MOLECADA DA PESADA

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M O L E C A D A

DA PESADA

Glauco Mattoso

MOLECADA DA PESADA

São Paulo

Casa de Ferreiro

Molecada da pesada

© Glauco Mattoso, 2025

Editoração, Diagramação e Revisão

Lucio Medeiros

Capa

Concepção: Glauco Mattoso

Execução: Lucio Medeiros

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Mattoso, Glauco

MOLECADA DA PESADA / Glauco Mattoso. –– Brasil : Casa de Ferreiro, 2025. 88 Páginas

1.Poesia Brasileira I. Título.

25-1293

CDD B869.1

Índices para catálogo sistemático: 1. Poesia brasileira

PREAMBULO: DO MOLEQUE INIMPUTAVEL [13.013]

O que quero lhes contar jamais aggrada um “politico” ou “correcto” cidadão. Mas meu verso não tem pappas… Por que, então, eu iria me exemptar desta empreitada?

Neste livro decidi collocar cada um dos typicos relatos que me dão o tesão masturbatorio. Eis a questão: Molecada da pesada dá pezada!

Em diversos destes casos põe alguem o pezão na cara dum ou doutro otario com o qual me identifico, pudor sem.

Que me importa si infractor é, si primario? Que me importa si é boyzinho, si é “nem nem”? Importante é supprir este sonnettario!

SONNETTO DA MAIORIDADE [11.861]

Seu Glauco, o senhor pode ter certeza de como o meu chulé de maior é! Talvez seja menor este meu pé, que pouco mede menos que o da mesa!

Mas posso garantir: de rolla tesa não fico si um adulto cafuné fizer no meu pentelho! Bote fé, creança não serei tão indefesa!

Seu Glauco, o meu chulé não me envergonha, mas delle nem tampouco sinto orgulho! Farei anniversario, agora em julho!

Com novos tennis todo joven sonha! Darei, sim, ao senhor aquelle embrulho dos velhos, pois meu quarto ja vasculho!

SONNETTO DA SUSPENSÃO [11.868]

Seu Glauco, estão querendo me expulsar! Sim, do collegio, só porque eu fallei do negro, da mulher, até do gay, aquillo que merescem escutar!

Mulher tem que rallar e ser “do lar”! Ao negro não tem nada que ter lei de quotas, de racismo, la nem sei que mais, e gay precisa se curar!

Trez dias eu peguei de suspensão e querem me expulsar por causa disso! Com cegos nem meu tempo desperdiço!

Fallar nem vou, seu Glauco! Um cego não precisa que se falle! Elle é submisso à gente, que ver pode! Sem enguiço!

SONNETTO DAS SUSCEPTIBILIDADES

[11.876]

Seu Glauco, o meu papae disse que eu não devia conversar com um poeta maldicto, que influencia assim affecta a gente e nos perverte… Com razão!

Mas quero perverter-me e nelle, então, uns golpes appliquei que até se veta nas artes marciaes! Ja ficou quieta a lingua delle, espero, o babacão!

Sou calmo, sim, seu Glauco! Só si for o caso desço o braço no papae! Sossegue! Edade tenho, que não trae!

Passei por internatos, sim, mas por bem pouco tempo, claro! O senhor vae querer me questionar? Se toque, hem? Ai!

SONNETTO DA PUBERDADE [11.921]

Não leve a mal, seu Glauco! O meu pae não me deixa nem pensar em masturbar-me! Nem quando da menina aquelle charme me excita, admitte o velho o meu tesão!

Seu Glauco, sou grandão! Occupa a mão inteira meu peru, quando um allarme me dá, ficando duro! Só mellar-me resolve esta gostosa sensação!

Seu Glauco, vou fallar toda a verdade aqui para o senhor! Só de saber que está sem a visão, sinto um prazer!

Ahi que me punheto, cara, aggrade meu pae ou não aggrade! Que dever eu tenho de tão casto me manter?

SONNETTO DUM TROCA-TROCA DE MASOCA [11.931]

Seu Glauco, sou menino ja grandinho! Não posso ser chamado de creança! Mas, como o desaffio o senhor lança, confesso, sim, ter sido um coitadinho!

A gente, nessa edade, em descaminho se mette e em fodelanças faz lambança! Topando o troca-troca, não se cansa de estar por baixo, às ordens dum vizinho!

Me lembro dum vizinho que o senhor iria adorar! Era tão magrella, mas era tão mandão! Quem não o fella?

Hem? Veja la! Não tente nem suppor que sou masoca agora! Da janella si vejo uma menina… Ah, penso nella!

SONNETTO DOS PODERES

[11.942]

Seu Glauco, ja cresci! Não acho mais que, embaixo desta cama, viveria um monstro que não posso ver de dia mas que, durante a noite, dá signaes!

Não! Monstro não, senhor! Monstro jamais! Mas, em compensação, minha agonia agora vem de formas que eu não via e vejo, ja: são sobrenaturaes!

Duvida do que digo? Não? Que bom que crê tambem! Assim não fico com meu medo só: partilho o meu temor!

Que eu seja sensitivo, que meu dom se explique… Mas eu vejo, escuto o som e nada de “poderes”: só terror!

SONNETTO DO MENINO LEPORINO [11.959]

Beijei não! A menina nojo tinha, seu Glauco! Tenho o labio “leporinho”… Agora, corajoso, lhe escrevinho e tudo vou contar em cada linha.

Não ria, Glauco, dessa tara minha! Não posso ver um beiço vermelhinho, molhado, duplicado, cor de vinho rosado, que me encaixo na chotinha!

As putas deliciam-se, eu lhe juro! Relaxam, arreganham, abrem tudo! E eu, labio contra labio, lambo mudo…

Beijar na bocca, nunca, nem si escuro está! Mas o senhor tambem sortudo não é! Tem que beijar um bem thalludo…

SONNETTO DA BACCHANTE RELUCTANTE [11.960]

Seu Glauco, eu em menina não battia! Mas ella me pediu para appanhar! Lasquei-lhe bofetadas, devagar, primeiro, mas depois com energia!

E foi accostumando, dia a dia… Até que me implorou para mijar na bocca! Que masoca mais vulgar! Bebeu todo o chichi que eu lhe fazia!

