
A primeira iniciativa que ganhou repercussão na cidade foi o movimento “Salvemos o Bosque Gomm”, com a construção do shopping Pátio Batel.
A primeira iniciativa que ganhou repercussão na cidade foi o movimento “Salvemos o Bosque Gomm”, com a construção do shopping Pátio Batel.
Tida como uma retomada da cidade para a mão dos cidadãos e contra a dominação da iniciativa privada, a ocupação dos espaços públicos é um fenômeno não muito difícil de ser observado e que vem ganhando mais destaque em Curitiba.
A primeira iniciativa que ganhou repercussão na cidade foi o movimento “Salvemos o Bosque Gomm”. Com a construção do shopping Pátio Batel em 2013, a imprensa local revelou que as obras estavam ferindo diversas leis. Foi realizada a derrubada de parte de um bosque e a remoção de um imóvel histórico – a chamada casa da família Gomm - para outro local.
O assunto fervilhou nas redes sociais e a página “Salvemos o Bosque da casa Gomm” surgiu no Facebook, reunindo todos que eram contra a intervenção comercial em um espaço que é patrimônio da cidade. Luca Rischbieter é um dos participantes do movimento e conta que, desde o princípio, a adesão popular foi espontânea. As pessoas passaram a ocupar o que restou do bosque com eventos culturais como sinal de protesto.
Rischbieter afirma que a Prefeitura foi bastante receptiva. “Já no começo, nos chamaram para reuniões para discutir o movimento”. Ele conta que até mesmo a primeira-dama da cidade, Marcia Fruet, foi a um show realizado no espaço. “Nós temos todo um diálogo aberto com a Prefeitura para oficializar o espaço como um parque. Só não entendo o shopping continuar contra. A melhor coisa que eles poderiam fazer é participar junto”, opina o empresário.
O shopping, através de assessoria de imprensa, afirma que é favorável a “todas as iniciativas que estimulam a coletividade e a preservação histórica, cultural e ambiental da cidade. Com relação ao Bosque Gomm, por se tratar de um patrimônio histórico, sua administração cabe aos órgãos públicos”.
No mês passado, um incidente assustou os frequentadores do bosque. “Tinha acabado uma peça infantil e havia em torno
de 50 crianças por lá quando surgiram carros da polícia e invadiram o gramado”, conta Luca. A denúncia de pichação, feita anonimamente por uma mulher, levou viaturas da Guarda Municipal ao espaço, e um grafiteiro foi preso. O artista, que faz parte de um coletivo, estava pintando poesias em um dos muros do espaço. “Foi bastante traumático e violento. Um dos carros atropelou e arrancou uma pequena araucária que havíamos plantado”, conta Rischbieter.
“Perguntamos [ao grafiteiro] se ele tinha autorização para pintar aquele muro e ele respondeu que não”, explica o inspetor Frederico, da Guarda Municipal (GM). De acordo com ele, a pichação se difere do grafite justamente pela falta de autorização dos proprietários. Ele afirma, ainda, que não houve manobra brusca, aceleração ou frenagem no local. “É normal
que quem é abordado pela polícia sinta que sofreu truculência, mas nesse caso eu conversei com os policiais e fui lá no dia seguinte para verificar. Não havia marcas de pneu na grama, fato que confirmaria a direção agressiva”, conta o inspetor.
Após esse evento, uma onda de revoltas por parte dos frequentadores tomou conta das redes sociais. Diante disso, a Prefeitura e a GM retornaram ao local no dia seguinte para ajudar a plantar outras três mudas de araucárias e orientar os moradores sobre como cuidar.
O inspetor orienta para que não existam mais problemas como este. “Toda manifestação é livre, mas é preciso que seja comunicada à Prefeitura antes de acontecer. Se tivessem nos avisado dessa intervenção antes, não precisaria ter havido essa situação”.
A Casa Gomm, contruída em 1913, foi tombada pelo patrimônio histórico do Estado em 1989 e, por isso, não poderia ser destruída ou removida. Porém, entre 2000 e 2002 o governo do Estado forneceu autorização para a remoção do imóvel. A mudança alterou a posição original e a orientação solar da casa, colocando-a em área de fundo de vale. Na mesma época, também foi concedida autorização para derrubada do bosque, igualmente tombado. No final da gestão de Luciano Ducci e no início da gestão de Gustavo Fruet, a Prefeitura e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC) projetaram um acesso secundário aos estacionamentos do shopping, circundando a Casa Gomm com asfalto e cortando mais um pedaço do bosque. É este traçado (ligando os dois pedaços da Rua Hermes Fontes e circundando a Casa Gomm) que o movimento é contra.
Não é de hoje que a tecnologia está presente no dia a dia das pessoas. Desde 2013, a Secretaria Municipal de Educação de Curitiba (SME) tem o projeto Conexão Educacional, que busca inserir novas tecnologias nas salas de aula da rede municipal de ensino, além da manutenção dos equipamentos e da oferta de formação aos professores.
De acordo com o coordenador de tecnologia e difusão educacional da SME, Marlon Mateus Campos, as escolas municipais de toda Curitiba contam com 20 mil netbooks educacionais, laboratórios fixos de informática, lousas digitais e projetores multimídia. “Temos um projeto pioneiro de inserção de tablets na educação infantil, pois compreendemos a grande facilidade que a criança pequena tem com dispositivos sensíveis ao toque”, conta.
A professora do 5º ano, Beatriz Lenz, acredita que o uso de celulares em sala de aula, tanto pelo professor, quanto por pate dos alunos, atrapalha o ensino. “Não
sou contra a tecnologia nas escolas, porém acho que no caso dos smartphones o uso é indevido. As crianças acabam acessando conteúdos que não dizem respeito à aula que é ministrada e não conseguem aprender”, relata.
Em pesquisa realizada pela F-secure, empresa que desenvolve soluções que protegem consumidores contra diversas ameaças na internet, aponta que 31% das crianças brasileiras com até 12 anos de idade possuem dispositivos móveis com acesso à internet. Para Campos, os smartphones e tablets podem atrapalhar o ensino, da mesma forma que outros objetos que estejam desconectados ao sentido da aula. “Nós não podemos demonizar o aparelho como se ele, por si só, enfraquecesse a aula. Os dispositivos móveis são importantes ferramentas que facilitam acesso à pesquisa, comunicação e podem sim contribuir muito com a aprendizagem dos alunos, basta integrar o uso desses equipamentos e desenvolver em crianças, jovens e adolescentes a consciência de
utilização adequada”, diz.
Aluno do 9º ano, Lucas Quarelli, acha que as aulas em que os professores fazem o uso do computador ou do data show são mais interessantes. “Quase nunca temos aulas diferentes, que contam com a tecnologia, por exemplo. Essas aulas são sempre mais legais e participativas”, fala. Para ele, a utilização de celulares durantes as aulas atrapalharia no desenvolvimento dos alunos. “No fim, nós ficaríamos nas redes sociais o tempo todo e não prestaríamos atenção no conteúdo”, afirma.
No dia 27 de maio de 2014 foi aprovado pela Assembleia Legislativa o projeto de lei que proíbe o uso de qualquer objeto eletrônico nas salas de aula de todo o Paraná. O texto é de autoria do deputado Gilberto Ribeiro (PSB) e prevê a proibição de equipamentos como celulares, tablets e notebooks, exceto para fins pedagógicos. A medida é valida tanto para escolas públicas, quanto para privadas do Estado.
Beatriz acredita que a tecnologia, se usada de forma correta, auxilia no aprendizado, pois torna as aulas mais agradáveis e de fácil entendimento. “Temos que nos adaptar à tecnologia, porque as crianças já nascem tecnológicas. Somente giz, quadro negro e cadernos não são suficientes. Os alunos pedem por inovações nas aulas”, finaliza.
Segundo Campos, caso sancionada pelo governador do Paraná, a lei trará prejuízos para o ensino e é vista como um retrocesso para a educação.
“Sou contra todas essas proibições, assim como sou contra confiscar o equipamento do aluno. O dispositivo móvel, seja ele um smartphone ou um tablet, é de propriedade do aluno e não pode ser tirado de seu poder. A tecnologia veio para facilitar a vida, ajudar, melhorar e não atrapalhar”, conclui.
