SONNETTOS DE SOMENOS

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SONNETTOS DE

S O M E N O S

Glauco Mattoso

SONNETTOS DE SOMENOS

São Paulo

Casa de Ferreiro

Sonnettos de somenos

© Glauco Mattoso, 2025

Editoração, Diagramação e Revisão Lucio Medeiros

Capa

Concepção: Glauco Mattoso

Execução: Lucio Medeiros

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Mattoso, Glauco

SONNETTOS DE SOMENOS / Glauco Mattoso. –– Brasil : Casa de Ferreiro, 2025. 104 Páginas

1.Poesia Brasileira I. Título.

25-1293 CDD B869.1

Índices para catálogo sistemático: 1. Poesia brasileira

NOTA INTRODUCTORIA [10.100-E]

A cada novo livro, me questiono accerca do que posso compor como prefacio si, na practica, só sommo sonnettos e sonnettos collecciono.

Digamos que eu não diga que num throno sentei do sonnettismo, mas que eu domo o verso decasyllabo, pois tomo logar de quem nariz tem, sendo dono.

Em tempo de editar anthologia me vejo, quando somma meu trabalho ja quasi dez milhares. Quem diria?

Tem tudo o que compuz um vario talho thematico, mas tudo, todavia, demonstra que, em chulice, eu jamais falho.

SONNETTO DOS MENOS AMENOS [12.751]

Duvido que você disso se enfade. Compor sonnettos, Glauco, foi mania? Ou foi a vocação que lhe cabia na vida, aquella astral necessidade?

Que importa? Qualidade? Quantidade? É coisa de somenos a quem cria milhares, como quem faz, todo dia, a propria refeição que mais aggrade.

Qualquer desses maniacos produz sonnettos aos milhares, mas, sem luz, sem pejo, sem pudor, só você, Mestre!

Só merda sahirá de tantos cus. Nenhuma quebrará tantos tabus, ainda que em IAs alguem se addextre!

SONNETTO DO PÉ MANIFORME [12.752]

Irias adorar, Glauco! O subjeito do video tem o pé tão deformado que está mais parescendo mão! Si sado for elle, menestrel, estás é feito!

Tem pellos masculinos pelo peito, artelhos bem compridos e, de lado si visto, será chato, para aggrado teu, velho! O que farias ja suspeito…

Na certa chuparias cada artelho, ungindo com saliva aquella sola de porte simiesco, sem parelho…

Que penis, hem, que rosto o rapazola terá? Nada apparesce, mas me espelho e vejo que tambem meu pé extrapola…

SONNETTO DO VELHO PUNK NA LINHA [12.754]

Ahi, velho, se lembra de mim? Sou aquelle que ligava à noite! Eu era sarrista! Promettia: “Ah, cego, espera que eu quero usar você!” Ja se lembrou?

Fiquei só na punheta, mas lhe dou a dica do que eu ia, cara, à vera, fazer com você! Porra, meu, sou fera zoando com alguem que invalidou!

Seus braços ammarrava para traz! Você só com a bocca se virava! Queria ver só como você faz!

Você nem imagina! Nada trava a minha diversão! Meu, sou capaz de coisas mil com uma bocca escrava!

SONNETTO

DA VOZ CLAMANTE [12.755]

Indagas, Diniz, como, para as traças jogado, na cegueira, me convida a vida a revidar com pervertida minucia as mais poeticas mordaças.

Não faço poesia para as massas, mas sim commigo mesmo, suicida que sempre fui, na lyra que revida as dores com odores de pirraças.

Notaste, intelligente que és, as raras feições da minha tara, que, de perto, banaes e eguaes serão às demais caras.

Sim, este é meu segredo, que, decerto, devassas com pericia, pois reparas que escuto multidões no meu deserto.

SONNETTO DA CADEIRA 666 [12.756]

Diniz, me perguntastes vós, com voz satyrica, si está nos meus cocôs a verve do meu verso de pornôs signaes, cada cagada dura appós.

Respondo confirmando, pois, a sós no vaso onde defeco, ja se expoz a minha lyra toda, com retrôs tributos a Bocage, entre os avós.

Cadeiras academicas sabeis que tenho ja, mas outros mais porquês vos devo, si não sigo sanctas leis.

Um throno? O delle invejo, uma nudez anal que tem por ciphra seis, seis, seis: de Principe das Trevas terei vez.

SONNETTO ÀS SOLAS [12.757]

A sós, no vaso ou fora delle, estou, cagando ou punhetando-me, expressando aquillo que este breu atroz, nefando, me impõe como um pathetico horror show.

Me vejo como tu me vês, e dou chupada nos caralhos, ao commando daquelles que se enxergam de mim, quando me gozam, superiores. Me calhou.

Beijei o cu satanico, chupei paus varios, bem notaste, mas nas solas lambidas foi que estylo revelei.

Portanto, si sonnettos tu me bollas, só posso responder que lamberei as tuas, qualquer dia, qual esmollas.

SONNETTO

DO MOTTE MYCOTICO [12.758]

O “scholar”, pesquisando o meu fetiche, na practica quiz tudo comprovar. Seus pés, dos vãos d’artelho ao calcanhar, lambi, feito um salame em sanduiche.

Por certo o professor, quando me fiche, dirá que tenho sujo paladar, pois podre frieirinha fui achar em ambos os mindinhos. E elle: “Vixe!”

Fazia annotações emquanto minha linguona appresunctada se mettia por entre dedos fartos de morrinha.

No texto publicado, em theoria, descripto fui tal como uma damninha mycose: dá coceira, mas vicia.

SONNETTO

DA PESQUISA DE CAMPO [12.759]

Na practica, me exhibo, ou me excancaro, à parte essa theorica pesquisa, e mostro como usar a minha lisa linguona, alem dos fraccos do meu faro.

A sola lamberei, e me preparo bem para algum chulé de quem me pisa. Artelho chuparei que ninguem quiz, a contento, degustar, de tão amaro.

Mas, para que me goze totalmente aquelle que pesquisa meu fetiche, terei que chupador ser competente.

Até que sua porra quente exguiche, na rolla sentirá que tenho mente escrava, ainda que elle mal se lixe.

SONNETTO DA SESSÃO ESPIRITA [12.760]

Bilac, Alphonsus, Auta… Aquelles não me curtem, pois sou chulo demais para compor sonnettos. Nunca, alli, compara alguem meu verso à grande inspiração.

Bocage, Emilio, o Lobo… Curtição bastante eu ganho desses. Minha rara volupia a turma julga que tem cara maldicta, bom signal do que elles são.

Eu amo taes sessões de espiritismo. Assim posso saber o que de mim estão pensando os paes do sonnettismo.

Nem mesmo os moralistas de chinfrim me chamam, porem. Inda quando eu scismo que perco o gaz, dirão: “O Glauco, sim!”

SONNETTO INDEPHASAVEL [12.761]

Dizer “antigamente”, para mim, será fallar dalgum facto occorrido bem antes que eu nascesse. Faz sentido que seja a minha vida “actual”, sim.

Ou seja, quando ao nosso mundo vim, o tempo se divide e dividido está. Que seja “antigo” não duvido aquillo que exsistia antes, emfim.

Não venha alguem fallar que dos sessenta alguma banda seja “antiga”, nem que discos de vinyl ninguem commenta.

Emquanto eu estou vivo, tudo tem total actualidade. Sempre é lenta a marcha a quem será Mathusalem.

