Menos da metade
Verba destinada à manutenção da Unespar é insuficiente
Páginas 04 e 05
Novos horizontes
Projeto Haiti promove cursos de por tuguês para haitianos.
Página 06
Fim das nudes
Projeto de lei prevê bloqueio de conte údo adulto nos celulares.
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Curitiba, 1º de Julho de 2016 - Ano 20 - Número 285 - Curso de Jornalismo da PUCPR
O fantasma continua A taxa de desemprego no Brasil chegou a 11,2% no primeiro trimestre.
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O jornalismo da PUCPR no papel da notícia
Página
Cidades Expediente
A gente erramos!
Um repórter, um revisor e dois diagramadores passam o olho por cada texto antes de ser finalmente colocado no jornal. Depois de publicado, nós checamos o produto final e... achamos aquele bendito erro crasso que dói a alma de qualquer professor de português e de jornalismo.
Para começar, tivemos a pre sença de Marty McFly em nos sas redações, e só a presença do protagonista do filme “De volta para o futuro” explica uma capa ter sido feita no
dia 27 de junho de 2015 enquanto o resto do jornal rodava em 2016.
E graças a “Martinho”, nós paramos até em outros perío dos, aluna do quarto período voltou para o terceiro, e aluna do primeiro pulou para o ter ceiro, mas em nenhum desses momentos vimos um hover board, desculpa galera.
Mas se não vimos o hoverbo ard, vimos o novo nome do Coritiba. Sim meus amigos, o Coxa-branca agora tem em seu nome “Coritiba Futebol
Clube”, mais abrasileirado que é para atingir todos os públi cos, segundo a nossa redação tão atenta.
Errando e acertando, o certo é que essa semana de Comunicare diário teve momentos de correrias, de forninhos caindo e de muito momen to cultural na redação, que estava a todo vapor ao ritmo de estilos que iam do Rock ao “Bumbum Granada” rumo ao nosso grande objetivo final: O dia da pizza.
Lei de Cotas é descumprida
Uma limitação não pode ser barreira para conquis tar a carteira de habilita ção profissional
Gabrielle Cordovi 1º período
Segunda a Lei de Cotas, empresas com 100 ou mais funcionários devem reservar de 2% a 5% do total das vagas de emprego para pessoas especiais. As em presas não precisariam ser autuadas para cumprir uma obrigação legal que já está há mais de 24 anos. A multa por não haver deficientes no quadro funcional é de R$ 1800,00 por trabalhador que deixar de ser contratado. Em 2015, foram aplicadas mais de 4 mil multas às empresas que descumpriram a regra, cerca de 61% a mais do que no ano anterior, de acordo com dados divulgados no site oficial do Ministério do Trabalho.
Ainda segundo esses dados, as 39.260 empresas que se en quadram nessa regra teriam
que reservar cerca de 828 mil vagas para pessoas com deficiência. Mas só 327.215 (39,5%) dessas vagas estavam preenchidas em 2014.
De acordo com a economis ta Josielli Beduschi, alguns empresários não respeitam a cota obrigatória para profis sionais com deficiência e essa situação foi agravada pela cri se. Ela afirma que em um país com escolaridade baixa, como o Brasil, é de suma importância que haja intervenção governamental na inserção de pessoas com necessidades especiais no mercado de tra balho e, consequentemente, no mercado de consumo e no meio social.
