, teve início a imigração japonesa. A partir dessa data até 1930, aproximadamente 180 mil japoneses vieram para o Brasil, a maior parte para trabalhar nas fazendas de café do interior paulista e do norte do Paraná. Porém, passado algum tempo, muitos imigrantes que se dirigiram aos cafezais sentiram-se descontentes com as condições de trabalho nas fazendas. Em virtude disso, alguns deles optaram por abandoná-las e partir em direção às cidades em busca de melhores oportunidades.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Em novas terras

Desembarque de imigrantes no Porto de Santos, 1907. Memorial do Imigrante, São Paulo.

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investimentos nas cidades Muitos cafeicultores também tinham negócios nas cidades. Em parceria com o Estado e com investidores estrangeiros, desenvolveram uma infraestrutura para o escoamento do café que incluía ferrovias, portos, bancos, estradas e produção de energia elétrica. Essas iniciativas dos investidores serviram para atrair os imigrantes em direção às cidades, onde estavam sendo criadas várias oportunidades de trabalho: • Na construção civil. A instalação de novas indústrias, estabelecimentos comerciais e habitações operárias abriu espaço para a contratação de pedreiros, carpinteiros, marceneiros, serventes de obras, entre outros profissionais do setor. • No setor portuário. Novos investimentos gerados pelas exportações de café desenvolveram e modernizaram os portos. Com isso foi possível empregar um número maior de estivadores em cidades litorâneas como Santos, no estado de São Paulo, e Rio de Janeiro, a capital da nascente república. • Na indústria de bens de consumo doméstico. O rápido crescimento das cidades incentivou o desenvolvimento de todo um setor industrial voltado ao consumo da população urbana: vestuário, alimentação, artigos de higiene etc. • Nos transportes urbanos. O desenvolvimento industrial e comercial promoveu a circulação de pessoas por distâncias cada vez maiores, o que estimulou a instalação de trilhos e rede elétrica para as linhas de bonde que começavam a se expandir. O crescimento da população foi sentido principalmente nas cidades (veja tabela ao lado). Esses investimentos e oportunidades atraíram para o Brasil cerca de 2,5 milhões de estrangeiros, entre 1890 e 1920.

Filme A classe operária vai ao paraíso. Direção: Elio Petri. Itália, 1971.

O aumento populacional em algumas cidades brasileiras Cidades São Paulo Rio de Janeiro Salvador

1890

1920

65 mil

580 mil

522 mil

1,1 milhão

175 mil

288 mil

Fonte: Censos demográficos de 1890 e 1920. Disponível em www.ibge.gov.br. Acesso em 2 ago. 2010.

Os cortiços e as vilas operárias Constantemente endividados devido ao alto preço dos aluguéis, os trabalhadores das maiores cidades na época, como São Paulo e Rio de Janeiro, viviam em moradias precárias, sem condições de higiene, em ambientes favoráveis à proliferação de epidemias. Uma dessas moradias era o cortiço, um tipo de habitação onde viviam várias famílias. Preocupados, os inspetores sanitários recomendavam, muitas vezes, a demolição dessas moradias nas áreas centrais das cidades. Com isso, as autoridades procuravam manter os trabalhadores pobres longe dessas áreas, consideradas vitrines das cidades. Por outro lado, a construção de vilas operárias, a maior parte delas em áreas distantes das regiões centrais, representou uma iniciativa dos patrões com o objetivo de conservar a mão de obra das fábricas, garantindo o controle e a disciplina do trabalhador e a produtividade do seu trabalho. Vila operária da Companhia Vidraçaria Santa Marina, em São Paulo, década de 1910. Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro. 57

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Tema

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O movimento operário na Primeira República

A

nascente república foi marcada pela organização dos trabalhadores e por momentos de forte mobilização coletiva.

BRASILEIROS E ESTRANGEIROS NA INDÚSTRIA EM 1920 70

(%)

60 50 40 30 20 Brasileiros

10 0

Estrangeiros São Paulo

Rio de Janeiro

Fonte: Censo de 1920. Disponível em www.ibge. gov.br. Acesso em 2 ago. 2010.

Jornal A Classe Operária, 1o de maio de 1928. Arquivo Edgard Leuenroth, Campinas.

As condições de vida dos trabalhadores no interior das fábricas brasileiras eram muito difíceis. As jornadas de trabalho se estendiam por até 16 horas e os salários eram baixos. Não havia regulamentação das condições de higiene e de segurança nos ambientes de trabalho, o que tornava comuns os acidentes e as doenças. Nessa época, não existiam políticas sociais de assistência ao trabalhador, como licença-saúde, licença-maternidade, férias remuneradas ou seguro-desemprego. Em caso de desemprego, doença ou invalidez, o trabalhador que não contribuísse com algum fundo de assistência tinha sua sobrevivência seriamente ameaçada. Os melhores salários eram pagos aos trabalhadores mais qualificados. No setor metalúrgico, por exemplo, fundidores, caldeireiros e mecânicos eram mais bem pagos. As mulheres e as crianças, por sua vez, trabalhavam principalmente no setor têxtil, onde a exigência por mão de obra qualificada era menor. Em 1920, a participação das mulheres nas indústrias de tecidos chegava a 58% do total de empregados no setor. Os estrangeiros, principalmente italianos e espanhóis, representavam uma importante parcela do conjunto dos trabalhadores da indústria, em particular na cidade de São Paulo.

O início da organização operária

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A vida nas fábricas

As primeiras formas de organização operária no Brasil surgiram na segunda metade do século XIX, com a criação das sociedades beneficentes. Nessas sociedades, os operários se auxiliavam em casos de doença e de incapacitação para o trabalho por causa de acidentes, além de custear despesas em caso de desemprego, funeral etc. No Brasil, os sindicatos surgiram no início do século XX. Nos sindicatos, os trabalhadores organizavam as lutas pela redução das jornadas e pela melhoria das condições de trabalho, pelo aumento dos salários e pela definição das formas de pagamento. As principais correntes que representavam os trabalhadores urbanos eram os reformistas, os revolucionários e os militantes do Partido Comunista do Brasil (PCB). • Sindicalistas reformistas. Consideravam a greve como último recurso, após encerradas todas as possibilidades de negociação com os patrões. Aceitavam a participação política, chegando a lançar candidatos operários às eleições.

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• Sindicalistas revolucionários. Para eles, a greve era a principal forma de luta dos trabalhadores. Recusavam as negociações por conquistas parciais e a organização partidária. Influenciados pelos anarquistas italianos, acreditavam em uma sociedade futura sem a opressão dos patrões. Os sindicalistas revolucionários ficaram conhecidos como anarcossindicalistas. • Partido Comunista do Brasil. Os membros do PCB, fundado em 1922, aceitavam participar das eleições como forma de divulgar suas propostas. Consideravam as greves um instrumento para obter conquistas e aceitavam participar das negociações com os patrões. Durante a Primeira República, o sindicalismo revolucionário foi a influência mais determinante no movimento operário, quer pela ação direta nos enfrentamentos com os patrões, quer pelo esforço sistemático de divulgação, por meio de jornais, de suas ideias e formas de luta junto ao operariado.

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As primeiras lutas e conquistas operárias As primeiras grandes mobilizações operárias da nascente indústria brasileira ocorreram em 1903, na indústria têxtil do Rio de Janeiro. Ferozmente reprimidas pela polícia, essas mobilizações não tiveram êxito, pois nenhuma das reivindicações, entre elas a jornada de oito horas, foi atendida. Em 1907, ocorreram novas paralisações, dessa vez em São Paulo, Santos, Ribeirão Preto e Campinas, envolvendo trabalhadores da construção civil, metalurgia, indústria de alimentos, gráficos e têxteis. Os patrões reagiram às mobilizações dos trabalhadores aprovando a lei de expulsão de estrangeiros que colocassem em risco a ordem pública. Ao entrar em vigor, em 1907, foram expulsos 132 estrangeiros, principalmente italianos, todos líderes sindicais. Até 1921, período de vigência da lei, foram expulsos 556 estrangeiros. Apesar da forte repressão, as manifestações dos trabalhadores começaram a dar resultado: o Estado reconheceu a necessidade de construir moradias populares e de regulamentar as condições de higiene e segurança no interior das fábricas; foram criadas caixas de aposentadorias e pensões para os ferroviários. A lei de férias para os trabalhadores da indústria e do comércio foi regulamentada em 1926.

