

LYRA LUBRICA
Glauco Mattoso
LYRA LUBRICA
São Paulo
Casa de Ferreiro
Lyra Lubrica
© Glauco Mattoso, 2025
Editoração, Diagramação e Revisão
Lucio Medeiros
Capa
Concepção: Glauco Mattoso
Execução: Lucio Medeiros
Fotografia: Akira Nishimura
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Mattoso, Glauco
LYRA LUBRICA / Glauco Mattoso. –– Brasil : Casa de Ferreiro, 2025. 246 Páginas
1.Poesia Brasileira I. Título.
25-1293 CDD B869.1
Índices para catálogo sistemático: 1. Poesia brasileira
SONNETTO DAS LYRAS LIBERAS [13.000]
Nas lyras onde exporro, me libero. Nas lyras onde enxergo, vou sonhando. Nas lyras onde brinco, mais me expando. Nas lyras mais sombrias, morrer quero.
Assim, em LYRA LUBRICA, sou fero. Porem, em LYRA LUCIDA, mais brando. Depois, em LYRA LUDICA, vou dando risada. Em LYRA LUGUBRE, exaggero.
Mais livros de sonnettos eu preparo ao longo da cegueira, appesar duma insomnia que tornou meu dia amaro.
Loucuras, muitas, deixem que eu assuma, pois nesse versejar é que eu não paro de, emquanto vivo, ousar ver luz na bruma.
[PRIMEIRA PARTE]
OBSERVATORIO ORGASTICO
SONNETTO MADRAGOANO [10.020]
Caralho tive rijo, que exporrava até sem ser por minha mão tocado, no orgasmo solitario. Hoje, do lado esquerdo, pende e manda a bronha à fava.
Caralho tive, em bocca mais escrava ao gozo sempre prompto, si fellado. Mas hoje desse sexo oral me evado, temendo que elle imponha à porra a trava.
Caralho tive, em lubrica boceta capaz de penetrar, dalli sahindo depois de trez ou quattro. Não é peta!
Caralho tenho, flaccido, que lindo não acho. Mas, em sonho, que eu o metta supponho no orificio mais bemvindo.
OUTRA COPLA DA COPULA [10.124]
Oral si for a foda, requer rhyma e metrica. Abra a bocca. Agora mamme na glande. Lamba, cumpra meu dictame. Assim. Agora mexa, para cyma
E para baixo, os labios. Ah! Ja anima meu pau a sua lingua. Não reclame do cheiro. Vou gozar. Ahi, madame! Gostou? Então farei disto obra prima.
Em coplas a chupeta ja dictei, quer seja quando metto na garganta da puta, quer dum cego, feito um gay.
Na puta a exporradella não foi tanta, mas, sendo um cego, o caso nem eu sei narrar: sae tanta porra, que me expanta.
GEL NO QUARTEL [10.197]
Eu tenho um pau enorme, Glauco, mas um corpo feminino! Qual soldado, em frente do quartel, que reparado não tenha? Perdem todos sua paz!
Ah, quando pego um desses, o rapaz me pede que enrabado seja! Aggrado a todos, pois um anus arrombado é tudo que desejam, aliaz!
Pois é, sem vaselina querem dar! Estoques teem de gel lubrificante, mas isso, no quartel, vae encalhar!
Não acho nada, Glauco, que me expante naquelle masochismo: o militar lamenta que não tenha pau gigante…
DIA DO JOALHEIRO [10.282]
Mandei fazer, Glaucão, um diamante lavrado no formato dum peru! É claro que não posso pôr no cu tão cara joia! Ah, grana foi bastante!
Excentrico sou mesmo! Não se expante! Só para me enrabar emquanto, nu, gymnastica practico, fiz um cru pedido a um joalheiro dilettante:
Um dildo cravejado de esmeralda barata, acho que chamam turmalina! Até fica sangrada a minha fralda!
Você, que maluquette me imagina, não pode fallar nada, pois se exbalda chupando uns caralhões fedendo urina!
DIA DA JUVENTUDE CATHOLICA [10.356]
Do padre eu fui menino, Glauco! Sim, fui mesmo um dedicado coroinha! Aquelle padre, cara, amava a minha piroca! Ah, que prazer causava a mim!
Chupou a minha rolla, até que vim a ser seu favorito! O padre tinha tambem outros meninos… Sim, damninha foi sua acção, tornou-me, emfim, ruim!
Peguei, Glaucão, o gosto de metter, na marra, numa bocca a minha rolla, por grana, até só mesmo por prazer!
Agora sou, dum cego, quem vae pol-a garganta addentro! Glauco, o meu poder provem de Deus, noção que não é tola!
DIA
DO SEXO ORAL [10.425]
Aquella mais famosa fellação, que mais historia fez, no pau do Bill, expoz uma mulher que, de servil, passou a corajosa na nação.
Sim, Monica brilhou. Mas, na ficção, quem fez uma garganta de funil, da forma mais infame e bem mais vil, foi esse cineasta. Né, Glaucão?
Chupou a Linda a rolla mais thalluda possivel e engoliu aquillo tudo com nauseas e afflicção, ninguem se illuda.
Você, que diz chupar, servil e mudo, qualquer caralho, creio que desnuda seu lado mais passivel dum estudo.
DIA DO OPPOSTO [10.472]
Contrario dos contrarios, quem é mais?
Aquelle que cobrar quer e mais paga?
Aquelle que cagar vae e se caga?
Aquelle que é careta mais que os paes?
Quem só quadrinhos busca nos jornaes?
Quem abre e não preenche nunca a vaga?
Quem herva fuma mas chulé não traga?
Quem chora alheios, rindo dos seus ais?
Poetas, com certeza, contradizem ainda mais a vida, pois só fazem é drama! Meus leitores que pesquisem!
Os bardos que com graça a dor não casem que venham me pisar! Venham, me pisem! Confrades masochistas que me embasem!
DIA DA PRIORIDADE [10.521]
Hem, Glauco? O que é que mais humilha a gente? Chupar antes de dar o cu? Ahi um pau lubrificamos… Ja senti menor, depois, a dor que a gente sente!
Mas dar o cu, primeiro, repellente se torna, pois chupar o que está alli grudado tem sabor que, de chichi não sendo, dá mais nojo, simplesmente!
Mais sadomasochista me paresce chupar um pau que esteja ammarronzado de merda, coisa que ninguem exquesce!
Eu proprio dum cocô me lembro… O sado sabia que eu comera, appós a prece, um peixe que estragou… Sacou meu lado?
DIA DO NADISTA [10.538]
Ficar sem fazer nada, trovador, é meu maior desejo! Descobri que exsiste um movimento por ahi, tractando tal assumpto com rigor!
Pensando bem, poeta, ha de suppor você que esse “nadismo”, de per si, dispensa alguma these! Mas ja li ensaios de innegavel bom teor!
Estudos comprovaram: a preguiça induz ao bem estar a nossa mente! Hem, Glauco? Quer testar essa premissa?
Eu mesmo ja testei! Experimente! Mas nunca abbandonar va sua piça, si dura, por preguiça! Ah, não! Nem tente!
DIA DA COMPTAGEM REGRESSIVA [10.656]
Dez… Nove… Calma, vate! Está com pressa? Um anno, por peor que seja, accaba logo! Oito… Septe… Invejo quem se gaba de nunca achar que tudo recomeça!
Nem curto tal comptagem, Glaucão! Essa mania a gente pega com a braba gallera das corridas! Quem me enraba quer tudo devagar, curtindo à bessa!
Seis… Cinco… Ora, varar a madrugada iremos! Affinal, ultimo dia nem é! Quattro… Trez… Vamos na toada!
Aos poucos (Dois… Um…), nossa phantasia se exvae! Si recomptarmos, Glauco, cada segundo, dum orgasmo, o que seria?
DIA DO ACROSTICHO [10.700]
Qualquer um que christão se diz na vida
Um penis não chupou, nem chupará!
Eu mesmo não chupei, ja que não ha
Maneira de engolir coisa fedida!
Quem gosta de ter nojo que decida
Usar a bocca para aquella má
E porca acção! Eu, nunca! Sae p’ra la!
Razão não tenho, porra? Alguem duvida?
Mas gosto de fazer alguem chupar!
Então deixo o meu penis ensebado!
Uau! Você que tenha paladar!
Pau sujo tem de queijo o cheiro… Um dado
Adjuda a perceber em que logar
Um trouxa se colloca: adjoelhado!
DIA DA MASSAGEM LINGUOPEDAL [10.791]
Glaucão, sei practicar aquella sua massagem podologica, da qual você tanto fallou no MANUAL! Contar vou como minha bocca actua!
A sola, no calor, mais fede e sua, num tennis ou chinello! O meu buccal contacto tem funcção bem natural: lavar, com a saliva, a pelle nua!
Mas não fica somente nisso o rito, pois tem outros effeitos a massagem, eroticos, tambem, os quaes nem cito!
Tão ageis quanto a lingua, os labios agem com technica à dos dedos egual! Pito meresce quem só veja a sacanagem!
DIA DA LATTA DE CERVEJA [10.818]
Prefiro na garrafa, Glaucão! Sabe por que? Mais beberico no gargalo, ainda que, na hora de mammal-o, eu deva confessar que nelle babe!
Mas bebo na garrafa, até que accabe! Na latta, me desculpe si lhe fallo usando de franqueza, mas egualo a fenda a uma noção que não me cabe!
Paresce bocetinha, aquella fenda na latta de cerveja, differente da forma dum gargalo! Ocê me entenda!
Nem penso no chichi, ja que elle é quente, mas tenho que manter a minha lenda de grande mamador duma semente…
DIA DA CUNNILINGUA [10.825]
Você fallou, Glaucão, que nojo dá comer cocô, mas acho uma nojeira até maior lamber boceta! Ja lambi, por isso fallo! Meu, nem queira!
Ainda que de chico uma parceira de cama não esteja, aquella má caverna lhe encheria a bocca inteira de gosma azeda à bessa, camará!
Mas, si estiver de chico, nem lhe conto o sangue em corrimento que lhe invade a bocca! De engasgar ‘cê fica a poncto!
Comtudo, si for sua qualidade aquella dum escravo, dou descompto, pois nada mais humilha, na verdade!
DIA DA ANILINGUA [10.826]
Glaucão, ja lhe disseram que boceta dá nojo de lamber? Pois eu não acho! Embora alguns me creiam alpha macho, eu lambo, sim, lambuzo os beiços! Eta!
Aquillo que dá nojo, uma sargeta me lembra, e causa muito mais excracho, é banho dar de lingua num riacho de merda, lamber rego! Não é peta!
Ainda que essas pregas da mulher parceira sejam, nada será mais nojento! Fuja disso, si puder!
Dum homem si ellas forem, os fataes pedriscos de cocô será mester comer! Quem se subjeita a tantos ais?
DIA DA PENILINGUA [10.827]
Mas sabe do que eu gosto, Glauco? Quando alguem vae me chupar, quero que seja a rolla antes lambida! De bandeja um queijo sirvo e tudo comer mando!
O cheiro do sebinho, que nefando jamais de ser deixou, ninguem almeja sentir, mas eu exijo que elle esteja todinho degustado, vou mandando!
A lingua de quem chupa não vae só passar pela cabeça do caralho! O thallo lhe entrará pelo gogó!
Ahi teria a lingua mais trabalho, lambendo, cyma a baixo, o que, sem dó, commando que se lamba! A tal bem calho!
DIA DA PEDILINGUA [10.828]
No caso seu, Glaucão, o que me dá prazer é que me lamba toda a sola com essa grossa lingua, que se exfolla na pelle, bem cascuda que está ja!
Chulé nem tenho tanto, mas será a sua lingua como lisa bolla de esponja, salivando, tal qual molla macia, que se exfrega, la p’ra ca!
Eu, como ando descalço, um cascão juncto na sola, mas não tenho sacco para tractar, num pedicure, desse assumpto!
Então, sua lambida se compara à lixa, ao creme, tudo! Meus pés uncto com sua baba! A compta lhe sae cara?
DIA DO CONTRADICTORIO [10.832]
Emquanto duplipenso, me questiono accerca dum sentido controverso. Seria certo usar, em cada verso, um erro de expressão que tenha abbono?
Cachorro tem tutor, ou elle é dono do humano ser? Está nosso universo ja multi, ja até mini, tão disperso que practicas noções eu abbandono.
Contrario dum orgasmo será só a maxima dor physica? Será difficil dum escravo sentir dó?
Orgasmo só mental, então, não ha? Emquanto não virarmos mero pó, será que para amar alguem não dá?
DIA DO PALINDROMO [10.875]
Palindromo? O melhor que ja foi feito ficou assim: “Ô, dá-me, Glauco, o cu, algemado!” O sentido põe a nu aquillo a que eu devia estar subjeito.
Fizeram varios. Outro que eu acceito refere-se tambem ao tal tabu anal, inevitavel, ja que é cru e indica masochismo. Sim, perfeito.
“Amo cu! Alguem ama meu glaucoma?” Não fallo contra alguem que no cu toma nem contra quem cu dá… Mas não sou esse.
Não fujo dos palindromos. Me coma ou ceda quem quizer, si lettras somma. Melhor -- Hem? -- si na bocca me fodesse…
DIA DO ORGULHO ATHEU [10.931]
Em pleno carnaval, um peccador mais pode se orgulhar de ser atheu. Si for elle poeta, que nem eu, irá se exbaldar, sem qualquer pudor.
Me vendo um dia, quando fui me expor no Bloco dos Ceguinhos, esse meu collega atheu fallou que ja fodeu a bocca dum dos nossos, gozador.
Pergunto si elle, sendo atheu, se sente mais livre e solto para foder uma garganta de qualquer pobre invidente.
Responde elle que basta que se assuma fodido qualquer cego e, incontinenti, enfia a rolla, ja sem pena alguma.
DIA DO ENGOLIDOR DE ESPADAS [10.997]
Espadas? Não vi nunca alguem tentar algumas engolir! Mas sei, poeta, dum gajo que na vida tem por meta caralhos na garganta approfundar!
É cada rolla grossa, que logar nem posso suppor como um tal athleta encontra no gogó para a completa chupeta! De pensar, perco o meu ar!
Um dia, até tentei a fellação profunda practicar, porem aquillo só nauseas me causou! Ah, não deu, não!
Contento-me em chupar, aqui tranquillo em casa, meu “podildo”, que dedão tem curto e não me engasga ao engolil-o!
DIA MUNDIAL DA ORAÇÃO [11.011]
Irmão nosso, que estaes no lupanar, o vosso nome seja puteado! O vosso reino venha ao nosso lado! Vontades fazei, para nos brindar!
Assim como na Terra, vosso bar celeste seja aberto, para aggrado daquelles que bom porre teem tomado a vida toda, alem de fornicar!
Affora algum pão nosso, Baccho, dae a todos uma chance de mactar a fome sexual, que não decae!
Ficamos vos devendo, mas pagar um dia ainda vamos! Nosso pae não sendo vós, nem cabe nos cobrar!
DIA DO PORNOGRAPHO [11.027]
É facil escrever pornographia, poeta! A gente, em vez de dizer “phallo”, diz “rolla”! Eu, da vagina quando fallo, só digo que é “chochota”! Assim, sacia!
Escreve-se, em logar dalguma orgia, que seja uma “suruba”! Quando empalo alguem, “enrabo” mesmo! Si tem “thallo” comprido o pau, dá boa sodomia!
Testiculo não digo, só “colhão”! “Boquette” escrevo, nunca fellação! Um acto sexual é sempre “foda”!
Hypocritas, sabemos, todos são! Criticam os pornographos, mas não se privam da leitura que incommoda!
LIPS APPRECIATION DAY [11.035]
Me lembro dum beiçudo, menestrel, que tinha aquella tara tão gostosa, fazendo nas mulheres a famosa e doce cunnilingua! Tal qual mel!
O chico tem assucar, e papel fez elle duma abelha! A gente goza sugando tanto sangue, que da rosa mais rubra tem a cor, p’ra ser fiel!
Os labios do rapaz teem um carnudo adspecto, menestrel, que me impressiona! Capazes, sim, serão de chupar tudo!
Mas acho que não só na doce conna aquelle molecão é tão biccudo, pois visto foi num pincto, pela zona!
DIA DE COMBATTE À LESBOPHOBIA [11.122]
Glaucão, só tenho medo de que minha mulher tenha virado sapatona!
Eu acho que ella sempre foi mandona, mas hoje, mais que nunca, me expezinha!
Ah, cara, si eu fizer qualquer coisinha errada, a sua tactica funcciona!
Eu levo cada surra! Aquella conna pelluda tem um cheiro de sardinha!
Depois de me batter, ella até manda que eu lamba a bocetona arreganhada, poeta! Lambo tudo, banda a banda!
Ja temo que ella tenha namorada, pois nada mais impede que se expanda seu empoderamento, camarada!
DIA DO IRRUMADOR DE CEGOS [11.215]
Barbudo, barrigudo, de chaleira um bicco no caralho sujo, faz na bocca dum cegueta a mais fodaz sessão de irrumação que ver se queira.
Tractando tudo como brincadeira, o rude estuprador gostoso gaz demonstra ao penetrar o tal rapaz, fazendo que elle engasgue na canseira.
O cego grunhe, tosse, se suffoca emquanto vae entrando, vae sahindo aquella sordidissima piroca.
No video, o fodedor acha que é lindo o orgasmo obtido. O cego tem que, em troca, seu semen engolir, podre e malvindo.
DIA DA VISIBILIDADE LESBICA [11.257]
São duas sapatonas! Você não notou, minha querida? Nem direi que sejam um casal! Um casal gay é facil de notar, bandeira dão!
Mas essas vivem junctas! Sei que são sapatas! Fofoqueira não sou, sei manter a discreção, mas ja fallei das duas com você, não foi? Então!
Querida, a vizinhança ja commenta! Não somos só nós duas as maiores do caso observadoras! Fique attenta!
