Ciclistas satisfeitos com a via calma Três meses após a implantação do projeto, respeito por quem trafega pela via aumentou. Página 03
Papo plural na política
Jovens representantes de diversos partidos participaram de um debate sobre política na PUCPR. Página 08
Joaquim Américo comemora 100 anos Palco de jogos da Copa 2014 em Curi tiba, estádio do Atlético tem muita história para contar. Página 15
Curitiba, 09 de Outubro de 2014 - Ano 17 - Número 249 - Curso de Jornalismo da PUCPR
Festa tucana Beto Richa é reeleito governador do Paraná com mais de 3,3 milhões de votos Páginas 10, 11, 12 e 13
O jornalismo da PUCPR no papel da notícia
Cidades Expediente
Comendador sem fio
Após reclamações, Rua Comendador Araújo ganha revitalização e postes de luz começam a ser retirados
Bruder Woitowicz
A pós as recorrentes recla mações de comerciantes e pedestres sobre a irregulari dade dos fios elétricos da Rua Comendador Araújo, no Batel, a Copel e a Prefeitura de Curi tiba se uniram para retirar os postes e a fiação. A obra para a instalação subterrânea dos fios foi autorizada pela Pre feitura em novembro de 2013, porém começou a ser reali zada em agosto deste ano. A rua ficará apenas com postes que imitam os lampiões para iluminação.
Novos radares
Equipamento detecta se motoristas diminuem a velocidade apenas para passar no radar. O sistema não multa, mas coleta dados de infrações
Breno H. M. Soares
No dia 05 de setembro foram ativados, na Ave nida Fredolin Wolf, em Santa Felicidade, dois pares de rada res que medem a velocidade média dos carros que passam por lá. Cada par é separado por um trecho de 950 metros, entre as ruas Raposo Tavares e Graziele Wolf. Os radares funcionam gravando o horá rio em que cada carro passa por um deles, e compara com o horário em que os veículos passam pelo segundo. Os 950 metros, a 60 km/h, que é o limite de velocidade da via, levam 57 segundos para serem percorridos. Se o condutor exceder os 60 km/h, ele levará menos tempo do que isso para chegar de um radar até outro, e o equipamento registrará que, em algum ponto da via, o carro esteve acima da veloci dade permitida no trecho.
Em 2013 foi formada uma co missão municipal para avaliar tecnologias para o trânsito e mobilidade, e esta foi uma das opções escolhidas para teste.
Segundo o assessor de imprensa da Copel, Marcelo Rothen, o projeto que foi ini cialmente pensado para revi talização da rua, vai diminuir as queixas de quem utiliza a via. Os fios de luz que ficavam caídos dos postes preocupa vam quem passava por ali. “O vento forte soltava os fios, a gente ficava com medo”, disse a pedestre Simone Paulino.
A Copel informou que outra obra desse tipo foi autorizada na Rua Barão do Cerro Azul, no Centro Cívico.
Edição 249 - 2014
o jornal laboratório
Curso de Jornalismo PUCPR
“O objetivo desta tecnologia é verificar o comportamento da via”, diz Marcio Souza, coordenador de fiscalização eletrônica da Secretaria Mu nicipal de Trânsito (Setran). O equipamento deve fornecer dados estatísticos como fluxo de via e velocidade média de trecho, além de serem um teste da tecnologia.
As diferenças em relação aos radares que são encontrados em outras vias da cidade estão apenas no sistema que registra os horários, mas não multa. “Ele não tem legalidade hoje, em relação ao Conselho Nacional de Trânsito (Con tran), para que possa gerar auto de infração”, diz Luana Guerro, diretora comercial da Consilux, empresa que forne ce o equipamento de radares em Curitiba.
Os radares ficarão na Avenida Fredolin Wolf por 90 dias e então os testes serão concluídos.
02 Curitiba, 09 de Outubro de 2014
Zanei
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Cidades
Respeito à via calma
Cada vez mais ciclistas deixam a canaleta para usar a faixa exclusiva destinadas às bicicletas
Breno H. M. Soares
Três meses após a implan tação da chamada via calma, na Avenida Sete de Se tembro, no centro de Curitiba, ciclistas notam que o respeito à faixa exclusiva aumentou. É raro encontrar um carro que esteja invadindo a área dos ci clistas. “No começo achei que estava bem confuso, mas uns dois meses depois da implan tação, o próprio trânsito se organizou e facilitou bastante para quem é ciclista”, diz Leonardo Flores, fotógrafo, que usa a bicicleta diariamente para se locomover pela cidade e sempre trafega pela via cal ma. Antes da demarcação da faixa para ciclistas, ele utiliza va a canaleta. “Mesmo com o
risco, era a melhor opção. Na lateral não tinha como andar e agora, com a via demarcada, conseguimos andar tranquila mente”, completa.
