Revista RP em Foco #22

Page 1

VIVER E EMPREENDER

O que fica daqui para frente após a Pandemia?

A CULTURA NA COMUNICAÇÃO

RPretas o olhar da comunicação para a cultura preta periférica

BUREAU DE RP

O Bureau de RP é o laboratório de aprendizagem do curso de Relações Públicas da PUCPR, que iniciou suas atividades em 2015, e, desde então, muitos projetos foram desenvolvidos pelos alunos para clientes reais. O principal objetivo é proporcionar aos acadêmicos uma experiência inicial do mercado de trabalho, assim, mesmo os alunos que acabaram de entrar no curso, têm a possibilidade de aprender fora da sala de aula e, ainda, trabalhar seu portfólio, item muito exigido na hora de procurar um estágio.

Por meio de metodologias ativas, os estudantes se tornam os principais agentes da sua aprendizagem, e os professores são mediadores do conhecimento. Como o Bureau tem o formato de uma agência de comunicação, partimos desse conceito “mão na massa”, um lema que a PUC tem levado, o hands on

Quer saber mais sobre o curso de Relações Públicas da PUCPR, acesse nossa fanpage.

(@relacoespublicaspucpr)

EDITORIAL

Olá, caro leitor

Que tempos difíceis estamos passando. Desde que a pandemia da COVID 19 começou, tivemos que nos adaptar e reinventar algumas vezes. Doenças emocionais, negócios precisando de criatividade para sobreviver, e muita dose de paciência. Não está fácil para ninguém, e o nosso tempo, aquele das atividades do dia a dia, talvez seja um dos mais afetados. E o que fica daqui para frente talvez seja um dos questionamentos mais feitos ultimamente.

Em todo esse período, uma das coisas mais importantes é ter empatia. Entenda, perceba e respeite a dor e o lugar do outro. Há pessoas que lutam por uma causa que é sua e de muitas outras, como o coletivo RPretas. Conversamos com as fundadoras do projeto para entender como atuam, a importância de se ter mulheres pretas na comunicação e como é a curadoria que elas fazem. Também olhamos para o que é nosso, os artistas locais. Que tal valorizarmos ainda mais o que é feito por aqui? E podemos dizer que tem muita coisa boa sendo produzida na terra do pinhão.

Boa leitura!

Acesse nossas edições anteriores

Ano 7 - Edição 22 - Nov/Dez 2020

Revista Laboratório desenvolvida na disciplina de Comunicação Interna por estudantes do 4º período do curso de Relações Públicas, da Escola de Belas Artes, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR)

REITOR

Waldemiro Gremski

DECANA DA ESCOLA DE BELAS ARTES

COORDENADORA DO CURSO DE RELAÇÕES PÚBLICAS

Francieli Mognon

COORDENADORA EDITORIAL

Carolina Pineli

COORDENADOR DE PROJETO GRÁFICO

Rafael Andrade

MATÉRIA EM INGLÊS

Tradução: Eduarda Caroline

MATÉRIA EM IESPANHOL

Tradução: Xavier Vásquez Freire

TEXTOS E DIAGRAMAÇÃO Estudantes da turma do 4º período de RP

Distribuição gratuita e dirigida

CONTATO

Curso de Relações públicas da PUCPR R. Imaculada Conceição, 1115 Prado Velho, Curitiba PR CEP: 80215-901 Curitiba - PR. Telefone: (41) 3271-2210

Ângela
Leitão
SUMÁRIO 12 CAPA Relações públicas e a cultura preta periférica 06 Como anda seu tempo? 20 A nova trend slow fashion 10 E a saúde mental, como fica? 24 veganismo: é possível salvar o planeta 18 Local Artists 22 Empreender na faculdade 16 O que fica daqui para frente: Viver e empreender 08 A volta do cinema drive-in 14 Relaciones públicas y cultura negra periférica

COMO ANDA SEU TEMPO ?

Está sendo muito difícil para você fazer gestão do tempo? Nós, da RP em Foco, pensamos nisso e trouxemos algumas dicas para você.

Sabemos que o tempo é precioso e não é fácil de gerenciar. Mas afinal, você sabe o que é gestão do tempo? Nada mais é que o processo de priorização e organização das atividades que envolvem planejamento para melhor aproveitamento do seu tempo. Segundo o site RockContent, gestão do tempo é:

• Respeitar o tempo que é gasto nos lugares certos para fazer as atividades certas;

• Está relacionada ao reconhecimento das prioidades, obrigações e sua agenda

• Gerenciar o tempo é beneficiar também todas as áreas da sua vida, sendo ela profissional, acadêmica e pessoal.

Para uma ótima gestão do tempo é necessário disciplina, foco e comprometimento. No começo é sempre difícil, mas quando pega o ritmo e

a prática, flui muito bem. Olhando o significado parece ser simples, mas não é, ainda mais em um momento totalmente atípico que estamos vivendo. Temos que trabalhar, estudar, cuidar dos afazeres domésticos e cuidar da vida pessoal. Como podemos gerenciar e lidar com todas essas tarefas? “A partir da organização da semana, quando eu procuro visualizar e escrever todos os meus compromissos da semana já no domingo à noite. Isto me ajuda a fracionar bem o tempo a ser investido em cada atividade a partir da minha programação e das metas que eu já havia estabelecido para o ano, antes do período de pandemia”, comenta Ana Paula Machado, gestora do Instituto Salesiano de Assistência Social, mestranda de Ciências Sociais Aplicadas na UEPG, atualmente reside em Ponta Grossa e em Curitiba.

Como podemos perceber, a Ana Paula, mesmo na pandemia, continuou com as suas atividades e soube gerenciar muito bem seu tempo. Diferente de muitas pessoas que pararam de ser produtivas como eram antes, por conta da pandemia. Só ficar em casa parece que travou nossos pensamentos e afazeres.

“Ao mesmo tempo que tenho muito tempo livre, parece que não tenho muito tempo por conta de não ter uma rotina certa, pois nem as minhas matérias da faculdade têm hora fixa para aulas e provas. Então acabo gerindo o tempo da forma que desejar e escolhendo as coisas que quero ou não fazer no dia”, fala Thiago Ramos, estudante de Engenharia de Produção na UFPR.

6 RPemFoco

Precisamos entender que a gestão do tempo e a produtividade devem andar juntas. Não tendo a ver com a quantidade de atividades que realizamos ou com aquela lista enorme de trabalhos para fazer. Não precisa se entupir de cursos on-line, de exercícios físicos, de ocupações extras para se achar produtivo. Faça o que está ao seu alcance. Priorize as atividades, coloque datas, prazos, vá fazendo de acordo com a necessidade que elas têm e isso não significa ser menos produtivo, significa gerir o tempo de forma adequada, cumprindo os prazos e os planejamentos necessários.

