O direito à moradia Povo do Sabará vive a constante ame aça de perder suas casas.
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Lucratividade em tempos de crise Startups e Tesouro Direto são opções de investimentos.
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Legisladores contra a parede População de Campo do Tenente critica salários de vereadores.
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Trocadilho perverso
A wicked pun
Brasil deve ou não temer Michel? Should Brazil fear Temer or not?
Páginas 10 e 11
Curitiba, 07 de Junho de 2016 - Ano 20 - Número 279 - Curso de Jornalismo da PUCPR
O jornalismo da PUCPR no papel da notícia
Opinião Expediente
Às sombras do Big Brother
Logo após assumir interina mente o cargo de presidente da República, as aspirações, possíveis mudanças, proces sos de unificação e polêmicas acerca da composição dos ministérios da “era Temer” já vieram à tona na internet, em meios de comunicação impresso e demais canais midiáticos que compõem nosso extrato informativo.
Uma das ações a qual pode mos destacar em meio a todo esse emaranhado é a extinção do Ministério das Comuni cações e sua incorporação ao chamado agora Ministé rio da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. O escolhido para dar voz a todas essas funções foi Giberto Kassab, que até então ocupava o cargo de Ministro das Cidades.
Dentro de todas essas reestru turações, é curioso observar que a extinção e incorporação do Ministério das Comuni
cações a uma categoria que abrange uma infinidade de outras esferas políticas e governamentais ocorreu tão velozmente que logo após a posse de Michel Temer o caixão da comunicação já começou a ser esculpido.
As máscaras que encobrem agora esse ministério des pedaçam um precioso e essencial bem defendido pela democracia: a transparência. Quando não há uma troca de informações clara e objetiva, perde-se o valor e a integrida de da informação. Sem esse canal, nos tornamos cada vez mais suscetíveis à ma nipulação e à construção de falsas realidades.
Ao analisar essa nova confi guração, podemos encontrar resquícios da sociedade re tratada de modo ficcional por George Orwell, no romance intitulado 1984. No livro, a narrativa expõe o controle da informação e a manipu
lação da mesma para moldar as mentes dos indivíduos e assim fazer com que o totali tarismo controlasse de modo homogêneo não apenas os atos, mas também o incons ciente da massa popular.
Tendo como base esses novos rumos os quais a comunicação tem sido submetida, o perigo colossal em espelhar nossa política na história ficcional de Orwell nesse momento reside expresso no lema do partido que regia a vontade popular nessa socie dade construída pelo autor, de que “Guerra é paz. Liber dade é escravidão. Ignorância é força”.
Esse lema contém as amarras que agora começam a ser formadas em nossos pulsos. Cabe a nós então desmascarar as ilusões que nos vêm sendo impostas e diluir, de forma absoluta, essa manipulação midiática programada.
Autoestima: equilíbrio é essencial
Autoestima pode ser definida como a forma que enxerga mos a nós mesmos. Qualquer desiquilíbrio com relação a isso – autoestima baixa ou exageradamente alta- não é saudável.
Pessoas com autoestima muito elevada podem se tor nar arrogantes e narcisistas. Esse tipo de pessoa não vê problemas consigo mesma e não tem um senso autocrítico elevado. Ela acaba perdendo seus amigos e destrói sua vida social e pessoal por conta de sua arrogância, e sua sensa
ção de bem-estar exagerada e contínua.
Já indivíduos que têm a auto estima muito baixa, podem se tornar inseguros e se sentir inferiores devido ao excesso de autocrítica. Isso acontece, de tal forma, que a necessida de de aprovação contínua tor na a pessoa frustrada consigo mesma e com a vida. Indi víduos com baixa satisfação pessoal têm relacionamentos destrutivos por causa da falta de autoconfiança. São pessoas que pensam que não têm valor e não conseguem aceitar
a si mesmas e nem o amor de outras pessoas, por não se acharem merecedoras.
Ambos os extremos são gera dos por falta de conhecimento próprio, entre outras razões muito pessoais. Logo, para mudar a situação é necessário parar para se auto avaliar, de forma realista, e depois de feito isso, uma mudança da forma de pensar e de vida é essencial para a própria feli cidade e das pessoas ao redor. Se preciso, procurar um pro fissional nessa área também é altamente recomendado.
Edição 279 - 2016
O Comunicare é o jornal laboratório do Curso de Jornalismo PUCPR jornalcomunicare.pucpr@gmail.com http://www.portalcomunicare.com.br
Pontifícia Universidade Católica do Paraná R. Imaculada Conceição, 1115 - Prado Velho - Curitiba - PR
REITOR
Waldemiro Gremski
DECANA DA ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES
Eliane C. Francisco Maffezzolli
COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO
Julius Nunes
COORDENADOR EDITORIAL Julius Nunes
COORDENADOR DE REDAÇÃO/JORNALISTA RESPONSÁVEL
Miguel Manasses (DRT-PR 5855)
PAUTEIROS
Carolina Piazzaroli 3º período Gabriel Calllegari 3º período Gabriel Witiuk 3º período Igor Arendt Ramos 3º período Mateus Bossoni 3º período
Nicolle Heep 3º período Rafaela Cortes 3º período Sophia Cabral 3º período
COORDENADOR DE PROJETO GRÁFICO
Rafael Andrade
MONITORIA Luciana Prieto
FUNDADOR DO JORNAL Zanei Ramos Barcellos
FOTO DA CAPA
Marcelo Camargo Agência Brasil
EDITORES
Amanda Mann 3º período Ana Luiza Moraes 3º período Anna Laura Ferraz 3º período
Bernardo Vasques 3º período Julia Favaro Linhares 3º período
Luciano Schimdt 3º período
Thais Camargo 3º período
Vitória Gabardo 3º período Yasmin Soares 3º período
02 Curitiba, 07 de Junho de 2016
Nas edições 277 e 278 do Comunicare nós erramos as revisões de títulos e gravatas das reportagens. Na edição 277, o título correto é “The danger of di sagreing” e na edição 278 a gravata correta do título é “Shopkeepers complain about homeless people”. Esquecemos também de informar os créditos da revisão da reportagem de capa da edição 279, feita pelos estudantes Beatriz Mira e Vinicius Scott.
Nicolle Heep 3º período
Errata:
Em busca de fim para a dor
Refúgio para quem procura uma solução para os problemas, Delegacia da Mulher precisa lidar com suas próprias dificuldades
Luciana Prieto 7º período
Em meio às belas árvores da Rua Padre Antônio, o sol brilhava forte sob minha cabeça. Era o último dia daquilo que estavam chamando de ve ranico e meu último dia para cumprir a missão. Apreensiva, fui andando até chegar ao nú mero 33. Era a terceira vez que estava em frente ao portão de estilo colonial, a primeira que consegui entrar.
A movimentação do lado de fora era grande aquela hora da manhã. Não passava das dez. Ao entrar pela porta, elas já podiam ser vistas por todos os lados. O clima da recepção pouco combinava com o dia ensolado que fazia do lado de fora. E não era para menos. Os óculos de sol e as roupas compridas, não conseguiam esconder a dor em seus ros tos, que vez ou outra trans bordavam de seus olhos.
Um pouco tensa, fui até o balcão de atendimento, onde fui atendida de maneira muito atenciosa por um casal de deficientes físicos. Na camiseta, ambos levavam uma mensagem de igualdade, logo abaixo lia-se “Delegacia da Mulher - Polícia Civil”. Após preencher meu dados em um livro, fui questionada sobre o motivo de minha visita. Após explicar, fui orientada a aguardar.
Enquanto esperava, sentei-me em um dos bancos disponí veis para quem está aguar dando atendimento. À minha frente, Bruna reclamava com uma das mulheres sentadas ao seu lado enquanto preen chia o formulário, que mais tarde serviria de entrada para o boletim de ocorrência. “É a
segunda vez que estou aqui. Meu marido já foi preso, pagou uma fiancinha e saiu. Não sei nem porque cobram uma fiança dessas. O valor é ridículo”, afirmava um pouco nervosa com a situação.
