Dengue assusta curitibanos
Aedes Aegypy também transmite Zika Vírus e Febre Chikungunya.
Páginas 02 e 03
Nova regra para aposentadoria Escalonamento progressivo aumenta tempo de contribuição.
Páginas 06 e 07
Correios são alvo dos bandidos Serviços bancários chamam a atenção dos assaltantes.
Página 10
O
com a discórdia Vereadores proíbem Uber de operar em Curitiba
e 05
De carona
Páginas 04
Curitiba, 15 de Abril de 2016 - Ano 20 - Número 276 - Curso de Jornalismo da PUCPR
jornalismo da PUCPR no papel da notícia
Cidades Expediente
Curitiba tem novos casos de Dengue
A cidade já registrou duas mortes e continua a luta para combater os focos do mosquito que causa a doença
Lívia Davet
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) confirmou a segunda morte relacionada à dengue em Curitiba. Foi um senhor de 66 anos, morador do Alto Boqueirão. Ele havia viajado para Paranaguá, no litoral do Paraná, cidade que está entre os 30 municípios em situação de epidemia do Estado, segundo a assessoria de imprensa da SMS.
Além desse caso, foram con firmados também três casos de Zika, sendo um homem e duas mulheres.
A SMS tem atuado em conjun to com a Secretaria Municipal de Comunicação Social para o combate ao mosquito. Os pro jetos que estão em ação são: Operação Tira Focos e o plano 366 Dias Contra o Aedes, além de atividades educativas, a fim de alertar a população do risco e da necessidade da prevenção, segundo o secre tário municipal da Saúde, César Titton.
Este ano já se tem registro de 308 casos de dengue, sendo um deles autóctone (contra ído na própria cidade), 36 de Zika (quatro adquiridos em Curitiba), e oito de Chikun gunya, de acordo com a SMS.
A região com maior risco atualmente tem sido entre os bairros do Portão, Hauer e Pa rolim, é o que afirma Tatiana Robaina, bióloga do progra ma municipal de controle da dengue, que ressalta também que esta é uma situação muito dinâmica e pode mudar a qualquer momento.
Das três doenças transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypt,
sendo elas a Zika Vírus, a Fe bre Chikungunya e a Dengue, esta pode ser considerada a mais severa. Ambas são muito semelhantes em relação aos seus sintomas o que dificulta um diagnóstico rápido e sem exames específicos, é o que afirma o médico Bruno Hen rique Pagnoncelli.
A dengue causa, além de febre, comum nas três, dores musculares muito fortes, dores de cabeça e nos olhos, falta de ar, manchas na pele, indisposição e até hemorra gias em casos mais graves. Na Chikungunya, as dores se con centram nas articulações.
Já no caso da Zika, que pode ser considerada a mais leve entre elas, o paciente apresen ta coceira, olhos avermelha dos e leve febre, diz o médico. Pagnoncelli ressalta que a maior preocupação desta fica por conta de seus possíveis desdobramentos, entre eles a microcefalia e a Síndrome de Guillain-Barré, uma doença neurológica grave caracteriza da pela inflamação dos nervos e fraqueza muscular, que em alguns casos pode ser fatal.
Para Solange Gonçalves, 48 anos, que contraiu Zika neste verão, é de grande importân cia maiores esclarecimen tos sobre os sintomas das doenças e não somente sobre os métodos de prevenção. Ela não acreditava estar com a doença por não ter tido febre severa e só ter encontrado duas manchas vermelhas no corpo e não várias, como ela havia ouvido falar.
Edição 276 - 2016
O Comunicare é o jornal laboratório do Curso de Jornalismo PUCPR jornalcomunicare.pucpr@gmail.com http://www.portalcomunicare.com.br
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02 Curitiba, 15 de Abril de 2016
3º
período
Cidades
Prevenções contra o vetor
Saiba como eliminar os focos do Aedes Aegypt da sua casa:
Tirar folhas e outras coisas que impeçam a água de escor rer pelas calhas
Manter as caixas d’água tampadas
Deixar as garrafas com a boca para baixo e cuidar com água nas tampas delas
Colocar areia no prato das plantas
O risco do Zika Vírus para as gestantes
Comprovada ligação entre a doença e alguns casos de microcefalia
Lívia Davet
3º período
Amicrocefalia é um pos sível desdobramento do Zika Vírus e pode acontecer nos fetos de gestantes que adquirem a doença. A maior preocupação é com o primeiro trimestre da gestação, porém os cuidados devem ser man tidos durante todo o decorrer do período gestacional.
Nela, o recém-nascido apresenta perímetro cefálico inferior a 32 cm, comprome tendo o desenvolvimento do cérebro da criança. Ela está relacionada com diferentes graus de retardo mental, além de outros problemas, é o que relata o médico Bruno Pag noncelli. Ele conta também que essas características se aplicam a 90% dos casos, mas para os de origem familiar, há a possibilidade do desenvolvi mento perfeito das capacida des cerebrais do feto.
Marina Guimarães, que está no primeiro trimestre gesta cional, diz que está sempre atrás de informações sobre
Entregar os pneus ao serviço de limpeza urbana ou guardá-los abrigados das chuvas
Usar a quantidade adequada de cloro nas piscinas
métodos de prevenção, além de usar o repelente recomen dado pelo seu médico, para ela isso é o mais importante para reduzir os riscos de con trair a doença.
Punições para quem não combater o Aedes Aegypt
Em março deste ano, multas que têm valores entre R$ 200,00 e R$ 7 mil começa ram a ser aplicadas aos que não cumprem as exigências dos vigilantes de saúde, em relação à limpeza para a prevenção dos mosquitos, em Curitiba.
As multas serão cobradas de acordo com o histórico de cada proprietário de imóveis residenciais, segundo o secre tário municipal da Saúde, Cé sar Tritton. Os agentes farão a vistoria, e caso sejam encon trados problemas, notificarão os proprietários e darão um prazo para ser normalizada a situação. Havendo descum primento das exigências serão
Alguns moradores ainda deixam água parada em recipientes
aplicadas as penalidades, é o que informa Tritton.
