

PARES ENTRE PRIMOS
Glauco Mattoso
PARES ENTRE PRIMOS
São Paulo
Casa de Ferreiro
Pares entre primos
© Glauco Mattoso, 2025
Editoração, Diagramação e Revisão
Lucio Medeiros
Capa
Concepção: Glauco Mattoso
Execução: Lucio Medeiros
Fotografia: Akira Nishimura
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Mattoso, Glauco
PARES ENTRE PRIMOS / Glauco Mattoso. –– Brasil : Casa de Ferreiro, 2025. 108 Páginas
1.Poesia Brasileira I. Título.
25-1293 CDD B869.1
Índices para catálogo sistemático: 1. Poesia brasileira
NOTA INTRODUCTORIA
De factos pessoaes e dos alheios me rende experiencia a costumeira maneira de, entre primos, os mais fraccos abusos supportarem. Entre irmãos, como outros parentescos, ha tambem excessos inconfessos. Em meus versos taes casos são frequentes e, por isso, junctei alguns em livro, um compilado mais breve que thematicas selectas que eu antes publiquei. Agora quero ser menos exhaustivo, pois leitores meus pedem edições que, impressas, ja não sejam volumosas como dantes. Si “primus inter pares” sou, serei no campo desse bullying tão caseiro. Divirtam-se, pois, esses que me curtem!
DISSONNETTO RESPOSTA (6) [1102]
Então você me vê como seu mano, mas brinca com meu ego, achando graça, fazendo o que, entre irmãos, é só pirraça, mas entre um são e um cego é deshumano?
Até sua melleca, nesse plano sarcastico, terei de achar que passa por nectar salgadinho? Então me faça comer seu ranho, e ria si eu me damno!
Catota, molle ou dura, verde ou branca, será sempre a ração mais asquerosa: só mesmo o azedo vomito a desbanca! Assim, você se assoa e uma viscosa/
/porção me faz comer, sinão, me expanca! O irmão mais velho pena e o novo goza e, quando o que é mais novo bota banca, de escravo o que é maior a todos posa.
DISSONNETTO DA CEGUEIRA ASSISTIDA [1136]
Bem commodo é meu caso: à vizinhança paresço o “irmão” que adjuda e que accompanha o cego pela rua. Alguem extranha que auxilio dê ao mais velho o mais creança?
No maximo, imaginam que a uma herança pauperrima este adspira e que não ganha alem de pão e tecto. Minha manha funcciona: o relho canta e o cego dansa!
Em casa, elle me entrega a esmolla toda que accaba de pedir. Mesmo cansado, terá de abrir a bocca p’ra que eu foda! Reclama, mas dá compta do recado!
Chupando até eu gozar, ‘inda que exploda a raiva, passa logo: é conformado. Vae ver que elle bem ama a voz pornô da maneira como fallo ou como brado.
DISSONNETTO DO BRIO PASSAGEIRO [1137]
Às vezes, o ceguinho me ammeaça: “Bandido! Vae ver só! Peço soccorro e accaba essa mammata!” Mas eu morro de rir: {Pedir soccorro! Tinha graça!}
Um tapa dou-lhe e obrigo que me faça, alli mesmo, a chupeta: {Seu cachorro! Engole! Sente o gosto!} O grosso jorro da porra enche-lhe a bocca, e a raiva passa.
Na hora de sahir com minha mina, adviso: {Volto tarde, hem? Emquanto isso você pensa no “irmão” que te domina!} Eu saio e o cego admitte que é submisso/
/ao “mano”. Appós cheirar minha botina, delira, afflicto, e a lingua entra em serviço. Lamber um borzeguim até culmina no orgasmo, si encarar o compromisso.
DISSONNETTO DA VIDA DURA [1147]
Você não passa fome, mas é pobre: dindim de apposentado é micharia! E, como me sustenta, deveria pedir esmolla, p’ra que algum me sobre!
Agora que seu tecto tambem cobre o cara que lhe zomba da agonia, você vae, desde ja, durante o dia, p’ra exquina do metrô! Não acha nobre?
E nada de queixar-se a algum extranho, tá ouvindo? Eu que te pegue! A quem pergunta, sou seu irmão mais novo e te accompanho! De tarde, um bom trocado você juncta/
/e eu pego! Tá pensando que me accanho? Papae sumiu! Mamãe ja tá defuncta! De lingua no pau, quando um banho ganho, eu gozo! Quem se fode é quem bem uncta!
DISSONNETTO DOS LAÇOS DE FAMILIA [1327]
Irmão ja dá problema, si é da gente e mette-se em encrenca, ou se endivida. Calcule então o irmão do presidente, o quanto complicar lhe pode a vida!
O cara é trambiqueiro e não se sente nadinha constrangido quando lida com coisas de bandido ou delinquente, fingindo ter poder de quem decida!
Cunhado faz tambem papel de amigo, excepto si é cunhado de mendigo: podendo, sempre tira uma casquinha, embora saiba a quantos apporrinha.
Pernoita e come em casa do marido e, si este for eleito ou promovido, capaz é de casar com a sobrinha e della gozar dentro da boquinha.
DISSONNETTO DA DESGRAÇA POUCA [1518]
Na rua, pouca gente. A noite é fria. Semaphoro vermelho. O carro para. La dentro, o pae, o filho, a mãe, a thia. Armado, da calçada chega um cara.
A thia grita. Arranca, pela via vazia o motorista. Mas dispara um tiro o gajo e, logo addeante, arria ferido no volante quem ousara.
Ainda rindo, tendo pouca pressa, o gajo foge a pé. Desgovernado, o carro sae da pista e tomba ao lado do corrego, onde ha matto e bicho à bessa.
Maior complicação, então, começa. Sahindo do vehiculo, é piccada por varias aranhonas a coitada da thia: os outros ficam livres dessa.
DISSONNETTO DO COCHILO TRANQUILLO [1546]
Dormia no sofá seu thio, de porre. Chegando-se bem perto, sente o cheiro de pinga numa poncta, mas lhe occorre cheiral-o (Por que não?) no corpo inteiro.
Na poncta opposta, pela sola corre seu avido nariz! Porem, primeiro terá que descalçar tudo que forre os pés do velho sujo e cachaceiro.
O timido sobrinho só vê chance de ter aquella sola, grossa ja de tanto futebol, ao seu alcance na hora em que o tithio dormindo está.
Sim, quando os outros saem, elle adora a scena costumeira: poderá olhar do beberrão o pé de fora, fedendo mais que a bocca de gambá.
DISSONNETTO DA SOGRA [1620]
A sogra, coitadinha, só se queixa do genro, que a maltracta, que injustiça lhe fazem as piadas… Ninguem deixa que se defenda, e sobra quem attiça.
São tantas qualidades que ella enfeixa: é boa, é generosa, vae à missa… Cordata, educa a filha como gueixa, mas soffre: é “intromettida” ou foi “ommissa”.
A velha ja nem dorme, está doente, de tanto ser a victima da intriga. E ainda, para cumulo, tem gente dizendo que em macumba ella se liga!
“A mim aquella velha não me logra!”, commentam todos. “Bruxa duma figa!” “Não tem ninguem mais falso do que a sogra!” Até que um dos dois trae… e o casal briga.
DISSONNETTO DO PAPEL DE DESTAQUE [1646]
A folha de papel, que se soltara da mão da menininha, foi pousar no pateo do outro predio, mas tomara que eu possa descrever seu “tour” pelo ar!
Primeiro, ella voou directo para a frente e, de repente, ao seu logar de origem quiz voltar. Mas deu de cara com vento opposto, e poz-se a espiralar.
Partiu do quincto andar, mas, até ter pousado sobre a lage, seu fluflu de tantos rodopios deu prazer a quem a accompanhasse a olho nu.
