Comunicare 259

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Emprego pelo Facebook Rede social pode ser uma aliada para quem busca uma colocação.

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Entre promessas e realidade Vereadores deveriam atender ao povo, mas isso nem sempre ocorre.

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Polícia

Monstros do rock em Curitiba Festival reuniu grandes nomes do metal e 15 mil pessoas na Pedreira . Página 20

Curitiba, 08 de Maio de 2015 - Ano 18 - Número 259 - Curso de Jornalismo da PUCPR O jornalismo da PUCPR no papel da notícia
Praça de guerra
reprimiu manifestação de professores e demais servidores públicos com bombas e tiros. Mais de 200 pessoas ficaram feridas.
Páginas 10, 11, 12 e 13

Cidades Expediente

Bonde

Do coração de Curitiba rumo à imaginação dos curitibanos, o Bondinho da Leitura oferece em préstimos de livros gratuitamente

Natalia Filippin

Oantigo bonde elétrico da Boca Maldita reabriu suas portas ao público em 2010 e, desde então, conta com um ambiente agradá vel para a leitura. Dentre as atividades do bondinho, estão rodas e ciclos de leitura, con tações de histórias e disponi bilização de empréstimos de livros à qualquer pessoa, de forma gratuita, apenas com um documento de identifi cação e informe do endereço. A ideia do bondinho surgiu do programa Curitiba Lê, de senvolvido pela Prefeitura de Curitiba e pela Fundação Cul tural de Curitba (FCC) com a finalidade de promover o ato de ler. No acervo, cerca de 2,5 mil títulos estão disponíveis. Segundo a FCC, a maioria é fruto de doações que podem ser feitas nas casas de leitura e tubotecas da cidade. “Há anos venho aqui, sinto como se voltasse no tempo. Curitiba e suas maravilhas. A leitura é

importante para todos, mas para mim é indispensável”, diz Marilda Andrade, 58 anos, frequentadora do bondinho. Boa parte das pessoas que entram no bondinho, o fazem por curiosidade e insistência dos filhos que ficam encanta dos com o bonde elétrico no meio da rua. “Eu gostei muito de vir aqui, minha mãe leu a história da Chapeuzinho Vermelho para mim e eu vou contar para a minha primi nha quando eu chegar em casa”, diz Giovana Oliveira, cinco anos. Segundo Patricia Wöhlke, gerente das casas de leitura, em 2014, 34,3 mil pessoas visitaram o bonde. O número de empréstimos no local foi de 3,3 mil ano passado e, em contra ponto, apenas cerca de 120 livros não foram devolvidos. O Bondi nho da Leitura fica aberto de segunda à sexta-feira das 8h30 às 14h30.

Edição

Jornalismo

O projeto Boa História apresenta, através de QR Codes, personagens e as pectos culturais ligados a Curitiba

Natalia Filippin 2º período

Daniel Francisco Rossi, professor da Escola de Negócios da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), é o criador do projeto Boa História QR Code. A ideia surgiu de outras capitais, como Porto Alegre. O projeto iniciou com a criação de QR Codes para as ruas de Curitiba, pois muitas vezes as pessoas moram em uma rua e não sabem quem é a persona gem que deu origem ao nome. Rossi começou a pesquisar o significado desses nomes, colocá-los em QR Codes, e fixá-los em postes, embaixo dos nomes das ruas, praças e parques. O projeto foi amplia do com a inserção de poesias, inicialmente de Paulo Le minski e Helena Kolody e de outras histórias que tivessem

relação com a cidade. O ponto de partida foi a Rua Padre An chieta na Praça 29 de Março, no Mercês. A qualidade dos primeiros QR Codes deixava a desejar. Com o tempo, a qualidade do papel e adesivo utilizados foram melhorados, ampliando o projeto para ruas ao redor da PUCPR. Para Rossi, os códigos impactam na vida das pessoas. “Isso é cultura, conhecimento e de alguma forma, faz as pessoas avançarem”. O projeto não visa obtenção de recursos, a intenção é apenas artística e cultural. A manutenção é feita regularmente realizando testes com o celular. A meta de Rossi é fazer parcerias maiores para que os QR Codes tenham melhor qualidade e resistam às intempéres.

02 Curitiba, 08 de Maio de 2015
Virgínia
EDITORES Caroline Ribeiro 3º Período Daniela Borsuk 3º Período Érika Lemes 3º Período Gilmar Montargil 3º Período Isabel Woitowicz 3º Período Isabella Eger 3º Período José Luiz Moreira 3º Período Leonardo Henrique 3º Período Rodrigo Sigmura 3º Período Vanessa Gavilan 2º Período Vitor Ferraz 3º Período Yuri Braule 2º Período PAUTEIROS Ariele Hosseini 3º Período Gabriela Giannini 3º Período Grasiele Farias 3º Período
259 - 2015 O Comunicare é o jornal laboratório do Curso de
PUCPR jornalcomunicare.pucpr@gmail.com http://www.portalcomunicare.com.br Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) R. Imaculada Conceição, 1115 - Prado Velho - Curitiba - PR REITOR Waldemiro Gremski DECANA DA ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES Eliane C. Francisco Maffezzolli COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO Julius Nunes COORDENADOR EDITORIAL Julius Nunes COORDENADOR DE REDAÇÃO/ JORNALISTA RESPONSÁVEL Miguel Manasses (DRT-PR 5855) COORDENADOR DE PROJETO GRÁFICO Rafael Andrade MONITORIA Luciana Prieto FUNDADOR DO JORNAL Zanei Ramos Barcellos FOTO DA CAPA
Thais Freitas
Período
da história Curitiba em
código
Jéssica Felici 2º Período Manuella Hoepfner 3º Período Marina Bittencourt 3º Período Paola Magni 3º Período Rúbia Nascimento 2º Período Saila Caroline Rodrigues 3º Período Victória Xavier 3º Período Vitor Hugo 3º Período

A robotização mais perto de todos

O avanço da tecnologia e sua aplicações no dia a dia de profissionais

M uito difundida na engenharia, a robótica tem ajudado cada vez mais o ser humano a desenvolver suas atividades e, atualmen te, conta até com torneios e campeonatos, nos quais as universidades têm a oportuni dade de demonstrar o que os alunos estão desenvolvendo nesta área.

Este é o caso da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), que conta com uma equipe de robótica móvel, carregando seu nome em competições pelo país.

O grupo foi criado no final de 2003 pelos estudantes de automação, segundo Victor Pimentel Rosa, gerente geral da equipe de robótica móvel da PUCPR.

De acordo com Victor, a equipe abria oportunidades apenas para estudantes de engenharia de controle e com putação fazer parte do grupo, mas com o tempo e a neces sidade de desenvolver novos projetos foi preciso trazer novos membros. “A equipe foi sentindo a necessidade de ter estudantes de outras áreas, abrindo então “as portas” para outros cursos”. Além dos estu dantes de engenharia, cursos como marketing, design digi tal e jornalismo fizeram parte da equipe.

O gerente geral conta que tem participado de todos as competições desde que entrou para a equipe e destaca os principais campeonatos ao longo do ano como a Cam

pus Party, Winter Challenge, Summer Challenge, Face e RoboGames, que é o maior campeonato de robótica do mundo e acontece na Califór nia, Estados Unidos. Além da participação, Victor comenta que a equipe já garantiu três premiações em primeiro lugar no Winter Challenge, sendo uma das mais importantes no combate que é a de 55 quilos, prêmio conquistado em julho de 2013.

Apesar de todo o desempenho da tecnologia, a maioria das pessoas garante que já sabe o que um “robô” pode fazer, mas nem todas conhecem o trabalho que está por trás disso. O coordenador da equipe de robótica da PUCPR, Valter Klein Junior, explica que a robótica e seus conhe cimentos vão além do robo zinho. “A robótica é o campo de conhecimento das grandes áreas: eletrônica, mecânica, computação e controle de automação”, pois além da função de auxiliar e ensinar, a robótica e seus sistemas são imprescindíveis quando o assunto envolve a vida do ser humano, afirma Junior. “A robótica é indispensável para qualquer tarefa que coloque a vida de um ser humano em risco como desarmamento de bombas e mergulhos em alta profundidade”.

No Brasil, ainda que não seja tão difundida como em países tecnologicamente mais desen volvidos, aos poucos a robo tização vem conquistando

espaço, já sendo possível per ceber as facilidades que esta tecnologia apresenta. “Em outros países já existem robôs que recolhem o lixo e drones utilizados para vigilância nas ruas”. O professor garante a importância e acredita que algumas áreas de aprendizado dependem muito dessa fun ção robotizada. “O centro de simulação cirúrgica da Escola de Medicina da PUCPR utiliza vários robôs, então se ocorrer algum erro o robô morre e não um paciente real”.

Salvando vidas

Valmir Weber, primeiro sar gento do Corpo de Bombeiros há 25 anos, conta que antes do surgimento das ferramentas robotizadas e hidráulicas na década de 1990, o trabalho era árduo e muito demorado. ”Antes era tudo manual, se ocorresse uma batida entre um ônibus e um caminhão ficávamos horas tentando re tirar os feridos das ferragens”, após a vinda dessa novidade ao Brasil o desempenho da ferramenta trouxe agilidade, encurtando o tempo para salvar vidas. “É um aparelho muito potente. Levanta uma grande quantia de peso e se tornou um grande auxílio para nós”.

Com todo amparo que esses instrumentos podem trazer a todos, eles também servem de idealização de trabalho no futuro para muitos estudan tes da área das exatas. “É uma área que sempre exige ino

vação e como sempre fui fas cinado por desenvolver, com certeza quero trabalhar com isso”, conta Magno Hippertt, membro da equipe de robó tica da PUCPR. Hippert tam bém explica a função e a utili dade da tecnologia em outras áreas, como a do jornalismo.

“Se tivesse uma área aciden tada, onde uma foto privi legiada poderia render uma capa no jornal utilizaríamos os drones, que podem acessar esses locais de risco e tirar as fotos”, explica o estudante de engenharia mecatrônica.