Sérgio Nascimento, proprie tário de um terreno localizado no Alto da XV, se diz muito preocupado com uma possível epidemia na cidade, e por isso logo que começou a observar o aumento de casos e as notí cias sobre o assunto procurou
eliminar os riscos do desen volvimento dos mosquitos dentro da sua propriedade.
É importante que todos façam a sua parte e se necessário procurem os núcleos da Secre taria de Urbanismo, localiza das nas Ruas da Cidadania, ou liguem no 156, para informar possíveis criadouros.
03 Curitiba, 15 de Abril de 2016
Lívia Davet
Cidades Câmara de Vereadores aprova lei que proíbe Uber em Curitiba
Motorista que for flagrado prestando o serviço poderá pagar multa de R$ 1,7 mil
Rebeca Franco 3º período
O aplicativo Uber, que co meçou a operar em Curi tiba no dia 18 março, retornou ao cenário de discussões da Câmara Municipal e, por 27 votos a favor e quatro contras, os vereadores aprovaram, nesta terça-feira, 12 de abril, o projeto de lei que proíbe o funcionamento do serviço na capital paranaense
O projeto, de autoria dos vereadores Chico do Ubera ba (PMN) e Jairo Marcelino (PSD), estabelece uma multa de 1,7 mil aos motoristas que estiverem explorando a atividade de transporte sem autorização do poder público, de acordo com a lei munici pal que media o transporte
individual de passageiros e regulamenta o serviço de táxi, o que gera uma situação de marginalidade para os motoristas do Uber.
Vereador critica aplicativo
Questionado sobre a fer ramenta, o vereador Jairo Marcelino defende que o Uber acarreta em prejuízos para a cidade, pois não gera arreca dação de tributos, é tido como clandestino o que, acredita, desabilita a possibilidade de sua regulamentação, além de que a falta de fiscalização dá margem à insegurança de não saber quem são os motoristas. “Eu não deixaria minha famí
lia embarcar em um serviço no qual não sei a procedên cia”, determina.
A qualidade dos serviços prestados é um dos artifícios de comparação para o Uber. A esse respeito, ele afirma que o serviço de táxi de Curitiba é considerado o melhor do Brasil, em que os condutores passam por cursos de capa citação e ocorrem vistorias com frequência.
Em relação à tarifa monetária, segundo o vereador, a classe dos taxistas formula uma pla nilha que adota diversas vari áveis para o cálculo do preço a ser cobrado pela prestação do serviço.
Sobre a relação do Uber com o advento da “economia co laborativa”, o vereador expõe que não considera isso um diferencial positivo, mas um retrocesso em face ao serviço de táxi já consolidado.
Abimael Mardegan, presiden te do Sindicato dos Taxistas do Estado do Paraná, defen de que a chegada do Uber representa uma violação dos direitos do consumidor, como na falta da emissão de nota fiscal e de suporte efetivo em caso de dano físico (acidentes) ou patrimonial, além de que, afirma, o único serviço de transporte privado regular é o de táxi.
04 Curitiba, 15 de Abril de 2016
Para utilizar o serviço, é preciso ter o aplicativo do Uber instalado no celular
Michel Moreira
Cidades
Taxistas se defendem
Em relação à qualidade, Mar degan sustenta que o serviço oferecido pelos taxistas da cidade é o melhor do Brasil e opera em quatro modalida des: executivo, convencional, compartilhado e o especial – adaptado para pessoas por tadoras de deficiência.
No que tange ao regimen to interno do aplicativo, ele aponta que há rela tos de motoristas que se sentem lesados, por não haver clareza quanto aos direitos trabalhistas.
Mardegan pondera que a classe de taxistas não possui dilemas com o Uber por si só, mas com a irregularidade do
serviço e por consequência a exposição da população ao perigo, já que se consideram legalistas, ou seja, a favor da lei, testifica.
Em nota enviada à redação do Comunicare, Luiza Facchi na - integrante da equipe de Comunicação do Uber – disse que o o projeto almeja “buscar talentos e compartilhar infor mações com os cidadãos que queiram ter uma nova oportu nidade de renda com autono mia, flexibilidade e dignidade dirigindo na plataforma da Uber”.
Depois de Recife, Curitiba é a 9ª cidade brasileira a receber o aplicativo e integrar uma aldeia de 360 cidades pelo mundo e inicialmente operará
na categoria regular uberX e com preço mínimo de R$ 5,00.
Opiniões divididas
Em pesquisa realizada pelo Comunicare entre os dias 25 e 29 de março, é possível acompanhar a perspectiva de 120 cidadãos que utilizam o serviço de táxi sobre a opera ção do Uber.
Entre os entrevistados, 67 de les, ou 55,83%, defendem a co existência do aplicativo Uber com o serviço de táxi. Um dos apontamentos realizados é que se deve democratizar a prestação de serviço, cumprir a livre concorrência e oferecer aos clientes o direito de esco lha, o que implica na melhoria das atividades oferecidas e na
Uber: Você é a favor, contra ou não possiu uma opinião formada?
A equipe do Comunicare ouviu 120 usuários do serviço de táxi para saber qual opinião os clientes possuem em relação ao aplicativo Uber, que chegou na cidade.
redução das tarifas deter minadas para se conquistar os clientes.
Dentre esses usuários que defendem a atuação do Uber foi destacado que o aplica tivo deve operar mediante regulamentação por parte das autoridades, de forma que seja submetido à mesma pres tação de contas que a classe de taxistas e passe também pelas mesmas fiscalizações de qualidade.
A pesquisa também revelou que 34 pessoas questionadas (28,33%) não possuem um po sicionamento convicto sobre a operação do Uber. Uma das justificativas é a dificuldade em encontrar um ponto de conciliação entre a situação
dos taxistas e o exercício de uma nova atividade por parte dos motoristas do Uber.
Nesta categoria se encontram também aqueles que afirmaram não possuir conheci mento concreto para assumir um posicionamento.