“OS
IMPORTANTES FERRAMENTAS QUE FACILITAM ACESSO À PESQUISA, COMUNICAÇÃO E PODEM SIM CONTRIBUIR MUITO COM A APRENDIZAGEM DOS ALUNOS”
Nós não podemos demonizar o aparelho como se ele, por si só, enfraquecesse a aula
“COMPREENDEMOS A GRANDE FACILIDADE QUE A CRIANÇA PEQUENA TEM COM DISPOSITIVOS SENSÍVEIS AO TOQUE”
A lei federal da aprendizagem foi criada em 19 de dezembro do ano 2000. Seu objetivo é incentivar que jovens entrem no mercado de trabalho, se qualifiquem e posteriormente ocupem vagas definitivas nas empresas, mas, para muitas pessoas, a principal motivação para participar dos processos seletivos que podem garantir um emprego é o auxílio no orçamento familiar.
Letícia Dias, 16 anos, é estudante do 2º ano do ensino médio e mora com os pais. Há quase um ano trabalha como aprendiz em uma agência bancária de Curitiba, e conta como esse emprego tem ajudado a ela e à sua família. “Com o que eu ganho eu pago a conta de luz. Já é alguma coisa que meus pais não têm que pagar e, com o que
sobra, eu compro minhas coisinhas, que antes eles não podiam comprar para mim”, comenta. A estudante recebe um salário de R$ 688,00, trabalha cinco dias por semana, seis horas por dia e ainda realiza um curso de qualificação profissional na ONG que a encaminhou para o trabalho.
O pai de Letícia, Sérgio Dias, 48 anos, trabalha como repositor de mercadorias em uma rede de supermercados. Ele compara as diferenças entre as gerações e se alegra com as oportunidades que a filha está tendo. “Eu comecei a trabalhar com oito anos carregando muda de pinos para o plantio. Meu salário ia direto para o armazém para comprar comida, quando dava para fazer isso. Hoje é mais difícil ver isso acontecer (a exploração de trabalho infantil) e os jovens têm portas abertas que antigamente a gente nem sonhava em conhecer”, conta. A mãe de Letícia, Lucineia Brogion, 42 anos, trabalha como diarista três vezes por semana e ganha em torno de R$ 1 mil. Ela desabafa e diz que o salário da filha faz sim diferença dentro de casa. “Olha, se eu falasse que não ajuda eu estaria mentindo. Nós somos uma família, temos que nos ajudar”, opina.
Iara Cristina é professora de Letícia na Escola Social Profissionalizante (Espro), ONG que trabalha exclusivamente com o encaminhamento de jovens ao mercado de trabalho. Para ela, essa medida de inserção no ambiente profissional é boa para todos. “O Brasil está crescendo, precisando de pessoas para trabalhar, mas a qualificação ainda é um problema. A geração passada teve que parar de estudar para trabalhar e não quer isso para os seus filhos”, esclarece a professora.
Carmen Lúcia Massoni é coordenadora da Rede Esperança, ONG que também qualifica jovens para o mercado de trabalho. Segundo ela, muitas vezes os adolescentes abandonam o programa e não percebem que estão jogando fora uma oportunidade. “Já aconteceu de começarmos uma turma com 20 jovens, inserí-los no mercado de trabalho e, meses depois, termos apenas
quatro alunos em sala de aula. Lidar com a imaturidade da idade é um problema, porque para as empresas, eles já devem ter um comportamento alinhado com o ambiente profissional. Além disso, muitos abandonam o programa e depois vão trabalhar em funções inferiores, sem nenhuma perspectiva de crescimento em suas carreiras”, analisa.
Gabriele Cristine tem 15 anos e é estudante do 1º ano do ensino médio, faz o curso de Aprendizagem de Mecânica Industrial na Rede Esperança, com certificação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Ela está animada com a oportunidade que recebeu. “Converso com os funcionários mais velhos da empresa, e todos falam bem da área de mecânica, contam que ela tem bons salários e estabilidade”, revela a jovem.
A estudante que vive com o pai conta que começou a procurar emprego para ajudar em casa. “O que o meu pai ganha não é muito, por isso eu comecei a procurar trabalho, foi quando conheci essa ONG”, revela.
Segundo a lei da aprendizagem podem desempenhar a função de aprendizes, jovens com idade entre 14 e 24 anos, que estejam devidamente matriculados na escola. Eles não têm autorização para realizar as mesmas tarefas dos profissionais mais velhos, mas podem auxiliá-los.
”Com o que eu ganho eu pago a conta de luz. Já é alguma coisa que meus pais não têm que pagar”.
“LIDAR COM A IMATURIDADE DA IDADE É UM PROBLEMA, PORQUE PARA AS EMPRESAS, ELES JÁ DEVEM TER UM COMPORTAMENTO ALINHADO COM O AMBIENTE PROFISSIONAL”
Segundo dados que constam no primeiro estudo realizado pelo observatório do trabalho da Prefeitura de Curitiba, as obras e serviços voltados para a realização da Copa do Mundo em Curitiba geraram 20,4 mil empregos no período entre janeiro de 2013 e abril de 2014. O número equivale ao total de vagas ofertadas pelo Sistema Nacional de Emprego (Sine) na cidade em um ano.
preenchidas, mas a Copa é um evento que ainda gerará algumas oportunidades. Na remuneração temos alimentação, hotelaria e turismo e no trabalho voluntário, apesar de já ter passado os treinamentos, os cidadãos podem se escrever na Secretaria do Trabalho e Emprego”.
O comércio irregular de produtos falsificados ou sem procedência é comum nas esquinas do centro de Curitiba. Diariamente, os vendedores sem registro atuam e oferecem as mercadorias para quem passa. A Praça Rui Barbosa e a Rua XV de Novembro são locais de grande concentração de pessoas, e nos quais os vendedores ambulantes mais atuam. O comércio formal local acaba ficando no prejuízo quando precisa concorrer com produtos como perfumes, CDs, cigarros e acessórios femininos sem o valor dos impostos vendidos pelos ambulantes.
De acordo com os lojistas ao redor da Praça Rui Barbosa, as vendas diminuem no período da noite, com a chegada dos vendedores ambulantes, pois eles vendem os mesmos produtos, mas muito mais barato. Segundo Cássia Fernanda de Oliveira, gerente comercial, os clientes podem escolher entre comprar com preço mais acessível dos ambulantes ou optar pela qualidade dos produtos das lojas regulares, e reclama que os ambulantes já chegaram a estender suas tendas em frente à loja.
Por outro lado, Talita Gonçalves, compradora e vendedora destes produtos, declara que muitas mercadorias têm a mesma qualidade das lojas e com preços mais acessíveis, muitas vezes esses produtos são pagos pelo preço de fábrica
e não pelo elevado valor com impostos. “Talvez não seja uma conduta correta, tendo em vista que deixamos de pagar impostos, porém para muitos, assim como eu, é uma grande fonte de renda”, diz ela.
O economista Osmari Penteado explica que o impacto financeiro de produtos piratas sobre a atividade legal é expressivo. Ela inicia-se na perda de vendas dos estabelecimentos regulares. Desta forma haverá redução da arrecadação tributária pelo poder público, a margem líquida da empresa reduz-se, e com isto a renda dos proprietários. Com a queda da margem líquida dos estabelecimentos reduz-se a renda de empregados, seja pela demissão ou pelo represamento de aumentos salariais e o desincentivo ao investimento em ampliação ou em novas atividades empresariais.
As fiscalizações são preventivas e específicas conforme denúncia, o objetivo é combater o comércio irregular de produtos estrangeiros, pirateados ou contrafeitos. As mercadorias irregulares são retidas e encaminhadas ao depósito da Receita Federal. Para retirá-las, os comerciantes terão apresentar documentos comprobatórios da regularidade fiscal.
Coelho/2oPeríodoO levantamento mostra que durante a fase de preparação para a Copa foram criados 15,9 mil empregos, nas áreas de hotelaria, alimentação, transporte e turismo e também nas obras realizadas na cidade para receber o Mundial. Na segunda fase, durante a realização do evento, são 4,5 mil novos empregos formais. Os números abrangem os três mil trabalhadores que atuarão dentro do estádio durante os dias de jogos e os 250 que estarão na Fan Fest, na Pedreira Paulo Leminski.