A greve geral de 1917 A greve geral de 1917, em São Paulo, teve início no setor têxtil e depois se espalhou por empresas de outros ramos. Apesar de violentamente reprimida pela polícia, a greve representou o momento mais importante da influência sindicalista revolucionária no movimento operário. Em resposta, com a intenção de dificultar ao máximo as reivindicações, o Estado passou a considerar as manifestações operárias como “casos de polícia”: grevistas foram presos, domicílios e sindicatos foram invadidos, jornais foram fechados e líderes grevistas foram enviados a lugares de difícil sobrevivência na Amazônia.

Trabalhadores em greve descem a Ladeira do Carmo, em direção ao bairro do Brás. São Paulo, julho de 1917.

Trabalhadores fazem greve pela jornada de trabalho de oito horas por dia. São Paulo, 1906. Museu da Imagem e do Som, Rio de Janeiro. 59

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Ampliando conhecimentos

A Semana de 1922 A Semana de Arte Moderna foi um movimento cultural que reuniu artistas plásticos, músicos e escritores no Teatro Municipal de São Paulo, em fevereiro de 1922. Ela foi considerada um marco do Modernismo no país.

No início do século XX, ocorreu um crescimento das atividades industriais no país e um processo de urbanização, concentrado principalmente no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Salvador. Nesse contexto de transição de uma economia agrário-exportadora para uma economia industrial surgiu o Modernismo brasileiro. Os modernistas foram influenciados também pelas novidades tecnológicas e culturais provenientes das grandes cidades europeias, onde a maioria havia realizado seus estudos. No alto, capa de Di Cavalcanti para o catálogo da exposição da Semana de Arte Moderna de 1922. Instituto de Estudos Brasileiros/USP, São Paulo; ao lado, A boba, pintura de Anita Malfatti, 1917. Museu de Arte Contemporânea/USP, São Paulo.

A Semana de Arte Moderna A Semana de Arte Moderna, também conhecida como Semana de 1922, ocorreu durante os dias 13, 15 e 17 de fevereiro, no Teatro Municipal de São Paulo. O evento contou com exposições, apresentações musicais, leitura de poesias etc.

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Antecedentes do Modernismo no Brasil

Os participantes da Semana propunham a ruptura das manifestações artísticas brasileiras com o tradicionalismo, representados pelo parnasianismo e pela arte acadêmica. Defendiam o uso de uma linguagem mais simples e a valorização de temas da cultura nacional.

O atirador de arco, pintura de Vicente do Rego Monteiro, 1925. Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães, Recife.

Fortemente influenciados pelas vanguardas artísticas europeias, como o Expressionismo e o Cubismo, os modernistas propunham uma estética que valorizasse as raízes brasileiras, através da utilização de formas modernas.

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Os principais artistas

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Os principais artistas que participaram da Semana de 1922 foram os pintores Anita Malfatti, Vicente do Rego Monteiro, John Graz e Emiliano Di Cavalcanti, o escultor Victor Brecheret, os escritores Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti del Picchia e Graça Aranha, e o compositor Heitor Villa-Lobos. Tarsila do Amaral, importante pintora do Modernismo brasileiro, se uniria ao grupo alguns meses após a realização da Semana de Arte Moderna.

Cartão-postal, pintura de Tarsila do Amaral, 1929.

Desdobramentos da Semana de Arte Moderna • Valorização das raízes nacionais e de temas ligados ao cotidiano do Brasil. A Semana de 1922 marcou uma revolução no modo de ver e pensar o Brasil, ao procurar personalizar a arte brasileira. • Redação do Manifesto antropofágico (1928), liderado por Oswald de Andrade. A antropofagia simbolizava a ideia de que os elementos estrangeiros deveriam ser devorados. Da mesma forma como os índios antropófagos devoravam os

inimigos corajosos para assimilar suas qualidades, os artistas e intelectuais brasileiros deveriam “devorar” a cultura e as técnicas importadas para absorver o que interessava e recriá-las de acordo com os elementos culturais do Brasil. • Surgimento da Tropicália, movimento musical e artístico liderado por Caetano Veloso e Gilberto Gil, na década de 1960, que propôs a retomada das ideias de Oswald de Andrade.

Questões

1. Complete o quadro sobre a Semana de Arte Moderna de 1922.

2. Aponte duas propostas dos artistas que participaram da Semana de Arte Moderna de 1922.

Semana de Arte Moderna de 1922 O que foi Quando e onde ocorreu Principais artistas

3. Analise uma das imagens desta seção, identificando nela os elementos que permitem relacioná-la ao Modernismo brasileiro.

4. Compare a tela A boba, de Anita Malfatti, com o quadro Les demoiselles d’ Avignon, de Pablo Picasso, na página 30. Que semelhanças há entre as obras?

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Atividades

Temas 4e5

Organizar o conhecimento

1. Cite dois fatores que explicam o grande aumento populacional no Brasil no final do império e início da república.

2. Associe as colunas. 1 Sociedades beneficentes. 2 Sindicalistas reformistas. 3 Sindicalistas revolucionários. 4 Partido Comunista do Brasil. Fundado em 1922, seus membros aceitavam a participação política como forma de divulgar suas ideias. Acreditavam que os trabalhadores só poderiam entrar em greve em último caso, quando todas as negociações com os patrões não tivessem surtido efeito. Surgiram em meados do século XIX, como uma associação onde operários se auxiliavam em caso de doença, incapacitação para o trabalho e outras situações de dificuldade. Afirmavam que a greve era o principal instrumento de luta dos trabalhadores e negavam a organização partidária.

operários, ao entrarem para o serviço, por falta de lugar apropriado, são obrigados a mudar as suas vestes no próprio lugar em que trabalham em comum.” Condições do trabalho na indústria têxtil no estado de São Paulo, Boletim do Departamento Estadual do Trabalho, p. 35-77. Trecho extraído de: DECCA, Maria Auxiliadora Guzzo de. Indústria, trabalho e cotidiano: Brasil, 1889-1930. São Paulo: Atual, 1991. p. 32-33. (História em documentos).

a) Qual o assunto principal do texto? Quem produziu o boletim? b) Quais eram os principais problemas encontrados nos ambientes das fábricas? O que esses problemas ocasionavam aos operários? c) Relacione o texto com o que você aprendeu sobre a classe operária no Brasil, durante a Primeira República. d) Na sua opinião, as condições de trabalho descritas no texto deixaram de existir no Brasil atual?

5. A tela abaixo foi feita pela pintora paulista Tarsila do Amaral, uma das principais representantes da arte moderna no Brasil. Analise-a para responder às questões.

3. Estabeleça semelhanças e diferenças entre os cortiços e as vilas operárias. Aplicar

4. Analise o texto para responder às questões. As condições de trabalho do operariado “[...] a deficiência de ventilação e iluminação, a falta de aspiradores de pó, a ausência de vestiários, principalmente para as operárias –, notados em alguns estabelecimentos, seriam facilmente corrigidos desde que houvesse, por parte dos industriais, um pouco de boa vontade. [...] Funciona esta fábrica em um vasto edifício de dois pavimentos, hoje insuficiente para o número de máquinas assentadas e para a quantidade de operários em serviço. Com esse acúmulo de máquinas e trabalhadores e com a falta de separação das diferentes seções, não são raros os desastres [...]. As paredes, soalhos e forros parecem não ter sido renovados depois da construção dos edifícios, tal o estado em que se acham atualmente. [...] Os

Morro da favela, pintura de Tarsila do Amaral, de 1922.

a) Registre o autor, o ano e o título da obra. b) Identifique diferenças entre o tema e o estilo de pintura mostrados nessa tela e no quadro A pátria, de Pedro Bruno, na página 44. c) Relacione o tema dessa pintura de Tarsila com um evento estudado nesta unidade.

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Desafio! 1. (Cefet-PB) Para a expressão Primeira República

3. (Cefet-Ouro Preto)

Brasileira, podemos atribuir como verdadeiro que:

“Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda história, resistiu até o esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados. Forremo-nos à tarefa de descrever seus últimos momentos. Nem poderíamos fazê-lo. Esta página, imaginamo-la sempre profundamente emocionante e trágica; mas cerramo-la vacilante e sem brilhos...”

a) Foi o período da história do Brasil também conhecido como República Velha, estendendo-se de 1889 a 1930. b) Foi o período da história do Brasil em que predominou a agricultura de exportação, baseada no binômio pequena propriedade e diversidade da produção.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

c) Foi o período da história do Brasil profundamente marcado pela ruptura com relação ao império, sobretudo pela sua natureza antioligárquica. d) Foi um período da história brasileira, que se estendeu de 1889 a 1937, quando teve início o Estado Novo. e) A Primeira República Brasileira corresponde à república do café com leite, cujo nascimento data de 1930, quando Getúlio Vargas assumiu o comando do governo brasileiro.