As pessoas que afirmaram ser determinantemente con trárias ao Uber, 19 no total (15,83%) analisam, princi palmente, as questões que impactam a vida dos taxistas, considerando uma injustiça a operação do aplicativo livre das imposições tributárias. Além disso, alguns usuários possuem dúvidas relaciona das à segurança do serviço oferecido pelo Uber, no que tange à inspeção dos veículos e a triagem dos motoristas.
Aplicativos estão na mira da Justiça
Nos últimos meses articu laram-se várias ações le gislativas que interviram nas ferramentas digitais no Brasil, como a participação do Uber no debate do pleito da Câmara dos Vereadores em Curitiba que é, na linha cronológica, o fato mais recente.
Da mesma forma, no dia 29 de março de 2015, o juiz Roberto Luiz Corcioli Filho, da Justiça de São Paulo, demandou
uma liminar que suspendeu o aplicativo do Uber, aten dendo pedido dos taxistas em São Paulo.
Em relação ao Whatsapp, no dia 19 de fevereiro de 2015, o juiz Luis de Moura Correia, da Central de Inquérito da Comarca de Teresina, do Tri bunal de Justiça do Piauí, foi responsável pela sua suspen são, em todas as companhias telefônicas, e em todo o terri
tório brasileiro. O jurista esclareceu depois que a razão era investigar crimes de pedofilia.
A decisão, no entanto, foi logo anulada pelos desembarga dores Raimundo da Costa Alencar e José Ribamar Olivei ra, do Tribunal de Justiça do Piauí, justificando o impacto para milhões de brasileiros que estão conectados pela cultura digital.
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Curitiba, 15 de Abril de 2016
A favor: 67 pessoas Contra: 19 pessoas Não opinaram: 34 pessoas 55,83% 28,33% 15,83% Alguns taxistas relatam que se sentem lesados pelo uso do aplicativo
Rebeca Franco
Economia Regras para a aposentadoria são modificadas
O ano de 2016 começou com mais novidades para o trabalhador brasileiro. No dia 05 de novembro do ano passado, passou a valer a nova norma para a apo sentadoria, chamada Regra 85/95 Progressiva.
Esses números correspondem aos pontos que a pessoa deve ter, alcançados através da soma da idade com o tempo de contribuição, devendo re sultar, no mínimo, em 85 para mulheres e 95 para homens.
O motivo de se chamar “pro gressiva” é em razão do es calonamento, no qual o valor dos pontos deverá aumentar, para ambos os sexos, chegan do a 90/100 até 2022.
Essa expansão é justificada, de acordo com informações divulgadas pela assessoria de imprensa do Instituto Nacio nal do Seguro Social (INSS),
pelo fato de a expectativa de vida da população continuar crescendo ao contrário da taxa de fecundidade que está em queda. Portanto, have rá menos contribuintes no futuro que sustentarão uma população inativa.
Nova regra
A nova regra apresenta uma aposentadoria integral e não possui idade mínima exigida, apenas tempo mínimo de contribuição, sendo 30 anos para
mulher e 35 para homem, sem permitir a aplicação do fator previdenciário para quem atingir a pontuação.
Caso a pessoa queira receber o benefício antes da soma dos pontos ela poderá optar pelo fator previdenciário, seguin do as seguintes exigências: possuir 180 contribuições mensais e ter idade mínima de 60 anos para as mulheres e 65 para os homens, ou então por tempo de contribuição, 30 anos para as mulheres e 35 para os homens.
Deste modo, haverá uma redução do valor da aposenta doria, que pode variar de um salário mínimo até o teto R$ 5.189,83, dependendo do tem po trabalhado, que aumenta o percentual do salário.
O contador Robinson Menta, 50 anos, acha que se benefi ciou por ter se aposentado em outubro de 2015, antes da mu dança. Apesar disso ele achou “interessante para quem está perto de atingir a pontuação, pois terá a sorte de receber a aposentadoria integral”.
06 Curitiba, 15 de Abril de 2016
Vale mais a pena esperar para receber pelo menos uma aposentadoria integral” Idade 50 anos 55 anos 60 anos Contriuição 30 anos 30 anos 40 anos Regra Antiga Fator Previdenciário Taxa Taxa Taxa Nova regra 85/95 progressiva Taxa Não aposenta Taxa Taxa Pontos 80 85 100 Idade 55 anos 60 anos 65 anos Contriuição 35 anos 35 anos 45 anos Regra Antiga Fator Previdenciário Taxa Taxa Taxa Nova regra 85/95 progressiva Taxa Não aposenta Taxa Taxa Pontos 90 95 110 Tabela comparativa entre valores da aposentadoria pelo fator previdenciário x Regra 85/95 Progressiva Mudança na lei aumenta tempo mínimo de contribuição Caroline Farias 3º período
“
Regras de aposentadoria se modificam com tempo mínimo de contribuição
Tereza Ferreira, 43 anos, trabalha com agronomia há 23 anos e achou complicado para entender como funcionam as novas normas. Pela regra antiga, ela iria se aposentar em sete anos. Com a nova, acabará se atrasando em dois anos e meio. “Eu gostaria muito de me aposentar antes, mas com o cenário atual vale mais a pena esperar para rece ber pelo menos uma aposen tadoria integral”.
Aposentadoria integral
Mas e o que seria a aposentadoria integral? Significa que a pessoa irá receber todo o valor do salário de benefício, correspondendo a 80% dos maiores salários que recebeu, corrigindo a inflação.
Agora haverá mais uma forma de calcular a apo sentadoria, porém todas as outras continuarão valendo, sem mudanças: por tempo de contribuição com fator previdenciário; por tempo de contribuição pela fórmula 85/95; por tempo de contribui ção com cálculo proporcional; por idade; por invalidez e especial, que é concedida para quem trabalhou em condi ções prejudiciais à saúde ou à integridade física; para defi cientes; trabalhadores rurais; etc. Quem já se aposentou não poderá recorrer à mudança nem revisão.
