Comunicare 338

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Política

Vereadores, deputados e senadores ficam “esquecidos” nas eleições Página 4

Imposto de renda

Tabela de isenção do IR entrará no sétimo ano sem reajuste

Página 8

Esporte Feminino

Futebol e futsal femininos crescem, mas ainda sofrem com desvalozação

Páginas 10 e 11

Pandemia emocional

Emotional pandemic

A pandemia de Covid-19 aumentou a procura de jovens por tratamentos psicológicos, após problemas causados pela ruptura da rotina e pelo isolamento social. Fatores como dificuldade para acompanhar aulas e problemas domésticos agravaram o quadro. Diante do problema, órgãos de governo e universidades criaram programas gratuitos para promover tratamento

Cidades | pag. 6

Principais sintomas são ansiedade, insônia, dificuldade de concentração e medo do futuro

“BookTok” divulga livros +18 para crianças e jovens

A popularização de vídeos no TikTok recomendando a leitura de livros com temática adulta, que envolve enredos violentos e/ou eróticos, preocupa especialistas, já que grande parte do público que consome esse tipo de conteúdo é formada por crianças e adolescentes. Chamada de “BookTok”, a prática de recomendar a leitura de livros por redes sociais está em crescimento. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Pró-livro aponta que, entre jovens, recomendações dadas

Mulheres sob risco

por influenciadores digitais são mais determinantes para escolha de leituras do que as feitas por pais e professores. O caso do TikTok é o mais preocupante. Apesar de a rede exigir dos usuários idade mínima de 13 anos, é comum que crianças e pré-adolescentes mais jovens usem ativamente a plataforma, ficando exposta a esses conteúdos.

Cultura | pag. 9

Os casos de feminicídio no Paraná cresceram 42% no primeiro semestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2021. Somente até julho, houve 95 crimes do gênero no estado. Os casos de violência do-

méstica também estão em alta. Mulheres sob ameaça devem acionar órgãos de segurança para se proteger.

Cidades | pag. 3

Curitiba, 31 de Outubro de 2022 - Ano 25 - Número 338 - Curso de Jornalismo da PUCPR O jornalismo da PUCPR no papel da notícia Gabrielle Tiepolo da Luz Livros indicados pelo BookTok

Opinião

Em meio ao ódio, Vila Torres opta pela paz

Desde 2006, os moradores da mais antiga área favelizada de Curitiba - a Vila Torres - promovem a Festa da Paz. A celebração é marcada por um armistício entre as gangues rivais, shows de artistas locais, bolos e brincadeiras para as crianças da comunidade. Os moradores pintam a palavra “PAZ”, em verde e amarelo, numa das pontes da Vila. A tradição da escolha pela paz num local tão castigado por violência urbana, negligência governamental e desigualdades sociais repetiu-se nas urnas: de acordo com levantamento do Jornal Plural, o Prado Velho foi um dos três bairros da capital paranaense em que o ex-presidente Lula (PT) venceu o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno das eleições presidenciais (Bolsonaro venceu em 66 dos 70 bairros - no Centro, houve empate). A vitória do candidato petista no Prado Velho é, muito provavelmente,

explicada pelos votos dos moradores da Vila Torres.

Numa eleição marcada pelos casos de violência política, com diversas mortes registradas, e o risco de um segundo mandato de um presidente com aspirações autoritárias e ditatoriais - que, certamente, minaria o que resta da democracia brasileira e custaria vidas inocentes -, o voto em Lula é um voto pela democracia, pelo Estado Democrático de Direito, e acima de tudo, pela paz.

Fatos para corroborar essa relação não faltam: entre os dias 1º e 17 de outubro, o placar da violência política ficou 18 a 2 para bolsonaristas, de acordo com reportagem do Jornal Plural. Os apoiadores de Bolsonaro, seguindo a cartilha de agressão fomentada pelo presidente há décadas - nos anos 90, o então deputado federal já falava em “fuzilar” FHC -, promoveram nove vezes mais casos de agressão

em decorrência de questões políticas do que petistas. Em Curitiba, casos como a intimidação de cinco mulheres que usavam adereços da campanha do PT no Shopping Estação no último dia 12 se tornam corriqueiros. Nesse clima de guerra que tomou conta do período eleitoral, o resultado favorável ao petista no bairro que abriga a Vila Torres representa mais do que um pontinho vermelho num mapa municipal tomado pelo verde-oliva. Apesar de apertada - Lula venceu com 2.047 votos no bairro, apenas 71 votos a mais do que Bolsonaro, que teve 1.976 -, a vitória de Lula é o grito de liberdade daqueles que mais sofrem com o desgoverno Bolsonaro, os brasileiros que vivem à margem da sociedade. São os brasileiros que madrugam para catar recicláveis - dos mais de nove mil moradores da comunidade, cerca de 30% têm sua renda provida pela reciclagem,

Opinião Comunitiras

Thaynara Goes

de acordo com a ONG Passos de Crianças. Os brasileiros que estão mais suscetíveis à fome. Os brasileiros que mais sofrem com a falta de educação e saúde. Os brasileiros que não vivem no Brasil de Bolsonaro, o país em que a economia “está bombando”, mas sim, o Brasil Real - em que mais de 30 milhões passam fome.

Quanto ao resto de Curitiba… oarece não viver no Brasil Real. Além do Prado Velho, apenas outros dois bairros escolheram a paz no primeiro turno: Campina do Siqueira, em que Lula venceu Bolsonaro por um voto (386 a 385 para o petista) e o minúsculo São Miguel (onde Lula venceu com 42 votos, contra 26 para o Presidente). É cada vez mais evidente que a grande maioria dos curitibanos não vive na República Federativa do Brasil, mas sim, na realidade paralela da República de Curitiba.

Oempresário João Amoêdo, fundador e ex-presidente do Partido NOVO, declarou que voto em Lula (PT) no segundo turno das eleições. A declaração foi feita após o próprio partido dizer que os filiados estariam livres para declarar seus votos e manifestar apoio de acordo com a própria consciência.

Muitos devem ter estranhado a escolha, mas o que mais causa estranhamento não é o posicionamento político de Amoêdo, mas o número de pessoas que, a partir disso, mostraram-se contrárias a um dos pilares mais importantes da democracia, a livre escolha. As redes sociais do NOVO foram tomadas de comentários antidemocráticos pedindo a saída de Amôedo do partido por - pasmem! - ter posicionamento político próprio. A própria Constituição Federal garante a liberdade de consciência como direito de todos os cidadãos.

Nesse cenário de polarização extrema, é necessário que figuras públicas possam exercer liberdade para expressar suas próprias convicções e não permanecerem engessadas e vinculadas ao

Expediente

REITOR

Irmão Rogério Mateucci

DECANA DA ESCOLA DE BELAS ARTES

Ângela Leitão

COORDENADORA DO CURSO DE JORNALISMO

Suyanne Tolentino De Souza

COORDENADORA EDITORIAL

Suyanne Tolentino De Souza

posicionamento da legenda. Nesse aspecto, João Amoêdo surpreendeu positivamente e se mostrou diferente da grande maioria dos políticos brasileiros, saindo da sombra partidária e tendo de fato apontado sua opinião, considerando o bem estar coletivo. Ele deixou de lado as divergências existentes entre ele e o ex-presidente Lula, principalmente em questões econômicas, e considerou o risco que a democracia sofrerá, caso o candidato Bolsonaro seja reeleito (principalmente no que diz respeito aos ataques e ameaças ao STF).

Mas, afinal, por que a democracia correria tanto risco? A explicação é simples. O bolsonarismo nunca teve tanta força no Congresso Nacional como terá a partir do próximo ano; dos 27 senadores eleitos, 20 são favoráveis ao presidente e coniventes com suas atitudes e falas contrárias ao Supremo. Para Bolsonaro, será muito mais fácil moldar o STF conforme suas preferências. O rito é longo e demorado, mas, com a aliança do chefe do executivo e grande parte do poder legislativo, o caminho se torna muito mais viável.