2. (Cefet-PB) “PB ainda tem eleição à moda dos coronéis.” A notícia, veiculada pelo jornal Correio da Paraíba (24 de agosto de 2008 – Política, A3), faz alusão a um fenômeno da política brasileira, o coronelismo. Sobre o coronelismo, assinale a alternativa correta. a) O coronelismo foi extirpado da cena política brasileira com o advento do Estado republicano. b) Os coronéis eram grandes fazendeiros do interior do Nordeste brasileiro, que tinham o seu poder legitimado pela capacidade de dialogar e construir consensos. c) O coronelismo tinha base familiar e urbana. d) Chamavam-se eleições de clavinote processos eleitorais em que os eleitores, sob a proteção dos coronéis, escolhiam livremente os seus candidatos. e) O coronelismo foi um sistema de troca eleitoral: de um lado, proteção e favores; do outro lado, a garantia do voto seguro e controlado.

CUNHA, Euclides da. Os sertões. 33. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1987. p. 407.

Na citação acima, percebe-se a força violenta

da repressão feita pelo governo de Prudente de Moraes à aldeia de Belo Monte, fundada na antiga fazenda de Canudos por Antônio Conselheiro e seus seguidores em 1893. Os fatores que propiciaram a fundação e o desenvolvimento de Canudos também eram reflexo da política do governo republicano oligárquico, tais como:

I. descaso das elites e do governo com uma população sertaneja carente e faminta; II. impossibilidade de acesso à terra por maior parte da população já que a estrutura fundiária era marcada pela concentração de terras nas mãos de poucos; III. aversão aos cangaceiros que configurava o banditismo social tão criticado pelos próprios nordestinos; IV. defesa do ateísmo como forma de estruturação das novas instituições do governo republicano. Assinale a alternativa correta. a) Apenas uma afirmativa está correta. b) II e IV estão corretas. c) I e II estão corretas. d) II, III e IV estão corretas. e) Todas as alternativas estão corretas.

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Personagem

No início do século XX, grande parte do efetivo da marinha brasileira era formada por pessoas pobres, muitas delas recrutadas entre ex-escravos e seus descendentes. Para os oficiais, a disciplina da corporação só podia ser mantida com a mesma violência aplicada antes nas grandes fazendas. Os castigos corporais incluíam chibatadas, palmatórias e prisões a ferro. A situação provocava revoltas contínuas entre os marinheiros. O clima agravava-se ainda mais com as notícias que chegavam sobre a revolta do encouraçado Potemkin, na Rússia (1905). O estopim da revolta foi a punição do marinheiro Marcelino Menezes, que recebeu 250 chibatadas, aplicadas pelo comandante do encouraçado Minas Gerais diante de toda a tripulação. No dia 22 de novembro de 1910, por decisão unânime das lideranças, eclodiu a Revolta da Chibata. Em pouco menos de uma hora, os marujos tomaram o encouraçado Minas Gerais. Agiram sob a liderança de João Cândido Felisberto, um marinheiro filho de ex-escravos que desde os 14 anos trabalhava na corporação. Logo depois eles receberam apoio dos encouraçados São Paulo, Bahia e Deodoro. A tensão na capital federal, que chegou a ser bombardeada, durou cerca de três dias. O governo decidiu então ceder às reivindicações e anistiar os revoltosos. No entanto, aproveitando a desmobilização dos rebeldes, o governo voltou atrás e ordenou a expulsão dos principais líderes da revolta. Nesse clima conturbado, estourou uma nova rebelião, agora de fuzileiros navais. Vários marinheiros foram presos e sumariamente executados. João Cândido permaneceu na cadeia por 18 meses e depois foi encaminhado para um hospital psiquiátrico, de onde saiu em 1914. Muitos outros marinheiros foram levados para a Amazônia, obrigados a trabalhar na extração do látex ou na instalação de linhas telegráficas. Terminava, assim, uma revolta que revelava as mazelas da sociedade brasileira, marcada pela escravidão, por conflitos étnicos e pela pobreza de grande parte da população.

Marinheiros a bordo do navio São Paulo, durante a Revolta da Chibata, 1910.

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A revolta dos marinheiros

1. Que relação podemos estabelecer entre a Revolta da Chibata e a Guerra de Canudos?

2. Considerando a origem social dos marujos, comente a relação entre o preconceito racial e a eclosão da Revolta da Chibata.

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Conceitos históricos

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O messianismo O messianismo consiste, em linhas gerais, na crença em um messias, figura enviada por Deus para guiar os homens nos momentos difíceis e salvá-los das grandes tragédias. Cerca de quinze anos depois do fim do movimento de Canudos, surgiu, numa área situada entre os estados do Paraná e de Santa Catarina, outra revolta com características messiânicas: a Guerra do Contestado (1912-1916). A comparação entre as duas lutas rurais era inevitável. Mas Canudos recebeu muito mais atenção do restante do país do que o Contestado, embora o peso do messianismo provavelmente tenha sido maior nas lutas do sul do país do que nas do sertão nordestino. Mesmo que não houvesse um líder único no Contestado, a convicção messiânica aparecia regularmente nos discursos dos rebeldes. O monge José Maria,

responsável pelo início da luta, defendia a necessidade de os homens se considerarem irmãos e lutava pelas formas de religiosidade popular, desvinculadas da Igreja Católica, na busca da salvação. Os conflitos expressavam também o anseio pela posse de terra e a resistência ao poder dos fazendeiros, que criavam gado e controlavam a extração da erva-mate. A presença de grandes companhias estrangeiras, envolvidas na construção de estradas de ferro, também reduzia as lavouras de subsistência das famílias camponesas. A tensão social e a religiosidade popular se intensificaram lentamente, e a guerra se alastrou após 1912. Os grandes proprietários, as lideranças políticas locais e o governo federal se associaram numa violenta repressão, que culminou no massacre dos rebeldes.

Rebeldes que participaram da Guerra do Contestado, após rendição.

1. Estabeleça relações entre a Guerra de Canudos e a Guerra do Contestado.

2. Como o governo republicano tratou esse movimento e outros movimentos sociais estudados nesta unidade?

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Em foco

A reforma urbana do Rio de Janeiro

• O Rio de Janeiro: de pequena

Vista da cidade do Rio de Janeiro e do Cristo Redentor sobre o Corcovado, janeiro de 2008.

Fonte 1

Detentor de uma das sete maravilhas do mundo, o Cristo Redentor, e segunda maior cidade do Brasil, o Rio de Janeiro desempenhou múltiplos e significativos papéis na história nacional. Cantado em prosa e verso por sua impressionante beleza natural, o Rio, como muitos grandes centros urbanos do país na atualidade, tem sido associado a fenômenos urbanos que angustiam habitantes e visitantes: violência, criminalidade, tráfico de drogas, desigualdades sociais, omissão ou ineficácia dos poderes públicos na resolução de problemas básicos, como saneamento e infraestrutura urbana compatível com seu crescimento e desenvolvimento. Fundada em 1565 por Estácio de Sá, a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, como foi chamada, serviu, no início, como porto e local estratégico de defesa dos portugueses nas suas terras americanas. Mem de Sá, terceiro governador-geral do território luso na América, transferiu a cidade da região da Urca para o Morro do Castelo e, durante muito tempo, a cidade manteve o aspecto de uma vila colonial. Capital da colônia e sede do vice-reinado desde 1763, a cidade do Rio de Janeiro passou por inúmeras transformações nos séculos XIX e XX, e manteve a condição de centro político administrativo do Brasil até 1960, quando a capital da república brasileira foi transferida para a recém-fundada cidade de Brasília, construída no interior do país.