A proxima folhinha ella ja ia soltar, para planar feito urubu nos céus, quando a mão rapida da thia lhe toma a grana e evita mais preju.
DISSONNETTO DA TITHIA QUE TITILLA [1689]
A thia solteirona causa intriga no seio da familia: dá palpite em tudo, attiça a raiva, inveja instiga… Paresce que ninguem lhe impõe limite!
Agora ella se importa que a mãe grite mais alto com a filha, sua amiga. Extranha, essa amizade! E não admitte que alguem as accompanhe la na Liga.
As duas só la vão quando as senhoras se ausentam, mas não vão fazer crochê, tricô, nada! Trancadas, passam horas jogando sabe la Deus Pae o que!
Catholicas, as velhas nem suspeitam de nada. Mas você… Tambem não crê que as duas, nos divans, rollam e deitam, brincando de quem coma e de quem dê?
DISSONNETTO DO ACCESSO DE TOSSE [1707]
Durante a refeição, accommettida de tosse foi a thia. Alguem lhe batte nas costas, dão-lhe um gole de bebida, mas nada aquelle accesso bem combatte.
Do pratto della expalha-se a comida por toda a mesa! O molho de tomate expirra nas pessoas! À tossida mais forte, um coppo entorna, em arremacte.
Retiram-na da mesa. Àquella altura, ninguem mais saboreia uma frictura, a sopa, o maccarrão: trava a garganta. Da mesa quem, então, não se levanta?
Ja quasi vomitando, a thia acceita um cha, que alguem receita, e ja se deita, mais calma: está dormindo como sancta. Si tudo reprisar, ninguem se expanta.
DISSONNETTO PARA UMA MANDIBULA INUTILIZADA [1778]
Foi muita crueldade! Quem será que a idéa terá dado àquelle netto que offeresceu à avó meio gagá a barra do torrone mais concreto?
Coitada! Bem que tenta, e até que está chegando na metade, mas directo lhe vae pela garganta o que não dá para ser mastigado, é o que interpreto.
Não tarda que, entallado, algo lhe venha causar serio transtorno! Olhem só para aquillo: é filme mudo! Foi a senha o engasgo que ella teve, erguendo a cara!
Tossiu, se debatteu e, quando alguem pensou em soccorrel-a, ja passara demais da compta: agora um ar já nem circula mais nos bronchios da tatara…
DISSONNETTO PARA UMA PACIENTE NAS ULTIMAS [1867]
A thia, moribunda, está internada. Tem como herdeiro um unico sobrinho que, sempre a visital-a, attende a cada pedido da velhinha, com carinho.
Traz flores, traz biscoitos… E a coitada, feliz e aggradescida, dá um beijinho molhado em sua mão, que ja lavada está, mal sae do quarto o rapazinho.
Vocês ja vão saber do que se tracta… Na noite do appagão, o joven entra no quarto e, emquanto a velha se concentra na caixa de bombons, solta da latta…
A aranha! A aranha grande, enorme, ingrata, a gigantesca aranha, que caminha por cyma da coberta! Si a velhinha do susto excappa, qual veneno a macta?
DISSONNETTO SOBRE UMA TROCA DE IDÉAS [3061]
Irmãos, os trez teem gosto differente. Um come do nariz sua melleca; remella outro prefere; outro, então, pecca, guloso, pela cera e bem se sente.
“Que gosto tem?”, pergunta um delles. {Tente provar!}, responde o mano. Quem defeca fedido, identifica e está careca, sabendo que o cerume é equivalente.
“Amargo? Que engraçado!” {E o seu?} “Salgado!” Sabores comparados, a caminho do banho, elles conversam, lado a lado. “Não experimentei, nunca, o sebinho…”,
Confessa o irmão mais velho. Envergonhado, diz: “Fede… Eu ja senti… Foi dum sobrinho…” Que pappo! Puxa! Achei tão elevado! Faltou fallar do cu… Faltou pouquinho.
MUVUCA NA CUCA (1/5) [3223/3227]
(1)
“Você tem é phobia, Glauco!”, falla, a aranhas alludindo, um primo “mala”.
“Cadê que é tão feroz uma bichana daquellas! Só por causa do tamanho? Dos pellos? Da bundona? Ah, desencana!”
Affirma que diversas, ja, na mão pegou, uma azulada, outra laranja, e horriveis adjectivos elle exbanja emquanto lhes augmenta a proporção:
“Pernuda”, “brusca”, “bruta”, diz, sacana, “gorducha”, “trazeiruda”… Mais me assanho de medo, mais o gajo me attazana!
Si epeira, si armadeira, ou si mygala, não quero nem saber! Quero appagal-a!
(2)
Fazer-me terrorismo quer meu primo, pois sabe que a enfrental-as não me animo.
“Aranha não faz nada, Glauco! Eu pego na mão cada bichana gigantesca!
E até na cara eu ponho, passo, exfrego…”
Me vendo extremescer, elle gargalha e cada especie explica no detalhe. Não ha como impedir que me acchincalhe: mais temo, mais dou asas ao canalha!
Casquinha até tirou de que estou cego: fingiu que, numa caixa, a pittoresca viuva negra tinha! Eu tremo, offego…
Precisa elle que alguem lhe faça um mimo. E “aranha” na “artimanha” eu tramo e rhymo.
(3)
Recorro ao Instituto Butantan? Mas elles vão achar que sou tantan!
{Vocês terão ahi caranguejeira maior do que uma pizza? É que eu preciso… Sim, p’ra presentear… de brincadeira…}
“No dia em que tivermos uma aranha tão grande quanto um gatto, a humanidade está perdida!”: caso alguem me brade a phrase, que fazer? Quem batte, appanha!
Bichana desse porte numa feira de exoticos mascottes eu, com riso satanico, emfim acho: foi canseira!
Sae cara, essa bichana nada anan, mas dal-a ao meu primão compensa o affan!
(4)
Nem toco num monstrengo desses, mas adjuda-me um intrepido rapaz.
Fizemos um embrulho de presente com a caranguejeira, viva, dentro: meu primo acceita o premio alegremente.
Mas, quando abre o pacote, bem na cara lhe pulla o monstro! Eu, rindo, ouço, à distancia… Excappa a fera, sem que alguem alcance-a, e o primo “audaz” seu panico excancara!
{Você mesmo não disse que não sente pavor, que adora aranha?} E eu me concentro, a ouvir a allegação que elle appresente.
“Vocês me pagam! Isso não se faz! Aquillo me mordeu!” E eu ri, mordaz.
(5)
Durou pouco o gostinho de vingança: em quem será que a aranha, agora, advança?
Ninguem a localiza? Mas é tão grandona! E agora? Aqui ninguem mais dorme! Cae fora, appavorado, o meu primão.
O intrepido rapaz que me adjudara tambem se retirou. Estou sozinho, temendo tropeçar, pelo caminho, no gatto, que a uma aranha se compara.
Gritaram do outro andar: logo a acharão. Porem, só de pensar naquella enorme tarantula, não durmo, desde então.
Paresce pesadello de creança, mas quem com bichos brinca não descansa.
TRAUMAS DE INFANCIA [3364]
De novo ella a pegou quando “daquillo” brincava. Castigou-a sem vacillo. Brincar, entre creanças, é normal, mas só si for sem nada sexual.
Hem? Quem excappará dessa armadilha? A mãe os prevenira: não queria mais vel-os practicando, sua filha de seis com o priminho, a “porcaria”.
Aos cinco, comparava seu pipiu e a racha da menina esse menino saphado! A thia, então, {Não recrimino!} dissera. E a mãe: “Onde é que ja se viu?”
De fora, quem souber se maravilha. Flagrado, desta vez, quando mettia o dedo na chochota, elle se pilha, agora envergonhado, frente à thia.