Edição 338 - 2022 | O Comunicare é o jornal laboratório do Curso de Jornalismo PUCPR jornalcomunicare.pucpr@gmail.com | http://www.portalcomunicare.com.br

Pontifícia

COORDENADOR DE REDAÇÃO /JORNALISTA RESPONSÁVEL

Renan Colombo (DRT-5818-PR)

COORDENADOR DE PROJETO GRÁFICO

Rafael Andrade

TRADUÇÃO

Luiza Braz

Manoela Gouvea

Maria F. Rodrigues

Maria G. Fachini

Maria Júlia Neves

Maria Luiza Santos

Mariana Aquino

Matheus Augusto

Rodolfo Negrini

Ryan Minela

2 Curitiba, 31 de Outubro de 2022
Universidade Católica do Paraná
R. Imaculada Conceição, 1115 - Prado Velho - Curitiba - PR Estudantes 2º Período de Jornalismo Álefe Carvalho Ana Carolina Ferreira Ana Clara Carneiro Ana Lúcia Sonntag Ana Paula Virgulino Andre Blatt Filho Augusto Vellozo Beatriz Mangili Bernardo Rodrigues Caio Silva Cristian Rodrigues Davi Ozório Dias Eduardo Oliveira Emilay de Oliveira Felipe Cesar Cubas Gabriel Rodrigues Gabriel de Almeida Gabrielle da Luz Giuliano Boneti Gustavo Magalhães Gustavo Munhoz Helen da Silva Ícaro Ramos Isadora de Abreu Isadora Lara Guerra João A. de Brzezinski João Pedro Butka João Vitório Turnes Krissians
|
Torres Lais Marquardt Lara Pereira Leticia Seixas Lucas Magnabosco
Mariana de Almeida
Moreira Marciniuk Nathália de Borba
Tayná Machado Thais de Oliveira Tobias Dietterle Vinícius Cardoso
S. de Carvalho 2º Período Luiza
Bernardo William Mariano Rodrigues FOTO DA CAPA Beatriz Mangili Álefe Nícolas dos
Braz
Período

Casos de feminicídio neste ano crescem 42% no Paraná

O aumento no número de casos interrompe a queda regisrada em 2021 e recoloca o estado no cenário de 2020, quando a reclusão doméstica, por conta da pandemia de Covid-19, fez os casos crescerem

Os casos de feminicídios no Paraná cresceram 40% no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado, mostram dados da Polícia Civil. O fenômeno interrompe a queda verificada em 2021 e se assemelha ao que ocorreu em 2020, quando a necessidade de reclusão em casa por conta da pandemia do Covid-19 contribuiu para o aumento dos crimes do gênero em todo o país.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Paraná, até julho deste ano, houve 95 registros de mortes decorrentes de feminicídios. Em todo o ano de 2021, 75 mortes foram registradas.

Entre os casos mais recentes registrados no Paraná, está o assassinato de Franciele Cordeiro, em 13 de outubro, no bairro Rebouças, em Curitiba. O principal suspeito, de acordo com a investigação da Polícia, é o ex-marido da vítima, Dyegho Henrique Almeida. A delegada Emanuele Siqueira, da Polícia Civil do Paraná, dá detalhes a respeito do caso. “Ela tinha solicitado medida protetiva no domingo, e foi deferida, porém o agressor ainda não tinha sido intimado, pois não houve tempo hábil para isso”.

Os números da violência doméstica no estado também preocupam. Em 2021, foram registrados 42.539 casos, segundo a Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Cevid), órgão do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJPR). Já este ano, até agosto, os registros já passam dos 30 mil. Além disso, a Secretaria da Segurança Pública do Paraná informa que, no período de janeiro a junho de 2022, houve 28 mil ocorrências de violência contra mulheres.

Medida protetiva

A medida protetiva é uma das assistências que a polícia oferece à vítima de violência doméstica e que, na maioria dos casos, mostra-se eficaz. Por isso, é de extrema importância que a mulher que esteja passando por este tipo de violência denuncie e a solicite.

A delegada Emanuele explica como ela funciona, para caso de dúvidas por parte das vítimas. “Quem solicita a medida protetiva é a vítima. A delegacia só faz esse encaminhamento, como um intermediário do Poder Judiciário com a vítima. Outros órgãos também podem solicitar a medida pela vítima, como Ministério Público, Defensoria Pública ou o advogado da mulher.

medidas. Mas, o mais importante é que, quando ele descumpre alguma medida, é necessário acionar imediatamente alguma força de segurança.

App 190 e botão do pânico

A delegada afirma que a Polícia Civil está esperando a perícia dos telefones celulares de Franciele e Dyegho para entender o que aconteceu no dia do crime e o que motivou o agressor. Pessoas próximas ao casal declararam, às autoridades, que havia um relacionamento muito conturbado entre os dois, com alegações de ameaças por ambas as partes. “Além disso, havia uma grande briga patrimonial: eles estavam separados havia 1 mês, e ele estava discutindo essa questão. O contrato de locação da casa da Franciele estava no nome dele, e Dyegho queria fazer a entrega desse local. Fora isso, ainda tinha o caso da divisão de bens, após o divórcio.”

Para que seja caracterizado como feminicídio, o homicídio deve ser motivado por menosprezo ou discriminação à mulher. De acordo com a delegada, os assassinos, normalmente, são movidos por ciúmes e/ou a não aceitação do término do relacionamento com a vítima. Na maior parte dos casos, a violência doméstica antecede a morte. Apesar disso, há situações de feminicídio em que, muitas vezes, a mulher nunca registrou queixa, mesmo estando em situação de violência doméstica.

Então, nós encaminhamos o pedido para o juiz, em um prazo de 48h. O juiz tem o mesmo prazo para deferir o pedido ou não”. Ela acrescenta que, na maioria dos casos, a polícia encaminha o pedido em um prazo menor que o estabelecido.

Depois disso, se o juiz analisar a situação e deferir o pedido, será expedido um mandado de medida protetiva. O documento vai conter todas as condutas que o noticiado está proibido de ter. As mais comuns são não se aproximar da vítima até determinado número de metros; e não manter contato por telefone, nem com a vítima, nem com seus familiares ou testemunhas. O agressor precisa ser notificado da medida, porque, enquanto ele não for, a ordem não tem validade.

Para garantir a eficácia da medida protetiva, a Guarda Municipal de Curitiba tem a Patrulha Maria da Penha, que faz visitas às vítimas que possuem a medida para verificar se o agressor está cumprindo as normas que foram propostas ou se há algum tipo de descumprimento. As vítimas também são perguntadas sobre qual conduta ele está praticando. Há sempre uma fiscalização do cumprimento ou não dessas

O TJPR identificou o ciclo da violência, que começa com um ato de tensão, depois se torna a violência em si e, por fim, há arrependimento do agressor, até voltar ao primeiro ato de novo. Visando isso, em 2020, o Paraná lançou o APP 190, um aplicativo para ajudar as vítimas de violência doméstica que possuem medida protetiva a ter uma comunicação mais rápida com a Polícia Militar, para quando elas se sentirem ameaçadas. No momento que o dispositivo é acionado, ele detecta a posição geográfica exata em que a vítima se encontra, grava 60 segundos de áudio e a Polícia Militar envia uma viatura até o local. Além do aplicativo, há também um botão físico que possui os mesmos recursos.

Procedimento na Delegacia da Mulher

A delegada Emanuele explica como funcionam os procedimentos na Delegacia da Mulher, quando se faz um boletim de ocorrência de violência doméstica. “Nós recebemos muitas reclamações sobre a demora do atendimento aqui na delegacia, mas essa demora tem um motivo: a vítima não vai precisar retornar aqui. Não é igual às delegacias de distritos,

por exemplo, em um caso de um crime patrimonial. Lá, a vítima vai, faz o B.O. e necessita voltar em um dia determinado para fazer o restante do procedimento. Aqui [na Delegacia da Mulher] não; a vítima vem e já vai fazer tudo nesse dia.”