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Cidades
A robótica é indispensável para qualquer tarefa que coloque a vida de um ser humano em risco”
Valmir Weber demonstrando o alicate hidráulico Isabel Woitowicz

Economia Facebook além da amizade

Plataforma ganha espaço no mercado de trabalho pela facilidade de acesso e divulgação

O Facebook, além de formar novas amizades, está construindo uma nova rede de profissionais e pesso as que procuram empregos. O fácil acesso e o contato com anunciantes e pessoas que procuram as mesmas vagas são os principais diferenciais da rede social na área de opor tunidade de trabalho. Grupos como “Balcão de empregos”; “Empregos Curitiba”; “Vagas de emprego Curitiba e Região Metropolitana”; “Empregos e Oportunidades em Curitiba”;

ao Jobs Curitiba estava na faculdade e muitos alunos me procuravam para auxiliar ou encontrar vagas. Então, com o auge do Facebook em 2012, criei o grupo para concentrar e divulgar todas as informa ções para ajudar a todos”, conta o criador da página, Rodrigo Marchioro.

O compartilhamento e o fácil acesso em dispositivos móveis, como tablets e smar tphones, facilitam a rápida atualização de informações e

três estágios, dois encontrei as vagas no grupo de Face book. Comecei a procurar no meu primeiro ano de facul dade. A primeira resposta que tive para uma entrevista foi quando consegui o meu primeiro estágio. Nunca acreditei que conseguiria um estágio por meio da internet, imaginava que somente iria conseguir nas agências de recursos humanos”, comenta Isadora Guimarães, estudante de publicidade e propaganda.

esclarecer o ocorrido. E em casos mais graves, a pessoa que publicou a vaga é expulsa ou banida do grupo”.

Nunca acreditei que conseguiria um estágio

“Os Profissionais” e “Jobs Curitiba” são formados sem fins lucrativos e com divulga ções diárias de vagas.

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), realiza da pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 6,8 milhões de brasileiros estão em busca de emprego. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) afirma que a taxa de desemprego no Brasil deve continuar crescendo nos próximos dois anos e atingir 7,1% em 2015. Com previsões negativas e um mercado saturado, pessoas se unem e montam grupos para mudar esse futuro.

O Grupo “Jobs Curitiba”, com mais de 5 mil integrantes no Facebook, tem o objetivo de filtrar as vagas para área de comunicação, design e marke ting. “Na época que dei início

por meio da internet

o contato direto com anun ciante. O “Balcão de empre gos, atualmente com mais de 31 mil curtidas, atrai diversas empresas a anunciar as suas vagas. “Comecei a participar dos grupos, primeiramente, por indicação de um amigo que ficou desempregado no ano passado e conseguiu mais entrevistas por meio deles. Então resolvi dedicar mais tempo nesse tipo de solução. Outro motivo que me apro ximou dos grupos foi o baixo retorno que obtive durante o período em que fui assinante da Catho em 2014”, conta Ra fael Brito, membro do grupo “Balcão de Emprego”.

Sem ter fins lucrativos, empresas e pessoas anun ciam suas vagas em diversos grupos. A facilidade de entrar em contato ou em grupos específicos de emprego é o diferencial tanto para quem divulga vaga quanto para quem contrata. “Dos meus

Com esse novo estilo, as agências de recursos huma nos estão aprimorando cada vez mais as suas técnicas. O investimento em fanpage, website, twitter e até mesmo whatsapp para divulgação são estratégias de corte de custos para algumas empresas. “A utilização das redes sociais vem aumentando em diversos segmentos e, portanto, é de se esperar que ela passe a ocupar cada vez mais lugar também na área de mercado de traba lho, pois é uma ferramenta eficiente e de baixo custo, na procura de trabalhadores”, diz Lenina Formaggi, diretora de planejamento das relações de trabalho.

Após se candidatar à vaga, o primeiro ato que os en trevistadores fazem é olhar a sua página no Facebook, alerta Isadora. Postagens de conteúdo impróprio em seu mural podem trazer uma imagem ruim para quem está contratando. Para facilitar as chances de ser contratada, a criação de um perfil profissional com suas habilidades e o compartilhamento de conteúdo relevante, podem ser o diferencial para quem está avaliando.

O medo atual que rodeia as pessoas que procuram vagas são os golpes que podem sofrer. Para isso, o adminis trador dos grupos “Balcão de Emprego” e “Vagas de Em prego em Curitiba”, Juliano Boros, avalia as reclamações. “Caso ocorra de as empresas sofrerem reclamações, elas são averiguadas pela adminis tração, entramos em con tato com o anunciante para

• Fotos com bebida alcoólica;

• Postagens negativas sobre colegas e/ou empregos anteriores;

• Atividade constante na plataforma;

• Desrespeito às opiniões dos amigos;

• Frases reclamando do trabalho, como “odeio segunda-feira”.

04 Curitiba, 08 de Maio de 2015
O que seu chefe pode não curtir

A dependência do clima na produção de alimentos

Diferentes estações do ano podem interferir no preço que o brasileiro paga por alguns produ tos que consome

A falta de alguns produtos pode afetar uma cadeia de produção inteira na econo mia. O setor produtivo é um elemento de extrema impor tância para o funcionamento de outras áreas econômicas. Com a escassez de alguns produtos, há uma tendência de elevação dos preços dos mesmos, além da dificuldade de serem encontrados.

Há certas mercadorias que somem de acordo com fatores não controlados pelo ser humano, são acontecimentos que alteram a produção po dendo prejudicá-la. O tempo é um fator de extrema impor tância para a economia, um clima pode definir que tipo de atividade será exercida no local, quais comércios serão vantajosos, etc.

Produtores rurais

Para os produtores de horti frútis é relevante saber quais as condições climáticas que virão, pois elas ajudam a prever como será a safra. Não é apenas a falta de sol ou de chuva que pode prejudicar as plantações, mas também o ex cesso desses acontecimentos. O ideal é um equilíbrio, que irá suprir as necessidades das espécies plantadas na região. Segundo o produtor rural José Antônio Crozeto, além da chuva e do sol, há as geadas que prejudicam a produção. “Para nós nada demais é bom. Nem muita chuva, nem muito sol. A chuva deixa tudo podre, o sol seca tudo. É complicado também quando vem geada”.

Muitos produtores dependem da previsão do tempo, pois é a maneira de saber como se preparar para a estação

que está por vir. A produtora rural Maria Adelaide Alberti não entende o tempo como um acontecimento negativo que apenas causa danos, mas como um fator necessário para a produtividade no cam po. “Se não tem chuva e não tem sol, a colheita não rende”, diz ela.

Resultados no comércio

A diminuição do que é produ zido traz consequências ao co mércio, o preço que chega ao cliente pode ser mais elevado do que é esperado. Segundo Antônio Evandro Pilati, téc nico de comercialização das Centrais de Abastecimento do Paraná S.A (Ceasa), o prejuízo causado pode chegar até a 50%, dependendo da estação.

Com a falta de algumas mercadorias nas pratelei ras, os vendedores precisam encontrar outras maneiras de suprir a procura. A vendedora Sirlei Rodrigues afirma que os

comerciantes tentam buscar em outras regiões aquilo que falta. “Normalmente, a gente procura trazer de outro lugar, encarece um pouco mais, porém, não deixa faltar. Tem gente que mesmo com o preço um pouquinho mais alto, ainda precisa do pro duto”, atesta Sirlei. Já Pilati afirma que atualmente não ocorre a falta de mercadorias, “no momento, o clima está ideal, bem equilibrado, não há desabastecimento na região de Curitiba”.

Para o economista Daniel Poit, o comércio é afetado pelas mudanças climáticas, mas possui a habilidade de se adaptar. “A atividade comer cial é, provavelmente, a de maior adaptabilidade aos problemas climáticos, por ser uma atividade circunstancial e que se aproveita das ondas de sensibilidade da opinião pública para manter suas vendas aquecidas”.

Próximos meses

Para as próximas estações, outono e inverno, são esperadas temperaturas amenas, sem grandes prejuízos. Para a mete orologista do Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar), Ana Beatriz Porto, “o outono deve se comportar dentro da média, com um pouco de chuva a mais”. Ela ressalta que as geadas mais brus cas devem vir em maio.

05 Curitiba, 08 de Maio de 2015 Economia
Pedro Colatusso No Mercado Municipal, os vendedores sentem os reflexos das baixas produções

Política Projeto anti-bullying

As simples brincadei ras de mau gosto, hoje denominadas bullying, podem causar conse quências muito sérias, desde pequenos proble mas de comportamento até suicídios

C om o objetivo de incen tivar o diálogo e o bom convívio em escolas e am bientes sociais, um projeto de lei de combate ao bullying foi apresentado pelo deputa do federal Vieira da Cunha (PDT), do Rio Grande do Sul.

A proposta surgiu após a morte de um adolescente de 15 anos, a tiros, porque reagiu às ofensas e humilhações que estava sofrendo. Mesmo sendo um fenômeno já conhe cido pela grande maioria das pessoas, essa prática possui até hoje um caráter suspeito, pelo fato de as vítimas não te rem coragem suficiente para denunciar o agressor.

As ações preconceituosas podem ser manifestadas em qualquer lugar onde existam relações de convívio inter pessoal e as consequências

afetam a todos. Além disso, o bullying tem como objeti vo intimidar, humilhar ou isolar uma pessoa ou grupo, causando dano emocional ou físico à vítima, que é a mais prejudicada, pois pode desen volver ou reforçar atitudes

para alguém que seja encar regado do assunto. “A autoes tima baixa, falta de confiança em si, insegurança e medo excessivo, fazem com que a pessoa se feche em si mesma, criando dificuldades sociais, sexuais e afetivas”.

uma postura com relação à repreensão deste tipo de ati tude. “A escola é um ambiente que deveria ser harmonioso e prazeroso e não um lugar onde o aluno é reprimido”, acredita Luiz Souza, pai de três estudantes.

de insegurança e dificuldade relacional, tornando-se uma pessoa retraída e indefesa aos ataques externos. Segun do a psicóloga Suely Bacila Kardosh, é importante tirar a pessoa do convívio daquele grupo e fazer uma denúncia

Horário restrito

Projeto quer limitar o horário de funcionamen to dos bares na região do Largo da Ordem

U m projeto pretende limitar o horário de funcionamento dos bares que têm mesas espalhadas pelas calçadas do centro histórico de Curitiba. De autoria do ve reador José Carlos Chicarelli (PSDC), a proposta atende às reclamações dos moradores da Rua São Francisco.