SONNETTO DO DESAGGRAVO AO ESCRAVO [12.763]

Por seres qual o servo que, em REI LEAR, offensas recebeu do conselheiro real, de “ruffião” e “alcoviteiro” chamado, um cão que exbanja covardia;

Por seres quem a pecha recebia de “estupido”, “arrogante” e que, dinheiro não tendo, meias usas com o cheiro dos sordidos mendigos la da via;

Por teres, nas alcovas, o vil fardo de todos os serviços acceitar, honrando tua fama de bastardo;

Te quero descalçar dos pés o par de “meias fedorentas” e teu ar do chiqueiro (um louco orgasmo) respirar!

SONNETTO ODARA [12.764]

Filmado, o rapaz branco que, perante os negros, adjoelha, pagará a divida que, biblica, lhe está imposta: a de lamber cada pisante.

Cumprindo o que Isaias (Não se expante, irmão!), quarenta e nove, disse ja, alli no vinte e trez, o pó será lambido nessas solas, doradvante.

Na praça, cada negro sua bota, seu tennis, seu sapato chega à cara do branco, sob a publica chacota.

Quem sempre foi escravo se declara, agora, mestre, e cara nova adopta, de gente empoderada, muito odara.

SONNETTO DA UTILIDADE NA FUTILIDADE

[12.766]

Fui “util p’ra caralho”, como todo subjeito sem visão pode ser, nesta vidinha familiar. Para que presta um cego? Mais me isolam, mais me fodo.

Adjuda fingem. Sempre chega, a rodo, mais gente intencionada. Que me resta sinão manter sigillo? Faz a festa, assim, quem de “veado” punha appodo.

Pensou elle: “Esse primo veadão, agora que não passa dum ceguinho, será meu chupador, pois todos são…”

Chupei-o, mudo, ouvindo um excarninho mas franco commentario: “Meu tesão augmenta si está cego o passarinho…”

SONNETTO

DA MEDIDA PROTECTIVA [12.768]

Um dia, no balcão da bibliotheca, me desequilibrei quando empurrado. Cahi sobre a mulher que estava ao lado, pellada, pelladona, a tal sapeca.

Escandalo fez ella. “Quem não pecca”, gritou, “ante a nudez?” E fui levado, à força, ao tribunal. O magistrado prisão domiciliar me deu. Dó? Neca!

Em casa, algum amigo me trazia comida. De repente, eis que foi ella quem trouxe, pelladona ainda, a thia.

Ahi, lhe perguntei por que, si bella não era, andava nua. Me deu fria resposta: “Só protesto, só querella.”

SONNETTO DO PANICO MORAL [12.769]

Não, Glauco, o que você gravou a gente não pode pôr nas redes sociaes! Você cria polemica demais nas suas entrevistas! Nem que eu tente!

Entendo que você, Glaucão, não mente, mas fiz todo o possivel p’ra as cabaes razões suas expor! Ninguem jamais acceita alguem assim tão dissidente!

Causou você tal panico moral com esses espinhosos themas, que eu nem pude defendel-o ou dar aval!

Fizemos varios cortes, mas não deu siquer para salvar aquella tal pilheria attribuida ao brocha atheu…

SONNETTO

DA FÉ [12.770]

Quem cego se tornar ou cego for tem logo que saber como chupar gostoso, humildemente. Seu logar é mesmo o dum perfeito fellador.

Precisa adjoelhar, sabendo pôr na bocca, com cuidado, um regular caralho, que haverá de ejacular no orgulho da attitude superior.

Na vida as posições são deseguaes. Uns, boa visão tendo, mais proveito de tudo tiram, gozam muito mais.

Por baixo quem está fica subjeito, dos outros, às vontades, sem jamais perder em Deus a fé que traz no peito.

SONNETTO DA SCENA CORTADA (2) [12.771]

No filme, eu, no papel dum lambedor de tennis encardidos, para fora espicho minha lingua: vou, agora, lavar com baba a sola, achar sabor.

Quem calça mais risada dá si for, em close, enquadradão. É quem adora ver cegos se rallando. Sem demora, demonstro que tambem sou bom actor.

A camera me enquadra na mais lenta lambida, attravessando uma ranhura da sola poeirenta. A gente tenta…

Comtudo, o director, que não attura excessos dramaturgicos, nojenta achou a scena. Achei que foi censura.

SONNETTO DA PARTIDA REPARTIDA [12.772]

Por meio deste espolio, communico que, em vez duma allongada sobrevida agonica, prefiro uma assistida sahida suicida desse mico.

A Akira, meu esposo, deixo o rico legado litterario. Rico? Olvida tamanha poesia quem decida a fundo pesquisal-a? Fecho o bicco.

Alguns bens materiaes, por testamento, com elle ficarão. Algum objecto menor, de estimação, ora accrescento.

Sim, quero ser cremado. O mais correcto destino para as cinzas vae o vento saber, alli no bosque, é o que detecto.

SONNETTO DA ACADEMIA DOS EXQUESCIDOS [12.773]

“Me exquesçam! Não se lembrem mais de mim!” “Sim, quero que vocês exquesçam tudo aquillo que escrevi.” Me sinto mudo, agora que, emfim, pariah a ser eu vim.

Que tudo o que fiz possa ser ruim não creio. Sempre exsiste algum estudo provando que é grahudo o contehudo deixado. Não serei tão mau assim.

Pretendo, pois, fundar a Academia (ou antes, refundar) dos Exquescidos. “Almejo ser lembrado, sim, um dia.”

Não, unico nas lettras não sou. Lidos seremos no futuro. O que eu queria, porem, era aggregar uns desunidos.

SONNETTO DA SAHIDA VIRTUOSA [12.774]

Insistem que eu me expresse mais em prosa. Não, prosa não escrevo por prazer. Poetas não teem muito o que dizer si extenso o texto ou these volumosa.

Em verso, na medida, a gente dosa aquillo que, de dentro, tem poder para algo offerescer e commover àquelles que intenção teem amorosa.

Até quando o leitor de mim espera a scena sexual, a scena rude ou suja, a lyra falla mais à vera.

Emfim, a poesia não illude, excepto si você desconsidera que estou exaggerando na attitude.

SONNETTO BEM ENTENDIDO [12.775]

“Hem? Como vae o Glauco? Fiquei eu tão triste por saber que não ganhou!”

Entenda-se: “Contente eis que eu estou sabendo que mais esse elle perdeu!”

“Hem? Como vae o Glauco? Nesse breu não soffre tanto? Graças a Deus dou!”

Entenda-se: “Esse cego não pirou ainda? A propria merda não comeu?”

“E o Glauco? Que melhore de sahude!”

Entenda-se: “Rezei o quanto pude p’ra que elle não ficasse em bom estado!”

“E o Glauco? Pô, tomara que não morra!”

Entenda-se: “Está ainda vivo, porra? Não morre de teimoso, o desgraçado!”

SONNETTO DA DELAÇÃO PREMIADA [12.778]

Que feio! Um general de quattro estrellas quadrado o sol nascer vendo na cella! Depois de tudo, o cara ainda appella às cortes? Acha alguem que irá contel-as?

Não, vate! É vergonhoso demais, pelas noções que tenho, ouvir que se revela golpista aquelle heroe! Ja ninguem zela mais pelas nossas honras? Vão perdel-as!

Hem, Glauco? Ja pensaste? Esse senhor na cella recebendo um rancho tão commum, egual à tropa! Que suppor?