Segundo Cid Cordeiro, assessor econômico da vice-prefeita Mirian Gonçalves, as obras da Arena da Baixada, abriram 5.523 vagas de emprego. Nas obras do aeroporto foram absorvidos três mil trabalhadores e 1,9 mil vagas nas obras viárias de responsabilidade do Paraná. “São poucas vagas ainda que restam para serem
Denise de Paula Lins é autônoma no ramo de saúde, mas foi contratada para trabalhar de garçonete temporariamente em uma lanchonete no período da Copa. segundo ela todas as oportunidades são validas, as remuneradas para ajudar no orçamento e os trabalhos voluntários para agregar novas experiências, conhecimentos e possibilitar contatos para a vida profissional. “Não dá pra mudar o fato da Copa ser no Brasil e todo o transtorno que aconteceu e que ainda acontecerá então, todos nós devemos aproveitar as oportunidades oferecidas”.
O Sine registrou um aumento de duas mil novas vagas, crescimento acima da média. Dessas vagas, um quinto está relacionadas à Copa do Mundo, o que gerou uma renda adicional de aproximadamente R$ 30 milhões na economia da capital.
Marjorie Coelho/2oPeríodoA participação do jovem na política brasileira no passado se mostrou importante para mudanças no país, principalmente na época da ditadura, em que movimentos estudantis foram às ruas protestar, contrários ao modelo político imposto naquela época. Novos movimentos surgiram, como o dos “cara-pintadas”, que reuniu jovens do ensino médio e universitários pedindo o impeachment do então presidente Fernando Collor . E o caso mais recente, em junho de 2013, quando a população, insatisfeita com o aumento da tarifa dos ônibus, foi às ruas protestar, ganhando intensidade por meio das redes sociais.
Para Charluan Correia, secretário estadual da juventude do Partido Verde (PV), essa representação jovem em forma de movimentos que faz as verdadeiras mudanças no país acontecerem, forçando, de alguma maneira, a sociedade sair da acomodação e ficar atenta às ações dos políticos. “Nas manifestações de 2012, a juventude mostrou não ser apática à política. Foi um movimento forçado pelos jovens. Apesar da participação de toda a sociedade, foi essa parcela da população mais nova que tomou a frente e mostrou uma mudança de comportamento”.
Correia acredita que a educação é a base para fazer o jovem ter uma maior participação na política, seja fiscalizando, votando ou mesmo atuando em partidos políticos. “A base de tudo é a educação. Nós vemos que em locais onde há uma educação mais elevada, as pessoas entendem o nível de importância de sua atuação na política”. Para ele, a informação propagada em escolas e universidades é importante para esse processo da juventude mais participativa. “O processo de conscientização acontece através da informação, nos espaços acadêmicos, que poderiam ser melhor utilizados”, disse o secretário.
O sociólogo Ney Jansen acredita que os
A ferramenta é a mais usada por universitários para comentar, discutir e propor novas mudanças na política brasileira
debates envolvendo políticas públicas nas escolas é fundamental para que faça o jovem criar gosto pelo assunto. Para ele, apenas a iniciativa de cada um não basta, mas sim, incentivo das instituições a esses jovens. “É na escola que crianças e adolescentes precisam ser inseridos em discussões que envolvam toda e qualquer política. Assim o jovem receberá informações para que possa entender, raciocinar sobre o assunto e principalmente, por em prática, vendo que atitudes podem, sim, mudar alguma coisa”.
Resgatando um pouco da história, Dione Antônio de Carvalho participou dos “cara-pintadas” e explica que naquela época vivia-se um novo período conturbado, com vários problemas
em setores diversos da sociedade. “Acabávamos de sair de uma ditadura e vivíamos a democracia. Os inimigos eram a Inflação galopante, economia falida, desemprego, corrupção, analfabetismo, pobreza. Precisávamos fazer algo, pintar a cara, arregaçar as mangas e ir para as ruas, o que acabou acontecendo”.
Fazendo coro com Correia sobre o papel das redes sociais, Gabriel Carriconde, estudante de Jornalismo e vice-presidente do Centro Acadêmico de Comunicação Social (Cacom) da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), ressalta a importância do movimento jovem na internet. “Ela é importante, pois alcança um grande público que de outra maneira seria mais complicado”. Mas Carriconde alerta que as redes sociais não podem substituir organizações já consolidadas. “A internet
é apenas um instrumento de divulgação de ideias. Organizações como centros acadêmicos e sindicatos são os verdadeiros locais de discussões sobre a política geral”.
Carvalho acredita que o jovem de hoje é mais preparado que o de décadas passada. “Se os jovens de hoje soubessem a força que têm, teriam o mundo em suas mãos”. Apesar dessa maior preparação, ele acredita que falta mobilização que se aconteça novas realizações. “Infelizmente nos colégios e universidades não há mobilização”.
Morar em casa alugada é parte da vida de muitos brasileiros. Ainda há quem opte pela taxa mensal de um imóvel que não é seu, a uma parcela fixa de um imóvel próprio. Entretanto, deve-se levar em conta o orçamento e a projeção familiar para então decidir qual é a melhor condição habitacional.
“A INTERNET É APENAS UM INSTRUMENTO DE DIVULGAÇÃO DE IDEIAS. ORGANIZAÇÕES COMO CENTROS ACADÊMICOS E SINDICATOS SÃO OS VERDADEIROS LOCAIS DE DISCUSSSÕES SOBRE A POLÍTICA GERAL”
“A base de tudo é a educação. Nós vemos que em locais onde há uma educação mais elevada, as pessoas entendem o nível de importância de sua atuação na política”
Mais próximos aos bairros que os prefeitos, os vereadores costumam ser considerados “padrinhos” de determinadas comunidades, o que, segundo João Batista (PMN), policial e atualmente vereador de Fazenda Rio Grande, não pode acontecer. Ele diz que a confusão com relação às atribuições dos representantes públicos é algo frequente.
É um erro acreditar que um asfalto foi feito por um vereador, por exemplo, alega o policial, porque isso é realizado através de projetos, devidamente licitados e postos em prática pelo poder Executivo. “Todos os gastos públicos são decididos conforme a lei orçamentária anual da cidade. O vereador é eleito para fiscalizar o que acontece no município e indicar ou requerer ao prefeito melhorias em relação ao que está acontecendo, mas não pode opinar no dinheiro público diretamente”, explica.
que não são prioritários, em questões de caráter lobista e interesses patrimonialistas e pessoais”, afirma.
O policial concorda com a ideia de que há burocratização, pois os vereadores fazem indicações que são engavetadas, o que lhes faz cobrar uma atitude por meses, tendo que ficar muito presos na Câmara. Além disso, ele alega também que, com exceção dos dias de reuniões, alguns colegas vão para suas casas ao invés de irem para os bairros fazer seu trabalho.
Anivaldo Gomes de Oliveira, 66 anos, aposentado, conta que está cobrando dos vereadores que eles coloquem manilhas em uma valeta que um mestre de obras da prefeitura de Fazenda Rio Grande fez em seu terreno há quase dois anos. Segundo ele, o homem havia prometido que a vala, feita para unir rios
próximos à sua casa, não permaneceria aberta, mas mesmo tendo solicitado mais de três vezes, nada foi feito. Desde o procedimento, formou-se uma erosão ao redor do rio que passa dentro de seu terreno e, para ele, isso é preocupante ao meio ambiente.
“É claro que alguns problemas eles deixam passar, tem muita coisa pra ser resolvida, mas os vereadores são os fiscais da prefeitura, eles já deveriam ter visto isso e resolvido”, indigna-se, contando também que sabe dos seus deveres e que tenta exercê-los. “Não é responsabilidade da prefeitura limpar a frente da minha casa, isso eu faço, mas as obras que eles começaram lá, eles têm que terminar”, disse.
Batista acredita que a maior dificuldade no seu trabalho é a visão deturpada que a maioria das pessoas tem, de que o representante político tem que resolver
os problemas pessoais de cada uma delas. “O vereador não foi eleito para dar cesta básica, óculos, muleta, cadeira de rodas, ele foi eleito para fazer projetos de lei para que essas situações sejam resolvidas para todo mundo, não apenas para algumas pessoas; ele não tem que empregar uma ou outra pessoa, tem que conseguir emprego para muitas”, ressalta.
A mestre em Ciências Sociais alega que as pessoas têm cada vez mais informações através da mídia e de canais abertos a discussões e debates, mas que é preciso que todos acompanhem. “Já que a população comum não tem acesso, a parcela crítica deveria cobrar mais. Temos muitos recursos públicos, mas não é feita canalização correta e a maioria das pessoas sequer acompanha os gastos”, diz. Para ela, deveria haver uma maneira de tornar mais atrativos os assuntos relacionados à sociedade civil, visto que influenciam a todos.