Aos poucos as vítimas iam sendo atendidas, mas o número de pessoas ali não diminuía. Embora muitas só viessem buscar informações, elas eram sempre de 12 a 15, sozinhas, acompanhadas pelas irmãs, ou segurando na mão dos filhos pequenos. Os rostos assustados ou aborreci dos, vez ou outra, se viravam para mim, com um sorriso triste, mas logo seus olhos se perdiam novamente em suas lembranças.
Cerca de 20 minutos depois, fui chamada por Marisonia, uma mulher baixa, magra e de traços cansados. Logo após atravessar o balcão, o clima já era outro. De correria. Fui convidada para me sentar e mal havia explicado a razão de minha visita, quando a funcionária começou a se desculpar. “Não sei se vamos conseguir te atender direito, estamos com o sistema fora do ar, a delegada está de férias e o adjunto ainda não chegou, aqui está um caos”.
E realmente estava. Além de atender toda a demanda de denúncias e oferecer suporte às vítimas, a delegacia estava responsável por 16 presos, entre eles um acusado de feminicídio, colocados em um espaço minúsculo. Os detentos haviam chegado ali durante o feriado prolonga do, pegos em flagrante ou após o cumprimento de um
mandado, e só poderiam ser transferidos com a expedi ção de um mandado feito pelo juiz. “Teoricamente, nossa delegacia não deveria ter presos, mas o sistema prisional do Paraná é falho, infelizmente, e as delegacias ainda têm presos, os policiais ainda cuidam de presos, mesmo que nós não tenhamos competência para isso, nós não temos nem treinamento”, afirmou Marisônia.
Após explicar que somente o delegado adjunto poderia me atender e recomendar que eu tentasse voltar outro dia, a funcionária pediu desculpas mais uma vez. Estava difícil conseguir uma entrevista. No entanto, enquanto me despe dia de Marisônia e começava a
Embora muitos não saibam, a Delegacia da Mulher só é responsável pelos crimes enquadrados na Lei nº 11.340, a Maria da Penha. Dentro da lei, que recebeu esse nome em homenagem à farmacêutica brasileira Maria da Penha Maia Fernandes que lutou para que seu agressor viesse a ser condenado, os casos mais comuns, registrados na regio nal de Curitiba, são ameaça e lesão.
O delegado disse também que grande parte das mulheres chega à delegacia em busca de medidas protetivas, já que comumente aqueles com os quais elas dividem o teto e de veriam cuidar delas são seus agressores. Situação difícil para muitas, que ficam dividi
me questionar como comple taria minha missão, o delega do adjunto Eduardo Kruger Costa entrou pela porta e, sem hesitar, concordou em res ponder algumas perguntas.
O delegado era novo e parecia bem disposto, no entanto, disposição não significava que as coisas por ali andavam bem. Após explicar o funcio namento da delegacia, Costa disse que a situação ali era um pouco difícil, e embora traba lhassem duro, a demanda era muito grande. Todos os dias são feitos cerca de 50 atendi mentos e o número de B.O.’s vai de 20 a 30.
das entre o amor de suas vidas e a vontade de por um fim aos relacionamentos abusivos.
Com um sorriso torto e meio tímido, o jovem delegado disse que a parte mais grati ficante de seu trabalho ali é a conclusão de um processo. É por fim ao sofrimento daque las mulheres na recepção, no andar de baixo. É dar alguma certeza às mães de que seus filhos não precisarão mais vivenciar cenas de horro res. De que as ameaças, as discussões, os hematomas, as lágrimas não precisarão mais fazer parte de suas vidas. É uma solução para os dez mil inquéritos abertos no arquivo ao lado de sua mesa.
03 Curitiba, 07 de Junho de 2016 Literária
Ao entrar pela porta, elas já podiam ser vistas por todos os lados
Cidades Do desapego ao aprendizado
Usuários de drogas que realizam tratamento em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) têm oportunidade de realizar cursos profissionalizantes
Julia Favaro Linhares 3º período
C om o intuito de transfor mar realidades fragmen tadas pelo vício, usuários de álcool e outras drogas que estão em tratamento da de pendência química por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) têm a oportunidade de participar de cursos profis sionalizantes ministrados nos Centros de Atenção Psicosso cial (CAPs) de Curitiba.
O projeto, que é realizado pelas secretarias municipais de Trabalho e Emprego e da Saúde, faz parte da Rede Intervidas, uma organização voltada para a reinserção social de usuários de drogas por meio do trabalho em áreas públicas e em ações interseto riais com a Fundação de Ação Social (FAS).
O diretor do Departamento de Política Sobre Drogas da Se cretaria Municipal de Saúde, Marcelo Kimati, explica que o foco da Rede Intervidas é o cuidado com indivíduos que encontram-se em situação de vulnerabilidade. Desse modo, a solução encontrada para oferecer apoio a essas pessoas tem sua base fixada na profissionalização. Um dos principais cursos oferecidos pela iniciativa é o de “desen volvimento profissional e em pregabilidade”, que prepara o indivíduo para direcionar-se a áreas mais específicas como, por exemplo, a industrial, de beleza, serviços, informática e turismo.
“Os cursos foram pensados com base nas demandas de mercado e na facilidade de inserção no trabalho. Esta inserção é fundamental para o resgate da cidadania de pesso as que, ao longo de anos como
usuários de drogas, tiveram uma ruptura de seus vínculos sociais”, salienta a diretora de qualificação profissional da Secretaria Municipal do Trabalho e Emprego, Grécia Correa.
Segundo a psicóloga Ana Carolina Schlotag, coordena dora do programa, o objetivo é atingir aproximadamente 1,2 mil pessoas por ano. S.G., que foi usuário de crack por 15 anos, já concluiu a primeira etapa do curso de desenvolvimento profissional e empregabilidade, e avalia que os resultados o ajudaram a reaprender como portar-se diante de uma entrevista de emprego, gerando assim novas oportunidades para seu futuro profissional.
Durante o curso, S. G. relata que chegou a conseguir duas vagas no mercado de trabalho, mas em função da dependên cia química, não conseguiu se fixar a nenhuma delas. Ele ressalta ainda que esse é um longo processo de reinserção e que apenas a persistência e o empenho serão capazes de restaurar esse vínculo que foi perdido.
Re-Tratos de uma realidade esquecida
Pessoas em situação de vulnerabilidade expõem sua perspectiva por meio da fotografia
Desenvolvido com base na realidade de indivíduos expostos a situações de vul nerabilidade social pelo uso de substâncias psicoativas, o projeto Re-Tratos, iniciado em outubro de 2014, buscou, por meio da fotografia, incentivar o protagonismo de pessoas atendidas nos Cen tros de Atenção Psicossocial (CAPs) de Curitiba.
A partir de oficinas, os parti cipantes percorreram as ruas e praças da cidade, tendo como objetivo capturar imagens, registrar sentidos e transfigurar significados de locais familiares a eles,
revelando cenários de vida, paisagens urbanas e flagran tes do contexto social.
Esse trabalho foi promovido pela Secretaria Municipal de Saúde, por meio do Depar tamento de Saúde Mental, com apoio do Ministério da Saúde, abrangendo cerca de 60 participantes. Sob orien tação do fotógrafo Douglas Fróis, o projeto culminou na apresentação de uma mostra e na publicação de um catálogo com obras produzidas em 2015, de 42 autores, intitulado “Re-Tra tos da Rua – A Construção do Olhar Fotográfico de Populações Invisíveis”.
04 Curitiba, 07 de Junho de 2016
Julia Favaro Linhares
Vício é substituído por oportunidades de reinserção no mercado de trabalho
Cidades
As lutas do Sabará
Há oito anos tramitando na justiça, ação de usucapião coletivo é uma das várias batalhas da comunidade
Matheus Carneiro
O s moradores da região do Sabará, na Cidade Indus trial de Curitiba (CIC), vivem há décadas com insegurança da posse do terreno, falta de serviços básicos, altos níveis de violência e carência de espaços de qualidade urbana.