Comeste ja a quentinha que elles dão aos recos no quartel? Ah, mas si eu for la preso, ora, delato o capitão!

SONNETTO DAS BODAS [12.779]

Em breve, estarei bodas completando de pratta, ao lado delle, meu Akira. Talvez, por sua causa, a amarga lyra consiga ter, às vezes, um tom brando.

Fiquei bem menos triste desde quando Akira apparesceu, eis que me inspira alguma paz de espirito. Confira quem queira: alguns exemplos vou mostrando.

Me tracto sempre como “cachorrão”, emquanto o companheiro de “gattinho” eu chamo, com carinho. Como não?

Abrir um espumante e doce vinho iremos qualquer dia, pois estão mais vinte e tantos annos a caminho.

SONNETTO DO QUEIJO ARTEZANAL [12.780]

Não é que exsiste mesmo? Ja nem fallo do queijo gorgonzola, cujo cheiro é como o do chulé! Sim, pois me inteiro accerca dum authentico regalo…

Usaram, sim, bacterias: são de callo, frieira… São dos pés dum artilheiro! Effeito fazem para que, certeiro, tal queijo forte saia… Ah, vou proval-o!

Aquillo que se impregna na chuteira dum craque, elles mixturam com o fungo da bota do rockeiro mais pauleira!

É desse lacticinio que eu commungo e entendo quem cocô de mico queira beber num exquisito café “lungo”…

SONNETTO

DA PAUTA QUE ME IMPORTA [12.781]

Só pedem que eu deponha sobre minha passagem por alguma militancia gay, punk ou “marginal” que de importancia historica paresça ser na rinha.

Que eu falle querem sobre quem ja vinha, nas lettras, badalado sendo. Lance a relance, indagam qual a relevancia daquelle meu collega que escrevinha.

É molle? Sobre minha poesia, que está ja pela duzia de milhar, ninguem me entrevistar pretenderia?

Hem? Obra tão extensa! Quem a par está della? Pouquissimos! Queria alguem que doutra these eu va fallar?

SONNETTO DO SCIENTISTA POLITICO [12.782]

No merito não entro, Glaucão. Sou neutrissimo! Só faço breve e exempta analyse. Mas, quando um lider tenta posar de populista, fracassou!

De esquerda ser faz parte do seu show, mas elle se divide e não aguenta o tranco do mercado… Com noventa por cento ja sem chance, se entregou!

Assuma! Reconhesça que não ha problema si fizer a saudação nazista! Assuma logo, camará!

Mas lembre-se, Glaucão: sou neutro! Não irei julgar ninguem… Você dirá que jeito não tem elle de machão?

SONNETTO DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO [12.783]

Si minha patria minha lingua for, tambem posso dizer que minha lyra é livre territorio, onde não tira ninguem o meu direito de me expor.

Aqui nenhum careta, que censor se julgue, veta a tara que me inspira. Aqui não tem poderes quem adhira aos codigos moraes dum dictador.

Ahi! Quer me pegar? Pois então venha, daqui de dentro deste cancioneiro, tentar tirar, das chammas, tanta lenha!

Aqui dentro, seus trouxas, eu me exgueiro com toda a liberdade, e minha senha é sempre este tesão de punheteiro!

SONNETTO DAS TENDENCIAS ACTUAES [12.784]

Fallar ouço que exsiste gay que está bancando, sem trepar com o parceiro, um macho bem mais joven. Ja me inteiro que está virando moda. Achei que dá.

Tambem eu bancaria alguem de má feição, até, que curta abusar, cheiro bem forte nos pés tenha, meu herdeiro pretenda ser e julgue-me gagá.

Calçal-o, descalçal-o, sua sola lamber, como quem lixa algum cascudo e sujo calcanhar… Até que rolla!

Bem boa, a nova moda! Não me illudo, comtudo: o cego que esse rapazola adopte escutará risadas mudo.

SONNETTO DOS TREZ GRUPPOS [12.785]

Um gruppo pretendia appenas ir de volta para casa, appós aquella revolta popular, como revela a fonte dos adeptos do Jair.

Um outro gruppo, ousando divergir daquelles moderados, teve bella idéa: contestar as urnas, trella não dando para as fadas do porvir.

Terceiro gruppo, Glauco, foi o meu, que estou armado, prompto para ser soldado voluntario. Me entendeu?

Na volta, sentirei todo o prazer, amigo, de pisar em quem não deu appoio ao Capitão, ao seu poder.

SONNETTO DA ASSERTIVA ALTERNATIVA [12.786]

A banda No Remorse estava certa, segundo o Musk: a culpa, na Allemanha, passou da compta. Agora ha muita manha por causa do passado… O callo apperta.

Tambem acho, Glaucão, e porta aberta ja vejo para a volta do que ganha adeptos mundiaes. Ja não se accanha ninguem de declarar que não deserta.

Nós somos neonazis! E dahi? Si estou empoderado, pisar quero em todo democrata! Você ri?

Jamais duvide, Glauco! Sou sincero si digo que, com gozo, ja zurzi submissos humanistas! Não é lero!

SONNETTO DO APPLICATIVO DEGENERATIVO [12.787]

Foi padre e pae de sancto, um dos maiores doutores satanistas brazileiros.

Nasceu no seiscentismo e, nos terreiros bahianos, se chamou Madame Doris.

Morreu, ja nos sessenta, como Boris Basset, mais conhescido. Pioneiros poemas fez, versando sobre cheiros anaes, como os de Judas, os peores.

Quem suas obras queira conhescer pesquise mais IA neste excellente acervo dos poetas do prazer.

Achou algum equivoco? Ora, tente checar na concorrencia: alli, vae ver, encontra algo, talvez, mais convincente.

SONNETTO DA MÃO EXTENDIDA [12.788]

Agora a saudação nazista não offende mais, Glaucão, nem mais irrita ninguem de identidade israelita! Podemos extender, sem culpa, a mão!

O proprio chanceller judeu irmão se julga da direita que milita no mundo occidental! Ninguem evita a nossa ja fortissima ascensão!

Hem, Glauco? Venceremos! Inimigo não é mais o judeu, mas o communa! Está nos immigrantes o perigo!

Não, nunca appoiaremos nós quem una os pobres! Pisaremos, eu lhe digo, na cara delles! Ora, ha quem nos puna?

SONNETTO DO TRIVIAL INVARIAVEL [12.789]

Beber chichi, Glaucão, virou baunilha! Um “sub”, agora, come minha bosta, querendo ou não querendo, pois a apposta geral é ver quem é que mais se humilha!

Vendar, dum “sub”, os olhos maravilha aquelle que for mestre e sempre gosta de estar por cyma, claro, mas resposta dará mais assertiva a quem o pilha:

“Melhor, muito melhor que venda, vejo, si cego de verdade for quem tem de merda comer, sem o menor pejo!”

Por isso, Glauco, pode ficar bem sciente e preparado! O que eu desejo é cegos ver por baixo, ouviu bem? Hem?

SONNETTO DO SARRO [12.790]

Si cego sou, abusos não receio soffrer: ter que chupar siquer evito. Não posso nem suppor si elle é bonito. Excolha nem terei si elle for feio.

Importa que esse extranho, por recreio, um cego usar deseje: eu nem hesito. Appenas basta que elle, com um grito de “Chupa aqui!”, me estupre, sem ter freio.