De acordo com Danilo Herek, coordenador de mobilidade urbana da Secretaria Muni cipal de Trânsito (Setran), o principal objetivo da implan tação da via calma é a segu rança do ciclista. A pintura no asfalto demarca o espaço que já era das bicicletas. Com a tinta, além de transmitir alguma segurança para os ciclistas, a via mostra com clareza a divisão entre o lugar dos carros e o das bicicletas.
Antes da via calma, ciclistas como Leonardo Flores usavam a canaleta como via, mas os perigos eram óbvios. “Talvez [na canaleta] a possibilidade de acidente seja menor, mas se ele ocorrer, ou te mata ou te aleija”, afirma Herek. Com a via calma, vários ciclistas estão abandonando o espaço exclusivo dos ônibus para ficarem onde a segurança é maior, onde os veículos, além de serem menores do que os biarticulados, têm a velocida de controlada pelas travessias elevadas. Herek ainda diz que a fiscalização na via é feita por radares. De acordo com ele, na primeira semana de setembro houve 38 autuações
Doação que salva vidas
Recusa familiar
de velocidade registradas na Sete de Setembro. Segudo a Setran, o principal problema que a via calma enfrenta são algumas motos que insistem em utilizar a via dos ciclistas. Na noite do dia 09 de setem bro, uma idosa foi atropelada na via calma enquanto atra vessava a rua, por um motoci clista que se utilizava da faixa para ultrapassar os carros.
O coordenador de mobilida de urbana da Setran ainda afirma que está nos planos a implantação de novas vias calmas em todas as vias de Curitiba que têm canaletas, sempre focando a segurança no trânsito.
Campanha “Doação de Órgãos - Fale Sobre Isso” estimula o debate a res peito do assunto
Gabriela Giannini
O Paraná é o terceiro esta do com o maior número de transplantes do Brasil, de acordo com dados do Minis tério da Saúde. Entretanto, ainda há uma fila com mais de dois mil pacientes à espera de um órgão. Segundo Glaucia Repula, assistente social da Central Estadual de Transplantes (CET) da Secretaria Estadual da Saúde do Para ná, a negativa familiar é o principal empecilho na hora da doação. Com o objetivo de desmistificar o tema, a campanha “Fale Sobre Isso” marca o mês mundial da do ação de órgãos, comemorado em setembro.
Através de depoimentos de pessoas que optaram por doar os órgãos de entes faleci dos, veiculados em cartazes, folders e redes sociais, a campanha procura sensibili zar as famílias, esclarecer as principais dúvidas e quebrar
paradigmas da doação de órgãos. Para Bruna Caroline, 19 anos, doadora de órgãos, a ação é assertiva e provoca esse diálogo. “O projeto é excelente e induz as pessoas a falarem sobre o assunto. Essa é uma conversa que deve acontecer na mesa de jantar ou na volta à casa de forma descontraída”, comenta.
De acordo com a estatística da CET/PR, o rim é o órgão com a maior demanda de receptores, com mais de 1,6 mil pacientes em espera. Ione Santos, 44 anos, assistente administrativa, doou um rim ao seu marido que sofre de doença renal terminal. “Que ria ter mais rins para poder ajudar tantos que conheci a ter esta mesma oportunida de”, destacou Ione que teve como principal motivação da doação o amor e a vontade de ver seu marido ter uma quali dade de vida maior.
A negativa familiar é responsável por 26% dos empe cilhos para a doação de órgãos no Paraná
Pela primeira vez nos últimos quatro anos, o número de doa ções de órgãos apresentou uma queda no Estado e o principal motivo desse decréscimo é a negativa familiar, precedida do PCR (exame de compatibilidade).
Outros Recusa
03 Curitiba, 09 de Outubro de 2014
Fonte: Secretaria de Saúde do Paraná
158 Total 389 129 102 Doação
Economia
A tendência dos studios residenciais
Entenda como este em preendimento, mesmo com a acomodação do mercado imobiliário, tem surpreendido investido res e os curitibanos de modo geral
Maxinie Cretella
N os últimos anos, um tipo de investimento imobiliário tem se destacado em Curitiba: são os chama dos studios, apartamentos compactos, com apenas um dormitório e área de até 40m².
Segundo a Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi/PR), entre os anos de 2009 e 2013, este tipo de empreendimento cresceu 11%, passando de 507 para 965 unidades.
A princípio, criou-se uma grande expectativa em cima deste produto, devido a uma demanda reprimida por imó veis desse tipo em Curitiba, o que aumentou o número de
unidades lançadas na cidade. Contudo, hoje o mercado se estabilizou. “Essa demanda reprimida foi atendida e encontra-se estabilizada em relação à oferta. A previsão é de que os lançamentos e os valores desses imóveis avan cem num patamar de regula ridade”, explica o presidente da Ademi/PR, Gustavo Selig.