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cidade colonial a grande metrópole

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• O Rio de Janeiro no início da república:

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reforma urbana e rebeldia social

O grande aumento populacional, gerado com o final da escravidão e com a chegada dos imigrantes entre fins do século XIX e início do XX, incidiu negativamente sobre as condições de vida na cidade: os problemas habitacionais, de saneamento e de higiene, tornaram-se mais agudos. Embora a população do Rio como um todo fosse atingida pelo impacto dessas questões, a população trabalhadora era a mais penalizada pela urbanização acelerada. Em 1902, Rodrigues Alves assumiu a presidência da república propondo a reforma e a modernização do porto do Rio de Janeiro, ponto de partida para uma renovação urbana radical da cidade. Nomeado diretamente pelo presidente, o engenheiro Francisco Pereira Passos tomou posse como prefeito do Distrito Federal no final de dezembro do mesmo ano, recebendo amplos poderes. Pereira Passos, junto com o governo federal, passou a remodelar a estrutura material da cidade com o plano popularmente conhecido como “bota abaixo”. Uma verdadeira cirurgia urbana foi iniciada: demolições de prédios, abertura de avenidas, prolongamento de ruas, reforma do calçamento, arborização e ajardinamento de praças, mudanças que atingiram principalmente a população pobre que morava e trabalhava no centro ou em suas redondezas.

Fonte 2

Uma dura avaliação da reforma urbana do Rio “As reformas tiveram como um dos efeitos a redução da promiscuidade social em que vivia a população da cidade, especialmente no centro. A população que se comprimia nas áreas afetadas pelo bota-abaixo de Pereira Passos teve ou de apertar-se mais no que Um barracão de menos, charge de ficou intocado, ou de subir Calixto Cordeiro sobre a reforma os morros adjacentes, ou de urbana no Rio de Janeiro, 1903. Fundação Biblioteca Nacional, deslocar-se para a Cidade Rio de Janeiro. Nova e para os subúrbios da Central. Abriu-se espaço para o mundo elegante que anteriormente se limitava aos bairros chiques, como o Botafogo, e se espremia na rua do Ouvidor. O footing passou a ser feito nos 33 metros de largura da avenida Central, quando não se preferia um passeio de carro pela avenida Beira-Mar. No Rio reformado circulava o mundo Belle Époque fascinado com a Europa, envergonhado do Brasil, em particular do Brasil pobre e do Brasil negro”. CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a república que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. p. 40-41.

Fonte 3

Fotografia de Augusto Malta da Avenida Central, no Rio de Janeiro, cerca de 1905. Arquivo G. Ermakoff.

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Em foco

a Revolta da Vacina

À reforma urbana, somou-se a campanha para erradicar a febre amarela, a peste bubônica e a varíola, comandada pelo médico sanitarista Oswaldo Cruz. Em 1903, autoridades da saúde pública decidiram formar os batalhões de combate ao mosquito transmissor da febre amarela. Acompanhados da polícia, batalhões sanitários invadiam as casas para combater o mosquito e vistoriar as condições de higiene. No dia 9 de novembro de 1904, foi publicado o decreto que regulamentava a aplicação da vacina obrigatória contra a varíola. O decreto, bastante rígido, previa uma campanha rápida e em massa da população do Rio, sendo o atestado de vacinação exigido para quase tudo: matrícula escolar, casamento, hospedagem em hotéis e casas de cômodo, viagem, empregos públicos e empregos no setor privado, em fábricas, comércio, no serviço doméstico etc. Havia ameaças de multas e demissões, e se previa a entrada de funcionários do Serviço de Saúde nos domicílios para vacinar os residentes. No entanto, as campanhas de saúde empreendidas pelo governo naquela época eram bem diferentes das de hoje: a população não era orientada nem esclarecida sobre os métodos e os benefícios da vacinação. Dessa forma, essas medidas enchiam de medo, de modo particular, a população pobre e trabalhadora, habituada aos métodos repressivos e violentos dos batalhões sanitários. Pressionadas por seu precário quadro de vida, agravado pela reforma urbana e pelas novas normas disciplinares e sanitárias, as camadas populares insurgiram-se contra o governo. Essa reação ficou conhecida como Revolta da Vacina. A reação popular foi também induzida pela campanha de jornais e políticos, que aproveitaram a vacinação obrigatória para atacar o governo e se promover politicamente. No dia 10 de novembro, foram registradas as primeiras agitações populares, que tomaram grandes proporções durante alguns dias, principalmente nas áreas centrais da capital do país. A multidão rebelada destruía veículos e lâmpadas da iluminação pública, arrancava calçamentos das ruas, assaltava delegacias e repartições públicas, distribuindo armas, querosene e dinamite roubados da polícia e de estabelecimentos comerciais, construindo verdadeiras barricadas e trincheiras contra a ação policial.

Fonte 4

Charge O espeto obrigatório, de outubro de 1904, satirizando a vacina obrigatória contra a varíola. Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, Rio de Janeiro.

Fonte 5

Notícias do Rio de Janeiro "Seria preciso não conhecermos a vida da cidade do Rio de Janeiro, mesmo nos seus dias anormais, para não compreendermos os acontecimentos de ontem que encheram de pânico e pavor toda a população. Houve de tudo ontem. Tiros, gritos, vaias, interrupção de trânsito, estabelecimentos e casas de espetáculos fechadas, bondes assaltados e bondes queimados, lampiões quebrados à pedrada, árvores derrubadas, edifícios públicos e particulares deteriorados."

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

• A população do Rio se rebela:

Gazeta de Notícias, 14 de novembro de 1904.

Charge de Leônidas Freire sobre a Revolta da Vacina, publicada em O Malho, 1904. Biblioteca da Casa de Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro.

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• O fim da revolta O governo apelou para reforços da marinha e do exército para tentar solucionar o conflito, bombar­ deando bairros e atacando, com embarcações de guerra, os limites da capital federal. Finalmente, após intensa repressão contra os rebel­ des e a revogação da lei da vacinação obrigatória, no dia 16 de novembro de 1904, o movimento refluiu até desaparecer completamente. Como em muitas outras ocasiões da história brasileira, a punição e o castigo dos revoltosos foram exemplares, ocorrendo não só prisão, mas deportação e morte de muitos deles. Durante muito tempo a Revolta da Vacina foi in­ terpretada como rebeldia de uma massa ignorante, que, no Rio de Janeiro, recusava o progresso urbano e sanitário. Mais recentemente, entretanto, tal rebelião tem sido entendida como emblemático protesto polí­ tico contra o poder estabelecido ou como uma revolta popular contra a exclusão social e econômica, sendo mero pretexto a recusa à vacinação obrigatória.

Fonte 6

Interpretação sobre a revolta “Esse processo de reurbanização trouxe consigo fórmulas particularmente drásticas de discriminação, exclusão e controle social, voltadas contra os grupos destituídos da sociedade. E foi na intersecção sufocante dessa malha densa e perversa que a população humilde da cidade viu reduzirem-se a sua condição humana e sua capacidade de sobrevivência ao mais baixo nível. A equação dessas injunções, vistas pelo seu ângulo, traduzia-se em opressão, privação, aviltamento e indignidade ilimitadas. Sua reação, portanto, não foi contra a vacina, mas contra a história. Uma história em que o papel que lhes reservaram pareceu-lhes intolerável e que eles lutaram para mudar.” SEVCENKO, Nicolau. A Revolta da Vacina: mentes insanas em corpos rebeldes. São Paulo: Brasiliense, 1984. p. 88.

Atividades Organize o conhecimento

1. Responda às questões. a) Quais eram os objetivos da reforma urbana con­ duzida por Pereira Passos no Rio de Janeiro, no início do século XX? b) Como a reforma urbana da capital federal afetou as classes populares? c) De que forma a população demonstrou seu des­ contentamento com as novas medidas do prefeito Pereira Passos e do diretor de Saúde Pública, Oswaldo Cruz?

2. Hoje, passados mais de cem anos da Revolta da Vacina, existem muitas campanhas que informam a população e a orientam sobre a importância de prevenir doenças por meio da vacinação. Estabeleça semelhanças e diferenças entre as campanhas de vacinação contra a varíola, na Primeira República, e as atuais campanhas da saúde pública. Analise e compare as fontes

3. Responda às questões sobre a fonte 1. a) Identifique o local e o ano da fotografia.

b) Descreva os principais elementos, naturais e hu­ manos, que a compõem. c) Em 2007, o Cristo Redentor foi escolhido por voto popular como uma das sete maravilhas do mun­ do moderno. Você concorda com essa decisão? Justifique.

4. As fontes 2 e 3 apresentam aspectos do Rio de Janeiro no início do século XX. Analise e comente esses aspectos.

5. Analise o conteúdo representado nas fontes 4 e 5 e estabeleça uma relação entre elas.

6. Releia a fonte 6 e explique o significado da frase

“Sua reação, portanto, não foi contra a vacina, mas contra a história”.