Além desta função, Batista conta também que é dever dele e de seus colegas elaborar projetos de lei que favoreçam a população. Eles podem requerer emendas, medidas provisórias, leis complementares, entre outras, e elas são apresentadas nas sessões, nas quais serão aprovadas ou não e, depois disso, passarão por revisões e novas aprovações.
Quanto à rotina diária, ele conta que seu dever é andar pelos bairros para exercer a função de fiscalizador. Segundo ele, o comparecimento à Câmara dos Vereadores é obrigatório apenas nos dias de sessões, que são realizadas uma vez por semana. Se algum vereador não comparecer e não justificar a falta, poderá ser cassado.
Se para Batista, a tarefa dos vereadores é fiscalizar, para Marcia Terezinha de Oliveira, mestre em Ciências Sociais, o trabalho dos representantes públicos está cada vez mais burocratizado, faltando-lhes retornar às comunidades. “Eles só ficam presos nos gabinetes, se envolvendo em processos
Ainda que eles sejam o intermédio entre a Prefeitura e os cidadãos, poucas pessoas sabem porquê foram eleitosNa sala de reuniões que os vereadores de Fazenda Rio Grande dividem por não terem gabinete próprio, Batista analisa um contrato de parceria Dayanne Wozhiak / 3oPeríodo
“O
FOI ELEITO PARA DAR CESTA BÁSICA, ÓCULOS, MULETA, CADEIRA DE RODAS, ELE FOI ELEITO PARA FAZER PROJETOS DE LEI PARA QUE ESSAS SITUAÇÕES SEJAM RESOLVIDAS PARA TODO MUNDO”Dayanne Wozhiak
Além de eleições presidenciais e Copa do Mundo, o ano de 2014 será marcado pela explosão de popularidade de perfis e sites com perfis políticos à direita voltados ao público jovem. A maior parte se concentra no Facebook, como a “TV Revolta”, a que mais cresceu no país no último mês, atingindo a marca de 3,6 milhões de seguidores, mas sites como Youtube e blogs pessoais também desempenham seu papel na formação dessa nova direita digital.
Para o historiador Antonio Neto, a difusão da tecnologia é apenas uma característica, não a causa, dessa proliferação. “O jovem, ser naturalmente rebelde e descontente, sempre simbolizou a revolta e o anseio por mudanças. Este que está aí hoje, mantendo vlogs no Youtube ou compartilhando conteúdo político no Facebook, passou boa parte da sua vida sob o governo petista. A revolta é mais que natural. Ele precisa de algo para combater, e no momento é a esquerda que ocupa esse lugar”, diz o historiador, que acredita que as eleições serão marcadas pela guerra ideológica no meio digital. “Também não podemos esquecer do imenso carisma de personagens como Olavo de Carvalho, cujos alunos se auto-intitulam olavetes e o chamam de mestre. Estas personalidades certamente desempenharam seu papel”, complementa.
Criada no início do ano, a grife Vista Direita conta com site próprio e blog, voltados ao comércio de camisetas com estampas direitistas e à propagação de propaganda anticomunista. “Observamos que o mercado não oferecia camisetas para os liberais, conservadores e direitistas, desta forma iniciamos um estudo para chegar a estampas que agradassem a maior parte do publico”, relata a administração da página, que diz não ter nenhuma filiação partidária.
Quanto ao posicionamento político, explica que “somos de direita conservadora, apesar de não concordarmos com tudo que é pregado no meio conservador. Nosso público são os anticomunistas, os direitistas, os conservadores, liberais. Até
alguns libertários podem consumir nossos produtos”.
A iniciativa já pode ser considerada um sucesso. “Nossa estimativa era nos primeiros meses vender no máximo 50 camisetas, mas o número já passou em mais de 10 vezes em apenas 20 dias. Muitas pessoas estão elogiando nosso produto”, finaliza a administração da página.
A estudante Alana Pavliuk é uma das novas adeptas do conservadorismo digital. Ex-militante esquerdista e fã fervorosa de Che Guevara, Alana agradece às videoaulas de Olavo de Carvalho pela conversão. “O meio acadêmico no Brasil é absolutamente dominado pela esquerda. Há uma hegemonia do pensamento marxista em todas as nossas instituições educativas. Por muito tempo, isso bastou para mim, até que aprendi a pensar por mim mesma. Cansei de ser mais uma engrenagem no instrumento de propaganda comunista. Resolvi ler, me informar e refletir. Comecei com Olavo de Carvalho e logo conheci muitos outros teóricos, desde então minha visão de
mundo mudou completamente. Só tenho a agradecer ao mestre Olavo”, conta.
Alana, que se considera parte da direita liberal, afirma se opor veemente ao governo do PT. Quanto ao papel do jovem na política, a estudante enfatiza a importância do ativismo digital. “Acompanho várias páginas voltadas ao jovem direitista sim, do Canal da Direita à páginas divulgando ideologias específicas, como libertarianismo. Também sigo colunistas conservadores e páginas de pensadores como Adam Smith, além de publicações conhecidas por sua vertente direitista. Mas não deixo de acompanhar publicações de esquerda também. Compreender os opositores é fundamental, e o meio digital é mais importante do que nunca. É lá que se fará a mudança: do debate à conversão ideológica, da internet para as urnas, rumo a um futuro melhor para o nosso país”, conclui.
Enquanto isso, diversas páginas já surgiram para satirizar os perfis conservadores. “TV Relaxa”, paródia da “TV
Revolta”, já conta com 52 mil seguidores (embora seja uma mera fração da página original), enquanto perfis menores como “Ditadura Comunista do PT” ironizam o sensacionalismo daqueles que culpam o partido por todos os males do mundo.
Mateus Lima, estudante e militante esquerdista, é fã do humor no combate às ideologias reacionárias. “Além dos perfis irônicos, sigo as páginas de todos os grandes partidos políticos e de uma grande variedade de veículos de comunicação. Gosto de ver o que todos estão falando. Gosto de discutir nos comentários. É sempre muito divertido”, diz.
diários a
Azevedo em seu blog”, finaliza.
Dia 14 de junho de 1925. Curitiba, a cinza Curitiba recebia, nesta data, seu mais novo integrante. Ao longo de sua vida: homem de poucas palavras, poucas, quase nenhuma. Um contador de histórias que saía às ruas em busca de vidas a serem contadas. E ainda sai porque, assim como ele mesmo disse em entrevista ao jornalista Mussa José Assis, em 1972 - tanto não é difícil alguém me encontrar que eu esbarro comigo mesmo diariamente em todas as esquinas de Curitiba.
Dalton Jérson Trevisan conta sem deixar ser contado. O homem que não posa para fotos, que não dá entrevistas ou autógrafos, conserva o silêncio e as palavras - escritas - sob medida. Pouca coisa já se ouviu da boca deste curitibano enigmático. Contudo, sua obra faz ecoar muitas vozes.
Dalton Trevisan, o Vampiro de Curitiba, figura emblemática e representativa, é conhecido, sobretudo pela distância que mantém da mídia. Poucos respeitam sua escolha. Falta o entendimento sobre o ininteligível. Saber sobre tal decisão desperta ainda mais o interesse sobre essa figura tão curiosa de nossa cidade.
Muitos compartilham desses mesmos interesses.
Como sendo fácil satisfazer a imensa curiosidade: Dalton escreve uma autoentrevista. Isso logo no início de sua carreira. Depois? Nada, silêncio. O conselho do vampiro é praticamente um convite à meditação sobre suas, e nossas palavras e ações. Quando diz que tudo o que tem a dizer está em seus textos, nos provoca, não poderia ser diferente. Em um mundo cada vez mais “sem reservas”, no qual a imagem, as aparências - que enganam, não nos enganemos - são a maior preocupação, deve-se dar mais atenção às essências. Uma “lenda”: Trevisan. E, para ele, “é conveniente manter a lenda é preciso alimentá-la”. Contista por vocação, ele conta. Vamos pegar um exemplo de sua
obra, o conto “Em busca da Curitiba perdida” e, prestemos atenção.
“Curitiba, onde o céu azul não é azul”. A Curitiba de Dalton Trevisan, onde estará? Onde foi parar?