Aproximadamente cerca de 40 mil famílias residem atualmente na área marcada por luta de território em um processo de regularização fundiária que se estende por mais de 20 anos, como conta Andréa Braga, professora de serviço social e assistente social, que desenvolveu um projeto na vila.
Na década de 1990 foi feito o processo de relocação das famílias que moravam irregularmente nas proxi midades do bairro Mossun guê para a área que não era ocupada do Sabará. Neste processo, elas tiveram a promessa da Prefeitura de regularização fundiária.
“Eles nos mostraram que fo ram feitos Termos de Conces são do Uso do Solo (TCUS), firmados pela Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab), um con trato de compra e venda, em que no decorrer de oito anos eles pagariam um valor para obter a regularização fun diária e no final receberiam suas titulações dos terrenos”, conta Andréa.
Os contratos foram realizados na década de 1990, e o projeto chegou na comunidade em 2004, quando as famílias já haviam realizado todo paga mento, porém, quando foram receber o título comprovando a propriedade, este não foi emitido pela Cohab.
“Neste projeto foi feita uma investigação sobre o que envolvia esse contrato, e descobrimos que ele não tinha validade porque aquele terreno não era da Cohab, nem do município. Ele pertencia a diversos proprietários parti culares, herdeiros e empresas de economia mista”, aponta Andrea. Com o auxílio do gru po que estava junto a Andréa, os contratos foram levados à justiça, e o Ministério Público do Estado do Paraná identifi cou a irregularidade dos con tratos e entrou com uma ação civil pública para anulação dos TUCS, e foram cancelados nas três instâncias.
A associação de moradores, com o auxílio do corpo de ad vogados e assistentes sociais, decidiu buscar a regulariza ção por um instrumento pre visto no estatuto da cidade, usucapião coletivo, que, assim como o usucapião individual, prevê a segurança legal da
posse a partir da confirmação de que estas pessoas residem há mais de cinco anos em uma área menor que 250 m2 e em um imóvel com finalidade de moradia, como conta a assistente social.
Em 2008, foram movidos quatro processos para usu capião coletivo das vilas que compõem parte da região do Sabará: a Vila Esperança, Vila Nova Conquista e Vila Eldora do. Estas foram as primeiras ações coletivas registradas no estado do Paraná, cada uma envolvendo cerca de 300 famí lias, como conta a advogada Luana Coelho, envolvida com o projeto através da organiza ção Terra de Direitos.
A complexidade do usucapião coletivo é o fator principal para a lentidão da sentença, já que é preciso citar todos os confrontantes, proprietários das áreas e moradores irregu lares e definir o tamanho da
área. Além disso, pelo fato da ocupação ser muito antiga, a maioria dos donos já morreu, o que leva à necessidade de intimação dos herdeiros das terras. “Como o sistema judi ciário trabalha com metas, os juízes e servidores encontram muitas dificuldades em levar demandas complexas, então jogam para o fim da fila”, conta Luana.
As burocracias também cooperam para prolongar os processos, que correm na justiça sem nenhuma previsão de sentença. “O que está mais adiantado, já teve até audiên cia, foi da Vila Esperança, a perícia é para sair em breve”, complementa a advogada.
A reportagem do Comunica re entrou em contato com a Prefeitura de Curitiba e com a Cohab, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.
05 Curitiba, 07 de Junho de 2016
irregulares de terra são uma constante na paisagem urbana das grandes cidades 3°
Rafaela Cortes
Ocupações
período
Economia
Tesouro direto e startups são saídas em meio à crise
Mesmo com dificuldades, investidores ainda têm apostas certeiras para lucrar
Freitas 3º Período
A pesar do momento de crise financeira no Brasil, alguns setores da economia ainda apresentam condições favoráveis para investimen tos. A partir de aplicações em pequenos negócios ou em títulos públicos, o rendimento ainda pode ser alto mesmo em tempos de recessão.
Uma das opções é investir no Tesouro Direto Nacional (TDN), isto é, comprar títulos públicos do governo federal por preços baixos. O econo mista Jackson Bittencourt explica que o risco do TDN é pequeno, visto que o capital necessário para um investi mento inicial é baixo (um títu lo público tem preço mínimo de R$ 30,00). Bittencourt acrescenta que por se tratar do tesouro nacional, o gover
no federal sempre evitará sua quebra, o que aumenta bas tante o potencial de lucro do investimento. “O tesouro nacional é um dos mecanismos econômicos mais importantes do país, o governo nunca permitirá seu declínio. Sendo assim, um investimento nele é quase sempre seguro”, coloca.
Para investir no TDN, é pre ciso ter CPF e conta corrente em alguma instituição finan ceira. Em seguida, deve-se entrar em contato com a instituição para tornar a con ta apta a operar no Tesouro Direto. Por fim, basta sele cionar via internet o tipo de título a ser investido e aplicar a quantia desejada.
o estudante de economia Henrique Fernandes, que constantemente faz pequenas aplicações em diversas áreas. Fernandes relata que optou pelo tesouro direto principal mente por não exigir muito capital inicial, além de que a taxa de rendimento é está vel, sempre se mantendo em 14,25% ao ano. “Fiz um investi mento inicial de R$ 1.500,00.
Ao final de um ano, ele havia rendido R$ 213,00, uma mar gem extremamente boa em se tratando de tesouro nacional”, aponta.
Administração da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Rodrigo de Alvarenga, explica que por se tratarem de empresas ainda iniciantes no mercado, até investimentos mais baixos podem fazer o capital da com panhia girar e gerar lucro.
Investir dinheiro no TDN foi uma opção viável para
Além do TDN, uma forma de investimento rentável são as startups, empresas recém-criadas que ainda estão em fase de pesquisa de mercado e operações iniciais. O coordenador do curso de Passo
Além disso, como as startups não lidam com grandes volu mes de dinheiro, se o investi mento não render, o prejuízo é pequeno. O professor ainda acrescenta que apostar em uma startup nada mais é do que acreditar em uma ideia. Sendo assim, é inviável esperar lucros enormes em estágios iniciais, mas caso a empresa se consolide, o dinheiro aplicado cresce junto com ela.
Fonte: site do Tesouro Nacional
receberá uma senha provisória da BM & F Bovespa para o primeiro acesso à área restrita do Tesouro Direto, em que são realizadas as operações de compra e venda, assim como consultas a saldos e extratos;
5 Troque a senha provisória por uma nova que deverá conter entre oito e 16 dígitos, composta por letras, números e caracteres especiais. Pronto! Você já será investidor habilitado e poderá começar a investir;
6 Agora, você precisa descobrir qual título é mais adequado para alcançar o seu objetivo financeiro. Para ajudá-lo nessa escolha, utilize a ferramenta Orientador Financeiro oferecida tanto no site do Tesouro Direto quanto na área restrita ao investidor. Definido o título adequado, basta efetuar a sua compra.
06 Curitiba, 07 de Junho de 2016
Confira um passo a passo de como investir no Tesouro Direto Nacional 1 Primeiramente, você precisa ter CPF e conta corrente em uma instituição financeira; 2 A partir daí, você deverá escolher uma instituição financeira, que pode ser um banco
3 Entre
4 A
a Passo:
ou uma corretora, também chamada de agente de custódia, para intermediar suas transações com o Tesouro Direto;
em contato com a instituição financeira escolhida e solicite seu cadastramento. Você deverá fornecer a documentação necessá ria para que essa instituição abra uma conta em seu nome para operar com o Tesouro Direto;
partir disso, você
Pedro
Política
Memes conquistam o cenário político
Os famosos “memes” da internet vêm ganhando espaço na política com bom humor
Caroline Deina 3° período
S eja através de uma conta no Intagram, Twitter ou Facebook, não é necessário muito esforço para encontrar um meme nas redes sociais. Essa palavra grega já é bastan te popular no mundo digital, por designar uma informação humorística postada por meio de imagens ou vídeos, em um sentido crítico ou satírico, que se espalha rapidamente pela internet.