Edição 285 - 2016
o jornal laboratório
Curso de Jornalismo PUCPR
02 Curitiba, 1º de Julho de 2016
Zanei
EDITORES Débora Macedo 3º período REVISORES Carolina Pizzaroli 3º período SECRETÁRIAS DE REDAÇÃO Angélica Klisievicz Lubas 4º período Nicolle Heep 3º período PAUTEIROS Giully Regina 4º perído Erika Boschirolli 5º perído
O Comunicare é
do
jornalcomunicare.pucpr@gmail.com http://www.portalcomunicare.com.br Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) R. Imaculada Conceição, 1115 - Prado Velho - Curitiba - PR REITOR Waldemiro Gremski DECANA DA ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES Eliane C. Francisco Maffezzolli COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO Julius Nunes COORDENADOR EDITORIAL Julius Nunes COORDENADOR DE REDAÇÃO/ JORNALISTA RESPONSÁVEL Miguel Manasses (DRT-PR 5855) COORDENADOR DE PROJETO GRÁFICO Rafael Andrade MONITORIA Luciana Prieto FUNDADOR DO JORNAL
Ramos Barcellos FOTO DA CAPA José Fernando Ogura Agência de Notícias do Paraná
Cidades
Desemprego em alta
Altas taxas de desem prego fazem com que a população busque o trabalho autônomo
De acordo com uma pesquisa divulgada na quarta-feira (29) pelo Institu to Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego no Brasil chegou a 11,2% no trimestre que se encerrou em maio deste ano. O número de desempregados no país, atualmente, é de 11,4 milhões de pessoas, 1,1 milhão a mais de pessoas do que o trimestre anterior.
Segundo a economista Josielli Beduschi, as taxas constata das são uma consequência tanto da redução de ofertas quanto da procura por em prego. “Antes havia pessoas procurando emprego, que não são consideradas nas pes quisas, e agora estão em busca de uma colocação no mercado de trabalho, passando a ser avaliadas”.
Josielli explica que as altas taxas de desemprego vistas atualmente são consideradas cíclicas, ou seja, estão ligadas
lhadores que não conseguem dar entrada em seu segurodesemprego desde março de 2016. A queda no número de
salários ofertados também são reduzidos. “A má gestão dos recursos públicos tem participação nesse cenário
A má gestão dos recursos públicos tem participação nesse cenário nacional. Nesse momento, o governo deveria conter os gastos
a uma fase de queda econômi ca, como uma consequência da crise enfrentada pelo Bra sil. “O aumento do número de desempregados cria uma forte pressão sobre a procura pelo seguro-desemprego, o que tem causado transtornos à população, já que há traba
empregos faz com que haja menos dinheiro em circulação e, em consequência disso, há uma redução no consumo e na produção das empresas”.
A economista ressalta que como a oferta na demanda é menor do que a procura, os
Nicolle Heep
nacional. Nesse momento de recessão, o governo deveria conter os gastos. No entanto, acaba de aprovar o aumento do bolsa-família e reajuste nos salários do setor judiciário”.
Trabalho em meio a crise
Rosimari de Freitas perdeu o emprego, que lhe pagava R$500,00 mensais há um mês e então resolveu trabalhar como diarista para sustentar seus cinco filhos. “Faço os serviços duas vezes por sema na e ganho R$150,00 por dia. Para complementar a renda da minha família, fiz uma parceria com minha irmã e agora revendemos cosméti cos”, relatou.
Já o educador físico José Carlos Portella resolveu deixar de ser professor de acade mia para abrir o seu próprio estúdio de pilates. Ele conta que a principal motivação foi o aumento financeiro que ele teria oferecendo um traba lho personalizado para os seus alunos.
03 Curitiba, 1º de Julho de 2016
Bruna Bonzato
3º período
“
”
Estudante luta para conseguir uma vaga no mercado de trabalho
Especial A caçula do Estado
Criada em 2011, a univer sidade já sofre com os mesmos problemas das instituições antigas
Caroline Deina
Cabral Thais Camargo 3º período
S endo a mais nova das sete universidades estaduais do Paraná, com aproxima damente 12 mil alunos em cursos de graduação e pós -graduação, a Universidade Estadual do Paraná (Unespar) está presente em seis cidades, e conta com sete campus: Apucarana, Campo Mourão, Curitiba I, Curitiba II, Para naguá, Paranavaí e União da Vitória.
Por já ter sofrido, em anos anteriores, ameaças com a possibilidade de fechamento, a instituição, assim como outras do Estado, luta contra a redução da verba que é des tinada a ela.
Segundo o reitor da institui ção, Antonio Carlos Aleixo, os principais problemas encon trados são os relacionados à infraestrutura e a falta de pessoal, o que acaba por exigir a terceirização de serviços.