Porem, mais importante é que esse extranho graceje, tire sarro da cegueira, se gabe: delle, facil, eu appanho.

Alem do pau na bocca, caso queira, lhe lavo os pés, de lingua dou o banho que irá render mais graça à brincadeira.

SONNETTO DO TRAMPISMO [12.791]

A merdificação se expalha à pampa! É merda tudo! O mundo todo cheira a merda! Sim, a Terra fede inteira, qual fossa que, ja cheia, se destampa!

De inicio, nojo tinhamos da trampa, mas, como mais se caga a cada feira, a gente ja acceitou por costumeira, no sabbado, uma lama, accyma, à rampa!

Não, Glauco! Não tem jeito! Todo mundo virar trampista agora vae, você verá! Com merda a prece eu ja confundo!

Rezar iremos, todo mundo vê, àquelle cujo cu, que é mais immundo que tudo, obrar irá! Você não crê?

SONNETTO DO FRACASSO DO OUTRO PALHAÇO [12.792]

Estupido? Sim, vate! Esse elephante na loja de crystaes, que se elegeu, na America, por voto de plebeu reaça… Não ha nada aqui que expante.

Chamal-o poderemos, doradvante, de filho duma puta. Até sou eu quem chama… Ao menos, Glauco, o gajo deu um bello ponctapé no comediante!

Meresce tantas criticas? Sim, claro! Até que emfim, porem, alguem fallou, sem pappas, do Zelenski, é o que eu reparo!

Bilhões esse expertinho, com seu show, sugou! O ukraniano muito caro custou! À merda! A minima não dou!

SONNETTO DA “MEDICINA DE ESTYLO” [12.793]

“Moral e bons costumes” foi surrada e inutil cantilena de direita. Mas eis que vem, de esquerda, a van receita da “nova” medicina, que me enfada.

“Bons habitos” exige essa cambada de medicos caretas. Quem se deita terá que “bem dormir” oito horas. Eita! Comida? Só “saudavel” e mais nada!

Actividade physica quer essa “de estylo” therapia nos impor! Em summa: de cagar regras não cessa!

Mas deixe estar! Mandar vou o doutor à merda! Não ha nada que me impeça de sempre ver prazer na minha dor!

SONNETTO DO REVANCHISMO [12.794]

Viviam a dizer esses que são de esquerda: “Amnistiar jamais!” Mas eis que nunca aquella pena (dezeseis ou mais annos) darão ao Capitão!

Coragem não terão! Mas nós, Glaucão, sabemos nos vingar! Quando os quarteis vencerem, verão elles quão crueis seremos! Ah, Glaucão, elles verão!

Iremos, sim, como Orwell escreveu, pisar na cara delles! Sorriremos o riso dos algozes, direi eu!

Tortura applicaremos, com extremos de sadico furor! Você, no breu, bem sabe do que fallo, pois bem vemos!

SONNETTO DA MEMORIA OLFACTIVA [12.795]

Cantou Erasmo Carlos: “Não! Nem vem, que não tem!” Cantou: “Larga do meu pé!” Pensei aqui commigo: Mas não é que Erasmo adivinhou o que eu quiz? Hem?

Ouvintes outros nunca attentam bem, porem nós, os podolatras, até que estamos antennados no chulé que todos os rockeiros sempre teem.

Fallei ja com amigos: Que vocês calculam? Quem terá chulé mais forte? O Gordo, um podre? Erasmo, o mais burguez?

Ahi commenta alguem que teve sorte: “Que nada! Raul Seixas ja me fez cheirar! Não ha Coelho que supporte!”

SONNETTO DO FILME QUEIMADO [12.796]

Não, Glauco, supportar você não ia! Fizeram-me lamber todo um banheiro! Sim, isso mesmo! O piso, por inteiro coberto da mais grossa porcaria!

Levei chutes na cara! Valentia nem pude exhibir! Só de lembrar, beiro a nausea! Minha lingua tal chiqueiro lavou na marra, porra! A turma ria!

Senti de mijo o cheiro, senti gosto de bosta mixturada com poeira de tanta sola suja! Fui exposto!

Filmaram tudo, Glauco! Não, não queira achar que poderei erguer o rosto de novo! Não foi mera brincadeira!

SONNETTO DA SONHADA NOITADA [12.797]

Glaucão, você precisa abrir a sua cabeça para novas adventuras! Jesus fallou: “Baratos tu procuras? Então passeia à noite pela rua!”

Não disse? Então eu digo! Uma cafua indico onde encontrar iremos puras porções de hervinhas, magicos pós! Juras faremos a Satan! Você recua?

Não seja vacillão, vate! Eu garanto, você vae curtir! Mesmo que não curta, ha fortes emoções em cada cantho!

É gente muito louca! A gente surta com essa molecada! Não tem sancto alli! De desfructar ninguem se furta!

SONNETTO DUM MISERÊ DE APÊ [12.798]

Pensei em convidal-o p’ra almossar aqui na minha casa, mas mudei de idéa a tempo, Glauco, porque sei que iria até zombar do seu azar!

Pois é, sei que você não tem um lar decente, mora ahi, como direi, trancado num cubiculo! Lembrei de como é triste e pobre esse logar!

Nós todos, que moramos num espaço bem amplo, ora, ficamos tão sem graça! Por isso outros convites ja nem faço!

Mas deixe estar! Um dia, você passa a ter um lar maior, sem ser ricaço, appenas por seu merito na praça…

SONNETTO DO INCESTO MANIFESTO [12.799]

Fallei ao meu irmão mais velho: “Ocê me disse que está prompto p’ra chupar, que é por obrigação, que é por azar da vida que chupou, sem mais porquê…”

Ahi, Glaucão, cobrei: “Agora vê si chupa direitinho! Vou gozar na hora que quizer, ó! Seu logar ocê sabe qual é! Quem reza, crê!”

Glaucão, vou lhe fallar: Quando um irmão mais velho chupa aquelle que é mais novo, ah, como chupa! Ah, como dá tesão!

Deu banho com a lingua! Até meu ovo lavou, até pentelho! Um sebo tão fedido removeu, que não removo!

SONNETTO

DA LISTA TRUMPISTA [12.800]

Estou de sacco cheio, Glauco! Tudo prohibe esse esquerdista! Agora não se pode fallar “indio”, nem “anão”, nem “retardado”, nem “creado mudo”!

Peor! Tambem o Trump eis que, biccudo, scismou de prohibir qualquer menção aos termos mais communs! É palavrão até “female” e “woman”, cabelludo!

Hem? Pelo que entendi, ja que não pode tambem ninguem dizer “homem com homem”, não sobra quasi nada que incommode…

Aquelles que não dão e que não comem consolem-se: ninguem alli se fode si bronha batter, ou… no cu que tomem!

SONNETTO DO GARIMPO CLANDESTINO [12.820]

Tentassem fugir, eram logo, pelos jagunços, capturados novamente. Naquelle hermo sertão, sob o sol quente, voltavam a viver seus pesadellos.

Forçados ao garimpo, pude vel-os, Glaucão, nesse trabalho. Ninguem tente fugir dum captiveiro desses! Sente na pelle esses vergões. Vou descrevel-os.

As tiras da chibata tiram sangue das costas, mas a surra até que pode parar, caso o jagunço não se zangue.

Si está de bom humor, elle só fode a bocca do operario. Dessa gangue estou fora, Glaucão! Não se incommode!