Pesquise

7. Faça uma pesquisa sobre a vida de Oswaldo Cruz.

Siga o roteiro a seguir. a) Pesquise em livros, revistas e na internet informa­ ções sobre a vida de Oswaldo Cruz e a importância de seu trabalho na saúde pública. b) Redija um texto sintetizando os dados mais rele­ vantes obtidos em sua pesquisa.

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Compreender um texto Um cronista da cidade maravilhosa Lima Barreto nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1881 e morreu nesse local em 1922, vítima de alcoolismo. Autor de importantes romances da literatura brasileira, como Triste fim de Policarpo Quaresma e Clara dos Anjos, Lima Barreto foi um crítico implacável da realidade social e política brasileira. Além de romancista, publicou crônicas que enfocavam o cenário cotidiano da cidade: as ruas, os transeuntes, os problemas urbanos, enfim, as transformações pelas quais passava a cidade no início do século XX.

Os aluguéis na cidade do Rio de Janeiro

Atualmente, nada mais mete medo a um pobre-diabo que a tal história de aluguel de casa: não há quem não esteja pagando, por trapeiras, exorbitantes locações dignas da bolsa de ricaços [...]. Um amigo, muito meu amigo mesmo, paga atualmente, nos confins dos subúrbios, o avantajado aluguel de duzentos e cinco mil-réis por uma casa que, há dois anos, não lhe custava mais de cento e cinquenta mil-réis. Para melhorar um tão doloroso estado de coisas, a prefeitura põe abaixo o Castelo e adjacências, demolindo alguns milhares de prédios, cujos moradores vão aumentar a procura e encarecer, portanto, ainda mais, as rendas das habitações mercenárias. A municipalidade desta cidade tem dessas medidas paradoxais, para as quais chamo a atenção dos governos das grandes cidades do mundo. Fala-se, por exemplo, na vergonha que é a favela, ali, numa das portas de entrada da cidade – o que faz a nossa edilidade? Nada mais, nada menos do que isto: gasta cinco mil contos para construir uma avenida nas areias de Copacabana. Clama-se contra as péssimas condições higiênicas do matadouro de Santa Cruz, imediatamente a prefeitura providencia chamando concorrência para a construção de um prado de corridas modelo, no Jardim Botânico, à imitação do Chantilly. De forma que a nossa municipalidade não procura prover as necessidades imediatas dos seus munícipes, mas as suas superfluidades. É uma teoria de governo que devia estar na cabeça daquele régulo selvagem que atirava sementes fora e só tinha extremos para as bugigangas de vidros coloridos.

O escritor Lima Barreto. Biblioteca Mário de Andrade, São Paulo.

Morro da Favela, atual Morro da Previdência, no Rio de Janeiro, cerca de 1920. 70

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A casa, como ia dizendo, é nos dias que correm, um pesadelo atroz. Todos explicam esse encarecimento da locação dos prédios com a carestia dos materiais de construção, que cresceram de preço demasiadamente nos últimos seis anos, refletindo esse encarecimento no custo dos caibros, ripas, sarrafos, tábuas, esquadrias que já estavam apodrecendo, há mais de vinte, em prédios velhos, de forma que os aluguéis destes tiveram que subir também paralelamente aos novos. O Governo Federal – não há negar – tem sido paternal. A sua política, a respeito, é de uma bondade de São Francisco de Assis: aumenta os vencimentos e, concomitantemente, os impostos, isto é, dá com uma mão e tira com a outra. [...] O meu ilustre confrade Veiga Miranda e [...] Cincinato Braga já propuseram, para remediar uma tão deplorável situação, encaminhar grande massa de nossa população para o campo. Eles a querem para as fazendas. Eu proponho melhor. Que sejam dados a cada indivíduo isolado um machado, um facão, uma espingarda de caça, chumbo, espoletas, enxadas, semente, uma cabra, um papagaio e um exemplar de Robinson Crusoe. [...] O problema será assim resolvido, em prol do progresso do país e é de notar que tão fecunda solução foi encontrada num simples romance ao qual as pessoas sisudas não dão importância. 14 de janeiro de 1922.

Localize a informação

1. Responda. a) Segundo Lima Barreto, qual era um dos principais problemas da população que morava na capital federal do Brasil na década de 1920? b) Que fator agravava ainda mais o problema na cidade? c) De acordo com o autor, de que maneira as autoridades procuravam resolver o assunto? Analise e interprete

2. Que elementos o autor utiliza em seu texto para criticar a postura do governo brasileiro perante a questão habitacional? Justifique. Opine

3. Ainda hoje, muitas cidades brasileiras enfrentam problemas relacionados à moradia. a) Quais são as principais dificuldades ligadas à habitação encontradas no Brasil atualmente? b) Na sua opinião, que medidas poderiam ser tomadas na tentativa de melhorar esse quadro? Justifique. Trabalho em grupo

4. Forme um grupo de trabalho para pesquisar a história da urbanização da sua cidade. Procurem em livros, revistas, jornais e na internet informações sobre os principais momentos na história da cidade onde vocês vivem. Entrevistas com moradores antigos também podem ser uma excelente fonte de informações. Ao final, escrevam um texto com os resultados obtidos e apresentem para a classe.

Glossário

BARRETO, Lima. Variações... Citado em Crônicas. Disponível em www.dominiopublico.gov.br. Acesso em 6 ago. 2010.

Atividades

Castelo Região montanhosa do Rio de Janeiro que foi aterrada durante o processo de urbanização e higienização da capital na década de 1920.

Chantilly Cidade francesa situada ao norte de Paris.

Edilidade Câmara municipal.

Régulo Chefe de povo indígena.

Vencimentos Remuneração de um cargo público.

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Trabalho em equipe

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Escrever um cordel É difícil saber a origem da literatura de cordel. Para alguns, ela existe desde a Antiguidade; para outros, surgiu apenas durante a Idade Média, na Europa. Bastante popular, o cordel era apresentado pelos trovadores, que recitavam, de vila em vila, histórias de feitos importantes. Com o tempo, as narrativas passaram a ser transcritas em folhetos, que eram pendurados em cordas (daí o nome “cordel”) para que as pessoas os lessem e comprassem. Trazido pelos portugueses durante o período colonial, o cordel se fixou no Nordeste, onde continua presente até hoje. Os autores, chamados cordelistas, acompanham os versos com música de viola. As rimas e a música facilitam a memorização e a repetição. Desde que apareceram, tivemos importantes cordelistas, como Leandro Gomes de Barros (o primeiro cordelista a publicar no Brasil), João Martins de Athayde, Manuel Camilo dos Santos, Cego Aderaldo e Patativa do Assaré. Geralmente os folhetos trazem ilustrações em xilogravura. A linguagem utilizada é popular, muito parecida com a fala, e os temas variam bastante. Os cordéis podem tratar tanto de feitos heroicos, de questões políticas ou sociais, quanto de pessoas conhecidas e de assuntos do cotidiano. Nos primeiros anos de nossa república, o cordel era uma importante forma de comunicação entre a população nordestina. Lampião e Padre Cícero foram alguns dos personagens recitados pelos cordelistas. Agora é com você. Reúna-se com seus amigos para compor um cordel sobre algum acontecimento do início do período republicano brasileiro.

Antônio Gonçalves da Silva, conhecido como Patativa do Assaré, no Ceará, foto de 2000. Além de poeta popular, Patativa do Assaré foi compositor, cantor e improvisador, sendo uma das grandes figuras da cultura nacional.

Banca com folhetos de cordel em feira de Campina Grande, na Paraíba, 2001. 72

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Abaixo, segue um exemplo da literatura de cordel para auxiliá-los na produção do trabalho: Brasi caboco “O qui é Brasí caboco? É um Brasi diferente do Brasí das capitá. É um Brasi brasilêro, sem mistura de instrangero, um Brasi nacioná! [...]

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Brasi caboco num come assentado nos banquete, misturado cum os home de casaca e anelão... Brasi caboco só come o bode seco, o feijão, e as veiz uma panelada, um pirão de carne verde, nos dias da inleição quando vai servi de iscada prus home de posição. [...]

Folhetos de cordel. Feitos heróicos, questões políticas e sociais e assuntos do cotidiano são temas comuns na literatura de cordel. Repare nas ilustrações em xilogravura e na simplicidade dos folhetos.