Apesar de os memes aborda rem qualquer tipo de tema, os últimos acontecimentos políticos no país reforçaram ainda mais a presença desta forma de expressão. No dia da votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff, na Câmara dos Deputados, a publicitária Suellen Figueire do observou que a internet foi “bombardeada com rostos de políticos e frases ditas pelos deputados na hora da votação”. Através da ferramenta de monitoramento online Scup, ela detectou 2.255
milhões de menções sobre o assunto no dia 17 de abril.
Em sua experiência publici tária, Suellen já acompanhou dilemas em diversas publica ções, já que a interpretação pode distorcer toda a mensa gem que o emissor gostaria de passar. “Houve casos em que publicamos um post comemorativo de natal com um desenho de um Papai Noel e uma rena, e um internauta comentou que a imagem do post era, na verdade, uma caricatura da Dilma e do Lula, e que se sentia ofendido por essa marca ter feito apologia ao governo”, afirma.
Para prever esse tipo de des conforto, ela destaca a impor tância de envolver opiniões externas para evitar um resul tado que gere pontos de vista preconceituosos. O mestre em ciências sociais Luiz Domingos. e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), considera
que os memes são interessan tes, desde que tenham como objetivo o humor, pois, deste modo, eles brincariam com as contradições e comportamen tos do mundo político.
Ao acompanhar esse tipo de ferramenta nas redes so ciais, o professor relata que o recurso mencionado não contribui para uma educa ção política, por apresentar informações simplificadas ou equivocadas. “Não sou contra os memes, pois seria totalitário e arbitrário. O problema está em qualifi car melhor o indivíduo que consome isso, para que ele não acabe tomando aquilo por verdade”.
Ao estudar a área, Domingos já presenciou muitas publi cações imprecisas vindas de políticos. Baseado nos casos, ressalta a importância da classe política perceber o pa pel de produzir informações mais qualificadas.
Políticos debatem
Para quem trabalha diretamen te com a política, a influência das redes sociais pode afetar positivamente e negativamente. O vereador Paulo Salamuni (PV), por exemplo, destaca que as redes sociais foram um grande avanço na aproximação dos políticos com seus eleitores.
Já na opinião da vereadora Julieta Reis (DEM), “as publi cações relacionadas à política que envolvem os memes são excelentes”, pois, muitas vezes, os receptores só possuem acesso à informação por causa dessas mensagens. Por outro lado, essa ferramenta pode ser usada para denegrir a imagem de um cidadão, e essa é a prin cipal preocupação da vereadora Noemia Rocha (PMDB), que confia na importância desse trabalho, quando realizado por profissionais com credibilidade, mas acha arriscado quando alguém mal-intencionado cria um produto com o intuito de difamar um indivíduo. Este fato é ressaltado pela vereadora Professora Josete (PT), pois a internet esconde a identidade das pessoas, que talvez ja mais tivessem coragem de se expor fisicamente.
07 Curitiba, 07 de Junho de 2016
O uso do humor na política é utilizado em páginas online/Fonte: Página no Facebook “Política brasileira greatest hits”
Política O Campo acordou: vereador não é profissão
Aumento de salário dos vereadores de Campo do Tenente provoca protestos
Vinicius Scott
3º período
A pesar de ter uns dos indí ces de desenvolvimento humano (IDH) mais baixos do Paraná (0,686 em 2010 segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvi mento) e em meio a uma crise econômica e política nacional, os vereadores do município com cerca de 7 mil habitan tes de Campo do Tenente, na Região Metropolitana de Curitiba, optaram por elevar os próprios salários.
Segundo o presidente da Câmara Municipal, Paulo Quege, o aumento de cerca de R$ 3,7 mil para R$ 4,5 mil foi aprovado no fim de fevereiro deste ano e entrará em vigor a partir de janeiro de 2017. Ele alega que o aumento é válido já que os vereadores da cidade não recebem diárias ou verbas de gabinete para contratar funcionários como assessores. Ele cita que há cidades para naenses como Santo Antônio
da Platina em que a diária para uma viagem até Curitiba gira em torno dos R$ 1,3 mil.
Em resposta, a população de Campo do Tenente tem se organizado pelo aplicativo Whatsapp para impedir o au mento. Cerca de 100 cidadãos inauguraram o Movimento 12 de Abril (M12A), a data que marcou o primeiro protesto na Câmara contra o processo. Os integrantes usam cami sas com #ocampoacordou e a frase M12A, vereador não é profissão.
De acordo com o microempre sário integrante do movimen to Tarcisio Pereira, o primeiro passo foi um abaixo assinado que coletou 860 assinaturas, cerca de 15% do eleitorado da cidade, entre os dias 04 e 11 de abril. O documento solicita o impedimento do aumento e foi apresentado na Câmara do município para o presidente
da Casa no dia 12, que ainda não respondeu a proposta.
Após essa etapa, o grupo visa propor um projeto de lei popular com 300 assinaturas (constando endereço e título de eleitor) para revogar o aumento e equivaler o salário dos vereadores com o dos professores, que recebem cerca de R$ 1,1 mil por 20 horas semanais de trabalho. O empresário Acir Bassos, in tegrante do M12A, afirma que essa renumeração seria justa, já que os vereadores da cidade trabalham somente duas horas semanais em sessões. Ele ressalta inclusive que já presenciou uma sessão que durou apenas 13 minutos.
Campanha sem fim Outro apelo feito pelos te nenteanos é de que o salário dos vereadores é utilizado para favores como pagamen to de remédios, transporte particular e reforma de lares.
O engenheiro agrônomo também integrante do M12A Adolar Adur afirma que essa é uma forma de os vereadores “fazerem campanha duran te quatro anos” e que eles exercem papel de “assistentes sociais” na cidade. Devido a isso, ele afirma que o aumento do salário somente facilitaria essa prática e que caso fossem estabelecidos diárias na cida de, essas teriam que priorizar a “defesa do município”.
Já o empresário Acir Bassos afirma que a movimentação do povo é “uma divisória na história de Campo do Tenen te” que está unindo todas as classes sociais e o começo de
uma luta para eleger vereado res que estão comprometidos com o povo e não com sua “profissão”. Ele alega que existem vereadores “pragas” com quatro legislaturas e conta que o M12A continuará lutando e em último caso irá definir na eleição deste ano seu posicionamento.
Bassos comenta que pelo fato da lei entrar em vigor em janeiro de 2017, não se pode afirmar que os atuais vereado res esperam desfrutar desse aumento. De qualquer modo, ele enfatiza que os recursos poderiam ser investidos em áreas mais estratégicas, como saúde e educação em um momento “inoportuno” de crise política e financeira nacional. Bassos aponta ainda que devido a isso, não há necessidade desse aumento e nem de diárias ou verbas de gabinete, já que os vereado res não exercem atribuições além do comparecimento às sessões que justificam essa renumeração.
Somente em 2017
Em resposta aos protestos, Quege afirma que “não tem o que fazer”, já que a lei foi aprovada e que o povo deve solicitar a revogação da mesma ano que vem. Ele afirma ainda que não é válido comparar o salário de um pro fessor com o de um vereador, pois as funções são diferentes e ele ressalva que os docen tes de Campo do Tenente recebem conforme o piso nacional de R$ 2.235,00, algo não praticado por algumas cidades paranaenses.