Para o sucesso desse investi mento, aposta-se em inova ção, revitalização e valoriza ção econômica de regiões da cidade. É o exemplo do resi dencial ‘Arts’, do grupo imo biliário Thá, localizado entre as ruas Riachuelo e Presidente Faria, no Centro. Uma região ligada à história, à cultura e às manifestações artísticas da
capital paranaense, dividindo terreno com um casarão do século XX que será restaurado pela incorporadora.
O corretor de imóveis da More Curitiba, Sérgio Gonçalves, destaca a importância de se pensar em imóveis compactos para um público jovem. Gon çalves esclarece que a maioria dos moradores são estudantes ou executivos que perma necem por pouco tempo na cidade, por isso a importância de se investir em uma estrutu ra atraente e em lazer.
No que diz respeito à revitali zação dos espaços, o corretor garante que a construção de prédios residenciais é uma boa oportunidade para a eco
Sorveterias expandem o mercado em Curitiba
Empresários investem no produto e criam táticas para atrair o consumidor
Montargil
M esmo carregando a fama de ser a capital mais fria do Brasil, novas sorve terias continuam surgindo em Curitiba, aumentando ainda mais as opções dos apreciadores da sobremesa. O mercado está se expandindo e os empresários apostam em produtos inovadores para atrair o consumidor.
Miriam Mazo, professora e coordenadora do curso de marketing da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), afirma que o principal fator do crescimento das sorveterias em Curitiba é atribuído ao posicionamento do produto, ou seja, a forma
como ele é vendido. “Uma coi sa é você ir em uma paleteria, outra coisa é você montar o sorvete na pedra do jeito que você quer, outra coisa é um buffet por quilo, outra coisa são os sorvetes artesanais, ou seja, mesmo que a base seja o sorvete, são produ tos diferentes, vendidos de formas diferentes”.
O consumidor tem a possibili dade de escolher dentro dessa variedade que o mercado dis ponibiliza. Phablo Henrique Gavilak, por exemplo, gosta mais dos sorvetes artesanais. “Eles são mais leves e o sabor é mais intenso, você sente o sabor da fruta mesmo”.
nomia local. “Os comerciantes devem aproveitar a constru ção de studios próximos para investir em seus estabeleci mentos, porque é um público certo e com grande potencial de compra, que também exige um ambiente melhor e uma melhor oferta de serviço e de produto”, afirma.
Os vendedores Khaled Fayssal e Zumarjo Silveira concor dam que a proximidade aos residenciais ajuda nas vendas. “Tenho muitos clientes que moram nestes prédios”, conta Silveira. Os comércios nos quais Fayssal e Silveira trabalham estão localizados na Avenida Sete de Setembro, onde há studios prontos e em construção.
nova segmentação do mercado dos sorvetes
As sorveterias estão localiza das na região central, em bair ros onde o poder aquisitivo das pessoas pessoas tende a ser maior, porém, não se pode afirmar que as empresas pro curam determinadas classes econômicas, alerta Miriam, lembrando que, por exemplo,
um vegetariano vai buscar o sorvete natural feito apenas com a fruta artesanalmente, independentemente do local onde ele seja vendido.
O preço para quem quer con sumir um gelato varia de R$ 7,00 a R$ 20,00.
04 Curitiba, 09 de Outubro de 2014
Gilmar
Gilmar Montargil
Gelatos,
Crise automobilística se mantém
Consumidor enfrenta dificuldade na aquisição de crédito para compra de veículos e vendas caem no primeiro semestre, desacelerando a produção
Felipa Pinheiro
A pesar do número de motoristas habilitados chegar a um milhão na capital paranaense, segundo dados do Departamento de Trânsi to do Paraná (Detran-PR), a Federação Nacional da Dis tribuição de Veículos Automo tores (Fenabrave) afirmou que a venda de veículos no Brasil caiu 17,2% em julho frente ao mesmo mês de 2013.
Dados da Fenabrave apontam 272.495 carros comercializa dos no mês de agosto, contra 294.778 em julho. De acordo com o gerente do grupo Renault de Curitiba, Amadeu Oliverio, as vendas dos anos de 2010, 2011 e 2012 foram bem mais aquecidas compara das com este ano e 2013.
No Paraná, mesmo com um crescimento de 33% dos con
dutores autorizados em cinco anos, as pessoas enfrentam dificuldades em comprar veículos, fato que também acontece no restante do país. Isso ocorre devido à seletivi dade dos bancos em aprovar financiamentos e ao baixo nível de investimento feito
ascensão dos brasileiros no consumo, viabilizado pelo cré dito dos dois últimos anos”.