É esse o Brasi caboco. Um Brasi bem brasilero, sem mistura de instrangêro Um Brasi nacioná! Brasi, qui foi, eu tô certo argum dia discuberto, pru Pêdo Arves Cabrá.”

Avaliar o trabalho

• Quais foram as maiores dificuldades encontradas na elaboração do cordel?

Brasi caboco. Zé da Luz (1904-1965). Citado em Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Disponível em www.ablc.com.br. Acesso em 4 set. 2010.

• Qual foi o cordel de que a classe mais gostou? É importante que cada um justifique sua escolha. • Como o cordel pode estar mais presente no cotidiano da sala? É possível utilizá-lo em outras disciplinas e com outros conteúdos?

Passos para escrever o cordel 1

Formar um grupo de 4 ou 5 alunos.

2

Pesquisar, em livros, revistas, jornais e na internet, mais informações sobre literatura de cordel. Registrar no caderno as principais características da literatura de cordel. Ler alguns cordéis, identificando o ritmo e as rimas usadas.

3 4 5

6

Escolher o tema do cordel que será escrito, dentro da seguinte lista: cangaço, República das Oligarquias, Revolta da Chibata, movimento operário na Primeira República, Revolta da Vacina, Guerra de Canudos, Guerra do Contestado. Pesquisar o tema escolhido em livros e na internet.

7

Registrar no caderno as principais informações sobre o tema.

8

Redigir os primeiros versos, incluindo neles as informações pesquisadas.

9

Trabalhar cuidadosamente os versos, respeitando o número de versos de cada estrofe, o sistema de rimas e o uso da linguagem popular.

10 11

Ilustrar o cordel.

Montar o folheto, misturando o texto e as ilustrações.

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Cada grupo deve apresentar seu cordel para a classe e pendurá-lo no cordão que o professor esticará na sala.

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ararIbรก hIstรณrIa

Guia de estudo

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organizadora: editora Moderna Obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna. editora executiva: Maria Raquel Apolinรกrio

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© Editora Moderna 2010

Elaboração dos originais: Bianca Barbagallo Zucchi Mestre e doutoranda em História da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Professora do curso de pós-graduação História, Sociedade e Cultura da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Maria Raquel Apolinário Bacharel e licenciada em História pela Universidade de São Paulo (USP). Professora da rede estadual e municipal de ensino por 12 anos. Editora.

Coordenação editorial: Maria Raquel Apolinário Edição de texto: Eduardo Augusto Guimarães, Nubia Andrade e Silva Consultoria histórica: Júlio Pimentel Assistência editorial: Cíntia Medina, Gabriele C. B. Santos Coordenação de design e projetos visuais: Sandra Botelho de Carvalho Homma Projeto gráfico: Everson de Paula Capa: Everson de Paula Arte e fotografia: Catedral de Santa Sofia © Reiner Elsen/Glow Images/Imageplus Coordenação de produção gráfica: André Monteiro, Maria de Lourdes Rodrigues Coordenação de arte: Wilson Gazzoni Agostinho Edição de arte: Renata Susana Rechberger Coordenação de revisão: Elaine Cristina del Nero Revisão: Alexandra Fonseca Coordenação de pesquisa iconográfica: Ana Lucia Soares Pesquisa iconográfica: Leonardo de Sousa Klein, Etoile Shaw, Odete Ernestina Pereira, Felipe Campos As imagens identificadas com a sigla CID foram fornecidas pelo Centro de Informação e Documentação da Editora Moderna. Coordenação de bureau: Américo Jesus Tratamento de imagens: Alexandre Petreca, Arleth Rodrigues, Pix Art Pré-impressão: Alexandre Petreca, Everton L. de Oliveira Silva, Hélio P. de Souza Filho, Marcio H. Kamoto Coordenação de produção industrial: Wilson Aparecido Troque

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Projeto Araribá: história: ensino fundamental / obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna; editora executiva Maria Raquel Apolinário. — 3. ed. — São Paulo: Moderna, 2010.

Obra em 4 v. para alunos do 6o ao 9o ano. “Componente curricular : História” Bibliografia.

1. História (Ensino fundamental) I. Apolinário, Maria Raquel.

10-07541

CDD-372.89

Índices para catálogo sistemático: 1. História: Ensino fundamental 372.89

ISBN 978-85-16-06844-8 (LA) ISBN 978-85-16-06845-5 (LP)

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados EDITORA MODERNA LTDA. Rua Padre Adelino, 758 - Belenzinho São Paulo - SP - Brasil - CEP 03303-904 Vendas e Atendimento: Tel. (0_ _11) 2602-5510 Fax (0_ _11) 2790-1501 www.moderna.com.br 2011 Impresso na China 1 3 5 7 9 10 8 6 4 2

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Sumário

Conheça o seu Guia de estudo...............................................................................................4 A função dos organizadores gráficos.................................................................................. 6 Introdução aos estudos históricos Síntese dos conteúdos........................................................................................................8 O que aprendi nesta unidade?........................................................................................ 11 Unidade 1 As origens do ser humano Síntese dos conteúdos......................................................................................................12 O que aprendi nesta unidade?........................................................................................ 17 Unidade 2 O povoamento da América Síntese dos conteúdos......................................................................................................18 O que aprendi nesta unidade?........................................................................................21 Unidade 3 Mesopotâmia, Egito e o Reino da Núbia Síntese dos conteúdos......................................................................................................22 O que aprendi nesta unidade?........................................................................................26 Unidade 4 China e Índia Síntese dos conteúdos......................................................................................................27 O que aprendi nesta unidade?........................................................................................30 Unidade 5 Fenícios, hebreus e persas Síntese dos conteúdos......................................................................................................31 O que aprendi nesta unidade?........................................................................................36 Unidade 6 A civilização grega Síntese dos conteúdos......................................................................................................37 O que aprendi nesta unidade?........................................................................................42 Unidade 7 A civilização romana Síntese dos conteúdos......................................................................................................43 O que aprendi nesta unidade?....................................................................................... 46 Unidade 8 A crise do Império Romano Síntese dos conteúdos......................................................................................................47 O que aprendi nesta unidade?........................................................................................50 Vocabulário em contexto Civilização..............................................................................................................................51 Democracia............................................................................................................................53 Documento............................................................................................................................54 Escravidão.............................................................................................................................56 Estado....................................................................................................................................57 História...................................................................................................................................59 Império.................................................................................................................................. 60 Mito.........................................................................................................................................62 Nomadismo...........................................................................................................................63 Sedentarismo....................................................................................................................... 66 Tempo.................................................................................................................................... 68 Trabalho.................................................................................................................................70 3

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conheça o seu Guia de estudo Este material foi produzido com o objetivo de ajudá-lo a compreender melhor os conteúdos estudados nas unidades do seu livro. As atividades propostas neste Guia ampliam o aprendizado de alguns temas e relacionam a história a outras áreas do conhecimento.

síntese dos conteúdos Nesta seção você vai sintetizar os principais conteúdos da unidade. Por meio de organizadores gráficos, textos e imagens, você vai estudar e rever o que aprendeu fazendo o seu próprio registro-síntese dos conceitos e assuntos essenciais do tema.

A síntese dos conteúdos será feita em três momentos: • Conceitos principais Aqui você revisa os conceitos e conteúdos estudados em cada tema em atividades de síntese, comparação, classificação e explicação.

• Faça a conexão Ao realizar as propostas desta seção, você vai estabelecer relações da história com a arte, a geografia, a biologia, a matemática e outras áreas do conhecimento.

• Pensamento crítico Nesta seção você vai refletir, emitir opiniões e apresentar propostas relacionadas ao conhecimento histórico, ao meio ambiente, aos problemas sociais, à questão da tolerância e da diversidade cultural e a outros assuntos importantes no mundo contemporâneo.

Faça a conexão

MAURICIO DE SOUSA PRODUÇÕES LTDA

6. Leia a história em quadrinhos a seguir e responda às questões.

Página da história Era uma vez... o Horácio, de Mauricio de Sousa.

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o que aprendi nesta unidade? O que aprendi nesta unidade?

Este é o momento de avaliar o seu aprendizado sobre os temas estudados. Ao preencher o quadro proposto, você vai saber se atingiu os objetivos estabelecidos para cada questão e perceber os conteúdos que precisam ser revistos e retrabalhados.