Enchi de chichi e porra a tal da puta! Um dia, appós cagar, ordeno que ella me limpe, em seu linguão, o que me mella…

Ahi batto com gosto! O senhor chuta a bocca duma puta? Ah, ja banguela deixei-a! Agora a rolla ja me fella…

SONNETTO DO ACCERTO DE CONTOS [11.981]

Seu Glauco, o senhor sabe como faço, na cama, antes do somno? Batto bronha, é claro! Nada disso me envergonha! Ao menos nisso perco o meu cabaço!

Mas quero lhe contar meu passo a passo emquanto me punheto… Quem não sonha com uma namorada na qual ponha a rolla? Ja me achou meio devasso?

Espere só, seu Glauco, que eu lhe diga: Tambem tenho um prazer cruel, immenso, pensando num collega duma figa!

Sim, elle zoa! Ahi vem minha briga! Na bronha! Ahi me vingo! Nelle prenso a bota até que erguer-se não consiga!

SONNETTO

DA IMAGEM DA CEGUEIRA [12.972]

Seu Glauco, o senhor sabe, ja, de tudo que rolla no DISCORD, esse famoso espaço virtual? Tiveram gozo commigo! Virei sujo contehudo!

Fiquei, àquella camera, desnudo! Bebi do meu chichi! Foi asqueroso! Comi do meu cocô! Sim, seu Mattoso! Chiei nada! Na marra, fiquei mudo!

Risadas da platéa virtual ouvi! Quasi fizeram que eu furasse meus olhos! Discordei de coisa tal!

E sabe por que? Nada do que passe um cego passar quero! Sou normal! Lembrei-me do senhor, da sua face!

SONNETTO DO RAPAZINHO BRINCALHÃO [12.973]

Seu Glauco, descobri que meu chulé tem cheiro que não é de queijo, não! É cheiro dum podrão ovo, ou, então, de esterco, de cocô! Carniça, até!

Meu tennis está gasto, mas não é tão velho, não, seu Glauco! Ja podrão ficou por causa desse cheiro tão fedido! Dá coceira no meu pé!

Não pense, não, Seu Glauco, que eu estou tocando nesse thema porque queira lambidas suas! Chance não lhe dou!

Si estou com dó? Magina! Da cegueira dos outros? É problema seu! Ficou babando? Só fallei por brincadeira!

SONNETTO DO MEHUDO SORTUDO [12.992]

Seu Glauco, ja aguentei toda a pressão que fazem os adultos sobre mim! Esperam que eu estupre, esteja a fim de muita sacanagem, por tesão!

Marmanjo sou, mas puro, sim! Eu não tolero obscenidades! É ruim o gosto dessa gente! Coisa assim não pode ser normal! Elles não são!

Appenas porque gosto dum castigo impor àquelle cego obediente (assim como o senhor), acham que eu ligo…

Não ligo, não, seu Glauco! Sou somente malvado com invalidos! Me instigo por causa dos azares dessa gente!

SONNETTO DO MOLEQUE GENEROSO [13.006]

Seu Glauco, o meu padrasto quiz me dar um doce envenenado! Mas eu tenho ruim sangue! Não morro! Sou ferrenho! Comi mesmo uma dose cavallar!

Então eu me vinguei! Presentear com esse doce eu fui (tive esse engenho) a mãe delle! Essa velha, vate, eu venho querendo, faz tempão, assassinar!

Hem? Acha que serei um mau menino? Mas veja bem, seu Glauco! Quem mandou o gajo me batter? Eu me previno!

Seu Glauco, o senhor sabe que não sou assim tão mau! Meu tennis, de suino fedor, quando o gastei, sempre lhe dou!

SONNETTO DO MOLEQUE GENIOSO [13.007]

Seu Glauco, o senhor pouco me conhesce! Sou bem intencionado! Nunca fiz nenhum mal, nem siquer aos imbecis! Por elles até faço minha prece!

Mas ouça só, seu Glauco! Si soubesse o que elles de mim fallam… Que dei bis trepando com mamãe! Quem isso diz meresce, sim, morrer! Ou não meresce?

Um dia, até, seu Glauco, vou mactar alguem dessa maldosa molecada! É gente sem valores, sem um lar!

Seu Glauco, não se expante, pois eu nada farei ao senhor! Sempre vou lhe dar meu tennis deschartavel, si lhe aggrada!

SONNETTO DO MOLEQUE GULOSO [13.012]

Seu Glauco, quando for ahi vou, sim, querer aquelle lanche que o senhor me vive promettendo! Mas, si eu for, não quero que essa lingua toque em mim!

Tá louco! Só me ennoja! Acho ruim que minha cadellinha ache sabor gostoso no meu callo! O meu doutor podologo fallou de coisa assim!

Me disse que taes fungos fazem mal àquelles que quizerem lamber essa frieira chulepenta! Dou aval!

Mas, caso o senhor queira, até sem pressa, chupar o meu caralho, vae ter sal no preço, o que, de facto, me interessa…

SONNETTO DO MOLEQUE “GEITOSO” [13.014]

Antigamente, “geito” se escrevia assim mesmo, com “G”, mas o moleque evita ser aquelle que mais peque em termos orthographicos, um dia.

Escreve “jeito”, claro. Orthographia à parte, esse moleque não tem breque na bronha. Aquella porra, caso seque, manchada deixa a sunga. Quem queria?

“Seu Glauco, o senhor gosta de cueca com mancha amarellada, alem do gosto de gemma no quindim? Pega a peteca?”

“Prefere minha meia no seu rosto? Mas lembre-se: não cobro uma merreca! Tem jeito, o meu precinho, dum imposto!”

SONNETTO DO MOLEQUE GARBOSO [13.015]

Seu Glauco, ja fallei eu ao senhor que gosto de pisantes sempre bem limpinhos e branquinhos! Sou alguem que curte, eleganterrimo, se expor!

Fiquei maluco caso, um dia, for à rua todo sujo, barba sem fazer, como quem casa ja não tem, nem paes sem propriedades de valor!

Mas isso não me impede, como eu vinha fazendo, de vender um tennis ja battido, tresandando uma morrinha…

Ficou interessado? Lhe será barato, o mesmo preço dum Rainha novinho, que em offerta sempre está…

SONNETTO DO MOLEQUE GRACIOSO [13.018]

Notei, ja, que os veados uma graça acharam no meu porte, em minha cara carente, de bebê, seu Glauco! Para quem paga, disputado sou na praça!

Quem tenha a minha cara, facil, passa por orpham desvalido! Me compara alguem ao Robin, sabe? Quem tem tara por jovens não ha coisa que não faça!