Para esse ano, Aleixo diz que o valor repassado de R$ 8,9 milhões é “insuficiente até para as despesas básicas”, que somariam, aproximadamente, 10 milhões somente com os serviços terceirizados, com o Programa de Integra ção Social e do Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP), estagiários, aluguéis, água, luz e telefone. “O valor ne cessário para manutenção do ensino superior, na Unespar, deveria ser de mais ou menos 18 milhões”.
Ainda assim, o reitor afirma que não há destaques negati vos na integração das diversas faculdades que resultaram na criação Unespar. Autono mia didática, científica e a
possibilidade de criar cursos de pós-graduação, são alguns dos pontos destacados.
Com relação a possibilidade de greves para 2016, Aleixo diz não poder avaliar, já que se trata de uma pauta do movi mento sindical.
Campus de Paranaguá
Para o diretor de campus de Paranaguá, Cleverson Mello, houve uma significativa me lhora na união da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciên cias e Letras de Paranaguá (FAFIPAR) a uma universida de estadual, principalmente com relação aos projetos de pesquisa. Por outro lado, afir ma que as principais dificul dades encontradas no campus estão relacionadas à falta de espaço físico.
Quanto ao atraso no início das aulas desse ano, Mello diz que são decorrentes do atraso no repasse de verbas, causan do uma paralisação nas obras do campus, além da greve dos professores. Para esse ano, ele afirma que “o indicativo é de que as coisas melhorem e que o dinheiro chegue”.
Ainda em relação a 2015, o diretor explica que as ativi dades acadêmicas foram sus pensas por um “curto espaço de tempo”, devido ao atraso no pagamento da empresa terceirizada que faz a limpeza do campus, prejudicando as aulas. “A gente não fez greve, foi paralisação. Paralisação das atividades pedagógicas”.
De acordo com a vice-diretora e professora da instituição Danielle Marafon, o atraso no início do ano letivo se deu
pela interrupção das obras que estavam sendo feitas no campus, mas também, por conta das greves. “Foi a questão da greve mesmo. Todos viram que foi demora da. E ainda tivemos mais um agravante que foi a reforma do prédio”.
Quanto aos benefícios de a faculdade ter se integrado à Unespar, Danielle diz que, apesar da grande distância entre os campi, existem mais pontos positivos a serem destacados. “Antes éramos uma faculdade isolada, e hoje temos status de universidade. Criamos mais pesquisas, te mos mais iniciação científica, e isso é muito bom”.
Em relação aos problemas encontrados, a professora também afirma que a falta de espaço é o que mais afeta estudantes e professores.
Para o professor de pedagogia Henrique Klenk, cursos de licenciatura, que são a maio ria no campus de Paranaguá, tendem a ter pouca pressão política para cobrar melhorias do Estado. Klenk ainda reconhece que as principais dificuldades encontradas no campus se devem à infraes trutura. “Temos o problema no telhado, a infestação de pombo, um auditório que não pode ser utilizado, falta de acessibilidade e de um restau rante universitário (RU) ”.
Sobre as greves, o educador destaca que seu grande be nefício foi a mobilização, que não existia há muito tempo, feita pelo corpo docente. “A greve fez com que os profes sores olhassem, parassem e refletissem sobre o que estava
acontecendo e, a partir de aí propor estratégias de ação”.
Para os alunos de ciências biológicas Guilherme Souza e Vinícius Peçanha, um dos principais problemas do campus, é a precariedade nos laboratórios, que prejudica toda a parte referente à pes quisa. Eles também reclamam sobre a falta de ventilado res, datashows, e cortinas nas salas.
Campus de Curitiba I
O professor de pintura e escultura do Campus de Curi tiba I – Escola de Belas Artes do Paraná (Embap) Antar Mikosz, afirma que a princi pal dificuldade do campus é o fato de ainda não haver uma sede própria e adequada para as artes visuais e para a músi ca. Ele diz que os prédios em que o campus está localizado hoje são alugados e improvi sados. “Não têm estrutura de acessibilidade, as salas são inadequadas, faltam carteiras em algumas delas, e existem banheiros interditados”.
Com relação as greves, o professor diz que apesar de interferirem no calendário acadêmico e causarem certo transtorno e desgaste, são ne cessárias e importantes para conquistas dos servidores. “É uma forma de luta legítima pelos direitos”.