Já se passaram muitos meses de pandemia, ainda é muito difícil digerir tudo isso que está acontecendo. É complicado conseguir fazer esse gerenciamento de tempo. Assim podemos perceber com a conversa que tivemos com Paulo Ormerod, que é empresário há 14 anos, e teve que passar toda a empresa dele para o home office, sendo a primeira vez que ele faz. Assim tendo que gerenciar a logística da empresa, a sua vida pessoal e sua rotina diária. Questionamos como ele tem lidado com a carga horário do home office e se ainda respeita o horário que fazia antes da pandemia: “De forma estressante, ou seja, em home office se não tiver uma disciplina rígida, você acaba trabalhando muito mais. Infelizmente não consigo respeitar o horário e acabo trabalhando mais do que antes no escritório.”

Muitas pessoas falam que não têm tempo para nada, mas na verdade isso é a falta de gerenciamento no tempo, na qual precisa ser praticada. “A má organização do tempo é uma fuga do autoconhecimento” (GALVÃO, LÚCIA HELENA, 2020).

Dentro do trabalho isso pode ser algo negativo, pois se você não cumpre os prazos, as atividades, consequentemente seus gestores e colegas te avaliam mal. E quando você se dispõe a melhorar isso, acaba que seu desempenho, tanto pessoal quanto profissional, melhora. Assim trazendo uma qualidade de vida melhor, menos estresse, menos trabalho, mais tempo livre, menos dor de cabeça e mais oportunidades.

NOTAS

Trouxemos 11 dicas para te ajudar!

DICAS

TENHA UMA AGENDA

LISTE TUDO O QUE PRECISA FAZER

ESTABELEÇA SUAS PRIORIDADES

COLOQUE PRAZOS

NÃO PROCRASTINE

CONHEÇA SEUS LIMITES

MATENHA UMA ROTINA

FAÇA PAUSAS

APRENDA A DIZER NÃO

ESTABELEÇA METAS DIÁRIAS

Não se desespere!
COMECE CEDO RPemFoco 7

A VOLTA DO CINEMA DRIVE-IN

No Brasil, essa tendência cinéfila chegou em 1968, e embora fosse grande a vontade de se sentir em um daqueles filmes americanos, como “Grease”, a popularidade dessa tendência não durou muito tempo, por conta da chegada das grandes redes de cinema. Ainda que a origem dos cinemas drive-in seja simples, a essência de assistir a um filme no conforto do seu carro continua sendo única. Além de proporcionar oportunidades de trabalho, e uma nova experiência para os telespectadores: sentir a liberdade de um local aberto e a privacidade de estar com sua família dentro do veículo.

Ocinema drive-in nasceu na década de 1930, e foi desenvolvido pelo norte americano Richard Hollingshead diante da necessidade de trazer um conforto para sua mãe na hora de assistir a um filme, porém a experiência ainda era modesta, por conta da tela e o som do filme. Ao decorrer das décadas, o drive-in passou por transformações positivas que tornaram a experiência mais agradável, como o telespectador poder sintonizar o rádio do seu carro com o som do filme; e foi entre as décadas de 1950 e 1960 que essa nova tendência ganhou popularidade. Entretanto, devido ao aumento de preços dos terrenos nos Estados Unidos, e exibição de filmes menos renomados e voltados para o público adulto, esses cinemas foram perdendo seu espaço no mundo do entretenimento.

O cenário atual da pandemia do COVID-19 afetou diversos setores e trouxe consequências, como a proibição de aglomerações, desemprego e cancelamento de eventos presenciais. Em virtude dessa situação, o cinema drive-in apareceu como uma solução para o mundo do entretenimento, proporcionando diversão às pessoas de forma segura, seguindo regras do distanciamento social, e garantindo empregos.

O tradicional restaurante Madalosso, na cidade de Curitiba (PR), atuou como pioneiro no quesito renovação do entretenimento, trazendo de volta o cinema drive-in. No dia 10 de junho de 2020 ocorreu a estreia do projeto, que tinha como intenção unir a diversão com o ato de fazer o bem, pois, para ter acesso à sessão do cinema,

O cinema drive-in voltou com todas as forças, unindo diversão com segurança e recordações para a vida toda.
Beatriz Machado Mendes e Maitê Lobo Sponholz
8 RPemFoco

era preciso que cada carro doasse 5kg de alimentos não perecíveis. No total foram arrecadadas mais de 30 toneladas de alimentos, que foram destinados para as instituições FAS, Curitiba Solidária e Hospital San Julian, segundo Felipe Casas, relações públicas da rede de restaurantes da família Madalosso.

Com direito à privacidade e distanciamento seguro, o Cine drive-in Madalosso foi realizado no estacionamento deste tradicional restaurante, e uniu “tudo que há de melhor: polenta crocante (famosa no rodízio do restaurante), atendimento personalizado, cinema e solidariedade”, de acordo com Felipe. Ao todo foram realizadas 75 sessões, cada uma podia receber no máximo 90 carros, sendo que as 10 primeiras sessões foram esgotadas em menos de 30 minutos. O relações públicas afirma que a execução deste grande evento só foi possível com uma equipe bem alinhada,fornecedores profissionais e um atendimento ao cliente com excelência e muito cuidado.

O Cine Drive-in Madalosso gerou memórias positivas e inesquecíveis para os clientes, sendo um deles a universitária Maria Vitória Bibas Centa, que nos contou um pouco da sua experiência. Ela comenta: “ naquele momento você é transportado para outra época (...) eu continuaria frequentando esse tipo de entretenimento drive-in, pois no carro a pessoa faz seu próprio ambiente e isolamento acústico”.

Para os organizadores do evento, o formato do cinema em estacionamento foi uma forma inovadora de se aproximar de seus clientes durante o cenário do isolamento social. Felipe Casas conclui: “Encerramos nossas atividades em 31 de agosto de 2020 com o sentimento de missão cumprida! Geramos empregabilidade, alegria para nossos clientes, uma experiência única”. Para terminar, foi perceptível que o retorno do cinema drive-in foi uma grande sacada para o cenário atual, pois permitiu que famílias pudessem quebrar um pouco a rotina de ficar apenas em casa com segurança. E você, caro leitor, já foi a um cinema drive-in?

Arquivo/Madalosso

RPemFoco 9
“ Geramos empregabilidade,alegria para nossos clientes, uma experiência única ”

E A SAÚDE MENTAL, COMO FICA?