Desde suas primeiras publicações, o vampiro de Curitiba nos aponta questões sociais que, normalmente, são deixadas de lado porque, afinal, problemas não são de todo o interesse das pessoas. Ele utiliza linguagem simples e, ao mesmo tempo, rica. Descrições
completas não deixam passar um detalhezinho sequer. O vampiro “viaja” a Curitiba de hoje, de ontem e de amanhã. Viaja e nos convida a viajar também. Vamos lá?
Tentando se fazer “invisível”em suas produções, o autor com mais 40 obras publicadas se revela em cada uma de suas palavras. Sua obra busca o deboche o escárnio, a contramão dos valores estabelecidos como forma de tentar reaver aquela Curitiba provinciana, aquela Curitiba perdida. E, se escondendo em sua própria “capa vampiresca”, fica mais confortável porque, além do fato de não gostar de aparecer ou ser assediado, Trevisan é um solitário em busca de um lugar só seu, um lugar que, bem demonstra em quase todas as suas obras: está perdido, não encontrado. Então, e diante da história, da pouquíssima história de que se tem conhecimento sobre Dalton Trevisan, fica a pergunta: do que é que esse vampiro se esconde?
Um novo golpe está circulando em Curitiba, e mesmo fazendo cinco vítimas, ainda é pouco conhecido: trata-se do golpe do homem apaixonado.
O golpe é aplicado por um homem que escolhe sua vítima pelas redes sociais, conseguindo pesquisar os seus hábitos, preferências e até mesmo identificar as carências emocionais e locais onde a pessoa frequenta. Quando a mulher demonstra interesse e decide conhecêlo, o golpista passa a agir como o homem mais apaixonado do mundo. Por se fingir de apaixonado, o golpista demonstra querer um relacionamento sério, além de em pouco tempo estar frequentando ou morando na casa da vítima, sem que a mesma desconfie dele.
Após estas etapas, o golpista começa a concluir sua armadilha. Como a vítima se encontra em um estado de “paixão”, não percebe as desculpas vindas do
golpista. A mais normal é que seu dinheiro está aplicado, ou que está para receber uma boa quantia em dinheiro só que no momento tem certas dificuldades. Como confia no seu novo amor, a vítima acaba se oferecendo para ajudar, deixando-o saber a senha de todos os seus cartões.
Para finalizar, depois de certo tempo, o “galã” some e a vítima percebe que teve suas contas “limpas”, e até pertences da sua casa roubados.
Muitas mulheres estão caindo neste golpe e mesmo com muitos bens roubados a maioria ainda não tem coragem para denúnciar. Várias vezes acabam fazendo a denúncia anonimamente por medo ou constrangimento de terem sido tão ingênuas. “Não é possível ser anônimo, claro que vai ser averiguado, mas lá no inquérito precisamos ter uma vítima definida, aqui
temos pessoas especializadas para esse tipo de caso. Não pode ser anônimo até porque é difícil a prisão desse tipo de golpista”, comenta o delegado Marcelo Lemos de Oliveira.
de seus amigos, já é algo de se precaver, tem que desconfiar. Afinal, um príncipe encantado não aparece assim do nada”, relata Jorge Costa Filho, coronel da reserva da Polícia Militar e consultor em segurança.
O
As mulheres se entregam a este amor quando o homem lhe oferece coisas de seu agrado, com o apego, que vai se criando com o tempo. E promessas “impossíveis” passam despercebidas. É sempre necessário saber separar bem os tipos de relacionamento, seja ele amoroso ou financeiro, não se pode deixar levar pelo momento, e querer dividir seus bens com alguém que pouco se conhece.
Quando a pessoa evita mostrar onde reside ou onde trabalha, é algo de se desconfiar. Por isso um dos modos para evitar cair neste golpe é comprovar a identidade do rapaz, checar as informações, conferir sua página social, perguntar para amigos em comum.
HOMEM QUE ESCOLHE SUA VÍTIMA PELAS REDES SOCIAIS, CONSEGUINDO PESQUISAR OS SEUS HÁBITOS, PREFERÊNCIAS E ATÉ MESMO IDENTIFICAR AS CARÊNCIAS EMOCIONAIS E LOCAIS ONDE A PESSOA FREQUENTA.
“Veja no Google se ele tem algum registro, todos atualmente têm alguma informação no Google”, complementa o coronel.
“Uma pessoa que de repente aparece na vida de alguém, de quem nunca ouviu falar, que não é conhecido de nenhum
Em Curitiba, os casos podem ser denunciados na Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas (DEDC), localizada na Rua Professora Antônia Reginato Vianna, número 1.177, no Capão da Imbuia.
“UMA PESSOA QUE DE REPENTE APARECE NA VIDA DE ALGUÉM, DE QUEM NUNCA OUVIU FALAR, QUE NÃO É CONHECIDO DE NENHUM DE SEUS AMIGOS, JÁ É ALGO DE SE PRECAVER, TEM QUE DESCONFIAR“
Um dos problemas das metrópoles e grandes centros urbanos é o barulho. O ruído acaba gerando o incômodo do sossego alheio e tornando-se indesejável, desagradável e perturbador. De acordo com dados da Polícia Militar do Paraná, em Curitiba cerca de 65% das denúncias noturnas são de perturbação por barulho. O maior motivo dos acionamentos é por causa do barulho residencial, que inclui festas, som alto, latidos de cachorro, entre outros.
No Brasil, poluição sonora é crime ambiental e de acordo com a Lei Federal nº 4.092, é proibido perturbar o sossego e o bem-estar público da população pela emissão de sons e ruídos por quaisquer fontes ou atividades que ultrapassem os níveis máximos de intensidade, que de manhã são 55 decibéis, à tarde 50 decibéis e no período noturno 45.
Segundo Márcia Santos, assessora de imprensa da Polícia Militar do Paraná, a denúncia pode se dar via telefone 190 ou na abordagem de uma viatura na rua. “O agente vai até o local, verifica a situação e realiza a medição do ruído com o decibelímetro. Se acaso estiver acima do permitido, orienta para que abaixem o som e/ ou para que as pessoas se dispersem. Em caso de recusa, isso pode até gerar uma prisão”, explica. O policial ainda pode solicitar que o responsável pelo barulho responda a um do termo circunstanciado.
O empresário Marcos Ferreira precisou de auxílio da polícia para conseguir sossego. “Estávamos incomodados, pois já era tarde e o vizinho ainda continuava
fazendo festa com som alto. Outro vizinho mais próximo me ligou querendo saber se também estava me perturbando o barulho”, conta Ferreira. O empresário diz que como não eram próximos do vizinho ‘barulhento’, no qual estava visivelmente alterado, decidiram comunicar à polícia. “A viatura chegou em 30 minutos e logo acabou a festa e todo o barulho. Enfim pudemos dormir em paz”, conta.
Sossego é o que falta nas noites de sexta-feira do auxiliar de eletricista Marcus Vinicius Cordeiro. Ele conta que mora em frente ao Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que fica no centro da cidade, e toda sexta-feira os acadêmicos fazem festa até o dia amanhecer. “Eles começam com o barulho e som alto por volta das 23 horas e ficam normalmente até 6, 7 horas da manhã do outro dia. Fora o álcool, o uso de drogas nas esquinas e arredores
também é muito visível”, relata. O auxiliar de eletrecista diz que vizinhos dos prédios próximos costumam chamar a polícia, mas quando a viatura deixa o local, a bagunça volta.
Nos condomínios residenciais, na maioria dos casos, a principal reclamação é o barulho. Isso é o que diz Rosa Sugeno, síndica há 10 anos, que explica que nas construções atuais as paredes são mais finas que as de antigamente e, por conta disso, ouve-se o barulho do vizinho, por mais baixo que seja. “As pessoas que moram em condomínio precisam saber conviver com os demais moradores, pois precisa existir uma tolerância. Tolerância quando o barulho é só por alguns minutos e não excede o limite estabelecido por lei”, explica a síndica.
Segundo Rosa, nos finais de semana são recebidos o maior número reclamações. “Em caso de perturbação, o ideal é que o morador procure o síndico para tentar resolver a situação na conversa. Caso não resolva, aí é aconselhável que registre um boletim de ocorrência”, aconselha.