Economia
Thais Camargo
Projeções indicam aumento na expectativa de população inativa economicamente
Além da previdência social
Outras formas de previdência são alternativas
Por ir de um salário mínimo até o teto de R$ 5.189,83, muitos trabalhadores podem não saber lidar com a mu dança drástica na renda. Por isso existem alternativas para quem quer um complemen to após a aposentadoria.
O professor de economia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Ricardo Kureski, que também é pesquisador do Instituto Paranaense de Desenvolvi mento Econômico e Social (Ipardes), afirma que por mais que a contribuição para a previdência social seja obrigatória para os traba lhadores, “o valor pago está reduzindo. Então, a melhor opção é investir na previ dência privada”. É isso que Tereza Ferreira já faz, desde que começou a trabalhar, preocupada com o valor que receberá na terceira idade.
O professor acha que “pegar empréstimo consignado é uma péssima ideia. Acaba virando uma bola de neve, deixando muito aposentado endividado”. Para controlar os gastos, Kureski sugere a produção de uma planilha, com receita e despesas.
O aposentado Luiz Deina, 80 anos, já recebe esse bene fício desde 1984. Apesar de não possuir muitos gastos, ele afirma que o valor de aposentadoria recebido não é o suficiente, nem há 32 anos, nem agora. Quando se aposentou chegou a parar de trabalhar, porém o governo da época retirou grande parte da sua renda. Após um ano e oito meses ele voltou a trabalhar como caminho neiro e continua até hoje, ga nhando mais do que o dobro da aposentadoria.
07 Curitiba, 15 de Abril de 2016
Fonte: IBGE
Política Conselho de fundo destinado à educação tem mudanças
O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) conta agora com maior participação popular
A Câmara de Vereadores de Curitiba aprovou em primeiro turno, no dia 02 de março, o projeto para a alteração de 11 dos 20 artigos da lei municipal 12.313/2007 que de termina as diretrizes a serem seguidas para a formação do Conselho Municipal de Acom panhamento e Controle Social do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educa ção Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (CACS-Fundeb). O conse lho objetiva o planejamento para aplicação do fundo na educação básica. A principal mudança é a alteração de 15 para 11 participantes, com maior proporção de participa ção da sociedade civil do que de membros do Executivo em comparação com a configura ção anterior.
As mudanças foram solicita das por meio de uma portaria do Ministério de Educação com o propósito de tornar a composição do conselho mais democrática, de acordo com a vereadora Professora Josete, PT. O município de Curitiba estava descumprindo essa portaria desde 2013. “Até então quem indicava os membros do conselho era a Secretaria Municipal de Educação”, afirma a vereado ra. Agora cada segmento com direito a representação vai se organizar e escolher seus representantes, o que ela con sidera como um importante avanço para o controle social de recursos da educação.
O vereador do PSDB Serginho do Posto, apesar de ser da oposição, concorda. “O conselho era muito restrito à participação popular”, afirma ele. A partir dessa
maior colaboração com a comunidade, o vereador acredita que haverá uma visão menos técnica para a aplicação do fundo.
Formação do Conselho
O projeto sancionado prevê dois membros da Secreta ria Municipal da Educação (SME), um professor da educação básica da rede municipal indicado pelo
Sindicato dos Servidores de Magistério Municipal de Curitiba (Sismmac), um diretor escolar, um pai de aluno de Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI), um pai de estudante de escola municipal, dois alunos (com mais de 18 anos ou emancipa dos) sendo os três indicados e eleitos pelos respectivos con selhos escolares, um agente administrativo indicado pelo Sindicato dos Servidores Mu nicipais de Curitiba (Sismuc),
um conselheiro municipal de educação e um conselheiro tutelar (ambos indicados pe los respectivos órgãos). Dessa maneira, são oito membros da comunidade e três membros do Executivo.
Os mandatos dos membros do antigo conselho termi nou no dia 31 de março e as eleições para a nova confi guração do conselho ainda não ocorreram.
08 Curitiba, 15 de Abril de 2016
Colégio Estadual Dr. Xavier da Silva, em Curitiba
Patrícia Guaselle
Isabella Fernandes 3º período
Arrecadamentos do Fundeb
Dados retirados do site do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
1 2007: R$ 145.956.882,00 2 2008: R$ 179.685.543,00 3 Março de 2009: R$ 240.541.200,00
Dezembro de 2009 (usado em 2010):
R$ 239.962.039,00 5
Dezembro de 2010 (usado em 2011): R$ 279.206.920,00 6 Abril de 2011: R$ 279.206.920,91
7
Dezembro de 2011 (usado em 2012):
R$ 338.626.483,00 8 Novembro de 2012: R$ 348.359.004,32 9 Dezembro de 2012: (usado em 2013): R$ 357.260.289,00
10 Dezembro de 2013: R$ 344.621.308,00 11 Dezembro de 2013 (usado em 2014): R$ 378.477.064,00 12Novembro de 2014: R$ 378.477.064,00
Prefeitura abre diálogo com mães sem vagas em CMEIs
A falta de vagas nos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) levou mães e representantes do Sindicato de Servidores Municipais de Curitiba (Sismuc) a se manifestarem
Isabella Fernandes 3º período
F oi realizada no dia 10 de março uma reunião entre as mães presentes no protesto – realizado no dia 02 de março em frente à Câmara Municipal - e a Comissão de Educação, Cultura e Turismo, além da presença de representantes do Sindicato de Servidores Municipais de Curitiba (Sismuc) e do Conselho Municipal de Educação. A pauta era a discussão de soluções para o suposto fechamento de vagas nos CMEIs ocorridos na cidade.
Segundo o Sismuc, que denunciou a situação para o Ministério Público ainda em 2013, 47 turmas de educação de zero a dois anos foram fechadas. Sobre o assunto, a Secretaria Municipal de Educação alegou ter sido mal interpretada pela mídia e negou que quaisquer turmas tivessem sido fechadas. Ainda, é prevista a abertura de 1044 vagas em berçários até julho deste ano.
Sob a perspectiva do sindicato, o coordenador de estrutura do Sismuc, Jonathan Faria Ramos, considera que não houve vitórias. Embora apoie a pauta das mães, sua preocupação é principalmente dedicada às condições de trabalho dos professores e outros profissionais nesses novos CMEIs. “Essa é uma pauta das mães, que o sindicato apoiou no entendimento de não retirada do direito público”.