As doenças relativas à mente são uma vertente fundamental e indissociável à saúde, e tem se tornado um assunto muito falado ultimamente com a pandemia do coronavírus e a necessidade do isolamento social, porém a importância do cuidado é constante e necessária muito antes disso tudo. A saúde mental está relacionada à forma como uma pessoa reage às exigências da vida e ao modo como harmoniza seus desejos, capacidades, ambições, ideias e emoções. As consequências, muitas vezes, resultam em ansiedade, depressão, mal-estar psicológico ou estresse continuado, dependência de álcool e outras drogas, atraso mental, demências e perturbações psicóticas como esquizofrenia. É bem provável que com o afastamento do convívio social, recomendado pelas autoridades de saúde, possa haver uma incidência maior de pânico e estresse, como são fatores de risco para vários transtornos mentais, é preciso ficar atento. Estes sintomas podem ser minimizados através da busca por informações.

Muitos estudos e pesquisas começaram a ser realizados no período de quarentena para medir os impactos na saúde mental na pandemia. Uma análise, divulgada em 14 de maio na coletiva da Organização Mundial da Saúde, revela um assunto muito preocupante, o aumento no consumo de álcool, em que estatísticas do Canadá relatam que 20% das pessoas de 15 a 49 anos tiveram um aumento considerável. Outra observação é da rede de farmácias do estado de São Paulo, a HempMeds, feita com 31 médicos brasileiros que relataram uma quantidade de novos pacientes atendidos descrevendo sintomas de ansiedade, depressão ou pânico por causa do isolamento social, dentro do período de 25 de março a 14 de maio. Do total de participantes, 35,5% dos prescritores disseram ter atendido de 6 a 10 pacientes descrevendo estes sintomas, seguidos por 29% relatando atendimento entre Zero a cinco pacientes no período correspondente.

Em uma videoconferência, recentemente, realizada com os estudantes de Relações Públicas da PUCPR, a psicóloga formada pela mesma universidade, e especializada em análise de comportamentos pela Universidade Positivo, Ragner Kraft (CRP 08/25873, disse: “o desconhecimento do fim da quarentena gera angústia, aumenta o nível de frustração, de ansiedade, principalmente em quem já é ansioso, e acaba sendo muito difícil manter estáveis os transtornos”. A profissional ainda relatou que a procura por suas consultas de psicoterapia aumentou muito nesse período. As pessoas têm percebido a necessidade de ter um profissional acompanhando, mesmo não sendo presencialmente. Seus atendimentos mais recorrentes continuam, porém percebeu-se uma emergida nas relações de trabalho.

Aumento na procura por psicólogos, aponta impacto na saúde mental da população após a chegada do covid-19.
Emmanuelle Bodnar e Ihan Veloso
10 RPemFoco

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Gebreyesus, em entrevista coletiva online na sede da entidade em Genebra afirma: “Agora está claro que as necessidades de saúde mental devem ser tratadas como um elemento central de nossa resposta e recuperação da pandemia de COVID-19” e acrescentou: “Essa é uma responsabilidade coletiva dos governos e da sociedade civil, com o apoio de todo o sistema das Nações Unidas. Há uma falha em levar o bem-estar das pessoas à sério”. Esse foi um dos apontamentos feitos pela psicóloga Ragner ao dizer: “Os serviços oferecidos dentro do Sistema Único de Saúde ainda são bastante limitados, tem serviços dentro da saúde mental que funcionam muito bem, a comunidade consegue ter um cuidado quando é algo mais grave, quando é prevenção, cuidado ou autoconhecimento, nem sempre as pessoas conseguem ter acesso”. Levando em consideração os depoimentos, entendemos que a ajuda profissional acaba sendo um privilégio de poucos, devido às desigualdades vivenciadas em nosso país, e por mais que vários profissionais abram espaços para programas de inclusão, a demanda é muito grande, então podemos concluir que a ajuda mútua é o que fará a diferença, tendo em vista a importância de manter a harmonia e tentar entender o que o outro está passando nesse momento com respeito e empatia.

Pensando no bem-estar das pessoas, a OMS preparou um mini guia contendo dicas para tentar amenizar os problemas de saúde mental, como por exemplo: que sejamos mais empáticos; que não nos refiramos às pessoas como “casos de covid”, “vítimas”, “infectados”; que reduzamos a leitura ou contato com notícias que podem gerar estresse ou ansiedade; que protejamos a si próprio e apoiemos os outros ajudando em momento de necessidade; que criemos oportunidade para ampliar história e imagens positivas de pessoas que tiveram contato com a doença, e por fim, mas não menos importante, que homenageamos e apreciemos o trabalho dos agentes de saúde que estão apoiando os afetados pelo novo coronavírus.

Contudo, vale ressaltar a importância da busca a ajuda de profissionais de psicologia qualificados sempre que possível, mesmo diante das dificuldades. Seja qual for o caso, não ignore seus sentimentos, procure ajuda de um profissional de saúde, a percepção da doença e seu tratamento são indispensáveis para bons resultados.

RPemFoco 11
“ o desconhecimento do fim da quarentena gera angústia, aumenta o nível de frustração, de ansiedade ”
atecti nobiti Acervo pessoal; Ragner Kraft Retrato da psicóloga Ragner Kraft

RELAÇÕES PÚBLICAS E A CULTURA PRETA PERIFÉRICA

O coletivo RPretas é formado por três mulheres negras na área das Relações Públicas: Luana Protazio, Mariana de Moraes e Pryscila Galvão atuam em diversas áreas, algumas como curadoria de profissionais negros da comunicação, planejamento de conteúdo e estratégico focando em narrativas plurais e treinamentos de equipe. A RP em Foco foi conhecer um pouco mais sobre esse projeto e conversou com as fundadoras do coletivo.

Naflali Oliveira e Nathália Pereira

Como vocês veem o mercado de trabalho para pessoas negras em São Paulo e vocês percebem diferenças em relação a outros lugares?

R: O mercado, em sua amplitude, ainda é muito racista e a ausência de profissionais negros dentro das ações internas das marcas e empresas, acaba sendo o reflexo desse racismo. Em alguns estados do Brasil, o racismo é agravado por heranças sociais e a relutância em mudar o comportamento do coletivo.

Nos conte um case desenvolvido pelo RPretas.

R: O RPretas atua com projetos pontuais, o nosso objetivo é mostrar as possibilidades de profissionalização aos artistas e projetos independentes, para que, assim, possam partir para assessorias e produtoras maiores.