Se aprovado, o atendimento aos clientes ficará restrito aos seguintes horários: das 8h às 24h de domingo a quarta-feira e das 8h até 1h30 da madruga da, de quinta-feira a sábado, todos os dias com 30 minutos de tolerância. Após estes horá rios, o funcionamento poderá continuar na parte interna dos estabelecimentos.

‘‘O ideal seria que existisse uma lei em que sempre que um estabelecimento fosse renovar seu alvará houvesse uma análise do registro de re clamações referente ao local’’, sugeriu Chicarelli.

Fábio Aguayo, presidente da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas do Paraná (Abrabar/PR) é contra a pro posta. Para ele, os estabeleci mentos que devem atender à medida são aqueles que causam transtorno. Aguayo afirmou que irá unir as entidades que trabalham no setor para discutir os pontos divergentes da proposta.

Nem todos os alunos se sen tem a vontade para reclamar porque acabam achando que, caso os agressores fiquem sabendo, eles acabariam descontando neles. Porém, diversos familiares acredi tam que a escola deveria ter

Chefe da seção de informa ção dos Correios, Marcos Antônio Vieira diz que sofreu preconceito racial na escola, quando era criança, e defende a criação de um projeto de lei como este, pois acredita que as pessoas sempre se sentiram ofendidas, porém não tinham voz, ou quem as representasse. “Acredito que seria benéfico a implantação de um projeto anti-bullying porque as pessoas seriam obrigadas a se policiar mais e evitar esse tipo de comporta mento”, atesta.

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Maria Cecília Terres Zelazowski Maria Cecília Terres Zelazowski
2º Período
Movimento noturno nos bares do Largo da Ordem
As pessoas seriam obrigadas a se policiar mais e evitar esse tipo de comportamento”

Política

Fim dos “puxa votos”

Senadores aprovam emenda que coloca fim às coligações partidárias

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 40/2011 do ex-senador José Sarney, que dá fim às coli gações eleitorais em eleições proporcionais – para verea dores e deputados estaduais, distritais e federais, foi apro vada em segundo turno no dia 24 de março pelo plenário do Senado.

A medida recebeu 62 votos favoráveis, três contrários e

Luiz Claudio Romanelli, depu tado estadual pelo PMDB e lí der do governo na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), diz ser favorável ao fim das coligações para as eleições proporcionais, pois elas des virtuam programaticamente os partidos, tornando-os pragmáticos. “Haverá a fusão de siglas partidárias, creio que isso poderá levar à redução do número de partidos de forma significativa, principalmente

que realmente tenham a chancela popular. “As coliga ções partidárias realmente elegem candidatos que não têm a mínima condição de contribuir para o país, inúme ros candidatos simplesmente usufruem das benesses do poder ou ainda agregam-se à corrupção instalada”.

Campos diz que a lei proposta é um avanço e que diminui a incompetência, pois não elege

massa de manobra ao ver candidatos medíocres e sem qualquer influência política chegarem ao poder. “Candida tos puxa-votos são a propa ganda do partido, ou seja, o que ele quer mostrar aos ou tros, e não o que ele é de fato. Esses candidatos apenas são corrompidos a essa posição, o problema está em achar o corruptor”, finaliza o estudante.

Reforma política

uma abstenção. A proposta estabelece que somente serão permitidas coligações nas eleições majoritárias – para senador, prefeito, governador e presidente da República.

A PEC também impede que, durante o afastamento de um parlamentar, o suplente con vocado seja de outro partido, e agora o projeto será analisado pela Câmara dos Deputados.

Um dos principais objetivos dessa proposta seria acabar com os candidatos “puxa-vo tos”, ou seja, pessoas que ge ralmente não fazem parte do meio político e que se filiam a algum partido e concorrem às eleições com o intuito de elegerem mais partidários junto com elas. Um caso desse tipo que teve grande reper cussão ocorreu nas eleições de 2010 para a Câmara dos Deputados, quando o humo rista Tiririca foi o segundo deputado federal mais votado no estado de São Paulo com 1.016.796 votos, levando mais dois candidatos com menos votos de seu partido para a Câmara.

se mantido o sistema elei toral que faz a distribuição das cadeiras pelo quociente eleitoral em função da votação de cada legenda, que é a soma dos votos dados à legenda partidária e diretamente aos candidatos”.

O deputado também chama a atenção para outra medida que poderá ser votada em breve e que faz parte dessa tentativa de reforma política. “Outra alternativa é, se for adotada, o chamado “distri tão” (proposta do vice-pre sidente da República Michel Temer que transformaria cada estado brasileiro em um distrito para as eleições de deputado federal e estadual), em que seriam eleitos os mais votados, independente dos votos da legenda. Neste caso teria que ser adotada a fideli dade absoluta”, finaliza.

Para Leopoldo Campos, candidato à Prefeitura de Curitiba em 2004 pelo PSDC, a proposta que o Senado apro vou é importante para eleger somente aqueles candidatos

um grupo de analfabetos ou indivíduos despreparados, mas está muito longe de uma conquista ampla e justa para o povo brasileiro. “Meu partido, por ser pequeno, não elegeu pessoas pelo efeito “puxador de votos” na época, mas hoje alguns partidos até procuram pessoas capazes de alavancar sua bancada e ter maior poder de barganha polí tica ou influência em diversos aspectos”, conclui.

Opinião do eleitorado

Essa situação de candidatos menos votados serem eleitos graças ao efeito “puxa-votos” não agrada parte dos eleito res, como é o caso do estu dante André Domenici, que votou nas últimas eleições. “A situação é muito desagra dável e chega a ser desres peitosa com o eleitor. Fazem tantas propagandas individu ais para cada candidato, mas quem sai ganhando sempre é o partido”.

Nas últimas eleições Dome nici fala que se sentiu como

• A PEC 40/2011 faz parte das primeiras medidas do gover no para a chamada reforma política, mas para a cientista social Rosita Cordeiro de Loyola Hummell isso não mudará o cenário político. “Talvez isso regule melhor a ques tão da maioria/mino ria no congresso, mas não vejo isso como o mais importante, ou tras questões como o voto obrigatório e limitar o período de mandatos de presidente da Repú blica ou governador, seriam aspectos mais importantes para a reforma política que o fim das coligações partidárias”.

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“As coligações partidárias realmente elegem candidatos que não têm a mínima condição de contribuir para o país”

Política Vereadores para quem?

Você se lembra em qual vereador votou na última eleição? Acompanha seu trabalho? Saiba o que os vereadores têm feito por você, cidadão, e pela cidade em que mora

A cada quatro anos novos vereadores são eleitos para representar a popula ção e elaborar leis. Diversas promessas são feitas nessas épocas de eleições, muitas ve zes como forma de conquistar tais votos e a confiança dos eleitores. Porém, depois que os candidatos são escolhidos e os cargos ocupados, algumas promessas simplesmente não são cumpridas, projetos não são apresentados ou trazem pautas de baixa relevância social, e os eleitores, que mui tas vezes não fiscalizam seus candidatos, ficam no prejuízo.

certo grupo, de acordo com seu interesse”.

Além de elaborar leis que beneficiem a população, os vereadores possuem o dever de fiscalizar e acompanhar a administração realizada pelos prefeitos. O interesse público e o seu bem-estar devem ser prioridade, mas brigas polí ticas ou interesses próprios muitas vezes se sobressaem. Em contrapartida, a maioria dos eleitores não acompanha as ações de seus candidatos ou, em outros casos, não sa bem nem qual seu papel como representante político.

É o caso da estudante de relações públicas, Nathalia Zotti, 18 anos, que assume não fiscalizar seu candidato e não saber quais são as atribuições dele enquanto político. “Sempre fui desleixada para política, mas percebo que alguns candidatos não colo cam em prática as medidas prometidas em campanha”.

A estudante acredita que interesses de determinados grupos podem influenciar as decisões do vereador. “Alguns preferem agir em benefício de

De acordo com o cientista político, Márcio Carlomag no, não é correto medir o desempenho de um vereador observando apenas a quan tidade de propostas que este submete à votação. “As coisas mais importantes acontecem nos bastidores. Propor muitos projetos de lei não signifi ca, necessariamente, uma boa atuação parlamentar”, afirmou. Existe um trâmite interno de comissões que ana lisa as propostas recebidas, selecionando as que são de fato eficientes. Segundo Car lomagno, além das propostas, um dos principais mecanis mos que o Legislativo possui é a destinação de recursos financeiros na formulação do orçamento anual, e para isso ocorrer é importante a proximidade entre vereador e população. “É importante que os cidadãos façam saber quais são as demandas que querem que seus vereadores atendam. O vereador é o elo mais próxi mo que o cidadão comum tem com a vida política”.

Entre a apresentação de projetos relevantes ou não, que podem ser acompanhados pelo site da Câmara Munici pal de Curitiba por qualquer cidadão, é possível encontrar projetos que condizem com o interesse público, como o apresentado pelos vereadores Chicarelli (PSDC) e Rogério Campos (PSC), no dia 10 de março, que solicita a obri gatoriedade de profissional capacitado em agências bancárias e shoppings para se comunicar em Língua Brasileira de Sinais - Libras. Por outro lado, existem soli citações questionáveis, como a apresentada pelo vereador Beto Moraes (PSDB), no dia 18 de março, considerando a criação do “Dia do DJ”, que seria comemorado no dia 09 de março, ou em alguns casos, vereadores que não apre sentaram projeto algum em 2015, como é o caso de Aladim Luciano (PV).