Mas esta o persuade: {Vem, Danilo, cotuca aqui, cotuca!} E elle intranquillo. Leitores me questionam. Mas que tal deixar que elles se entendam, affinal?
HUMANO CANO (1/2) [3421/3422]
(1)
De privada elle foi feito pelo primo, que o domina. De joelhos, o subjeito bocca addentro leva a urina.
Elle é cego, foi “eleito” pelo azar que o predestina. Se approveita do defeito seu priminho, que é “traquina”.
É fatal, depois que mija, se esperar que o primo exija fellação no sujo pincto.
Os ceguinhos nem reagem: supportando a sacanagem, dos infernos vão pro quincto.
(2)
De privada elle foi feito pelo primo, que se arvora. É deitado que o subjeito, pela bocca, a merda escora.
Supplicou, mas não tem jeito: de engolir chegou a hora. O priminho, alheio ao pleito, sobre a bocca se accocora.
Suffocado, sente, às cegas, seu beição collado às pregas o indefeso vaso humano.
Quando o grosso cocô desce bocca abbaixo, à sua prece, tambem cego, eu ca me irmano.
O PEIXINHO E O PATINHO [3445]
Junior sadico, sou filho do patrão, cujo sobrinho, que adoptou, é maltrappilho, de paes orpham e ceguinho.
Desse invalido eu me pilho a abusar, rindo, excarninho. Me divirto emquanto o humilho, pondo pedra em seu caminho.
Diz papae: “Fique à vontade, brinque mesmo, não se importe, se approveite delle!” E em Sade me transformo, por esporte.
A ser bicho e a me chupar, ja que sou mais alto e forte, o ensignei, pois seu azar só reflecte a minha sorte.
TRAGICO TRIANGULO [3480]
“Ah, mamãe! A minha aranha não faz nada p’ra ninguem!” E o menino aquella extranha creatura tracta bem.
Faz carinho, e até que ganha da bichana algum, tambem. A mãe teme que tamanha fera attaque, um dia, alguem.
Não deu outra: quando o primo do garoto traz-lhe um mimo, ella advança, de surpresa! Não ha causa de extranheza…
O priminho até que assume ter causado algum ciume, mas mactou-a por… defesa! Eis as chartas, ja, na mesa…
CHULEZINHO
(1)
BASICO (1/5) [3534/3538]
Deixa a meia no sapato e o sapato sob a cama. Mal entrei, ja meu olfacto para aquillo attenção chama.
Imagino-lhe o pé chato e, na sola, muita escama. Mas, na practica, eu constato que o chulé faz jus à fama.
Quando o primo uns dias passa aqui em casa, faz pirraça com meu nojo, que lhe é falso.
De proposito, o gibi lê na cama e de mim ri si eu farejo um pé descalço.
(2)
Esse primo sacaneia todo mundo, mas commigo é que a coisa fica feia, pois no cheiro é que eu me instigo.
Elle tira e deixa a meia chulepenta (Que perigo!) no sapato! Me tonteia, mas eu finjo que nem ligo.
Sae do quarto e de tocaya fica, até que eu, bobo, caia de nariz e bocca nella!
De repente, elle regressa e sorri quando eu, depressa, me levanto e nem dou trella.
(3)
Chega a hora em que eu me traio e me pega elle no pullo, pois flagrou-me com o raio do sapato! Em secco engulo.
“Quer dizer que quando eu saio tu faz isso?” Um termo chulo me occorreu, mas não desmaio: abro o jogo e me encabulo.
Se diverte o primo e ordena, quer que eu entre logo em scena: “Vae, na minha frente, cheira!”
Em seguida, a lancha espicha e commanda: “Chupa, bicha!” Mudo, eu topo a brincadeira.
(4)
Pé de adulto elle ja tem, largo, chato, sola grossa. Um impulso audaz me vem e meu beiço nella roça.
Duvidava elle que alguem desse cheiro gostar possa, mas lhe mostro e lambo bem entre os dedos, onde coça.
“Tá gostoso! Continua!”
Minha lingua lava a sua sola fetida e grudenta.
Elle geme e tira sarro: “Isso! É nisso que eu me ammarro! Quiz provar? Agora aguenta!”
(5)
Elle achava que o chulé intragavel me seria. Expantou-se que eu até nas frieiras o lambia.
“Meu, que porco que tu é!”, disse e, desde aquelle dia, fui escravo do seu pé e elle, rindo, se sacia.
Outra coisa tambem quiz: que na bocca e no nariz eu provasse, e não sublimo.
Nem precisa, e eu nem destacco onde fode e em qual buraco goza aquelle experto primo.
(1)
SEM CURA (1/10) [3851/3860]
Parentesco terão com a familia japoneza dois irmãos, um cego e um bom de visão, por cama e mesa.
Não seria de bom tom commentar a rolla tesa do mais novo, e sim o dom que elle tem: sua belleza.
Paulo, o “normovisual”, é o mais joven, com o qual a japinha se casou.
Keiko é o nome da japinha e seu caso agora, em minha redondilha, contar vou.
MEKURA
(2)
No interior do Paraná esta historia tem logar, mas, de inicio, contra está a familia: si casar…
Porem Keiko não dará bolla à praxe secular do Japão… Decidiu ja: paes e irmãos vae contestar.
A ammeaça nada impede e, affinal, o papae cede: Keiko esposa é dum “gaijin”.
Paulo e Keiko morar vão no vizinho sitio: o irmão da japinha é que está assim…
(3)
Assim fica o mano, Akira, de ammarrada cara e evita o cunhado: mas conspira sem successo e mais se irrita.
Quanto ao cego, este se vira num canthinho e da desdicta nem reclama, embora o fira ser de Paulo um parasita.
Pedro é o nome do ceguinho, a quem, sadico e excarninho, falla Akira com desprezo:
“Pelo menos minha irman foi casar com um galan, não comtigo, um morto peso!”
O casal adjuda o pae da japinha na lavoura, mas ao cego não lhe attrae nem batata, nem cenoura.
Practicar o Pedro vae a massagem: bem agoura um trabalho que lhe cae como luva e não desdoura.
“Reflexologo” é pedante, mas “podologo” garante, na cidade, algum trocado.
Zomba Akira ao ver que a irman deixa os pés, toda manhan, aos cuidados do cunhado.
(5)
“Cego serve só p’ra isso, mesmo!”, falla, com despeito. Pedro escuta e, no serviço, se concentra, contrafeito.
Mas, si Akira vê submisso
Pedro a Keiko e acha bem feito, tambem pensa no feitiço que desperta tal subjeito.
Quando Akira presencia
Pedro a Paulo, certo dia, applicando as mãos à sola…
Não resiste: acha, mais tarde, Pedro a sós e, sem allarde, este é o pappo que, então, rolla…
(6)
“Você, cego, então não tem nenhum nojo de chulé? Keiko até pode ser sem, mas o Paulo, esse não é!”
{Não! Não tenho, Akira! Quem perde a vista, perde a fé no amor proprio e não vae nem se offender si é sujo um pé!}
“Quer dizer que, si eu quizesse ver como é que você desce tanto assim, você me faz…”
{Claro, Akira! Eu não recuso meu destino! Aguento abuso de mulher ou de rapaz!}
(7)
Gargalhada solta o japa ao ouvir que Pedro acceita ser usado e não excappa de ser alvo da desfeita.
Seu nariz Pedro não tapa, mesmo, emquanto se subjeita a tirar tudo que empappa de suor quem se deleita.
Botas, meias, vão sahindo, descalçadas. Nada lindo é o scenario da sessão.
Um pé chato, immundo e largo, vae testar si ao cego o encargo lhe será demais, ou não.
Pedro sente o drama e emprega, na massagem, tudo aquillo que é capaz uma mão cega de fazer, e sem vacillo.