O coletivo existe há apenas 1 ano e iniciamos nossos trabalhos de assessoria em Junho de 2020, desde então conseguimos aumentar bem o fluxo de assessorados que passaram por nós e um dos que temos mais orgulho é o da cantora, produtora e compositora Ashira. Em nosso primeiro mês de trabalho conseguimos publicar seu trabalho nas maiores mídias de rap nacional, além de outras plataformas de música como a Genius Brasil.

Cite o nome de uma mulher preta Relações Públicas que vocês se inspiram ou têm como referência.

R: Uma das nossas maiores referências nas Relações Públicas é a Nicole Balestro, principalmente por atuar no mesmo mercado que estamos nos inserindo, o mercado musical.

Ana Paula Maldonado Luana Protazio Mariana de Moraes Pryscila Galvão

Quais os desafios de estabelecer uma linha de comunicação da cultura preta e periférica local?

R: A comunicação por si só já é uma das áreas profissionais mais elitistas que encontramos hoje. Apesar de não serem cursos tão concorridos como o de medicina, por exemplo, cada vez mais pessoas têm se encontrado no mercado da comunicação e entendendo a potência dos profissionais envolvidos nessa área e o poder que temos em nossas mãos, tendo em vista que a comunicação pode ser considerada o 4º poder. Sendo elitista, também podemos entender como algo que foi, durante muito tempo, restrito às pessoas com maior poder aquisitivo e até mesmo entendida como algo complexo.

No nosso caso, o maior desafio é desenvolver formas de comunicar e inserir a cultura preta e periférica em um mercado onde gira muito dinheiro e conquistar a compreensão das pessoas para a necessidade de se ter profissionais de comunicação por trás das ações, uma vez que sempre fizeram tudo sozinhas.

Em março vimos que lançaram uma campanha em prol da valorização da mulher negra no mercado de trabalho. Conte para nós quais foram os desafios e oportunidades dessa campanha?

R: Essa campanha foi desenvolvida em parceria com a Agência Cative! e o objetivo era apresentar mulheres em diversas posições profissionais. Sempre vemos um padrão de estereótipo construído em torno de mulheres negras e o merca-

do de trabalho, no entanto, estamos nas mais diversas posições. Mas a campanha também tinha o objetivo de chamar a atenção para uma problemática maior ainda, que é a ausência de mulheres negras em posição de poder dentro das instituições. Acreditamos que as oportunidades e desafios são encontrados todos os dias, uma vez que socialmente nos colocam em posições de submissão e disparidade em comparação com mulheres brancas. Nosso maior desafio e nossa maior oportunidade é o desenvolvimento do nosso trabalho para mudar isso.

Sabemos que a mídia, principalmente a tv aberta, é o canal de maior construção de representatividades e estereótipos, visto isso, como ressignificar este padrão imposto pela mídia durante anos?

R: Acreditamos que essa mudança só acontecerá de verdade quando as histórias forem contadas por nossos iguais. É inaceitável que, em um país em que a população é composta por 54,9% por indivíduos negros, a representação desse país nas produções audiovisuais seja minoria. A representatividade é um dos pilares que nos movem, mas não é o único. Não basta mais que possamos nos ver em campanhas e outdoors pelas cidades, porque até mesmo as narrativas são feitas de maneira equivocada, fetichizada… não é apenas uma questão de se enxergar nas produções, queremos que a nossa visão de mundo seja contada de forma verdadeira. Nossa vida é alimentada por muitas outras coisas, não só pobreza, violência e racismo. Somos intelectuais, comunicadores, produtores, estilistas e CEOs.

RPemFoco 13
RPretas. Todo mundo precisa de um RP
Um conselho que recebemos na faculdade é: nenhum livro vai te ensinar o que você vai aprender na rua ”
SAIBA MAIS Conheça mais um pouco sobre o coletivo

RELACIONES PÚBLICAS Y CULTURA NEGRA PERIFÉRICA

El colectivo RPretas está formado por tres mujeres negras del área de Relaciones Públicas: Luana Protazio, Mariana de Moraes y Pryscila de Galvão, trabajan en várias áreas, algunas como coordinación con profesionales negros de la comunicación, planeamiento de contenido y estratégico orientado hacia las narrativas plurales, entrenamientos de equipo. La RP em Foco ha querido conocer un poco más sobre este proyecto y ha hablado con las fundadoras del colectivo.

¿Cómo ven ustedes el mercado de trabajo para personas negras en São Paulo? ¿Notan diferencias en relación a otros lugares?

R: El mercado, en su amplitud, aún es muy racista y la ausencia de profesionales negros dentro de las actividades internas de las marcas y empresas acaba siendo el reflejo de ese racismo. En algunos estados de Brasil el racismo se agrava de forma socialmente heredada y por la inercia a la hora de cambiar comportamientos colectivos.

¿Podrían hablarnos de algún proyecto desarrollado por el colectivo RPretas?

R: El RPretas actúa con proyectos puntuales. Nuestro objetivo consiste en mostrar las posibilidades de profesionalización a los artistas y proyectos independientes, para que, así, puedan dirigirse hacia asesorías y productoras mayores. El colectivo existe hace solamente un año e iniciamos nuestros trabajos de asesoría en junio de 2020. Desde entonces hemos conseguido aumentar bastante el flujo de asesorados que han pasado por nuestro colectivo y uno de los que estamos más orgullosas es el de la cantante, productora y compositora Ashira. En nuestro primer mes de trabajo conseguimos publicar su trabajo en los mayores medios de comunicación de rap nacional, además de otras plataformas de música como la Genius Brasil.

Cite el nombre de una mujer negra de Relaciones Públicas en la cual ustedes se inspiran o que tienen como referencia.

R: Una de nuestras mayores referencias en las Relaciones Públicas es Nicole Balestro, principalmente por trabajar en el mismo mercado en el cual nos estamos insertando, el mercado musical.

Naflali Oliveira e Nathália Pereira Traducción al Español por: Xavier Vásquez Freire Ana Paula Maldonado Luana Protazio Mariana de Moraes Pryscila Galvão RPemFoco

¿Cuáles son los desafíos al establecer una línea de comunicación para la cultura periférica y negra local?

R: La comunicación por si sola ya es una de las áreas profesionales más elitistas que encontramos hoy. A pesar de que no son carreras tan disputadas como la de medicina, por ejemplo, cada vez hay más personas que se han encontrado en el mercado de la comunicación y entendiendo la potencia de los profesionales implicados en esa área y el poder que tenemos en nuestras manos, teniendo en cuenta que la comunicación puede ser considerada el 4º poder. Siendo elitista, también podemos entenderlo como algo que ha sido, durante mucho tiempo, restringido a aquellas personas con mayor poder adquisitivo y también se ha entendido como algo complejo. En nuestro caso, el mayor desafío es desarrollar formas de comunicar e integrar la cultura negra y periférica en un mercado donde se mueve mucho dinero y conquistar la comprensión de las personas en relación a la necesidad de tener profesionales de la comunicación detrás de las acciones, ya que siempre habían hecho todo solas.