Por gosto, obrigo que elles, da privada, recolham meu cocô, comam na minha presença! Melhor que isso não ha nada!

Não gosta, não, seu Glauco, dessa linha mais porca? Que prefere, hem? Quer pezada na cara? Não, de graça, não, bichinha!

SONNETTO DO MOLEQUE FEIOSO [13.019]

Seu Glauco, ja fallaram que sou feio demais! A mulherada me rejeita! Mas dizem que a mulher, si for direita, acceita gente feia! Nisso creio!

Insiste, então, seu Glauco, que receio não tem de me lamber os pés? Hem? Eita! Um cego, não, seu Glauco! Sem desfeita! Um cego sem excolha ao mundo veiu!

Preciso que me diga alguem que quer ficar commigo mesmo sem me achar bonito! Desse typo de mulher!

Lamber meus pés, meu grosso calcanhar, meus dedos tortos, isso, si quizer, eu deixo, mas terá que me pagar!

SONNETTO DO MOLEQUE BONDOSO [13.023]

Seu Glauco, não lhe digo que sou mau si encontro, pela rua, algum ceguinho! Appenas não o tracto com carinho, pois elle bem meresce levar pau!

Por Deus foi castigado! Si esse grau de culpa assumiu, elle irá, cedinho, notar que, dos moleques, excarninho chavão vae receber: um bello “Uau!”

Assim que nós pegarmos tal otario, faremos que elle chupe e leve pé na cara! Mas serei humanitario…

Si chupa bem gostoso, vou até poupal-o de mais chutes! Do contrario, perder uns dentes pode, mesmo, ué!

SONNETTO DO MOLEQUE MALDOSO [13.024]

Seu Glauco, não lhe digo que sou bom si encontro, pela rua, algum ceguinho! Por certo não o tracto com carinho, pois elle não é digno de bom tom!

Por Deus foi castigado, razão com! Si culpa assumiu, elle irá, cedinho, notar que, dos moleques, excarninho chavão -- um “Uau!” -- echoa: bello som!

Assim que nós pegarmos tal otario, faremos que elle chupe e leve pé na cara! Não serei humanitario…

Si chupa sem que eu goze, vou até quebral-o a ponctapés! Sou sanguinario! Perder uns dentes pode, mesmo, ué!

SONNETTO DO MOLEQUE DICTOSO [13.027]

Seu Glauco, com certeza mais feliz eu fico quando vejo um cadeirante! Sim, tenho pernas boas e, durante o dia, ando bastante! Sou raiz!

Entregas a pé faço, quando quiz chamar-me algum freguez! Mas não se expante, seu Glauco! Si o destino for distante, de bike eu chego! Tenho uns pés viris!

Malvado sou só quando vejo um cara sem pernas, alleijado! Ora, não dá vontade de zoar? Ah, tenho tara!

Ah, tendo chance, eu jogo no chão, ja vou dando chutes! Não! Nem se compara a mim esse infeliz! Hem? Quem dirá?

SONNETTO DO MOLEQUE DESDICTOSO [13.028]

Seu Glauco, não, assim tão infeliz não acho que sou! Quando vejo um cego, vontade me dá, cara -- Ah, não lhe nego! -de delle tirar sarro! Sempre quiz!

Hem? Oculos, sim, uso! Como diz o povo, sou “quattrolho”! Mas entrego bagulho todo dia, me encarrego dos trampos mais durões e mais viris!

Só sarro tiro quando vejo um cara andando de bengala! Ah, meu, não dá vontade de zoar? Ah, tenho tara!

Ah, tendo chance, eu jogo no chão, ja vou dando chutes! Não! Nem se compara a mim esse infeliz! Hem? Quem dirá?

SONNETTO DO MOLEQUE VIRTUOSO [13.033]

Seu Glauco, o meu papae sempre me ensigna que, embora seja sempre castigada, devemos a virtude ver em cada valor da nossa vida, que é divina!

A sua poesia fescennina diz elle que é leitura depravada demais e que não devo, não, por nada, seus livros devorar assim! Magina!

Tentei, sem punhetar-me, ler algum poema seu, seu Glauco, mas só tem sujeira alli, pau, chota, pé, bumbum!

Assim não é possivel, para alguem que espera ter virtudes, passar um momento sem da bronha ser refem!

SONNETTO DO MOLEQUE VICIOSO [13.034]

Seu Glauco, o meu papae sempre me ensigna que, embora seja sempre premiado, nós temos que evitar o vicio! Ousado demais, o meu papae, hem, pô? Magina!

A sua poesia fescennina diz elle ser um thema depravado demais e que não devo ter aggrado nenhum com tal leitura, que é maligna!

Tentei, sem punhetar-me, ler algum poema seu, seu Glauco, mas só tem sujeira alli, pau, chota, pé, bumbum!

Assim é que é gostoso, para alguem que curte bem a vida: attingir um orgasmo! Será vicio? Não quer quem?

SONNETTO

DO MOLEQUE MARAVILHOSO [13.035]

Seu Glauco, ouvi dizer que sou menino prodigio! Só por causa duma nota melhor que tirei, quando fiz chacota dos cegos num poema fescennino!

Sacou o senhor, ja, que nosso ensigno está mais deshumano? Nem tem quota mais para gente negra! Nem se nota que evitem qualquer bullying assassino!

Por isso de “menino maravilha” estão, ja, me chamando! Sim, só falta pegar um cadeirante em armadilha!

Mas deixe estar, seu Glauco! Minha malta é turma da pesada! Ninguem pilha a gente! Eu fodo mesmo! Sou peralta!

SONNETTO DO MOLEQUE MANHOSO [13.048]

Seu Glauco, quando a gente, em casa, appanha até de thios e primos, é normal que fique gemebunda! Affinal, qual creança não faria alguma manha?

Mas elles não me battem, só, pois ganha a coisa proporções de bacchanal! Fui victima de abuso sexual ja tantas vezes! Porra, mas que sanha!

Um dia vou, seu Glauco, descomptar em outros o que soffro, ora! Não acha que estou com a razão? Hem? Deixe estar!

Me falta, sim, coragem, uma macha coragem… Mas num cego o meu azar desforro, facil: encho de bollacha!

SONNETTO DO MOLEQUE DENGOSO [13.049]

Preciso, sim, seu Glauco, de carinho! Carentes todos somos, reconhesço, mas quando um rapazelho paga o preço dos annos, mais se sente, emfim, sozinho!