A falta de vagas nos CMEIs é um problema nacional. Desde 2009, vigora uma mudança na lei nº 12.796, que prevê a redução de seis para quatro anos a idade de início no ensino obrigatório e o prazo de adequação para as prefeituras chega ao fim em 2016.
Simone Guaselle, 29 anos, foi em busca de uma vaga em um CMEI para sua filha de quatro anos no dia 15 de fevereiro e entrou na lista de espera.
Ela permaneceu até dia 07 de março sem resposta, quando finalmente conseguiu uma vaga pela desistência de outra criança. Até então, precisando trabalhar e buscando a proximidade de sua casa, ela já tinha matriculado a filha em uma escola conveniada com a Prefeitura – com mensalidade mais barata do que uma escola particular. “Preferi colocá-la na escola conveniada que era mais próxima de casa, mas tem gente que não tem essa opção”, atesta Simone.
13 Dezembro de 2014 (usado em 2015): R$ 448.477.816,00 14Novembro de 2015: R$ 445.886.344,00 15 Dezembro de 2015 (usado em 2016): R$ 506.067.828,00
CMEI Centro Cívico em Curitiba
CMEIs entregues desde 2013: • Ioko Hara • Vila Vitória • Iodéia Felício • Guilherme Darin • Isis Monteserrat • Cora Coralina
Patrícia Guaselle
09 Curitiba, 15 de Abril de 2016
Política
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Polícia
Roubos crescem nos Correios do Paraná
Instalação do Banco Postal nas agências transformou os estabelecimentos em alvos dos bandidos
Ana Lucy Fantin 3º período
O sentimento de inse gurança já é parte da rotina dos funcionários das agências dos Correios. Segundo informações fornecidas pela Polícia Militar ao Sindicato dos Trabalhado res dos Correios do Paraná (SINTCOM), ocorreu um au mento significativo no núme ro de assaltos nas agências em todo o Estado no primeiro tri mestre deste ano comparado ao mesmo período em 2014, em especial na capital para naense. Em Curitiba, a média era de dois assaltos por mês e hoje é de 12. De acordo com o diretor de políticas sociais do SINTCOM, Sérgio Augusto Rodrigues, o aumento está ligado à parceria dos Correios com o Banco do Brasil que instituiu o Banco Postal em março de 2014, medida que trouxe serviços exclusivamen te bancários para dentro das agências postais, dessa forma aumentando a quantidade de dinheiro nos locais e atraindo os bandidos.
O Banco Postal fica instalado dentro das agências e é res ponsável por prestar serviços que inicialmente pertenciam ao Banco do Brasil, porém agora os Correios são res ponsáveis por esses ofícios, que incluem pagamento do benefício do Instituto Nacio nal do Seguro Social (INSS), empréstimos, aberturas de conta, recebimento de taxas, tributos e contribuições de previdências. Todos os ser viços que não produzem um lucro muito significativo são repassados aos bancos postais que trabalham com a grande massa da população.
Com serviços bancários sendo feitos dentro dos Correios,
consequentemente há neles uma quantia expressiva de di nheiro circulando, fazendo-se necessário o uso de cofres.
O departamento responsável pela segurança das agências é a Gerência de Segurança Patrimonial (GSENP), e sua função é dar ao funcionário uma “segurança que não existe”, disse Rodrigues. Segundo o diretor, essa função é meramente focada no estabelecimento e conta basicamente com câmeras e alarmes. Para a seguran ça do trabalhador, há na justiça uma ação que exige que as agências possuam porta giratória e guardas armados, porém ainda não há ganho de causa em última instância.
Falha na segurança
Para o diretor geral do GSENP, Eduardo Simoni, os equipamentos oferecidos por
esse departamento não são suficientes para uma comple ta segurança, porém ainda assim são essenciais e facilitam na hora da investigação policial, sendo que muitas vezes somente o ato de se ter câmeras e alarmes já é uma forma de afugentar qualquer tipo de ameaça.
“Os trabalhadores de qualquer agência dos Correios são cien tes que podem ser possíveis vitimas de algum roubo. Caso isso aconteça, a empresa oferece assistência médica”, disse Simoni.
O atendente da agência loca lizada no Centro de Curitiba, Altair Costa, presenciou um assalto durante seu expe diente. Ele diz que não é o primeiro roubo que observou durante seu período de traba lho e expõe que nesse ano já foi vítima de três assaltos.
Segundo Robson Daldegam, gerente de segurança empre sarial dos Correios, a empresa está buscando alternativas para garantir a integridade física dos funcionários e dos clientes, através de sistemas de monitoração por vídeo e alarmes conectados direta mente com as delegacias.
Para Gomes, não é interessan te para o governo investir em equipamentos de segurança, pois o seguro em casos de roubo reembolsa somente 2% do valor levado.
De acordo com o diretor de políticas sociais do SINTCOM, Sérgio Augusto Rodrigues, os bairros com maior incidência de assaltos em agências dos Correios na capital paranaen se são Mercês, Santa Felici dade, Bacacheri e Centro, enquanto na região metropo litana, as cidades com mais ocorrências são Quatro Barras e Rio Branco do Sul.
10 Curitiba, 15 de Abril de 2016
13 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 22 31 30 93 91 95 100 40 Número de assaltos nas agências dos Correios do Paraná
Anatomia arquitetônica da academia
M ais conhecido como Prédio da Reitoria, o Campus II da UFPR parece ter saído de um protótipo de Le Corbusier. Com seu formato “pastilha” e boa parte do acabamento em concre to armado, o edifício tem registrado em seus genes o pragmatismo do arquiteto francês que, anos antes, disse ser a casa uma máquina de morar. Pelo interior da engre nagem, alunos de humanas da Federal percorrem os seis andares do edifício por largas rampas ou por um elevador vanguardista. Seja qual for o percurso escolhido, como únicos objetos contemplativos nas paredes, figuram quadros com fotos antigas de ex-rei tores e diretores que, em uma aparente analogia a John Malkovich, parecem ter todos o mesmo rosto.