Em seu terceiro mandato, o vereador do Partido Verde explicou os motivos de não ter apresentado projetos neste ano, e confirmou estar

trabalhando em pré-projetos. “Levantamos várias questões para verificar a pertinência do interesse coletivo, além da técnica legislativa e análise da constitucionalidade do pro jeto”. O vereador citou o fato de diversos eleitores pedirem um projeto que criminalize o bullying, algo que seria inconstitucional. “As suges tões chegam até o gabinete e é preciso explicar às pessoas que buscam o contato para sugerir que não há possibi lidade de um projeto destes, que tecnicamente é inviável”. Aladim ainda afirmou estar trabalhando em solicitações feita por cidadãos.

Para que a política seja de fato transparente e beneficie a to dos, é essencial a fiscalização por parte do cidadão, acom panhando projetos, propostas e ações realizadas por seus candidatos. Dessa forma, leis incoerentes não ganham força na Câmara e projetos rele vantes e benéficos tornam-se mais importantes.

A reportagem do Comunica re entrou em contato com o vereador Beto Moraes para comentar sobre a questão das propostas apresentadas, mas até o fechamento da edição não obteve resposta.

08 Curitiba, 08 de Maio de 2015
Proximidade com o cidadão é essencial para o trabalho dos vereadores
“O vereador é o elo mais próximo que o cidadão comum tem com a vida política”

Polícia

Equipamentos aéreos auxiliam operações policiais

A segurança pública do Paraná conta com um novo aliado no combate à criminalidade

No dia 20 de março de 2015 foi assinado um acordo entre o Batalhão de Polícia Militar de Operações Aéreas (BPMOA) e o Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta II), que é responsá vel pelo controle da movimen tação aérea no Sul e parte do Sudeste do País, para regula mentar o uso de helicópteros nas operações policiais.

A ação ocorrerá, inicialmente, em Curitiba. Para voar, os helicópteros do governo do Estado precisam de autori zação prévia do Cindacta II. O documento regulamenta o procedimento, ao autorizar e priorizar voos noturnos das aeronaves do BPMOA para atendimento a ocorrências e operações policiais de patru lhamento, resgate e trans porte. A autorização válida até agora era somente para o período diurno.

Segundo a Polícia Militar do Paraná (PMPR), pela agilidade no deslocamento e visão privi legiada, a aeronave pode fazer

a diferença em uma ocorrên cia. O secretário da Segurança Pública e Administração Peni tenciária, Fernando Francischini, disse em nota oficial que os helicópteros poderão, inclusive, ser acionados imediatamente para acom panhar uma perseguição, após roubo a caixa eletrônico, por exemplo.

Pelo Cindacta II, o coronel aviador José Vagner Vital des tacou a importância de facili tar as operações de segurança pública. “Nós procuramos, com este acordo operacional, contribuir com as operações policiais, fazendo com que as decolagens sejam mais eficientes, ganhando mais tempo nas ações de seguran ça“, afirmou.

A frota de aeronaves do BP MOA é constituída por quatro helicópteros e dois aviões, e são priorizados em opera ções noturnas o uso de dois dos helicópteros. O acordo permite que as aeronaves se desloquem entre as bases no BPMOA, que se localizam nas

cidades de Londrina, Guara puava e Curitiba.

A resolução firmada com o Cindacta II concede ao BPMOA executar o patru lhamento ostensivo aéreo urbano e rural, efetuar ações e operações aéreas de polícia militar, realizar missões de apoio às operações da PM, que compreendem as ativida des típicas de polícia ostensi va, preventiva, repressiva, de bombeiros e de defesa civil, além de apoiar no atendimen to pré-hospitalar, transporte aeromédico, de enfermos e órgãos humanos.

Drones

Além de aeronaves, no Brasil, tem se tornado comum o apoio de drones, veículos aéreos não tripulados, em operações das polícias militar e civil. Eles podem ser utili zados em operação que sejam necessárias imagens detalha das do local, região, pessoas, grandes multidões e a fácil localização de objetos pela altura que pode ser obtida.

Com o uso de tomadas aéreas com o drone pode-se evitar riscos desnecessários do con tingente envolvido, direcionando equipes para o ponto desejado tendo em mãos a informação do que encontrará pela frente, evitando violên cia desnecessária durante a operação.

Segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública (SESP), os drones são utiliza dos em situações emergen ciais, como uma ferramenta a mais em meio a todo o apa rato que a secretaria possui. Por exemplo, o helicóptero do BPMOA transmite imagens em tempo real para o centro integrado de comando e con trole, estrutura disponível na sede da SESP.

O drone também já foi utiliza do em duas rebeliões ocor ridas no ano passado, uma na Penitenciária Estadual de Piraquara e outra na Peniten ciária Industrial de Guara puava, para captar imagens de dentro do presídio, que auxiliaram nas negociações com os presos.

Recentemente, profissionais que compõem o quadro fun cional da SESP fizeram uma capacitação com drones para policiais civis e rodoviários federais, para que o aparelho possa auxiliar no trabalho de investigação. A intenção é usar o equipamento no traba lho de investigação policial.

Para usos mais expansivos e de aparelhos de maior alcance, a SESP aguarda regulamentação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

09 Curitiba, 08 de Maio de 2015
Gabriela Jahn Helicóptero modelo Helibrás utilizado em operações especiais

Especial Violência sem tamanho no Centro Cívico

Manifestação de ser vidores contra projeto de previdência termina com ação truculenta da polícia

Pela segunda vez em menos de três décadas de história política democrática, a Praça Nossa Senhora de Salete foi palco de um confronto envolvendo policiais militares e professores. Em comum, a inabilidade dos governan tes em costurar um acordo, como preconiza o exercício da política.

No dia 30 de agosto de 1988, o então governador Alvaro Dias determinou que a Polícia Militar (PM) reprimisse uma greve dos professores que já durava duas semanas. Naque la data, os policiais avançaram contra os manifestantes com bombas de efeito moral, cães e cavalos, o que provocou uma mancha na história política de Dias, que até a última quar ta-feira, dia 29 de abril, era lembrada como a ação mais truculenta de um governo es tadual contra uma categoria, mas isso ficou no passado.

Se naquele 1988, o confron to na Praça Nossa Senhora de Salete deixou 10 pessoas

feridas, desta vez foram mais de 200. Se naquele agosto, a polícia usou cavalos para acabar com a manifestação, desta vez lançou mão da tropa de choque, com armas de bor racha, jatos d’água, bombas de gás lacrimogênio e de pimen ta e, no lugar dos equinos, foi usado o “Caveirão”, veículo blindado do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), da PM.

O desfecho do confronto foi marcado por mais de uma hora e meia de disparos de tiros, arremessos de bombas e ataques de cães policiais con tra manifestantes, jornalistas e um deputado, produzindo um barulho ensurdecedor que se misturava aos sons de gritos e choro de desespero. Tudo isso foi noticiado em todo o país e no exterior, transformando o Centro Cívi co em uma verdadeira praça de guerra e impingindo à his tória política do governador Beto Richa uma mancha que dificilmente será apagada.

10 Curitiba, 08 de Maio de 2015
Gabriela Jahn Gabriela Jahn Manifestante ironiza quem pediu intervenção militar Polícia Militar montou várias barreiras para evitar avanço dos manifestantes

O cronograma de uma tragédia

No dia 09 de fevereiro, data marcada para o início do ano letivo, os professores da rede estadual do Paraná anunciaram greve por tempo indeterminado. O motivo era um pacote do governo que se votado afetaria o plano de car reira dos educadores, além de demissões, falta de repasses, más condições de trabalho, pagamentos de promoções e retroativos atrasados. Após 29 dias de paralisação, 950 mil estudantes sem aula, invasão da Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) e a sus pensão temporária do plano de governo, os professores retornaram às salas de aula, com a promessa de que ha veria uma ampla discussão a respeito dos itens do projeto e deixaram claro que se isso não ocorresse poderiam dar início a novos protestos a qualquer momento.

A decisão de retomar a greve foi tomada na manhã de sábado, dia 25 de abril, em

Cerca de 200 professores ocu param a Praça 19 de Dezem bro, na capital paranaense, na manhã de segunda-feira, dia

assembleia realizada em Londrina, onde mais de 3 mil professores da rede estadual de ensino estiveram presen tes. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), a reivindicação principal é contra a alteração do Regime Próprio de Pre vidência Social do Estado, o Paranaprevidência. “Existem outras pautas, mas a greve, no momento, é por sermos contra essa votação”, explicou Marlei Fernandes, coordena dora do Fórum das Entidades Sindicais do Paraná.

27 de abril. A manifestação, segundo a APP-Sindicato, iniciou com a intenção de os deputados se sentirem pres sionados pelos professores e servidores públicos e assim votarem a favor da categoria. Durante a tarde do mesmo dia, a primeira votação da emenda teve 31 votos a favor e 21 contra.

Na madrugada de terça-feira, dia 28 de abril, houve tumul to com os professores que estavam acampados em frente à ALEP. A PM foi ordenada a retirar um caminhão de som

dos manifestantes, que estava parado no centro da praça, e por isso houve confronto e, segundo a APP-Sindicato, 13 pessoas se feriram. Em nota, a PM divulgou que os ataques ocorreram porque os mani festantes tentaram invadir a “área congelada”, que seria a área isolada por mais de 1,2 mil policiais desde sábado, dia 26 de abril, a mando de um interdito proibitório deferido pelo juiz Eduardo Lourenço Bana, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR).

Devido aos tumultos, muitos professores do interior do Estado chegaram para dar apoio à manifestação. Na terça-feira (28), o número de

manifestantes, de acordo com o sindicato dos professores, passou de sete mil. A segunda votação, que estava marcada

para a tarde do mesmo dia, foi adiada para o dia seguinte, já que a Comissão de Constitui ção e Justiça (CCJ) da ALEP

11 Curitiba, 08 de Maio de 2015
Especial
Pagamos parte do nosso salário a vida inteira para nos aposentarmos bem e agora querem mudar isso porque dizem que o Estado está quebrado. É um absurdo!”
Gabriela Jahn Gabriela Jahn Praça foi cercada por nuvem de fumaça provocada pelas bombas Professores mostravam suas “armas”

Especial

concedeu vistas a todos os deputados para analisarem com mais calma as emendas que estavam em votação.