08 Curitiba, 07 de Junho de 2016
Adolescentes prtestam contra aumento do salário dos vereadores
Divulgação/Tarcisio Pereira
Política
Alteração propõe classificação de artistas de rua
Critérios serviriam para beneficiar profissionais
Carolina Piazzaroli Hanna Siriaki Vitória Gabardo
3º período
A lei que determina as regras para apresentações de artistas de rua, sancionada em 2015, pode sofrer altera ções. A vereadora Julieta Reis (DEM) propôs uma mudança no texto da lei municipal 14.701 no final de março, para que se defina melhor o que é um artista de rua. Seu projeto acrescenta parágrafo único ao artigo 1º da lei vigente, que diz respeito à permissão de manifestações culturais em espaços públicos. A alteração propõe principalmente que se considere artistas de rua somente aqueles profissionais que executam obras de cará ter pessoal e cultural através de exibições.
A justificativa da vereadora, lida em plenário, critica prin cipalmente a comercialização de produtos que muitas vezes não são de cunho artístico.
“Não se pode confundir o artista de rua com o artesana to nem com as artes plásticas, muito menos com o comércio ambulante. No caso de pinto res , o artista é a própria per formance”, disse a vereadora na apresentação do projeto.
A chefe de gabinete da vere adora, Christina Antoniou, explica que o objetivo da alte ração é beneficiar os próprios
artistas, classificando-os para que possam ter seus direitos e não sejam confundidos com outras categorias. “Um vendedor ambulante e um comerciante, por exemplo, não podem se enquadrar como artistas de rua”, comen ta. Segundo Christina, esse projeto servirá para separar e regulamentar essas categorias que ficaram por muito tempo enquadradas na mesma lei.
A matéria, lida no dia 29 de março, está na comissão de legislação da Câmara Munici pal. Após passar por todas as comissões temáticas, o proje to seguirá para o plenário e, se aprovado, segue caminho para a sanção do prefeito para que a lei entre em vigor.
Guilherme Ritter, estudante de Belas Artes, participou de um grupo de teatro de rua de 2013 a 2014, além de fazer malabarismo. Ritter diz que nunca precisou de autori zação, mas que sempre se informou sobre o que podia fazer como artista de rua. Em relação à mudança proposta pela vereadora, Ritter afirma que é preciso ter cuidado para se definir o que é um artista de rua. “De inúmeras formas, acho essa concepção de que artista de rua é só o performá
tico errada. Existem diversos tipos de arte que são simples mente ignoradas, como inter venções, pinturas, artesanato. Deixar essas linguagens de lado é prejudicial à arte e ao artista de rua como um todo, ainda mais porque a arte de rua já é marginalizada. Se o trabalho de um artesão de rua não é arte, então o que é? ”.
Lei em vigor
Em julho do ano passado, foi sancionada a lei que deter mina as regras e critérios para artistas que querem se
apresentar na rua (nº 14.701). O projeto, de autoria do vere ador Mestre Pop (PSC), deter mina três condições para que os artistas se apresentem sem a autorização da Prefeitura: ficou proibido o uso de palcos ou outras estruturas; é preciso respeitar a Lei do Silêncio; e se apresentar entre às 8h e 22h. A lei também autoriza que os artistas comercializem seus produtos (de autoria própria), como artesanatos, CD’s, etc. O vereador defende que assim, os artistas podem divulgar a arte que produzem.
Feiras gastronômicas podem ser regulamentadas
Pequenos empreendedores deverão ser beneficiados
Um projeto em trâmite na Câmara Municipal de Curitiba, de autoria da vereadora Julieta Reis (DEM), determi na que a administração do município controle a abertura de vagas nas feiras. A princi pal justificativa do projeto, plenário, é que desse modo, pequenos empreendedores sejam beneficiados.
A chefe de gabinete da verea dora, Christina Antoniou, ex plica que a restrição de vagas para restaurantes e estabeleci mentos comerciais com alvará estabelecido na área de bares e restaurantes beneficiará de forma direta os pequenos empreendedores. “Queremos defender os pequenos empre endedores. Não há como com petirem com grandes redes, por isso, essas feiras devem ser destinadas apenas a eles”, explica. Segundo Christina, a medida valoriza o traba lho e garante a estabilidade dos comerciantes.
Dono de um trailer de comida portuguesa, Alessandro do Prado Cordeiro faz parte da feira noturna que percorre Curitiba há 10 anos. Cada dia da semana, a feira é realizada em um bairro. Ele diz que a medida é nada mais do que justa, e acredita que, se apro vado, o projeto assegurará seu trabalho. “Nunca dividimos o espaço com grandes restau rantes, mas sempre há essa possibilidade. Com essa lei, podemos ficar mais tran quilos, porque perderíamos muito público, não dá para comparar”, comenta.
A matéria foi lida em plenário por Julieta Reis no dia 29 de fevereiro e aguarda instrução da Procuradoria Jurídica da Câmara Municipal para que siga para as comissões temáti cas do Legislativo. Se aprovada em plenário, segue para a sanção do prefeito.
09 Curitiba, 07 de Junho de 2016
Lei em vigor enquadra artesãos como artistas
Carolina Piazzaroli
Especial A bola da vez
Com 55 votos, Senado aprova o afastamento da presidente Dilma Rousseff e Michel Temer assume o cargo interinamente, sob a áurea da incerteza
Ana Luiza Moraes
Odia 12 de maio de 2016 registrou mais um acon tecimento político histórico na jovem e conturbada demo cracia brasileira: por 55 votos contra 22, o Senado aceitou o processo de impeachment da presidente Dilma Vanda Rousseff e, na mesma data, o vice-presidente da República, Michel Miguel Elias Temer Lulia, se tornou o 37º manda tário do País.
Considerado um representan te da velha guarda da polí tica brasileira, o advogado, ex-professor universitário e político há mais de três décadas Michel Temer tem a missão de governar a nação até o final de 2018, caso Dilma seja definitivamente afastada, decisão que deverá ocorrer em, no máximo, 180 dias.
Contudo, a disputa política entre os que defendem o impeachment e aqueles que entendem que o processo foi um golpe contra a democra cia, aliado à crise econômica que o Brasil enfrenta, revelam que Temer precisará mexer as peças certas do tabuleiro para conseguir recolocar o Brasil no caminho da estabilidade.
O cientista político Luiz Do mingos explica que o impea chment é mais uma etapa da crise que se estabeleceu nas eleições de 2014. Uma relação entre o governo e a oposição que se agravou devido a uma campanha muito disputada.
Domingos acredita que o impeachment não nasceu por razões jurídicas ou um crime, mas sim por uma motivação de Eduardo Cunha (PMDB) em se proteger do processo de investigação contra ele no conselho de ética da Câmara. “Todo esse processo de afas tamento da presidente pode desestabilizar os governos
posteriores e, qualquer governo que for eleito, as pessoas vão sempre buscar alguma coisa para impedi-lo. E isso pode causar um ciclo instá vel”, conclui.
Para o historiador Jair Passos, o impeachment foi uma experiência dolorida, porém saudável. Ele explica que o impeachment do ex-presiden te Fernando Collor de Mello foi claro devido às fraudes evidentes desde a campanha eleitoral. O afastamento da presidente Dilma, porém, “resultou de um conjunto de acontecimentos que levou a população a acreditar que era necessário acabar com toda essa roubalheira”, completou Passos.
Embate político
Para a vereadora Professora Josete (PT), a Constituição Federal está sendo rasgada, pois não há um crime de responsabilidade. “Para nós, quando você tem um procedimento que é considerado legal e que nunca foi questionado, mas, de repente, passa a ser considerado como crime de responsabilidade, é golpe”.
Já o vereador Professor Galdino (PSDB) acredita na legalidade do processo. “A presidente Dilma pedalou. Pe gou dinheiro dos bancos sem autorização do Congresso. Está escrito na lei de respon sabilidade fiscal que isso é proibido”.
Contrários ao afastamento
eleitores e foi orquestrado pelos setores mais conserva dores da sociedade. Um golpe sustentado por uma campa nha permanente dos grandes meios de comunicação e pela ação seletiva e midiática de setores do poder judiciário”, afirma o assessor de imprensa do MST, Rafael Soriano.