Avalie o seu aprendizado marcando um X na coluna correspondente. Questões

Correta

Incorreta

Tema 1. Mesopotâmia: o berço da civilização Tema 2. Mesopotâmia: terra de grandes impérios Identificar características comuns e especificidades dos diferentes povos da Mesopotâmia.

1

Reconhecer a importância da produção de tecidos para a economia urbana da antiga Mesopotâmia.

6

Tema 3. O Egito e o Rio Nilo Tema 5. A religião e a escrita Reconhecer as principais características da economia e da religião dos antigos egípcios.

2

Tema 4. A sociedade no Egito antigo Identificar diferentes grupos sociais do antigo Egito e representar graficamente a composição dessa sociedade.

3

Dominar conceitos importantes para o estudo e a compreensão dos povos da Antiguidade do Oriente Próximo.

5

Tema 6. O Reino da Núbia Listar os principais aspectos da história do Reino da Núbia.

4

Temas 1 a 5 Estabelecer relações entre a agricultura de regadio dos povos do Oriente Próximo antigo e uma experiência atual de agricultura no Brasil.

7

t Se você errou a questão 1, releia os temas 1 e 2 no seu livro-texto. t Se você errou a questão dos temas 3 e 5, releia esses temas no seu livro-texto. t Se você errou uma ou as duas questões do tema 4, releia esse tema no seu livro-texto. t Se você errou a questão 6 ou a 7, releia o texto da questão e extraia a ideia central de cada parágrafo.

26

Vocabulário em contexto Ao final deste Guia, selecionamos, em ordem alfabética, uma lista de palavras ou expressões que consideramos essenciais para o estudo dos temas históricos abordados no seu livro. O objetivo desse trabalho com vocabulário é ajudá-lo a compreender melhor os conteúdos da disciplina e a ampliar a capacidade de uso desse vocabulário. Ao fazer isso, você vai perceber como uma mesma palavra pode ter sentidos diferentes, dependendo do contexto em que é utilizada.

A palavra tempo,, por exemplo, essencial para a disciplina de história, tem um sentido diferente para a área de geografia, além de admitir vários usos no cotidiano. Você pode dizer “não vou ter tempo de assistir a esse filme” ou, também, “no tempo da minha avó, as mulheres geralmente tinham muitos filhos”.

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a função dos organizadores gráficos Os organizadores gráficos são muito utilizados na seção Síntese dos conteúdos. Eles estimulam a memória visual e facilitam a compreensão e a fixação dos conceitos. O uso desse recurso permite que você represente graficamente um conceito ou um acontecimento histórico, ampliando sua capacidade de interpretar conteúdos visuais. Existem diferentes formatos de organizadores gráficos para cada tipo de conteúdo ou de informação que representam. Veja alguns exemplos a seguir.

1. rede de tópicos Este organizador gráfico é utilizado quando existe uma ideia central que une outras ideas diferentes. Por exemplo, as diferentes características da vida humana no período Paleolítico. As ferramentas eram feitas, em geral, de pedra.

Grupos humanos nômades.

A vida humana no período Paleolítico Aprenderam a produzir e a utilizar o fogo.

Praticavam a caça, a pesca e a coleta para sobreviver.

2. classificação Este formato de organizador gráfico é utilizado para demonstrar que determinadas características dizem respeito a uma espécie, regime político, grupo social ou qualquer outra categoria. Por exemplo, as formas e os sistemas de governo. Formas de governo Monarquia Absolutista

República Parlamentar

Presidencialista

Parlamentar

3. comparação O organizador gráfico neste formato compara diferentes aspectos de dois ou mais conceitos ou acontecimentos. Neste caso, ele compara as características do regime socialista com as do regime capitalista. Socialismo

Capitalismo

Meios de produção

Propriedade coletiva.

Pode ser privada ou estatal.

Classe social

Abolição das diferenças sociais.

Divisão da sociedade em classes, principalmente entre burgueses e trabalhadores.

Economia

Economia planificada.

Livre iniciativa.

Objetivo da produção

Atender às necessidades coletivas.

A busca do lucro.

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4. semelhanças e diferenças Este tipo de organizador representa diferenças e semelhanças entre dois ou mais elementos. As características semelhantes ficam na intersecção entre os dois círculos, e as diferentes ficam nos espaços correspondentes a cada um dos círculos. No exemplo, as diferenças e as semelhanças entre o judaísmo e o cristianismo. Judaísmo • Baseia-se no Antigo Testamento. • Crença na vinda do messias. • O Dia do Perdão é a celebração religiosa mais importante.

Cristianismo

• Crença em um só Deus. • Deus é o criador de todas as coisas.

• Baseia-se no Antigo Testamento e no Novo Testamento. • Crê em Jesus Cristo como o messias. • O Natal é a celebração religiosa mais importante.

5. Processo O organizador gráfico de processo traz uma sequência de caixas ligadas por setas. As setas indicam que um fato sucede a outro. Neste caso, as etapas da Revolução Francesa. Queda da Bastilha

Monarquia Constitucional

República Jacobina

Diretório

18 Brumário

6. relação de causa e efeito Este modelo de organizador gráfico mostra uma relação de causa e consequência. Neste exemplo, temos as causas ao fim da monarquia no Brasil. Endividamento do Estado brasileiro. Guerra do Paraguai Fortalecimento do Exército.

Defensores associavam o escravismo com a monarquia. Movimento abolicionista

Fim da monarquia no Brasil

Críticas condenaram a abolição da escravidão.

Crescimento econômico e da vida urbana no Sudeste. Expansão da economia cafeeira

Aumento da classe média, que defendia valores da modernidade. 7

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Introdução

Introdução aos estudos históricos

síntese dos conteúdos conceitos principais

1. Complete o diagrama abaixo para compreender melhor o trabalho do historiador. Objeto de estudo: _________________ _________________

História

O historiador analisa e compara as fontes selecionadas.

Produz __________________________ especializado e o divulga.

Fontes históricas: __________________ __________________

2. Escreva V (verdadeiro) ou F (falso) para as afirmações sobre a história e o trabalho dos historiadores. Somente documentos escritos trazem informações verdadeiras sobre o passado. A história estuda a ação dos homens ao longo do tempo. Os historiadores utilizam diferentes tipos de documento para estudar o passado. A história deve ser estudada somente a partir dos feitos de homens importantes como reis e sacerdotes. A história não estabelece relação com outras ciências.

3. Por que existem diferentes calendários em uso nos dias de hoje?

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4. Organize os anos a seguir com relação ao período histórico ao qual pertencem. a) 10000 a.C.

h) 1459

b) 1753

i) 5000 a.C.

c) 1202

j) 55

d) 500

k) 2010 a.C.

e) 2000

l) 1530

f) 1

m) 1401

g) 1910

n) 1830

Pré-história

Idade Antiga

Idade Moderna

Idade Contemporânea

Idade Média

5. Relacione as duas colunas. Período de 100 anos.

Instrumento criado para medir a passagem de dias, meses e anos.

a) Calendário. b) Século. c) Calendário gregoriano.

Forma de organizar cronologicamente os acontecimentos.

d) Linha do tempo. e) Relógio de sol.

É o mais utilizado nos dias atuais e tem como marco o nascimento de Cristo.

Um dos mais antigos instrumentos de medição do tempo criados pelo homem.

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6. O livro O queijo e os vermes, escrito na década de 1970 pelo historiador italiano Carlo Ginzburg, conta a história de um moleiro que viveu na Itália no século XVI. Leia o trecho a seguir, retirado do prefácio dessa obra, em que o autor justifica a escolha do tema do livro. “No passado, podiam-se acusar os historiadores de querer conhecer somente as ‘gestas dos reis’. Hoje, é claro, não é mais assim. Cada vez mais se interessam pelo que seus predecessores haviam ocultado, deixado de lado ou simplesmente ignorado. ‘Quem construiu Tebas das sete portas?’— perguntava o ‘leitor operário’ de Brecht. As fontes não nos contam nada daqueles pedreiros anônimos, mas a pergunta conserva todo o seu peso. A escassez de testemunhos sobre o comportamento e as atitudes das classes subalternas do passado é com certeza o primeiro — mas não o único — obstáculo contra o qual as pesquisas históricas do gênero se chocam. Porém, é uma regra que admite exceções. Este livro conta a história de um moleiro friuliano — Domenico Scandella, conhecido por Menocchio — queimado por ordem do Santo Ofício, depois de uma vida transcorrida em total anonimato.” GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes: o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela Inquisição. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. p. 15-16.