Disseram que essas duas teem clitoris gigantes! Como o mundo sabe? Inventa? Das linguas más, não temos as peores!
DIA DO SEXO [11.267]
Do sexo ja fallei bastante: é sujo. Qualquer typo de sexo, mesmo um banho tomando quem trepar, é torpe e extranho às normas de hygiene. Eu delle fujo.
Mas fujo por hypothese, sabujo que sempre fui. Por isso nem me accanho e digo que dum motte não appanho emquanto thematizo o dicto cujo.
Ahi reside a graça: alguem trepar sabendo que seu nojo dá logar ao ecstase de estar, alli, na marra.
Boquette, beijo grego, um lupanar inteiro de sujeiras: tudo um ar me passa só de sarro, só de farra.
DIA
DOS DIREITOS DA GESTANTE E DO NASCITURO [11.311]
Mamãe queria muito me ter, mano! Me teve e desejou que para mim o mundo se curvasse, mas, emfim, seu plano não passou dum grave enganno!
Bem fui ammammentado, fui uffano de muitos brinquedinhos, no jardim de infancia, mas, em breve, mano, vim a ser, no bairro, o typico tyranno!
Mandei mactar mais filhos e mais paes que todos os demais chefões da zona! Risada dei, gozando dos seus ais!
Mas hoje, menestrel, a mais mandona das sadicas babás seus sexuaes caprichos satisfaz! Lhe lambo a conna!
DIA DA LINGUA PORTUGUEZA INFORMAL [11.357]
“Caralho”, “chota”, “foda”, “colhão”, “cu” jamais vós podereis empregar, pois formaes fallantes lusos sei que sois. Melhor tractar por “vós” do que por “tu”.
“Cagar”, “mijar” ou “merda” são tabu. Taes termos evitae. Sei que são dois os nossos idiomas, mas, depois das regras affrouxadas, arte é nu…
No classico vernaculo, é “pau” phallo. No publico jargão, o phallo é “pau”. Deveis, no caso publico, evital-o.
Podeis sempre levar o meu quinau. Portanto, não queiraes jogar no rallo a lingua que chegara ao alto grau!
DIA MUNDIAL DO SONNETTO RECYCLASSICO [11.444]
Qual molde mais sublime, em versos, ha que possa meu amor expor, com fé nos classicos, àquella que mais é amada loucamente, embora má?
Somente no sonnetto me será possivel expressar na forma, até no fundo, um sentimento que -- Evohé! -não orna a quem beber appenas cha.
Por Baccho! O vinho tincto que bebi me trouxe inspiração! Porem, sem dó, a minha amada disse: “Inepto és tu!”
Ouvindo taes palavras de quem ri da lyra alheia, penso mesmo só na phrase exacta: {Vae tomar no cu!}
DIA MUNDIAL DO BACALHAU [11.476]
As partes, tanto em homens ou mulheres, fedendo a bacalhau nos são descriptas e tu tambem tal cheiro nellas citas. Explica-me isso, Glauco, si puderes!
Então, caralho ou conna, dizer queres que tudo tem odor egual? Evitas fazer a differença? Que repitas te peço, Glaucão, isso que suggeres!
Achar que a conna feda bacalhau eu acho, como a rolla, si está suja! Sebinho juncte, exhala cheiro mau!
Suggeres tu, portanto, que no pau ninguem se lave? Então machão babuja em conna sem lavar? Ahi, babau!
SONNETTO DO PATRÃO BAIXINHO [11.940]
Mandou que eu descalçasse e que lambesse. Emquanto os pés suados eu lambia, ligou a um funccionario. Com voz fria, deu ordens e ralhou. Mau patrão, esse.
Gostava de mandar. Seu interesse centrava-se em suppor podolatria nos proprios subalternos. Certo dia, chamou-me “estagiario”, quiz que eu lesse.
Sim, quiz que eu lesse em braille em sua sola, que eu lesse com a lingua. Fiz aquillo conforme disse, para divertil-o.
Chupei-o devagar. Elle rebolla emquanto minha bocca fode, estylo “garganta profundissima”, sem grillo.
SONNETTO DOS SEPTENTÕES [11.944]
Ouviste fallar, Glauco, do dictado que diz que pau de velho é lingua? Agora te conto o que o vovô poz para fora: dois palmos duma lingua de tarado!
Na minha conna a rolla dum cunhado ja tinha entrado fundo! Ninguem chora por isso: só de gozo se estertora! Mas, Glauco, mais o velho olhou meu lado!
Entrou com seu linguão tão fundo, tão gostoso, que suppuz ser uma cobra que estica, que colleia, que se dobra…
Tambem, como o vovô, tu septentão estás! A julgar pela tua obra, tens lingua de dois palmos, que te sobra!
SONNETTO DO MENINO LEPORINO [11.959]
Beijei não! A menina nojo tinha, seu Glauco! Tenho o labio “leporinho”… Agora, corajoso, lhe escrevinho e tudo vou contar em cada linha.
Não ria, Glauco, dessa tara minha! Não posso ver um beiço vermelhinho, molhado, duplicado, cor de vinho rosado, que me encaixo na chotinha!
As putas deliciam-se, eu lhe juro! Relaxam, arreganham, abrem tudo! E eu, labio contra labio, lambo mudo…
Beijar na bocca, nunca, nem si escuro está! Mas o senhor tambem sortudo não é! Tem que beijar um bem thalludo…
SONNETTO DO SADO CIVILIZADO [11.978]
A tua condição não me preoccupa, Mattoso! Meu pau sentes que ja pulla?
Abbaixa a cabeçorra, cego! Oscula! Acceita teu destino, cego! Chupa!
Tu lias só com oculos? Com lupa?
Agora não lês nada? Siquer bulla? Que pena, não é mesmo? Mas, que engula, a tua bocca quero, cego! Chupa!
Qual outra posição um cego occupa, si sua habilidade é quasi nulla?
Concentra-te em chupar, ceguinho! Chupa!
Talvez tu te conformes, sim! Mas -- Upa! -agora vou gozar! Um pau de mula te engasga? Ah, que te fodas, cego! Chupa!
SONNETTO DO PERSUASIVO MOTIVO [12.008]
Mulheres são vaidosas, é verdade. Mas, Glauco, descollei uma nympheta bastante relaxada. Na boceta lambida quer ser. Gosta que eu lhe aggrade.
Appenas com seu jeito persuade a gente: bem manhosa, bem ranheta. Questão faz que eu, de lingua, me intrometta la dentro da chochota, abrindo a grade!
Mas quero, Glauco, um poncto resaltar: Aquella garotinha tem um puta chulé! Só calça tennis! Cê relucta?
Queria ver você lamber, chupar aquelle pé suado, que lhe chuta a cara! Ver lamber a chota, a fructa…
SONNETTO
DUM FERTIL TOM ERECTIL [12.022]
Ouvi fallar, Glaucão, que tem menina bem sadica à procura dum machão que tope ser escravo! Você não quiz isso? No logar não se imagina?
Hem, Glauco? Que tesão! Quem lhe domina a bocca ser mulher! Eu fico tão erecto que me exporro! Uma funcção almejo: chupador ser de vagina!
A simples phantasia não lhe excita a mente? Cunnilingua qualquer? Nada? Eu fallo duma chota menstruada!
Depois de ler tal scena, bem descripta em verso por você, descasco cada punheta, cara! Ah, toda madrugada!
SONNETTO DUMAS ANTIGAS AMIGAS (1) [12.103]
Não, Glauco, nunca puta fui de estrada, nem dessas do puteiro da favella! Eu fui menina virgem, uma bella nympheta, aos bons lençoes accostumada!
Tornei-me puta appenas porque nada mais me satisfazia! A gente fella primeiro o pau dum primo… Uma barrella, depois, a gente soffre… e está ferrada!
Porem, Glaucão, conhesço uma ceguinha que foi, esta sim, cria de puteiro! Os sebos presentia pelo cheiro…
Um queijo de semanas, coitadinha, chupava direitinho! Zombeteiro, sim, foi todo freguez, ao que me inteiro…
SONNETTO DUMAS ANTIGAS AMIGAS (2) [12.104]
Sim, Glauco, minha amiga foi nympheta bellissima, de inveja dar à gente! Mas pouco pude vel-a: de repente, perdi minha visão numa vendetta!
Em mim vingaram-se elles duma treta de drogas na familia! De indigente menina dum central Buraco Quente, passei a ser ceguinha de sargeta!
Sim, Glauco, fui treinada, na favella, a rollas engolir com a garganta mais funda! Sim, qual picca não levanta?
Mas Glauco, me responda: quem revela taes coisas lhe interessa? Por que tanta vontade de saber? Por que se encanta?
SONNETTO DUMA
TROTEIRA
BRINCADEIRA [12.193]
No relatorio Hite eu sei dum caso de facefucking, Glauco! Respondia o gajo ser a sua phantasia tirar com a mulher um puta attrazo!
Mas eu sempre fiz isso! Me comprazo mettendo na garganta da vadia, causando-lhe engasguinhos! Que seria do macho sem tal bocca, sem tal vaso?
Você mesmo ja disse que a cegueira o leva à phantasia de engolir caralhos ensebados, qual fakir…
Tambem eu phantasio, da rameira, com quem estou casado, lhe exigir garganta profundissima, a fingir…
SONNETTO DUM CASO DE GLAMOUR [12.253]
Glaucão, não ha glamour na sodomia! Quem leva ferro sente muita dor! Quem come cu se suja! Quando for tirar, descobre exgotto onde se enfia!
Glamour não ha nenhum, Glaucão! Um dia, dum gajo o cu comi! Dominador pensei ser, disciplina quiz suppor que impunha, que, bem sadico, o fodia!
Pheijão tinha comido o gajo! Quando tirei o pau de dentro, coroado estava pelas cascas do virado!
Lhe juro, cara! Assim, eu no commando não quero mais ficar! Me desaggrado com tanta porcaria! Não sou sado!
SONNETTO DUM CASO REPETIDO [12.289]
{Ahi, Glauco! Repita aqui commigo: O cego tá fodido!} O cego tá fodido! {Boa! A foda lhe será castigo!} Lhe será a foda castigo!
{Não, Glauco! Não inverta! Quando digo que deve chupar rolla, você ja repete: “chupar rolla”! Não, não dá p’ra ser “rolla chupar”, sinão eu brigo!}
{Agora de Ray Charles eu assumo o posto! Vou fallando e você só repita assim: “Eu quero levar fumo!”}
Eu quero levar fumo! {Optimo! O rhumo do nosso pappo ouriça! Agora tó! Assim que eu gosto! Offegue, que eu irrumo!}
SONNETTO DO CEGO VIOLENTADO [12.440]
Um cego, que morava só, me conta seu caso. No quartinho, que invadido foi pela patotinha de bandido, ficou aptado. Leva pau à tonta!
Ja tudo reviraram. Alguem monta na sua cara, a bocca tendo sido a fundo penetrada. Me convido a ver-me nisso, scena que ammedronta.
Appoiam-n’o, de nucha, na beirada da cama. Appós um delles ter gozado, um outro quer tambem posar de sado.
Pensei muito no caso. Não ha nada que mexa mais commigo que esse lado masoca dum refem bem estuprado…
SONNETTO DO CAFÉ PEQUENO [12.499]
Desculpa ahi, Glaucão, mas acho um sacco dizerem que está muito polluida a aguinha que bebemos! Quem duvida que tenha, sim, cocô? Que thema fracco!
Comtudo, o que pondero, o que destacco é tanta gente rica, que convida a gente pr’um café, mas a bebida é feita, sim, de bosta de macaco!
Hypocritas, não achas tu, poeta? É como o cidadão que nos critica por sermos chupadores duma picca…
Mas esse phariseu só tem por meta lamber boceta quando cheia fica de sangue menstruado, ora, titica!
SONNETTO DO DEVIDO DESCOMPTO [12.567]
Não posso ver um cego que me dá vontade de foder sua garganta, fazel-o comer merda… Ah, Glauco, tanta maldade commetter no camará!
Por que será, Glaucão? Por que será? Será porque sou mesmo um sacripanta?
Ou elle minha rolla ja levanta por ter, na vida, sorte mesmo má?
Lembrou bem, menestrel! Um azarado suggere que está sendo, do destino, aquelle que meresce o que imagino!
Si culpa tem aqui, si desd’o lado de la, pouco me importa! Fui menino mau, Glauco! Sou assim por ser franzino!
SONNETTO DA APPOSTA NA BOSTA [12.631]
Malvada sou, Glaucão! Si poderosa eu fosse, castraria algum machão, seus olhos vazaria, quando, então, promptinho ficaria à minha prosa!
Então eu lhe diria: Aqui quem goza sou eu e mais ninguem! Os homens são escravos da boceta! Como um cão, lambidas dê nas petalas da rosa!
Seus labios que em meus labios se inundar consigam da sopinha vaginal! Um cego é, bem cappado, um animal!
Depois, approveitando que cagar eu quero, vae comer meu trivial cocô que, comparado, tem mais sal…
SONNETTO DO ENTRETIDO BANDIDO [12.705]
Que merda! Que terror, Glauco! Um bandido pegou-me, ja que sou mulher sozinha! Ainda bem que tudo uma vizinha notou e de soccorro fez pedido!
Emquanto os policiaes, sem allarido, não vinham, tentei uma chupetinha fazer no bandidão! Intenção minha foi tempo ganhar para ser detido!
Chupei, chupei, chupei, Glaucão, e nada dos tiras! Foi um drama aguentar tanta bombada duma rolla na garganta!
Appós gozar, o bruto camarada fugiu! Assim, Glaucão, não addeanta chamarmos a policia! Nem a sancta…
SONNETTO DO TRAQUEJO SERTANEJO [12.765]
Impera a disciplina no puteiro. Será punida aquella que não queira cumprir o que se espera da rameira, com relho, si o cliente for vaqueiro.
De lingua dar um banho, por inteiro, na parte mais escrota, que mal cheira, é practica “polaca”, costumeira naquella região, ao que me inteiro.
Assim se exforça, à bessa, a chupeteira. Às vezes, por capricho, um boiadeiro quer pelo cego optar, alli na feira.
O cego, ora, terá que sentir cheiro bem forte emquanto lambe, que lhe beira a nausea, mas irá chupar, ordeiro.
SONNETTO
DO CEGADO [12.776]
As luzes não exsistem mais. Agora serão sons tantas cores que elle vira. Algum cego ja disse que se inspira naquillo que seu tacto mede e explora.
Sincero sendo, bota para fora, comtudo, o que, mais torpe, inspira a lyra dum cego: o olfacto o obriga que confira, tambem no paladar, sua atroz hora.
O odor mau dum prepucio regaçado se somma ao que da lingua a poncta accusa si fica de joelhos ao seu sado.
O membro se introduz. É sua musa a glande que ejacula. Foi cegado só para dar prazer a quem abusa.
SONNETTO DO GROSSEIRO CARCEREIRO [12.954]
Chegado o seu momento de chupar, o preso, de joelhos, procurava (embora a sua bocca fosse escrava) livrar-se logo desse mal estar.
Comtudo, o carcereiro (o mais vulgar exemplo de durão) mandou à fava escrupulos. Com grave voz, bem brava, impoz o oral total. Quiz humilhar.
Mandou que esse detento mais a fundo chupasse, que engasgasse em seu oral pedagio de novato, um teste immundo.
Depois do gozo, o preso, que ja mal sentia-se, escutou, em tom jocundo, um chiste, que não era habitual.
SONNETTO
DUMA DOPANTE DYSODIA (1) [12.955]
Marido tetraplegico, o coitado ficava alli na cama, remoendo, immovel, seu destino um tanto horrendo, sabendo-se que estava corneado.
Não ia mais dar compta do recado. Então, a mulher delle -- “Não dependo dum homem accamado!” -- ja devendo estava a alguem mais joven e saphado.
Trepavam no outro quarto. O gajo ouvia appenas os eroticos ruidos. Chorava, consumido na agonia.
Um dia, aquelle joven divertidos momentos quiz, tambem, com quem sentia d’onde é que sobem ares tão fedidos.
SONNETTO
DUMA DOPANTE DYSODIA (2) [12.956]
Estava de chinellos o rapaz. Tirou as meias, riu e, no nariz do corno, as foi passando, mui feliz. Com nojo, o maridão nem tinha gaz.
Xingou. Depois pediu, choroso, mas o joven respondeu: {Ocê não diz que eu tenho chulé forte? E então? Não quiz cheirar? Pois vae querer! Não vae ter paz!}
Dalli por deante, entrava no quartinho do corno, lhe exfregava as meias bem nas fuças, as deixava alli, excarninho.
Dizia: {Meu chulé não tem ninguem que curta tanto quanto ‘ocê! Expezinho demais? Magina! Adspira ahi, bem zen!}
SONNETTO DUMA DOPANTE DYSODIA (3) [12.957]
Passado um tempo, o joven quiz tambem deixar seu podre tennis enfiado na cara do marido que, ennojado, não tinha reacção. Quem é que tem?
Chiava. Ammeaçava. A mulher nem ahi! Nem se importava. Do calçado o cano se encaixava, para aggrado do joven, no focinho do refem.
E, quando o gozador sahia para foder com a mulher, fallava: {Agora ‘ocê fica cheirando o vapor, cara!}
{Accaba accostumando! Vae ter hora que curte esse barato! Ocê me encara ja como um passador! Até me implora!}
SONNETTO DUM NU TABU [12.961]
Não pode exhibir mammas, não! Nudez nós temos que impedir! Está de fora alguma bunda ahi? Nossa Senhora! De jeito nenhum! Choca-se o burguez!
Hem? Como? Uma chochota? Não! Vocês estão malucos, porra? Ah, só peora que esteja arreganhada! Alguma tora, ainda que brochada? Ah, sem talvez!
Qualquer nudez não pode! É prohibida! Queremos que incluida seja a sola descalça, que aos podolatras convida!
Não, gente! Si deixar, ninguem controla, depois, tantas imagens da avenida repleta de pés nus, dando-nos bolla!