De acordo com o presidente da União Paranaense dos Estudantes (UPE), Bruno Pacheco, o movimento estu dantil se coloca de maneira contrária ao impeachment da presidente Dilma, por acre ditar que não existe nenhuma base legal nesse pedido. “O argumento utilizado no pedi do foi baseado nas pedaladas fiscais, que não se configuram como um crime de responsa bilidade. E, caso se configu rassem, o presidente interino Michel Temer deveria sofrer o impeachment, assim como o Beto Richa (PSDB) e outros 15 governadores em todo país”, afirma.
Por fim, o presidente da UPE conta que estão sendo organizados comitês em defesa da democracia em cerca de 15 cidades do Estado. “Esses comitês têm como objetivo promover discussões na academia acerca desta questão, além de organizar os estudantes para a resistência, tendo em vista que o corte de investimentos e de direitos nos afeta diretamente”.
A questão jurídica
A advogada e professora de Direito Constitucional da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Cláudia Maria Barbosa, expli ca que não foram apresenta das peças que caracterizam crime de responsabilidade e que justificariam o impedi mento de Dilma na Câmara e no Senado. A ideia prin cipal é a conduta atípica, as pedaladas fiscais, que é crime. Porém, nas adminis trações burocráticas de outros
de Dilma
O Movimento dos Trabalha dores Rurais Sem Terra (MST) repudia o afastamento da presidente Dilma. “Esse é um golpe institucional e anti-de mocrático que desrespeitou a vontade de 54 milhões de
10 Curitiba, 07 de Junho de 2016
3º período
Débora Macedo
Enquete do Comunicare aponta que maioria dos curitibanos é a favor do impeachment
Débora Macedo Lívia Davet
governos, encontram-se esses atos de forma rotineira e que nunca foram considerados uma atitude criminosa, diz a professora.
Ainda de acordo com Cláu dia, as pedaladas fiscais teriam ocorrido no primeiro mandato da presidente e, para responder por crime de responsabilidade, este deveria ter sido cometido no mandato atual. No entanto, as pedala das de 2015 ainda não foram analisadas e julgadas pelo Tribunal de Contas da União. Então, Dilma também não poderia ser condenada por isso, afirma a advogada. Além
disso, um governo interino, substituindo a presidente da República, não poderia
Já para o jurista Flávio Pan sieri, o processo ocorreu de forma completamente legal
inaugurar um novo plano de governo completamente diferente do que foi aprovado nas urnas. “Mesmo superando os outros argumentos, esse seria difícil de ser superado”, conclui Cláudia.
Os primeiros passos de Temer
e, contrapondo-se ao que foi dito pela advogada Cláudia Maria, ele afirma que não está escrito em nenhuma parte da Constituição que o crime de responsabilidade, para ser julgado, deve ser cometido no
mandato atual do governo e, dessa forma, Dilma Rousseff pode ser condenada pelas pe daladas fiscais realizadas em seu primeiro mandato.
Outro ponto levantado por Pansieri é que, independente de quantos votos a presidente recebeu nas eleições, se ela
Especial
cometeu um crime de res ponsabilidade por meio das pedaladas fiscais, deve res ponder por isso. “Que sejam 54 ou 100 bilhões de votos. Ela cometeu um crime e deve ser condenada”.
A população
Em enquete realizada pelo Comunicare com 150 pessoas, 98 se declararam favoráveis ao impeachment da presidente Dilma, o que representa 65,3% dos entrevistados, e 52 se declararam contrários, repre sentando 34,7%.
Ainda pairam muitas dúvidas a respeito da capacidade de Temer em criar condi ções favoráveis para governar o país. Muitas são as instituições e políticos contrá rios às suas propostas de governo. Dentre as maiores reclamações estão: a ausência de minorias entre suas escolhas para Ministros, a reforma da Previdência e a exclusão ou junção de ministérios. Entre os “não favoráveis” às decisões tomadas no governo interino estão alguns movimentos como MST, CUT e UPE. Eles, porém, não são os únicos a verem negati vamente algumas as propostas do presidente em exercício.
O historiador Jair Passos acredita que os projetos sociais serão mantidos, porém discorda da montagem da equipe ministerial. “Não concordo com alguns minis tros, principalmente com o da Saúde, pois Ricardo Barros é engenheiro. Então não se olhou tanto a competência, e sim o aspecto político. Faltam mulheres, que evidentemente não são minoria, e negros”.
O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, tratou de minimizar a situação afirmando que terão mulheres em secretarias de governo. “Nós vamos sim trazer mulheres a participar do governo em postos que ontem eram ministérios, mas que hoje têm as mesmas atribuições, mas com nome diferente”, afirmou.
Regina Cruz, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), afirma que o sindicato não reconhece o governo que está hoje no poder e que a sua maior pre ocupação é a reforma da Previdência proposta pelo presidente Temer no segundo dia de governo, na qual a idade mínima para aposentadoria passaria a ser de 75 anos para homens e mulheres, o que seria, para a CUT, um atentado à classe traba lhadora e aos universitários, que pegarão essa nova previdência.
A questão econômica
Uma das maiores preocupações entre os brasileiros e as instituições do país se cen traliza na questão econômica que o Brasil vive e que poderá se estabelecer durante o governo interino.
De acordo com o economista Carlos Magno Bittencourt, o dólar sofreu uma desva lorização nesse momento de transição entre os dois governos e a bolsa de valores teve uma reação positiva devido às expectativas diante dessa mudança. “O modelo econômico do Brasil estava atrasando o comprometimento das finanças públicas, enquanto as famílias diminuíam o consumo devido ao desemprego, à elevação na taxa de juros e à inflação elevada e os empresários diminuíam os investimentos. O governo Dilma não soube combater essa crise”, explica Bittencourt.
Edson Campagnolo, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), afirma que o novo governo é a chance para o Brasil superar a crise. “Agora é preciso que, urgentemente, o novo governo dê sinais de que pode recuperar a confiança de investidores, empreendedores, consumidores e de todos os cida dãos, para que comecemos a nos recuperar dos estragos causados nos últimos anos”, completa.
Além disso, Campagnolo pede para que a população se mantenha mobilizada. “A FIEP fará sua parte, cobrando o novo governo e se colocando à disposição para colaborar com medidas que melhorem o ambiente de negócios do país”. Campag nolo afirma também que era necessária uma reforma política e nesse momento de governo interino é primordial que haja uma união dos partidos em prol do país.
11 Curitiba, 07 de Junho de 2016
“Um governo interino, substituindo a presidente da República, não poderia inaugurar um novo plano de governo”
SpecialThe next big thing
By 55 votes, the Senate approves the removal of the president Dilma Rousseff and the vice president Michel Temer takes over the provisional position, under the shadow of uncertainty
O n May 12th 2016, another big historical political event took place in the young and troubled Brazilian demo cracy: by 55 votes against 22, the Senate accepted the impeachment process against the president Dilma Vanda Rous seff and, on the same date, the vice president Michel Miguel Elias Temer Lulia became the 37th general representative of the country.
Chambers’ Ethics Committee. “The entire presidential remo val process might destabilize the following governments and, no matter who is elected, people will always seek a way to undermine them. And that may cause an unstable cycle”, he concludes.
Against impeachment
Ana Luiza Moraes Débora Macedo Lívia Davet 3rd period
Translated by Claudine Duarte, Jorge Lucas Oliveira e Lopes, Luara Dittrich e Rafael Bento Cesar Alfredo
Considered a representative of Brazilian politics old scho ol, Michel Temer, a lawyer, former university professor and politician for over three decades, has the duty of go verning the nation up to the end of 2018, in the event of Ms. Rousseff’s permanent re moval, which will be decided within the next 180 days.
However, the political dispute among the ones who defend the impeachment and those who understand the process as a coup against democracy, together with the economi cal crisis Brazil faces, reveal Temer will need to move the right pieces on the board to be able to place Brazil back on the track of stability.