Numa quinta-feira de abril, o complexo D. Pedro II, que comporta o curso de filosofia, tinha o piso respingado por água, o que evidenciava a tí pica chuva de uma tarde calo renta que precisa se refrescar. Alguns alunos chegavam ao sexto andar e, andando apres sadamente rumo à sala 606, ficavam confusos ao observar o vão da porta entreaberta. No recinto, o estereótipo das pessoas em uma roda parecia não corresponder à expectativa dos recém-chegados. Composta em grande maioria por senhores e mulheres mais velhas, a reunião prosseguiu sem nenhum desconforto, como se a espiadela já hou vesse se repetido até atingir a normalidade.
Gentilmente ignorados em seus silêncios, um dos jovens
conduziu os demais à secre taria do curso de Filosofia, algumas salas ao lado. “Hei degger? Sala de reuniões do 2º andar”, disse automatica mente a secretária ao analisar de cima a baixo o grupo. Após a impessoalidade típica dos elevadores curitibanos, todos chegaram juntos à sala indi cada, onde uma média de 50 pessoas aguardava a chegada do interlocutor.
Para os famigerados às palestras extracurriculares acadêmicas, o número de 50 pessoas numa quinta-feira à tarde demonstra a notorieda de do evento. De fato, o prof. Nikola Mirkovic veio direto da Alemanha, terra natal do filósofo que estuda, para falar de suas reflexões a respeito dos Cadernos Negros. A obra, publicada há pouco mais de um ano, trata-se de 34 cadernos de capa preta em que Martin Heidegger, um dos mais influentes filósofos do séc. XX, registrou seus pensamentos pessoais duran te 40 anos. Além da evidente importância para os estudio sos, o livro também reacendeu a polêmica sobre o suposto antissemitismo do alemão, provocando uma discussão mundial dentro da Filosofia.
Ao chegar à sala, após uma breve apresentação feita pelo professor da casa, Mirkovic começou a... ler. O artigo declamado, mesmo traduzido para a língua portuguesa, trazia a linguagem corpulen ta de Heidegger, conhecido sobretudo pela difícil compre ensão de seus textos, somada ao sotaque alemão quase ininteligível do interlocutor. Durante os 30 minutos de sua
leitura, cenas à parte aconte ciam no lugar. Além dos que se retiraram sem escrúpulos ainda no início da fala, outros percorriam as paredes com os olhos, como se em busca de uma distração, mesmo deparando-se apenas com os quadros de personalidades John-malkovichianas.
Os alunos mais próximos do prof. Mirkovic, portanto mais expostos aos olhares dos de mais, demostravam atenção e por hora até interagiam com movimentos corporais, com primindo os olhos em sinal de maior atenção ou levantando as sobrancelhas diante de al gum suposto esclarecimento. Um outro, com óculos redon dos de armação larga, dava piscadas sonolentas e desper tava já fazendo sinal positivo com a cabeça, como se o intervalo de segundos inconscientes lhe tivesse concedido epifanias de compreensão. Aqueles que levaram caderni nhos de anotação rabiscavam desenhos aleatórios, alguns notoriamente caprichados, inclusive.
Ao final do monólogo, Morkovic olhou pela primeira vez ao público que, por sua vez, olhou um para o outro, esperando a iniciativa de um desfecho. Nos cinco segundos que se passaram, expandidos num vácuo de tempo pelo constrangimento coletivo, o professor da casa enfim resolveu bater palmas. Como se acordados novamente para as convenções acadêmicas, todos deram sorrisos alegres e aplausos acalorados. Depois, a frase “agora vamos às pergun tas” colocou o público no mes mo estado atônito de outrora.
Afinal, é comumente sabido que encerrar uma palestra sem perguntas demonstra que ninguém entendeu nada.
Mais segundos se passa ram, dessa vez mais longos, quando o próprio professor da casa perguntou finalmente ao convidado sobre a questão do antissemitismo. Todas as atenções retornaram num súbito e o ranger das cadeiras denunciou o ajeitar das pos turas, em sinal de atenção. O assunto reviveu. Na resposta, contudo, Mirkovic pediu para responder em inglês, idioma com o qual era mais fami liarizado, com a passividade prevista de um alemão falan do sobre o nazismo. E assim a resposta também seguiu o silêncio naquele mesmo vácuo de tempo, um espaço-tempo bem conhecido aos frequen tadores da Reitoria, onde o pensamento tornou-se rígido e técnico.
Ao final da resposta, “Alguém mais?”. Um rapaz esguio, de cabelos compridos presos num rabo de cavalo baixo, levanta a mão. É franco, diz que não conhece muito bem Heidegger e que gostaria de entender melhor o tema da palestra, que lhe ficou meio nebuloso. Muitos o olham, dão um sorriso. Ele é o por ta-voz dos não entendedores anônimos. Ele representa a academia e seus tabus, e sua pergunta é a humanidade da dúvida, que surge no confina mento do formato “pastilha” e do concreto armado. O prof. Nikola Mirkovic respondeu com uma série de sugestões bibliográficas, em inglês.
11 Curitiba, 15 de Abril de 2016
Literário
Patricia dos Martyres 7º período
Esportes Altas aventuras no céu e na terra
Pilota mais leve do mundo em paramotor é natural de Curitiba
Vinicius Scott 3º período
A curitibana Louise Biscaia é a atleta mais leve de paramotor do mundo. Com apenas 47 kg e 27 anos, ela voa em seu “paraquedas moto rizado” pelo menos uma vez por mês na Praia de Leste, Pontal do Paraná.
Ela treina há um ano e profis sionalizou-se pela escola Asas ao Vento ao custo de R$ 3,5 mil. No curso, ela aprendeu os tipos de nuvens e estratégias para lidar com os ventos.
Por ser a pilota mais leve do mundo no esporte, a curiti bana sofre por utilizar um equipamento grande para seu peso. “Descobri que estão fabricando um motor para pessoas de até 60 kg. Então logo terei um equipamento específico, o que vai facilitar muito”. Por enquanto, ela se gue utilizando um paramotor emprestado da escola.