SONNETTO DO SONHO VERTIDO [12.965]
Sonhei que estava cego. Ou seja, sou eu mesmo, no meu sonho. Ora, vocês ja sabem o que irei contar! Talvez ja battam uma! Ah, chances eu lhes dou!
Sim, isso mesmo: um noia me pegou na rua, a bengalar. O que elle fez commigo? Ora, com toda a sordidez possivel, me estuprou! Sim, me irrumou!
Um cano me encostou. Fallou: “Não grita! Vem, entra aqui! Me chupa, agora! Mamma bem fundo! Orra, gozei! Ocê me excita!”
Gozei tambem, ainda aqui, na cama. Alguem gozou? Em verso, bem escripta ficou minha versão? Ninguem reclama?
SONNETTO DUMA IMMUTAVEL CONDIÇÃO
(1) [12.966]
Os cegos, de cabeça ja raspada, estão adjoelhados. Quem decida zombar delles não falta, na temida prisão, esse internato de fachada.
De esquerda alguns. Alguns que quasi nada fizeram. Suas corneas darão vida a alguns olhos alheios. Divertida platéa, agora, assiste e dá risada.
Um bruto monitor diz: “Te incommoda ficar adjoelhado, ô, cara azeda? Vae, abre esse boccão! Vae levar foda!”
Gargalha alguem. Penetra a rolla a muda boccarra. Caso o cego ouse e não ceda, porrada leva. Assim é, nada muda.
SONNETTO DUMA IMMUTAVEL CONDIÇÃO (2)
Emquanto o cego chupa, a molecada assiste e dá risada. Quem convida a turma? Algum sargento. Uma torcida se forma. Rolla muita gargalhada.
Zoar o cego querem. Alguem brada: “Vae, reza ahi! Supplica! Condoida, talvez Nossa Senhora a tua lida decida amenizar! Guenta a chupada!”
O cego, supportando o grosso nó da garganta, não se illude e, da moeda, não acha a boa face. Não se engoda.
Engole e pensa: {Porra! Põe no cu da mamãe, filho da puta!} Só quem é da Egreja crê, devoto. Que se illuda!
[12.967]
SONNETTO DA QUEBRADEIRA COSTUMEIRA [12.971]
No fundo de pensão dos peões duma das grandes estataes, um piccareta é posto por alguem de esquerda. Metta um ratto na despensa! Ha quem assuma?
Enorme prejuizo desarrhuma os numeros do fundo. Uma punheta os especuladores battem. Eta governo opportunista! Mais se estruma!
Depois que o Tribunal de Comptas acha a fonte dos prejus, um camarada allega auctoridade e tem voz macha.
Mas preso, mesmo, nunca alguem é. Nada repõe aquella perda. Quem mais racha o bicco? Uma direita audaz, que brada…
SONNETTO DOS DESDENHOSOS [12.982]
Na rua, só me insultam! Que rebu, Glaucão! Só falta, agora, a força bruta usarem! Addeanta que eu discuta? Magina! Alguem dirá: “Fode-te tu!”
Alguem me manda, até, tomar no cu! Tambem, que me pariu, mandam à puta! À merda, tantas vezes! Quem escuta até fica chocado! Muito cru!
Mandei eu, em resposta, alguem metter no cu da avó, no cu da mãe, até! De nada addeantou! Que vou fazer?
Mas deixe estar! Me vingo da ralé! Um dia, menestrel, terei prazer ao ver que estão fodidos! Ponho fé!
SONNETTO DA POLTRONA RECLINAVEL [12.984]
Si estou bem reclinado, sempre penso num cego obediente, nessa linha masoca, aggachadão deante da minha poltrona reclinavel. Me convenço…
Convenço-me de estar, sim, nesse immenso mundão dos bemvidentes, com todinha razão, a fazer uso de excarninha linguagem, sem cahir em contrasenso.
Então, digo: “Cegueta, approveitando o seu logar appenso ao escabello, a lingua nos meus pés va deslisando!”
“Em cada artelho, quando for lambel-o, provoque leves cocegas! Eu mando, você cumpre! Sou dono do seu zelo!”
SONNETTO DO MERCENARIO SANGUINARIO [12.989]
Nós, como mercenarios, vamos para qualquer logar. Um gruppo temos, sim. Não macto só por grana. Para mim, melhor é torturar antes. É tara.
Tentamos capturar bem vivo o cara e, quando conseguimos, ha festim. Sim, Glauco, prolongamos o seu fim ao maximo. Ninguem isso declara.
Cadaver enterrado, mais ninguem saber quer si morreu assim, assado. Ah, como dá prazer cada refem!
Si faço chupar? Claro que sim! Sado não perde tempo! O cara ainda tem anxeio de ser (Trouxa!) libertado…
SONNETTO IMPERATIVO INTERJECTIVO [12.994]
Ah! Heah! Ahê, cegueta! Anda! Vae! Upa! Vem! Eia! Sus! Coragem! Isso! Uau! E então? Aqui! Vae! Anda! Acha meu pau! Assim! Vae! Cae de bocca, cego! Chupa!
Faz esse vae e vem! Eu na garuppa vou, como que montado! Nada mau, hem? Anda ahê! Mais fundo! Vou eu -- Crau! -gozar! Meu pau teu furo todo occupa?
Assim que eu gosto! Um cego não tem nada que estar, com oca bocca, a reclamar! Si está de bocca cheia, ‘tá calada!
Depois, meus pés tu chupas: calcanhar, artelhos, solas asperas! Risada aqui sou eu quem pode, mesmo, dar!
SONNETTO DO ASPERGILLO [12.995]
Poeta, a tua tosse bem se explica!
Chulé demais cheiraste, está na cara!
Devias é parar com essa tara!
Peor do que cheirar cocô, titica!
Suggiro-te, Glaucão, a melhor dica!
Tens sebo no caralho? Ora, repara!
Observa que iguaria rica, rara!
Melhor, vate, é curtir queijo de picca!
Cigarro mal faz, dizem, e tambem maconha, alcohol, assucar e churrasco bovino! Mas livrar-se? Quem quer, hem?
Entendo-te, Glaucão! Si não tens asco, prazer tens, ora! A gente, quando o tem, não larga mais! Sebinho? O meu, eu tasco!
SONNETTO DA ALTIVEZ REBAIXADA [13.003]
Soberba mantens. Brios tens, tambem. És mesmo orgulhosissimo de ti. Tamanha auctoridade nunca vi no tracto com os outros. És alguem.
Ninguem tão superior postura tem. Tens pompa até si fazes mimimi. Por isso, quando digo “Chupa aqui!”, me sinto o maioral. Poder me vem.
É muito mais gostoso si eu abuso dum cego que se sinta assim tão digno, na nossa sociedade, de respeito!
Emquanto tu me chupas, eu reduzo teu ego, cara, a fezes! Quando urino na tua bocca (Ah, cego!), me deleito!
SONNETTO DO TAMANCO DE DEDO [13.009]
Historia do Japão. Dos samurais o mais cruel occupa a propriedade dum outro. O castellão, assim que invade, ja macta, de quem herda aquillo, os paes.
Sobrou esse casal de irmãos, os quaes terão que, com a bocca, à saciedade, cuidar do samurai na intimidade, supprindo os seus caprichos corporaes.
Escrava de seu penis, a menina só cuida disso. O mano, um rapazinho, dos pés irá cuidar. Que triste signa!
No resto de seus dias, um mesquinho officio: lamber callos e faxina fazer no vão dos dedos, com carinho…
SONNETTO DA CHUPADA FILMADA [13.040]
Vi tudo, Glauco! Olhei cada minuto daquillo que fizeram com o cara! Estava alli na praça, ja accabara meu lanche, e vi que estava alguem bem puto!
Cercaram o coitado! Mais astuto, alguem o rasteirou! Cahido, para chutado ser, foi facil! Se compara à bolla numa varzea: jogo bruto!
Fizeram, em seguida, que chupasse o bicco dos pisantes! Deu idéa um delles que fodessem sua face!
Filmaram a chupeta, Glaucão! É a sessão mais humilhante! Não bastasse, o filme causou risos à platéa!
SONNETTO QUE NÃO ARDE NUM COVARDE [13.127]
Glaucão, peguei um cego que, não sendo capaz de reagir, me foi bastante servil! Lhe puz algemas e, durante o sarro, dei-lhe tractos de polé!
Na bocca aquella bolla puz! Até fiz que elle rastejasse! Não se expante, mas nelle pisei muito! Meu pisante lambeu, até na sola! Bote fé!
Livrei-o só da bolla, pois, sinão, não ia me chupar, nem lamberia o piso do banheiro, um sujo chão!
Ahê, Glaucão! Tambem eu pego, um dia, você! Não quer soffrer na minha mão? Siquer no pé? Que puta covardia!
SONNETTO
DA FODA NA BOCCA [13.133]
Exige-me, em seguida, que eu engula bem fundo o seu caralho. Posiciona o penis para baixo. Uma boccona penetra, para cyma aberta à gula.
Bombando vae. Me engasgo. Sinto nulla qualquer reacção minha. Como conna fodida, na garganta a rolla acciona uns pullos repetidos, e ejacula.
Ja quasi vomitando, me refaço, respiro, longamente, e resfollego. O gajo se repimpa, folgadaço:
“Que sarro! Fornicar assim um cego é muito divertido, porra! Passo aqui, mais tarde! Espera, que eu te pego!”
SONNETTO DAS PROSTITUTAS ACTUAES [13.143]
Peguei, Glauco, uma puta alli na rua Augusta, mas frustrei-me! Deu em nada! A puta caro cobra, a desgraçada, mas ella só recusa, só recua!
Não chupa pau sebento, não actua de escrava, não rasteja, não degrada seu corpo, nem a mente! Ella se enfada até de dar a chota, de estar nua!
Ah, Glauco! Que saudade da polaca, que dava, com a lingua, aquelle banho gostoso, sem ter nojo, nem de inhaca!
Entende? Eu, hoje em dia, até que extranho um cego que nos lamba! Curto paca, adoro quando um banho desses ganho!
SONNETTO DUM POPULAR LUPANAR [13.147]
Mamãe sempre dizia: aonde vae a chorda, vae tambem sua caçamba. Si forem os passistas maus, o samba accaba attravessado! Um delles cae!
Por que é que eu isto disse? É que papae levar-me quiz aonde ja descamba a practica da foda! Alli, caramba, quem entra com problema peor sae!
O drama do papae era, tambem, o meu: medo nós tinhamos de puta! Hem, Glauco? Tem você? Pô, quem não tem?
Brochamos ambos! Hoje, tal conducta se perde na memoria, mas alguem no thema toca… Ahi, quem é que escuta?
SONNETTO DUM FINAL FELIZ
[13.152]
Depois do jogo, o cheiro que se expalha por todo o vestiario deixa a gente maluca! Tem cecê, mas certamente tambem tem o chulé que mais me calha!
Um dia, conferir fui… Mas canalha foi cada molecote! Quem se sente cheiroso quer cobrar um excedente por minha cafungada, que não falha!
Aquelle que chulé mais forte tem meresce, mesmo, um extra! Ah, cada artelho eu fuço, lambo, chupo… Lavo bem!
Glaucão, vou lhe contar! O rapazelho curtiu! Quiz combinar commigo: vem no meu apê! Chulé não vi parelho!
SONNETTO DOS PROVAVEIS PAPAVEIS (1) [13.161]
Ja, Glauco, os cardeaes la na Cappella Sixtina se trancaram, mas a gente, sim, pode especular! Provavelmente, o Papa alguem será que não dá trella!
Contaram-me que nunca quem appella p’ra grossa putaria será quente e forte candidato! Mais urgente se torna alguem que pelos dogmas zela!
Por isso, não se espera que quem seja o novo Papa tenha, ja, lambido os pés dum coroinha aqui da Egreja!
Terá que ser um nome de libido mais calma! Ah, que São Pedro nos proteja! Que tenha alguem lambido não duvido!
SONNETTO DOS PROVAVEIS PAPAVEIS (2) [13.162]
Não, Glauco, quem conhesce esse conclave ja sabe que quem for eleito Papa dos memes e fofocas não excappa! Ninguem no nhenhenhem será suave!
Que seja algum podolatra ha quem crave, mas tenho minhas duvidas! No mappa estão os cardeaes que na chulapa dos presos dão beijocas! Nada grave!
Na Quincta-feira Sancta, até normal é dar, no Lavapés, leve sellinho na lancha dalgum bruto marginal!
Mas, quando o cardeal lambe todinho o pé do marmanjão, não tem aval e perde esse papado, ja adivinho!
SONNETTO DOS PROVAVEIS PAPAVEIS (3) [13.163]
Por ora só sahiu fumaça preta, mas logo sahirá fumaça branca! Não, Glauco, nenhum Papa a gente banca que seja quem nuns pés a lingua metta!
Em publico, ninguem ha que commetta taes actos, mas eu, para dar-lhe franca palavra, sei que sobe na tamanca aquelle cardeal alvo da treta!
Embora respeitado pelo clero, o gajo, numa missa, até chupara um masculo dedão, serei sincero!
Mas vejo um corre-corre, ja! Tomara que excolham esse gajo, pois espero ver scenas de pezões na sancta cara!
SONNETTO DUM TOM SEM JERRY [13.170]
Glaucão, sou que nem gatto de telhado: Eu pego o que estiver na minha frente! Gattinha, si pinctar, melhor p’ra gente! Gattona até sustenta bem meu lado!
Peguei, ja, capitão, peguei soldado, até policial não me desmente, nem mesmo os da milicia! Actualmente, cachorros, inclusive, eu macto a brado!
Estou pegando cara apposentado, carente, cadeirante… Então, ja tiro proveito duplo: fodo, mas degrado!
Ahi, Glaucão! Não topa dar um gyro commigo? Um chulezinho defumado conservo no meu tennis, sem respiro…
SONNETTO DO CLIENTE DESCRENTE [13.176]
Dormi, Glaucão, na casa desse hippie que tinha chulé forte e de freguez me fez. Depois da transa, seu cortez convite me instigou. Senti-me VIP.
Porem, no colchonette, eis que uma equipe de pulgas se installara! Cada vez que eu, louco, me coçava, dos michês mais dava raiva! Ah, typica “bad trip”!
Por causa dum chulé, dum som de rock maneiro, tanta pulga não compensa! Não caia nessa, Glauco, ouviu? Se toque!
Chulé muitos michês teem! Differença não acho si for hippie! Meu enfoque no flower power vejo com descrença!
SONNETTO DO PEOR RISONHO [13.180]
O video viraliza. Nelle, está bancando o palhacinho um cego lindo que, pelos rapazelhos, é malvindo naquelle quarteirão, notorios ja.
Os jovens commentaram: “KKK… Que trouxa! Se fodeu e tá sorrindo! Precisa appanhar mais!” Alguem, brandindo um relho, no ceguinho uns golpes dá.
Agora, ja açoitado, o cego berra, implora piedade e, rastejante, exfrega a sua cara pela terra.
Alguns pivetes mettem o pisante no rosto machucado. Ninguem erra si entende que ja triste é seu semblante.
SONNETTO DA DEGUSTADORA DE PREPUCIOS [13.189]
Ai, Glauco! Nem te conto! Quando eu era aquella prostituta mais rampeira, chupei, fora a piroca costumeira, a rolla mais immunda que se espera!
Alem de immunda, alem de ter, à vera, signaes de gonorrhéa, tal porqueira fedia tanto, tanto, que quem queira cheiral-a nem exsiste! É só chimera!
Verdade? Tu querias esse sebo provar na tua lingua, menestrel? És mesmo um psychopatha, ja percebo!
Não, gosto não achei, nella, de fel nem sal, siquer de mel! Urinas bebo mais doces, mais salgadas, no quartel…
SONNETTO
DA EX-ESPOSA ENCIUMADA [13.196]
Ai, Glauco, mas que raiva que me dá! Aquelle meu ex-macho, hoje, namora meu proprio pae! Mas, ai, que não demora a forra que terei! Você verá!
Appós se separar de mim, está fazendo pirracinha! Ai, só peora si faço uma carinha de quem chora! Ahi que elle me zoa! Ai, basta, ja!
Ai, Glauco! O que farei? Porra, ja sei! Direi a todo mundo que elle é gay passivo, que comido foi seu rabo!
Papae só quer chupal-o, mas direi que está meu ex-marido, pela lei de Murphy, brocha! Assim, vingada accabo!
SONNETTO DUMA MÃE COMPREHENSIVA [13.199]
Glaucão, o meu filhão adolescente desdenha de ti, sabes? Elle diz que um cego do teu typo ser feliz não pode, que meresce isso que sente!
Meu filho não tem pena dessa gente malsan, deficiente! De imbecis chamou todos os bardos! Sem subtis maneiras, elle falla claramente!
Peguei-o, certa feita, todavia, relendo um de teus livros, com a mão no penis… Eis que, então, se divertia…
Não posso censurar esse filhão, pois mostra-se immaturo! Qualquer dia, irá te visitar, hem? Queres, não?
SONNETTO DO JUIZO INDECISO [13.207]
Aquelle que peccou, si tiver filho, o filho nascerá cego, ou irá, aos poucos, ficar cego. Quem está descrente disso? Eu mesmo me encruzilho.
Sou filho de quem nunca peccou. Pilho a minha consciencia, attenta, ja, ao facto de que pecco sempre e má me fica tal noção de peccadilho.
Beijar pés é peccado? Mas, si for, Jesus Christo peccou para caralho! Não posso ser, tambem, um peccador?
Não, mestre, em taes questões eu jamais falho! Prefiro duns pezões sentir fedor a crimes practicar! Não sou paspalho!
SONNETTO
DUMA BOCCA INDEFESA [13.211]
Cahido o goleirão, appós jogada difficil, se contorce no gramado. Fingindo soccorrel-o, um do outro lado lhe chuta a cara. Ainda dá risada.