No dia em que a mulher vai até a delegacia, é feito o B.O, solicita-se a medida, recolhe-se provas e, em caso de lesões, é fotografada a região e feita uma auto constatação de lesão. Em circunstâncias de ameaças por mensagens, a Polícia Civil tem um convênio com a empresa Verifact, que funciona como uma ata notarial. Tudo que é eletrônico, como e-mail ou mensagem de WhatsApp, pode ser registrado instantaneamente por meio desse sistema. Se a vítima tem uma testemunha que a acompanhou, ela é ouvida nesse momento também. Portanto, como são vários procedimentos feitos, o atendimento acaba, por vezes, demorando.

O benefício que esse sistema traz para a vítima é mais chances de conseguir prender o agressor e ter a medida protetiva concedida. As denúncias de violência podem evitar novos casos de feminicídio e proteger as vítimas dos agressores.

Assista ao vídeo Entenda como funciona o boletim de ocorrência online

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3 Curitiba, 31 de Outubro de 2022 Cidades
‘‘Em regra, as vítimas de feminicídio não têm medida protetiva’’
A delegada Emanuele Silveira reforça a importância de registrar queixa Ana Carolina M Ferreira

Eleitor paranaense não conhece nem entende o Poder Legislativo

Estudos apontam queda no interesse geral pela política e protagonismo exagerado do Executivo nas campanhas e nas disputas eleitorais

Ointeresse em política do eleitorado do Paraná é baixo, principalmente em relação aos cargos do Poder Legislativo - ou seja, vereadores, deputados e senadores. No contexto das eleições gerais realizadas neste ano, muito se fala sobre os cargos do Executivo, especialmente a Presidência da República, deixando em segundo plano a disputa por vagas no Congresso Nacional, formado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado.

Um estudo realizado pelo Instituto Opinião, no final de agosto deste ano, revela que 55% do eleitorado paranaense não se lembra em quem votou para o Poder Legislativo nas eleições passadas. Os eleitores também afirmam não se sentirem esclarecidos sobre a função dos cargos legislativos na administração pública, muitas vezes confundindo-a com o trabalho do Executivo.

Em relação a eleitores jovens, um levantamento realizado pelo jornal Comunicare, com foco em Curitiba, chegou a resultados semelhantes aos citados anteriormente no que diz respeito ao interesse do eleitorado nas eleições legislativas. Em um universo de 87 pessoas que votaram nas eleições de 2018, mais da metade alega não lembrar em qual candidato(a) votou para o Congresso Nacional. Mas esse cenário não é exclusivo da população jovem ou paranaense. Atualmente, 53% dos brasileiros têm interesse pela política em geral, segundo pesquisa desenvolvida pelo Instituto DataSenado, representando uma queda de 10 pontos percentuais em relação a um mesmo estudo feito por este mesmo órgão há 10 anos.

Motivos da falta de interesse

De acordo com o cientista político Eduardo Miranda, uma das causas dessa falta de interesse é o fato de que a questão eleitoral no Brasil é ainda muito focada no Poder Executivo, já que os cargos de presidente, governador e prefeito recebem maior apelo e atenção popular. O pesquisador complementa dizendo que as eleições dos cargos legislativos são mais complexas devido ao sistema proporcional, que dificulta a sua compreensão para pessoas sem formação política.

Outro ponto que preocupa o especialista é a forma como a política está distanciada da população jovem. Para ele, “talvez uma explicação seja a própria ideia de política institucional; os jovens têm outro modelo de organização, de velocidade e uso das tecnologias digitais. Me parece que a política, de um ponto de vista mais histórico, só muito recentemente vem começando a se alfabetizar e a entender essa linguagem”.

Além dos aspectos tratados acima, Eduardo Miranda expõe,

ainda, a desigualdade social como um impeditivo para o desenvolvimento da política em cenário nacional.

Conforme ele analisa, para solucionar o problema, ou atenuá-lo, é fundamental que seja implementada na sociedade uma ideia de cultura ou educação política. “Está muito mais nessa ideia do âmbito cultural e educacional do que propriamente em alguma medida mais formal, institucional, legislativa ou legal que possa ser feita, porque essas já são garantidas”, avalia.

Despreparo dos candidatos

Outro fator agravante é o número elevado de candidatos ao Legislativo sem qualificação para esses cargos. Segundo o professor de Direito Constitucional da PUCPR Mário Lepre, “isso é um problema. Eles se elegem porque prometem várias coisas, mas não sabem das limitações do Poder Legislativo. Por isso, não atendem às demandas da população”. O professor completa afirmando que esse cenário desmerece, para os eleitores, a participação

Entenda a função do Poder Legislativo

Baixo interesse do eleitorado pelos cargos legislativos está atrelado à falta de esclarecimento sobre a função dos mesmos

Afalta de conhecimento do eleitorado brasileiro sobre a função do Legislativo, muitas vezes confundida com o trabalho do Executivo, contribui para que haja baixo interesse nesses cargos.

Segundo o Professor de Direito Constitucional Mário Lepre, os poderes Legislativo e Executivo devem trabalhar em conjunto para a administração do país, sendo o Legislativo quem organiza e “desenha” as leis que serão efetivadas pelo Executivo.

Para ele, o eleitor presta de-

masiada atenção nos cargos de presidente, governador e prefeito, pois acha que apenas o trabalho deles resolve seus problemas, não estando ciente de que o Executivo não funciona sem que o Legislativo discuta e negocie as leis para atender às demandas da população.

O professor complementa explicando que o Legislativo cuida do orçamento dos projetos de lei que serão aplicados pelo Executivo. “O legislativo é quem recebe as demandas, e então faz o ‘plano de voo’ para a execução da lei, ou seja, de-

termina os limites da estrutura de gastos”.

Para o cientista político Eduardo Miranda, um dos motivos pelos quais ainda é baixo o conhecimento e consequentemente o interesse sobre os cargos legislativos é a complexidade das eleições e de todo o processo envolvendo o Poder Legislativo em relação ao Executivo. Ele afirma que os cargos legislativos têm compreensão difícil para quem não dispõe de formação e educação política adequadas, o que dificulta o entendimento do mecanismo

do Legislativo na administração pública, visto que contribui para que não compreendam a função desses cargos.

Eleitores também expressam suas insatisfações frente a essa situação. O jovem João Victor Galindo, de 23 anos, confessa se sentir decepcionado com a parte da população que vota em candidatos sem qualificação e seriedade. “Se você for parar pra ver, no começo pode ser algo meio cômico, só que essas pessoas recebem, principalmente se forem eleitas, muito dinheiro e poder, e essas pessoas estão no nosso Congresso Nacional e votam em projetos de leis que impactam toda a população”.

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Confira os resultados da pesquisa com eleitores jovens

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de seleção dos candidatos. A falta de esclarecimento sobre a função dos deputados e senadores afeta grande parte do eleitorado brasileiro. A eleitora Carolina Fonseca, 22 anos, alega não se sentir esclarecida sobre a função dos cargos legislativos, afirmando que acha isso um problema. “Acredito que o nosso papel como cidadão é entender um pouco melhor a função daqueles que ocupam lugares que têm papel decisório sobre a vida de tantas pessoas, inclusive a nossa”.

4 Curitiba, 31 de Outubro de 2022
Política
Assembleia Legislativa do Paraná, onde 54 deputados atuam fiscalizando o Poder Executivo e apresentando projetos de Lei Bernardo William, Krissians Torres e Luiza Braz Dálie Felberg/Alep Bernardo William, Krissians Torres e Luiza Braz 2º Período

Número de mesários voluntários quase dobra nestas eleições

Com alta de 93% em relação a 2018, o número de mesários voluntários representa quase 50% do total de trabalhadores atuando no pleito

C erca de 830 mil pessoas se voluntariaram para atuar como mesários nas eleições gerais deste ano, número que representa um crescimento de 93% comparado com as últimas eleições gerais, em 2018. Aquele pleito atraiu aproximadamente 430 mil mesários voluntários, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). De acordo com a Agência Brasil, os voluntários representam 48% dos trabalhadores exercendo a função no pleito, enquanto 52% foram convocados. No total, houve 1,7 milhões de mesários atuando nas eleições de 2022.