Na quarta-feira (29), dia da segunda votação da emenda, o número de manifestantes cresceu, e os professores contaram com o apoio de outras categorias, como os servidores da Saúde Pública do Paraná, agentes penitenci ários e o Movimento Popular por Moradia (MPM). “Paga mos parte do nosso salário a vida inteira para nos aposen tarmos bem e agora querem mudar isso porque dizem que o Estado está quebrado. É um absurdo!”, reclamava a professora Ester Bush, de

Umuarama, com mais de 31 anos de magistério.

Eles se concentraram em frente à ALEP, cantando e gritando palavras de ordem, interrompidos ocasional mente pelo carro de som da APP-Sindicato, que informava o que acontecia dentro da Assembleia.

O interlocutor entre os parlamentares e o sindicato era o deputado estadual de oposição Tadeu Veneri (PT), que de tempos em tempos ia até o cordão policial e trans mitia decisões tomadas pelos deputados em sessão.

da Segurança Pública, não da Assembleia

A liminar que havia sido concedida pelo TJPR, no fim da tarde de terça (28), autori

zando a entrada de todos os manifestantes nas galerias da ALEP durante a votação, até sua ocupação total, foi alterada na manhã de quarta, quando nova liminar, conce dida pelo desembargador Xis to Pereira, entrou em vigor, e apenas os dirigentes sindicais poderiam assistir a discussão. Com a decisão, os presidentes

dos sindicatos abriram mão de entrar na ALEP. “Se todos os manifestantes não entram, nós também não entramos”, reclamou Marlei.

Os ânimos se acirraram durante a sessão, o estopim ocorreu por volta das 14 horas, quando o carro de som da APP-Sindicato informou que o projeto de lei alterando o Paranaprevidência não seria retirado da pauta de votação dos deputados.

Os militantes começaram a clamar palavras de ordem e tentaram romper o cordão policial do entorno do prédio para invadir a Assembleia. A resposta foi rápida, o contin

12 Curitiba, 08 de Maio de 2015
“Lá fora, o problema é
Gabriela Jahn Manifestantes demostravam revolta contra o governador

Especial

gente policial em operação começou a usar bombas de efeito moral para dispersar os servidores estaduais, e mesmo com os manifestantes recuan do, as investidas policiais não cessaram, o que prolongou o confronto, que durou cerca de duas horas.

levados para a Prefeitura, que se transformou em base de resistência para os manifes tantes e um posto médico im provisado. A Guarda Munici pal ajudou no transporte dos feridos – a maioria levados para o Hospital Cajuru e para as UPA Matriz e Boa Vista.

favor e 20 contra, acabando com qualquer possibilidade de reversão. “Votei contra, com muita honra. Em defesa da educação, dos professores, dos servidores públicos, dos policiais e dos aposentados”, declarou o oposicionista Ney Leprevost (PSD).

Eu não acredito no que eu estou vendo, os meus companheiros estão sendo tratados como bandidos

Vários manifestantes estavam assustados e desorientados por causa do gás lacrimogê nio. A professora Maria Régia, em meio à confusão reclamou do que estava acontecendo, logo após uma bomba explo dir ao seu lado. “Eu não acre dito no que eu estou vendo, os meus companheiros estão sendo tratados como bandi dos“, lamentava, aos prantos.

Entre os professores, havia muitos feridos que foram

Enquanto a confusão lá fora só aumentava, dentro da ALEP, a discussão e votação continuava normalmente. Para o presidente da Casa, deputado Ademar Traiano (PSDB), a sessão deveria con tinuar já que “lá fora, o proble ma é da segurança pública, não da Assembleia”.

A discussão foi longa e o resultado demorou a sair. Por volta das 18 horas o projeto foi aprovado por 31 votos a

Governo se defende e sindicato vai para a justiça

A PM explicou que o isola mento do perímetro foi uma ordem judicial para que não ocorresse o confronto. “Foram colocadas grades para evitar o contato físico entre policiais e manifestantes, para que se evitasse o tumulto”, contou o comandante-geral, coronel Cesar Vinícius Kogut. A PM abriu inquérito policial mili tar para investigar a conduta

dos policiais, enquanto a Polí cia Civil abriu inquérito para investigar a participação de outras pessoas que incitaram e deram início ao confronto. “Entre eles, estariam integrantes de movimentos black blocs, que não são profes sores, e inclusive com atos violentos identificados em manifestações anteriores”, apontou o delegado-geral da Polícia Civil, Julio Reis.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública e Ad ministração Penitenciária (SESP) lamentou o ocorrido e disse que a todo o momento a instrução foi para que se evitasse o confronto. Segundo a SESP, ficaram feridos 40 manifestantes e 20 policiais, enquanto 13 pessoas foram presas. Já a APP-Sindicato, em nota, divulgou o número de 200 manifestantes feridos, 14 detidos, e ressaltou que o jurí dico da entidade, em conjunto com a seccional paranaense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Defensoria Pública, irá entrar com uma ação criminal contra o gover nador do Estado, Beto Richa, o secretário de Segurança Pública, Fernando Francischini e a PM.

Por outro lado, o governador lamentou os graves incidentes ocorridos na quarta-feira, e afirmou que os deputados precisam ter seu direito de votar. “Independente de sua posição partidária ou de seu voto neste projeto, são deputados eleitos pelo voto popular. Eles representam todos os paranaenses e têm o direito de exercer as suas funções sem pressões nem coação”, afirmou Richa. Para ele, o Paranaprevidência garante sustentabilidade financeira durante 35 anos, com futuros aportes do Estado. “O fundo de previdência dos servidores públicos paranaenses será referência nacional por sua solidez e sustentabilidade”, sustentou Richa.

Entenda a emenda que modifica o Paranaprevidência

O projeto aprovado pe los deputados estaduais prevê a mudança dos servidores públicos do fundo financeiro (banca do pelo governo estadu al) para o previdenciário (contribuições dos servidores estaduais).

Ao todo, a previdência é composta por três fun dos: militar, financeiro e previdenciário.

Pela proposta, 33.556 be neficiários com 73 anos ou mais serão transferi dos do fundo financeiro para o previdenciário, dessa forma o governo deixa de pagar sozinho aproximadamente 30 mil aposentadorias para dividir a conta com os servidores. O governo prevê economizar R$ 125 milhões por mês com esta mudança, o que ajudaria a enfren tar os problemas de caixa atual.

O estado afirma que todas as garantias serão preservadas e de que há manutenção do sistema de forma adequada pe los próximos 29 anos.

Já os professores alegam que tal mu dança compromete o sistema fazendo com que em determinado momento futuro exista mais a pagar do que a receber. Segundo eles, o governo não pode se comprometer com quantias que fogem do mandato vigente.

13 Curitiba, 08 de Maio de 2015
Gabriela Jahn Tropa de choque avançou contra manifestantes

Polícia Desmilitarização da Polícia Militar

Novamente em voga, a desmilitarização da PM incita debates em âmbi to acadêmico e político. Entretanto, a população ainda desconhece suas causas e consequências

N a primeira quinzena do mês de março deste ano, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou dois policiais pelo homicídio doloso qualificado de Claudia Ferreira, morta há um ano em operação policial no morro Congonha, no Rio de Janeiro. O acontecimento voltou a tra zer a discussão sobre a desmi litarização da Polícia Militar (PM) para a pauta de diversas instituições no país, como foi o caso do debate ocorrido sobre o tema na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) no dia 25 de março. O debate, organiza do pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) da PUC -Rio, envolveu o candidato a governador do Rio de Janeiro em 2014 pelo PSOL, Tarcísio Motta, e o deputado estadual Flávio Bolsonaro, do PP.

A principal crítica ao sistema policial diz respeito às práti cas ostensivas da PM, muitas vezes consideradas como uma herança de um governo que não existe mais no Brasil: a di tadura militar. Adriano Bre tas, professor de Direito Penal da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) , explica que alguns resquícios desta época podem sim ser apontados na formatação da Polícia Militar. “Na realização do treinamento dos integran tes da PM percebemos muitas vezes que eles são preparados para o enfrentamento do “inimigo” em um campo de batalha”, comenta.

O tenente-coronel da PM do Paraná, Vanderley Ro thenburg, é contra a des militarização por acreditar que essa mudança só traria a perda de direitos conquista

dos pelos PMs ao longo dos anos. “Entendo que temos que fazer algumas adaptações no sistema, mas a desmilitarização não é a solução. O uso da farda, a rotina policial e a doutrina rigorosa são aspec tos que ajudam a manter uma polícia menos corrupta e até mesmo muito mais profissio nal”, explica o oficial. Segun do Rothenburg, os erros e atitudes incorretas de alguns policiais mostram justamente que essas pessoas não pos suem o perfil necessário para o trabalho.

Com relação ao posiciona mento da Polícia Militar em manifestações, o tenente-co ronel explica que a polícia está sempre preparada para o pior, tendo inclusive tropas especialmente treinadas para situações específicas, mas que enquanto a população apresentar comportamento pacífico não há nenhuma atitude por parte da PM. “A partir do momento em que essa manifestação toma outro rumo, como aconteceu em junho de 2013 com os mani festantes depredando prédios públicos, a polícia deve agir com um pouco mais de rigor, o chamado ‘uso moderado da força’”, esclarece.

Apesar da importância do tema, ainda há muito pouco conhecimento da população sobre o assunto. Dos seis civis entrevistados, nenhum ouviu falar em desmilitariza ção e poucos sabiam as reais funções do policial militar. Maria da Luz Sbricia, aposen tada, considera que a Polícia Militar é aquela que cuida dos assuntos “mais pesados”, enquanto a Polícia Civil é a que está sempre mais junto

do povo. Já Simone Martins, assistente comercial, afirma sentir falta da Polícia Militar atuando em problemas reais. “Quando precisamos dela, ela nunca está lá ”, reclama Simo ne. Claramente a população demonstra uma insatisfação com a PM, mas ao mesmo tempo, não entende o signi ficado da desmilitarização no contexto brasileiro. De acordo com o profesor Bretas, inúme ros avanços já ocorreram na estrutura do sistema policial, mas é evidente que ainda exis tem inúmeras imperfeições a serem corrigidas.