No collo da mamãe, como num ninho, eu era acconchegado! Hoje, endereço ja tenho, differente! Nem travesso sou mais! À adulta phase me encaminho!

Seu Glauco, por acaso o senhor não dispõe dum collo vago? Não precisa, talvez, dum bebezão? Ja sou grandão!

Sim, tenho cara lisa, sola lisa, tudinho liso… Tenho um chulezão, tambem! E meu pé pesa quando pisa!

SONNETTO DO MOLEQUE PODEROSO [13.050]

Sim, posso fazer tudo que quizer, seu Glauco! O meu pae grana tem de sobra! Nem mesmo na justiça alguem lhe cobra aquillo que roubou! É seu mester!

Adoro brincar, claro! Si qualquer otario me cahir nas mãos, se dobra bonito! Nos abusos, ja fiz obra artistica! Se salve quem puder!

Hem? Como? Quer saber como é que eu faço com cegos? Ora, porra! Abuso tanto que deixo o meu bracinho cansadaço!

Sopappos dou à bessa! Caso o pranto não seja convincente, exsiste espaço aos chutes! Caso um morra, nem me expanto!

SONNETTO

DO MOLEQUE MEDROSO [13.051]

Confesso, sim, seu Glauco! Tenho medo! Fallaram que é, talvez, duma boceta na vida real! Tudo onde se metta me causa algum receio, desde cedo!

O clima, na verdade, fica azedo si estou com a menina! Alguma peta na certa rollará, si ella, ranheta, disser que tenho o pau menor que o dedo!

Direi que estou brochando, no momento, por causa dumas colicas… Mentira paresce? Disfarsar até que tento…

A gente, com um cego, ja se vira mais facil! De vontade nem aguento de vel-o me chupar! Sinão, confira…

SONNETTO DO MOLEQUE VAIDOSO [13.052]

Seu Glauco, sou vaidoso mesmo! Faço a barba todo dia, com locção e tudo! Meu pelludo bigodão apparo com cuidado, rente eu traço!

Meus pellos são recentes… Nelles passo até escovinha, sabe? Com a mão alliso o pentelhudo sacco, tão grandão, que ja me deixa até devasso!

Perfume passo pelo corpo, claro, de modo que não feda, assim, tão forte! Somente num logar eu não reparo…

Exacto: no pezão! Ha quem supporte chulé, pagando caro! Ora, meu caro senhor, não se reprima! Boa sorte!

SONNETTO DO MOLEQUE QUEIXOSO [13.053]

É foda, pô, seu Glauco! Sou menino doente! Me internei, ja, de montão! Com dores, nem aguento o coração! Em colicas se exvae meu intestino!

Bronchite tenho! Ja me contamino com quasi tudo quanto dá afflicção na falta dum ar puro! O senhor não calcula as secreções que eu elimino!

No penis, um esmegma accumulado me causa comichão e tem fedor que expanta a clientela! Acha gozado?

Frieiras, sim, junctei… Hem? O senhor deseja degustal-as? Para aggrado seu, faço baratinho tal sabor…

SONNETTO DO MOLEQUE ZELOSO [13.054]

Seu Glauco, sou honrado! Meu pae era, tambem, um respeitado cidadão! Os jovens, hoje em dia, não estão, de facto, nem ahi! Não é? Pudera!

Conhesço outros meninos que, com mera tarefa, ganharão reputação de expertos trafficantes! Que dirão seus pobres paes? Creal-os foi chimera!

Exijo, nos programmas, mais respeito àquelles que fornicam por dinheiro! Não, pecha de michê não mais acceito!

Alegre ja fiquei quando me inteiro que exsiste, no Congresso, quem direito nos queira dar, num trampo tão fuleiro…

SONNETTO DO MOLEQUE TINHOSO [13.055]

Seu Glauco, me chamaram de cappeta! Appenas porque gosto de furar os olhos dumas moscas, meu azar augmenta! Até que inventam muita peta!

É claro que eu queria ser quem metta um prego, mas num olho singular: aquelle dum collega que, exemplar alumno, dá-me inveja! Ah, que vendetta!

Seu Glauco, si eu pegar de jeito o cara, alem de lhe vazar os olhos, faço que chupe meu caralho, uma atroz tara!

Ficar como o senhor irá! Palhaço farei delle, na rua, rindo, para que riam, como riram do seu passo…

SONNETTO DO MOLEQUE TEIMOSO [13.056]

Seu Glauco, quer mamãe mandar em mim! Papae tambem! Fiquei eu ja grandinho, não quero obedescer! Nem com carinho conseguem! Por que insistem tanto assim?

Ja disse que não faço nada! Fim de pappo, ora! Si sigo o mau caminho, problema meu! Preguiça tenho? Vinho demais tomo? Meu sangue é tão ruim?

Problema meu, ja disse! E então? Tambem dizer quer o senhor que eu devo olhar mais para meu futuro? Sou “nem nem”!

Estudo? Não! Trabalho? Não! Meu lar ja tenho! Vou herdar delles! Mas, sem dindim, lhe vendo uns tennis… Quer comprar?

SONNETTO

DO MOLEQUE METICULOSO [13.057]

Nos minimos detalhes eu exijo que façam o que quero! Vou directo ao poncto: sou cricri, seu Glauco! Quieto não fico! Sou assim, não me corrijo!

Si estou com o caralho ja bem rijo, exijo que quem chupe, no trajecto da lingua, lave tudo que eu excreto: sebinho, porra… Até, claro, o meu mijo!

Seu Glauco, ja fallei para o senhor que gosto que me lambam o cu, bem la dentro? Não? Tambem vou lhe propor:

Pagando bem, eu deixo o senhor, sem nenhum pejo, chupar e, sem pudor, metter meu pé na bocca! Que é que tem?

SONNETTO DO MOLEQUE MAFIOSO [13.067]

Não tema, não, seu Glauco! Só meu pae faz parte duma mafia aqui da nossa quebrada! Com papae não ha quem possa, mas elle nem se informa! A gente sae!

Não, elle não concorda com quem vae commigo para a cama! Mas na fossa nem fico, não, por isso! Puta jossa foi essa ammolação, não foi? Ai, ai…

Mas fique bem tranquillo, ouviu? Si der certinho o nosso rollo, o senhor tem meu puta chulezão, quando quizer…

Costumo offerescer-me com mulher, mas como, ultimamente, sem ninguem estou, acceito o otario que vier…

SONNETTO DO MOLEQUE PEGAJOSO [13.068]

Seu Glauco, o senhor hoje ficará em casa? Ah, vou ahi! Quero passar mais tempo do seu lado, no seu lar, fazendo companhia… Né? Não dá?