Criado em 2004, o Programa Mesário Voluntário tem o objetivo de incentivar os cidadãos, maiores de 18 anos, a se voluntariar para serviços eleitorais. O cadastro é feito no site do Tribunal Regional Eleitoral e o resultado dos convocados é apresentado até 60 dias antes da eleição. Em caso de recusa à chamada, o eleitor tem o prazo de cinco dias para contestar

do “Canal do mesário”, no site do TRE-PR

a convocação. O trabalho é obrigatório e a dispensa só ocorre em casos excepcionais, mediante apreciação de juíza ou juiz eleitoral.

Para o colaborador do TRE-PR Mateus Delage, que trabalha na 178ª Zona Eleitoral, um dos fatores que justificam esse aumento de voluntários são os benefícios que são oferecidos. “As pessoas têm cada vez mais se interessado no âmbito político, e os benefícios são uma vantagem que gera interesse para participação”, diz.

Quem atua como mesário ganha direito a duas folgas no trabalho, tem prioridade em desempates em concursos públicos e recebe auxílio-alimentação no dia eleitoral. Esses são alguns dos motivos para o engenheiro mecânico Alyson Almeida, 46 anos, atuar há mais de 15 anos como voluntário em Mallet, no interior do Paraná, sem nunca ter sido convocado. “Sinceramente, decidi me voluntariar por causa do benefício das folgas. Conversei com alguns colegas que já eram mesários voluntários e decidi fazer parte”, conta. Alyson relata que, para além dos benefícios pessoais, também vê vantagens

em contribuir com o processo democrático.

A professora Larissa de Fatima Fedalto, 33 anos, conta que, desde a emissão de seu título de eleitor, é convocada a atuar como mesária em Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba. Ela afirma que em nenhum momento considerou não participar de uma eleição. “Eu gosto da experiência. Acho importante ter pessoas que estão servindo à democracia e gosto de ser essa pessoa que está ali para ajudar”. Neste ano, Larissa recebeu a carta convocatória para o cargo de presidente de sessão. Segundo Fedalto, o treinamento fornecido pelo TSE era presencial, antes da pandemia de Covid-19; atualmente, é realizado online através de um aplicativo.

Atos de violência no dia de votação

Uma peculiaridade da eleição de 2022 é a tensão dos mesários e eleitores durante os dias de votação, já que, atualmente o país encontra-se dividido politicamente. Em vista disso, o número de ameaças e agressões entre

eleitores aumentaram. Antes da votação, Larissa acreditava que, em algumas regiões do Brasil, as agressões poderia vir a acontecer e se mostrava receosa. “Os policiais ficam apenas do lado de fora da escola, não tem um para cada porta. Nesse sentido, acho que não estamos 100% seguros”. Alyson também afirma que as leis que entraram em vigor, como as de flexibilização do acesso à armas de fogo, trazem apreensão.

Uma pesquisa realizada pelo Datafolha aponta que, para 40% dos eleitores brasileiros, era grande a chance de acontecerem atos de violência no dia das eleições. Os demais definiam a chance de violência como média (27%), pequena (11%) ou nenhuma (19%), além de 3% preferiram não opinar, e já 9% dos eleitores admitem deixar de votar por medo de violência no dia de votação.

Entre as principais preocupações dos eleitores, estava o controle para garantir que pessoas armadas não entrem nos locais de votação e a volta de uma Lei Seca nacional, proibindo a venda e o consumo de álcool nos dias de votação, em 2 (primeiro turno) e 30 de outubro (segundo turno).

Por esse motivo, seis Estados, incluindo o Paraná, implantaram novas medidas de segurança e treinamento para os mesários lidarem com possíveis conflitos nos dias de votação. No fim de setembro, em entrevista coletiva, o coronel Hudson Leôncio Teixeira comentou sobre as ações a serem tomadas pela Polícia Militar, “Relacionado ao plano de segurança, teremos um policiamento destinado ao período de votação e também tropas para missões especiais, como o período de apuração”, declarou. O coronel anunciou que, especialmente para essa operação, haverá 7 mil policiais envolvidos diretamente, sem contar com os policiais das tropas especiais e os reservas, garantindo que todos os locais de votação do Paraná tivessem vigilância integral durante a eleição. Hudson afirmou que, em relação à Lei Seca, haveria viaturas de rádio e patrulhamento, e que, em casos de denúncia, era importante acionar a Polícia Militar, através do número 190. Por último, Teixeira reforçou que “espalhar “santinhos” no dia de votação é proibido, e que as pessoas que fossem flagradas praticando o ato seriam encaminhadas para a delegacia, do mesmo modo que aqueles que cometessem crime de boca de urna.

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Confira como é a regra do uso de celulares no momento da votação

5 Curitiba, 31 de Outubro de 2022 Política
Laís Caimi, Lara Wilsek e Maria Júlia Alves Neves 2º Período
“Eu gosto da experiência. Acho importante ter pessoas que estão servindo à democracia e gosto de ser essa pessoa que está ali para ajudar”
As inscrições para mesário voluntário foram feitas através Maria Júlia Akves Neves
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Cidades

Jovens buscam ajuda psicológica após traumas da pandemia

Ansiedade e depressão estão entre as doenças mais comuns relatadas por jovens brasileiros ouvidos pela Unicef. Aumento de demanda por tratamentos foi sentido por profissionais de psquiatria

M etade dos jovens do país sentiu necessidade de pedir ajuda psicológica diante de problemas e traumas decorrentes da pandemia de Covid-19, mostra uma enquete realizada, no 1º semestre de 2022, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que mais de 7,7 mil adolescentes e jovens de todo o Brasil.

O estudo revela que a pandemia e as medidas que ela exigiu, como isolamento social, afetou de modo severo o bem-estar emocional de muitos jovens. Quando questionados sobre como descreveriam o que sentiram durante a pandemia, 35% dos adolescentes e jovens que responderam à enquete disseram “ansiosas(os)”, enquanto 8% se declararam “deprimidas(os)”.

Em dois anos de isolamento, jovens e adolescentes tiveram de ficar distante de amigos e familiares e enfrentar a ruptura da rotina de aulas, além de lidar com problemas de saúde em casa e preocupação com a renda familiar, já que muitos pais ficaram sobrecarregados ou desempregados. A soma desses fatores resultou em muitos jovens inseguros em relação ao futuro, enquanto passavam por uma adaptação abrupta à nova realidade.

No fim de 2021, um relatório da Unicef já alertava para o fato de que crianças, adolescentes e jovens poderiam sentir o impacto da Covid-19 na saúde mental e bem-estar por muitos anos. As estimativas mais recentes apontam que, globalmente, mais de um em cada sete crianças e adolescentes, com idades entre 10 e 19 anos,

vivem com algum transtorno mental diagnosticado.

A jovem Ana Vitória, 19 anos, relata que, antes da pandemia, não cogitava começar um

mas não imaginei que o vírus fosse tomar grandes proporções e surgisse um medo de sair de casa”, conta o adolescente Felipe Thomazini, de 18 anos. Entretanto, o tempo passou e o

que o aumento foi significativo do público jovem, com demanda de ansiedade generalizada e ansiedade social”. Ela ressalta, ainda, que os principais sintomas presentes entre os jovens

tratamento para a ansiedade de que sofre. “Eu não dava tanta importância para a ansiedade e não percebia o quanto influenciava minha vida, mas a pandemia me fez ficar em casa e ter outro olhar em relação à minha ansiedade, que piorou com o isolamento e tudo que estava acontecendo”.

De início, a reação de muitos jovens diante da quarentena foi positiva, pois consideraram que seriam apenas 15 dias de isolamento, tempo suficiente para relaxar e descansar. “Aproveitei o período para tirar férias e para desenvolver hábitos novos,

período de isolamento social foi prolongado. Frutos do isolamento

A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) relatou que, durante a pandemia, 59% de seus associados perceberam aumento de até 25% nas consultas no período; 69,3% atenderam pacientes que já haviam recebido alta; e 82,9% perceberam o agravamento dos sintomas em pacientes que ainda estão em tratamento.

de 12 a 24 anos foram insônia ou dificuldade para iniciar o sono, preocupações excessivas, dificuldade de concentração e atenção, medo do futuro, insegurança, dificuldade de aprendizagem e autocobrança.