Vendo o quanto alguem se entrega, sente Akira, a divertil-o, um deleite que, não nega, duma gueixa lembra o estylo.
Como sempre todos agem, accostuma-se à massagem quem dum cego se approveita.
E conversam sobre a gueixa, quando Akira excappar deixa a pergunta, certa feita:
(9)
“Mas será que você tinha a coragem de fazer com a bocca isso na minha sola e dar-me mais prazer?”
Pedro, é claro, ja adivinha o que Akira quer dizer e responde depressinha: {Si p’ra gueixa era um dever…}
Rindo, o japa, então, desfructa dum prazer que alguma puta não daria, nem bem paga.
Pedro lambe a sola toda e, pensando {Eu que me foda!}, com os labios ‘inda a affaga.
(10)
Consequencia natural do serviço, Pedro apprende a chupar caralho, e tal incumbencia nem o offende.
Todo penis cheira mal, acha Pedro, e ao pau se rende. Quanto a Akira, nada egual vae achar, nem que encommende.
Paulo e Keiko filhos teem, mas Akira ainda nem namorada achou na roça.
A calhar vem, neste caso, que um ceguinho tire o attrazo e gozar nelle se possa.
TUDO EM FAMILIA [3963]
Que fazer com o cunhado parasita, que levanta tarde e nada faz, folgado, todo o tempo? Hem, minha sancta?
Elle dorme, almossa, janta, e você? Tem mais é dado a boceta e, na garganta, delle a rolla tem levado!
Seu marido nem suspeita. Ou será que essa desfeita tambem leva no cuzinho? Pensarei mais um pouquinho.
Entre irmãos, o incesto… e um corno! Desse jeito, logo, em torno delles, goza até um sobrinho! Nunca falta algum carinho…
GEMMAS DO CINEMA (8) [4064]
Ainda de Ken Russell é a versão de “Tommy” para as telas. Nella, o cego, que nada diz nem ouve, aguenta o prego da cruz aos pés dum primo folgadão.
Deixaram-no os adultos bem na mão de Kevin, o priminho que tem ego de sadico e nazista: “Agora eu pego você! Vamos brincar! Que diversão!”
E o primo se approveita da cegueira de Tommy: o faz de gatto e de sapato, practica nelle tudo quanto queira. A scena mostra a cara do cordato/
/ceguinho entre dois pés que a costumeira botina calçam: close em poncto exacto. Cheguei, ao ver a scena, bem na beira do orgasmo. Reprisei, depois, tal acto.
O CAUTO CAUSO DOS IRMÃOS [4137]
Primeiro, era o mais velho quem battia no irmão mais novo, até que os paes um duro castigo lhe impuzeram. Ja seguro se sente o molequinho, e tripudia.
Agora, o molecão vive a agonia de ser chantageado: paga o juro da divida e obedesce o irmão. Que appuro terá de supportar no dia-a-dia!
O joven phrases sadicas não mede: “Ou faz o que eu mandar, ou vou dizer que está battendo em mim!” O maior cede, humilha-se ao menor e ao seu poder.
Rebaixa-se e lhe lambe o pé, que fede. Em breve, o chupará… No fundo, ser masoca quer, embora não segrede, e sente, na punheta, algum prazer.
O CAUTO CAUSO DA REZA [4150]
Irmãos, são dois. O cego ja fez vinte.
O “normovisual” tem dezesepte. Dividem quarto, brigam, por cassette ou disco: quem direitos tem de ouvinte?
O cego se recusa a ser pedinte? Que seja massagista! E elle repete, até que apprenda e até fazer boquette no irmão, que se approveita com requincte.
Humilde, accapta o mano no que diga. Começa practicando só massagem, mas perde alguma apposta, alguma briga. Venceu quem tudo enxerga e viu vantagem.
Na practica, a chupar caralho obriga quem pode, e adolescentes assim agem. Practique o cego, até que orar consiga, e faça, aos que mais podem, homenagem!
O CAUTO CAUSO DA DESPURIFICAÇÃO
(1)
Diz que estou “eyeless in Gaza” o escriptor: dos philisteus eu cahi nas mãos, e praza meu calvario ao proprio Deus!
Outro auctor diz que bem casa a cegueira e os que são meus oppressores: ferro em braza não puniu somente hebreus.
Ter os olhos exstirpados symboliza, nestes lados, um vigor que se perdeu.
No meu caso, symboliza a attitude de quem pisa sobre um rosto como o meu.
(1/10) [4211/4220]
(2)
Mas Mattoso, o auctor que cito, não allude a quem num cego tripudia, appenas: dicto deixo aqui qual cruz carrego.
Me garantem que está escripto: em logar de ter um prego martellado na mão, mytho dos christãos, a bocca entrego.
Quem me obriga à fellação quer que, em pose de oração eu esteja, quando chupo.
Meu algoz me diz na bucha: “Si um caraio o cego chucha, toma é bença, não estrupo!”
(3)
Começando do começo, foi catholico o meu lar. Mas a Deus, hoje, aggradesço por poder um pau chupar.
Eu explico: pago o preço da cegueira e em meu logar sou, no tranco e no tropeço, collocado, a adjoelhar.
Quem colloca é o philisteu que, carrasco, me fodeu, quer oral, quer buccalmente.
É christão, esse carrasco. Nem escrupulo, nem asco, tem, comtudo, em minha frente.
(4)
Começou quando eu teria meus quattorze e o cara uns vinte. Fiquei cego, um bello dia, e elle, a rir, disse o seguinte:
“Puta merda! Eu não queria me foder assim!” O accincte me feriu. E o cara ria: “Seu futuro é ser pedinte!”
Esse perfido é meu primo e tornou-se, em casa, arrhymo. Para os outros, é christão.
Por ser orpham, eu fiquei aos cuidados desse rei da torpeza e do tesão.
(5)
Para os outros, é bom moço, que trabalha e vae à egreja. Mas, commigo, é sempre grosso e, ao foder-me, nem se peja.
Me aggarrou pelo pescoço, certa feita, e disse: “Esteja prompto e chupe! Esse seu osso vae ser duro, agora, veja!”
Fui forçado a, de joelho, me abbaixar e seu pentelho farejar, fedendo a mijo.
“De hoje em deante, vae ser meu chupador, ouviu?” Metteu nos meus beiços o pau rijo.
(6)
Tive nojo. A bofetada que levei foi o bastante. Fui treinado a lamber cada vão de pelle nauseante.
Quiz o cara que em mais nada eu pensasse, doradvante. “Se concentre na chupada! Reze ao sancto! Chore! Cante!”
De joelhos e mãos postas, eu fiquei. Nas minhas costas foi pesada a cruz da tara!
Elle disse: “Reze! Peça que eu exporre bem depressa, que eu não batta em sua cara!”
(7)
Entendi bem o recado: si eu orar emquanto mammo, Deus talvez deste coitado tenha pena… e nem reclamo.
Vou chupando e, si eu aggrado o caralho do meu amo, sei que estou do meu peccado me purgando. Elle diz: “Vamo!”
Tambem falla: “Assim! Mais fundo!” Engolindo o membro immundo, me preparo mentalmente.
Quando jorra a porra, eu trago tudo aquillo e, do seu bago, sinto o cheiro repellente.
(8)
Apprendi que um cego tem que perder o nojo todo. Seu pau sujo eu chupo sem titubeio e sem açodo.
O sebinho que me vem pela lingua juncta, a rodo, seu caralho, mas sei bem que, ou engulo, ou mais me fodo.
A Deus peço, emquanto a picca me penetra a bocca: a dica que o carrasco deu funcciona!
Deus me attende. Appós chupar direitinho, ao meu logar volto em paz, numa poltrona.
(9)
Na presença de pessoa da familia, até de fora, elle falla que perdoa quem ao Demo, appenas, ora.