A fiscalização de poluição sonora depende do objeto causador do barulho. Em caso de sons em veículos automotivos, o Código de Trânsito Brasileiro determina que a medição seja feita com o decibelímetro a sete metros de distância do carro. Se o barulho produzido pelo som for superior a 80 decibéis a infração é considerada grave com multa de R$ 127,69 e retenção do veículo. Em caso de barulhos produzidos pelo alarme veicular, a tolerância é de 104 decibéis para carros fabricados até o ano de 1999, e 93 decibéis para os fabricados a partir desta data, e a infração é considerada média com multa de R$ 85,13 e remoção do veículo.
Para os barulhos produzidos por fontes fixas, a Lei Municipal 10.625/2002 prevê que a medição seja feita com o decibelímetro a cinco metros de distância da divisa do imóvel gerador. O limite de barulho permitido varia de acordo com o horário. Na parte da manhã o máximo são 55 decibéis, à tarde são permitidos até 50 decibéis e no período noturno 45 decibéis. As infrações variam com multa de R$ 5,3 mil até R$ 18 mil.
O projeto Leões do Vôlei, que teve início em 2008, e que conta com os atletas Emanuel e Giba como padrinhos, oferece aulas de voleibol para as crianças participantes devidamente matriculadas em uma instituição de ensino da rede municipal, na qual as atividades esportivas são realizadas no contraturno de seu horário de aula e tem por objetivo incentivar o esporte juntamente com a educação no ambiente escolar.
O projeto foi idealizado por Emílio Trautwein e o atleta Emanuel Rego em uma reunião na qual discutiam a importância de retomar o esporte nas escolas. O objetivo de ambos era tornar o esporte em Curitiba referência nas escolas. Trautwein foi professor de Educação Física de Emanuel e também do atleta Giba. Depois disso, em conversa com a Matte Leão e convidando o jogador Giba, o projeto teve início no ano de 2008. Hoje o projeto está presente em 10 escolas na capital, duas em Fazenda Rio Grande e em mais três centros esportivos. Ao todo passam pelo projeto cerca de 1,2 mil crianças. “O esporte é para desenvolvimento cívico, e unido com a educação pode ensinar dedicação, disciplina, persistência, entre outros valores do dia a dia”, contou Trautwein.
Segundo o idealizador do projeto, o material esportivo é de primeira linha e são doados pela Matte Leão. Os atletas apoiam passando a metodologia e os fundamentos retribuindo tudo o que sabem, e a Prefeitura de Curitiba cede o espaço físico e os profissionais que trabalham com as crianças.
Claudilene Zirondi, professora de educação física, trabalha com o projeto há três anos na escola municipal Bairro Novo do Centro de Atenção Integral à Criança (Caic) Guilherme Lacerda Braga Sobrinho, no bairro Sítio Cercado, regional Bairro Novo, que é a única escola do sexto ao nono ano que possui o projeto, pois as demais escolas desenvolvem nas séries iniciais do primeiro ao quinto ano escolar. “O projeto não tem custo, tudo que é voltado para o aluno é dado o suporte. Participa
quem tem interesse, a criança precisa ter a característica de quem respeita as regras, ter cooperação, e que seja um bom aluno em sala de aula’’, explica Claudilene.
Todo ano os alunos participantes recebem a camiseta do Leões do Vôlei, e a cada final de ano todas as escolas participam do encerramento do projeto. Em 2013 aconteceu o primeiro evento no qual os alunos puderam jogar em trios com outras escolas.
Segundo Trautwein, os atletas Giba e Emanuel participam do evento de encerramento todo o ano, no qual são oferecidas oficinas com temas como saúde, trânsito, cultura e os alunos podem circular entre todas elas. “No evento também são exibidos vídeos sobre a história dos atletas, troféus, medalhas, para que as crianças vejam que é possível vencer”, contou.
Os treinos ocorrem no ginásio da escola todas as segundas e quartas-feiras primeiramente um horário para o time feminino e em seguida com o masculino, após estes ocorre a prática com todas as crianças que estudam no período da tarde.
A professora conta que seus alunos do Caic que fazem parte do projeto já foram levados por ela para algumas competições como os jogos escolares de Curitiba, jogos municipais, nos quais obtiveram bons resultados, no entanto ela diz que o projeto Leões do Vôlei em si não visa competição.
‘’O projeto propõe que o aluno aprenda jogar, se ele conseguir segurar a bola e realizar o toque ele está jogando vôlei, mas nada que vise competição’’.
Há alguns alunos que quando atingem certa idade saem do projeto e treinam em clubes que são federados, e então começam a participar de competições. Segundo Claudilene o nome ‘’Leões do Vôlei – Voleibol com Educação’’ provém da visão do projeto de ocupar as crianças para que elas aprendam um esporte voltado para a educação, com o intuito de participar e não de competir, e ser um
aliado em sala de aula no desenvolvimento das mesmas. ‘’Quando a parte pedagógica ou em sala de aula tem algum problema com o aluno, eles falam comigo e ai há uma conversa com a criança, porque tem que ter esse trabalho’’, conclui.
Em todos os treinos os alunos têm de estar usando a camiseta do projeto que os identifica, pois ocorrem às vezes visitas surpresas dos padrinhos na escola.
Andressa Silvério, 13 anos, que estuda na oitava série e já participa do projeto há cinco anos contou um pouco como é para ela fazer parte, e a experiência que teve com o esporte. ‘’O projeto foi importante para meu crescimento no vôlei, eu joguei no Paraná Clube em que participei da Liga
Voleibol do Paraná, eu viajava pra várias cidades pra competir, chegamos a ficar com o quarto lugar. Pretendo ser um dia jogadora de vôlei’’, declarou Andressa.
Outro aluno que já participou do Leões do Vôlei na escola Caic, e atualmente voltou, é Daniel Costa. Para ele o projeto é como um incentivo para seu futuro, ele pretende treinar em algum clube até conseguir chegar em uma seleção. ‘’Até hoje o que eu aprendi com o vôlei foi saber respeitar um ao outro, ter um apoio moral, ser incentivado a estudar. A professora incentiva a gente a ganhar boas notas, pois além de estarmos representando a escola temos que ser bom aluno em sala para continuar no projeto’’, disse o estudante.
“O PROJETO ESTÁ PRESENTE EM 10 ESCOLAS NA CAPITAL, DUAS EM FAZENDA RIO GRANDE E EM MAIS TRÊS CENTROS ESPORTIVOS”Izabela Weber/3ºPeríodo Professora Claudilene Zirondi com alguns alunos do projeto
Em 1995, o Comitê Olímpico Internacional (COI) reconheceu o xadrez como esporte, porém, o mesmo não teve aprovação para fazer parte das Olimpíadas por ser considerado um esporte da mente, que não exige preparo físico. Porém, o xadrez vai além disso. O jogo aparece também como ferramenta de aprendizado, pois estimula a cognição, afirma o professor titular do curso de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Egídio José Romaneli. “O xadrez desenvolve a concentração, a memória, porque tem que guardar as jogadas do adversário. E assim, acaba desenvolvendo o raciocínio lógico”.
Wilson da Silva, doutor em Educação, que estuda o jogo de xadrez na Escala de Desenvolvimento de Pensamento Lógico (EDPL) com base nos estudos de Jean Piaget – epistemólogo consagrado, diz que o xadrez é um esporte com suas particularidades, exercita mais o cérebro
do que o corpo, porém, ”nem todos têm o interesse em apreciar uma partida de xadrez, pois as pessoas têm que dominar a regra para entender o jogo. Não é como o futebol que você pode se emocionar sem entender”.
Já Reinaldo Rivoppes que aprendeu o esporte com seu pai, passa suas tardes jogando xadrez no Passeio Público. Porém, sem consciência dos benefícios causados pelo jogo. “Eu jogo porque não tem nada melhor pra fazer”, afirma. Porém, Romaneli aponta as vantagens do jogo para a 3ª idade. “Mesmo tendo casos de Alzheimer na família, o xadrez vai desenvolver a atenção, a memória. O xadrez pode ajudar a fazer com que a propensão venha mais tardiamente, talvez ela nem chegue a se desenvolver”.
Da Silva ressalta que os jogadores profissionais de xadrez aprendem a jogar
em média aos cinco anos de idade. E quanto mais cedo se tem acesso a esses diversos estímulos da rede neural, mais fácil fica de adaptar-se a novos estímulos, pois o indivíduo possui maior bagagem cognitiva. “Um adulto quando aprende a jogar, ele tem que trabalhar com as redes que ele possui. O cérebro se modifica, há uma neuroplasticidade, mas como
qualquer coisa na vida, se você aprende cedo, vê que é muito diferente”, afirma. Ele ainda comenta que o cérebro é como um músculo, precisa ser exercitado para que continue respondendo de acordo com os estímulos recebidos. “O xadrez é um desafio, que é a melhor coisa para o cérebro. Ele precisa de desafios, se não, ele se acomoda”.