A poncta da chuteira teve entrada bem facil pela bocca do coitado. Da lingua a molle poncta sentirá, do chancão, um paladar que não aggrada.
Em casa, vendo o lance, esse goleiro degusta, de memoria, aquella chanca. Chupou, sim, do rival, um pé certeiro…
Nenhuma serie erotica desbanca tal scena. Ah, que goleiro punheteiro! Gozou. Ah, que risada a porra arranca!
SONNETTO DO SUPERLOTADO COLLECTIVO [13.213]
Glaucão, entrei num omnibus que estava lotado! Muita gente em pé, bastante suor e exfregação! Ninguem garante que esteja a sua bunda livre e brava!
Mais gente entrando, o rollo ja se aggrava! Alguem, que por traz chega, tem gigante caralho, que me empurra mais addeante! Mas finco o pé! Nem ligo! Que va à fava!
Notando o gajo que eu indifferente fingia me encontrar, fez mais pressão, ainda mais! Quem é que isso não sente?
Magina! Appertadissimo, o tesão se impunha! Appós sentir uma semente molhando-me, exporrei! Quem é que não?
SONNETTO DO HORARIO DE PICCO [13.214]
Glaucão, vou te contar! Eu no metrô estava! Sempre em pé, porque ninguem consegue se sentar! Não é que vem um gajo me pisar no pezão, pô?
Não era aquella scena mais pornô, do typo que, num omnibus, mantem bumbuns e paus em lubrico vaevem, mas, ‘inda assim, fui feito de pivô!
Emquanto olhava para a mulherona que estava à sua frente, elle fazia pressão, pisando firme! Isso funcciona…
Em clima de total podolatria, gozei! Me molhei todo! Numa conna será que esse sacana pensaria?
SONNETTO DO PASSAGEIRO APPRESSADO [13.215]
Glaucão, entrei num trem superlotado! Estava do meu lado, sempre em pé, um typico mendigo da ralé mais baixa, morador dum elevado!
Sujissimo, fedido, desaggrado causava! Bem, nos outros mais até que em mim, eis que pensei no seu chulé, por dentro do velhissimo calçado!
Nem pude perceber si elle fedia mais forte no pezão ou no restante do corpo… Mas entrei em agonia!
Ah, quasi que propuz esse pisante comprar, pagar-lhe um novo! Todavia, nem tempo deu! Sahiu logo, offegante!
SONNETTO DA PASSAGEIRA ROPTINEIRA [13.216]
Ai, Glauco, pô! Ninguem respeita mais mulher nenhuma nesse trem lotado que eu tenho de tomar! Sempre do lado me fica algum machão, desses brutaes!
O gajo vae forçando os sexuaes contactos e nem liga si me evado ou não do corpanzil quente e suado que encosta, que se exfrega! Ai dos meus ais!
Embora de indignada me fingindo, não posso disfarsar que estou molhada! Hem? Claro que esse gajo não é lindo!
Um ogro mais paresce! Bem, ja nada importa, pois o gajo vae sahindo depressa, antes d’a porta ser fechada!
SONNETTO DO PASSAGEIRO MANEIRO
[13.217]
Glaucão, todo garoto que se sente, num omnibus, quietinho, do meu lado, me causa agitação e não me evado daquelle tesãozinho que se sente!
Sim, sinto o seu corpão suado, quente, e penso no chulé que, num calçado bastante encardidão e detonado, tresanda duma sola adolescente!
Não é que esse moleque logo nota que estou excitadissimo? Ora, ahi que pisa no meu pé com a tal bota!
Não é que me cochicha, bem aqui no ouvido, que elle fundo mette e bota na cara do freguez seu pé? Cê ri?
SONNETTO DO SENSUAL CANAL ANAL [13.224]
Estive eu a cagar, ultimamente, pensando no seguinte: si está duro, o troço nunca sae. Fica seguro no meio do caminho. O que se sente?
Se sente, Glauco, um puta tesão! Mente quem nega que, na prega, sente puro tesão! É como um pau mettendo, juro! Faltava que ejacule! Isso, somente!
Ahi, que faço? Forço um pouco, mas, assim que está sahindo, prendo! O troço recua para dentro! Pô, rapaz!
Aquelle toletão, comprido, grosso, fazendo um vae-e-vem -- Por Satanaz! -melhor é que pagar o pau dum moço!
SONNETTO DO CLIENTE IMPRUDENTE [13.225]
Glaucão, fiquei com pena do coitado! Borrei a cara toda do rapaz! Fui pago para nelle cagar, mas não era para ser tão ensopado!
Fiquei com diarrhéa, não me evado da culpa, mas, no fundo, tanto faz, pois, si é para sujar, eu trago más noticias: molle eu tenho, só, cagado!
O gajo tem mania de ficar debaixo dum assento de privada se pondo, da bacia, no logar!
Mas, quando o michê caga a merda aguada, não dava para, appenas, apparar na bocca: até nos olhos entra… Ah, cada…
SONNETTO DO SATANICO SOCCORRO [13.226]
Fiz força, mas, Glaucão, não sahiu nada! Nem gazes eu soltava, havia ja um tempo! De repente, camará, sahiu a coisa toda na privada!
Exsiste explicação, sim, pois, a cada semana, a Satanaz a gente dá um credito! O Cappeta não nos ha de falhas commetter! É da pesada!
Mas temos que pagar-lhe da maneira mais practica: lambendo cada prega dum anus que está sempre podre e cheira…
Hem, Glauco? Sei que toda gente cega padesce dessas coisas! Caso queira, Satan lhe recommendo! O Mestre entrega!
SONNETTO DA FECAL PENALIDADE [13.227]
Castigo singular eu, na prisão, notar pude, Glaucão! Na minha cella, pegaram um novato na barrella por causa da recusa do cuzão!
O gajo não queria chupar, não! Pedante, era do typo que ‘inda appella só para as orações e, na cappella, pedia a Deus a plena salvação!
Fizemos que pagasse, sem comptar as rollas que chupou, a penitencia maior: do boi expor-se no logar!
De bocca para cyma, ninguem vence a porção de merda molle que entra! Azar! Quem manda à fellação ter resistencia?
SONNETTO DUM DIVINO DESTINO
[13.228]
Divine (Você lembra, Glaucão?) era aquella nojentissima figura filmada a saciar-se com a dura bostinha de cachorro! Sim, à vera!
Comia mesmo! Um dia, alguem fizera comer, mas de castigo, uma mixtura do mijo com a merda, a creatura mais torpe e desprezivel da gallera!
O gajo, de gattinhas, foi forçado, perante esse potinho repellente, àquella refeição! Que triste fado!
Quem manda antipathia ter à gente? Frescura nós punimos, para aggrado dos sadicos, com merda ainda quente!
SONNETTO DO MICTORIO PUBLICO [13.229]
Que exsiste isso nas praças é notorio! Evito usar, mas, quando necessario, eu tenho que mudar de itinerario e entrar num nojentissimo mictorio!
Entrou, ja, Glauco? Falle, corrobore o que digo, menestrel! Hem? Que precario scenario! Que fedor! Ninguem que encare o logar o odor dirá que não deplore-o!
Naquelles urinoes ja vi, Glaucão, um gajo ser punido pela atroz gallera aqui da rua! Ah, brutos são!
Forçado, de joelhos ante nós, bebeu bastante mijo! Fiz questão de tudo filmar… Scena vista a sós!
SONNETTO DO SACCAL PAPPO PAPAL [13.230]
Só pode casar homem com mulher, Glaucão! Fallou o Papa, ainda agora! Quem é que essa postura commemora? Caretas e reaças, por mester!
Eu, hem? Ora, accredite quem quizer no pappo desse Papa! A qualquer hora casaes estão trepando, uma senhora com outra, dois rapazes num affair!
Coitado de quem seja sacerdote em tudo quanto typo for de egreja! Satan acha até graça em quem o enxote!
Um homem com mulher? Va la que seja! Mas desde que se glose este bom motte: Prazer não se prohibe, se deseja!
SONNETTO DE QUEM FICA COM A ZICA [13.233]
Mattoso, me permitta que eu redija algumas linhas para me expressar accerca da velhice. Para azar da gente, que envelhesce, mal se mija…
Se mija mal, Mattoso, porque rija não fica a nossa picca appós gozar, mas nunca appenas isso, pois brochar ficou banal. Tesão ninguem exija!
A prostata se inflamma! Ja sem prosa de gallo nós ficamos, menestrel! Peor é quando fica cancerosa…
Em summa, ficar velho um mau papel é para todo mundo! Quem nos goza um dia babará la no bordel!
SONNETTO DO SOLITARIO SOLIDARIO [13.234]
Preciso me irmanar, Glaucão, com essa immensa multidão de velhos, ja que estou no mesmo barco, camará! Fallemos do que, emfim, nos interessa!
Estive num bordel… Penei à bessa, pois nunca que, entesada, a rolla la consegue entrar, Glaucão! Appenas dá p’ra gente entrar de lingua, alli, sem pressa!
Os labios separando fui da puta, mas, sendo muito molle, esta linguona aquillo não vencia! Ah, que labuta!
A puta, ao me ver frouxo, de mandona posou! Virei cachorro que se chuta! A muitos me irmanei naquella zona!
SONNETTO
DUMA BREGA COLLEGA [13.235]
Glauquinho, meu querido, que saudade! Faz muito tempo, mesmo, não é? Puxa! Mas deixa que eu te conte, pois de bruxa estão, ja, me chamando! Que maldade!
Bullyingam, só, com gente ja de edade! Taes chistes d’agua fria são a ducha na nossa triste estima! Desembucha, querido! Me consola! Ah, rir? Quem ha de?
Somente por ser velha, feiticeira me chamam! Não é justo, pois o cego não chupa só por causa da cegueira!
Concordas tu commigo? Não sossego emquanto não rever-te! Mais besteira ao vivo trocaremos, meu “collego”!
SONNETTO DAS VELHOTAS DESTRAVADAS [13.237]
Nós todas solteironas somos, mas, no baile dos edosos, noite certa, achamos um irmão de cuca aberta que soube destravar-nos e… Zaz-traz!
Agiu como si fosse esse rapaz fogoso que tesão sempre desperta até nas bem casadas! Mais allerta fiquei, depois daquella acção fodaz!
O velho (o chamarei de velho) fez miseria! Nos lambeu, pela boceta affora, aonde escondam-se os buquês!
Ah, Glauco! Mais ninguem que se intrometta assim encontraremos! Não nos dês conselhos! Nossos cheiros nem dão treta!
SONNETTO
DA PROVIDENCIA NA IMPOTENCIA [13.242]
Não, Glauco! De remedios nos attocha o medico, mas, quando o curandeiro a scena addentra, prompto! Ja me inteiro da sancta solução p’ra quem é brocha!
No couro não dei nunca, mas a tocha da cura, agora, vejo! Um putanheiro virei e não serei mais punheteiro, appenas! Meu pau lembra a dura rocha!
Qual succo da jurema! Qual chazinho dos satyros! Qual nada, menestrel! De Baccho o que funcciona, mestre, é vinho!
Aquelle do terreiro, mais que mel, é doce p’ra caralho! Ja adivinho a fama que terei la no quartel!
SONNETTO DA CURA DA GASTURA [13.243]
Na bocca dum estomago opprimido por tanta afflicção, Glauco, o que é que sente a gente? Essa gastura aguda, ardente! Com ella, ha tanto tempo, mestre, eu lido!
Na falta dum pozinho ou comprimido que seja a solução efficiente e rapida, achei, Glauco, uma vidente que, emfim, viu meu problema de libido!
Faltava aquelle estimulo que dá tesão, que nos inflamma, quer na cama, quer mesmo no terreiro, camará!
Agora, si nervoso fico, o drama affasto, um philtro magico, xará, tomando! Só quem toma, Glaucão, ama!
SONNETTO DA REMISSÃO DA DEPRESSÃO [13.244]
Glaucão, p’ra depressão sabe você qual seja a melhor arma? Agora sei! A magica poção! P’ra mim é lei! Agora não dependo de michê!
Entravam e sahiam! Meu apê virou o roptativo poncto gay mais louco da cidade! Eu dispensei aquillo! Não estou mais na deprê!
Então, que é que tomei? Aquelle cha maluco? Qualquer antidepressivo? Magina! Só cheirei! Ahi que está!
Ha cheiros, Glaucão, magicos! Eu vivo dizendo: um chulezinho melhor dá tesão, mas a poção me deixa activo!
SONNETTO
DA CHUPETA E DA CHUPADA [13.247]
Não, Glauco! Nada disso! Não sou essa mulher appaixonada, affectuosa, que esteja assediando, desejosa, você, ja que está cego, trouxa à bessa!
Fallar vou do que, em summa, me interessa! Sou puta mesmo! Puta! Sou quem prosa dispensa, quem de boa fama goza como optima ao freguez que prazer peça!
Farei, si necessario, um desses chas de plantas poderosas que, sagradas, irão deixar você bem mais capaz…
Mas, como nem das bruxas nem das fadas eu faço parte, fallo mesmo das chupetas, como fallo das chupadas…
SONNETTO DO PÉ BACCHICO [13.248]
Carissimo poeta, aqui quem falla é Baccho! Sim, eu mesmo, Dionyso! Seguinte, meu amigo: si preciso, darei uma adjudinha! Posso dal-a!
Estás estressadissimo? Nem galla tens posto para fora? Mau juizo ja fazem de ti, nesse paraiso das putas mais polacas da senzala?
Sossega, meu querido! Do meu vinho irás beber, inteiro, um garrafão! Garanto que te entesas rapidinho!
Preferes outro orgasmo? Um chulezão? Contentas-te com, mesmo, um chulezinho? Então meu pé te serve, meu irmão!
SONNETTO DUM LITRO DE PHILTRO [13.249]
Glauquinho, sou eu mesma, a tua fada madrinha! Sim, daqui mesmo te fallo, do proprio Paraiso! Vou chamal-o assim, de Paraiso! Mais aggrada!
Mas fallo porque vejo que estás cada vez menos conformado com o phallo que te entra pelo rabo, o mau regalo que encaras como cego, uma roubada!
Um philtro de jurema adjudaria, sabias? Preparar-te vou inteira garrafa da poção! Em mim confia!
Não, Glauco, tal bebida da cegueira a cura não será, mas euphoria trará para quem só pense em besteira…
SONNETTO DO CIDADÃO PREVENIDO [13.253]
Não, Glauco, só tomei um espumante fraquinho, um ou dois calices! Magina! Não era jamais para, alli na exquina, ficar desaccordado! Não, por Dante!
Roubaram minha calça, meu pisante, alem do meu dinheiro… Ora, termina assim o caso: um tanto fescennina, a scena rendeu risos, e bastante!
Filmaram, inclusive, eis que, do nada, uns noias me enrabaram facilmente, até se revezando… Que enrascada!
Agora, prevenido, ninguem tente abrir uma champanhe, camarada, e calices encher na minha frente!
SONNETTO DA SINCERIDADE NA INTIMIDADE
[13.254]
Depois duns trez ou quattro coppos desta champanhe espumantissima, Glaucão, eu deito o verbo! Fallo tudo, não me pejo de estragar, mesmo, uma festa!
Mas, como só dois somos aqui, resta appenas a você tal confissão fazer… Sou, caro Glauco, um veadão! Meu rabo dei! A turma me detesta!
Você quer me comer, Glaucão, tirar vantagem si, indefeso, estou de porre? Prefere meu chulé poder cheirar?
Então, ora, approveite! Que se exporre chupando meu dedão, meu calcanhar, que eu bronha batto! O lance entre nós morre!
SONNETTO DUMA DAMA QUE MAMMA [13.255]
Quem disse que mulher não pode encher a cara, menestrel? Eu bebo, sim! E fico tão de porre, em tão ruim estado, que você tinha que ver…
Mas sabe que esses recos teem prazer de ver uma senhora alli, no fim da rua, ao chão deitada? Até ja vim, por elles, a ser vista a me foder!
Usando um corriqueiro cellular, filmaram-me, dum noia, a chupitar sujissimo caralho, menestrel!
Mas claro que, Glaucão, eu tenho um lar! Appenas, descuidada, a cochilar pegaram-me, nos fundos do quartel…
SONNETTO DA BEBERAGEM E DA SACANAGEM [13.259]
Um vinho vermelhinho, trovador, me foi offerescido pelo tal poeta, alli na Villa! Foi fatal! Meu rabo dei, sem mesmo sentir dor!
Estavamos em quattro, mas, si for comptar, oito ja numero normal será, pois a cabeça pode, mal e mal, lembrar daquelle ebrio sabor!
Da cor me lembro bem: era vermelha!
Nem sei si era tal vinho uma poção que, magica, accendeu essa scentelha…
Que importa? No logar ja não estão as minhas pregas, mestre? Hem? Acconselha você que eu compre, inteiro, um garrafão?
SONNETTO DUM SURRADO SOLADO [13.271]
Pisei numa baratta, num cocô, bem molle, de cachorro, num excarro de bebado, naquillo que dum carro jogaram, mastigado… Um nojo, pô!
Pisei, tambem, no mijo que vovô gotteja no banheiro, no bizarro annel de camisinha que não varro, grudento da punheta mais pornô!
Pisei naquelle resto de comida que excappa da marmita do peão, lambida por sarnento viralatta…
Agora a minha bota te convida, Glaucão, a lamber tudo o que, do chão, à grossa sola adhere, em dose exacta!
SONNETTO DA FOFOCA DE FANZOCA [13.274]
Quem conta, Glauco, um conto sempre augmenta um poncto. Fofocaram que Epstein tinha chupado o pau do Lennon! Que historinha piccante, hem, menestrel? Isso me tempta!
Até fui pesquisar… Macca, aos septenta, fallou, em entrevista, que mesquinha não era, tambem, sua rolla! Vinha bem esse que a chupasse! Hem, Glaucão? Guenta!
“Nós eramos tão jovens! Quem não ia topar esse boquette, essa follia, si Brian propuzesse? Elle era gay…”
Hem, mestre? Eu acho que Epstein putaria propoz a todos elles! Certo dia, chupou o pau do Jagger! Hem? Ja sei!