Mas aquillo, a mim, me soa tão ironico! Eu agora, por mais fundo que me doa, vou chamar Nossa Senhora…
Que direi à Virgem Sancta? Pedirei que na garganta seu pau pouco me moleste.
Caso attenda à minha prece, será como si estivesse vindo a hostia, não a peste.
(10)
Meu algoz, que falla errado, nestes versos apparesce corrigido. Meu peccado eu corrijo com a prece.
Quando rezo, penetrado oralmente, a mente exquesce todo o porco e sujo lado e, por tudo, até aggradesce.
Mais punido foi Sansão, que morreu, soffrendo em vão! Eu, ao menos, estou vivo!
Meu primão, que me sustenta, pode a rolla ter nojenta, mas de mal maior me exquivo!
FRATERNO INFERNO [4667]
Ficou cego o mais velho. Está solteiro. Casado está o mais novo, até tem filho. Conversam, certa tarde: “Eu não me humilho! (diz este) Mas você, sim! Né, parceiro?”
{Ser cego humilha a gente o tempo inteiro! (confirma aquelle) Às vezes, eu me pilho lembrando que lambi, que dei um brilho de lingua, que engraxei, senti seu cheiro…}
“Mas, antes, era opção! (diz o mais novo) Agora, não: me chupa, quando eu quero, não chupa? E eu, por você, nem me commovo. Estou, meu caro irmão, sendo sincero.”
Alem de chupar, vale babar ovo do mano. E o cego escuta, em tom severo: “O jeito então é, como diz o povo, você ter que engolir! Chega de lero!”
PRIMINHOS
NA LINHA [4727]
Meu, deixe eu lhe contar… Eu, escondido, vi quando meu pae dava na mãe uma mettida pela bocca! Meu, cê fuma? Então! Mais que um cigarro, mais comprido!
Mais largo, tambem, claro! Eu nem duvido que seja mais que um cano… Não, nenhuma limpeza! Si não gosta, se accostuma na marra! Elle é quem manda! Elle é o marido!
Talvez seja por elle ser milico! Precisa ver, meu! Entra aquillo tudo na bocca, até a garganta! Eu tambem fico de picca dura… Ei, falle! Ficou mudo?
Vontade eu tenho! Topa, meu? O mico é seu, si me chupar! Hoje eu estudo, mas chego ahi depois e a tarde estico! Você vae saber como sou marrudo!
TRAGICA COMICHÃO [4745]
Coceira na cannella ella sentia, coitada da velhinha! Foi coçando, coçando, até que estava, eis sinão quando, aberta uma ferida na tithia!
A chaga não sarava e mais se abria! Sangrava, em carne viva, e nada brando prurido ainda vinha provocando!
A velha se coçava: que agonia!
Em vez de cicatriz, a carne estava querendo appodrescer, virar carniça!
Coçar, não: ja queimava feito lava! Até que lhe amputaram, enfermiça,/
/a perna… De muletas, ella excava, agora, a perna boa… A mão se attiça! Depois, o que virá, que mais se aggrava? Coceira até na nadega postiça?
PENITENCIA ROPTINEIRA [4787]
Na salla, está ligada na novella a thia solteirona. Na cozinha, jantando, estão os outros. Adivinha si alguem deixou restinho na panella!
Emquanto elles mastigam, pensam nella, ligada na novella, tão sozinha! Mas alto é o som: se escuta a ladainha de sempre das actrizes. Falla a bella:
“Eu juro! Nunca mais, amor, eu brigo! Amor! Não me abbandone! Que será de mim, sem seu carinho? Não consigo viver sozinha! Eu peço, amor, não va!”
Commenta o pae: {Odeio! Não me ligo em merda desse typo!} A thia, ja chorando, o som augmenta. Que castigo ouvir esse diario blablablá!
LENTES INCORRECTIVAS [4942]
Os oculos cahiam toda hora!
Na sopa, no seu collo, até na pia! Em casa, todo mundo della ria: “Ammarra! Ja fallei para a senhora!”
Ganhava correntinhas. Mas escora alguma aquelles oculos? A thia usava uns muito grandes! Não seria o caso de trocar? Sim, sem demora!
Fallavam sem cessar, inutilmente. Teimosa, a velha tudo recusava! {Não quero! Estes aqui teem boa lente! Um pouco pesadinhos, mas…}, fallava.
Até que demorou. Num dia quente, a velha se abbannou e… Agora, aggrava a lente de contacto o que ella sente e quer mandar, tambem, a lente à fava.
O pau quebra quando estão reunidos todos. Pae, mãe, avó, cunhado, irmão, battem bocca. Praga sae.
“Vae você! Saphado! Vae…” Só não vale palavrão. De repente, alguem se trae: “Vae tomar no cu, bundão!”
E se calam. Constrangido todo mundo fica. O ouvido não registra novo insulto. Um qualquer passa por culto.
Sae o almosso. Alegre, senta a familia à mesa benta. Por emquanto, é tudo adulto e ninguem quer ser estulto.
DISSONNETTO DUMA TREGUA SAGRADA [5372]
SOGRA QUE LOGRA [5511]
Não posso accreditar! Então exsiste um dia para a sogra? Quem será que teve tal idéa? Algum gagá? A delle, fallescida, o deixou triste?
Em vida, rabugenta, dedo em riste, a velha ammeaçava. Agora, dá saudade a voz daquella bruxa má, coitada, sempre victima dum chiste.
Talvez seja injustiça o que ja della fallaram: delirava, ardia em febre, surtava… Quem propoz que se celebre seu dia, tem razão, e ao senso appella.
Jamais foi bruxa. Nunca num casebre morou, nem fez feitiço. Ainda bella, por cyma, foi, mas tarde se revela. Tabus, ha quem os lembre e quem os quebre.
DIA DO SADOMASOCHISMO [5768]
Septe dias por semana, vinte e quattro horinhas: isso é o que explica tão bacchana data, à qual presto serviço.
Um ceguinho que se damna faz da vida compromisso natural com quem tem gana de mantel-o bem submisso.
Entre irmãos melhor se explana tal fetiche e tal feitiço: um com outro tem mundana relação. O meu, attiço-o.
Ja fui delle, esse sacana, masochista sem enguiço. Hoje em dia, até se uffana de ter feito nada disso…
MEME DO SACCO [5898]
Ficara tetraplegico o subjeito. Da cama, sem adjuda, não sahia. Appenas a cabeça se mexia. Do sadico cunhado ouviu: “Bem feito!”
Ninguem por perto, o sadico do leito acchega-se e lhe peida bem na via oral, lhe exfrega a rolla, até. “Não chia!”, deu ordem. Disso tira bom proveito.
Mostrando um sacco plastico, promette usal-o caso peça por soccorro a victima, que pensa: “Assim eu morro! Prefiro suffocar a dar boquette!”
Mas chupa, pois tem medo do pivete. Quem isso me contou viu quando o gorro de plastico o moleque num cachorro testou, mas eu que petas interprete…
ISOLAMENTO HORIZONTAL [6083]
Que posso concluir da quarentena? Em casa todo mundo, o jeito vem a ser foder bastante, que ninguem a ser um penitente se condemna.
Familia grande, em casa tão pequena, mais soffre, confinada, ja que sem foder vão ficar. Claro, ninguem tem coragem de exhibir-se em nua scena.
Mas sempre se resolve. Põe um mano deitado o pé na cara doutro, quando, dormindo de valete, vae ficando durissimo o caralho sob o panno.
Irmãos sempre se chupam, não me enganno na analyse. Desfructem, pois, si bando formaram numa cama, no commando estando o mais thalludo ou mais tyranno.
ACCHATAMENTO DA CURVA [6084]
Emquanto não se pode sahir, bota na cara do menor o seu pé chato o mano que, mais velho, de insensato ja posa, ja postura adulta adopta.