Glossário

Faça a conexão

Moleiro

Dono de um moinho, local em que os cereais são moídos.

Gesta

Feito heroico.

Brecht

Bertolt Brecht, dramaturgo e poeta alemão (1898-1956) cujas obras promoviam uma revolução estética e buscavam transformar a realidade social.

Santo Ofício

Tribunal inquisitório criado pela Igreja Católica no final do século XII com o objetivo de punir acusados de atos contra a Igreja e a doutrina católica.

a) Segundo Ginzburg, por que os historiadores do passado se diferenciam dos do presente?

b) Qual é a principal dificuldade encontrada pelos historiadores para estudar as chamadas “classes subalternas”?

c) Estabeleça uma relação entre esse texto e o que o capítulo introdutório do seu livro de história afirma sobre o estudo da vida de pessoas anônimas.

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Pensamento crítico

7. Você estudou que, ao contrário do que se acreditava durante o século XIX, atualmente os historiadores analisam documentos históricos variados e admitem que não há uma verdade absoluta sobre os acontecimentos. a) Na sua opinião, qual é a importância de estudar história nos dias de hoje?

b) Você se interessa pelo passado de sua família, de seu bairro ou de sua cidade? O que gostaria de conhecer melhor sobre o passado?

O que aprendi nesta unidade? Avalie o seu aprendizado marcando um X na coluna correspondente. Questões

Correta

Incorreta

Introdução aos estudos históricos Tema 1. O trabalho do historiador Compreender o objeto, as fontes e o método de trabalho do historiador.

1e2

Entender a metodologia de pesquisa utilizada pelos historiadores e as transformações pelas quais passou a ciência histórica.

1, 2, 6 e 7

Compreender o conceito de documento histórico.

2, 6 e 7

Tema 2. O tempo e a história Reconhecer o que é um calendário e qual a sua utilidade.

3

Dominar o critério de organização do calendário gregoriano.

4

Reconhecer algumas categorias ligadas à noção de tempo.

5

• Se você errou uma ou mais questões do tema 1, releia esse tema no seu livro-texto. • Se você errou uma ou mais questões do tema 2, releia os temas 1 e 2 do seu livro-texto. 11

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Unidade

1

as origens do ser humano

síntese dos conteúdos conceitos principais

1. Escreva C (criacionismo) ou E (evolucionismo) para as afirmações abaixo. Explicação sobre a origem da vida que tem como uma das obras fundamentais a Bíblia. A criação do mundo aconteceu cerca de 6 mil anos atrás. Tem como base as teorias desenvolvidas por Charles Darwin e Alfred Wallace. Tanto o universo quanto o ser humano foram criados por um ser superior. Parte do princípio de que as espécies mais bem adaptadas ao ambiente tendem a sobreviver e a reproduzir-se. Não tem fundamentação religiosa.

2. Complete o quadro abaixo com as informações referentes às diferentes espécies de hominídeos. Locais que habitavam

Habilidades

Homo habilis Homo erectus Homo neanderthalensis Homo sapiens

3. Compare a vida humana no Paleolítico e no Neolítico, estabelecendo semelhanças e diferenças.

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4. Ordene as informações no diagrama a seguir e depois escreva um pequeno texto sobre o papel do Estado nos agrupamentos humanos do Neolítico. a) Formação de núcleos humanos sedentários.

d) Surgimento da divisão do trabalho e do comércio.

b) Desenvolvimento da agricultura.

e) Nascimento de cidades.

c) Iniciou-se o processo de centralização política, ou seja, de formação do Estado.

f) Desenvolvimento de técnicas agrícolas e formação de excedentes.

Mudanças ocorridas no Neolítico

Desenvolvimento de técnicas agrícolas e formação de excedentes.

Formação de núcleos humanos sedentários.

5. Complete as frases com as palavras do quadro. instrumentos – cobre – minério de ferro – metalurgia – maleável – técnicas

são as técnicas relacionadas ao trabalho com diferentes metais. Os homens começaram a dominar essa técnica por volta de 8 mil anos atrás. O primeiro metal com o qual o homem conseguiu forjar instrumentos foi , por ser um metal mais . Cerca de 2 mil anos depois, o só o bronze passou também a ser utilizado. O uso do ocorreu posteriormente, por volta de 1500 a.C., e logo se tornou um metal fundamental para a sobrevivência das sociedades, sendo muito utilizado até os dias metalúrgicas transformou a vida dos seres de hoje. O domínio das , como humanos, que puderam fabricar e utilizar diversos armas, recipientes e ferramentas, para o trabalho e para a vida cotidiana. 13

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Faça a conexão

Mauricio de Sousa Produções Ltda

6. Leia a história em quadrinhos a seguir e responda às questões.

Página da história Era uma vez... o Horácio, de Mauricio de Sousa.

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a) Em que época vive Piteco, o personagem central dessa história? Quais indícios dessa época aparecem nessa tira?

b) Qual elemento dos quadrinhos não condiz com o conhecimento científico produzido a respeito da Pré-história?

c) Relacione os últimos dois quadrinhos a um acontecimento importante ocorrido no final da Pré-história.

Pensamento crítico

7. Você acabou de estudar uma unidade que trata da vida dos primeiros grupos humanos que habitavam o planeta e pôde perceber que o tempo em que os homens habitam a Terra é relativamente curto quando comparado à idade do planeta. No entanto, mesmo curta, a existência do homem na Terra já causou profundas alterações na paisagem e nas condições ambientais: poluição dos rios e dos mares, esgotamento dos recursos naturais, diminuição drástica das áreas florestais, aumento da emissão de gases de efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global, espécies de plantas e animais ameaçadas de extinção etc. 15

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Clóvis Lima

Observe a charge a seguir que trata desse tema e responda às questões.

Charge de Clóvis Lima dedicada ao Dia Mundial do Meio Ambiente, 4 de julho de 2009.

a) Descreva a charge e seus personagens.

b) Identifique e comente a crítica feita pelos personagens.

c) Discuta com os colegas as seguintes questões: • Vocês concordam com a crítica feita pelos personagens? Por quê? • Que ações individuais e coletivas podem ser tomadas para preservar o meio ambiente?

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O que aprendi nesta unidade? Avalie o seu aprendizado marcando um x na coluna correspondente. Questões

Correta

Incorreta

Tema 1. A evolução do ser humano Diferenciar o criacionismo do evolucionismo.

1

Identificar as principais espécies de hominídeos e as características de cada uma delas.

2

Tema 2. A vida humana no Paleolítico Tema 3. O Neolítico e a Revolução Agrícola Comparar o modo de vida do homem no Paleolítico e no Neolítico, estabelecendo diferenças e semelhanças.

3

Identificar as principais características da vida humana na Pré-história e perceber situações que não condizem com o conhecimento científico sobre esse período.

6

Tema 4. A Idade dos Metais Compreender a origem do uso dos metais pelo homem e a importância que eles tiveram para a vida humana.

5

Tema 5. O surgimento das cidades Sintetizar as mudanças impulsionadas pela Revolução Agrícola, que deram origem à divisão do trabalho e à formação do Estado.

4

• Se você errou uma ou as duas questões do tema 1, releia esse tema no seu livro-texto. • Se você errou uma das questões dos temas 2 e 3, releia os temas 2 e 3 no seu livro-texto. • Se você errou a questão do tema 4, releia esse tema no seu livro-texto. • Se você errou a questão do tema 5, releia esse tema no seu livro-texto.

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para degustação

Professor, esta amostra apresenta algumas unidades do Projeto Araribá História. Nela, você poderá conhecer a estrutura da coleção e o conteúdo programático desenvolvido para proporcionar aulas ainda mais dinâmicas e completas. A coleção aborda os acontecimentos históricos em ordem cronológica, possibilitando a análise e a comparação de fontes históricas sob um olhar analítico. Os conteúdos priorizam a postura crítica e a formação ética dos alunos, desenvolvendo atitudes e valores essenciais para a cidadania. O programa de compreensão leitora apresenta textos com linguagem acessível que destacam aspectos sociais, culturais, políticos e econômicos. Acesse o site da coleção e conheça todos os recursos multimídia que preparamos para facilitar a prática pedagógica dos professores adotantes e despertar o interesse nos alunos. Para mais informações sobre o conteúdo e a versão digital para tablet, entre em contato com o seu consultor Moderna!

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