SONNETTO

DA DICA [12.846]

Te indico o Glauco para aquillo tudo que exiges dum masoca chupador: Embora revoltado seja por estar cego, ouve exporro, humilde e mudo.

Tem elle que engolir o que um marrudo lhe diga assim, na latta: “Vaes dispor a bocca para appenas um sabor sentires, de mijado pau queijudo!”

Abusa delle! Podes ser, sem dó, sarcastico, pois elle brios tem ainda! Fode fundo o seu gogó!

Obriga que se engasgue e grunha, sem palavra dizer! Esse cego só se educa si fodido for, e bem!

AUCTORITARIO TUTORIAL [12.870]

Começa ahi, cegueta, retirando meus tennis com a bocca! Apprenderás depressa! As condições achaste más? Problema teu! Vae, cumpre meu commando!

Agora treinarás a lingua! Quando lamberes direitinho todas as frieiras malcheirosas, poderás sentir na sola algum sabor mais brando!

Irás appreciar o meu chulé aos poucos… Subirás mais um degrau si fores bem… Serei bacchana, até!

Talvez -- Hem? -- eu nem seja assim tão mau… Depois que tu chupares bem meu pé, ahi te deixarei chupar meu pau!

SONNETTO DO PUNHETEIRO CONVICTO [12.883]

Soubesse eu que esse sexo desbragado, a dois, a trez, a quattro, ou mesmo cinco, não era como os versos nos quaes brinco, podia ter-me sempre masturbado!

Das taras e fetiches não me enfado, mas nisso perdi todo o meu affinco com gente a quem devia ter o trinco fechado… Gallinhar? Não, obrigado!

Nem “caso”, nem “ficagem”, nem namoro funcciona! Aqui sozinho, meu decoro ja perco, mentalmente, sem problema…

Si for para levar o desafforo dalguma desadvença, só meu choro prefiro! Mais me escuto, caso gema…

SONNETTO DA DESCRENÇA NA DIFFERENÇA [12.889]

Você diz que não pode saber, por ser cego, si é bonito ou feio quem está sendo chupado, Glauco. Bem… Entendo que excolher não possa a cor…

Bonito ou feio? Branco sou, si for aqui, mas, la na America, não. Sem problema. Agora, digo que, porem, sou feio feito um ogro… Um bello horror!

Você vae me chupar, mesmo que eu seja um hetero, um machão alpha! Sabia? Desejo só gozar! Quem não deseja?

No orgasmo, onde meu duro pau se enfia? Que importa? Fecho os olhos! Que eu nem veja si é bicha, si é mulher quem me sacia!

SONNETTO DO SONHO VERTIDO [12.965]

Sonhei que estava cego. Ou seja, sou eu mesmo, no meu sonho. Ora, vocês ja sabem o que irei contar! Talvez ja battam uma! Ah, chances eu lhes dou!

Sim, isso mesmo: um noia me pegou na rua, a bengalar. O que elle fez commigo? Ora, com toda a sordidez possivel, me estuprou! Sim, me irrumou!

Um cano me encostou. Fallou: “Não grita! Vem, entra aqui! Me chupa, agora! Mamma bem fundo! Orra, gozei! Ocê me excita!”

Gozei tambem, ainda aqui, na cama. Alguem gozou? Em verso, bem escripta ficou minha versão? Ninguem reclama?

SONNETTO

DA FESTA SURPRESA [12.975]

Em casa, appós penosa caminhada, consigo chegar. Ando bengalando, vocês sabem. A porta abrindo, quando estou, sei que cahi numa cilada.

Será “festa surpresa”? Para cada pivete que me espera, sim. O bando roubar-me quer, mas, antes, me estuprando vae toda aquella accesa molecada.

“Ahê, cegueta! Nada de berreiro! Vae, fica de joelho! Vae chupar gostoso, ouviu? Aqui! Sou eu primeiro!”

Chupei uns quattro. Fora a regular “limpeza” que fizeram, ao banheiro levaram-me e mostraram meu logar.

SONNETTO DO TYPO FEIO [12.976]

Fallei, no livro FEIOS, dum subjeito que, tendo bocca torta, a testa bem vincada, a cabeçorra chata, sem cabellos, nem descripto foi direito.

De fabrica paresce ter defeito. Nariz? Uma batata, falla alguem. Os dentes? Amarellos? Marrons? Hem? E eu, cego, um typo desses não rejeito…

Notando que eu excolha ja não tenho, o gajo se enthusiasma: “Ahê, ceguinho! Tá prompto p’ra chupar? Hem?” -- diz, roufenho.

Me exporra bocca addentro. Um excarninho grunhido ouço: “Gostoooso!” O desempenho dum cego lhe serviu, emfim, justinho.

SONNETTO

DO TYPO SUJO [12.977]

Fallei, no livro SUJOS, desse cara que nunca toma banho, ou raramente, que sente seu sovaco toda a gente e nota a sua roupa menos cara.

Na rua, até, quem mora se compara com elle e nojo sente. De repente, o cara acha quem pode ser-lhe quente buraco de foder, de cara à tara.

Notando que eu excolha ja não tenho, o gajo se enthusiasma: “Ahê, ceguinho! Tá prompto p’ra chupar? Hem?” -- diz, roufenho.

Me exporra bocca addentro. Um excarninho grunhido ouço: “Gostoooso!” O desempenho dum cego lhe serviu, emfim, justinho.

SONNETTO DO TYPO MALVADO [12.978]

Em FEIOS ou em SUJOS eu fallava de gente que descripta tinha sido por outrem. Mas est’outro tem libido que, em minha mente, tudo de mau grava.

O gajo me excarnesce -- “Hem? Manda à fava a gente essa cegueira tua! Aqui do meu posto superior, então, decido: Ahê, ceguinho! Heah! Lambe! Lava!”

Notando que eu excolha ja não tenho, o gajo se enthusiasma: “Ahê, ceguinho! Agora vae chupar! Vae!” -- diz, roufenho.

Me exporra bocca addentro. Um excarninho grunhido ouço: “Gostoooso!” O desempenho dum cego lhe serviu, emfim, justinho.

SONNETTO DO MOTTE PROPOSTO [13.039]

Chupei eu, certa feita, aquelle mais folgado rapagão da minha classe. Deixei que extapeasse minha face, zombando dos meus dramas visuaes.

Riu elle, como sempre, dos meus ais e encheu-me de cuspidas. Eu que ousasse chiar! Deixou que todo mundo olhasse e riram tambem, logico, os demais.

Na frente duma turma folgadaça levei na bocca aquella suja rolla e tive que engolir. Quem mal não passa?

Tentar fugir seria a acção mais tola. Mas era sonho, porra! Fugi! Faça você, poeta, a glosa! Quer compol-a?

SONNETTO DO PROGRAMMA EXPANDIDO [13.126]

Daquella vez, chamei um cara até mais sadico que muitos outros, sem suppor que viraria seu refem em sarros typo tractos de polé.

O gajo, vendo um cego que não é capaz de reagir, sorriu e, bem cruel, me poz algemas. Poz tambem na bocca aquella bolla. Até seu pé.

Mãos para traz, de bruços rastejei, pisado pelo corpo. Ja podendo fallar, pude implorar. Ah, si implorei!

Pedi para chupar. Sim, eu me rendo assim, pois, do contrario, um cego gay mais soffre, num programma tão horrendo…

SONNETTO

DA HYGIENE NA MIJADA [13.131]

Fui pego bem de jeito. O subjeitinho, sabendo que masoca sou, começa me pondo de joelhos e, sem pressa, no vaso vae mijando. Sae tudinho?