En marzo vimos que presentaron una campaña en favor de la valorización de la mujer negra en el mercado de trabajo¿Podrían contarnos un poco cómo ha sido esa campaña?

R: Esa campaña se ha desarrollado en colaboración con la agencia Cative! y el objetivo era pre-

sentar mujeres en diversas puestos de trabajo. Siempre hemos visto un modelo estereotipado construido en torno a mujeres negras y el mercado de trabajo. Sin embargo, estamos en los más diversos puestos de trabajo. Pero la campaña también tenía el objetivo de llamar la atención con respecto a una problemática mayor aún, como es la ausencia de mujeres negras en posición de poder dentro de las instituciones. Creemos que las oportunidades y desafíos aparecen todos los días, ya que socialmente nos colocan en posiciones de sumisión y disparidad en comparación a las mujeres blancas. Nuestro mayor desafío y nuestra mayor oportunidad es el desarrollo de nuestro trabajo para cambiar eso.

Sabemos que los media, principalmente la televisión abierta, es el canal de mayor construcción de representatividades y estereotipos. Viendo esto, ¿Cómo resignificar este modelo ya impuestos por los medios de comunicación durante años?

R: Creemos que ese cambio solamente ocurrirá de verdad cuando las historias sean contadas por nuestros iguales. Es inaceptable que, en un país en que la población está compuesta por un 54,9% de individuos negros, la representación de ese país en las producciones audiovisuales sea minoritaria. La representatividad es uno de los pilares que nos mueven, pero no es el único. No es suficiente que podamos vernos en campañas y carteles colocados en las ciudades, porque también las narrativas son hechas de manera equivocada, convertidas en fetiche… no es solamente una cuestión para que se vea en producciones, queremos que nuestra visión del mundo sea contada de forma verdadera. Nuestra vida se alimenta de muchas otras cosas, no solamente de pobreza, violencia y racismo. Somos intelectuales, comunicadores, productores, estilistas, CEOs

RPemFoco 15
CONOCE UN POCO MÁS DEL COLECTIVO Todo
um RP
Un consejo que nos dieron en la facultad es: ningún libro te va a enseñar lo que vas a aprender en la calle.
mundo precisa de

O QUE FICA DAQUI PARA FRENTE: VIVER E EMPREENDER

Inovar e se reinventar tornaram-se ainda mais importantes na vida das pessoas e empresas.

Em meio ao nosso cenário atual, o ano de 2020 trouxe à tona vários questionamentos e pensamentos. Um dos geradores de dúvida é: O QUE FICA DAQUI PARA FRENTE?

No plano pessoal, trabalhar, estudar, e até mesmo conviver, sofreram mudanças radicais ao longo deste tempo, surpreendendo a quase todos. Com a pandemia da COVID-19, muitas pessoas passaram a valorizar mais a saúde física, bem como a saúde mental, devido às novas rotinas, ao estresse, às tensões das relações familiares, entre outras alterações impostas pela situação.

Nathália de Paula, 19 anos, estudante de Relações Públicas, comentou sobre a sua carga emocional e a reviravolta no seu cotidiano: “o isolamento social e estar no mesmo lugar diariamente proporcionou uma maior carga de estresse e cansaço”. Apesar das dificuldades encontradas, a jovem tentou manter o equilíbrio emocional e fez um planejamento para melhorar seu rendimento em suas atividades no “novo normal”.

Durante a entrevista, a estudante comentou o que levará de aprendizado daqui para frente: “dar importância aos atos mais simples que antes da pandemia não enxergava sua diferença”. Além de conseguir entender a importância de reservar um tempo a mais para se dedicar ao autoconhecimento. Uma mudança bastante visível foi a substituição

do trabalho presencial pelo trabalho em home office. E isso, em grande parte, vai permanecer depois de terminar a pandemia.

Nesse quesito, Nathália diz que a pandemia acelerou um processo que já era visto por muitos especialistas: a migração do trabalho presencial para o trabalho virtual. “A realidade do home office será apropriada, alguns eventos irão migrar para o digital e acredito que as pessoas passarão a valorizar mais o presente e zelar mais pela saúde dos demais, espero que esse espírito de comunidade, de ajuda ao próximo, não se perca com a normalidade”.

Outra mudança observada foi a diminuição do contato físico entre as pessoas, entre produtores e consumidores, entre vendedores e compradores, contatos que foram substituídos pelos meios virtuais proporcionados pela internet. Da mesma forma, as aulas presenciais deram lugar às aulas remotas. No mundo empresarial, houve a necessidade de adiar ou até mesmo de cancelar muitos projetos e investimentos de médio e longo prazo, focando mais no presente, inclusive como estratégia de sobrevivência.

Entrevistamos os proprietários de duas empresas, de ramos totalmente diferentes, afetadas pela pandemia. Maria Luiza Túlio, da Balbúrdia, uma marca de roupas local, comentou que sua empresa, além de se preocupar com a aceleração no processo de transformar seu negócio para vendas 100% no digital, teve que se preocupar

16 RPemFoco

Nos mercados, principalmente nos de produtos, aumentou o comércio virtual, o e-commerce. A expansão do e-commerce no país, que já vinha crescendo nos últimos anos, bateu mais um importante recorde

em 2020, impulsionada pela pandemia, totalizando mais de 1,3 milhão de lojas online, com um ritmo de crescimento de 40,7% ao ano, conforme revelou a 6ª edição da pesquisa Perfil do E-Commerce Brasileiro.

também com a saúde mental dos consumidores, mais do que fazer eles comprarem. Juliano Fogaça é dono do restaurante Lina, que tem em sua missão, visão e valores a proximidade com seus clientes, caprichando no seu atendimento, além de servir uma ótima comida.

Perguntamos a eles: “Qual é a visão de longo prazo da sua empresa?” Ambos responderam que tiveram que mudar muita coisa, em especial nos contatos entre funcionários e clientes para não expor as pessoas ao novo coronavírus.

A Balbúrdia está fazendo um rebranding da marca e um novo planejamento para conhecer e atender melhor seus novos consumidores, tanto durante a pandemia quanto depois.

A equipe do Lina também está em processo de adaptação. Iniciaram um projeto de reestruturação do negócio. Foram implementados novos serviços, em que a presença e proximidade com os clientes não dependerá tanto do espaço físico e a comunicação online possibilitará maior alcance e expansão.