A psicóloga Maiana Reis Gislotti conta que, nesse período, passou a atender mais pacientes jovens. “Após o isolamento, senti portalcomunicare.com.br

Governo e universidades oferecem apoio

Programas governamentais e universidades fornecem alternativas para auxiliar o público que procura atendimento voltado à saúde mental

Quem sofre com problemas de saúde mental tem diversos serviços gratuitos disponíveis para buscar apoio e tratamento, Um deles é o Centro de valorização a vida (CVV), que disponibiliza o telefone 188, em todo território nacional, com voluntários que ficam disponíveis 24 horas para atendimentos de forma gratuita e sigilosa. O objetivo do serviço é ajudar as pessoas com apoio emocional e oferecer orientações para quem precisa de suporte médico.

Em casos mais graves, como suicídio e automutilação, o Ministério da Saúde, por meio do SUS, oferta o serviço 196 - Linha Vida, com os mesmo recursos do CVV. Nesse caso, os atendi-

mentos eletrônicos resultam no encaminhamento a tratamentos adequados, de acordo com o que foi relatado durante a ligação.

O Governo Federal passou a desenvolver, durante a pandemia, o Projeto Teleconsulta, utilizando a telemedicina para oferecer consultas com telepsquiatras e teleterapeutas, focados em atender casos de transtornos mentais leves. Os agendamentos podem ser feitos nas Unidades Básicas de Saúde. As consultas acontecem em uma plataforma protegida pela Lei Geral de Proteção aos Dados (LGDP), que permite aos médicos prescrever digitalmente documentos válidos em qualquer farmácia, visualizar o histórico dos pa-

cientes e, também, há a possibilidade de anexar exames. O projeto foi criado em parceria com a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) e realiza cerca de 18 mil consultas onlines todo mês.

Através do SUS, também é possível conseguir atendimento com psicólogo de forma presencial. Para iss, basta comparecer a uma unidadede de atendimento com o cartão do SUS. A solicitação, então, será avaliada através de uma triagem e transferida para o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), que atua no atendimento de pessoas que sofrem com transtornos de ordem mental e orienta procedimentos terapêuticos junto a profissionais especializados.

Além de iniciativas governamentais, universidades, como PUCPR e UFPR, oferecem apoio para os universitários e, também, para a população local, por meio de núcleos de prática em psicologia. No caso da PUCPR, alunos do 5° período de Psicologia, monitorados por professores supervisores, estão à disposição para realizar atendimentos. Informações sobre agendamentos estão disponíveis pelo WhatsApp (41) 99661-6452, pelo telefone (41) 3271-1663 ou pelo e-mail psiclin@pucpr.br. No caso da UFPR, as informações constam no site convida.ufpr.br.

6 Curitiba, 31 de Outubro de 2022
Leia mais Centros psicológicos e clínicas acessíveis à comunidade de Curitiba.
“Após o isolamento, senti que o aumento do público jovem foi significativo”
Mãos simbolizando o apoio que o jovem adquiri ao procurar um profissional. Beatriz Mangili Beatriz Mangili, Emilay Aguiar, Tayná Machado e Thaís Filakowski 2º Período

Young people seek psychological support following pandemic stress

Anxiety and depression are among the most common illnesses reported by young brazilians to Unicef. Increase in demands for treatment was felt by psychiatric professionals.

H

alf of the country’s youth felt the need to ask for psychological support due to the stresses and complications of the Covid-19 pandemic, shows a poll conducted, in the first semester of 2022, by the United Nations International Children’s Emergency Fund (UNICEF), that surveyed more than 7.7 thousand teens and youths in all of Brazil.

The study reveals that the pandemic and its measures, such as social distancing, severely affected the emotional well-being of many young people. When asked to describe how they felt during the pandemic, 35% of the teens and youths that answered the poll said “anxious”, while 8% replied “depressed”.

In two years of isolation, teens and youths had to remain distant from friends and family and come to terms with the disruption of their study routine, in addition to dealing with health problems at home and preoccupation with family income, given that many parents got overloaded or unemployed. These elements put together resulted in many young people being insecure about the future, while they were going through an abrupt adaption to the new reality.

At the end of 2021, a report by Unicef already forecasted that children, teenagers and youths could feel the impact of Covid-19 in their mental health and well-being for many years. More recent numbers indicate that, globally, more than one in seven kids and teens, between 10 and

19, live with some diagnosed mental disorder.

The 19-year-old Ana Vitória tells that, before the pandemic, she didn’t consider getting treat-

that a fear of getting out of your house would emerge”, tells the teenager Felipe Thomazini, 18 years old. However, time passed and the period of social isolation was prolonged.

ment for the anxiety she suffers.

“I didn’t give that much importance to anxiety and didn’t realize how much it affected my life, but the pandemic made me stay at home and take another look at my anxiety, that worsened with isolation and everything that was happening.”

At first, the reactions of the younger crowd to the pandemic were positive, as they thought that it would only be 15 days of isolation, enough time to relax and take a rest. “I used the time to lay off for a while and develop new habits, but I didn’t figure the virus would take such big proportions and

Effects of isolation

The Brazilian Psychiatric Association (ABP) reported that, during the pandemic, 59% of its associates observed an increase up to 25% in sessions in that stretch; 69,3% treated patients that had already been discharged; and 82,9% noticed the worsening of symptons in patients still in treatment

The psychologist Maiana Reis Gislotti tells that, during that period, she started to treat younger patients more often. “After the isolation, I felt that the surge in the younger crowd was substantial, with demands of genera-

Government and universities offer assistance

Government programs and universities provide alternatives to assist people seeking treatment concerning mental health

Whoever suffers from mental health disorders has plenty of free services available to seek treatment and support, one of which is the Life-Valuing Center (CVV), that provides the number 188, in all national territory, with volunteers available 24 hours a day for free and secretive treatment. The service’s goal is to help people with emotional support and offer guidance to whoever needs medical aid.

In more serious cases, such as suicide and self-harm, the Ministry of Health, through SUS, offers the service 196 – Life Line, with the same resources as CVV.

In this case, receptions by phone are forwarded for proper treatment, according to what was reported during the phone call.

The Federal Government has developed, during the pandemic, the Teleconsulta Project, employing telemedicine to offer appointments with telepsychiatrists and teletherapists, focusing in treating cases of mild mental disorders. Schedulings can be done on Basic Health Units. The appointments take place in a platform protected by the General Data Protection Law (LGPD), that allows doctors to digitally prescribe valid documents in any pharmacy,

lized anxiety and social anxiety”. She points out that the main symptons present in youths between 12 and 24 were insomnia or struggle to sleep, excessive preoccupations, struggle to concentrate and focus, fear of the future, insecurity, struggle to learn and self-demand.

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view patients’ records and, also, there’s the possibility to attach exams. The Project was created in association with the Paulista Association for Medicine Development (SPDM) and carries out about 18 thousand online appointments every month.

Via SUS, it’s also possible to get psychological treatment in person. For that, all you have to do is visit an attending unit with a SUS card. The request, then, will be analyzed through a sorting and transferred to a Psychosocial Care Center (CAPS), which acts in the treatment of people who suffer with mental disorders and guides therapeutic

procedures alongside experienced professionals.

In addition to government initiatives, universities, such as PUCPR and UFPR, offer support to students and, also, to the local community, through centers of practice in psychology. In PUCPR’s case, students in the fifth semester of Psychology, supervised by professors, are at hand to carry out appointments. Information regarding scheduling is available through WhatsApp (41) 99661-6452, by phone (41) 3271-1663 or through e-mail psiclin@pucpr.br. In UFPR’s case, information is available in the site convida.ufpr.br.

7 Curitiba, 31 de Outubro de 2022 Cities Read more Psychological centers and clinics accessible to the population of Curitiba.
After isolation, I felt the surge in the younger crowd was substantial”
Beatriz Mangili Hands symbolizing the support young people receive by seeking professional help. Beatriz Mangili Beatriz Mangili, Emilay Aguiar, Tayná Machado e Thaís Filakowski 2º Período Tradução: Bernardo William

Orçamento não corrige tabela de isenção do Imposto de Renda

O imposto, que fará cem anos em dezembro, não é corrigido pela inflação desde 2015 e acumula defasagem de quase 150%

A proposta do Orçamento Federal para 2023, enviada ao Congresso Nacional no dia 31 de agosto, não prevê correção da tabela de alíquotas de isenção do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF).