The political scientist Luiz Domingos explains the impe achment is nothing but a sta ge of the crisis that has been established in the 2014 elec tions, due to a kind of relation between the government and the political opponents which was aggravated by a very disputed campaign.
The political scientist believes the impeachment was not the outcome of criminal or legal reasons, but a means for Eduardo Cunha (PMDB) to protect himself from the in vestigation against him by the
According to the historian Jair Passos, the impeachment process has been a painful experience, though healthy. He explains that the impea chment process of the former president Fernando Collor de Mello was clear due to evident frauds since the election campaign. The removal of President Dilma, however, arose from a series of events which led the population to believe that an end to all this robbery was necessary, added Passos.
Political clash
Concerning the city coun cilwoman and schoolteacher Josete, PT, (Partido dos Traba lhadores, Workers Party), the Federal Constitution has been shred, since there is no “crime of responsibility”. “To some of us, when there is a procedure which is reckoned to be legal and has never been questio ned but, suddenly, shifts into a “crime of responsibility”, it is considered a coup”.
On the other hand, the scho olteacher Galdino, PSDB, (Partido da Social Democracia Brasileira –Brazilian Social Democracy Party) believes in the legality of the impea chment process. “President Dilma embezzled, took money from banks without the Chambers’ authorization. The violation of fiscal laws is, ac cording to the Fiscal Respon sibility Law (FRL), forbidden”.
The Landless Worker’s Move ment (Movimento dos Traba lhadores Rurais Sem Terra, MST) rejects the removal of President Dilma. “This is an institutional and anti-demo cratic coup which disregards the will of 54 million voters and has been orchestrated by the most conservative sector of society. A coup sustained by a permanent campaign of the great means of commu nication and by the selective and media related action of sectors of the judicial branch”, says the press officer of MST, Rafael Soriano.
As regards the president of the Paraná Student Union (União Paranaense dos Estu dantes, UPE), Bruno Pacheco, the student movement is against the impeachment of President Dilma, in the belief
that there is not a legal basis in such petition. “The argu ment employed in the petition was based upon the violation of fiscal laws, which do not represent a “crime of responsibility”. If it represented a crime, the interim President Michel Temer would undergo an impeachment process, such as Beto Richa (PSDB) and other 15 governors all over the country”, he claims.
Finally, the president of UPE reports that defense commit tees are being organized for democracy within about 15 city states. “These committees aim at promoting academic discussions concerning such matter, as well as organi zing students’ resistance movements, considering that the investment and rights cuts directly affect us”, he concludes.
12 Curitiba, 07 de Junho de 2016
Débora Macedo
The legal issue
The lawyer and Constitutional Rights’ Professor from Pon tifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Cláudia Maria Barbosa, explains that nothing that could charac terize and justify Dilmas’s impeachment at the Chamber of Deputies and the Senate has been presented. The main idea, in the first place, is the atypical behavior, the book -cooking on fiscal accounts, considered a crime. In other government administrations, though these acts are part of
Governability
their routine, they have never been considered criminal, says the professor.
Moreover, the book-cooking on fiscal accounts ocurred initially during the presi dent’s first term and, to be able to answer for a crime of responsibility, it should have been committed during the present term. However, the 2015’s book-cooking have not been analyzed and judged by the federal accountability office yet. So, Dilma could not be condemned for this, states the lawyer.
Still according to the lawyer, a provisional government, replacing the President of the Republic, could not inaugu rate a new governing plan completly different from the one aproved in the urns. “Even overcoming the other arguments, this one would be hard of overcoming.”
As for the jurist Flávio Pan sieri, the procces took place in a total legal way, and to counteract what was said by the lawyer Cláudia Maria, he states that nowhere in the
constitution is written that the crime of responsability needs to be committed only in the present term for it to be judged, and, in spite of this, President Dilma can actually be condemned for having cooked the government’s books during her first term.
Another point brought by Pansieri is that, indepen dtly of how many votes the president got on the elections, if she committed the crime of responsability because she was keeping false financial
records, she should answer for it. “Being 54 billion or 100 billion votes. She committed a crime and must be condem ned”, he explains.
The population
In a survey conducted by Comunicare with a total of 150 people, 98 said that they were favorable to President Dilma’s impeachment, represen ting 65.3% of the responses, while 52 people declared to be against it, representing 34.7%.
There are still many doubts concerning Temer’s ability to create favorable con ditions to rule the country. There are many institutions and politicians who are against his government proposals. Amongst the major complaints are the lack of the so called minorities within his ministry choices, the social security reform, and the exclusion and joining of ministries.
Amongst those who are not favorable to the decisions made by the interim gover nment, there are some social movements such as MST, CUT, UPE. However, they aren’t the only ones to take a dim view of the acting president’s proposals.
The historian Jair Passos believes the social projects will be maintained, but he di sagrees with the formation of the ministerial team. “I don’t agree with some of the ministries, mostly with the health minister because Ricardo Barros is an engineer. So the competence wasn’t taken into account, but the political aspect. There is a lack of women, who are evidently not a minority, and blacks as well”.
Brazil’s chief of staff, Eliseu Padilha, minimized the situation claiming that there will be women in the government offices. “We will bring women to take part in the government in positions which used to be ministries, but that today have the same attributions, only under a different name”, stated Padilha.
Regina Cruz, CUT’s president (Unified Workers Central), says that the union does not recognize the government holding the power at the moment, and that her greatest worry is the social security reformation proposed by president Temer on his second day in the presidency, according to which the minimal age for retire ment would be 75 years old for men and women, which for CUT would be an attack against the working class and college students, who will be under this new law.
The economical issue
A major concern among Brazilians and the country’s institutions is the economical issue Brazil faces, which might be established during the interim government.
According to the economist, Carlos Magno Bittencourt, the dollar value has dro pped during the transition between the two governments and the stock market had a positive reaction due to the expectations of this change. The Brazilian eco nomic model was falling behind and damaging the public finances, while families decreased the consumption due to unemployment, to the high interest rates and to high inflation, the entrepreneurs also decreased their investments. Dilma’s government did not know how to fight this crisis, he explains.
Edson Campagnolo, president of the Federation of Industries of Paraná (FIEP) says that the new government is a chance for Brazil to overcome the crisis. “Now it’s necessary that the new government, urgently, gives signs that it can regain the trust of investors, entrepreneurs, consumers and all citizens, in oder to begin to recover from the damage caused in the recent years, “ he adds.
Further more, Campagnolo asks the population to remain mobilized. “FIEP will do its part, by demanding the new government and being available to collaborate with measures, which may improve the country’s business environment”. Neto also said that a political reform would be necessary and that at this moment of provisional government it is essential that the parties work together in favor of the country.
13 Curitiba, 07 de Junho de 2016
Special
Esportes Os gladiadores do rugby curitibano
Time da capital paranaense espera contar com representantes para a seleção paralímpica
Ivo Tragueto Neto 3º período
U ma bola parecida com a de voleibol, quadra de basquetebol e uma adaptação de um dos principais esportes da Inglaterra: assim é o rugby em cadeira de rodas que tenta encontrar o seu espaço no panorama esportivo brasileiro em modalidades já consagra das no país, como o futebol de cinco, a bocha, a natação e o atletismo. Em Curitiba, acon tece o treinamento de um dos times que representa a cidade em campeonatos regionais e nacionais em cadeira de rodas, trata-se do Gladiadores Curitiba Quad Rugby.
brasileira terá uma difícil tarefa ao enfrentar os favori tos Austrália e Canadá, atuais campeões mundial e panamericano, respectivamente, e de seleções europeias, às quais o esporte é bastan te tradicional na cultura do continente.
O panorama do time
Kamarowski diz que o time não tem nenhum patrocina dor no momento, contando apenas com os órgãos públi cos para o treinamento e o transporte da equipe.
o treino”. O coordenador acrescenta que os jogadores também contam com o bolsa -atleta, programa de patrocínio do governo federal para esportistas que obtêm bons resultados nas competições.