Algumas dessas adaptações estão sendo incorporadas por um significativo número de pessoas e empresas e constituem heranças mais duradouras da pandemia.

É importante ressaltar que a pandemia ainda não terminou e é muito cedo para afirmar quando ela será de fato controlada, o que indica que novos e maiores impactos podem surgir. De forma que não se sabe por certo quais outras mu-

danças serão necessárias para que as empresas e pessoas possam sobreviver e progredir.

Considerando que, com a chegada do outono e a proximidade do inverno, os EUA e a Europa estão experimentando uma segunda onda da Covid-19, tão ou mais grave que a primeira, bem como as incertezas sobre quando teremos, de fato, uma ou mais vacinas eficazes contra a doença, é oportuno afirmar que ainda teremos que conviver com as máscaras e o álcool em gel por um bom tempo.

QUER SABER MAIS SOBRE AS EMPRESAS?

RPemFoco 17 BALBÚRDIA @balburdia__ LINA @vemprolina

LOCAL ARTISTS

“Believe in yourself and in your intuition. A lot of people will demotivate you but if you feel that this is truly genuine, you gotta focus and train to evolve more and more!”

Ana Julha, Eduarda Caroline e Leticia Prohman

Have you ever heard about the movement “Support Local Artists”? It’s an action that keeps growing on social networks to encourage people to consume more of their local arts. So, how can you help this movement? It’s actually very easy to empower it, basically all you have to do is go to events held by artists in your city or buy something from the local producers. The most important thing is to show that although they are not famous, their work matters. From nationally very well known artists, such as writer Paulo Leminski to the new generation of brazilian music, Curitiba is and has always been a big source of new artists, highlighting the music industry of the city, which grows more and more everyday. Some regional artists like A Banda Mais Bonita da Cidade and the female rapper Karol Conka show that curitibanos have a lot of potential to be seen

The local music scene is full of talented musicians who are working hard to get national recognition, one of these artists is Bruna Liz, a 23 years old singer, who is getting more and more fans all over the internet. She talked to us about her career and how she feels being a local artist.

Bruna left a message for all the artists that are starting in the music industry.

For a good musician, there’s no better way to show off your work than filming a good music video. As the number of curitibanos musicians keep growing, the number of audiovisual producers keep growing as well. Não Custa Nada (@ ncnrec on Instagram) is one of these producers. The company began with Frxtx, local producer and beatmaker, and it kept growing with other singer-songwriters such as Andrade W, Zen, Khauan and Felipe Bini.

Besides Bruna and the NCN’s artists, there are dozens of artists who are working so hard to get recognition for their jobs, and the local citizen’s support is essential to keep the artists motivated to follow their dreams. The music business ain’t easy even for “bigger” artists, imagine what it is like for people who are just beginning. Stepping out of the mainstream bubble and starting listening to local artists might not only be a great opportunity to support local arts but also a chance to discover new amazing and talented musicians.

Supporting local artists is not only good for the artists, is also good for the whole population. Beside the fact that it’s something good for the local economy, art brings a feeling of pride and belonging to everyone involved. Supporting these people who are so passionate about their work is showing them that you care about all the feelings and experiences that art brings to us and that you actually believe in art’s power to transform the world in a better place.

CHECK OUT OUR PLAYLIST WITH LOCAL ARTISTS ONLY!

18 RPemFoco
Local artists should be more valued by the people of their region. They are important for the formation of the local culture.
Bruna LizBruna Liz RPemFoco 19

A NOVA TREND SLOW FASHION

Omovimento slow fashion vem ganhando cada vez mais espaço no mundo da moda, principalmente por estar ligado ao consumo consciente e sustentabilidade. Mas afinal, o que é o slow fashion?

Esse conceito é derivado de outro movimento, o slow food, que tem como princípio o consumo mais consciente nos hábitos alimentares. Da mesma forma, o slow fashion também está ligado ao consumo consciente, porém no mundo da moda. A responsável por criar esse movimento foi a consultora, pesquisadora e ativista de design, Kate Fletcher. Em 2007, a inglesa propôs esse novo conceito para mudar o sistema na indústria da moda. Ele propõe um novo olhar sobre o consumo, ligado a hábitos mais responsáveis, que valoriza tanto o processo quanto as pessoas que produziram determinada peça de roupa, em quais condições ela foi produzida, respeitando o ciclo e o tempo da natureza e até mesmo sua matéria-prima.

O slow fashion surgiu em contraposição ao fast fashion, que tem como maior característica a produção rápida e em larga escala, que vem causando impactos negativos, tanto no âmbito social como no ambiental. Uma pessoa que trabalha como operário na indústria têxtil, ganha em média 2 a 3 dólares por dia, trabalhando

em locais precários, com mão de obra escrava e muita pobreza. Podemos colocar como exemplo a tragédia que aconteceu em Bangladesh no ano de 2013. Ocorreu o desabamento do Rana Plaza, um edifício onde funcionava uma fábrica de tecidos, que deixou 1.134 mortos e 2.500 feridos, sendo sua maioria trabalhadores de confecções que se encontravam em situações precárias. Além disso, o meio ambiente também se afeta. A indústria têxtil e de confecções é a segunda mais poluente do mundo, na qual são usados anualmente, em média, 70 milhões de barris de petróleo para a confecção de peças de poliéster, 500.000 toneladas de microfibras são descartadas nos oceanos por conta da produção de roupas. E a lista só vai aumentando.

Atualmente, muitas empresas estão surgindo já com valores ativistas, em busca de mudar esse cenário no mundo da moda, como a CIÒ, um market place fundado por Isabela Scalabrin e Manuela Andrade Miranda. “A CIÒ foi fundada em 2019 com uma visão poderosa do slow fashion para renascer e ressurgir a moda e suas diferentes facetas. O Marketplace está servindo como uma plataforma para mais de 10 designers até o momento, trabalhando para capacitar vozes emergentes e facilitar a exposição da indústria sem nenhum custo, ao mesmo tempo fornecendo uma ferramenta indispensável para indústria”, dizem Isabela e Manuela co-fundadoras da CIÒ, que adicionam “Desde a notícia do Rana Plaza, que aconteceu em 2013, o colapso da fábrica de roupas de marca famosas, que matou mais de 1.100 pessoas, a maioria mulheres, nós e o mundo vimos a realidade triste da moda. Fundamos em 2019 a CIÒ, um marketplace que educa marcas sobre como melhorar suas práticas e produções, além de educarmos os nossos clientes sobre sustentabilidade e slow fashion. Os nossos critérios se alinham aos princípios que

20 RPemFoco
O novo hábito sustentável que está ganhando espaço no mundo da moda.
Isabela
Scalabrin e Manuela Prado Marçal

cobrem justiça social, responsabilidade e gestão ambiental.”