Mikosz ainda fala quanto aos aspectos positivos da univer sidade. Para ele, a Unespar é uma das instituições que tem mais possibilidades para a formação voltada à arte no Brasil, contribuindo para a formação artístico-cultural do país.
04 Curitiba, 1º de Julho de 2016
Sophia
Especial
O estudante Juan Carrion, afirma que a falta de auxílio estudantil e de material são outros problemas encontra dos no campus. Por outro lado, o graduando de artes visuais destaca a qualidade profissional do corpo docente, e de alguns equipamentos, assim como disponibilidade dada aos alunos para que eles possam utilizar as salas quan do necessário, são pontos positivos na universidade.
Campus de Curitiba II
Para o professor do Campus de Curitiba II – Faculdade de artes do Paraná (FAP) Caio Nocko, um dos grandes problemas encontrados é o número reduzido de salas, o que faz, inclusive, com que algumas disciplinas tenham que ser dadas no auditório da universidade. “Quando temos eventos, naquele horário da matéria, ou você não pode fa zer o evento ou você tem que cancelar a aula ou conseguir outra sala”.
Com relação às greves do último ano, o professor ex plica que elas se deram ainda antes do início do ano letivo de 2015, o que fez com que as aulas começassem cerca de um mês após o período pre visto. “Depois que voltamos, demos aula por um mês, mais ou menos, e a greve retornou”. Ele afirma que esses períodos de greve geraram um grande transtorno no planejamento de aula das disciplinas e que, somado à outra paralisação ocorrida nas últimas semanas de dezembro, o ano letivo de 2015 teve fim apenas em 2016.
Para esse ano, Nocko afirma não existir previsão, mas sim possibilidades de greve. Ele relata que a verba aprovada para esse ano é cerca de meta de do aprovado ano passado pela Lei Orçamentária Anual (LOA). “Acontece que você tem uma verba reduzida e tem que se virar com isso. Se já vivíamos uma universidade
em construção, que precisa de investimentos iniciais e estamos sendo cortados pela metade no início, já sufoca mos seu nascimento”.
A estudante de licenciatura em música Caroline Kara sinski Barros, acredita que um dos maiores problemas encontrados na FAP é a infraestrutura. “Os alunos de música percebem isso por conta da falta de manuten ção nos instrumentos”. Ela ainda descreve que outra dificuldade se dá pela falta de reposição de professores que se aposentam, pela falta de um xerox dentro do campus e também pela falta de uma estrutura para funcionários terceirizados.
A estudante afirma que esses problemas “prejudicam com pletamente” uma boa rotina de estudos, já que lesam a
produção artística e a forma ção de qualidade do aluno.
Particularmente, Caroline se declara contra as greves, de vido ao prejuízo e atraso que podem causam na graduação, mas acredita que a Universi dade tem o direito de parar caso o Governo do Estado não cumpra com as verbas de custeio que a mantêm.
Gerenciamento dos Gastos
Impostos, taxas e contri buições. É a partir dessas cobranças que se originam os recursos públicos. Mas além de saber como arrecadá-los, os governos, estaduais e fede rais, devem ter a competência de distribui-los com respon sabilidade, entre os setores da sociedade.
Para isso, é comum, e previsto em lei, que seja organizado um planejamento, a fim de gerenciar as arrecadações e futuros gastos de dinheiro. Sendo assim, esses orçamentos são estruturados, entre outras formas, com o auxílio do Plano Plurianual (PPA), da Lei de Diretrizes Orçamentá rias (LDO) e da Lei Orçamen tária Anual (LOA).
O Plano Plurianual, proposto pela Secretaria de Plane jamento e Investimentos Estratégicos, é que define as prioridades e metas que deve rão ser atingidas pela gestão política que estiver no poder. Posteriormente, o projeto é enviado ao Congresso, para que comece a ser executado no ano seguinte.