De acordo com o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais, a tabela acumula defasagem de 147,40%. Assim, caso fosse ajustada pela inflação, a faixa de isenção chegaria até R$ 4.670atualmente, apenas quem ganha R$ 1903,98 mensais está dispensado de recolher o imposto.

Assim, quem recebe até R$ 4.664,68 mensais, hoje precisa pagar a alíquota de 22%. Confira a tabela completa abaixo:

aplicar percentuais que liberem os baixos salários, substituindo essa arrecadação especialmente naqueles que vivem de altos salários e rendas”.

“Na época em que meu marido estava desempregado, sofremos bastante. Quando começou a pandemia, ele não podia receber o Auxílio Emergencial, pois, no ano anterior, havia declarado o Imposto de Renda’.

O que os presidenciáveis defendem

-Jair Bolsonaro (PL)

Em setembro, a Pública Central do Servidor, entidade sindical responsável pelos servidores públicos de todo o país, lançou uma campanha pela revisão da tabela de insenção do Imposto de Renda. Na época, a entidade defendeu a isenção do pagamento de pessoas que recebessem até 5 salários mínimos por mês.

Na época, em entrevista à agência de comunicação da Central, o presidente da Pública, José Gozze, defendeu a revisão: “Significa

Para o professor Luiz Carlos Benner, contabilista e docente do curso de Ciências Contábeis da PUCPR, a correção é possível e, mais do que isso, demanda urgência: “Estamos perdendo renda de duas maneiras, porque a inflação está comendo a renda e porque o Imposto de Renda não está sendo corrigido. A correção permite que o trabalhador tenha mais renda, e isso deve permitir ao trabalhador participar ativamente da economia, com o aumento do consumo”.

Simulação feita pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco) mostra que uma possível mudança na tabela traria perda de arrecadação para o governo federal que oscilaria de cerca R$ 21,5 bilhões a R$ 32,6 bilhões por ano.

Perguntado a respeito da perda, o professor enfatiza que o maior problema econômico brasileiro não é a arrecadação. “O Brasil é um dos países com maior arrecadação do planeta, em torno de 38% do PIB. A perda seria uma reposição para o contribuinte daquilo que a carga tributária aumentou”.

A trabalhadora Joelma Nascimento, que é ajudante de serviços gerais, defende a correção da tabela. “Tem um caso na minha família em que uma pessoa que ganha menos que R$ 5,5 mil e paga a mesma quantidade que seu superior, que ganha R$ 20 mil”, exemplifica. Ela acrescenta: “Não acho adequado que uma pessoa que ganha R$ 1,9 mil, com uma família de 4 a 5 pessoas, ainda tenha de pagar o Imposto de Renda”.

Joelma conta, ainda, que a atual tabela do imposto afetou a vida financeira de sua família durante a pandemia de Covid-19.

Como prometido em 2018, o candidato propõe a correção da tabela para pessoas físicas que recebam até 5 salários mínimos (R$ 6.060).

-Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

O ex-presidente pretende diminuir a faixa de isenção do IR de pessoas físicas para cerca de R$ 5 mil. Para isso, a proposta de Lula é cobrar imposto sobre lucros e dividendos, possivelmente elevando a tributação sobre as heranças.

-Ciro Gomes (PDT)

O ex-governador do Ceará prometeu subir a alíquota máxima de 27,5% para 35%. Além disso, o candidato pretendia voltar com a cobrança de lucros e dividendos.

-Soraya Thronicke (União Brasil)

Soraya defendia a adoção de um imposto único, que substituiria o Imposto de Renda. Em sua proposta, a ideia principal é transformar os 11 impostos em um, o que diminuiria o “estímulo à sonegação de impostos”.

-Sofia Manzano (PCB)

Sofia defendia a isenção do imposto de quem ganha até 5 salários mínimos, aproximadamente R$ 6 mil.

-Felipe D’Ávila (Novo)

O candidato afirma que pretendia simplificar os impostos sobre renda, folha de pagamentos e consumo, por meio de uma reforma tributária. A ideia era uniformizar as regras de tributação de renda.

-Simone Tebet (MDB)

Simone planejava taxar dos lucros e dividendos. Assim, a partir da taxação, a candidata planeja alterar a tabela do Imposto de Renda. De acordo com a candidata, a reforma de objetivo de simplificação e justiça social.

Leia mais

Cem anos do Imposto de Renda: conheça a trajetória do tributo

8 Curitiba, 31 de Outubro de 2022 Economia
Em 2022, 36
“Estamos perdendo renda de duas maneiras, porque a inflação está comendo a renda e porque o Imposto não está sendo corrigido ”
milhões de brasileiros estiveram fora da faixa de isenção e
precisaram declarar renda e pagar imposto
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Giuliano Carbonari Boneti
Base de Cálculo Alíquota Dedução de 0,00 até 1.903,98 isento 0,00 de 1.903,99 até 2.826,65 7,50% 142,80 de 2.826,66 até 3.751,05 15,00% 354,80 de 3.751,06 até 4.664,68 22,50% 636,13
Caio Jordão, Eduardo Borges, Giuliano Carbonari e Tobias Dietterle 2º Período

Popularização de livros +18 afeta leitores menores de idade

O aumento da divulgação desenfreada de livros para o público adulto pelo “BookTok” vem afetando crianças e adolescentes de forma negativa, e procupa especialistas.

Aprática de divulgar livros por meio das redes sociais está crescendo e tem atingido de forma inadequada crianças e adolescentes, que estão tendo acesso e manifestando interesse na leitura de obras com temática apropriada apenas para adultos.

Isso acontece especialmente no TikTok, que, desde o lançamento, tornou-se um meio relevante para a divulgação de livros. A comunidade que se organiza em torno de divulgação, recomendação e discussão de conteúdo literário nessa rede social é conhecida como “BookTok”.

Nesse contexto, a divulgação de livros direcionados ao público adulto cresceu, mas vem desviando de seu público-alvo. O problema está no fato de que, devido à falta de controle e restrição de público, crianças passam a ter acesso ao conteú-

de 13 anos. A plataforma possui algumas restrições de idade que podem ser aplicadas a menores de idade e monitoradas pelos pais e responsáveis, mas isso não garante que essas crianças não tenham acesso a conteúdo inadequado. Um levantamento realizado pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, o TikTok é a rede social que lidera, com 34%, a lista das mais usadas por pessoas com idade entre 9 e 17 anos.

A Tiktoker e influenciadora digital Gabrielle Cavalcante (@ Booksbygabi) diz que a banalização do acesso a esse tipo de conteúdo já parte de autores e editoras, que, diversas vezes, publicam livros sem tomar o devido cuidado com a classificação etária. Em paralelo, também há a precocidade de muitas crianças, que têm vontade de ama-

do, cujo enredo contém elementos como violência e erotismo.

Em 2019, durante a 26ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, o Instituto Pró-livro realizou uma pesquisa que mostrou que indicações de influenciadores digitais em plataformas como TikTok, YouTube, Instagram e Facebook influenciaram 28% das pessoas no interesse pela leitura de livros. O levantamento ouviu mais de mil visitantes da feira, com idade entre 10 e 24 anos de idade. Indicações feitas por pais (11%) ou professores (8%) ficaram para trás.

De acordo com os termos e condições do TikTok, a idade mínima para uso da plataforma é

durecer cada vez mais rápido, o que faz com que acreditem que estejam preparadas para consumir qualquer tipo de conteúdo.