A 3° edição dos Jogos Paradesportivos do Paraná (Parajaps), que ocorrerão entre os dias 21 e 24 de agosto na cidade de Londrina, evidencia a importância que os esportes têm na vida de portadores de necessidades especiais, notadamente no auxílio ao tratamento e melhora na qualidade de vida dos deficientes físicos. O evento é organizado pela Secretaria do Estado do Esporte e do Turismo (SEET), do governo estadual. As práticas de exercícios físicos auxiliam no tratamento e melhoraram a qualidade de vida dos deficientes físicos.
“Práticas como a natação são as mais recomendadas para deficientes físicos por se tratar de uma atividade de baixo impacto que não causa danos musculares”, explica a fisioterapeuta Adriana Figueira. Rui Menslin, professor de educação física na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e atual técnico da seleção paraolímpica de natação, corrobora e acrescenta a declaração. “Não é apenas a competição. Mas sim uma maneira de
melhorar a qualidade de vida, saúde e até mesmo a autoestima deles”.
Porém, de acordo com paratletas, falta incentivo por parte do poder público. “Na última competição que teve, tivemos de pagar tudo com o nosso dinheiro. Fica complicado continuar nos esportes”, afirma
Wellington Cassiano, 24 anos, portador de osteogênese imperfeita, praticante amador de natação na categoria swimming 8 (S8), voltada para necessidades especiais leves. José Alberto de Campos, gestor de esporte da SEET, e responsável pelos Parajaps, diz que apenas o que é relacionado aos esportes, como infraestrutura, são de gestão da SEET, questões econômicas e
financeiras pessoais dos paratletas não fazem parte de sua responsabilidade. “Nós fazemos de tudo para que o paradesporte seja realizado. Nós damos a infraestrutura para que os esportes sejam feitos, o resto vem por parte da própria equipe”.
Para José Carlos de Souza, atleta paraolímpico, colocado em 3° lugar na categoria nacional de S5, em 2013, a questão financeira não é um problema. “O valor da bolsa não é tão ruim, não tenho reclamações a fazer”. A bolsa é concedida pelo governo federal aos três primeiros colocados e tem o valor de R$ 1 mil, durando por até dois anos. Sobre a igualdade entre os esportes e os destinados aos paratletas, Wellington Cassiano e José de Souza não demonstram otimismo e são da mesma opinião. “A igualdade nos esportes é um mito, nunca um paratleta vai receber o mesmo valor e reconhecimento dado a um atleta comum”, argumenta Cassiano.
Aumentou a preocupação com os paradesportes, porém ainda existe a falta de incentivoMesmo tendo casos de Alzheimer na família, o xadrez vai desenvolver a atenção, a memória. Wellington Cassiano, praticante de natação para portadores de necessidades especiais
A vida, um bem tão precioso, muitas vezes não recebe o devido valor que merece, e para quem ama, a vida do próximo se faz igualmente importante. Viver rodeado de amor, carinho e felicidade, é o desejo de todos. No entanto, a vida não é sempre como sonhamos, e muitas vezes temos que conviver com o seu lado triste.
Marcia Mozzoni Lemos, uma mãe. Mãe de muitos, mas ao mesmo tempo de nenhum. Já foi mãe durante 11 anos, porém por consequências da vida perdeu seu único filho de sangue, que nasceu com uma cardiopatia severa e faleceu por conta da doença. - Ele cantava uma música para mim todos os dias: mãezinha do céu, eu não sei rezar. Eu só sei pedir para a senhora me curar. Azul é seu manto, branco é seu véu, mãezinha me manda um remédio lá do céu.
Mas a perda de João Lemos não foi um motivo para Marcia deixar de lutar e, sim, um guia para que ela iniciasse uma nova missão em sua vida: viver em prol do próximo. Voluntária na Organização Não Governamental (ONG) Associação Paranaense de Apoio à Criança com Neoplasia (APACN), ela ajuda meninas
e meninos portadores do câncer nos hospitais Pequeno Príncipe e de Clínicas. A APACN recebe crianças de todo Brasil que precisam de tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
No dia-a-dia como voluntária, ela se transforma em uma mãe para as crianças hospitalizadas. Nem todas as mães biológicas estão presentes com os filhos, então ela preenche o vazio dos pequenos.
- Encontrei uma razão para continuar vivendo, pois meus príncipes precisam do meu amor. Muitas vezes estão doentes, longe de casa, dos familiares e precisam de apoio e eu estou totalmente disposta a ajudá-los.
Márcia não é só uma mãe para as crianças, é também para os adultos. Mães, pais, avôs, tios e tias passam dias com os enfermos e ela os ajuda para que possam ter, ao menos, um dia de descanso. - Eu entro, fico no hospital para que essas mães possam dormir, comer, tomar banho e lavar roupas. Disponibilizo a minha casa para elas, para que possam descansar, pois eu já sofri muito e sei tudo o que elas estão passando.
Ela acompanha cada criança da
ONG. Muitas delas não conseguem o tão sonhado transplante e acabam falecendo, uma tristeza para todos e, principalmente, para Márcia, pois o sentimento de falta retorna ao seu coração. Porém, a alegria de se conseguir um doador compatível, a contagia - Teve um caso que foi o que mais me marcou. Eram dois irmãos do Rio de Janeiro. Um de seis meses outro de três anos. Os dois nasceram doentes e eu pude acompanhar eles durante o ano todo no
transplante de medula óssea. Os dois se curaram quase ao mesmo tempo.
Muitas vezes momentos simples da vida para esses guerreiros se tornam difíceis de serem realizados. As crianças sofrem com uma dieta rigorosa e recorrem a “mãezinha” para fazer seus pedidos. A voluntária faz o possível para atender as vontades dos pequenos, que variam de hambúrgueres a doces. Porém, Márcia não pode ultrapassar os limites que os médicos estabelecem e por isso mantém em sua casa um estoque de produtos naturais. –Eles não podem comer nada cru ou muito diferente, é uma dieta bem rigorosa. Então, sempre tenho estoque de suco e alimentos naturais em casa e levo para os hospitais. As diversões também são restritas. Márcia leva gibis, Cd’s, jogos, para que eles passem o tempo se divertindo de alguma forma e esquecendo, pelo menos, por um tempo o motivo pelo qual estão internados.
Os caminhos da vida tiraram dos braços de Márcia o seu bem mais precioso, seu filho. Mas foram os mesmos caminhos que levaram a mãe a reencontrar os rumos de sua vida, se doando ao próximo. - Faço tudo que posso por essas crianças. Virou o meu objetivo de vida ajudá-las, ver elas ficarem bem e saudáveis. Ajudar as mães também é meu objetivo. Apoiá-las, acalmá-las e rezar para que os filhos delas fiquem bem, pois já passei por isso. Perdi meu anjinho, mas estou aqui de cabeça erguida e pronta para oferecer o que eu tenho.
buscar na sua casa, já que conheço sua vó.
Aquilo me assustou, mas aceitei de bom grato e prometi devolver. Depois disso, fui à casa da neta de dona Loete. Por um espanto, conhecia ela. Foi minha catequizanda, o que facilitou a entrevista. Ela me contou que existem de 20 a 30 famílias com o sobrenome Geronazzo naquela rua e se orgulha da origem que tem.
- É muito legal você pensar que sua família é importante para a região, e que contribuiu para o surgimento do que hoje é o Boa Vista. A família é muito grande, eu não conheço a maioria dos meus primos, pois só temos contato até o quarto grau. Alguns nem moram aqui, mas a maioria é da região.
A Letícia estava contou-me também que a diferença da grafia do nome gera preconceito entre os membros da família e que existe muitas disputas internas.
Geronazzo no Brasil. Tudo começou com o patriarca Ludovico Geronazzo que nasceu em 1843, na Itália. Quando chegou em Curitiba, morou anteriormente na região do Tarumã. Era um visionário, pois trouxe uma nova forma de cultivo ao bairro. Foi casado com Judith Coper, com quem teve sete filhos. Destes, nasceram 47 netos, o que explica a multiplicação da família na região.