Após a aprovação do PPA, é que o projeto da Lei de
Diretrizes Orçamentárias é também enviado para o Con gresso, contendo as regras, vedações, regulamentações de transferências para insti tuições privadas e públicas, limites de despesas dos Pode res, entre outros indicativos. Assim que tudo for aprovado, será avaliado na elaboração e na execução da Lei Orçamen tária Anual. É a partir da LOA que, de fato, são estimadas as receitas e fixadas as despesas para o exercício do governo.
De acordo com a Assessoria de Comunicação da Secreta ria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), essa lei “trata-se de uma projeção baseada em estudos técnicos para a aplicação de recursos”.
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Curitiba, 1º de Julho de 2016
Estrutura dos campus é uma das principais dificuldades relatadas
Sophia Cabral
Cidades Português para haitianos
Projeto Haiti certifica 120 imigrantes em curso de Língua Portuguesa
Gabrielle Cordovi
1º período
Nesta última segunda -feira (27), 120 haitianos foram presenteados com um certificado de conclusão do curso Instrumental em Língua Portuguesa em uma cerimônia que aconteceu Centro de Formação Conti nuada, no Centro de Curiti ba. A formação é concedida pela Secretária Municipal de Educação e faz parte do Pro jeto Haiti, desenvolvido pela Coordenadoria de Políticas Educacionais para Jovens e Adultos (Copeja), que visa dar autonomia e promover inte gração dos imigrantes.
Composto por 60 horas e rea lizado duas vezes por semana em escolas da rede municipal, o curso é de nível básico e ensina a aplicação da Língua Portuguesa em atividades rotineiras como cadastro de emprego, mediações de entre vista, emissão da carteira de trabalho, procura de emprego, comunicação em postos de
saúde, pedidos de informa ção, operações bancárias, aluguel de imóveis, compras e interações sociais. O Projeto Haiti já certificou mais de 500 alunos desde agosto de 2013.
Nesse ano, novas salas de au las foram abertas nas escolas Germano Paciornick (Boquei rão), Augusta Gluck Ribas (Bairro Novo), Irati e Linneu Ferreira do Amaral (Cajuru), expandindo a atuação do curso que teve início com três turmas que somavam menos de 60 estudantes na Escola Professor Brandão, no Alto da Glória.
Ciomara Amorelli Viriato da Silva, primeira professora a integrar a equipe técnica do programa, comenta as dificuldades para a inserção dos estrangeiros no mercado de trabalho: “na última etapa do curso, que aconteceu ano passado, dos 120 haitianos participantes, apenas 68 es
Durante 4 horas, são aplicados conteúdos de matemática, português, geografia, ciências e história
tavam empregados. ”, afirma. Segundo ela, mesmo quem já possuí graduação dificilmente consegue atuar na mesma área de formação, por conta da dificuldade em validar os certificados acadêmicos emi tidos no Haiti.
Para as crianças
Na Escola Simone Noely de Ávila, localizada na Vila Torres, o Projeto de Inclusão para Alfabetização de crianças
estrangeiras atende cinco alunos que imigraram do Haiti e integra-os aos outros 145 estudantes da instituição. O objetivo principal para a elaboração do projeto, de res ponsabilidade da Secretaria Municipal de Educação, foi desenvolver atividades adap tadas e diferenciadas à essas crianças para que se possa estabelecer uma avaliação justa e completa.
A professora do 5ºano Mariléa Iantas, que ministra as aulas, conta que a motivação para aplicar o projeto surgiu com a necessidade de acolher crianças estrangeiras da comunidade imigrante que ainda não havia sido alfabe tizada e que, desde o início, o programa proporciona “experiências significativas”.
As atividades ocorrem em período integral. Durante 4 horas, são aplicados conte údos de matemática, por tuguês, geografia, ciências e história e no contra turno são desenvolvidas ativida des que abrangem assuntos como educação ambiental, ciência e tecnologia, arte, educação para o movimento e apoio pedagógico.