Gabrielle, também, uso o próprio exemplo para explicar o problema. “Comecei a ter acesso a livros +18, com gatilhos fortes, ainda com meus 14/15 anos. No início, foi porque não tinha nenhuma classificação indicativa. Depois de começar a ler, já me achava madura para aquele tipo de conteúdo. Além disso, nunca tive minhas leituras fiscalizadas por nenhum dos meus pais, que pensavam: ‘Ela está lendo, que mal poderia ter?’”, conta, A tiktoker comenta que o próprio algoritmo do aplicativo colabora para que esse tipo de

conteúdo seja divulgado, “Já observei que, entre os vídeos de indicação que eu faço, os que possuem quote +18 são os mais engajados”. Ela comenta, também, que está na comunidade desde o começo e que os

Livros são frequenteente divulgados em redes sociais, principalmente o TikTok Alves diz, ainda, que acredita que os influenciadores podem divulgar tudo o que lêem, porém devem apresentar uma indicação de faixa etária em seus vídeos, para sinalizar aos leitores se aquela temática é indicada ou não. Por meio disso, tem como objetivo evitar que livros assim cheguem a pessoas que ainda não têm consciência para lidar com aquilo que está escrito. Ela ressalta, também, a importância da presença dos pais na vida digital dos filhos.

livros que mais observou crescer foram os que continham algum tipo de conteúdo direcionado a maiores de idade.

Influenciadora digital e booktoker, Maria Julia Alves comenta sobre o público que essa temática tende a atingir, “Livros de romance com partes eróticas sempre fizeram sucesso com um público feminino, muitas vezes em versões digitais”. Ela prossegue afirmando que, por conta da falta de teor sexual nas capas, o conteúdo acaba se popularizando e atingindo um grande público. Também declara que as redes sociais têm um papel vital para a divulgação do material, por conta da facilidade de acesso a conteúdo.

Dificuldade na classificação indicativa de livros

A classificação indicativa de obras audiovisuais é feita pelo Ministério da Justiça, sendo uma maneira de categorizar produções baseadas em uma metodologia de nível de maturidade.

O principal objetivo é auxiliar os responsáveis na escolha de conteúdo midiático que seus filhos terão acesso, sem necessariamente apresentar o que está contido no filme ou livro e o que afetou a nota.

Diferentemente de filmes e séries, os livros passam por outro processo. A autora Rubanne Damas explica que os próprios autores classificam suas obras e que não existe uma regulamentação específica para esse tipo de conteúdo. Segundo a escritora, a categorização de livros leva a terminologias específicas, como Young Adult, que são histórias adequadas para leitores de 16 a 18 anos; e New Adult, de 18 a 25 anos.

Rubanne explica, também, que, mesmo não havendo um meio legal desta classificação, se algum leitor verificar que existe algo que está fora da classificação ou não foi mencionado nos avisos sobre possíveis gatilhos emocionais, o livro pode ser retirado de publicação até ser regularizado. Ela complementa que plataformas mais famosas, como Amazon, seguem esse meio de classificação.

A psicóloga Sandra Trojan afirma que é dever dos pais estarem cientes e filtrarem os conteúdos acessados pelos filhos, além de estabelecerem limites para o uso das redes sociais. “Quando uma criança está exposta a um conteúdo impróprio, ela poderá apresentar sinais de ansiedade, isolamento, medo, depressão e queda nos rendimento escolar”, diz. Sandra ainda reitera a importância de uma base familiar para o amadurecimento dos jovens. “Um ambiente de diálogo, presença, participação e acolhimento propicia um desenvolvimento equilibrado.”

Indicações na 26ª

Confira a lista de livros mais divulgados pelo “BbookTok”

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9 Curitiba, 31 de Outubro de 2022 Cultura
Ana Paula Virgulino , Gabrielle Tiepolo da Luz, Maria Luiza Baiense e Mariana Machado de Almeida 2º Período
“Celulares e conteúdos digitais podem virar uma arma de destruição psicológica nas mãos de uma criança”
Gabrielle Tiepolo da Luz
Leia mais
Bienal
Outros Professor Redes
5% 8% 28%
Internacional do Livro
sociais

Sucesso do Athletico expõe potencial do futebol feminino paranaense

Apesar de ano com recorde de público no futebol feminino paranaense, o estado tem apenas um clube na elite do país; demais times sofrem com pouca visibilidade

Ofutebol feminino paranaense viveu um ano de 2022 que oscilou entre pontos positivos e negativos, o que mostra que a modalidade tem evoluído a passos lentos no estado. O destaque da temporada foi o Athletico Paranaense, que chegou às finais da Série A2 do Campeonato Brasileiro, bateu recorde de público na competição e conquistou vaga na divisão de elite do futebol feminino nacional. Por outro lado, as demais equipes do Paraná sofrem com pouca visibilidade e apoio.

Apenas o Athletico representou o estado na série A2, chegando ao vice-campeonato. Na partida de ida da final, 28.447 torcedores estiveram presentes na Arena da Baixada, estabelecendo o maior público de um jogo feminino na

e Toledo jogam a Série A3, equivalente à terceira divisão. Neste ano, o Coxa foi eliminado na primeira fase do torneio, pelo próprio Toledo, que chegou às quartas de final, mas foi derrotado pelo Vila Nova.

Esses resultados por parte das equipes paranaenses escancaram a defasagem dos times em relação à modalidade masculina. Após esse término das competições nacionais, os clubes têm apenas o Campeonato Paranaense para disputar, com a fase inicial do campeonato já encerrada, e sem data definida para as finais, que vão reunir Athletico e Toledo.

O próprio Campeonato Paranaense serve como forma de perceber a distância do Paraná em

atingido, o acesso à Série A1 do Brasileirão. Já no segundo semestre, a equipe foi líder da primeira fase do Campeonato Paranaense, decidindo o primeiro lugar com o Toledo, na última rodada, e vencendo o jogo por 6x2. Os times, agora, reencontram-se na final do torneio.

A ótima temporada do Athletico é fruto de um trabalho que vem sendo desenvolvido pela diretoria de focar em desenvolver o futebol dentro da própria estrutura do clube, “Desde o ano passado, o Athletico optou por não fazer parcerias, como muitos clubes do Brasil fazem. Esses times não assumem toda a logística, toda a estrutura e toda a responsabilidade de ter o seu próprio time feminino. E o Athletico não seguiu esse modelo; assumiu a questão e colheu os frutos de ir para primeira divisão nesta temporada graças a um trabalho próprio”, analisa Nadja.

Toledo se mantém na A3

A equipe do Toledo chegou às quartas de finais do Campeonato Brasileiro Série A3, sendo eliminado para o Vila Nova, com um gol nos últimos minutos, que impediu que a decisão fosse para as penalidades. Apesar da eliminação, a equipe teve uma jogadora com muito destaque na competição: a atacante Johnson, que, mesmo tendo apenas 16 anos, foi a artilheira da equipe. Treinador do Toledo, Jaime Lira fala sobre a atleta. "É uma jogadora fantástica, artilheira de todas as competições que disputa. Já é cogitada na Seleção Brasileira principal, sendo citada pela própria Pia [Sundhage], treinadora da seleção”. No momento, a atleta está na Espanha, com a Seleção Brasileira sub-17.

que trabalha com atletas nas categorias sub-17 e sub-20, com a ideia de formar jogadoras para o cenário profissional. Porém, os resultados da parceria entre os dois clubes não foram como o esperado: a equipe foi eliminada na primeira fase do Campeonato Brasileiro - Série A3, para o Toledo, com um placar agregado de 8 x 4.

Além disso, a equipe já está matematicamente eliminada no Campeonato Paranaense. Segundo a jornalista Nadja Mauad, é preciso ter paciência com a parceria anunciada neste ano, "A questão do Coritiba é algo a se esperar um pouco. Eu disse, anteriormente, que sou a favor dos clubes que optam em não fazer parcerias, mas, muitas vezes, é a forma como os clubes conseguem e podem abraçar o futebol feminino".