SONNETTO DUMA VERSATIL REPUTAÇÃO [13.275]
Fallando na fofoca que se faz em torno de quem suja fama tenha, conhesço um rapazola, alli na Penha, que, para a putaria, gasta gaz!
Curriculo bem grosso o tal rapaz exhibe, Glaucão! Elle desempenha papel activo, caso um gay lhe venha, mas pode, sim, tambem levar por traz!
O gajo fode em pé, fode sentado, na cama, no chuveiro, na poltrona, nos fundos, ou dum templo, ou dum quartel…
Na Lapa, até, pimpão, ja foi flagrado fodendo um sacristão ou, pela zona, alguem que tenha sido coronel…
SONNETTO DA PROVOCAÇÃO [13.281]
Apposto que esse Glauco não resiste ao classico formato do meu pé que, grego, de dedão bem menor, é chatissimo! Mais chato não exsiste!
É como offerescer, de sobra, alpiste ao cego passarinho! Vou até temptal-o, provocal-o! Meu chulé podolatra nenhum vae deixar triste!
Onde é que elle perfil, nas redes, tem? É facil contactar esse imbecil? Vou delle caçoar como ninguem!
Achei! Instagrammavel, seu perfil demonstra que tem cara de refem pisavel facilmente! Serei vil!
SONNETTO DO PÉ TRACTADO [13.283]
Fui ao orthopedista, Glauco, para tractar duma dorzinha ao caminhar. Pensei que fosse só no calcanhar, mas elle me sorriu, até, na cara.
Fallou que minha sola ja acchatara ao maximo o que pode um cavallar pezão ser acchatado. Fiz um ar de expanto, pois pensei na tua tara…
Glaucão, eu nem suppunha que meu pé tão chato fosse! Porra, si soubesse, teria te pisado muito, ué!
Mas deixa assim, que em breve tua prece attendo! Por signal que meu chulé, que tanto mediquei, não arrefesce…
SONNETTO
DO PÉ PUXADO [13.285]
Meu pae foi recusado no serviço da patria, só por causa do pé chato, Glaucão! Elle queria ser, de facto, soldado! Se importava assaz com isso!
Herdei delle este pé… Não, não attiço você! Somente digo que constato que pode hereditario tal formato ser, saca? Mas fallei sem compromisso…
Nem passa pela minha cabecinha pisar na sua cara com a sola mais plana do planeta! Não convinha!
Mas, caso você deste rapazola tal coisa queira, alguma gorgetinha propondo, com certeza até que colla…
SONNETTO DO PAE DO GAROTO [13.287]
Poemas teus eu leio, Glauco, onde és tarado por uns chatos pés! Talvez meu filho os tenha… Sim, elle ja fez dezoito! Não dará quaesquer migués!
Me disse que michê quer ser! Tem pés enormes e chatissimos! Não dês detalhes! Nem precisa, pois freguez fez muito! Do teu typo, mais de dez!
Sim, elle sabe, experto que é, que taes clientes não desejam só pés chatos… Tambem uns tennis lambem: pagam mais…
Sim, delle lhe dou todos os contactos! Careta não sou, como os outros paes! Tomara que elle lucre com taes actos…
SONNETTO
DO GORDO INCOMMODADO [13.289]
Meus chatos pés, Glaucão, nunca serão motivo de comforto para mim! Me causam sensação assaz ruim por causa da columna! Sacou, não?
Sou muito gordo, mesmo um ballofão! Com rango gasto todo o meu dindim! Você diz que deseja, ainda assim, lamber as minhas solas? Que illusão!
Garanto que você não ia nem chegar o nariz perto do meu pé, de tanto que elle fede, Glaucão! Hem?
Por isso mesmo nelle quer até passar a lingua? Serio? Chiste sem, eu topo! Me pagar vae um café?
SONNETTO DA MEMORIA NACIONAL [13.303]
Na salla de tortura, ao lado dum cagueta, assisti, mudo. Um militante de esquerda appanhou muito… Riu bastante aquella atroz platéa. Algo commum.
Brutal foi! Lhe exfollaram o bumbum! Usaram choque electrico durante mais tempo do que um medico garante. Seu recto não deixaram em jejum.
Um frango, num espeto, parescia o gajo, nu, naquelle pau de arara… Nem para descrever dá, num sonnetto!
É disso que me lembro. Si der para narrar tal lance em versos, eu prometto que conto o que rollou com outro cara.
SONNETTO DO VIDEO CASEIRO
[13.306]
Eu, para apparescer num marginal exemplo de cinema, lambi dum collega fanzineiro o mais commum sapato. Uma sujeira até normal.
Mas elle, impressionado, ligou, mal chegou em casa, appós ficar bebum: “Você lambeu a minha sola! Algum nojinho não sentiu? Achei legal!”
“Pensou si o director fosse pornô? Hem? Elle quereria que você chupasse meu caralho! Pensou, pô?”
“É mesmo? Chuparia? Quer que eu dê mais uma passadinha ahi? Cocô não faço ‘ocê comer! Não sou michê!”
SONNETTO DO SOLDADO [13.308]
Cansado das manobras, o recruta descalça seu cothurno. Desaptado o laço, puxa a perna para o lado. Affrouxa, affoito, o cano. Os ares chuta.
Lhe sae emfim do pé, depois de lucta intensa, a bota preta. Para aggrado seu, pode desgrudar, do mui suado pezão, a grossa meia desenxuta.
Neblina que, invisivel, ja se expande nos ares, seu chulé tudo defuma. Adspira aquelle cheiro. Pensa grande.
Calcula quanto paga alguem por uma chapante cafungada. Achar quem ande em busca delle é facil. Um arrhuma.
SONNETTO DA RATTOEIRA [13.318]
Ouviu fallar, poeta, do Commando de Caça aos Communistas? Sou michê por elles contractado! O que você suppõe que eu faça? Adjudo aquelle bando!
Aos alvos do Commando me chegando eu vou! Sim, de isca sirvo! Caso dê, attraio o gajo! Quando ja se vê rendido, será tarde! Hem? Sou nefando!
Glaucão, esses communas são tarados por jovens prostitutos! É por isso que caem na arapuca, assassinados!
Bem pago sou, Glaucão, pelo serviço! Jamais, para nenhum desses dois lados, votei! Papel não faço de submisso!
SONNETTO VIBRATORIO [13.322]
Ai, mestre! Eu, quando ponho um vibrador la dentro, não consigo mais parar! No orgasmo, não exsiste patamar, limite nem excesso! Não, senhor!
Você nunca testou? Ah, quando for usar, vae ter um ecstase sem par! Sim, deixe que entre tudo no logar aonde entrar devia alguem, sem dor!
Mas, caso o trepidante bastão doa por dentro la das tripas, ‘inda assim verá que, emfim, compensa! A porra voa!
Na minha não achei nada ruim, excepto um cocozinho que, de boa, bem molle me excorreu… Mas eu me vim!
SONNETTO CENSORIO [13.326]
Tu sabes! Tu bem sabes, menestrel, que eu nunca censurei ninguem, nem ia teus versos prohibir! A poesia precisa ao seu auctor ser bem fiel!
Que falles duma alcova, dum bordel, de tudo quanto envolva a putaria! Que cites todo penis que se enfia a fundo numa vulva, ao prazer bel!
Appenas não admitto que componhas poemas sobre certos themas mais nojentos, que te emballam nessas bronhas…
Não podes te privar dos abnormaes fetiches e tesões? Não te envergonhas? Insistes em tocar nestes meus ais!
SONNETTO SIMPLORIO [13.332]
É mesmo? Você jura que porá appenas a cabeça? Tem certeza? Irá minha garganta sempre illesa ficar? Você garante? Hem? Veja la!
Sim, nauseas sinto! Claro que fui, ja, fodido pela bocca! Alguem ja fez a tremenda sacanagem, a torpeza de entrar a fundo! Um outro não fará!
Você promette? Então a lingua passo de leve pela grossa chapelleta até que você goze, bem devasso…
Não vale me irrumar! Vamos, prometta! Então vou confiar, pois questão faço de sempre estar de boa, aqui, sem treta.
SONNETTO PERFUNCTORIO
[13.333]
Por honra foi, da firma, que esse pau chupei, só como parte da roptina dum servo cujo trampo não termina tão cedo. Meu destino é mesmo mau.
Estou accostumado com o grau dos rispidos commandos, pois me ensigna a vida a aguentar essa dura signa de escravo que sustenta algum vagau.
O gajo não trabalha nem estuda. Appenas faz papel do gigolô que irruma a minha bocca, sempre muda.
Faz parte do serviço o mais pornô scenario. O gajo fode e diz: “Caluda!” E engulo, no papel de seu robô.
SONNETTO PEREMPTORIO
[13.334]
Na marra foi -- Bem feito! -- que meu pau chupou elle. Faz parte da roptina, mas, ‘inda assim, alguem que determina preciso ser. Então eu banco o mau.
Ficou accostumado com o grau dos rispidos commandos, pois lhe ensigna a vida a aguentar essa dura signa de escravo que sustenta algum vagau.
Exacto: não trabalho nem estudo. Só faço o meu papel de gigolô que irruma aquella bocca. Sou marrudo.
Faz parte do serviço o mais pornô scenario. No boquette, empurro tudo. Exijo que elle seja meu robô.
SONNETTO DIVISORIO [13.338]
Glaucão, eu encerrei, mesmo, uma phase difficil nesta vida de casado! Emfim, me separei! Deu resultado o lance do divorcio! Mas foi quasi…
Lhe digo, meu amigo: Não se case! Sim, posso confirmar! Nenhum veado aguenta com mulher ficar deitado a vida toda! Annote minha phrase!
Repito: Não se case! Finalmente estou recomeçando! Ser feliz meresço! Quem casou, descase! Tente!
Ninguem jamais feliz foi como quiz, sei disso, menestrel… Mas cama quente ja tenho p’ra chorar, como se diz…
SONNETTO UTILITARIO [13.342]
Fallou-se muito disto, mas insisto que todos os invalidos teem sua funcção na sociedade. Quem actua de escravo? Quem servindo não foi visto?
Os cegos, por exemplo… O proprio Christo fallou que, na verdade nua e crua, serão obedientes. Continua valendo tal palavra. Pensem nisto.
Quão util pode ser um invidente? Foi dicto que será bom fellador. Se exforce, então. Practique. Elle que tente…
Hindus confirmarão. Cego quem for na marra apprenderá, forçosamente, que deve se curvar ao superior…
SONNETTO HUMANITARIO [13.346]
Um cego que conhesço foi dum frade escravo sexual. Era fodido na bocca todo dia. Não duvido que sempre se engasgasse. Quem não ha de?
Alem de exsecutar tudo que aggrade ao penis, que é que a bocca dum punido ceguinho fazer pode? Faz sentido pensar em pedicure? É crueldade?
Magina! Aquelle frade exigiria da lingua bello tracto numa sola bem aspera, cascuda, todo dia!
O frade considera até que esmolla ao cego dando esteja quando enfia a glande na goela! A these colla?
SONNETTO EMBRYONARIO [13.347]
Ouvi fallar, Glaucão, que extraterrestres costumam foder boccas! Se semeia assim, sendo de porra a bocca cheia, a nova descendencia desses mestres!
Escravos somos delles! Qual sylvestres macacos nos parescem! Essa feia figura seu tesão jamais refreia! Nos montam qual si fossemos equestres!
Pensou, Glaucão? Um chucro chimpanzé mettendo em sua bocca aquelle pau fedido! Obediente quem não é?
Ah, como o chimpanzé sabe ser mau! Diverte-se fodendo! Ponha fé! Assim procrearão! Ahi, babau!
SONNETTO PARASITARIO [13.353]
Discordo, menestrel, de quem me cita só como um gigolô sem empathia por esses cegos todos que, sem guia, desejam companhia tão bemdicta!
Alguem ja me chamou de parasita, mas acho uma tremenda covardia! Appenas porque exijo putaria daquelles que me pagam? Hem? Reflicta!
Os cegos que rastejam aos meus pés não fazem nada mais que seu dever! Não passam duns coitados, duns manés!
Você mesmo verseja que poder tem, Glauco, quem enxerga! Fodo uns dez, um para cada artelho me lamber…
SONNETTO URINARIO [13.357]
O gosto do chichi jamais provei, Glaucão, pois eu sou sempre quem mais mija na bocca dos veados. Rolla rija nem tenho. Ja sou velho, disso sei…
Mas elles me procuram! Ja mijei em toda a molecada! Quem exija tal coisa não encontram… Hem? Redija algum poema, cara! Algum bem gay!
Escreva sobre cada veadinho que fica adjoelhado bem ao lado do vaso, sem perder nem um pouquinho…
Me pagam, cara, appenas um trocado. Que importa si é cerveja, si foi vinho aquillo que bebi? Tá recyclado…
SONNETTO UNIVERSITARIO [13.358]
Não vejo um bom motivo, Glauco, para os trotes prohibirmos. Um novato precisa seu pedagio pagar. Macto alguem? Mutilo alguem? Nem se compara!
O trote não é coisa assim tão rara e sempre exsistiu. Claro que eu constato que deve, sim, lamber o meu sapato um bicho desses! Quem negar ousara?
Não podem prohibir que meu calouro rasteje, todo humilde, e exfregue sua linguinha, do sapato, pelo couro!
O trote é tradição, Glaucão! Na rua veremos sempre uns bichos, sem desdouro nenhum, lambendo! O rito continua!
SONNETTO SANGUINARIO [13.359]
De guerra prisioneiros, para mim, precisam soffrer muito, mestre, emquanto não são exsecutados! Para tanto, usamos uns facões! Simples assim!
Os vamos extripando, por tintim, até que, bem sangrados, nosso bando esteja satisfeito! Vou gozando à bessa ao ver, Glaucão! Sempre me vim!
Chacinas desse typo nós filmamos e expomos pelas redes! A gallera adora quando disso gargalhamos!
É foda! Alguns causões, na actual era, costumam protestar, mas seus reclamos inuteis são! É guerra, porra! À vera!
SONNETTO CARCERARIO [13.361]
Os presos ammontoam-se na cella. Cocô fazem no chão, por um buraco. Alguns dormem deitados, pois no tacco confiam do xerife, que é quem zela.
Às vezes, um ou outro ao Cão appella e vira satanista. Lambe o sacco do lider duma seita. Tal velhaco se impõe, mais tarde, em torno da favella.
De dentro do presidio, seu commando se expande externamente e todo um bando de noias e soldados organiza…
É tudo commentado, menos quando se falla de quem lambe e está chupando os pés do bambambam, pois nem precisa…
SONNETTO CONCENTRACIONARIO
[13.362]
Confina-se num campo o povo inteiro que estava alvo tornando-se da seita satanica que, em guerra, não acceita as raças que de bichos teem o cheiro.
Na guerra, vale tudo. O carcereiro diverte-se estuprando, se deleita pisando na cabeça de quem deita por terra. São milhões em captiveiro.
As scenas, hoje em dia, não são mais secretas como outrora. Pela tela podemos ver humanos animaes…
Ao Papa, a Satanaz, alguem appella, mas, sendo só rhetoricos taes ais, o crime impera. Alguem a sunga mella…
SONNETTO TORCIONARIO [13.363]
Aquelle que interroga algum bandido detido não tem muita paciencia com gente que se nega a contar. Vence a razão de quem indaga, não duvido.
Mas, caso o preso teime, decidido a nada revelar, uma sciencia se impõe: a da tortura. Havendo urgencia, respostas surgem. Mas… resta a libido.
Trabalham os agentes, mas tambem divertem-se e bom sarro tiram, ora! Quem foi que não chupou, si soffreu? Hem?
Os methodos variam, mas quem chora no pau, pau chupará. Mais tarde, sem chiar, implora a rolla. Até decora.
SONNETTO ARBITRARIO [13.364]
Quem é que irá chupar? Eu que decido, pois, sendo o carcereiro, si de lua estou, excolho o mano que, na rua, mais crimes commetteu. É divertido.
Da cella, appós tirar o tal bandido, obrigo que se deite, expondo sua carinha para cyma. A sola nua lhe empurro pela bocca, assim mantido.
Por isso, no serviço, uso chinello de dedo: fica facil descalçal-o si para certas practicas appello…
O mano chupará frieira, callo, chulé forte e, sem pejo, lhe revelo, Glaucão: chupa, depois, um sujo phallo.
SONNETTO VISIONARIO [13.366]
Um cego me explicou o que seria vidente ser, ja que elle tinha dom. Bastante impressionado fiquei com a sua descripção da dystopia.
Me disse que este mundo poderia ser pelos chimpanzés tomado, um bom exemplo do que seja aquelle tom ironico da absurda theoria.
Dos conspiracionistas a versão suggere que teremos o tesão daquelles macaquinhos que supprir…
Não basta nelles bronha com a mão tocar, mas com a bocca. Com razão, será, de nós um cada, algum fakir…
SONNETTO MILLIONARIO [13.382]
Ganhei na lotteria, menestrel!
Sahir vou do serviço militar! Agora não preciso mais marchar, ja desde manhanzinha, no quartel!
Mas ‘inda amigos tenho, de fiel convivio, com quem posso conversar accerca dum paiz tão singular tal como o nosso, um typico bordel!
Aqui, quem tenha grana, como tenho, contracta as prostitutas mais polacas, aquellas que melhor teem desempenho…
Glaucão, que com mulher tu não emplacas bem sei, mas só te conto que rouquenho estou, de tanto orgasmo! Gozei pacas!
SONNETTO REVOLUCIONARIO
[13.383]
À noite, no local allojamento, pappeiam os recrutas sobre como jogar a culpa toda no mordomo no caso de gorar o movimento.
Mas, caso o golpe vingue, que tormento irão elles impor! Gommo por gommo, farão alguem que coma, como como, a merda que cagarem! Eu aguento?