Louise conta que seu primeiro voo foi “muito tenso”, as mãos suavam e o medo de cometer
um equívoco era enorme. Após a vertigem porém, no céu as emoções são inúmeras: adrenalina, satisfação, liberdade. Lá do topo ela conta que consegue superar seus limites, medos e enxer gar uma beleza na paisagem diferente do usual.
Garotas radicais
Mulheres se desafiam em esportes radicais. Em meio ao som de Guns N’ Roses, elas praticam parkour no cen
tro de Curitiba. A academia Ponto B, inaugurada em 30 de janeiro deste ano localiza-se na Avenida Visconde de Guarapuava. Nela, cerca de 150 alunos praticam “vaults” (passadas por cima ou baixo de barras) e saltos sobre caixotes. Segundo Cassio Junior, gerente e instrutor do espaço, a atividade além de promover o condiciona mento físico, proporciona a autonomia de explorar a cidade, subindo e saltando por locais inusitados.
12 Curitiba, 15 de Abril de 2016
Parkour ganha espaço nas academias
Amanda Mann
Paraquedismo e rapel
A estudante Victoria Trevisan já praticou diversos esportes radicais, como rapel, corrida militar, muay thai, longboard e paraquedismo. Para ela, a maior recompensa dos espor tes é desafiar-se.
Ela conta que os 40 segundos mais “insanos” da sua vida foram saltando com paraque das de um avião em Parana guá. O mais assustador foi o rapel, pois ela desconfiou que a corda não aguentaria seu peso nos morros de Matinhos. E conta que se feriu mais no longboard aos 12 anos, quan do escorregou e bateu em uma mureta.
Victoria também participou da corrida militar Bravas que ocorre três vezes por ano em São José dos Pinhais. Ela afirma que foi o esporte que exigiu “mais resistência”, já que a equipe dos próprios militares superou os 10 km de obstáculos e lama em menos de 1h, enquanto ela demorou cerca de 3h30.
Downhill
Há dois anos, a estudante Lorena Schneider pratica longboard na modalidade downhill speed. Ela conheceu o exercício por um grupo feminino no Youtube.
O objetivo da atividade é chegar ao final da ladeira na maior velocidade possível e Lorena já recebeu patrocínio e participou de um campeonato em Santa Catarina.
Ela admite que o longboard é perigoso e já houve óbito de conhecidos. Lorena inclusive já hospitalizou-se devido a uma queda em que feriu o queixo e quebrou um dente.
Apesar do perigo, a atleta conta que “a cada pico é uma nova emoção” e recomenda às iniciantes: “não tenha medo, mete o pé e vai”. Seu local de preferência para o downhill é a pista de rolimã na Praça Abí lio de Abreu, no Guabirotuba.
Preconceito de gênero ainda é forte
Machismo permeia os esportes radicais A ssim como no mercado de trabalho, família e política, as mulheres sofrem preconceito também nos esportes radicais. Prova disso é a administradora Sibele Baba, que foi considerada por parentes e amigos “muito delicada” para praticar o parkour. História semelhante a da estudante Lorena Schnei der, que foi desaconselhada do longboard por seus pais. Eles alegaram que “menina não deve ter pele marcada”.
A desigualdade também pode ser percebida pelo baixo número de mulheres nas academias de esportes radi cais. Na academia Ponto B de
Parkour, das 150 matrículas, somente 30 são de mulheres. A escola Asas ao Vento tem um cenário semelhante: dos 300 pilotos formados, apenas oito foram femininos.
Cassio Junior, gerente da academia Ponto B, aponta que a falta está associada ao baixo incentivo social para elas em relação a atividades externas e perigosas, algo geralmente ligado ao gênero masculino. Sua aluna, Sibele, concorda com essa visão. Ela conta que o estigma de a mulher ser “frágil” e o receio de machu car-se afastam o gênero dos esportes radicais.
Sibele ainda contou que seu marido e filho praticam o parkour há um ano, mas apenas depois de muita conversa ela teve coragem de juntar-se a eles.
Já Victoria Trevisan, estudan te, conta que foi pelo muay thai, arte marcial tailandesa, que ela desconstruiu a ima gem do “sexo frágil”.
Ela conta que por meio do treino com homens e a participação em uma com petição, as outras alunas também aboliram essa imagem. Vitoria também já saltou de paraquedas e seu instrutor contou que houve
somente duas desistências na iminência do pulo. Ambas foram feitas por homens.
Sociedade patriarcal
Segundo a filósofa Simone de Beauvoir em seu livro O segundo sexo, não existem qualidades ou valores que sejam naturalmente femini nos. Estes são socialmente construídos e além de oprimi rem, limitam a liberdade do gênero feminino. Ela intitulou seu gênero de “outro”. Simone ainda cita que ninguém nasce mulher, mas torna-se mulher.
13 Curitiba, 15 de Abril de 2016 Esportes
Vinicius Scott
Lorena derrapando sobre ladeira em Curitiba
Vinicius Scott 3º período
Cultura
O desejo refletido na arte
Exposição busca explorar os anseios instigados por uma terra marcada pela extração e sua relação com o inconsciente humano
Julia Favaro Linhares 3º período
P ercepção. Um processo de aprendizado que se dá por meio dos sentidos e reflexos que os impulsos traduzem à mente humana. É desse modo que se delineia a exposição Coisas Existentes em Fun ção do Desejo, do artista baiano Marcos Zacariades. O conjunto, composto por 12 obras, nasceu da observação do contexto da mineração na Chapada Diamantina, na Bahia, por um período de aproximadamente 15 anos e se desenvolve por meio de diversas vertentes artísticas para representar essa realida de na qual o artista ancorou seu trabalho.