Nesse sentido, a jornalista explica que as parcerias servem para valorizar alguns bons trabalhos já estabelecidos, mas que precisam de visibilidade. É o caso do Imperial, "O clube, há anos, mantém esse projeto na força e na garra. Então, a parceria com o Coritiba pode ajudar os dois lados. Vem muita gente de fora ao Paraná fazer teste no Imperial, e ter uma parceria com o Coritiba valoriza a marca".

história do Paraná. No cenário nacional, o ano também foi de números inéditos para a modalidade: os dois jogos das finais da Série A, disputados entre Corinthians e Internacional, reuniram 36.330 pessoas no Beira Rio; e, seis dias depois, 41.070 torcedores na Neo Química Arena. O título ficou com o Corinthians, cujas jogadoras são apelidadas de “as brabas“.

Com o acesso do Athletico, o estado ficará sem representantes na Série A2, já que Coritiba

relação a outros centros, avalia a jornalista Nadja Mauad, que cobre as competições femininas no Brasil. “Tivemos anos nos quais nem houve campeonato, por conta da falta de clubes. A gente vê um Athletico com um time próprio; mas, no Paraná, a coisa está muito atrasada”.

Athletico conquista acesso

O ano do Athletico, como se vê, foi o melhor dentro do cenário paranaense, com o principal objetivo da temporada sendo

Já no Campeonato Paranaense, o Toledo decide a final da competição contra o Athletico, porém o objetivo na competição e na temporada já foi atingido, como explica Jaime Lira. "As nossas metas foram atingida:, o nosso objetivo principal era se manter no Campeonato Brasileiro; para isso, precisamos ganhar o Campeonato Paranaense ou ser vice de um clube que já esteja presente em alguma divisão”, explica.

Como a Athletico está agora na divisão de elite do campeonato, mesmo com um possível vice campeonato, a equipe do Toledo já conseguiu a vaga no próximo torneio nacional. “Todos os anos, temos alcançado o sucesso. Aqui, no Paraná, o Toledo e o Athletico Paranaense dividem a liderança do esporte”, celebra Jaime.

Coritiba em adaptação

O Coritiba começou o ano anunciando uma nova parceria com o Imperial Futebol Clube,

portalcomunicare.com.br

10 Curitiba, 31 de Outubro de 2022 Esportes
Saiba mais Conheça Johnson, a jovem promessa do futebol paranaense
“O Paraná é um dos estados
mais fracos em termos de competições femininas”
Athletico x Toledo vão se enfrentar na final do Campeonato Paranaense Carlos Chiosi (Movimento e Foco) André Blatt, Gabriel dos Reis e João Vitório. 2° período. Cristiane Matos Johnson joga pelo Toledo

Futsal feminino tem menos times e estrutura que o masculino

Com 35 equipes a menos no Paraná, atletas de futsal feminino relatam disparidades econômicas e dificuldades para obter reconhecimento

Ofutsal profissional tem uma visível desigualdade de gênero entre homens e mulheres, representada pelo número de times que disputam cada modalidade. A Liga Nacional de Futsal (LNF) masculina tem 22 times, enquanto a Liga Feminina de Futsal (LFF) conta com apenas 12. No Campeonato Paranaense, a desproporção se repete: os torneios masculinos tem 14 times na Série Ouro, 13 na Prata e 24 no Bronze, totalizando 51 equipes. Já a liga feminina é composta somente por 8 times na Série Ouro e 8 times na Série Prata, não tendo categoria Bronze e somando 16 times. Assim, a diferença é de 35 times a mais na categoria masculina. Além disso, segundo dados do IBGE, as mulheres desportistas ganham cerca de 22,3% a menos que os homens.

Ainda que com desempenho igual ou superior aos de times masculinos, as jogadoras de futsal têm dificuldade de receber reconhecimento. Esse é o caso do time da Associação Desportiva de Telêmaco Borba (ADTB), principal destaque do estado, que disputa a Série Ouro da LFF. Atleta da ADTB, Rarine Betim afirma que a desigualdade no futsal feminino é grande, mesmo com a crescente no esporte. A atleta relata que as maiores diferenças são na estrutura e no nível de remuneração. “Atletas de

A desigualdade de uma perspectiva filosófica Fernanda Pires Bertuol Mateus Scheer, que é graduada em Educação Física e decidiu mudar de carreira para estudar Filosofia, conta que sua saída da área

quia estabelecida por Aristóteles separava os homens dos animais e dos vegetais, sendo o homem o ser político e racional, enquanto as mulheres eram rebaixadas à mesma posição que as plantas, pois elas não tinham lugar de

ADTB é destaque no Campeonato Paranaense - Série Ouro

As mulheres da Associação Desportiva de Telêmaco Borba (ADTB) concluíram, em 10 de setembro, a 2ª fase do Campeonato Paranaense de Futsal Feminino - Série Ouro. A equipe, treinada por Anderson Valério, teve 100% de aproveitamento no campeonato. A equipe está em primeiro lugar do grupo B com 9 pontos, sendo três jogos e três vitórias. Portanto, a equipe ADTB está classificada para a semifinal do torneio.

feminino dificilmente vivem em apartamentos; a maioria dos times tem uma casa de atleta onde todas moram juntas”, relata. Ela também conta que as exigências para as atletas mulheres são maiores, pois as atletas sofrem preconceito na prática do esporte e tudo que fazem é visto com um olhar de desconfiança.

Para Rarine, uma maneira de mudar o cenário é dar mais visibilidade aos campeonatos femininos. De acordo com ela, os masculinos, muitas vezes, têm uma competição inteira sendo transmitida em canal fechado de televisão, dando destaque a clubes e atletas. Já no caso dos torneios femininos, apenas alguns jogos são televisionados. Rarine também acredita que os investidores precisam entender que o futsal femino é um investimento e pode dar bom retorno,

esportiva foi consequência das dificuldades enfrentadas, como a desigualdade salarial em relação a homens. Hoje doutora em filosofia, ela analisa que esse padrão desigual vem sendo, mecanicamente, reproduzido por muitas gerações, como um modus operandi da sociedade que gira em torno do machismo. O comportamento, assim, é repassado em casa desde a infância para os meninos, tornando a mudança inviável, já que os homens, em uma posição de privilégio, dificilmente vão se esforçar para abrir mão desse poder.

Ela acrescenta que a desigualdade entre homens e mulheres tem raiz histórica: na Grécia Antiga, a sociedade era configurada a partir dos mais fortes física e anatomicamente, devido ao grande número de disputas territoriais e de guerras. A hierar-

fala. Fernanda acrescenta que se pode concluir que a discrepância entre os gêneros nos esportes tem, como pano de fundo, interesses e finalidades políticas.

Além disso, ela acrescenta que, para a realidade mudar, é preciso que as atletas sejam, a exemplo do que já ocorre com os homens, recompensadas por suas realizações e que tenham melhores condições para treino.

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Feminina de Futsal, dificuldades enfrentados pelo time apesar do talento

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ADTB avança de fase na Liga Feminina de Futsal (LFF)

A equipe de Telêmaco Borba está classificada para as quartas de final da Liga Feminina de Futsal (LFF) e enfrentará o Taboão/ Magnus, para quem acabou perdendo a partida disputada na primeira fase do torneio. A equipe paranaense terminou a primeira fase em 7º lugar, com 13 pontos ganhos, conquistados com nove vitórias e duas derrotas.

11 Curitiba, 31 de Outubro de 2022 Esportes
Bruna
“Estamos emperrados em um excesso de representação fundado nas condições e oportunidades desiguais oferecidas aos gêneros”
A cidade de Telemaco Borba tem o principal time de futsal feminino do estado Renato Costa

Cabelos viram perucas para mulheres com câncer.

A Associação Amigas da Mama em Curitiba foi fundada para apoiar mulheres que enfrentam o câncer de mama. Com foco na confecção de perucas por voluntárias, o processo que leva mais de 12 horas, procura restaurar a autoestima das mulheres em tratamento.

12 Curitiba, 31 de Outubro de 2022 Ensaio
Beatriz Mangili Separação do cabelo depois corte realizado no salão de beleza Costura do cabelo para montagem da peruca Confecção dos 8 metros de costura de cabelo para montagem Sala para experimentação de perucas, lenços e chapéus Processo de montagem da peruca pós costura

De uma agência experimental, o que se espera é ganhar experiência. Mas, aqui, também se ganha prêmios.

Célula: vencedora de dois prêmios na EXPOCOM 2022.

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