Contexto Histórico

O caso do massacre do Caran diru, em que 111 presos foram assassinados em 1992, e o do ajudante de pedreiro Ama rildo, torturado em 2013, são apenas alguns exemplos que trouxeram à tona o assunto. O tópico inclusive chamou a atenção internacional. Na reunião do Conselho de Direi tos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) de

2012, a Dinamarca chegou a sugerir ao Brasil que extin guisse a PM.

Como a estrutura de caráter militar da PM tem base na constituição de 1988, a única maneira de modificar essa característica seria através de Proposta de Emenda à Constituição (PEC), segundo o professor Bretas. Já existem três propostas que abordam questões relacionadas à PM: a PEC 102 de 2011, a 430 de 2009 e a 51 de 2013. De acordo com o site da Câmara dos Deputados (www.camara.gov. br) a primeira permite aos estados que desmilitarizem suas entidades policiais caso julguem necessário; a segun da prevê uma unificação entre as polícias Civil e Militar, bem como a desmilitarização do Corpo de Bombeiros; e a terceira prediz que o Estado deve organizar as polícias como órgãos de natureza civil, e também o trabalho policial em ciclo completo, ou seja, po liciamento ostensivo, preven tivo e investigativo.

14 Curitiba, 08 de Maio de 2015
Núcleo de Proteção ao Cidadão, no Juvevê, em Curitiba Cecília Tümler

Fim dos investidores no futebol

Lei da Fifa que proíbe agentes entra em vigor a partir deste mês

C om grande participação em negociações no fute bol, o investidor (agente) não poderá mais ter participações nos direitos econômicos dos jogadores, pois a partir deste mês, entra em vigor a nova regra da Federação Interna cional de Futebol (Fifa), que li mita o passe dos atletas a eles e aos clubes com os quais os jogadores estão vinculados.

A decisão por parte da Fifa aconteceu por pressão da União das Federações Eu ropeias de Futebol (Uefa), e também pelo futebol inglês, que não trabalha com inves tidores, deixando assim, o passe do jogador por inteiro entre o atleta e o clube. Outro motivo para a lei entrar em vigor é por ela ser uma ten tativa de evitar dinheiro de origem duvidosa nos caixas dos clubes.

Com mais de 25 anos no meio esportivo, o agente Miguel Calluf, que atualmente traba lha com 20 atletas espalhados pelo Brasil, acredita que o veto será prejudicial para os clu bes, pois para ele, muitos não têm boas direções. “Os clubes

são mal geridos e sempre vão necessitar dos empresários. Ele intermedia a situação do atleta com o clube, com a imprensa e com a própria torcida”, disse o empresário, que detêm 50% do passe de quatro atletas.

Sobre a lei, Calluf acredi ta que ela não funcionará completamente e, além disso, há investidores entrando na justiça, buscando reverter a situação. “Existem diversos grupos de agentes na Europa entrando com ações na justiça para mudar este regulamento imposto pela Fifa”, completou o empresário.

Pensando no futuro, Calluf ainda não sabe o que irá fazer, mas crê que haverá outros métodos para investir. “Quanto às consequências, é difícil saber neste momento, mas com certeza vai haver outros mecanismos de ganhar dinheiro, seja intermedian do uma negociação, ou com comissão, diretamente com atletas. É tudo muito novo. Ninguém sabe como agir por enquanto”, finalizou.

Para os clubes, muitas vezes negociar com os empresários não é bom. Segundo Rogé rio Bacellar, presidente do Coritiba, uma negociação diretamente com um atleta é mais vantajosa. “Num primei ro momento, a proibição da Fifa pode afetar algo, mas a longo prazo isso é válido, pois assim, o clube não fica refém dos empresários”, afirmou Bacellar, que está no Coritiba desde o início de 2015.

O presidente alviverde acredita que muitas vezes os empresários querem apenas se aproveitar do clube, usan do-o como vitrine, por isso, o mandatário do Coritiba busca negociar diretamente com o atleta. “Não queremos ficar refém de investidores. Nego ciamos direto com o jogador na maioria das vezes e se ele optar contratar alguém para intermediar, é problema dele. O Coritiba busca negociar direto com o mesmo”, comple tou o presidente coxa-branca, aproveitando para afirmar que alguns empresários não querem, de fato, ajudar o clube. “O agente não ajuda o clube. Ele faz um negócio bom

para os dois lados. Às vezes, alguns falam que vão ajudar o Coritiba, quando o foco é ape nas ajudar o próprio bolso”.

O lateral Lucas Mendes, atleta do Al-Jaish, do Catar, come çou a trabalhar com empresá rios quando ainda era jovem, e segundo ele, o atual clube detém 100% de seu passe. “Eu era muito amigo do meu atual investidor, e em algumas con versas, optamos por ele ser meu agente. Quanto à proi bição, ela afetará pouco para nós jogadores. Os problemas serão dos empresários, que te rão de achar outra forma para lucrar”, disse o ex-jogador do Coritiba.

Categorias de base

Muitas vezes, o foco de em presários de futebol começa nas categorias de base, em que o agente observa, jun tamente com uma equipe, diversos atletas desde seus primeiros passos em grama dos, buscando assim, um bom investimento para o futuro.

A nova lei da Fifa também impede os agentes de fazerem isso, deixando assim, os clu bes com toda a porcentagem do mesmo. Para o presidente do Coritiba, o clube poderá trabalhar melhor as categorias de base. “As vezes um jovem já está sendo assediado por um empresário ou investidor para poder ter lucro com ele no futuro. Isso traz um grande prejuízo ao clube, já que nós gastamos com a formação do mesmo, e quando ele está pronto para se profissiona lizar, podemos perdê-lo”, finalizou Bacellar.

15 Curitiba, 08 de Maio de 2015 Esportes
Luiz Felipe Alisson Reginaldo Paraná Clube Paraná Clube ABC de Natal Empresário Miguel Calluf Clube do jogador Passe do atleta 100% 50% 50% 40% 60%

Esportes Enxergando o esporte

Esportes são aliados no desenvolvimento das potencialidades dos deficientes visuais

A prática de atividades esportivas por pessoas com deficiência visual cons titui-se num dos principais instrumentos para o desen volvimento das potenciali dades individuais e coletivas dessa parcela da população. A pessoa que pratica esportes com regularidade apresenta inúmeros benefícios para sua saúde física e mental, além de elevar a qualidade de vida, e para os deficientes visuais, eles trazem uma independên cia e um aumento da autoesti ma consideráveis.

A deficiência visual é definida como a perda total ou parcial, congênita ou adquirida, da visão. O nível de percepção visual pode variar, o que determina dois grupos de deficiência. A cegueira, na qual há perda total da visão ou pouquíssima capacidade de enxergar, o que leva a pessoa a necessitar do sistema Braille como meio de leitura e es crita, e a baixa visão ou visão subnormal, que caracteriza-se

pelo comprometimento do funcionamento visual dos olhos, mesmo após tratamen to ou correção. As pessoas com baixa visão podem ler textos impressos amplia dos ou com uso de recursos óticos especiais.

Ganhos em confiança e na autoestima são só alguns dos benefícios promovidos pelo esporte para deficientes visuais. Daniel Lima, 52 anos, oftalmologista, explica que para as pessoas com defici ência, praticar esportes pode representar muito mais que saúde. “São vários os aspectos positivos. O esporte melhora a condição cardiovascular dos praticantes, ajuda a ter força, agilidade, coordenação mo tora e equilíbrio. No aspecto social, o esporte proporciona a oportunidade de sociabiliza ção entre pessoas com e sem deficiências, além de torná-las mais independentes no seu dia a dia”, conta Lima.

Mario Sergio Fontes, deficien

te visual, ex-atleta parao límpico na modalidade de futebol e membro do Comitê Paralímpico Brasileiro, realça a afirmação do Dr. Lima. “O esporte traz muitos benefí cios para o deficiente visual, mas o principal é a inclusão na cidadania, pois a partir do momento em que se recebe para praticar o esporte, é por que está sendo realizado um espetáculo e alguém o admira, além do fato que as pessoas perdem o preconceito de enxergá-los como coitadinhos e os vêm como esportistas profissionais”, finaliza Fontes.

Paulo Roberto, diretor do departamento sócio artístico cultural da Associação dos Deficientes Visuais do Paraná (Adevipar) conta que no dia 11 de abril ocorreu o torneio de dominó da associação. Os participantes não preci savam ser necessariamente todos cegos, mas um da dupla pelo menos precisa portar a deficiência. Os vencedores tradicionalmente recebem um prêmio simbólico, sendo para o 1° lugar R$ 200,00, 2° lugar R$ 120,00 e 3° lugar R$ 80,00. Esse ano, os premiados foram respectivamente: Voldemiro Ambrosio e Elton Carvalho; Cleumice Silvero e Aneli Lema; Paulo Roberto e Leonil Barbosa Bill.

Além do futebol e do domi nó, a natação tem sido de grande importância para o desenvolvimento global das pessoas com deficiência visual, pois pode ser praticada em qualquer idade e condição física, trazendo benefícios que influenciarão diretamen te às suas atividades diárias, favorecendo e facilitando a in serção social dessas pessoas.

Silmara França, professora de Educação Física da Escola de Educação Especial Professor Osny Macedo Saldanha, conta o maior obstáculo vivido pelos alunos. “A maior dificuldade encontrada pela deficiência deles é o despreparo dos pro fessores do ensino regular”. A escola, localizada no Batel, é mantida pelo Instituto Paranaense de Cegos (IPC) e atende crianças do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, assim como adultos de 20 a 70 anos, todos portadores de cegueira. Além disso, a escola também apoia o projeto de Silmara, co nhecido como Guia para Cego no Atletismo. “Porque não au xiliar um deficiente visual que quer correr e precisa de ajuda? Se você corre voluntariamen te, você pode ajudar. Muitas crianças acham que cegos não correm, não fazem educação física, mas isso acontece e é super fácil, é só se tornar um guia”, concretiza Silmara.