Então, ammanhan passo! Sim, será gostoso, com certeza! Vou chegar de tennis! Deixarei o calcanhar bem grosso de sujeira! Sempre está!

Não vale me dizer que esta semana não pode receber-me! Sou menino que sempre se portou como um sacana…

Pisei na sua cara, fui suino, mandando que lambesse minha plana solinha… Agora acceita? Ah, ja lhe ensigno!

SONNETTO

DO MOLEQUE VAGAROSO [13.069]

Seu Glauco, ouça, pois quero lhe fallar com toda a calma… Vou passar ahi na sexta, appós o trampo… Decidi fazer a coisa toda devagar…

Não quero, ja, na cara lhe pisar… Primeiro, vou fazer o meu chichi no vaso… O senhor cheira aquillo alli, depois eu dou descarga… Ha que esperar…

Mais tarde, si gozei gostoso numa boccarra de cegueta, ahi lhe mijo garganta addentro… Vamos, cara, assuma!

Assuma que fará como eu exijo!

Não era só pisão -- Né? -- pois quem fuma tambem tem que tragar… um pau bem rijo!

SONNETTO

DO MOLEQUE PINCTOSO [13.070]

Veado não sou, não, como o senhor, seu Glauco! Va que eu tenha algum trejeito mais solto, que rebolle… Mas rejeito a pecha de bichinha! Por favor!

Menino de familia sou, si for familia aquella malta no conceito geral… De maricão, ah, não acceito o rotulo, não, cara! Acho um horror!

Não posso ser chamado de passivo! Por isso não será, cara, que eu peque! Jamais darei ao povo tal motivo…

Serei, talvez, um typico moleque moderno, que se solte (Não me privo, num cara, de pisar!) e desmunheque…

SONNETTO DO MOLEQUE VIGOROSO [13.071]

Eu ajo com total brutalidade no tracto com adultos, mas é por motivo natural, como o senhor irá notar, seu Glauco, na verdade!

Não, para luctador eu nem edade terei, mas não desejo um luctador ser, ora! Ja me basta alguem suppor que posso, em breve, estar attraz de grade!

Num cego, ora, na marra a face eu piso! Me chame, e saberá! Quebro o seu dente debaixo do pisante… e solto o riso!

Embora bruto, sinto que carente ainda sou, seu Glauco, pois preciso de alguem que me sustente e que me aguente…

SONNETTO DO MOLEQUE VICTORIOSO [13.072]

Appostas ja perdi, seu Glauco, mas no braço nunca perco uma disputa! Quebrei ja, na porrada, alguem que puta achou que mamãe fosse! Linguas más!

Um dia, assassinei, quasi, um rapaz que, para provocar-me, de fajuta chamou a minha droga! Quem labuta no meio me conhesce! Sou capaz!

Na cama, quem me paga acha que tenho carinha de bebê… Meu desempenho, porem, logo convence esse freguez…

Eu piso, chuto, obrigo, com ferrenho vigor, que elle me chupe! Então, me venho na bocca de quem pouco de mim fez…

SONNETTO DO MOLEQUE VOLUPTUOSO [13.073]

Vergonha ja não tenho, não, senhor! Depois que perdi minha virgindade, fiquei despudorado! Mas quem ha de dizer que eu cobro caro p’ra me expor?

Pois é, seu Glauco! Um velho professor pediu p’ra me ver nu, mesmo que edade ainda nem tivesse, na verdade, p’ras coisas entender, siquer amor!

Agora, não! Agora adoro ver meninas pelladinhas, a boceta de fora, arreganhada! Ah, que prazer!

Às vezes, alguem pede que eu lhe metta no rabo! Si estiver em meu poder, eu como, por deleite e dindim! Eta!

SONNETTO DO MOLEQUE CHULEPENTO [13.074]

Seu Glauco, o meu pé fede! Fede tanto, que meias eu descharto com frequencia! Ja muitas deschartei, na sua ausencia! Agora, não! Ja valem sei la quanto!

Si novas o senhor me der, garanto que entrego as velhas sujas! Ninguem vence a salgada podridão, numa sequencia de dias nos meus pés! Causei expanto!

Alguem tentou laval-as, mas, assim que seccam, novamente exhalam cheiro de bacon ja rançoso! Odor ruim…

Ruim, mas para aquelles que dinheiro não dão por ellas! Ouça, quer de mim comprar um par? Serei-lhe barateiro!

SONNETTO DO MOLEQUE VIOLENTO [13.075]

Papae ja não me batte mais, sabia, seu Glauco? Revidei, um dia, appós a surra que levei! Sim, foi atroz a minha vingancinha, aquelle dia!

Quebrei a cara delle, lhe fodi a boccarra arreganhada! Agora nós ficamos entendidos! Sou algoz do velho, pois me excito com orgia!

Nas horas de tesão, si me faltar menina bocetuda, ah, sem perdão, eu fodo o seu cuzão, até gozar!

Um cego? Bom… Talvez -- si de Sansão o faço, prolongando o seu azar -eu goze… E então, encara a transa? Não?

SONNETTO DO MOLEQUE SEBENTO [13.076]

Seu Glauco, o meu esmegma fica tão rançoso, que eu nem deixo uma cueca lavada ser por minha mamãe! Eca! Coitada, não meresce essa afflicção!

Ficou doido? Não jogo fora, não! Tem gente interessada na melleca que gruda nella! Mesmo quando secca ainda fede paca! Dá tesão!

Me pagam boa grana? Ah, que elles, com tal cheiro, se punhetem, lambam essa camada amarellenta! Achei eu bom!

E então, seu Glauco? Como? Lhe interessa a minha meia suja? Ah, tenho o dom, tambem, dum chulezinho bom à bessa!

SONNETTO DO MOLEQUE LUXENTO [13.086]

Não gosto de sujeira na comida, seu Glauco, mas de jeito nenhum, nem de pratto mal lavado, que ninguem meresce! Fico puto, sim, da vida!

Mamãe descasca tudo, me convida a ver, examinar que tudo tem cheirinho bom! Si eu como carne? Sem gordura, não me cheira a appodrescida!