Não, claro. O cara sabe que encaminho a bocca no sentido que interessa: a rolla gottejante. Então, não cessa de exguichos dar, aos poucos, excarninho.

As ultimas golfadas vou sorvendo, até que elle termina. Ahi, terei que ir dando, com a lingua, algum addendo…

Quando ouço que, dum cego que for gay, se espera coisa assim, então me rendo aos factos: a chupar, cumpro uma lei.

SONNETTO DO BANHO POLACO [13.132]

Mais tarde, elle me exige que dê banho de lingua pelas partes cujos saes mais fedem: as virilhas, as anaes dobrinhas. Seu escroto tem tamanho.

Nos bagos cabelludos nem extranho eu tantos carocinhos. São normaes, na pelle enrugadinha. Lambo mais accyma. Ja lhe escuto um riso fanho.

Sentindo que da glande ja approximo os labios, elle geme roucamente. Mas, antes, ganharei um novo mimo:

Um sebo queijudissimo! Quem sente tal cheiro desanima, mas estimo que estou até com sorte e vou em frente…

SONNETTO

DA FODA NA BOCCA [13.133]

Exige-me, em seguida, que eu engula bem fundo o seu caralho. Posiciona o penis para baixo. Uma boccona penetra, para cyma aberta à gula.

Bombando vae. Me engasgo. Sinto nulla qualquer reacção minha. Como conna fodida, na garganta a rolla acciona uns pullos repetidos, e ejacula.

Ja quasi vomitando, me refaço, respiro, longamente, e resfollego. O gajo se repimpa, folgadaço:

“Que sarro! Fornicar assim um cego é muito divertido, porra! Passo aqui, mais tarde! Espera, que eu te pego!”

SONNETTO DO RESPINGO EJACULADO [13.134]

Em frente, engattinhando, da poltrona na qual elle expreguiça reclinado, encosto minha bocca, para aggrado seu, nessas solas que elle posiciona.

São asperas. Tal pelle será dona da minha lingua. Nunca que me enfado de estar alli, lambendo um reseccado e grosso calcanhar. Elle resomna?

Paresce cochilar, mas está bem sensivel ao serviço que lhe presto. Assim, logo se excita. Que é que tem?

Um cego, p’ra que serve? Então, no resto do sonho, ja a chupar, sinto que vem nos olhos o seu semen immodesto.

SONNETTO

DO TORCEDOR FANATICO [13.135]

Apposta fiz com esse torcedor rival: si seu timão do meu ganhasse, deixava que cuspisse em minha face, alem de coisas outras, a suppor.

Venceu elle. Exigiu, porem, mais dor de minha parte. Quiz que eu supportasse uns jogos abusivos. Que pisasse deixei, em minha lingua. Ah, que sabor!

Mais longe foi. Fodeu-me em oral via, gozou garganta addentro, me enrabou e tive que beber mijo na pia…

Da proxima vez, nunca que lhe dou tal chance! Si lhe desse, me fazia comer o seu cocô, filmando o show!

SONNETTO DAS RAZÕES HUMANITARIAS [13.141]

Eu tenho um irmão gemeo, que tambem entrou para a politica, Glaucão! Fizemos o diabo! Você não calcula quanta coisa roubei, hem?

Sim, pego fui! Na practica, porem, em nada deu! Fiquei em casa! Tão experto, um advogado fez questão de expor minhas doenças! Hem? Fez bem!

Provou elle que tenho uma anxiedade damnada, depressão, e mesmo o mal de Parkinson! Ficar attraz de grade?

Magina! Da prisão livrei-me, egual ao mano, que tambem roubou e está, de “prisão domiciliar”, num hospital!

SONNETTO DO DESAFFIO VIRTUAL [13.142]

Você tem que fazer, moleque, egual àquelle do Discord! Entendeu bem? Terá que dar uns tiros em alguem que esteja alli na festa de Natal!

Tambem ao réveillon você vae, tal e qual um terrorista: de refem faz uma multidão, mactando, sem perdão, quem de excappar mal der signal!

Depois de eliminar aquella gente todinha, ahi se macta! Ficou claro? Nem tente se livrar, ouviu? Nem tente!

Mas, caso seja pego, não, meu caro, nem fique preoccupado! Certamente não faltam advogados de bom faro!

SONNETTO DAS PROSTITUTAS ACTUAES [13.143]

Peguei, Glauco, uma puta alli na rua Augusta, mas frustrei-me! Deu em nada! A puta caro cobra, a desgraçada, mas ella só recusa, só recua!

Não chupa pau sebento, não actua de escrava, não rasteja, não degrada seu corpo, nem a mente! Ella se enfada até de dar a chota, de estar nua!

Ah, Glauco! Que saudade da polaca, que dava, com a lingua, aquelle banho gostoso, sem ter nojo, nem de inhaca!

Entende? Eu, hoje em dia, até que extranho um cego que nos lamba! Curto paca, adoro quando um banho desses ganho!

SONNETTO DUMA HISTORIA SEM MEMORIA [13.144]

Meu jipe encrencou, Glauco, bem no meio da matta! Annoitescia ja! Com medo, usei o cellular, mas esse enredo você conhesce e entende meu receio…

O phone estava mudo! Ora, me veiu aquella tremedeira! A gente vê, do esquerdo lado, um bicho! Si eu não cedo ao medo, vejo um ente em que não creio!

Um bicho? Ou foi zumbi? No lusco fusco, achei ser lobishomem, ou então um ogro! Um termo desses ‘inda busco…

Hem? Ogro ou ogre, Glauco? Confusão eu sempre faço! O caso, Glauco, offusco, mas nem me lembro onde é que parei, não…

SONNETTO DA SESSÃO DE HUMILHAÇÃO [13.145]

Daquella vez, o gajo mandou que eu lambesse todo o piso do banheiro. Tentei obedescer e fui, primeiro, em volta da privada, mas não deu.

Senti fedor de mijo, molhei meu nariz e recuei. Pelo trazeiro levei uns ponctapés. Eis que esse cheiro fedia menos. Ja me convenceu.

A lingua fui rallando pelo chão bastante empoeirado, muita vez topando com o tennis do mandão.

Erguendo um pouco o bicco, o gajo fez que eu desse no solado um toque e não deixasse de entender que sou freguez.

SONNETTO DUMA DESORDEM ORDINARIA [13.146]

Sahiram, sim, no tapa, trovador! Legal paca! No meio do plenario! Foi massa! Adoro ver esse scenario fuleiro, de barraco, de fedor!

Fedor, sim! Deputado, senador, são sempre, Glauco, nesse imaginario da gente, maus actores, mas hilario não deixa de ser esse mau odor!

O cheiro da politica só pode ser esse! Quem mandou mexer com isso? Só rolla baixaria no pagode!

Alli, quando se presta algum serviço, sae caca, sae cocô, Glauco! Se fode quem tenta appartar brigas! Fico ommisso!

SONNETTO DUM POPULAR LUPANAR [13.147]

Mamãe sempre dizia: aonde vae a chorda, vae tambem sua caçamba. Si forem os passistas maus, o samba accaba attravessado! Um delles cae!

Por que é que eu isto disse? É que papae levar-me quiz aonde ja descamba a practica da foda! Alli, caramba, quem entra com problema peor sae!