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O haitiano Antoi Jeanmarie é um dos participantes do curso de língua portuguesa
Vinicius Scott
Talita Souza
Projeto de lei quer bloquear conteúdos adultos em celulares
Se lei for aprovada, comerciantes deverão implantar sistema ainda na loja
Giully Regina
O s vereadores Carla Pi mentel (PSC) e Chicarelli (PSDC) apresentaram na terça-feira (28), um projeto de lei que obriga as lojas que comercializam celulares e aparelhos com acesso à inter net em Curitiba a informar os consumidores da possibili dade de bloqueio a conteúdos adultos. De acordo com o projeto, se o cliente solicitar, poderá sair da loja com o sis tema de bloqueio já instalado. Caso aprovada, a lei passa a vigorar 90 dias depois da sua publicação.
Segundo a publicação no site oficial da Câmara Municipal de Curitiba, os autores afir maram que a grande maioria dos pais desconhece que con teúdos e expressões podem ser bloqueadas por meio de aplicativos. Para isso, Carla e Chicarelli declararam que os atendentes comerciais devem ser treinados para prestar esse tipo de informação.
Luciana Simão tem duas filhas, Pâmela, 15 anos, e Ana, três anos. Pâmela está sempre com o celular em mãos, e quando o vício atrapalha os estudos, ela fica sem o celular. Já Ana, que ainda não se importa com a tecnologia, terá um horário certo quando começar a se interessar pelo assunto. Sobre a lei que prevê o bloqueio de certo conteúdo, Luciana afirma que será uma maneira de restringir os con
Uso excessivo do aparelho pode causar doenças psicoemocionais
teúdos acessados por crianças e jovens. “A internet é muito boa, mas crianças e adoles centes são muito curiosos e acabam muitas vezes vendo coisas inapropriadas para sua idade”, aponta.
Ducilena do Nacimento é mãe de três filhos, dois menores de 18 anos. Ela acredita que o bloqueio no momento da compra é uma medida neces sária, mas não tem certeza se a lei será difícil de se pôr em prática, já que o bloqueio de penderia de quem iria utilizar o celular comprado.
O uso excessivo
Segundo a Anatel, em janeiro de 2016, existiam 260 milhões de linhas de celular ativas no Brasil. Em 2015, a população
do país era de 208 milhões de pessoas. É mais de um apare lho celular por habitante.
Os celulares ou smartphones, como são mais conhecidos, são os melhores amigos da chamada geração Y, aqueles nascidos até meados da dé cada de 1990, que cresceram com a tecnologia e não conhe cem a vida sem ela. Os jovens entre 13 e 25 anos também estão mais propensos a de senvolver o vício em aparelhos eletrônicos. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geo grafia e Estatística (IBGE), em 2013, 66% da população brasileira acima de 10 anos já possuía um celular.
Devido a esse uso descontro lado, alguns pais procuram restringir o uso de aparelhos
eletrônicos. Existem aplica tivos que tornam possível o controle do tempo de uso, monitorar os sites acessados, e também bloquear determi nados sites.
O uso excessivo de aparelhos eletrônicos e da internet pode causar doenças como depres são, ansiedade e distúrbios do sono. Em pessoas viciadas, a falta do celular, até por curto períodos, pode resultar em uma crise de abstinência.
Segundo o psicólogo Lázaro Ivan Volcov, adultos que tive ram limites impostos durante a infância são capazes de lidar melhor com frustrações da vida adulta, diferentemente daqueles que não tiveram limitações. “É importante or ganizar rotinas e limites, mas também dar liberdade para a criança”. Ele explica que é importante não tirar total mente os celulares e a internet da criança e do adolescente, apenas impor limites, como horário regulado.
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Política
“Crianças e adolescentes são muito curiosos e acabam muitas vezes vendo coisas inapropriadas para sua idade”
4º período
Giully Regina
Cultura Letargia
Alguns momentos de nossa vida nos levam a refletir e perceber a realidade como ela é
Thais Camargo Silva
U ma noite fria no outo no, em um terminal de ônibus. Silenciosamente ela estende as mãos calejadas, machucadas e sujas, marca das pelos traços da vida. Pede insistentemente por ajuda.
- “ Moça, tem um trocado? ”. Seus olhos eram de Capitu, gritantes por amparo, ansian do por uma resposta recíproca de auxílio.
- “Tenho bolachas”.
Estendi então meus braços e entreguei em suas mãos, que devoraram em um instante o que havia lhe entregado. Intri gada, perguntei seu nome.