Emfim, eu não acceito no meu pratto qualquer ammanhescida refeição, magina! Só na foda não empatto!

Si querem me pagar, tenho tesão que bebam meu chichi, que em meu pé chato salivem! Sujos elles todos são!

SONNETTO DO MOLEQUE FEDORENTO [13.087]

Seu Glauco, o meu sovaco, feito um bode, tresanda aquelle erotico cecê! Ficou, então, curioso? Sim, cadê que sentem nojo? Gente louca accode!

Usei desodorante, mas, em ode, poetas exaltaram meu buquê!

Ahi, deixei de lado! Só bebê precisa de perfume! Eu fedo! Pode?

Alguem se incommodou? Sempre tem quem não ache sordidez nem se incommode!

Seu Glauco, quer cheirar-me, então, tambem?

Sovaco não? Prefere seu bigode rallar na minha sola? Algum vintem a menos cobro! Um cego ja se fode…

SONNETTO DO MOLEQUE CIUMENTO [13.088]

Seu Glauco, o meu irmão quer attenção total, mas a mamãe (Ainda bem!) tambem me dá carinho! Sou, alem de tudo, bem mais novo que esse irmão!

Meresço (Ou não meresço?) beijos, não desprezo, ora! Não quero que ninguem receba mais presentes, um vintem siquer, a mais que eu, este molecão!

Seu Glauco, caso queira alugar meu pezão para lamber, faço questão que seja meu o unico, entendeu?

Mas, caso outro moleque seu pezão lhe entregue… Pelamor! Ahi, fodeu! Não quero mais saber de lambeção!

SONNETTO DO MOLEQUE MARRENTO [13.089]

Seu Glauco, si eu estou numa torcida, alli na archibancada, questão faço de ser quem mais provoca! Acho um palhaço em cada rival, antes que eu o aggrida!

Adoro quando fica pê da vida um delles! Si algum pego no meu laço, ah, faço rastejar! Sou folgadaço e quero tocayal-os na sahida!

Mamãe ja me chamou, sim, de marrento, mas isso não importa! Minha fama augmenta! Quem me paga fica attento!

Na hora de chupar-me, quem na cama está commigo sabe que eu nem tento fingir que sou bomzinho! Nem reclama!

SONNETTO DO MOLEQUE NOJENTO [13.090]

Me chamam de nojento, mas eu só com isso me divirto! O senhor ja lambeu o vão dum dedo, quando está fedendo da frieira? Acho um chodó!

Não acha mais gostoso si eu, sem dó, mandar que lamba? Até me pagará mais caro, não é mesmo? Vamos la, seu Glauco! O que deseja? Chulé? Tó!

Lhe posso offerescer tudo: sebinho de picca, cocozinho que na prega grudou… O meu freguez eu expezinho!

Mamãe diz que tem dó de gente cega, mas eu não tenho, nada! Ahê, ceguinho! Chamou? Vae se foder quem virus pega!

SONNETTO DO MOLEQUE TRAVESSO [13.096]

Mamãe fallou que eu faço diabrura! Que eu possa ser chamado de “pestinha” até que não extranho! Quando tinha menor edade, eu dava até gastura!

Seu Glauco, hoje entendi! Quem, hem, attura menino que nem eu, que endemoninha a casa, que do filho da vizinha um olho, certa vez, quasi que fura?

Mas, como o senhor cego ja ficou, mais nada lhe farei de mal! Somente meu pé, para lamber, é que lhe dou!

Terá que me pagar, porem! Nem tente meu preço pechinchar, pois eu estou sabendo que por pés é, sim, doente!

SONNETTO DO MOLEQUE TRAQUINAS [13.097]

Mamãe diz que só faço traquinagem, que nunca me comporto direitinho! Hem? Veja bem, seu Glauco! Me encaminho, ja, como os garotinhos todos agem!

Não quero que ninguem me seja pagem, que fique me espiando si, excarninho, eu quasi furo um olho do vizinho, brincando no quintal, por sacanagem!

Não faço, ultimamente, mais aquillo… Agora descobri que tem veado pagando para amar meu pau, servil-o!

No caso do senhor, sei que chegado é mais a chulezões, no podre estylo, por isso um pé terei do seu aggrado…

SONNETTO DO MOLEQUE PRECOCE [13.098]

Mamãe que sou precoce sempre falla, seu Glauco! Com trez annos, eu cantava as lettras todas que esse povo grava, tão bregas, e fazia show na salla!

Aos treze, eu ja fazia, até, de escrava alguma menininha, minha galla mandava que engolisse! Fui um mala sem alça! Adultos eu mandava à fava!

Mais tarde, percebi que esses veados mais velhos sempre gostam de chulé de gente joven! São hallucinados!

Tambem o senhor? Ora, mas não é gozado? Si tiver alguns trocados sobrando, offerescer-lhe irei meu pé!

SONNETTO DO MOLEQUE RETARDADO [13.099]

Mamãe acha que estou eu com retardo mental, que portador sou de transtorno, que ja defeituoso vim do forno, emfim, que eu hoje seja, mesmo, um fardo!

Não acho nada disso! Mas eu ardo de gozo quando o phone dá retorno dum velho que me chupa! Sinto dor no caralho, ja, porem sou felizardo!

Sim, cada bicha velha, que me dá chupada, nem me chama de lelé da cuca, nem eu chamo de gagá!

No caso do senhor, seu Glauco, o pé irei deixar que lamba, porem ja fallei que custa caro o meu chulé!

SONNETTO DO MOLEQUE ENDEMONINHADO [13.100]

Seu Glauco, sou devoto de Satan! Mamãe, até, que eu fosse exorcizado queria, mas eu mesmo, por meu lado, nem ligo para a velha! Ah, queixa van!

Sim, desde pequenino uma pagan leitura devorei! O resultado foi esse! Me tornei endiabrado! Hem, cego? Quer commigo brincar? Ham?

Prometto que serei, seu Glauco, tão bomzinho, que o senhor vae extranhar! Até pode exquescer que eu amo o Cão!

Mas, quando for lamber meu calcanhar, irá notar, de bode, este pezão cascudo, um orgam muito singular…

SONNETTO DO MOLEQUE CONVENCIDO [13.101]

Seu Glauco, de mim mesmo não duvido! Sou masculo, viril, homem de facto! Agora que cresci, bem ja nem tracto os velhos, pois me sinto resolvido!