O drama do papae era, tambem, o meu: medo nós tinhamos de puta! Hem, Glauco? Tem você? Pô, quem não tem?

Brochamos ambos! Hoje, tal conducta se perde na memoria, mas alguem no thema toca… Ahi, quem é que escuta?

SONNETTO DO LADO MAU DA RUA [13.148]

Eu, quando vou à rua, mais me traz tristeza, mais me dóe no coração a bosta que, em logar de vir ao chão, me pega na cabeça! Ah, pombas más!

Si estou accompanhado, o outro rapaz jamais será attingido. Por que não? Por causa dum azar. “Aos cegos são taes zicas naturaes!”, falla, mordaz.

Diz isso o rapazinho que me guia, pois acha até gozado quando um cego foi alvo das titicas pela via…

Nem mesmo si eu pisasse nalgum prego o guia de mim pena sentiria… Sim, esse é mais um fardo que carrego.

SONNETTO DO LADO BOM DA RUA [13.149]

Eu, quando vou à rua, mais me traz comforto, num soffrido coração, a voz dum basset hound. É que esse cão me faz sempre exquescer das coisas más.

Si estou accompanhado, o outro rapaz ja sabe: é p’ra parar. Faço questão de nelles dar ammassos. Taes cães são tão meigos! De beijal-o sou capaz…

Notou o rapazinho que me guia que eu gosto de bassês. Isso não nego. Não é que elle de todos ja desvia?

Fallou que foi mordido: “Só de cego aquelles salsichões gostam!” Não ia dar para accreditar… Que cruz carrego!

SONNETTO DO ADDEXTRAMENTO APPROPRIADO [13.150]

Fallei, ja, tantas vezes! De castigo agora você fica! Vamos, tracte de pôr-se, ja, de quattro! Quem não batte num cão, si for teimoso? Vamos, digo!

Assim! Engattinhando! Mal consigo ficar sem dar risada! Ahi, não latte? Terá que lattir, ora! Disparate seria si fallasse! Eia! Commigo!

Aqui! Perto do vaso! Vamos, lamba bastante esses ladrilhos! Está sujo o piso? Ora, lavando va, caramba!

Não, nada de gemer! Quem é sabujo só lambe! E este meu tennis, que no samba rallei? Lave tambem o dicto cujo!

Ouvi muito fallar da margarida que, si despetalada fosse, de uma em uma, nos seria quem assuma funcções de chartomante… Isso convida!

Em vez de descobrir si quem querida me fora amar-me iria (se costuma pensar na musa), às voltas com alguma questão outra fiquei, da minha vida.

Florzinha, perco ou não minha visão? Perder vou nesta petala, mas não na petala seguinte… Hem? Que suspense!

Por ultimo, perdi: na minha mão ficou da perda a petala… Questão de crença: alem das flores, quem nos vence?

SONNETTO DUMA AMARGA MARGARIDA [13.151]

SONNETTO DUM FINAL FELIZ

[13.152]

Depois do jogo, o cheiro que se expalha por todo o vestiario deixa a gente maluca! Tem cecê, mas certamente tambem tem o chulé que mais me calha!

Um dia, conferir fui… Mas canalha foi cada molecote! Quem se sente cheiroso quer cobrar um excedente por minha cafungada, que não falha!

Aquelle que chulé mais forte tem meresce, mesmo, um extra! Ah, cada artelho eu fuço, lambo, chupo… Lavo bem!

Glaucão, vou lhe contar! O rapazelho curtiu! Quiz combinar commigo: vem no meu apê! Chulé não vi parelho!

SONNETTO DA CUIDADORA

TRANSTORNADA [13.153]

Aquella cuidadora, pelo jeito, está bem mais doente que quem della depende: essa senhora que sequela manteve do derrame, é o que eu suspeito…

Scismei, Mattoso, que ella tem defeito de fabrica! Barulhos faz, panella battendo! Portas batte, se revela inquieta! Arrasta moveis, si eu me deito!

De dia, à noite, cara! A qualquer hora! Supponho que incommode essa senhora enferma, que não pode fazer nada!

Mas deixe estar, poeta! Não demora! Varrida ficará, si, por agora, ja não esteja doida, a desgraçada!

SONNETTO DA MANIA DOENTIA [13.154]

Ouvi fallar, Glaucão, duma boneca que imita direitinho uma creança de berço! Tão perfeita, que ja alcança o nivel dum humano! Com a breca!

Bebê do typo chora, ri, defeca, chichi faz, solta peidos, pulla, dansa! Mamãe põe no bercinho, não se cansa de fraldas trocar! Sae barato? Neca!

Mania por mania, a minha tenho! Prefiro um bassezinho que, bebê ainda, nunca cresce! Hem? Grande engenho!

Eu finjo que elle falla, até, que vê si estou doente e, como no desenho do Spielberg, tem poderes! E você?

SONNETTO DO BICHO QUE PEGA [13.155]

Glaucão, sinto fedendo paca aquella politica, que está polarizada! Escandalos succedem-se e mais nada se pode fazer contra tal mazella!

De esquerda cada lider se revela corrupto, dependente da bancada das forças syndicaes, e desaggrada aquelles que votaram na panella!

Do lado da direita, só se pensa num golpe militar que tente espaço dar para generaes e cale a imprensa!

Mas, quando fede tudo, o que é que eu faço? Confio no remedio ou na doença? Me finjo de escriptor ou de palhaço?

SONNETTO

DUM PHALLO DE THALLO [13.156]

Daquella vez, fizeram que eu chupasse, de toda a turma, cada sujo pau. Ouvi quando gritaram, alto, um “Uau!” na hora de estuprarem minha face.

Tal como certas putas que, sem classe, engolem fundo, tive que, dum mau menino, o mais marrento catatau, servir de fellador. Que torpe impasse!

Ja tinham me privado da bengala e estive de joelhos, quando o tal pivete me estuprou! Que puta mala!

No sonho, supportei, mas hoje mal supporto, na garganta, até tornal-a feliz, uma piroca assim, total!

SONNETTO

DA COPROPHAGIA SUPPOSTA [13.157]

Daquella vez, fizeram que eu comesse cocô, sendo filmado numa scena pornô das mais nojentas. Não pequena foi minha repugnancia a um troço desse…

Não, nunca tive, em sonho, um interesse em practicas coprophagas. Sem pena, usaram minha bocca. Quem condemna, comtudo, tal conducta? A scena fez-se!

No meio da calçada, alguem cagara e toda a turma, agora, me fazia naquillo metter esta cega cara!

Será que ‘inda consigo ter, um dia, coragem de verdade? Não, tomara que nunca! Só suppuz coprophagia!

SONNETTO DUM AUGMENTO DE ASSENTOS [13.158]

Glaucão, você sabia que ja augmenta, na Camara, a ja grande quantidade daquelles deputados? Mas quem ha de taes farras impedir? Não, ninguem tenta!

Terão que gabinetes abrir! Senta mais gente nas privadas… Ja me invade a velha sensação de que metade irá cagar mais molle e fedorenta…

Os outros, como sempre, si de esquerda se dizem, cagarão um cocô duro, difficil de sahir… Mas não ha perda!

Na practica, direi que um ar mais puro ninguem alli respira! Aquella merda é minha, tambem! Nossa, até, lhe juro!

SONNETTO DO RANCOR DUM ELEITOR [13.159]

No caso de installarem commissão de inquerito, na certa que fedor iremos sentir, Glauco! Pelamor! É tanta corrupção, tanto ladrão!