Como já foi dito anteriormente, a indústria da moda dispõe de muitos problemas relacionados à produção sustentável. De acordo com a ONU do Meio Ambiente, é o segundo maior consumidor de água e gera “mais emissões de gases de efeito estufa do que todos os voos internacionais e transportes marítimos juntos”. O impacto da indústria da moda no clima é um problema sério, embora pareça que muitas marcas estão mais conscientes de seu papel nessas mudanças potencialmente catastróficas e estão trabalhando para melhorar. Em agosto de 2019, marcas de luxo como Gucci, Chanel e Prada anunciaram a intenção de se associar a marcas como H&M para ajudar a combater o impacto negativo da indústria no meio ambiente, assinando o “Pacto da Moda” para garantir a parceria. É importante manter as marcas responsáveis enquanto continuam a promover iniciativas sustentáveis e reconhecer seu impacto no meio ambiente. Além disso, de acordo com Isabelle Fonseca, fundadora da Aribelle, um brechó online, “O que eu mais percebo nesse mundo da moda, é que os clientes, não têm a mínima noção dos problemas que a indústria daquela roupa causam ao meio ambiente, e às pessoas que produziram. Para tentar conscientizar essas pessoas, é explicando mesmo, através do insta da loja, post, fazer uma coleção com frases sobre , etc.”

À primeira vista, o termo “moda sustentável” e o conceito de slow fashion parecem bastante simples. No entanto, quando você vai mais fun-

do, percebe que não existe realmente uma definição globalmente aceita de sustentabilidade no contexto da moda. Além disso, em sua essência, a moda está centrada na produção e no uso constante de novos itens, o que é inerentemente insustentável. Isabela e Manuela, co-fundadoras da CIÒ, apontam:

Na raiz desse debate do slow fashion, está a chocante superprodução e consumo aos quais nos tornamos alimentados pelas máquinas de marketing e pela economia capitalista. Estamos presos em um ciclo de moda descartável impulsionado por marcas de fast fashion e, enquanto estamos presos nisso, é difícil conciliar sustentabilidade com moda. A falta de consenso em toda a indústria sobre o que significa “sustentabilidade”, ou como ser mais “sustentável”, significa que a definição de “moda sustentável” definitivamente não é clara.

A moda pode realmente ser transformadora. Sendo usada como um meio de expressão pessoal, que pode, ao mesmo tempo, elevar sua disposição e autoconfiança. Além disso, a moda pode ser transformadora muito além do usuário, impactando positivamente outras comunidades, bem como o nosso planeta.

CIÒ Brand; Muliê e Georgia Pegoraro.
RPemFoco 21
Não é tão simples como dizer que usando roupas sustentáveis o planeta será salvo; é muito mais profundo do que isso.

EMPREENDER NA FACULDADE

Você já pensou em empreender durante a faculdade? Para que, além de adquirir conhecimento, também ganhar um dinheirinho extra? Vem com a gente!

No geral, em.pre.en.der significa colocar algo em desenvolvimento, seja uma tarefa, ideia ou trabalho e por aí vai. Mas, ao mesmo tempo, o significado da palavra é muito mais amplo do que isso, já que o termo se assemelha ao ato de inovar e transformar ideias em realidade e que, se tudo isso for bem trabalhado, pode trazer grandes resultados! Recentemente, alguns pequenos empreendedores migraram e também deram início aos seus negócios no ambiente digital, plataformas como o Instagram, Facebook, entre outras redes. Os resultados são muito significativos, tanto nas finanças quanto no conforto, já que determinam cortes de gastos que um estabelecimento físico exige e o “escritório” é o aconchego da sua própria casa.

Agora, será que você tem perfil para ser um(a) empreendedor(a)? Ou mais, um(a) empreendedor(a) universitário(a)? A resposta é: sim! Prossiga com a leitura e confira vantagens, depoimentos e o passo a passo de como ter sucesso em seu empreendimento! São inúmeras as vantagens de empreender durante os estudados na faculdade, apesar de pouco tempo que sobra e muita demanda das atividades, a experiência é muito recompensadora e satisfatória.

Confira abaixo 3 vantagens que podem te incentivar a empreender na faculdade!

1

. A proximidade de professores e profissionais da área pode contribuir muito para o crescimento técnico do seu negócio.

2

. O conhecimento de mercado e atuações de negócio na prática auxiliam no seu desenvolvimento como estudante.

3

. Em um futuro, seja ele de longo a médio prazo, o empreendimento pode gerar experiências do mercado de trabalho, de ações e segmentos que resultaram em pontos positivos e negativos

Entrevistamos duas empreendedoras que também são universitárias, e trazem suas experiências positivas (e negativas também!) para inspirar e ajudar nos negócios e também dar aquele incentivo para quem ainda está com dúvidas, insegurança ou não faz ideia por onde começar. Continue a leitura e confira:

22 RPemFoco

QUE SE DONUTS

Alice Cione é a fundadora da “que se DONUTS!”, e para ela as principais etapas foram a pesquisa de preço dos produtos e pesquisa de outras lojas do mesmo ramo. A principal razão pela qual ela quis empreender foi motivar seu dia a dia na quarentena, que estava a estressando e deixando muito pra baixo. Então decidiu aliar isso a algo que ela gosta: confeitaria e a necessidade de ajudar na faculdade. Sua principal dificuldade foi e é a divulgação do trabalho, já que é um ramo que tem muita gente, e assim fica difícil se destacar. Em relação às matérias da faculdade, por cursar medicina, atualmente ela ainda não possui nenhuma disciplina que possa a ajudar, porém futuramente terá a matéria de “Gestão”, no 11° período, que com certeza pode auxiliar o negócio. O marketing utilizado é por meio do Instagram e do WhatsApp. No Instagram, mandam os produtos para influencers, o que tem ajudado a aumentar os seguidores e por consequência os produtos. No Whatsapp, mandam as novidades para grupos com muitos integrantes e pedem ajuda de amigos para espalharem as novidades. Alice afirma estar muito feliz com seu negócio!