Deitados de valete numa quota restricta de colchão, ninguem de facto tranquillo dormirá. Por mim, ja batto punhetas mil, pensando na patota.
Dá nisso quarentena, num pequeno espaço, de familia numerosa. Ninguem conseguirá contar em prosa metade do que conto em meu terreno.
Faltou dizer que curva não se vê no pé chato do menor, tambem. Não goza lambendo só chulé ninguem. Gostosa foi tal introducção, num tom ameno.
VOLTANDO COM A PIPOCA [6417]
Você, que leu quadrinhos p’ra caralho, Mattoso, dos sobrinhos certamente se lembra! Hans e Fritz! Exactamente! Por que de fallar delles eu me valho?
Porque pregavam peças! Eu, que ralho com filhos, acho raro que se invente duplinha mais perversa! Quem não sente revolta contra abusos dum pirralho?
Occorre-me, então, Glauco: cê ja fez idéa do que faz uma creança si impune sempre está? Jamais se cansa de impor-se e ver no adulto o seu freguez!
Um cego é pratto cheio, toda vez me passa na cabeça! Ah, ja festança fizeram com você? Sou eu quem dansa, então! Não foram dois? Ah, foram trez?
DISCIPLINA CANINA [6436]
Tesão, Glauco, senti por um irmão da minha mãe. Cunhados, você saca, são typos parasitas, chatos paca! Meu pae o tolerou por um tempão!
Eu era adolescente. Senti tão salgado um chulezão, que gol de placa marquei na chanca delle! Vinha a inhaca das meias dentro della, alli no chão!
Pegou-me cafungando, o nariz nella mettido. Ouvi: “Bonito, né, sobrinho? Te babas por um forte chulezinho? Então tens que provar a mortadella!”
Estava de chinello. Fungadella à bessa dei na sola do excarninho thiozão. Você tambem, eu adivinho, seria delle escravo, um cão que fella!
CEGA (3) [6711]
Um primo meu commigo sempre via o filme FURIA CEGA, mas a gente torcia para aquelles que, na frente do cego, o bullyingavam todo dia!
Achavamos que um cego jamais ia ter forças para agir, ser tão valente assim, poder vingar-se! Mais contente a gente ficaria si elle enfia!
Devia, sim, Glaucão, sua bengala mettida no cuzão ser! Mas, primeiro, o cego chuparia, chupeteiro seria dos moleques, esse mala!
Quem é que tal heroe, que não se eguala aos normovisuaes, como parceiro encara? Não! Jamais um justiceiro engulo si for cego! Serio falla!
FURIA
ADULTESCENTE [6785]
Passei dos trinta anninhos… E dahi?
Ainda moro, Glauco, com meus paes mais um irmão menor, e ninguem mais! Ja muita gente nessa phase vi!
E sabe, Glauco, duma coisa? Aqui em casa todos acham naturaes meus habitos, faz tempo, pois são taes manias as que sempre eu exhibi!
Meu quarto na maior bagunça fica!
Bem alto ouço uma banda barulhenta! Emprego nunca achei, mas me sustenta aquella mezadinha nada rica!
Sebinho se junctando vae na picca! Largada fica a meia chulepenta! Ninguem o meu relaxo mais aguenta, só meu irmão, que engole e se fornica!
REMINISCENCIA DA PUBESCENCIA [6818]
Sim, vate, estou lembrado. Foi assim: Meu primo era mais forte. Eu, que dormia às vezes la na casa da tithia, maricas e podolatra a ser vim.
Aquillo para mim não foi ruim, mas eu que ruim fosse bem fingia. Seu pé na minha cara poz um dia, durante nossa lucta, ja no fim.
Rendido, fui ao chão e, então, senti aquella sola chata sobre minha boquinha de menino mariquinha. O resto ja se sabe. Você ri?
Pois elle, tambem rindo, fez alli de mim seu escravinho. Não, não tinha escrupulo nenhum. Fiz, sim, carinha de nojo, mas até bebi chichi…
PARENTES INCLEMENTES [6903]
Eu tinha posses, Glauco, mas perdi a vista, dependente estou! Agora meus primos e sobrinhos para fora ja botam seu despeito por aqui!
Abusam de mim! Todo mundo ri da minha condição! Quem commemora mais é mesmo o mais joven, que peora si fica a sós commigo, o tal gury!
De quattro fico, faço o que elle manda! A cara, com o pé, me exbofeteia, depois que ja tirei a sua meia e sua bota! A scena não é branda!
Lhe lambo um sebo grosso, que lavanda não cheira! Minha bocca fica cheia daquillo numa rolla, Glauco, creia, que chupo, caso um relho elle em mim branda!
O CEGO E SEU IRMÃO [6978]
Ficou cego o mais velho. Seu irmão do meio bem enxerga. Tem myopia, sem damnos, o caçula, que sacia no cego o seu despeito, o tendo à mão.
Sentindo o seu rancor por não ser são de todo, desforrar quer, pela via oral, no mano cego. Sempre enfia o pau na sua bocca, com tesão.
Fiquei sabendo disto, Glauco, por um primo do caçula, que tambem abusa do ceguinho. Tu refem ja foste de parentes, trovador?
Verdade? Si verdade mesmo for, precisas me contar, pois gozo sem usar a mão, embora de ninguem abuse… E então? Me julgas gozador?
O ACCOCORADO E O ACCOCOZADO (3) [7172]
Allivio dar, na boa, ao intestino momento nos paresce, tão gostoso e livre, quanto a bronha dum menino que finge dominar e, assim, tem gozo.
Nas bronhas, é cagando que eu domino algum bobo priminho que, choroso, terá que degluttir o que elimino, quer seja cocô solido ou cremoso.
Que faço? Me accocoro e o rego encaixo, bastante folgazão, muito contente, naquella aberta bocca que, por baixo de mim, fica comendo, obediente.
É molle e Nem preciso fazer força, nem tenho que peidar tão fartamente na bocca, para que elle se contorça emquanto o gosto forte e o cheiro sente.
MOTTE GLOSADO (1/4) [7345]
Sabe um cego o seu logar: vaga alheia não occupa. Quem visão tem, si mandar chupar rolla, o cego chupa.
(1)
Entre irmãos, um que não veja paga ao outro uma “lambuja”: chupa a rolla, mesmo suja e fedida, até que esteja satisfeito. Não se peja quem enxerga de cobrar a “lambuja”, pois azar dum é sorte doutro. Acceito eu tal regra e dou direito: sabe um cego o seu logar.
(2)
Sei dum caso assim: os dois eram gemeos e um, só, cego. Quem são elles não entrego: não darei o nome aos bois. Mas o facto é que, depois dalguns annos, nem com lupa este enxerga e, logo, um “Upa, cavallinho!” ouve. A montal-o vem o irmão, ja que um cavallo vaga alheia não occupa.
(3)
De “lambuja” a brincadeira é chamada pelos paes, que saudaveis e normaes acham essas coisas. Queira ou não, elle, em breve, cheira, do dedão ao calcanhar, do maninho o pé, que um ar não esconde de maldade.
Nada impede que o degrade quem visão tem, si mandar.
(4)
Ja mais velhos, em segredo a chupar rolla se obriga o ceguinho e evita briga.
Ao fedor e ao gosto azedo se accostuma desde cedo. Seu irmão nem se preoccupa em lavar-se e, em catadupa, jorra a porra. Si é divino o poder e é seu destino chupar rolla, o cego chupa.
MOTTE GLOSADO [7548]
Quando o sogro aos pés do genro se colloca, está fodido.
Me contaram dum subjeito cuja filha está casada com um torpe camarada e de escravo o velho é feito. Masochista eu o suspeito, pois sustenta o convencido cafageste e, sem gemido, chupa um pau que acha até tenro!
Quando o sogro aos pés do genro se colloca, está fodido.