Eu acho, mesmo, muito divertido zoar com quem não tenha meu exacto perfil, seja mais fracco, mais cordato e mais obediente… Emfim, revido!

Preciso desforrar, seu Glauco, pois soffri muito, na mão desse casal de edosos! Sim, darei um nome aos bois…

Veados! Dois veados! É normal crearem um machão forte? Depois não venham reclamar que sou brutal!

SONNETTO DO MOLEQUE DECAHIDO [13.102]

Seu Glauco, nem me importo si essa gente fallar mal e disser que sou devasso demais, prostituido, que só faço programmas com veados! Vou em frente!

Mamãe sempre dizia: mais urgente é nosso bolso, nossa mesa! Passo a passo, fui ganhando o meu espaço aqui nesta quebrada tão carente!

Um dia, fui menino comportado, emquanto não morava na favella, mas hoje só Satan tenho do lado…

E então, senhor? Quem curte, não protela! Meu pau, hem, não será do seu aggrado? Um cego nem excolha tem! Só fella!

SONNETTO DO MOLEQUE REPRIMIDO [13.103]

Senhor Glauco, si gostas tu de rhymas, alguma te darei, pois sou menino mui timido! Me sinto tão franzino, tão fracco! Ja que tu tanto me intimas…

Então confessarei: com minhas primas, somente, ja trepei! Nem imagino a chota duma puta! Agora vi, no diario, o que escrevi: “Não te reprimas!”

Fui sempre reprimido, sim, senhor Mattoso! Meio virgem, como dizes tu mesmo: coisa facil de suppor…

Mas tantos meninões são tão felizes pisando nos mais velhos! Ora, por que não te pisarei? Chega de crises!

SONNETTO DO MOLEQUE SABIDO [13.104]

Seu Glauco, sei de tudo! O senhor é podolatra assumido! Não é não? E então? Adivinhei? Quer num pezão passar esse linguão, sentir chulé!

Tambem sei de mais coisas! Sei até que exfrega a sua baba pelo vão dos dedos dos moleques e que são ja muitos que lambeu! Só no meu pé…

Ainda não metteu a pegajosa linguona de podolatra! Mas eu de tudo sei! Serei, tambem, quem goza…

E então, seu Glauco? Como resolveu? Ahi, cegueta! Agora sim! De prosa ja chega! Vou ahi, nesse hermo seu!

SONNETTO DO MOLEQUE FORAGIDO [13.105]

Seu Glauco, minha gangue exsecutara um cara alli na villa! Agora ja me encontro foragido! Não, não dá p’ra gente se encontrar! É foda, cara!

Faz tempo que eu estou, seu Glauco, para pisar na sua cara de gagá! Mas deixe estar, que logo pagará meu preço pela sola que sonhara!

Mamãe sempre fallou que tenho o pé chatissimo, que é como uma comprida e larga prancha! Aggrada-lhe, não é?

Mas tenho que ver como fica a vida, agora que fugi! Talvez até me esconda ahi, com casa, com comida…

SONNETTO DO MOLEQUE DESVALIDO [13.106]

Estou no mais completo desamparo, seu Glauco! Orpham fiquei, desde pequeno! Quem é que cuidará de mim, que peno na vida, sem parentes? Hem, meu caro?

Não sente de mim pena, si eu declaro que estou ao léu, na rua, no sereno, vivendo de favores? Nada ameno é o drama! Ja doente estou, não saro!

Podia até, seu Glauco, o senhor, por favor, accolher este molecote faminto! Não podia? Pelamor!

Hem? Posso me chegar? Sim, no pacote incluo o meu pezão, que tem fedor de macho folgadão! Vamos, velhote!

SONNETTO DO MOLEQUE DESILLUDIDO [13.107]

Seu Glauco, perdi minhas esperanças! Meus paes não collaboram para que eu consiga algum emprego! Sou plebeu, sem nivel escholar! Tantas andanças!

Andei a procurar! São muitas panças, aqui, p’ra alimentar! Mas se fodeu quem pensa que eu consigo! Ja me deu vontade de esmollar, como as creanças!

Mas tive esta bellissima, assertiva idéa: appresentar-me como mero michê pelas quebradas! Não motiva?

Motiva, né, seu Glauco? Sim, espero que venha, no meu pé, passar saliva qualquer ceguinho trouxa! Ah, sou sincero!

SONNETTO DO MOLEQUE VIVIDO [13.108]

Passei por maus boccados nesta vida de joven favellado, ouviu, senhor? Satan foi quem meu pão ammassou! Por favor, senhor, me entenda! Ahi, decida!

Seu Glauco, quando um joven o convida àquellas putarias, sem pudor, que espera que succeda? Algum fedor na certa sentirá, ja de sahida!

Captou minha mensagem, meu amado e culto mestre? Vamos la, que está bem forte meu chulé! Que tal, veado?

Agora melhorou, meu camará! Seguinte: desembolse, e não me enfado de tanto pisar nessa bocca! Ah, va!

SONNETTO DO MOLEQUE ESPIRITUOSO [13.109]

Disseram que, sim, tenho uma presença de espirito tremenda! Até que pode ser falso tal boato, mas bigode ja tenho! Sim, pentelhos! Não compensa?

Morreu, de facto, um burro, quando pensa! Deus, hoje, quem madruga nem accode! Fodeu-se quem perdeu! Quem pode, fode! Mais perde quem acceita a desadvença!

Quem dorme com meninos, ammanhesce fodido! Né, seu Glauco? Vamos nessa? Mais pincta assombração p’ra quem faz prece!

Fedido tenho o pé! Não lhe interessa? Até nas más familias accontesce! E então? Ja se inspirou? Lamba, sem pressa!

SONNETTO DO MOLEQUE AMBICIOSO [13.110]

Seu Glauco, não achei que é pretensão demais o meu projecto, nesta vida! Só quero ser, no caso, quem decida! Almejo ter tesão! Faço questão!

Não, esses michês todos são quem são, uns pobres favellados, de sahida!

Seu Glauco, quando um joven o convida, não acha que meresce essa attenção?

Então, seu Glauco! Vamos nessa! Venha aqui lamber a sola deste immundo pezão, que foi da Lapa para a Penha!

Prefere que eu visite, neste mundo immenso, o seu apê? Sem crise! Tenha certeza: longe irei, pois piso fundo!