ARTSY BRU

Bruna Guimarães é a fundadora da “Artsy Bru” e, segundo ela, abrir a sua loja de bordados foi um processo longo. Ela sempre admirou o processo de empreendimento e também sempre quis abrir um loja para ganhar um dinheiro extra. Quando deu o início da quarentena, a Bruna notou que outras pessoas estavam investido em seus próprios negócios e foi essa sua motivação. Quando pensou em abrir a conta para a loja no Instagram, levou 4 meses pesquisando e se inspirando em outras pessoas e outras lojas para ter certeza de que realmente daria certo. Com relação ao seu negócio, uma de suas maiores dificuldade foi a precificação dos produtos, juntamente com falta de autoconfiança e falta de tempo, além das aulas da faculdade de Design no turno da manhã e as atividades do seu estágio no período da tarde, restando apenas o período da noite para realizar seus bordados, levando em consideração que leva um bom tempo para finalizar. Para finalizar essa história mais que inspiradora de toda a trajetória da Bruna e sua lojinha de bordados, ela conta que estava super feliz com os resultados e pretende continuar!

E para finalizar, que tal um quiz do SEBRAE para saber qual é o seu perfil de empreendedor? Abra a câmera do seu celular e escaneie o QR CODE abaixo para acessar, depois é só compartilhar o seu resultado com a galera. Ah! Já aproveita para descobrir dos seus amigos também, viu?

@quesedonuts @artsy.bru RPemFoco 23

VEGANISMO: É POSSÍVEL SALVAR O PLANETA

Nem moda e muito menos uma dieta

alimentar.

Uma filosofia que abrange os âmbitos social e político.

REDUZA O CONSUMO DE ALIMENTOS DE ORIGEM ANIMAL

Uma alimentação concentrada em vegetais reduz o risco de doenças cardiovasculares, auxilia o controle de peso, diminui o risco de diabetes, diminui o risco de ter câncer (o consumo de 100g/dia de carne aumenta esse risco em 19%), poupa a vida de 10 mil animais que são mortos por minuto só no Brasil para consumo humano. Além de gerar a economia de 3400l de água por refeição, que equivalem a 26 banhos de 15 minutos, e de 14kg de Co2 por refeição, que equivalem a 100km rodados em um carro comum.

Oveganismo é uma alternativa para uma vida com maior equilíbrio e consciência ambiental. Muito mais do que uma dieta, é um estilo de vida, especialmente ligado à ideologia da defesa dos animais e sustentabilidade.

Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), para a Alimentação e a Agricultura, a indústria da carne, sozinha, é responsável por 15% do total de emissões de gases relacionados ao efeito estufa. No Brasil, 65% do desflorestamento é causado pela pecuária, num primeiro momento para o aumento de áreas para pastagem e, em seguida, para o cultivo de grãos, predominantes, na dieta do gado, como a soja. A preocupação com os animais é mais um fator preocupante, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil matou 1,67 bilhão de frangos, suínos e bovinos para consumo nos últimos 3 meses de 2019. O planeta já não aguenta mais os efeitos do nosso consumo desenfreado.

AFINAL DE CONTAS, O QUE É O VEGANISMO?

Veganismo - Movimento de abdicação total do consumo de produtos de origem animal. Seja na alimentação, vestuário, uso de cosméticos, etc.

Vegetarianismo - Movimento que abdica do consumo de alimentos de origem animal.

Ovolactovegetarianos - Consomem ovos, leite e derivados, mas não carnes.

Lactovegetarianismo - Consomem apenas leites e derivados, mas não ovo e carnes.

Ovovegetarianismo - Consomem ovos, mas nada de leite, derivados e carnes.

Flexitarianismo - Não são vegetarianos e ainda é um movimento novo, são pessoas que seguem a dieta vegetariana na maior parte do tempo, ocasionalmente, comem produtos de origem animal.

24 RPemFoco

COMO COMEÇAR ESSA JORNADA?

Entrevistamos João Marrara (J), Militar e vegetariano há 40 anos, e Mayra Lefcovich e Marina Surugi, sócias da Aluá, serviço de comida vegana em Curitiba, que compartilharam suas experiências para ajudar quem quer começar essa mudança no estilo de vida.

Prato favorito

J - “Todos que minha esposa faz.”

MM - “Veezzas da Aluá (pizzas veganas e orgânicas)

Melhor parte de ser veg:

J - “Sentir-se bem leve e disposto. A digestão é mais fácil é rapida. Até a pele fica mais saudável.”

MM - “Ter uma relação mais próxima e racional com os alimentos”

Maior desafio de ser veg:

J - “Fazer as pessoas entenderem sua opção não sendo ridicularizado.”

MM - “Muitas pessoas sem conhecimento do assunto opinando sobre a vida e saúde”

Uma lição que ser veg te ensinou:

J - “Persistência diante da pressão por ser diferente. Já me chamaram de muitos nomes.”

MM - “Que estudar é muito importante para com-

preender mais os processos produtivos de tudo o que consumimos e que cada um tem seu tempo e faz o que pode pra fazer qualquer mudança” O que daria de dicas pra alguém que quer reduzir o consumo de carne?

J - “Reduzir aos poucos. De nada adianta não comer pela boca mas comer com os olhos nariz e pensamento. Vá adequando sua natureza pois ela não dá saltos.”

MM - “Comece incluindo legumes e vegetais antes de cortar o consumo de produtos animais, dessa forma você entende melhor seu paladar e seu organismo no geral. Tenha calma e seja perseverante, você consegue!”

CHEGAMOS AO FIM?

Não, ainda há tempo. Estima-se que, em 2050, a Terra terá 10 bilhões de habitantes humanos. Alimentar essa população seguindo os mesmos hábitos é insustentável para os recursos naturais. Como solução, a indústria alimentícia está atrás de desenvolver carnes alternativas, produzidas com plantas com textura e sabor cada vez mais real. Em um futuro próximo, ser vegetariano não vai implicar em se abster do sabor da carne.

Pelos animais, pela saúde e pelo planeta #GoVegan

SORVETINHO VEGANO

INGREDIENTES

10 bananas bem maduras congeladas sem casca

5 morangos

50 ml de água filtrada para ajudar a bater

MODO DE PREPARO

Num liquidificador, coloque primeiro a água e depois o morango e a banana;

Bata até obter uma consistência lisa;

Se tiver dificuldade para bater, pode pausar o liquidificador e usar uma colher para ir mexendo;

Decore a gosto! Sugerimos côco ralado, paçoca e aveia <3

Obs: quanto mais madura a banana, mais doce o sorvetinho

RPemFoco 25
Acervo Mayra Lefcovich

CURSOS DE CURTA DURAÇÃO

PARA VOCÊ QUE QUER

CONHECIMENTO SEM LIMITES.

Cursos rápidos e eficazes para trazer novos conhecimentos e habilidades específicas da sua área de atuação.

pucpr.br/ curtaduracao

28 RPemFoco

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.