- “Josineia”, respondeu confu sa e trêmula.
- “Tenha uma boa noite, Josi neia”. Ela entristeceu.
Parecia ler sua mente ao per ceber que Josineia não teria uma boa noite. Josineia nem se quer lembra quando teve uma boa noite.
Seu corpo gritava por sua alma, que padecia com as marcas que a vida lhe impôs. Substancialmente machuca da pela dor, pela fome, pela falta de carinho. As rugas em seu rosto apenas registravam as retorcidas de um coração desamparado, a feição en tristecida causava comoção e compaixão. Seus cabelos eram castanhos claros, acompanha dos por alguns fios brancos, sua postura era um tanto quanto adunca, os dentes eram falhos e em tons ama relados. Suas roupas eram simples, e em seus pés, um chinelo velho, judiado pelas marcas do tempo.
Após ouvir minha resposta, parecia que aquela mulher não ouvia um “boa noi
te” há tempos. Foi então que me surpreendi com a resposta imediata:
- “Meus filhos vão ficar felizes. Obrigada moça, muito obriga da mesmo”.
Senti naquele instante um soco em meu estômago e um punhal atravessado em meu peito. Ela se sentiu felicidade pelos filhos, que teriam um pacote de bolachas. Talvez aquele seria o único alimento
a figura dela como em uma fotografia. Seus olhos verdes oblíquos e dissimulados, me levaram para uma dimensão além, intrigando-me a refletir que ela não era a única que vive esta situação diariamen te. Recordei por um instante tantas outras “Josineias” que vi a não ajudei, que avistei e não compartilhei ao menos um sorriso.
Meu coração foi diminuin do, como se houvesse rosas
por comida e trocados, com as mãos estendidas, tendo em suas almas feridas não cicatrizadas, com a dor lhe fazendo companhia ao dormir e ao acordar, se esconden do quando ninguém os vê, fingindo não saber que há um coração.
As pessoas ao redor ignora vam aquela mulher. Fechavam suas feições e fingiam não sa ber o que estava acontecendo. Talvez Josineia tivesse passa
do dia, talvez nunca tivessem experimentado, talvez iriam sorrir apenas por ter o que co mer. Paralisei por um instante ao pensar que o meu pouco naquela noite, era o tudo de Josineia. Sedenta por uma migalha de atenção, rodeada por um mundo que afunila seus sonhos e a esmaga com olhares de desprezo.
Ninguém sabia a história da quela mulher, ninguém sabia o motivo pelo qual suas mãos eram calejadas, ninguém sabia o que a levou a pedir, ninguém sabia de seu passado ou presente, ninguém sabia quem era Josineia.
Logo após nosso curto diá logo, minha mente captou
murchas. Me sentia comple tamente ingrata pelas vezes que reclamei da minha vida, sendo que sempre tive tudo que almejei. E os filhos de Jo sineia? Quem eram? Será que terão oportunidades como as minhas? São questionamen tos sem respostas imediatas, mas que desejava um dia poder descobrir. Mas, minhas trocas de palavras com aquela mulher foram rápidas demais.
Refleti em como uma situação considerada tão normal pela população me intrigava de tal modo a levar meus pensa mentos distantes? Certa mente porquê não deveriam ser consideradas normais ou comuns, mas sim lamen táveis. Pessoas mendigando
do por milhares de pessoas, em que todos a olham, mas ninguém realmente a vê.
Foi então que, após a sua resposta de gratidão, a dona dos olhos de Capitu, mãos calejadas, pés calçados por chinelos surrados, abraçada junto a um pacote de bola chas, caminhou no breu de uma tarde cinza de outono, ainda com o destino incerto, percebendo a mesquinhez diária da sociedade, sumiu. Josineia se distanciou de mim como um fantasma invisível ao vagar sem rumo, morta por falta de amor. Talvez esteja lá, procurando por mais trocos, trocos por atenção.
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3º período
Seus olhos verdes oblíquos e dissimulados, me levaram para uma dimensão além, intrigando-me a refletir que ela não era a única que vive esta situação diariamente