SONNETTO DO MOLEQUE PRESUMPÇOSO [13.111]

Seu Glauco, não me julgue convencido demais, mas tenho o penis grande paca! Comi tambem o boi, alem da vacca! Si vejo um bocetão, sinto prurido!

Meu phallo gigantesco se destacca dos outros! Os meninos eu convido à roda de punheta, mas duvido que surja algum maior nesta barraca!

Ahê, seu Glauco? Pode interessar? Prefere meu pezão? E si não for egual na proporção? Daria azar?

Belleza! Ja firmeza senti! Dor pequena sentirá no maxillar depois do meu pisão! Ouviu, senhor?

SONNETTO DO MOLEQUE INVEJOSO [13.112]

Enorme inveja sinto do pezão daquelle meu collega, alli na salla! Nas aulas, elle espicha, alem da mala, a lancha! Causa tanta confusão!

Caralhos vi, seu Glauco, que não são tão grandes quanto o delle, mas se ralla de inveja quem tal prancha acha que escala terá duma de surfe, meu irmão!

O tennis do subjeito tem tamanho dum barco! Ora, almejei aquillo tanto! Verdade? Então vantagem eu que ganho?

Prefere meu pezinho, sem expanto, cincoenta, appenas? Puxa! Até que extranho, mas posso visital-o, no seu cantho!

SONNETTO DO MOLEQUE MIMOSO [13.113]

Seu Glauco, sou franzino, delicado, mas tenho o pé bem grande, esteja certo! É pena que não possa ver de perto! Mas pode tactear! Não é, veado?

Mamãe me mima muito! Ora, me enfado de tanto que ella appalpa meu experto caralho! Nem nenen sou mais, allerto, mas ella ja gagá ficou! Que fado!

Entendo: o senhor pede, em vez do pau, meu chato pé, que sola tem bem larga! Lhe faço uma visita! Ahi, babau!

Talvez a minha sola seja amarga, por causa da palmilha, mas sou mau e curto ver que encara a sua carga!

SONNETTO DO MOLEQUE CAUTELOSO [13.114]

Seu Glauco, precisamos ter cuidado! A minha mãe não gosta do senhor! Diz ella que é com muito despudor que escreve seus poemas! Tá ligado?

Saquei que não verseja para aggrado de mestres ou de paes! Posso suppor que pouco se importou si, com amor ou odio, seus leitores teem fallado!

Mas, quando for ahi, nem quererei saber si quem me chupa será gay, poeta, cego, ou coisa até peor!

Que gosta de lamber um pé, ja sei! Só falta lhe cobrar, como cobrei, um preço camarada, bem menor…

SONNETTO DO MOLEQUE MELLINDROSO [13.115]

Não gosto, não, seu Glauco, que essa gente me chame de menino depravado, devasso, torpe, vil, degenerado, obsceno, pornographico, indecente!

Offendo-me com gente que, insolente, as taras não respeita de quem, la do fundão da Zona Leste, tem chegado ao topo do universo, de repente!

Tão joven sou, mas tenho larga fama no meio dos masocas, que meu tennis degustam loucamente, sob a sola!

Por isso me incommodo: ora, quem chama alguem de veadão emitte infrenes gritinhos, na ballada! Até rebolla…

SONNETTO DO MOLEQUE FALTOSO [13.116]

Seu Glauco, quando jogo bolla, alem de estar sempre impedido, não me privo de entrar, com pé bem alto, vingativo, na cara do opponente! Batto bem!

Às vezes sou expulso, ora! Porem, provoco confusão e, pelo crivo dos arbitros, tambem um aggressivo rival accaba fora! A calhar vem!

Jamais, no vestiario, comprometto alguem, mas, extracampo, piso, sim, na lingua dum masoca, alli no ghetto!

Tambem o senhor curte essa ruim postura minha? Faça algum sonnetto que falle do que, aqui, fazer eu vim!

SONNETTO DO MOLEQUE TALENTOSO [13.117]

Seu Glauco, não sou muito violento si fodo uma menina! Vou com jeito, entrando devagar si for estreito… Emfim, p’ra resumir, tenho talento!

Talento tambem tenho quando tento tirar mais grana duma thia! Acceito foder a bocca della, mas não feito cachorro na cadella, audaz, sedento!

Mas, quando fodo um velho veadão, que cara tem egual à do papae, ahi que meu talento ganha acção…

Bombando vou com raiva! Quero um “Ai!” ouvir! Metto no fundo e, quando um “Não!” escuto, o cara quasi morto sae!

SONNETTO DO MOLEQUE CABULOSO [13.118]

Mattoso, todos querem me evitar! Si eu chego, vão sahindo de fininho! Commigo mattutando, ja adivinho: Alguem achou que eu possa dar azar!

Não vejo uma razão para affirmar que eu seja assim tão toxico ou damninho! Talvez seja por causa do carinho que eu ponho num especime exemplar!

Exacto, menestrel: tenho uma aranha daquellas gigantescas, a Golias! Ninguem ja viu bichana assim tamanha!

E então, Mattoso? Falla: tu bollias com tal caranguejeira? Achas que extranha demais é? Della temes as follias?

SONNETTO DO MOLEQUE AMOROSO [13.119]

Seu Glauco, ousei affecto ter por quem até me desprezou! Não sou christão, mas sou benevolente quando não acceitam o meu jeito de nenen!

Eu sempre sorridente estou e nem me importo si cruzei com um povão cricri, malhumorado! Dou razão si estão com raiva, até! Mas sou bem zen!

O povo daqui soffre p’ra caralho, sem agua, sem asphalto, sem exgotto, sem omnibus, sem grana, sem trabalho…

Por isso, quando observam um garoto tão lindo, tão bondoso, do pirralho teem odio! É que sou dextro, não canhoto!

SONNETTO DO MOLEQUE GLAUCOMATOSO [13.120]

Seu Glauco, ja fiquei, como o senhor, ceguinho de glaucoma, aquella abjecta molestia, que em meus olhos ja projecta a typica, azulada, absurda cor!

Commentam que ‘inda sente muita dor, embora na cegueira mais completa esteja! A mim tambem a coisa affecta e estou até com medo de me expor!

Os outros molequinhos de mim ja desejam abusar! Que gente má, não acha? Ja abusado tambem era?

Faziam que chupasse? Que será que irão fazer commigo? Não está com odio delles? Outros, hoje, espera?

Casa de Ferreiro

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MOLECADA DA PESADA by ed.casadeferreiro - Issuu