Segundo o livro, com a morte de Ludovico em 1918, seus 500 hectares de terras foram divididos entre os herdeiros, cercas foram postas e estradas foram abertas para facilitar o fluxo de mercadorias. Isto permitiu o nascimento de povoados em volta das estradas e o bairro se tornou mais populoso.
Muito me intrigou uma rua no Boa Vista. Estava fazendo visitas às casas do bairro, algo rotineiro, já participo de missões realizadas por uma paróquia perto dali. Perguntando o nome das pessoas, notei algo curioso: todas tinham o mesmo sobrenome. Sim, Geronazzo no nome era comum a todos os indivíduos daquela via, da maior casa a mais modesta moradia.
Preparando-me para escrever este texto, fui a um sobrado azul, na Rua Manoel de Souza Dias Negrão, uma das poucas que não carrega o sobrenome italiano. Neste sobrado, uma moça me atendeu.
- Converse com o pai, ele conhece tudo dos Geronazzos, é aqui na casa do lado.
Fui até lá e uma senhora abriu a porta.
- Ele está dormindo, mas você pode ir naquela casa amarela da esquina, lá mora minha cunhada e depois você pode ir na casa da minha neta, que mora na terceira casa daquela rua - falava dona Loete, enquanto me apontava as direções.
A cunhada de dona Loete se chama Matilde, uma senhora muito simpática e bem solícita comigo.
- Seu Ludovico Geronazzo veio pra cá mais ou menos em 1880. Comprou os terrenos que pertenciam a Escolástica Silveira Meira, o que era toda essa região
do Boa Vista e ainda pegava o Cabral e o Bacacheri. Aqui tinham muitas plantações de erva-mate e os Geronazzo começaram a plantar cereais, contava dona Matilde.
Ela tentava se lembrar de várias coisas, mas talvez pela idade não conseguia. Então, ela emprestou-me um livro que conta toda a história da família e do bairro e me alertou:
- Olha meu filho, vou te emprestar, mas me devolva. Só são três pessoas que têm essa raridade. Se você não me devolver, vou
- Têm muitas grafias diferentes para o nosso sobrenome. Eu tenho a original, mas tem com dois “s, com um “z”, com um “s”, isso devido a erro dos cartórios, que não reconheciam que era com dois “z”. Por causa disso, muito preconceito é gerado e muitas disputas internas, por outros motivos também, acontecem.
“Boa Vista, o bairro na história da cidade”, conta como surgiu o bairro da região norte de Curitiba. História esta que se confunde com a história da família
Com uma população maior, o bairro necessitava de algumas obras. Pelos anos 50 foi a revolução. Os Geronazzos ajudaram a construir os colégios Nossa Senhora do Rosário, Ermelino de Leão, Papa João Paulo I e Ricardo Krieger, além da maior construção arquitetônica da região, a Paróquia Santo Antônio da Boa Vista. Toda esta rica história veio a confirmar a importância que o visionário Ludovico Geronazzo e toda a sua geração tem para o crescimento de um bairro tradicional da cidade. Como dona Matilde me disse quando estávamos andando pelo bairro:
- É de se ter orgulho de se fazer parte dessa família. Os Geronazzos fizeram de tudo pelo crescimento do Boa Vista, porque amamos este chão.
Quando a família se multiplica e os parentes ficam longe
“É
“Converse com o pai, ele conhece tudo dos Geronazzos, é aqui na casa do lado”O livro que conta a história da família Geronazzo A história do Boa Vista se confunde com a da família Geronazzo
recorda.
A garota relata que no dia seguinte ao acidente foi fazer uma consulta ao oftalmologista e foram detectadas diversas lesões em seu olho, as mais graves foram a retina descolada e o cristalino arrebentado. Alguns dias depois fez uma cirurgia e os médicos verificaram que Narayana não voltaria a enxergar normalmente. Após a cirurgia, descobriram que a estudante ficou com glaucoma, uma doença no olho que precisa de tratamento contínuo. – Esses dois dias foram, sem dúvidas, os piores da minha vida – , afirma.
A respeito do tratamento, Narayana não estava apresentando bons resultados. Apesar dos sete colírios e mais um remédio, se sentia extremamente mal o tempo todo. Enjoos, dores de cabeça terríveis, soro na veia para controlar as dores e idas ao médico a cada dois ou três dias começaram a fazer parte da sua rotina. – Precisei fazer mais uma cirurgia com um especialista. Depois de realizada, comecei a retomar aos poucos a minha vida, saindo da cama e de casa –, relata.
arrasado, muito triste, – talvez até pior que eu –, compara.
– Tenho alguns traumas, mas posso dizer que sou feliz –, afirma. Com o tempo, Narayana percebeu que não enxergaria quase nada com seu olho esquerdo e perderia sua visão em perspectiva, fato com o qual, infelizmente, não se adaptou até hoje. – Minha preocupação maior era com a minha pálpebra, pois o músculo arrebentou com o tiro. Fiz a minha primeira cirurgia em 2008, assim que passei no vestibular em Engenharia Civil, na Universidade Federal do Paraná (UFPR), e em 2009 fiz a segunda e última –, lembra.
No ano passado, a estudante terminou sua faculdade, recebendo oficialmente o título de engenheira, e passou em um concurso público. – Agora, em 2014, comecei a trabalhar como engenheira civil do Estado do Paraná, no Departamento de Estradas de Rodagem, na mesma diretoria que meu pai trabalha e onde minha mãe e meu pai se conheceram e começaram a namorar –, compartilha.
Narayana Rohn Cardozo, 23 anos, curitibana, tinha uma vida como a de uma garota normal. Apesar de ter sido uma criança quieta e contida, adorava brincar, inventar histórias e interpretar diversas personagens. Cresceu no meio dos seus primos mais velhos subindo nas árvores e nos muros da casa da vó. Estudou quase a sua vida toda no mesmo colégio e sempre foi uma ótima aluna, dedicada e com boas notas.
A estudante, que mora com os seus pais, Sérgio Bonatto Cardozo e Nidia Mara Rohn Cardozo, alimenta uma grande paixão por animais de estimação. – Já tive três cachorros, um porquinho-da-índia, um papagaio, três hamsters e hoje tenho uma gata, a minha pequena Mimi, uma cachorra, a Fiona, uma tartaruga, a Filomena e alguns peixes –, cita.
Segundo Narayana, uma das coisas que mais gostava na sua adolescência e ainda gosta é o futebol. Seu pai foi o principal influenciador da paixão da filha pelo Paraná Clube. Sendo a única herdeira, acompanhou o time desde sempre e
começou a frequentar os jogos com o pai aos 12 anos.
– Tudo era bem tranquilo na minha vida, até 30 de outubro de 2005 –, relata. Neste dia, ocorreu, no estádio Joaquim Américo Guimarães, popularmente conhecido como Arena da Baixada, o clássico entre o Atlético e o Paraná Clube, no qual Narayana, seu pai e mais alguns familiares marcaram presença. – Após a partida, na saída do estádio, percebemos que uma pequena confusão começou a se estabelecer e ficamos curiosos. Quando olhei para trás senti uma pancada no rosto e caí no chão –, lembra.
– Eu tinha levado um tiro de borracha no olho esquerdo –, conta. Ao cambalear e cair, Narayana perdeu a consciência por alguns instantes. Foi levada ao Hospital Evangélico pelo seu tio, médico, que também estava assistindo ao jogo. Lá, foi muito bem atendida. – Recebi os primeiros cuidados como pontos e raios-X, mas naquele momento nada mais profundo poderia ser feito, visto que o machucado externo no meu olho era muito grande –,
A paranista conta que depois de tudo isso o ano terminou e, graças ao seu desempenho brilhante no primeiro semestre, não reprovou no colégio. Nessa época, toda a sua família a ajudou muito. A mãe passou a viver almejando a recuperação da filha, porém, seu pai ficou
Hoje, Narayana praticamente não enxerga com o olho esquerdo e tem sérios problemas com visão em perspectiva, mas em contra partida, ama sua profissão, é uma pessoa mais forte e continua marcando presença em todos os jogos do Paraná Clube, faça chuva ou faça sol.
A paranista Narayana recorda as mudanças que esse dia trágico trouxe para a sua vida
- Alguns dias depois fez uma cirurgia e os médicos verificaram que Narayama não voltaria a enxergar normalmente.