Ah, como creativos elles são! Que sonhos! Os communas comerão cocô todos os dias, como rancho…
Tambem eu sonho, claro. Meu tesão consiste em lhes lamber, desd’o dedão até no calcanhar! Ah, me excarrancho!
SONNETTO REACCIONARIO [13.384]
Os jovens, no local allojamento, à noite só cochicham sobre sua idéa de governo. Não recua ninguem do mais careta movimento.
No pappo dos recrutas, tudo lento e tudo devagar muda, na rua, nos paços, nos quarteis. Quem substitua um lider tem que estar, à tropa, attento.
Não devem os governos concessão fazer aos progressistas de plantão, sinão a nação toda degringola…
Nas horas de lazer, quando o pezão puzerem para cyma, algum peão terá que lhes lamber a grossa sola…
SONNETTO DISCRECIONARIO [13.387]
Terá que ser do jeito que eu quizer! Farei como os collegas que, de farda, estão neste quartel, Glaucão! Não tarda a marcha triumphal, dê no que der!
Depois que triumpharmos, meu mester será deter a marcha da vanguarda de esquerda! Ahi, Glaucão, te cuida! Agguarda só para ver quem faço de mulher!
Farei que communistas usem sua boccarra qual si fora a bocetinha mais funda da parochia, à minha pua!
Irei sentar, com gosto, nelles minha piroca auctoritaria, nua, crua, tal como nas putinhas eu ja tinha!
SONNETTO SEXAGENARIO [13.391]
Glaucão, dizem que estou ja na terceira edade, mas me sinto um meninão! Precisas ver que incrivel! Meu tesão ainda segue sendo de primeira!
Va la que de maneira punheteira eu goze commummente, mas me são tambem communs os lances na questão daquelles que desejam que eu os queira…
Sim, Glauco! Nem calculas quanta gente prefere ter com velhos um affair! Será que é minha cama bem mais quente?
Não tive muita sorte com mulher, mas varios molecotes que eu sustente seus habitos me pedem… Quem não quer?
SONNETTO GREGARIO [13.392]
Não falta quem divida allojamento à noite pappeando, num cochicho, contando o que faria caso um bicho pegasse bem de jeito. Os ouço, attento.
O bicho os fellaria, claro. Tento ouvir melhor. A lingua até que espicho, suppondo que lhes chupo o pau. Qual lixo lhes fede cada pé, mais chulepento.
De longe, me imagino delles perto, da cama ao pé, lambendo cada artelho que, dentro do cothurno, unctam, decerto.
Um delles tem pé chato que, parelho à tabua de passar, exhala aberto fedor de peixe podre… E eu de joelho!
SONNETTO INSANITARIO
[13.398]
Banheiros, quando publicos, Glaucão, são uma aberração! Que fedentina! Sim, focos de doenças, pois urina à bessa ao chão derramam! Porcos são!
Exsiste, todavia, a tal questão mais sadomasochista, que elimina contrarios argumentos! Se destina qualquer micção a alguem, por servidão!
Um servo, quando humilde, irá, na frente de todo mundo, o mijo degluttir dum mestre repressor e experiente…
Portanto, taes banheiros vão servir, ainda que insalubres, para a gente testar quem é, de facto, um bom fakir…
SONNETTO PORTUARIO [13.399]
Antigamente, Glauco, um porto tinha em volta aquelle intenso movimento de gente nos puteiros. Inda tento lembrar daquellas scenas… Uma vinha…
Ficou-me na memoria a tal putinha polaca, que serviço mais nojento fazia, accostumada: no momento da foda, não bastava a chupetinha…
A puta nossas partes todas, sem nenhum nojo, lambia, até lavar virilhas e testiculos, bem zen…
Mas ‘inda havia asseio mais vulgar, num anus e num penis, que tambem sujissimos estavam, por azar…
SONNETTO PENITENCIARIO [13.400]
Sim, fui um presidiario, cara! A gente não tinha nem direito de chiar! Nós eramos só mesmo, para azar, as victimas do mais cruel agente…
Comtudo, não bastava a repellente tarefa de lamber, até rallar a lingua, algum pisante de vulgar modello… Outro detalhe era frequente…
Os proprios occupantes duma cella fodiam-se entre si, como si fosse normal todos gozarem na barrella…
Chupei, amarga, cada picca doce que entrasse pela bocca… Não foi bella a scena que a memoria agora trouxe…
SONNETTO REMEDIAVEL [13.405]
Um dia, annunciou seu casamento o japa que eu chupava, por vontade, é claro, da familia. “Mas quem ha de chupal-o como chupo?” Um mau momento…
De mim ficou distante. Em pensamento, porem, lhe vinha a scena, jus a Sade fazendo, da mijada que me invade a sordida garganta, a qual enfrento.
Nas raras circumstancias em que estava mais longe da mulher, jogando tennis ou golfe, elle irrumava a bocca escrava.
Na rapida visita, ah, como o penis mettia com tesão! Ah, si mijava gostoso, com golfadas sempre infrenes!
SONNETTO INENNOJAVEL [13.427]
Não, Glauco! O melhor jeito para a gente dormir é ter orgasmo! Depois dum, a gente está mais grogue que bebum e immerge num torpor rapidamente!
Não vale ser com puta! Nada sente a gente si foder uma commum, daquellas que se ennojam com um pum e evitam engolir nossa semente!
Si puta for, terá que ser polaca!
Aquella, sim, nem liga para a “nhaca” das partes que terá de lamber, ora!
Um somno, com certeza, a gente emplaca, mas, antes, é gostoso ver a vacca de lingua dando um banho, rolla affora!
SONNETTO INTHEMATIZAVEL [13.460]
Os classicos não deram aval para as tuas artimanhas, Glauco! Não podemos um sonnetto compor tão podrão, malcomportado! Nunca, cara!
Não pode esse bom genero de tara fallar, nem de estuprados, com tesão, por sadicos pivetes! Do calão abusas! Nem Bocage tanto ousara!
Mal fallas tu dos passaros, das rosas, dos bardos que, em epistolas chorosas, lamentam a perfidia duma amada…
Só pensas em tormentos quando gozas! De vate escatologico tu posas! Não cabe, num sonnetto, disso nada!
SONNETTO VOLUVEL [13.472]
Agora ha pouco, mestre, eu só queria o rabo dar àquelle rapagão sarado, por quem tinha atroz tesão, mas logo resolvi que ja não ia!
E sabes por que? Lembro-me do dia em que elle me pediu para mandão virar e lhe comer o cu, razão me dando na noção de sodomia!
Te explico p’ra que entendas: dar o cu depende de veneta! De repente, mudamos nós de idéa, vendo um nu…
Si noto um pau mais flaccido, pendente, prefiro ser activo, pois tabu não vejo nesse lance incoherente…
SONNETTO INEXGOTTAVEL [13.498]
Pegando um tetraplegico, o subjeito que, sadico, se impunha, c’uma agulha seu olho quiz furar: “E então, seu pulha? Fará tudo o que eu mando, ou rollo e deito!”
Immovel, o coitado, que “Bem feito!” ouvira, com a lingua ja vasculha o rabo do mandão, que ordena: “Gulha! Exfrega a prega! Guenta! Ah, me deleito!”
Na bocca do mandado um cagalhão excorre mollemente, lingua abbaixo. É duro obedescer ao tal mandão…
Pensando nisso, sonho que eu encaixo os beiços nesse rego, donde vão sahindo mais cocôs, e gemo baixo.
SONNETTO
DA ESTUPRADA [13.525]
Ai, Glauco, foi horrivel! Eu em casa chegava, quando os dois entraram juncto! Roubaram-me e ‘inda tive que esse assumpto guardar! Um trauma desses não dephasa…
Sim, Glauco, me estupraram! Sei que rasa é delles a instrucção, mas lhe pergunto: P’ra que tanto sadismo? Ora, ao bestunto dou tractos, mas a mente não me embasa…
Sim, tive que chupal-os! Uns caralhos nojentos, fedidissimos, querido! Nem queira se excitar com taes trabalhos!
Depois que fiz gozar cada bandido, quizeram me mactar, mas foram falhos, pois vinha gente e logo tinham ido…
SONNETTO DOS ESTUPRADORES [13.526]
Verdade que estupramos a senhora que em casa ja chegava, cara! A gente entrou com ella. Fomos totalmente crueis. Curtimos isso, Glaucão, ora!
Porrada demos muita. Nossa tora chupou e, nesse gozo, minha mente curtia a morte della, appós a quente sessão. Porem tivemos que ir embora…
Soccorro vinha. Ahi, tempo não deu de vel-a agonizando. Ja morreu na minha mão um monte de estuprado…
Até dum motorista ja fiz eu um bello chupador, mas o plebeu livrou-se: chega gente e, então, me evado…
SONNETTO DO AMADORISMO [13.561]
Me faço um analysta, Glauco, para dizer o que é que eu acho dum veado que goste de chupar, mesmo forçado: É claro que elle nunca desmammara!
Na falta dessa teta, que é tão rara na vida dum bebê, de cujo lado a mãe tenha fugido, um bom achado seria chupar rolla doutro cara!
É claro que, entre paus e tetas, ha enorme differença, mas mammar um homem sempre sabe, camará!
Embora algum chupado nem seu par se diga, mas appenas quem terá mandado, o gay consegue prazer dar…
SONNETTO
DO PARALLELISMO [13.562]
Um cego chupador nem se compara commigo! Prostituta sou, polaca! Nenhum nojo terei, siquer de inhaca anal, prepucial, na minha cara!
Com minha lingua, lavo o que está para lavado ser: algum resto de caca, mycose de virilha, sebo paca na pelle dum caralho que mijara…
O cego, si chupar, nem cobrar pode! Appenas obedesce seu algoz, na marra, a cara a tapa! Só se fode!
Nós, putas, pelo menos temos voz activa! Alto gritamos quando um bode nos sangra anus e chota, a rir de nós!
SONNETTO DO ORGASMO [13.575]
Intenso por ser breve e breve por intenso ser, o orgasmo deveria mais longo ser, tal como uma agonia, ou como, sempre intensa, alguma dor?
Si intenso for e longo o orgasmo for, será que gozaremos? Hem? Seria o gozo desejavel, ou phobia teriamos do sexo? Que suppor?
O orgasmo, caso fosse menos brando que intenso, terminando não sei quando, acaso não seria agonizante?
Si fosse, era Satan quem, no commando, dictava a duração desse nefando excesso de prazer, de nós distante…
SONNETTO DA ACCEPÇÃO [13.576]
Caralho significa muito, ou seja, si digo que este é verso p’ra caralho, affirmo que expressou o quanto valho no officio que, de bardo, não me peja.
Caralho tambem nada, de bandeja, expressa, si eu contesto um acto falho: Fallei bem? O caralho! Ou seja, malho terei descido: “Nunca! Só gagueja!”
Caralho ser bem pode interjeição, dizendo si gostar irei ou não, signal de exclamação addicionado.
Depende do que entono, uma questão si estou emphatizando, mas tesão somente significa appós meu brado.
SONNETTO DO PURISMO [13.623]
Não gosto de excolher palavras, não. Aquella que me venha me será perfeita, si encaixar, ‘inda que má linguagem, numa força de expressão.
Que importa si excolhendo um palavrão estou? O que interessa sempre está ligado, na questão, a alguem que ja usou o mesmo termo faz tempão.
Bocage empregou? Prompto! Posso usar! Gregorio utilizou? Pois tambem eu irei utilizar, eis que exemplar!
Ninguem irá dizer que se fodeu quem tenha versejado, para azar dos criticos, com penna de plebeu…
SONNETTO DO PURITANISMO [13.624]
Glaucão, ja me cansei do puritano estylo dos poetas do passado! Agora só desejo ser lembrado por compta dum jargão assaz mundano!
Assim, como Bocage, eis que me uffano do torpe linguajar dalgum veado, dalguma prostituta, que bem dado ja tenham seus buracos a algum mano!
Qualquer religião, que se intrometta nos themas dum sonnetto, perderá seu tempo, pois a lyra não é peta!
Poetas são sinceros, pois não ha vergonha si elles dizem pau, boceta ou foda: quem chiou que tomar va…
SONNETTO
DO FETICHISMO [13.636]
Qualquer parte do corpo me enfeitiça, Glaucão! Bastante eclectico sou nessa historia de excitar-me e, bem depressa, me venho, como dizem à castiça!
Commigo ‘ocê concorda? Acha que a piça levanta si pensarmos só na peça de roupa, no calçado? Ou só começa por causa ja da pelle movediça?
Sei muito bem, Glaucão, da sua tara por pés e pelo cheiro que dos tennis emana, ardente, como ‘ocê declara…
Mas diga-me: seremos tão infrenes si for só por carinho? Se compara o sexo com sadismo? Ou são só genes?
SONNETTO DO COLLOQUIALISMO [13.643]
A gente nunca falla “assaz” nem “céus”. A gente falla “paca”, “p’ra caralho”. Tambem digo “caralho” si, paspalho, à toa me embasbaco p’ra dedéus.
Mandei a formal regra aos beleléus. Agora fallo um “oxe”, em acto falho, tal como um nordestino, pois attalho achei no humor dos leigos poviléus.
Em vez de “estamos junctos”, “tamo juncto”. Em vez de “estou cahindo fora”, “fui”. Em vez de “vamos rapido”, “partiu”.
É facil, pois, mudarmos um assumpto. Ninguem mais necessita ser um Ruy Barbosa: manda à puta que pariu…
SONNETTO DO TROVADORISMO
[13.665]
Tu foste trovador, Glauco? Fiquei sabendo que fizeste taes quadrinhas em grande quantidade! Tambem minhas quadrinhas faço! Como compor sei!
Então tua thematica foi gay, alem de pornographica? Mas tinhas me dicto que, nas trovas, castas linhas fazias! Hem, Glaucão? Me equivoquei?
Entendo… Um personagem teu, chamado por ti de Pedro Rocha, deturpava as trovas que compunhas? Que damnado!
Cahiste em putaria? Ah, ninguem lava a tua lingua suja, para aggrado de quem deseja a trova sem a trava…
SONNETTO DO IRRUMACIONISMO (1) [13.684]
Sim, vou irrumar, Glauco, si dum cara a bocca tenho toda ao meu dispor! O cara até que estrilla, mas, si for teimoso, mais augmenta a minha tara!
Penetro-lhe na aberta bocca para foder sua garganta com furor! Bombando vou mais fundo! Que se expor tem elle e, si chiar, uso outra vara!
As mãos algemo, os olhos vendo, sem nenhuma piedade! Engolirá a rolla, até que engasgue, esse refem!
Si cego fosse? Então nem razão ha, de facto, para a venda! Ah, Glauco, quem visão tem, approveita mesmo, tá?
SONNETTO DO IRRUMACIONISMO (2) [13.700]
Ah, mestre, é tão gostoso foder numa boccarra de cegueta! Ah, quem é cego bem chupa! Ah, como chupa! Assim, me entrego ao typo de prazer que, em transe, irruma!
De gozo precisamos! Quem assuma, na foda, a funcção propria achei, não nego, num cego! Si excitado, não sossego até que, em sua bocca, der mais uma!
Aquelle que perdeu sua visão (concordo com você) mais concentrado está para a chupada, sim, Glaucão!
Na falta do ceguinho que meu lado marrento satisfaz, vou (Por que não?) chamar você, que está bem preparado!
SONNETTO DO MEPHITISMO [13.740]
O sebo, que de esmegma alguns da digna sciencia teem chamado, me interessa por causa mais do cheiro que por essa feição de parmezão que se imagina.
Povoa a minha lyra fescennina aquella gente rude, que confessa jamais lavar o penis e não cessa de boccas foder. Ah, que gente fina!
É claro que quem tenha pau sebento mais goza quando o chupa algum ceguinho, pois este tem olfacto mais attento…
Adoro tal fedor. Si tem sebinho a rolla que chupar vou, me contento suppondo um podre queijo ralladinho…
SONNETTO DO DYNAMISMO [13.757]
Dynamica, a polaca aqui da zona de tudo practicou no seu cliente. Levou por traz, na frente e, paciente, levou tambem porrada, aquella dona.
Chupava cada pelle ensebadona! Lambia cada rego repellente! Bebia aquelle mijo que, ‘inda quente, lhe enchia a bocca! Alguem isso ambiciona?
Mas ella aguentou firme, para, agora, ter sua propria zona. Alli trabalha a nova geração. Grande senhora!
Polacas, hoje em dia, ja gentalha não são. A sociedade commemora, até, das prostitutas, a battalha.
SONNETTO
DO ECLECTISMO [13.758]
Ah, Glauco, sou eclectica! Sim, faço de tudo! Dou a chota, dou o rabo, masturbo, chupo… Sim, faço o diabo! Usando um cincturão, tiro um cabaço!
Uns dizem que de lesbica não passo, mas acho que se engannam, pois accabo servindo, Glau, de escrava! Até me gabo de mestra ser do sexo mais devasso!
Extranha que se possa ser escrava e mestra ao mesmo tempo, menestrel? Não tenho, Glau, na vida a menor trava!
Às vezes puta, às vezes a cruel villan dominadora, às vezes brava, às vezes docil, faço o meu papel…
SONNETTO DO ENTENDEDORISMO [13.763]
Os putos, menestrel, em Portugal, não passam de meninos, de gurys! É foda, pois aquillo que se diz por la não quer dizer, ca, coisa tal!
Mas putas, la, são putas mesmo! Mal não pensam das meninas e imbecis não são de denegril-as! Eu juiz não sou dos linguajares, affinal!
Chamei de mocetona pudibunda aquella senhorita que, ‘inda casta, mantem-se virgem, mesmo pela bunda…
Mulher que se disputa, aqui, não basta dizer que seja puta, nem redunda quem acha que é seu filho um pederasta…
SONNETTO DO IRRUMACIONISMO (3) [13.771]
Mas sabe o que me excita mesmo, cara? É minha rolla, a fundo, pôr nalguma garganta! Mais desfructa quem irruma, sabendo que engasguinhos causa a vara!