O projeto do rugby em cadeira de rodas é de cunho social e está aberto para todos que se interessarem pelo esporte sem necessidade de teste de admissão nos treinamentos, desde que o atleta tenha um grau de deficiência igual ou inferior a 3.5 pontos.
em nada em sua vida, já que o esporte é a única atividade que ele realiza, como é o caso de muitos atletas dos Gladiadores. “O rugby é a minha vida, ele me ajuda a trazer uma sensação de liberdade, ele me ajudou a aumentar a minha autoestima ao longo do tempo”, conta.
Tainá Santos, uma das joga doras de defesa dos Gladia dores, realiza outra atividade, além dos treinos da modalida de: a faculdade de pedagogia. Tainá conta que consegue conciliar os treinos com seus estudos tranquilamente.
O projeto foi idealizado em 2010 e é coordenado por Carlos Kamarowski Júnior. Em 2011, a equipe estreou no Campeonato Brasileiro de Rugby em cadeira de rodas, disputando a segunda divisão. Os Gladiadores conquistaram seu primeiro título brasi leiro em 2013 e neste ano, a agremiação ficou em 4º lugar no 9º Campeonato Brasileiro de Rúgbi em cadeira de rodas, que foi disputado entre os dias 16 e 22 de maio no Espíri to Santo.
Kamarowski diz que os jogadores das equipes de rugby no Brasil estão em nível semelhante entre eles, e que participar das Paralimpíadas do Rio promete ser um apren dizado. “Será um campeonato muito forte, porém será muito bom para o Brasil preparar os seus atletas, em especial, para as Paralimpíadas de 2020”. O coordenador diz que a seleção
“Nós temos o apoio da Polícia Militar, que cede a quadra para o treinamento dos atletas, e da Prefeitura de Curitiba, que através da lei de incentivo ao esporte, subsidia as viagens e o material para
O jogador James França entrou no time em 2011 e pegou o gosto pelo esporte ao ver partidas do Campeo nato Australiano de Rugby pela internet. França diz que a modalidade não atrapalha
“O rugby não atrapalha em nada na faculdade, pois pela manhã eu vou ao campus e faço os treinos à tarde e volto para minha casa à noite, que é quando eu estudo as maté rias”, conta a atleta, que treina junto com seu irmão, Helder Júnior, que dará início ao cur so de engenharia eletrônica no segundo semestre de 2016.
14 Curitiba, 07 de Junho de 2016
Equipe dos Gladiadores treina na quadra do quartel-general da Polícia Militar
Ivo Tragueto Neto
“Será um campeonato muito forte, porém será muito bom para o Brasil ”
A Kurytyba dos poloneses
Comemoração dos 145 anos da imigração polonesa na capital paranaense uniu costumes e tradições
Ana Lucy Fantin Anna Laura Ferraz Gabriel Callegari 3º período
Aimigração polonesa no Brasil começou em 1871, tendo a maior parte dela se fixada em colônias no Para ná. Vindos para o sul do país atraídos pelo clima parecido com o europeu, os poloneses que aqui chegaram eram, em sua maioria, pessoas humil des, porém a riqueza cultural que trouxeram consigo está presente até hoje na vida dos curitibanos que comemoram a chegada desse povo através dos costumes e cultura 145 anos depois.
De acordo com dados coleta dos em 1999 pelo historiador Ruy Christovam Wachowicz e fornecidos pelo Consulado Geral da República da Polônia em Curitiba, de 1871 a 1914, chegaram ao Paraná 103.146 imigrantes poloneses. Na capital - única cidade bra sileira a possuir grafia em idioma polonês: Kurytyba - as famílias fundaram colônias, dentre elas, as mais antigas onde hoje ficam os bairros Pilarzinho, Abranches e Santa Cândida. Além de Curitiba, as cidades de Araucária e Ivaí foram as que mais receberam poloneses no Estado.
Uma dessas famílias é a do policial militar Antonio Bockoski. Bisneto de polo neses da cidade de Mlawa, ele conta que seus ancestrais eram muito religiosos e trouxeram da Europa quadros e imagens santos, sendo um deles, o único que restou, o da padroeira da Polônia, Matka Boska Częstochowa, que é passado de geração a gera ção há quase 150 anos. Dessa maneira, Bockoski conserva as suas raízes e afirma que “é
importante manter a cultura e as origens, pois é de onde realmente viemos”.
Já o bancário Michel Cilnyk, neto de poloneses nascidos em Lwów, relata que a culiná ria trazida pelos seus avós lhe marcou muito e que lembra com saudade dos pratos feitos em casa. Cilnyk explica que o mais preparado era o kapusta, prato que consiste em embrulhar arroz e carne moída em folhas de repolho. De acordo com ele, que vive hoje em Londres e já viajou para alguns países da Europa, o prato faz parte dos cardá pios dos restaurantes mais típicos poloneses.
Uma das referências da culi nária polonesa em Curitiba é o restaurante Kawiarnia Krakowiak, localizado no Cen tro Cívico. Em seu cardápio, a proprietária Nadja Lisicki serve pratos salgados, doces e sopas. A dona do restau rante afirma ter modificado algumas receitas para agradar o gosto dos brasileiros, porém sempre procura manter a maioria intacta. Nadja relata que a ideia de abrir o estabe
lecimento surgiu por conta da presença da culinária polone sa em sua casa.
Bosque do Papa
O Memorial da Imigração Polonesa, conhecido popular mente como Bosque do Papa, tem esse nome devido à visita do Papa, de origem polonesa, João Paulo II, em 1980, ano em que o espaço foi inaugurado. No local é possível encontrar sete casas de troncos, origi nais, que vieram das antigas colônias de imigrantes de Tomás Coelho (município de Araucária) e Muricy (municí pio de São José dos Pinhais).
145 anos da imigração
Para comemorar a chegada dos primeiros imigrantes poloneses ao Brasil, a Socie dade Marechal Pilsudski, no Centro, fez um grande evento dividido em duas partes em Curitiba. A primeira, ocor rida no sábado, 30 de abril, trazia minicursos de dança, canto, cabelo e maquiagem, enquanto a segunda, no dia 1º de maio, trazia um festival de dança polonesa com grupos
vindos de todo o sul do Brasil. Além das danças, foi ofereci do também um almoço com comidas e bebidas típicas. O diretor artístico da socieda de e organizador do evento, Lourival Araújo, é muito apegado à cultura polonesa e, apesar de não ser descendente de poloneses, morou durante cinco anos no país e acabou se casando com uma neta de imigrantes. De acordo com Araújo, essa foi a primeira vez que vários grupos de dança folclórica de diferentes luga res se reuniram em um mes mo festival, e com o sucesso obtido na primeira edição, o evento será realizado nova mente nos próximos anos.
Um dos grupos que se apresentaram no festival é o Wisła, primeiro do gênero no mundo, criado em 1928 pelo professor Tadeusz Morozowicz. Segundo Araújo, tam bém coreógrafo da companhia de dança, hoje a equipe conta com mais de 200 integrantes dentre dançarinos, partici pantes do coral e organizado res e com planos futuros de expansão, porém sem perder a simplicidade.
Gabriel Callegari
15 Curitiba, 07 de Junho de 2016
Cultura
Grupo de dança comemorando os 145 anos da imigração polonesa
Meninas para frente
Tatuadoras talentosas invadem ambiente antes predominantemente masculino e provam que lugar de mulher é onde ela quiser
Stella Prado 3º período
16 Curitiba, 07 de Junho de 2016
Ensaio
Paula Sade é tatuadora há nove anos
O estúdio promove eventos para fortalecer o trabalho das mulheres
Fazer arte e compartilhar na pele
Linhas pretas e pontilhismo é o estilo da tatuadora Ximena Seidel