Independente de classe social, idade ou raça, o esporte é e sempre será para todos. É preciso saber direcionar a visão para não se equivocar numa suposta opinião, e entender que uma pessoa que não tem a visão ou outra deficiência evidente, continua sendo humano e normal. A fundadora e coordenadora da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Fazenda Rio Grande, Anete Maria Benato Barbosa, define em sua visão o portador de deficiência. “Eles são iguais a todos, e se nossa visão preconceituosa não enxerga isso, perdemos a chance de ver pessoas com qualidades excepcionais”, conclui.

16 Curitiba, 08 de Maio de 2015
Trófeus obtidos em esportes para deficientes visuais
Riana Carvalho 3º período Caroline Ribeiro

Curitiba recebe a exposição Nikon Série F

Mostra reúne trabalhos realizados por nomes consagrados da fotogra fia nacional

E m parceria com a Nikon Brasil e com o apoio da Omicron, uma das mais antigas escolas de fotografia do país, a exposição Nikon Série F acontece no Museu de Fotografia de Curitiba entre os dias 29 de março e 31 de maio e traz obras de fotógra fos como Luiz Garrido, que acompanhou o cantor John Lennon e sua esposa Yoko Ono, e Alexandre Belém, entre outros grandes nomes da fotografia nacional.

Segundo Osvaldo Santos Lima, fotógrafo, educador e diretor da Omicron, trazer essa exposição para uma cida de que já sediou importantes eventos como as semanas de fotografia nacionais, promovidas pela Fundação Nacional de Artes (Funarte), e as bienais internacionais de fotografia, significa ampliar ainda mais as possibilida des culturais do curitibano. “Curitiba tem um público muito interessado na imagem como meio de expressão e a Omicron não poderia deixar de promover, junto à Nikon Brasil, ao Museu da Fotografia de Curitiba e à Fundação Cultural, a vinda desta mos tra, que tem como fio condu tor, o uso das Nikons da Série F. Uma lendária câmera nas mãos dos melhores fotógrafos brasileiros”.

O primeiro dia de exposição contou com um bate-papo com Garrido, grande nome da fotografia brasileira que com põe a exposição. Ele contou que apenas com uma lente em seu material fez a foto de John Lennon, trabalho que compõe as obras do Coletivo Série F.

A presença dos fotógrafos Garrido e Belém reuniu um grande público para prestigiar os primeiros dias do evento, com perfis de visitantes diver sos, desde estudantes de foto grafia até mesmo fotógrafos profissionais. Melanie Brito, 27 anos, é fotografa e visitou a exposição já na inauguração. “O que me motivou a vir até a exposição foi o meu interesse pelas obras desses artistas que são de épocas diferentes, possuem estilos diferentes e que sempre acrescentam na nossa fotografia, na nossa cultura”, relata.

O sonho de uma geração

Belém, fotógrafo expositor, fala sobre o status de ícone que as câmeras da Nikon pos suíam, principalmente, em meados das décadas de 1970 e 1980. “Para uma geração ali nos anos 70 ou 80, o sonho de consumo era ter uma Nikon, muito inspirado em grandes fotojornalistas da Guerra do Vietnam. Nos anos 50, todo mundo sonhava em ter uma Nikon, e nessa época era a

Série F. No meu caso, eu pe guei a F3 em 1995”, relembra. Belém conta também como a marca Nikon estava atrelada ao conceito de profissionalis mo, e mesmo com a existência de outras concorrentes como a Pentax, a Série F era a prefe rida pelos fotógrafos.

O diretor de patrimônio cul tural, histórico e artístico da Fundação Cultural de Curitiba (FCC), Hugo Moura Tavares, fala sobre a relevância de uma exposição como essa para a ci dade. “A importância de uma exposição da Nikon é inegá vel, principalmente porque ela resgata uma época da fotogra fia analógica de uma série, a Série F de máquinas, que os fotógrafos tinham que utilizar muito mais da sensibilidade do que os recursos tecnológi cos disponíveis no período. Não desmerecendo os recur sos atuais, mas eu acredito que é uma exposição que con densa, além dessa capacidade e sensibilidade profissional, o conjunto de profissionais que estão reunidos aqui”.

MIS-PR

Museu depende de ver ba do governo federal para migrar seu acervo

A reforma do Museu da Imagem e do Som do Paraná foi concluída no fim do ano passado, mas ainda depende do repasse de verba do Ministério da Fazenda para migrar seu acervo. Na atual sede, lo calizada no Santa Cândida, não há espaço suficiente para a exposição.

Segundo a Secretaria de Estado da Cultura (SEEC), a reabertura do MIS-PR depende de verba nacio nal, para que assim, possa fazer o transporte de todo o acervo e reserva técnica para o espaço original. Fernando Severo, diretor do museu, acredita que a reinauguração aconte cerá em breve. “Ainda não temos a data exata, mas com certeza a reinaugura cão será neste semestre”. Devido à lei estadual que proibe a comercialização de produtos em espaços públicos, pois o local é li gado diretamente à SEEC, o MIS-PR não terá um café. Foi a única mudança no projeto original.

17 Curitiba, 08 de Maio de 2015 Cultura
Obra “Retrato de menina iraniana”, de Ana Carolina Fernandes Brenda Iung Maria Cecília Terres Zelazowski

Literário

A história de um futuro advogado quilombola

Oriel Rodrigues é sinôni mo de superação e inspi ração para sua família e seu povo

Militante, futuro advogado e negro. Negro e, com muito orgulho, quilombola. Descendente de escravos que nunca negou suas origens ou abandonou suas terras. Assim é Oriel Rodrigues. Oriel que luta. Oriel que corre atrás dos direitos. Oriel que se supera e dá exemplo. Simples mente, Oriel.

Nos encontramos no lugar que ele chama de plural: a PUCPR. Oriel Rodrigues chegou carregando uma mochila do curso de Direito e várias histórias que seus 43 anos estavam ansiando para contar. Ao vê-lo, é difícil perceber que ele ainda mora em Ivaporanduva, comuni dade quilombola localizada no Vale do Ribeira, São Paulo. Suas vestes e trejeitos têm características urbanas e, sua eloquência, típica de um advogado. Mesmo passando a maior parte da semana em Curitiba, Oriel afirma que não mora aqui e sim no quilombo, onde passa os fins de semanas

com a família: sua mulher, Silvana, que é agricultora familiar como quase todos de sua comunidade, e seus filhos Akim e Arthur, que são lem brados com um largo sorriso ao mostrar uma foto deles em seu aparelho celular.

- Mesmo com a saudade, eles entendem que a distância é em favor do povo, que faço isso para todos nós, explica.

Ivaporanduva tem 300 anos de história, mas apenas 15 de reconhecimento e titulação. A Constituição de 1988 garantiu o direito de propriedade, mas efetivá-lo foi difícil porque não sabiam como se consti tuiu essa comunidade. Talvez seja por isso que, de aproxi madamente três mil comuni dades, apenas 196 são titula das. A situação de isolamento desse quilombo favoreceu um pacto social em defesa do espaço. Como Ivaporanduva fica às margens do Rio Ribeira de Iguape, a população vive se organizando contra o Estado,

que autoriza a construção de grandes projetos, como hidrelétricas na região.

- A luta é dia a dia. Quem vive em comunidade sabe que é dever dele batalhar por ela e garantir nossas terras para os nossos filhos e netos.

A cultura é um elemento man tido na comunidade quilom bola e possui fortes vínculos com o passado, por isso eles defendem tanto suas terras: é porque os seus antepassados, tradições e heranças estão ali.

O problema vivido por esse grupo não se restringe às terras. Sem educação formal e condições precárias pela falta de serviços públicos, os quilombos dessa região ainda vivem de forma afastada, devido ao preconceito da sociedade hegemônica.

- O nosso histórico é de resistência contra a escra vidão. Nossos antepassados são negros que fugiram dessa situação e viveram indepen dentes, explica Oriel.

A nova geração de militantes, a qual Oriel pertence, tem uma estratégia de luta em favor de políticas públicas. É nítido em seu olhar a felici dade ao falar que todas as 103 famílias da sua comunidade são registradas. Mas não é assim em todo o país. Mesmo com vários direitos garanti dos, como o programa Brasil Quilombola e outros que favorecem a inserção social, várias comunidades não sabem ou não conseguiram se unir em favor disso. É aí que Oriel e seu grupo de militan tes entram: eles saem Brasil a fora para ajudar.

O quilombola, que ficou o tempo todo com seu celular na mão, cumpre, hoje, seu papel de militante por meio do aplicativo WhatsApp.

Toda a alegria e entusiasmo desapareceram quando o assunto universidade foi questionado. Oriel afirma que 13 quilombolas foram para a universidade, mas apenas seis se formaram. Entre os que não conseguiram o diploma, está ele, Oriel, que tenta, há 15 anos, terminar o curso de Direito. Veio para Curitiba há dois anos com a esperan ça renovada, mesmo sem o auxílio do governo. Hoje, se mantém com o estágio que faz na Caixa Econômica Fede ral e com uma bolsa fornecida por ser pesquisador do PIBIC, projeto o qual já participou duas vezes.

- A desigualdade é muito grande. Não sei se é precon ceito ou não, mas não tive aulas e nem vi um professor universitário ou doutor ne gro. Falta esse exemplo já que nós somos retratados sempre como o bandido, pondera Oriel.

Ele afirma que seu maior desejo é ser uma referência positiva para os filhos e que eles levem consigo o legado do pai, e busquem sempre se superar.

Após uma longa conversa, e um convite para visitar Ivaporanduva, ele se despe diu, e saiu andando pelos corredores da PUCPR em direção à sala de aula. Sala que frequentará por mais um semestre, tempo restante para a conclusão de seu curso de direito.