Amigo meu me disse que elles são um bando de cagões! Me faz suppor que estejam sentadinhos si, com dor bem forte de barriga, gritos dão!

Eu quero, sim, que gritem, menestrel! Eu quero que hemorrhoidas tenham, essas que enfrenta aquelle gajo do quartel!

Consolo será quando for, às pressas, alguem cagar e sangue sahir! Fel é pouco, para quem só faz promessas!

SONNETTO DUM CU CUIDADOSO [13.160]

Daquella vez, na minha phantasia, eu dava, sob ammarras, o meu rabo. Commigo elles fizeram o diabo: rasgavam, arrombavam… Eu gemia.

Sabia que, depois dessa sangria, nem pregas eu teria mais. Foi nabo. Foi barra. Foi pedreira. Assim, accabo morrendo de hemorrhoidas -- Hem? -- um dia…

Na vida real, nunca que enrabado eu fora com tamanha crueldade.

Ainda assim, não foi do meu aggrado.

Doeu, sangrou, causou fissuras… Ha de fallar alguem que estou tendo cuidado demais com uma bunda ja de edade…

SONNETTO DOS PROVAVEIS PAPAVEIS (1) [13.161]

Ja, Glauco, os cardeaes la na Cappella Sixtina se trancaram, mas a gente, sim, pode especular! Provavelmente, o Papa alguem será que não dá trella!

Contaram-me que nunca quem appella p’ra grossa putaria será quente e forte candidato! Mais urgente se torna alguem que pelos dogmas zela!

Por isso, não se espera que quem seja o novo Papa tenha, ja, lambido os pés dum coroinha aqui da Egreja!

Terá que ser um nome de libido mais calma! Ah, que São Pedro nos proteja! Que tenha alguem lambido não duvido!

SONNETTO DOS PROVAVEIS PAPAVEIS (2) [13.162]

Não, Glauco, quem conhesce esse conclave ja sabe que quem for eleito Papa dos memes e fofocas não excappa! Ninguem no nhenhenhem será suave!

Que seja algum podolatra ha quem crave, mas tenho minhas duvidas! No mappa estão os cardeaes que na chulapa dos presos dão beijocas! Nada grave!

Na Quincta-feira Sancta, até normal é dar, no Lavapés, leve sellinho na lancha dalgum bruto marginal!

Mas, quando o cardeal lambe todinho o pé do marmanjão, não tem aval e perde esse papado, ja adivinho!

SONNETTO DOS PROVAVEIS PAPAVEIS (3) [13.163]

Por ora só sahiu fumaça preta, mas logo sahirá fumaça branca! Não, Glauco, nenhum Papa a gente banca que seja quem nuns pés a lingua metta!

Em publico, ninguem ha que commetta taes actos, mas eu, para dar-lhe franca palavra, sei que sobe na tamanca aquelle cardeal alvo da treta!

Embora respeitado pelo clero, o gajo, numa missa, até chupara um masculo dedão, serei sincero!

Mas vejo um corre-corre, ja! Tomara que excolham esse gajo, pois espero ver scenas de pezões na sancta cara!

SONNETTO DUM SOBREVIVENTE DE ACCIDENTE [13.164]

Glaucão, me impressionou o triste estado do gajo que excappou dum accidente terrivel, de helicoptero, na quente floresta tropical! Pobre coitado!

Naquelles dias, elle foi piccado por tudo quanto é bicho repellente: aranha, centopéa, até serpente daquellas venenosas! Resultado:

Odeia, agora, toda conferencia climatica! Das selvas não quer nem saber! Tem mais é raiva da sciencia!

Até que dou razão, sim, para alguem com trauma tal! Tambem não me convence a versão de que elle esteja, agora, zen!

SONNETTO DO NOVO PAPA [13.165]

Um Papa americano? O que esperar dum homem oriundo do paiz mais rico, mais potente, mais juiz e syndico do mundo? Um rei? Um czar?

Será que elle terá, no seu radar, visão das injustiças mais hostis à pacificação e dos civis direitos em qualquer outro logar?

Talvez tenha a noção do que seria injusto ou deshumano. Só duvido que faça alguma coisa, todavia.

Os outros papas, todos, tendo ouvido quem chora, quem implora, quem confia em Deus, só meditaram: “Tá fodido!”

SONNETTO DA RENOVAÇÃO DOS QUADROS [13.166]

O joven drogaddicto, sendo filho dum celebre empresario, tem o carro mais caro, fora aquelle mais bizarro desejo de exhibir todo o seu brilho.

Esnoba, aluga “parsas”, no gattilho não erra, como quando seu catarrho exguicha bem na cara dos que sarro atturam dum menino peralvilho.

Mas elle tem um fragil calcanhar… Adora no dos outros rastejar si está, de tanta droga, sob effeito…

Um dia accabará, pode esperar, Glaucão, do presidente no logar! Fará, tal como os outros, bom proveito!

SONNETTO DUM SUGGESTIVO APERITIVO

[13.167]

Daquella vez, fizeram que eu chichi bebesse, de joelhos bem ao lado do vaso sanitario. Fui zoado bastante, pelos sadicos, alli.

Não pude fazer nada: nem fugi nem mesmo reagi, pois algemado estava. “Ah, nunca mais eu me degrado assim!”, commigo mesmo concluí.

Conforme elles mijavam, eu teria que estar de bocca aberta, a recolher o maximo daquillo… Uma agonia!

Não foi, naturalmente, esse prazer o pratto principal que eu poderia, no sonho, dar a alguem com tal poder…

SONNETTO

DA CRISE INSTITUCIONAL [13.168]

Por ordem desta Camara, trancada definitivamente ficará a acção judicial! Pomos a pa de cal nisso, collegas de bancada!

Agora ninguem julga mais é nada naquelle tribunal! Nosso xará não pode ser punido por ter, ja, tentado depor outro camarada!

Xarás e camaradas todos temos e que elles caiam não permittiremos, sinão nossa boquinha corre risco!

Da vida, taes juizes nos supremos se julgam superiores, mas iremos mostrar-lhes quem mordisca algum petisco!

SONNETTO DA VINGANÇA PELA PANÇA [13.169]

Aquelle desgraçado vae ver só! De mim se separou! Fui dedicada, fiel, boa de cama! Não fiz nada de errado, mas o cara não tem dó!

Não, Glauco! Si não posso ser chodó mais delle, vou vingar-me! Envenenada farei a predilecta bananada do cara! Chego nelle e digo: “Tó!”

Meu doce irresistivel é, Glaucão! Assim que devorar uma porção, o filho duma puta as botas batte!

De quebra, brigadeiros dou-lhe e não me exquesço do chumbinho! Que emoção! Sei que elle não dispensa chocolate!

SONNETTO DUM TOM SEM JERRY [13.170]

Glaucão, sou que nem gatto de telhado: Eu pego o que estiver na minha frente! Gattinha, si pinctar, melhor p’ra gente! Gattona até sustenta bem meu lado!

Peguei, ja, capitão, peguei soldado, até policial não me desmente, nem mesmo os da milicia! Actualmente, cachorros, inclusive, eu macto a brado!

Estou pegando cara apposentado, carente, cadeirante… Então, ja tiro proveito duplo: fodo, mas degrado!

Ahi, Glaucão! Não topa dar um gyro commigo? Um chulezinho defumado conservo no meu tennis, sem respiro…

Casa de Ferreiro

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