MOTTE GLOSADO [7642]
“Pode entrar! A casa é sua!”, disse o cego ao seu cunhado.
Caso um cego prostitua sua esposa, não me ommitto. Elle quiz fazer bonito:
“Pode entrar! A casa é sua!” Ao cunhado a mulher nua se offeresce e o typo sado se approveita! Que abusado! Nos dois mette o camarada e, ao chupar-lhe a rolla, nada disse o cego ao seu cunhado!
MADRIGAL EXTRACONJUGAL (1/3) [7794]
Estando sem assucar um casal, accaba que um cunhado, bem ou mal, azeda tudo ou… bota mais um sal.
(1)
Contou-me um rapaz hetero, casado, sem ser do masochismo practicante, enchendo-me de inveja, que o cunhado seu fracco farejou e, insinuante, fallou que exigiria ser chupado si a irman lhe revelasse que bastante viril não é na cama. Confrontado, o esposo vacillou, o algoz perante.
(2)
Bem sadico, o cunhado, triumphante, o fez adjoelhar e o resultado foi scena a mais pornô, rollando, advante e attraz, garganta addentro, um pau mijado, fedendo a sebo e porra que, durante uns dias, ficou sujo. “Glauco, o lado masoca me afflorou!” Ninguem garante veridico que seja, mas eu brado:
(3)
“Me conte mais!” Diz elle que o saphado chulé tinha, terrivel! “Mas amante não sou desse fetiche, Glauco!” O sado saber nem quiz: mandou que a degradante sessão se consummasse e o pé suado lambido fosse pelo esposo arfante! Inveja confessei e não me evado: no mundo não ha nada que me expante.
DEVOTO (1/4) [8132]
(1)
Extranho joven, esse. Casto, crente, mas tem idéas proprias do que seja jejum ou castidade. Nem punheta batter quer todo dia. Se isolou no sitio que deixou seu pae. Só mora com elle um primo cego, orpham, de quem cuidado, christanmente, tem, mas não tão charidosamente quanto crê a rasa vizinhança. Tem sisudo adspecto o joven, pouco dado às fallas.
(2)
Bollou elle conceito differente daquillo que se julga, alli na egreja, “divina providencia”. Que commetta maldades com um orpham dar não vou certeza. Mas me dizem que elle ignora o choro dum cegueta que só tem um dom: “obediencia cega”. São deveres deste, excolha sem, que dê de lingua banho nesse pé cascudo do primo, fora arcar com suas gallas.
(3)
Lamber, chupar, sem asco ou repellente noção, nem dignidade. Quem não veja tem essa vil missão, reza a canneta divina, diz o primo. Si ficou sem gozo uma semana, acção agora, no sabbado, quer elle. Eis que lhe vem um cego bem na hora do tesão. Agora não importa qual buquê terá seu pé, seu pau, seu anus, tudo que nunca suspeitou quem chupa ballas.
REMOTO
(4)
Perguntam-me si exsiste quem aguente viver em tal estado. Quem esteja, ha pouco, sem visão e se submetta às ordens dum parente, me contou mais gente, não é raro. Só peora no caso desse primo, pois ninguem suppõe um cara assim, que bom christão se julga, que jejua. Acha você que desse caso valha algum estudo fazer? Ou nem tal thema chega às sallas?
GOYANA (1/4) [8177]
(1)
Um caso que, escabroso, me contou lettrado professor la de Goyaz tambem tracta do cego como objecto de sarro, curra, surra, até tortura. Foi este, embora pobre, dono duma pequena rural granja. Apposentado ja por invalidez, ficou da irman inerme dependente. A mulher tinha dois filhos, jovens sadicos que, como recreio ou brincadeira, começaram a achar no cego um optimo motivo de estupro ou pura practica nojenta.
(2)
Cegado em accidente, elle ficou invalido, sem animo, das más pessoas bom refem. No seu trajecto obstaculos armavam. Queimadura causavam-lhe nos dedos quando alguma bituca de cigarro, pelo lado contrario, lhe extendiam. Mais affan achavam cada dia. Da gallinha cocô punham no rango. Cada gommo de bosta de cachorro! Mas não param ahi taes aggressões, ja que, passivo, o cego as supportava. Alguem aguenta?
ODE
(3)
Appós tudo tomar-lhe, como sou sciente, terra, grana, a mana nas mãos deixa aquelle cego, como abjecto brinquedo, dos moleques. Quem attura tortura, attura foda. Quem resuma o caso, diz, por alto, que estuprado foi elle. Mas os jovens, ammanhan, dirão que foi treinado numa linha bem sadomasochista para pomo comer, do mais amargo. Que o forçaram ao coito oral aqui nunca me exquivo de, em gozo, repetir. Mais se accrescenta?
(4)
Escravo dos sobrinhos, rendeu show de scenas pornographicas, pois gaz tiveram elles para armar, sem veto moral, uns pornovideos que a censura cortou da rede. Importa que eu assuma a minha posição. Jamais me evado de dal-a. A molecada folgazan foi, como no meu caso, uma excarninha faceta social que às demais sommo. Hypocritas aquillo condemnaram, mas lavam as mãos. Eu, que não me privo do orgasmo, em ode exalto o que me tempta.
ADOLESCENTE SADISMO [8469]
Contou-me um polonez, acculturado faz tempo em Curityba este intrigante e bello caso, e eu nunca que me enfado do thema, ao qual não vejo o que supplante.
Refiro-me ao pé chato, que tarado me deixa, e à voz commum no Paraná: “polaco do pé chato”. Appellidado assim tambem foi este que aqui está.
Diz elle: -- Glauco, tive um thio veado que sempre nos chupava, a turma toda dos primos molecotes. Foi usado por nós, sem termos puta que se foda.
Nós iamos, em gruppo, ao seu sobrado. Passavamos a tarde e na chupeta gozavamos. Ah, como fui chupado! Tithio tinha boquinha de boceta!
Um dia, se mudou quem tinha dado prazer à molecada que, sem nada melhor para fazer, quiz que um coitado tomasse o logar delle na chupada.
Por todos excolhido foi o Vlado, priminho menos bruto que fazia papel, nas gozações, de delicado. Primeiro, elle negou-se à putaria.
Mas logo, de appanhar ammeaçado, cedeu e se dispoz a nos chupar. Iriamos treinal-o, e o lado sado soltando, lhe mostramos seu logar.
Chupou-nos, cada vez mais caprichado, cumprindo nossas ordens, nosso cheiro curtindo do sebinho accumulado nos puberes prepucios sem chuveiro.
Que sarro nós tiravamos! “Damnado de forte, esse fedor, né? Cheira! Cheira! Agora passa a lingua!” Desaggrado mostrando, o Vlado ouvia a brincadeira.
Até que suggeri que meu calçado tirasse e meu chulé Vlado sentisse. “É para accostumar!”, fallei. Gozado acharam, rindo dessa creancice.
Por isso reparei que era acchatado egual ao meu, o pé de todos nós. Aquillo me ficou, como si um dado genetico exsistisse nessa voz:
“Polaco do pé chato”… Triste fado não é ter pé de pato, hem, Glauco? Falla verdade! Quem é cego é que é azarado! Nenhum outro problema ao seu se eguala!
Eu ia discordar? Fiquei calado. Inveja confessei do Vlado, pois lambeu taes pés polacos addoidado! Masturbo-me, de ouvir isso depois.
Si “para accostumar” foi engraçado aos jovens polaquinhos, para mim é motte aphrodisiaco, que eu brado tal como si meu fosse… e chego ao fim.
GRATIFICANTE OPPORTUNISMO [8471]
Herdou elle, com ella, a propriedade. Tambem dos paes herdaram a cegueira. Agora ambos estão orphans e Sade achar não ia historia tão certeira.