Assemblagens, instalações, esculturas e vídeos reúnem em sua essência todo o desejo subliminar à qual as peças remetem. Esse minucioso trabalho de observação foi desenvolvido entre setembro e outubro de 2013, por meio de uma residência artística que Zacariades realizou no Bellagio Center, na cidade italiana de Bellagio. Segundo ele, o processo de matura ção das obras envolveu uma relação de proximidade com a realidade retratada e, investi gando as questões humanas, propôs uma reflexão sobre o arranjo social contido na região italiana em questão.
O desejo, principal objeto de estudo do artista, se faz presente em todas as obras, encarnando as mais diversas facetas e remetendo aos mais profundos significados. Na obra Sempre Viva (Reconhe cemos Aqui a Nossa Existên cia Precária) por exemplo, o artista usa de uma antiga cadeira odontológica para dar suporte a um buquê com
cerca de 900 dentes que foram retirados entre 2003 e 2005 no Posto de Saúde Municipal de Andaraí, no Rio de Janeiro.
A obra, apresentada em forma de assemblage (espécie de colagem realizada com materiais tridimensionais) faz referência a um univer so de intencionalidades. O nome Sempre Viva remete a uma flor encontrada na Chapada Diamantina que entrou em extinção devido à grande devastação humana. A cadeira e os dentes trans põem o extrativismo para o próprio corpo do homem, que extraindo um pedaço de si alimenta a ganância repre sentada pelos diamantes. “Eu junto a cadeira, os dentes, os diamantes, o título de sempre viva e a forma do buquê para sintetizar e esclarecer a ideia por trás da assemblage”.
Além dessa, a exposição tam bém é composta por demais colagens tridimensionais, como por exemplo, o Banque te de Migalhas. Um tapete de peças de madeira polidas mi nuciosamente acompanhadas por um rústico e degradado tronco suspenso caracterizam a obra. Neste caso, Zacariades busca chamar a atenção para a extração da madeira e para a valorização do efêmero.
Arte tecnológica
Essa arte multifacetada que o artista utiliza para transmitir sua narrativa de pensamento se complementa com a varie dade de canais utilizados pelo mesmo. “Quando concebo uma ideia, sempre analiso qual é a mídia mais apropria da para ela”. Como exemplo disso, tem-se o vídeo que dá nome à exposição, apresen
tando imagens da festa do Divino de Andaraí. Captadas durante um período de nove anos, o trabalho ilustra o ritual em que um mastro de madeira é retirado da nature za e carregado numa procis são masculina.
A valorização do cunho erótico se faz presente nessa obra e reverbera também pelas demais construções do artista, como por exemplo, nas peças em madeira nome adas A Ordenação, Tântalo, As Marias e O Medo das Mãos. O dualismo e a metamorfose entre o profano e o sagrado se unem para dar dimensão e profundidade às obras, pois, segundo Zacariades, o desejo é uma condição essencial para que se possa explorar todos os desdobramentos do interior humano.
14 Curitiba, 15 de Abril de 2016
Igor Arendt Ramos
Obra Sempre Viva expõe contexto do desejo relacionado à extração
Experiência sensitiva
O estudante de design, Vitor Mazza, resume a experiência sensitiva do contato com as peças em uma só palavra: inusitado”. Parece que cada obra esconde um segredo, algo que mesmo desvendado, nunca será compreendido por todos, senão pelo artista que a projetou”. Ele afirma ainda que ficou impressionado com a diversidade de expressão artística contida no trabalho, citando por exemplo, a insta lação formada por inúmeras máquinas de escrever, nomea da Carta ABC.
Quanto à relação entre arte, estética e realidade, o desig ner e diretor de arte Leandro Catapam afirma que hoje o artista tem mais meios para expressar seus conceitos, por isso é normal que uma exposição seja híbrida e apresente um pouco de tudo. Para ilustrar esse pensamen to, Catapam cita ainda uma frase do escritor Thomas Hardy, na qual diz que a “arte é a desproporcionalização das realidades para mostrar mais claramente os traços que im portam nessas realidades”.
A arte contemporânea e sua relação com a estética
O paradoxo da interpretação da arte como sensação
Existe uma linha de pensa mento na história da arte que afirma que ela não é linear. Segundo o artista João Andirá, as referências inter pretativas de nível conceitual de cada obra abrangem um aspecto subjetivo da mesma, sendo assim, pressupõe-se que cabe ao espectador con cluí-la por completo.
Mesmo que a mensagem esteja clara, a essência da obra se delineia e se molda de acordo com a percepção de cada observador. Essa subjetivação da arte acon tece num âmbito particular
e individual, colocando em jogo a possibilidade da real aproximação do público com a obra de arte. “Hoje com a individualização do mundo global parece que a maior fronteira para a arte é o interior do artista”, afirma Andirá.
É nesse aspecto que a estéti ca oferece uma margem de mutação. Como proferido pelo designer e diretor de arte Leandro Catapam, a arte conceitual ressalta essa plu ralidade, transformando as obras em pura possibilidade.
A destruição em massa se faz presente no conjunto da obra
Informações
Confira abaixo os detalhes sobre a exposição:
• Exposição: Coisas existentes em função do desejo;
• Artista: Marcos Zacariades;
• Local: Caixa Cultural Curitiba – Galerias Térreo e Mezani no, Rua Conselheiro Laurindo, 280;
• Visitação: 09 de março a 24 de abril;
• Horário de funcionamento: terça a sábado, das 10h às 20h. Domingo, das 10h às 19h;
• Ingressos: entrada franca.
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Curitiba, 15 de Abril de 2016
Igor Arendt Ramos
A instalação Carta ABC reúne mais de 70 máquinas de escrever acompanhadas por um projeto em vídeo
Cultura
Ensaio
Fuga da realidade
Jovens impulsionados por anseios e sonhos perpétuos usam do cinema independente para expressar sua arte e escapar da cerrada realidade a qual pertencem
Julia Favaro Linhares 3º período
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15 de Abril de 2016
Curitiba,
Os destinos perdidos em devaneios convergem do irreal e ilusório pensamento
Transformando em cinzas as verdades que definham em fogo fátuo
Sublime atmosfera criada entre rascunhos de um olhar imerso no abstrato
Encontrando em cena um universo paralelo a tudo aquilo já existente