Deleito-me bombando, Glauco, para gozar sem pressa alguma! Ah, quem assuma que encara sacrificios faça duma boccarra a chochotinha! Ha quem compara!
Os olhos da mulher eu sempre vendo emquanto vou fodendo seu buraco buccal! Quero que esteja nada vendo!
No caso dum masoca cego, eu saco que a venda é dispensavel, pois entendo que estou a fornicar alguem mais fracco…
SONNETTO DO REGIONALISMO [13.773]
Depende do logar. Irrumação é termo que, erudito, não se emprega em muitas regiões. A algum collega de estado mais distante, é palavrão.
La dizem, por exemplo, “fodeção de bocca”. Alguns preferem, nessa brega cultura de bordel, de “foda cega” chamar uma forçada fellação.
Na practica, a garganta que, profunda, irá servir daquillo que, na bunda, é furo de enfiar, será bombada.
Quem fode nem se importa: com jocunda postura, a rolla affunda. Assim, redunda si falla que não coube entrar mais nada…
SONNETTO DO PAGANISMO [13.774]
Glaucão, no paganismo não vigora aquella “posição de missionario” christan! Quem é pagão tem mesmo um vario menu de posições, uma plethora!
A minha preferida vou agora lhe expor. Um orificio não tem pareo: a bocca da mulher! Ha quem compare-o à chota, mas a bocca melhor ora!
Alem de bem rezar, na bocca a gente consegue enfiar fundo uma piroca até ver que se engasgue e não aguente…
Deleito-me com isso! Si é masoca ou não a puta, estou indifferente! A rolla num gogó bem se colloca!
SONNETTO
DO MESSIANISMO [13.775]
Um lider messianico precisa ser sadico, Glaucão! Sua mulher terá que engolir rolla, si quizer fazer jus à funcção da lingua lisa!
A dama, si quizer viver de brisa, irá cumprir, na cama, si puder a fundo supportar, o seu mester de puta fellatriz! Se especializa!
O lider, quando a fode pelo oral buraco, quer sentil-a se engasgando, afflicta, asphyxiada: acha legal…
Mas nunca appenas uma a seu commando está: de vez em quando, o maioral penetra, de escravinhas, todo um bando!
SONNETTO DO TRABALHISMO [13.776]
Comparo um operario, Glaucão, ao subjeito de garganta assaz profunda que vive se fodendo, o que redunda em odio a quem galgou alto degrau.
O filho do patrão, sendo um vagau, é mais filho da puta ainda. Abunda a raiva dos peões e se approfunda por causa desse esnobe em alto grau.
O joven sempre excolhe algum peão que tenha a bocca grande. Então a fode bem fundo, desfructando do tesão.
Aos outros peões, quando lhes accode a raiva, que é que resta? Tem razão o dicto popular: Quem pode, pode…
SONNETTO DO SCEPTICISMO [13.777]
Não creio, menestrel, que quem nos mette a rolla bocca addentro vae, um dia, ficar com dó da gente! Acho utopia pensar em nos livrarmos do boquette!
Teremos que engolir esse croquette inteiro que, bem duro, se sacia emquanto nos fodemos! Quem iria luctar contra a licção que se repete?
Ha seculos, quem dicta a lei escreve que temos de encarar a rolla dum patrão sem protestar nem fazer greve…
Faz algo o syndicato? O mais commum é vermos um pellego achar que deve deixar-se irrumar, para ter algum…
SONNETTO DO SURREALISMO [13.778]
Paresce surreal, Glaucão, mas é a scena mais real na sociedade! Patrões fodem peões à saciedade e zombam das agruras da ralé!
Sentido figurado, bote fé, não faço quando digo que de Sade discipulos são esses patrões! Ha de algum nos irrumar a bocca, até!
Eu mesmo, menestrel, ja fui fodido na bocca pelo filho do patrão, que em mim bem satisfez sua libido!
Hem? Vae um operario dizer não? Alguma chance tenho si revido? Quem pode mais, Glau, sempre tem razão!
SONNETTO DO SADOMASOCHISMO [13.779]
Foi hontem, Glauco, o dia vinte e quattro de julho! O que é que, então, se commemora? O sadomasochismo! Sim, vigora aquillo que não chamo de theatro!
Você confirmará, ja que num atro breu vive e muita rolla chupa, agora! Alguem que irrumar queira, a qualquer hora, dirá: “Chupa, que Sade eu idolatro!”
lhe enfiam na garganta a rolla dura e engasgue-se você, ja que está cego! Assim o seu azar, Glaucão, perdura!
Os sadicos no mundo são, não nego, aquelles que estarão, numa futura elite, em nossa cruz battendo o prego!
SONNETTO DO DADAISMO [13.780]
Tentei sonnettizar o que é dadá, mas tive que deixar de lado o meu intento, pois pensar em algo deu em nada, ja que em nada tudo dá.
No maximo, um poeta dadá ja junctou algumas syllabas. Rendeu poema? Bem, depende do que seu conceito de poema acceitará…
Tomemos um vocabulo que rhyme com “ão”: “irrumação”. O que se espera que eu faça com palavra tão sublime?
Terei que, na garganta, -- Quem me dera! -deixar que esse invasor que nos opprime bem rhyme com tesão. Rhymei? Pudera!
SONNETTO DO MUNDANISMO [13.788]
Disseram que levei vida mundana, que eu era prostituta, Glaucão, ora! Alguem na sociedade vae, agora, querer me condemnar? Que gente insana!
Na vida, a mulher casta só se damna! Mal della todos pensam! Da senhora catholica duvidam, pois quem ora em publico commentam que é sacana!
Da casta, ja que o povo desconfia, prefiro ser mundana mesmo, porra! Encarno sem pudor a putaria!
Não fallam de você, caso discorra accerca da cegueira, que devia chupar? Pois chupe! Estamos em Gomorrha!
SONNETTO DO ONANISMO [13.791]
Que tenha accontescido uma vez, ja me basta, Glauco, para alimentar innumeras punhetas! Em logar de muitas adventuras, uma dá!
Exemplo: me fizeram lamber, la no bairro (uma quebrada de lascar) uns tennis cujas solas, para azar meu, tinham até merda, Glauco! Gah!
Sim, tive nojo, claro! Só lambi na marra! Ja bebi, tambem, chichi assim, sendo forçado! Mas depois…
Ah, Glauco! Que punhetas eu batti! Melhor do que brincarmos nós, aqui, fingindo masochismos taes, a dois…
SONNETTO DO PARASITISMO [13.800]
Mas, Glauco, trabalhar, eu? Não preciso! Sim, vivo de mezada, sou nem nem! De graça meu tostão e meu vintem me chegam! Bah, que façam mau juizo!
Assim eu, à vontade, em bichas piso, divirto-me fazendo de refem um cego do seu typo, que me vem cumprir o que lhe excolho, de improviso!
Sim, posso, de repente, lhe mijar na bocca, lhe enfiar pela garganta a rolla, até que engasgue, devagar…
Mas caso mamãe chegue, ella se expanta, por isso do meu quarto vou fechar a porta si fizermos farra tanta!
SONNETTO
DO CONTORCIONISMO [13.802]
Chupaste, menestrel, teu proprio pau? Não? Nunca conseguiste? Pois eu, sim! Sou magro, sou franzino! Para mim é facil! Me excitei, chupei… Babau!
Te ensigno! Pões os pés sobre um degrau mais alto! Então, te curvas bem! Assim! Agora tu te chupas! É ruim a tua posição? Foi jeito mau?
Ficaste, Glauco, todo dolorido? Façamos o seguinte: tu me chupas, te chupo, ora! Applaquemos a libido!
A porra vae jorrar em catadupas, verás, Glaucão! Não queres? És cahido mais pelo meu pé? Dou-te, então, uns upas!
SONNETTO DO ACHISMO
[13.811]
Não quero deixar sujo o pau de bosta, por isso só na bocca fodo. O cara que eu fodo, sem excolha, prompto para a foda tem que estar. Sei que não gosta…
A foda de que eu gosto foi-lhe imposta por causa duma apposta que elle ousara fazer. Como perdeu, ja se prepara de novo para a foda. Ja se encosta…
Ordeno que elle encoste sua nucha na beira da poltrona. Ahi, lhe metto a rolla, até gozar um gozo duca…
Mas sabe o que é que eu acho? O seu sonnetto, Glaucão, tem que fallar disso… Se educa, assim, o seu leitor, eu lhe prometto…
SONNETTO DO NUDISMO [13.813]
Só tiro minha roupa si puder, na praia, de pau duro ficar, ora! Vergonha não terei duma senhora que exhiba, na nudez, o que quizer!
No clube entrarei quando uma mulher puder tirar as mammas para fora, mostrar sua boceta, quando chora em busca dum caralho de colher!
Emquanto o moralismo não deixar que entremos pelladões e de pau duro, alli não acharei o meu logar!
Mas, quando ja puder, eu asseguro que irei sem compromisso! Si eu brochar, será porque mocréas não atturo!
SONNETTO DO IRRUMACIONISMO (4) [13.816]
Os labios entreabrem-se, de inicio num beijo que, de lingua, abriga a glande. Mas logo o pau ja cresce e ja se expande, deixando, de pudor, qualquer resquicio.
Affunda bocca addentro, pois propicio se torna tal buraco para a grande funcção oral que emprega, à força, affan de total dedicação para tal vicio.
O vicio de irrumar occorre quando um homem evitar quer a sujeira fecal dum outro vicio, que é nefando…
Então o penis bomba, de maneira mechanica. A garganta, ao bel commando dum macho, faz aquillo que elle queira…
SONNETTO DO INUTILITARISMO [13.819]
“Um cego para nada serve!”, disse aquelle que trabalha numa casa que abriga taes invalidos. Mas praza aos céus que elle se enganne! Que tolice!
Não acha, Glaucão? Ora, si elle visse quão habeis elles são quando se casa a bocca com a rolla! Nunca attraza a foda quem no coito oral os pice!
Você ja foi piçado, não foi, Glau? Chupou bem? Approvado foi? Que tal? Ja sabe engolir fundo um grosso pau?
Então! Inutil nada! A natural funcção dum cego, digna dum dez grau, será mesmo fellar! Poncto final!
SONNETTO DO INFANTILISMO [13.820]
Vi quando um cego, interno de instituto do genero, tractado qual creança, ficara de castigo. Nada mansa, a vida num regime que é tão bruto…
Só pelo que vi, mestre, eu logo chuto que fazem desses cegos, sem tardança, escravos sexuaes! Esse que dansa ja sabe que será feito de puto…
Farão que elle, depois dum treinamento, capaz seja de, inteira, alguma picca chupar até que exporre cem por cento!
Ouvi fallar do treino: o cego fica com nauseas, engasgado, mas, attento às ordens, qual creança, aguenta a zica…
SONNETTO DO FATALISMO [13.823]
Não, Glauco! O meu azar está previsto ja desde que nasci! Não addeanta dizerem que livrar minha garganta eu posso duma foda! Longe disto!
Nem Buddha, nem Satan, nem Jesus Christo me salvam desse azar! Até me expanta que digam: si eu orasse para a Sancta, podia me salvar! Jamais! Desisto!
Orei -- Você bem sabe, Glauco! -- para meu proprio padroeiro, mas ouvi só risos e chacotas pela cara!
Ouvi que beberia até chichi, depois de, na garganta, levar vara! Bem fundo fui fodido por aqui…
SONNETTO DO TRADICIONALISMO [13.824]
Sciente estou da velha tradição imposta pelas bruxas satanistas, da qual foram deixadas muitas pistas nos livros de magia! Como não?
Um anus bem fedido tem o Cão! Ainda assim, estão sempre previstas, nas missas do Sabbath, as masochistas lambidas no trazeiro do mandão!
Mas reza a tradição, alem da bunda beijada, que Satan nos foda, a fundo, a bocca, da maneira mais immunda…
Fallei ja muito disto, mas redundo: Satan nos mija! Ahi que, então, affunda a rolla, até gozar, com ar jocundo!
SONNETTO DO BELLETTRISMO [13.825]
Não acho um passatempo, Glaucão, nossa tendencia ao bom lyrismo fescennino! Noções taes apprendi com Aretino, Bocage e Madragoa! A gente endossa!
Não creio que qualquer critico possa dizer que, só por hobby, eu imagino as scenas mais pornôs que, de menino, na pelle ja vivi! Sou casca grossa!
Levei, ja, muita rolla na garganta, mettida sem a minima attenção às minhas afflicções! Nada me expanta!
Nos versos, approveito tal licção: Só pode ser authentico quem canta as dores e prazeres do tesão!
SONNETTO DO FELLACIONISMO [13.827]
Prefiro chupação de rolla, meu carissimo Mattoso! Uma mulher nem sempre faz aquillo que requer um homem exigente que nem eu!
Mulheres chupam mal! Uma me deu dentada, até! Mas acho de colher uns cegos, que farão o que eu quizer que façam! Quem é cego me entendeu!
Primeiro, o cego mamma na cabeça… Ahi, vou affundando o pau até gozar, e que ninguem desobedesça!
Supponho que elle tenha alguma fé na propria salvação, ja que de espessa langonha até se engasga… Azar, ué!
SONNETTO DO PHALLOCENTRISMO [13.844]
Caralho! Sempre em torno do caralho as outras coisas gyram, Glauco! O meu à volta toda labios tem, pois eu chupado sou bastante: é meu trabalho!
Sim, cobro caro, claro: o quanto valho! Um phallo baita assim sempre fodeu as boccas mais burguezas e rendeu mais grana que qualquer penduricalho!
Papae era juiz, ganhava bem, e eu sempre fui authentico nem nem… Porem fui desherdado! O que me resta?
Mas centro do universo sou, e sem nenhum constrangimento! Sempre vem alguem que quer commigo fazer festa!
SONNETTO DO NATURISMO [13.845]
É muito natural andar pellado! Não achas, menestrel? A gente fica à toa, ballançando nossa picca, sem pressa, para tudo quanto é lado!
O clima pode estar até gelado, mas nosso caralhão exemplifica aquella liberdade, dada a dica, que sempre desejamos no passado!
Somente na actual contracultura pudemos defender nossa nudez daquelles que estimulam a censura!
Mas noto, Glau, que está qualquer burguez clamando pela volta de quem jura que irá nos mutilar com a torquez!
SONNETTO DO IMMASTURBACIONISMO [13.859]
Não gosto de punhetas, Glauco! Quero taes vicios evitar! Quero ser casto! Com biblicas leituras eu me basto! Livrar-me dos peccados é o que espero!
Duvida de mim, Glauco? Sou sincero! Jamais o pau chupei do meu padrasto! Com putas minha grana jamais gasto! Não sente, então, firmeza no meu lero?
Digamos que eu cedi, certa vez, ao peccado, que enrabado fui alguma vez pelo meu irmão, que chupei pau…
Mas nunca admittirei que elle me irruma, que está sendo, commigo, muito mau, que, em sonho, seu escravo sou, em summa…
SONNETTO DO IMMETTECIONISMO [13.860]
Não gosto de irrumar ninguem, Glau! Quero taes vicios evitar! Quero ser casto! Com biblicas leituras eu me basto! Livrar-me dos peccados é o que espero!
Duvida de mim, Glauco? Sou sincero! Jamais eu irrumei o meu padrasto! Foder boccas é vicio mui nefasto!
Não sente, então, firmeza no meu lero?
Digamos que eu pedi, certa vez, ao meu primo, que me fosse escravo, numa sessão de chupação, que fui bem mau…
Bah, posso confessar: sou quem irruma meus primos, meus irmãos! Sim, metto o pau garganta addentro delles, Glau, em summa!
SONNETTO DO RELATIVISMO [13.876]
Depende, menestrel. É relativo. Si eu fodo devagar, para bombar, aos poucos, uma bocca, até vae dar p’ra alguem me supportar, si for passivo…
Comtudo, si quem chupa dá motivo à minha posição mais cavallar, eu tracto de foder até engasgar o gajo! De ser bruto não me exquivo!
Eu, quando fodo fundo uma boquinha pequena, ah, sou cruel! Fodo na marra! Ahi ninguem tem fome egual à minha…
Mas, quando vou gozar numa boccarra de cego chupador, até que tinha razão quem me fallou que elle se ammarra…
SONNETTO DO TRAVESTISMO [13.877]
Glaucão, quando me visto de mulher não sinto que fiquei tão feminino! Nem molle meu cacete é pequenino! Não viro uma mulher quando quizer!
Invejo quem se vista por mester, fazendo viração, mas me previno, pois vejo o que succede si é franzino o gajo que, na rua, agguarda affair…
Um dia, a molecada me pegou vestido de garota de programma e tive que, na marra, dar um show…
Chupei, tomei tapão na fuça! Fama levei de masochista, mas não sou tão fan do travestismo. Sinto o drama…
SONNETTO DO CAYPORISMO [13.879]
Não, Glauco! O meu azar foi decidido ja desde que nasci! Não addeanta dizerem que livrar minha garganta eu posso duma foda! Não decido!
Nem mesmo Jesus Christo, compungido, me salva desse azar! Até me expanta que digam: si eu orasse para a Sancta, podia me salvar! Jamais! Duvido!
Orei -- Você bem sabe, Glauco! -- para meu proprio padroeiro, mas ouvi só risos e chacotas pela cara!
Ouvi que beberia até chichi, depois de, na garganta, levar vara até do mais franzino travesti!
SONNETTO DO PRIAPISMO [13.890]
Glaucão, meu pau não fica molle, eu sei!
Punhetas mil eu batto todo dia, relendo uma arrectada putaria, mas nunca ammollescer mais eu irei!
Bocetas nem almejo! Não sou gay, mas, feio qual um ogro, quem iria querer ser mulher minha? Nem a thia mais velha aqui da villa cobicei!
Appenas me masturbo, sem siquer um minimo minuto de descanso, na falta dum buraco de mulher!
Agora me toquei: Quem sabe manso não fica meu caralho si eu puder foder um cego? Faço um bom ballanço?