18 Curitiba, 08 de Maio de 2015
Paola Magni Oriel mostra foto dos seus filhos Akim e Arthur

Os colecionadores de cultura

A loja Fígaro é o lugar certo para os amantes da literatura, recebendo pessoas do Brasil inteiro para prestígiar a história de mais de 25 anos do estabelecimento

De dentro da loja dá para ver as pessoas que passam lá fora observando a vitrine, sempre com a mesma feição de curiosidade. Alguns encaram as pequenas anti guidades expostas, outros observam títulos de livros que chamam a atenção. Na loja de cultura Fígaro é impossí vel não ser hipnotizado pelo número impressionante de livros ímpares, pelas peças de decoração de décadas ante riores e pelos discos de vinil, todos adquiridos ao longo de mais de 25 anos.

O lugar cheira a livros. Aquele cheiro que faz falta quando lemos um livro via online, quando não temos as páginas em mãos, esse cheiro está por toda a parte. Lá dentro, se transborda cultura por cada estante, cada pilha de livros. São obras alemãs, russas, chinesas, polonesas, algumas com mais de 50 anos, e todas em um estado de conservação difícil de se encontrar em qualquer outro sebo. As pági nas são limpas, sem dobras, sem manchas, algumas ape nas amareladas pelo tempo. E o cheiro aprazível de história continua lá.

Com o som do jazz ao fundo, Valéria Vargas Costa conta uma história sobre a paixão que ela e seu marido, Paulo José da Costa, compartilham pela cultura. Sentada num sofá, em frente a uma estante apinhada de todos os tipos de livros, é perceptível a emo ção com que fala sobre suas bibliotecas e seus objetos, que colecionou com Paulo durante quase a vida toda.

Valéria e Paulo começaram injetando 70% de toda a sua coleção pessoal dentro de

sua primeira loja, que ficava antigamente na Rua Emilia no Perneta. Hoje, instalada na Rua Lamenha Lins, no centro de Curitiba, a Fígaro possui uma quantidade enor me de títulos e bibliotecas invejáveis, criadas por escrito res e pensadores conhecidos nacionalmente.

– Aqui nós só compramos livros de bibliotecas particu lares, e foram bibliotecas que fizeram frisson na cidade. A

alagamento, causado por um cano estourado de um de seus vizinhos do primeiro andar. A perda de exemplares foi mas siva. Cerca de três mil livros foram perdididos, dentre os quais as estantes inteiras de teatro e cinema. Muitos livros se desfizeram junto com as estantes.

Ao mesmo tempo que a perda foi irreparável, Valéria e Paulo obtiveram ajuda de algumas pessoas que ficaram sabendo

que passam por ali é o que a diferencia de todas as outras livrarias. Para Valéria, a es pecialidade de um local como esse está na preservação, não somente dos objetos, mas da história que cada um carrega quando chega em suas mãos.

– Todos esses lugares que ven dem história ou que cultuam a história estão semeando o seu passado. Você não é o que é hoje se não fosse o ontem, então o passado vira futuro.

do Temístecles Linhares, por exemplo, que foi um grande bibliógrafo que faleceu no Uruguai. Ele nos vendeu em vida cerca de seis mil exemplares. A maioria dos livros dele eram primeiras edições autografadas.

– Vocês devem receber gente do Brasil inteiro, não é?

– Muita gente. Ontem mesmo, veio um sergipano aí, e ele achou um livro que foi editado em Sergipe. Era uma coleção de três livros sobre a família Andrada, a família dele. Ele procurou no Brasil inteiro por mais de 10 anos e não achou. Foi achar aqui, por acaso.

Mesmo com a atmosfera alegre que existe no local, nem tudo foi um mar de rosas nos últimos meses na Fígaro. Há aproximadamente 40 dias, num certo domingo, a loja de cultura sofreu um

do estrago e se prontificaram a ajudar. Uma delas foi Roger Persuhn, um dos clientes mais assíduos de lá.

Roger vai à Fígaro religio samente todos os dias há 25 anos.

Às cinco da tarde, Roger entra na loja. Valéria o apre senta. É um senhor com olhos bem humorados, a voz impo nente e simpática. Persuhn conta que é ex-radialista e que ali, na Fígaro, descobriu seu refúgio.

– Essa visita diária que eu faço a eles, além de já tê-los como referência em termos de lite ratura, me faz bem. Eu estou em terapia de recuperação de um tratamento oncológico, e aqui é extremamente salutá vel para mim.

Para Roger, a visão particular que a Fígaro espalha dentre os

Se nós não obtivéssemos os livros, as fotografias, as cartas, os diários, nós não teríamos uma noção de como era o mundo e o tempo. Se não houvesse as pessoas que preservassem essa história, não existiria um futuro.

A loja de colecionadores mais antiga de Curitiba tem adquirido não apenas objetos, mas admiradores de todas as partes do Brasil. Também, pudera. A qualidade inegável de seus produtos não passa despercebida pelos consumi dores, que espalham a palavra “Fígaro” por todos os lados.

Valéria Vargas da Costa e Paulo José da Costa fizeram um magnífico trabalho ao re lacionarem a necessidade do consumidor com a importân cia da história, e alimentam uma tradição esquecida pela maioria dos outros estabele cimentos: a de manter viva a cultura.

19 Curitiba, 08 de Maio de 2015 Literário
Se não houvesse as pessoas que preservassem essa história, não existiria um futuro”

Especial Monstros do Rock fazem tremer a Pedreira

Motorhead, Judas Priest E Ozzy Osbourne trans formaram Curitiba na cidade do metal

Gritos, suor, lágrimas, sorrisos, euforia sem tamanho. Estes foram os sentimentos das, aproxi madamente, 15 mil pessoas que foram à Pedreira Paulo Leminski, na terça-feira, 28 de abril, para ver o maior festival de Rock do Sul do Brasil, o “Monsters Tour”, que trouxe à capital paranaense nada mais nada menos que Motörhead, Judas Priest e Ozzy Osbourne, ícones do metal mundial.

Motörhead

Pontualmente às 18h30 os “senhores” do Motörhead subiram ao palco e com a clás sica frase “We are Motörhead and we play rock n’roll” (“Nós somos o Motörhead e nós tocamos rock n’roll”) dita em todos os shows pelo vocalis ta Lemmy Kilmister, todos sabiam que era a hora de aquecer as gargantas e ligar os motores para o festival. Com clássicos como “Damage Case”; “Over the Top”; “Ace of Spades” e “Overkill”, o trio inglês mostrou porque é considerado um expoente do metal.

Jorge Alves, engenheiro, fã do Motörhead, conta o que sentiu ao ver a banda em um festival. “Gosto de várias bandas de metal como Iron Maiden, Metallica, Megadeth, mas há algo diferente nesse trio, o peso da guitarra e do baixo, o estilo dos músicos no palco. Já assisti o Motörhe ad em locais fechados, mas aqui, neste cenário espe tacular, é completamente diferente”, comenta.

Formado em 1975, o Motörhe ad já lançou 21 álbuns de

estúdio e vendeu mais de 30 milhões de cópias. Sua princi pal característica é o peso nas distorções na guitarra e baixo.

Judas Priest

A galera ávida por rock pesado aguardava ansiosa para o show do Judas Priest e, quando viram os britânicos prontos para entrarem em ação, todos da plateia já esta vam preparados para acender de vez a Pedreira.

Uma banda com décadas de história, com certeza, tem vá rios clássicos na bagagem. As sim foi o showt do Judas, com clássicos como “Metal Gods”; “Turbo Lover”; “Breaking the Law” e “Eletric Eye”.

A banda trouxe a Curitiba o repertório do seu 17º trabalho de estúdio, intitulado “Redeemer of Souls”. Turnê que o professor Luciano Ferreira, 39 anos, está acompanhan do desde o primeiro show da banda no Brasil. “Eu sou fanático pelo Judas Priest desde criança, já fui à Europa apenas para assistir um show da banda. Estou acompanhan do toda a turnê deles aqui no Brasil, fui ao Rio, São Paulo, Curitiba e termino com o show em Porto Alegre. Sim, eu sou louco mesmo!”, brinca.

Um dos momentos mais espe ciais do show foi quando o ba terista, Scott Travis, pergunta à plateia: “What you want?” (“O que vocês querem?”), e o público, em coro respon de, “Painkiller!”. Uma das músicas que entraram para a história do heavy metal, sendo considerado um hino para os amantes do estilo.

“Príncipe das Trevas”

Uma grande equipe de produ ção se movimenta, tudo para entrada da atração principal, Ozzy Osbourne. Com passos curtos, encurvado, pinta de vovô, mas extremamente em polgado e alegre, o senhor de 68 anos, dá início à sua louca apresentação. Pulos, palmas e jatos de espuma, davam a certeza a todos, sim Ozzy está aqui.

Ele abre o show com um clássico de sua carreira solo, a música “Bark the Moon”. Em seguida outros dois petar dos, “Mr Crowley” e “I Don’t Know”, que foram cantadas em coro pelos presentes. Um setlist com canções de sua banda solo e do Black Sabbath fizeram todos irem à loucura, como ele mesmo queria.

Seus companheiros de banda também empolgaram a pla teia com um solo de guitarra do grego Gus G. e de bateria com Tommy Claufetos.

Três músicas esperadas por todos foram deixadas para o final, mas não esquecidas. “Iron Man”, Crazy Train” e “Paranoid”, hits que tornaram a carreira do cantor um sucesso, fizeram todos esque cerem o cansaço e pularem como crianças.

Uma dessas crianças era o aposentado Luiz Sartori que, aos 65 anos, se julga um profundo conhecedor de rock. “Eu sou fã do Ozzy desde minha adolescência, quando ele ainda começava no Black Sabbath. Estou aqui por causa da música, por essa felicida de que ela nos proporciona”, afirma.

Desde 1968, Ozzy Osbourne tem uma história incrível na música e fora dela. Com 23 ál buns gravados e vários hinos do rock, ele é considerado por críticos e fãs do mundo todo o pai do metal e quem compare ceu à Pedreira pode viver um capítulo único dessa história.

20 Curitiba, 08 de Maio de 2015
Marcos Sudoviski “Príncipe das trevas” abalou a Pedreira

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