Um primo sem escrupulos invade a casa e se appropria, de maneira covarde, do inventario: persuade os cegos, que lhe outhorgam quanto queira.
Aos poucos, tyranniza os dois. Quem ha de suppor que estão captivos? Fazendeira, a sede está distante da cidade. Escravos lhe serão a vida inteira.
Farão, agora, tudo que lhe aggrade. O primo os invejava, pois, sem eira nem beira, nada tinha. Utilidade dois cegos terão logo, à putanheira.
Amigos dessa laia, si o malvado lhes conta, se divertem, e eu me inteiro: “Ah, como me vinguei! Eu os degrado, os faço sentir gosto, sentir cheiro!”
“A cega a me chupar eu persuado na base da chibata! Seu fuleiro irmão dos pés me cuida! Bem treinado, tambem se accostumou ao captiveiro!”
“Me tracta elle, a lamber, do callejado e fetido pezão! Ja meu leiteiro caralho, ella me mamma, bem mammado!” Será que falla a serio o trappaceiro?
Prefiro accreditar que tal legado do sadico não seja verdadeiro trophéu, mas, quanto aos cegos, sou levado a crer que não trabalhem por dinheiro.
CASCA GROSSA [8567]
Accabo de saber: um cego tão usado quanto eu digo ser ficara submisso aos proprios primos! Tinha avara mania aquelle cego, quando são da vista fora. Quando sem visão ficou, sem mais parentes vivos para cuidar delle, aos primões cedeu a cara mansão e lhes passou procuração. Ficou, pois, de dois sadicos na mão. Alem de usarem tudo que junctara, puniram o ceguinho. Um tinha tara podolatra: queria no pezão a lingua do coitado, pois cascão bem grosso sua sola se tornara, de tanto andar descalço! Quem compara a pelle com a lixa sabe quão difficil é lamber um pé que não se lava com sabão! Historia rara, não acham? Qualquer cego não se azara assim, mas deu tal sorte, em mim, tesão…
SILENTE E SCIENTE [8994]
Um filme vi, Glaucão, que irias tu amar e incluir como um favorito! Certeza não terei si iraniano seria, nem si tudo la se passa, mas fazem, dum ceguinho, verdadeiro objecto sexual seus proprios primos, depois que ficou orpham o coitado! Glaucão, é fodelança das mais sujas! O cego lambe, chupa… Pés, caralhos e saccos… Cus, até, sem ter descanso! Por fim, elle se macta, para não soffrer outras torturas bem peores! Apposto que dirias tu: “Mas como? Mactar-se por que? Tudo tem remedio, ainda que exigisse certo grau de estoico masochismo ou, pelo menos, de espirita noção duma missão!” Confirmas minha analyse, Glaucão? Consente quem se cala, ja se disse…
DO EVANGELHO DE JUDAS IZRAHIAH (32)
[9041]
Jesus à castidade sempre fez questão de referir-se com bastante clareza, donde exemplos deste typo: {Um cego punhetava-se escondido, mas foi pelo seu primo, um homem muito decente e casto, pego de surpresa. Então, como castigo, o crente fez o cego pagar sua acção devassa lambendo de seus pés toda a poeira. O cego, sem excolha, submetteu-se, mas, desde então, punheta só battia pensando nos pés sujos do seu primo. Assim, pois, Deus não teve piedade e fez com que seu penis gangrenasse.} Com medo, todos quantos Christo ouviam sentiram calafrios em seus membros.
CRENDICES? [9837]
Glaucão, o Curupyra não é lenda! Eu tenho um primo cujos pés são tão virados, deformados, tão… tão… tortos, que iriam provocar tesão num cego tarado, um pervertido como tu! Ficaste interessado nelle, Glauco? Bem, posso te levar à casa delle, que fica alli no meio da reserva, mas devo te dizer que elle não tem bons modos, é bem rustico, um selvagem, em summa! Ainda assim tens interesse?
DIA DA TOLERANCIA [10.291]
Estou cansada, Glauco, desse lero que expalham a respeito da palmada! Não! Para a creançada, não ha nada melhor! Não acha? Seja bem sincero!
Eu, como mãe zelosa, não tolero creança que, rebelde e malcreada, me enfrente, Glauco! Saio dando cada tapão! Querem molleza? Chance zero!
Meu filho, um cavallão do meu tamanho, brigou commigo, um primo defendendo! Magina! De moleque eu não appanho!
Sentei nos dois o braço! Não entendo quem falle em atturar parente extranho! Conversa! Aos tolerantes não me rendo!
DIA DA VOLTA À INFANCIA [11.182]
Alguem voltar deseja, vate, em sonho, aos tempos infantis? Acho que não. Ao menos eu não quero. Meu irmão mais velho me estuprava… Era medonho!
Aonde foi parar eu nem supponho. Mal posso me lembrar! Tinha tesão o gajo me fazendo seu pezão lamber! Tinha chulé, sim! Me envergonho…
Alem de lhe chupar a suja picca, eu tinha que engolir toda a sujeira daquelles pés! E então? Curtiu a dica?
Ainda que você meu mano queira um dia conhescer, bem claro fica: Não quero nem siquer ver-lhe a caveira!
SONNETTO DO ACCERTO DE CONTOS [11.981]
Seu Glauco, o senhor sabe como faço, na cama, antes do somno? Batto bronha, é claro! Nada disso me envergonha! Ao menos nisso perco o meu cabaço!
Mas quero lhe contar meu passo a passo emquanto me punheto… Quem não sonha que manda num priminho, no qual ponha a rolla? Ja me achou meio devasso?
Espere só, seu Glauco, que eu lhe diga: Tambem tenho um prazer cruel, immenso, pensando noutro primo, um duma figa!
Sim, elle zoa! Ahi, sonho uma briga! Fodeu-me, mas me vingo! Nelle prenso a bota até que erguer-se não consiga!
SONNETTO DUM FILHO DEGENERADO [12.174]
Meu pae era podolatra, Glaucão! Casou, sim, e me teve… De bom filho exemplo dei… Porem, me maravilho ouvindo o papae sobre seu tesão!
Tesão por pés de machos! Você não se expanta que isso occorra? Aqui me pilho pensando: Não, a tanto não me humilho! Lamber o pé dum homem? Não, irmão!
Disse elle: só lambia a sola chata dum primo magricella, mas constata que em outros desejou o calcanhar…
Ficou ja salivando, Glauco? Batta punheta! Pense em minha larga patta! De compta até farei que sou seu par!
SONNETTO DO INCESTO MANIFESTO [12.799]
Fallei ao meu irmão mais velho: “Ocê me disse que está prompto p’ra chupar, que é por obrigação, que é por azar da vida que chupou, sem mais porquê…”
Ahi, Glaucão, cobrei: “Agora vê si chupa direitinho! Vou gozar na hora que quizer, ó! Seu logar ocê sabe qual é! Quem reza, crê!”
Glaucão, vou lhe fallar: Quando um irmão mais velho chupa aquelle que é mais novo, ah, como chupa! Ah, como dá tesão!
Deu banho com a lingua! Até meu ovo lavou, até pentelho! Um sebo tão fedido removeu, que não removo!
SER MADRASTA [12.817]
Madrasta ser é ver que não tem fibra o cego que, enteado seu, alheio se torna à piedade. Triste e feio, não ganha, della, amor. Seu filho vibra.
O filho verdadeiro se equilibra nos mimos da mamãe. Batte, sem freio, no cego, que pedir arrego veiu, mas teve que lamber um pé que “dibra”.
Descalço das chuteiras, esse filho da puta, auctorizado, diz: “Humilho você! Lamba meus pés!” E dá risada.
Bem sadica, a madrasta não faz nada. Só mima seu filhão, que, com um riso cruel, diz: “Quem é cego eu escravizo!”

Casa de Ferreiro