SONNETTO
DO ORALISMO [13.904]
Eu, quando ordens repito, dizer quero que estou, sim, no commando desta acção e exijo que esse estulto veadão engula a minha rolla! Sou severo!
Não gosto de gastar muito o meu lero, pois sei como os masocas todos são! Precisam de incentivo! Mas eu não dou trella aos meus escravos! Chance zero!
Não basta appenas ordens dar! Não peço favores de quem chupa! Na garganta do gajo fazer quero mais progresso!
Meu pau mais enduresce e mais levanta si entrar-lhe pela bocca, pois não meço centimetros! Que meça quem se expanta!
SONNETTO DO PENETRACIONISMO (1) [13.923]
Glaucão, só faço sexo si não for preciso penetrar, seja no cu, na bocca, na boceta… Acho um tabu damnado fallar disso, trovador!
Hem? Temos que metter? Quem mettedor não for não fará sexo? Ora, si eu, nu, appenas me masturbo ou, como tu, me exfrego num pezão, que irei suppor?
Exsistem mil maneiras de gozar na cama com alguem, ou fora della! De falla acho que tenho meu logar!
Concordas tu commigo? Ora, me fella, então, que te deixar irei sem ar, depois de penetrar tua goela!
SONNETTO DO PENETRACIONISMO (2) [13.924]
Glaucão, batter punheta acho melhor que sexo fazer numa namorada ou mesmo numa puta, ja que nada supera algo que faço bem de cor!
Meu pau eu manipulo, sem suor gastar demais nem grana ver jogada no lixo duma zona reputada por baixo, com bandidos ao redor!
Hem, Glauco? Na punheta a gente pode fazer o que quizer, pois phantasia não falta a quem, na mente, todos fode!
Eu fodo o meu patrão, a minha thia, até mamãe, sem que ella se incommode, até mesmo um ceguinho… Quem diria?
SONNETTO DO PENETRACIONISMO (3) [13.925]
Tu podes, pela bocca de quem fella a tua rolla, achar prazer total si entrares da maneira habitual que eu entro, penetrando na goela!
Maneira bem gozada foi aquella dum video que vi, Glauco, pois o tal subjeito que engolia aquella mal lavada rolla a achava até que bella!
Occorre que era cego o tal subjeito! Aquelle que irrumava, por seu lado, teria todo typo de defeito…
Gordão, suado, banho mal tomado, na pelle do caralho uma amarella camada de sebinho… Ora, achei sado!
SONNETTO DO PENETRACIONISMO (4) [13.926]
Bom mesmo, menestrel, é penetrar a raba appertadinha de quem não deu nunca aquillo para a fodeção e espera que nem mesmo va sangrar!
Só quando o pau entrou irá, sem ar, pedir-me, pelamor, que eu saia! Ah, quão gostosa será toda a sensação de estar, Mattoso, dores a causar!
Mais fica sem ar quando, não no rabo, porem na bocca, affundo o meu caralho! Ahi que mais contente, então, accabo!
Foder uma garganta dá trabalho menor que pelo rego, si eu me gabo de entrar com tudo, ja que nunca falho…
SONNETTO DO PENETRACIONISMO (5) [13.927]
Glaucão, quando penetro numa chota appenas com a lingua, às vezes penso causar, nessa mulher, prazer immenso, mas acho que ella ainda faz chacota!
Ri muito, como quando uma anecdota escuta alguem contar! Eu fico tenso, temendo não lamber direito: um lenço lingual passei, mas nada alli se exgotta!
Um molho de salada acho que engulo, com gosto de vinagre e sal, mas ella exige que eu empregue termo chulo…
Então direi que estive, na panella, mettendo uma colher que, dando um pullo de susto, se queimou! Dei noção bella?
SONNETTO DO EROTISMO [13.928]
Erotico o que pode ser, Glaucão?
Mulher peituda aggrada mais alli?
Bunduda aggrada ainda mais aqui?
Pé masculo provoca algum tesão?
Alguns por traz metter excolherão?
Alguem, si dor nos outros causar, ri?
Alguem preferirá beber chichi?
Alguns exigirão a fellação?
Eu acho que erotismo, Glaucão, é tal como um popular supermercado: de tudo se verá para a ralé!
Ao gosto mais selecto ou refinado, o sadomasochismo bom filé será, de procedencia sendo o gado…
SONNETTO
DO PLATONISMO [13.935]
Amor, quando platonico, nos pega de jeito. Nunca achamos a razão, mas, quando uma pessoa, na visão da gente, inspira amor, é paixão cega.
Por vezes um vizinho ou um collega desperta amor na gente. Nem a mão jamais nos deu, mas ‘inda assim paixão inspira. A gente, então, ja não sossega.
Passei por uma dessas, menestrel. O gajo nem sabia, mas eu tinha desejo de ser, delle, par fiel.
Um dia, percebeu que estava a minha caceta assaz erecta, mas bordel achou, melhor, na casa da vizinha…
SONNETTO DO ANTISOCIALISMO [13.945]
Ah, foda-se, Glaucão! Ja sou fodida, você sabe! Não quero, de ninguem, nenhuma compaixão! Que elles tambem se fodam! Me interessa a minha vida!
Implicam com meu vicio na bebida, nas drogas! E dahi, Glau? Ninguem tem com isso nada! Agora alguem ja vem dizer que para a missa me convida!
Que missa? Nem catholica sou! Fora estou dessa vidinha social hypocrita, que tudo commemora!
Não quero celebrar nada! De mal fiquei com todo mundo! Mas tem hora que eu fallo com você, que é marginal…
SONNETTO DO PROFISSIONALISMO [13.972]
A puta, antigamente, só seria, na sua profissão, boa de facto, si, docil, bem soubesse dar um tracto de bocca no cliente, sem phobia!
Sim, Glauco! Uma polaca bem sabia lamber, chupar, cumprir todo o contracto que, tacito, lhe impunha seu sensato agente, sem nenhuma rebeldia!
Ah, tinha que engolir um pau, até no fundo da garganta, mas tambem de lingua dava banho, sem migué…
Lavava as partes intimas de quem fedesse, de tão sujo! Meu chulé, bem sabe você, causos causou, hem?
SONNETTO DO DETALHISMO [13.973]
Glaucão, quando uma puta me dá banho de lingua, della quero que, em redor das bollas e do pau, seja maior a sua applicação, sinão, extranho!
Mas, quando chega ao cu, mais eu me assanho, sabendo que ella, alem do meu suor, irá saborear o que é peor que porra, que chichi, que puz, que ranho!
Nos minimos detalhes quero que ella perceba que eu, em cada pormenor, sou esse que, sem pejo, desmazella…
Você, que ficou cego, ja de cor conhesce cada cheiro quando fella ou serve, de papel, até melhor…
SONNETTO DO CATECISMO [13.976]
Folhetos pornographicos, quem não, um dia, folheou? Talvez durante as aulas, escondidos com bastante cuidado, num caderno… Né, Glaucão?
Eroticos quadrinhos eram tão artisticos! Não acha? Quem garante que esteve esse artezão, a alguem que cante seu genio, tanto tempo com tesão?
Aquelles quadrinhistas não serão pseudonymos dum unico artezão? O traço dos caralhos se paresce…
Quem sabe si imitassem, do ballão aos corpos desenhados, nossa mão querendo, na braguilha, fazer prece?
Glaucão, a cabeçorra do meu pau sensivel é demais! Por isso, quando estou, do meu escravo, no commando, exijo submissão no maior grau!
Na hora de irrumar, ordeno -- Uau! -que lamba a glande em toque muito brando, a lingua molhadinha deslisando, até que eu bem me excite! Então, eu… Crau!
Penetro-lhe, bem fundo, na goela e, quando sinto um ecstase na glande, exporro, sem ao servo dar nem trella…
Que importa si meu pau é muito grande e engasga seu gogó? Quem bem me fella ja sabe como um orgam tal se expande…
[SEGUNDA PARTE]
LABORATORIO ONIRICO
SONNETTO DO PROGRAMMA EXPANDIDO [13.126]
Daquella vez, chamei um cara até mais sadico que muitos outros, sem suppor que viraria seu refem em sarros typo tractos de polé.
O gajo, vendo um cego que não é capaz de reagir, sorriu e, bem cruel, me poz algemas. Poz tambem na bocca aquella bolla. Até seu pé.
Mãos para traz, de bruços rastejei, pisado pelo corpo. Ja podendo fallar, pude implorar. Ah, si implorei!
Pedi para chupar. Sim, eu me rendo assim, pois, do contrario, um cego gay mais soffre, num programma tão horrendo…
SONNETTO DA SESSÃO DE HUMILHAÇÃO [13.145]
Daquella vez, o gajo mandou que eu lambesse todo o piso do banheiro. Tentei obedescer e fui, primeiro, em volta da privada, mas não deu.
Senti fedor de mijo, molhei meu nariz e recuei. Pelo trazeiro levei uns ponctapés. Eis que esse cheiro fedia menos. Ja me convenceu.
A lingua fui rallando pelo chão bastante empoeirado, muita vez topando com o tennis do mandão.
Erguendo um pouco o bicco, o gajo fez que eu desse no solado um toque e não deixasse de entender que sou freguez.
SONNETTO
DUM PHALLO DE THALLO [13.156]
Daquella vez, fizeram que eu chupasse, de toda a turma, cada sujo pau. Ouvi quando gritaram, alto, um “Uau!” na hora de estuprarem minha face.
Tal como certas putas que, sem classe, engolem fundo, tive que, dum mau menino, o mais marrento catatau, servir de fellador. Que torpe impasse!
Ja tinham me privado da bengala e estive de joelhos, quando o tal pivete me estuprou! Que puta mala!
No sonho, supportei, mas hoje mal supporto, na garganta, até tornal-a feliz, uma piroca assim, total!
SONNETTO
DA COPROPHAGIA SUPPOSTA [13.157]
Daquella vez, fizeram que eu comesse cocô, sendo filmado numa scena pornô das mais nojentas. Não pequena foi minha repugnancia a um troço desse…
Não, nunca tive, em sonho, um interesse em practicas coprophagas. Sem pena, usaram minha bocca. Quem condemna, comtudo, tal conducta? A scena fez-se!
No meio da calçada, alguem cagara e toda a turma, agora, me fazia naquillo metter esta cega cara!
Será que ‘inda consigo ter, um dia, coragem de verdade? Não, tomara que nunca! Só suppuz coprophagia!
SONNETTO DUM CU CUIDADOSO [13.160]
Daquella vez, na minha phantasia, eu dava, sob ammarras, o meu rabo. Commigo elles fizeram o diabo: rasgavam, arrombavam… Eu gemia.
Sabia que, depois dessa sangria, nem pregas eu teria mais. Foi nabo. Foi barra. Foi pedreira. Assim, accabo morrendo de hemorrhoidas -- Hem? -- um dia…
Na vida real, nunca que enrabado eu fora com tamanha crueldade.
Ainda assim, não foi do meu aggrado.
Doeu, sangrou, causou fissuras… Ha de fallar alguem que estou tendo cuidado demais com uma bunda ja de edade…
SONNETTO DUM SUGGESTIVO APERITIVO
[13.167]
Daquella vez, fizeram que eu chichi bebesse, de joelhos bem ao lado do vaso sanitario. Fui zoado bastante, pelos sadicos, alli.
Não pude fazer nada: nem fugi nem mesmo reagi, pois algemado estava. “Ah, nunca mais eu me degrado assim!”, commigo mesmo concluí.
Conforme elles mijavam, eu teria que estar de bocca aberta, a recolher o maximo daquillo… Uma agonia!
Não foi, naturalmente, esse prazer o pratto principal que eu poderia, no sonho, dar a alguem com tal poder…
SONNETTO DOS PECCADOS PAGOS [13.172]
Daquella vez, passou-se em plena rua. Mal fui desbengalado, bengalado ja fui. Me rasteiraram e, jogado ao chão, escutei vozes: “Senta a pua!”
Risadas davam: “Batte! Continua!” E vozes juvenis em cada brado ouvi: “Rasteja ahi, seu desgraçado! Tá cego? Que se foda! Culpa tua!”
Disseram que cegueiras são castigo. Alguem, ou filho ou paes, terá peccado. Peccado por peccado, o que é que eu digo?
Disseram: “De joelho, seu veado! Agora chupa! Paga ahi!” Consigo chupal-os, mas o sonho foi cortado.
SONNETTO
DA SCENA DO CRIME [13.184]
Daquella vez, disseram que eu teria que estar de bocca aberta, bem disposto a dar umas chupadas, mas com gosto, sentindo o paladar da porcaria.
Foi duro de engolir, naquelle dia, o queijo dos prepucios. No meu rosto pisaram de proposito, meu posto mostrando, sem pudores, qual seria.
Odor senti, bem nitido, do mijo que fica, nos pentelhos, adherido, emquanto degustava algum pau rijo.
Gostoso não chupasse, nem duvido que iriam, nesse impune esconderijo, mactar-me… Hem? Só num sonho faz sentido…
SONNETTO DO INTERLOCUTOR SEDUCTOR [13.185]
Daquella vez, perguntas elle fez: “Ficaste cego? Porra! Foi ruim? Enxergo bem! Inveja tens de mim? Te sentes mal, agora que não vês?”
“E então? Pés ja lambeste de michês? Com elles gastas todo o teu dindim? Precisas nesse vicio pôr um fim? É facil! Ser não queres meu freguez?”
“Tu queres chulé forte? Sabes quanto eu calço? Ora, que esperas? Achas que eu irei te explorar? Não! Nem cobro tanto!”
“Meu tennis a cor branca ja perdeu! Me pagas um novinho? Te garanto o cheiro mais podrão dum pé plebeu!”
SONNETTO DUM SCENARIO LATRINARIO [13.200]
Daquella vez, mandaram que eu pedisse perdão, adjoelhado bem em frente dum vaso mal lavado. Certamente, fiz tudo o que o mandão delles me disse.
Tentei argumentar, mas foi tolice, pois tive que lamber o repellente vestigio, quer de mijo, quer do olente cocô que, sem descarga, achei mesmice.
Estou accostumado com um sonho bem sadomasochista, no qual ponho a cara na bacia mais immunda…
Não acho tal scenario tão medonho… Peor é quando mandam que eu, tristonho, de todos que cagaram lamba a bunda…
SONNETTO
DO CERCO [13.282]
Daquella vez, sonhei com um marrento pivete, cujo sujo pé seria, talvez, o que tivesse essa macia e plana planta pela qual me tempto.
Cercou-me elle na rua, no momento em que eu, nesta diaria correria, estava a bengalar. Ninguem havia, por perto, que viesse em salvamento.
Immediatamente, esse sacana, jogando-me no chão, poz-me na cara, descalça, aquella sola rude e plana.
Depois de ter tragado o pó que entrara na bocca, ainda pude sua gana supprir, dando boquette. Hem? Puta tara!
SONNETTO DO SUMOKA [13.284]
Daquella vez, meu sonho um pé suppoz bem chato, mas bem chato mesmo, qual madeira que, na tabua, faz egual papel da linha recta. Alguem propoz:
“Você, que está ceguinho e que pornôs contactos apprecia, sensual na certa achar irá meu colossal formato, só visivel nos sumôs!”
De facto, pesadão me parescia aquelle gordo gajo que na cara me punha a prancha. Achei nada macia…
Pensei commigo: Porra, quem sonhara com algo tão bizarro? Uma agonia tamanha real pode ser? Tomara!
SONNETTO DO ESBOÇO [13.286]
Daquella vez, num livro de gravuras, desenho vi dum pé bastante plano, sem arco. Quem traçou, si não me enganno, alguem foi entre historicas figuras…
Da Vinci? Portinari? São obscuras as minhas referencias. Nem Fulano, comtudo, nem Beltrano tão insano proposito tiveram! Almas puras!
Eu mesmo sou quem, nesses bellos traços, supponho putarias que talvez expantem até bardos mais devassos…
Mas acho que, entre muitos de vocês, qualquer um pode, dentro desses lassos pisantes, ter taes pés! Serei freguez!
SONNETTO DO SUBJEITO SEM PREDICADOS [13.288]
Daquella vez, sonhei com um subjeito horrivel, bem mais feio que Satan. Sonhei que me tornara delle fan, mas, para meus botões, fallei: “Bem feito!”
O gajo tinha tudo de imperfeito que eu possa suppor: cara de tantan, disforme corpanzil, uma malsan imagem de bandido o mais suspeito.
Orelhas abbanando, nariz torto, dentuça de vampiro, olhos bugrinos, emfim, mais parescendo um vivo morto.
Mas chatos são seus pés, como os meninos de rua que eu cobiço. Descomforto me causa só que tenha dons divinos…
SONNETTO DO VESTIARIO [13.290]
Daquella vez, sonhei que estava alli, em pleno vestiario, depois duma partida varzeana. Quem assuma não falta, que nos gays faça chichi.
Mijado pelo time, então, me vi. Appós essa sessão, por mais alguma proposta lhes paguei. E quem me estruma primeiro? O zagueirão! É quem mais ri.
O time inteiro, pois, se divertia. Porem o melhor lance, em tal orgia, foi minha lingua nesses pezões chatos…
É sonho, sei bem disso. Mas un dia ainda a lingua passo -- Que euphoria! -nos pés de quem nem jogue em campeonatos…
SONNETTO IMAGINARIO
[13.343]
Daquella vez, pensei num truculento soldado que, depois duma battalha, occupa toda a aldeia que se expalha na zona conflagrada. Ah, que momento!
Fui feito prisioneiro. Me contento appenas em ser mesmo uma gentalha aos pés desse soldado, que me malha a bocca com seu penis fedorento.
Sou cego, o que, de facto, o fez suppor que eu faça meu papel de fellador e engula a sua rolla até que goze…
Estou quasi engasgando, mas, si for ver, tudo que engoli foi superior a um coppo de yoghurt… Hem? Que overdose!

Casa de Ferreiro