O Anuário da Indústria Auto mobilística Brasileira mostra que as exportações de veículos nacionais também estão em queda, registrando em agosto
da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Auto motores (Anfavea).
O setor vem crescendo a cada dia, beneficiando muitas pessoas em Curi tiba e região
Loraine Mendes
Mesmo com a economia brasileira indo de mal a pior, como mostram os indicadores e a constante revisão para baixo do Produto Interno Bruto (PIB), jovens curitibanos aproveitam os tempos árduos para gerar dinheiro de seu próprio bolso. E é também, por meio desses anônimos, que se constrói a economia criativa, que tem por objetivo a criação ou melhoria de bens de consu mo, por meio de inovação e criatividade. De acordo com Fernando Antonio Prado Gimenez, professor da Escola de Negócios da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a economia criativa já acon tece desde os primórdios da história da humanidade, mas
A crise automobilística pode gerar cenário de desemprego
pelas empresas diante da si tuação econômica atual, com o pequeno crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
A pequena demanda no mer cado interno automobilístico, segundo o economista Rober to Caldeira, decorre também do “alto nível de inadimplên cia, proveniente da rápida
”
31.651 unidades, 50,6% menos na comparação com o mesmo mês de 2013 e 7,5% abaixo dos números de julho deste ano.
O Brasil produziu em agosto 265.910 veículos automotores, o que representa uma dimi nuição de 22,4% em compara ção com o mesmo período do ano passado, segundo dados
Para Caldeira, a crise auto mobilística pode gerar um cenário de desemprego, já que a queda nas vendas e nas exportações provocou parada nas linhas de montagem e interrupções de contratos de empregados. No entanto, de acordo com o economista, tradicionalmente no segun do semestre as empresas automobilísticas tendem a obter um crescimento nas vendas, o que pode amenizar o resultado negativo neste ano. “A curto prazo, a forma mais eficaz seria o incentivo ao financiamento e a am pliação dos benefícios para a troca do carro usado por um novo”, afirma.
Economia criativa ganha espaço
essa denominação veio à tona no final da década de 1990. “A economia criativa para mim é um novo nome que é dado a atividades que já existem na humanidade há muito tempo. É uma parte da economia, das atividades humanas, que lida com conhecimento, inovação e com criatividade tentando gerar produtos que atendam a diferentes necessi dades de diferentes naturezas da humanidade”.
Gimenez explica que a única exigência para ser uma economia criativa é que haja retorno dos gastos gerando algum lucro. “Não tem como dizer que tem uma lucrati vidade mínima. Existe a ne cessidade de ser viável, que a
atividade permita nessa troca comercial, que se recuperem os gastos. Como a feirinha do Largo da Ordem, que existe há muito mais tempo antes do pessoal começar a usar o termo economia criativa”.
Mariana Benevides, estudante de jornalismo da Pontifícia Universidade Católica do Pa raná (PUCPR), é um exemplo de jovens que estão investindo nesse setor e diz que começou por influência do que viu em redes sociais como o Tumblr. “Comecei em 2011, me inspirei com algumas foto-colagens que eu via no Tumblr. Mas para eu mostrar para alguém as minhas coisas só no come ço desse ano, eu tinha muita vergonha”, comenta a estu
dante, que atualmente expõe seus trabalhos em eventos de artesanato.
Já a estudante de artes visuais da UFPR, Naira Akel de Pauli, se interessava por artes desde criança. A jovem conta que na primeira exibição na qual foi convidada foi o suficiente para ter ideia de como o mer cado funciona. “Foi legal a ex periência e acabei descobrin do muito sobre como começar a vender os trabalhos. Percebi, por exemplo, que a maioria das pessoas prefere comprar impressões ou cartões postais do que as próprias obras. Acho legal que as pessoas que gostam do meu trabalho possam ter ele”.
05 Curitiba, 09 de Outubro de 2014 Economia
“
Política
Mesários Voluntários
Possibilidade de transformar horas trabalhadas na função em atividades extracurriculares motiva os estudantes
Cecília Tümler
De acordo com dados do Tribunal Regional Elei toral do Paraná (TRE-PR), das eleições do ano de 2012 para cá, o número de mesários que se voluntariaram para tal função aumentou em 70%.
Segundo Marden Machado, coordenador de comunicação do TRE, este crescimento tem como principal razão a possi bilidade do mesário apresen tar as horas trabalhadas no dia da eleição como atividades extracurriculares na faculda de. De acordo com o coorde nador, gerou-se um interesse maior pelo trabalho por parte dos graduandos. Junto com os aposentados, eles compõem mais de 50% do número total de voluntários.
A oportunidade de transferir o exercício da função de me
sário para horas complemen tares universitárias surgiu há 10 anos, quando professores de Direito da Pontifícia Uni versidade Católica do Paraná (PUCPR) propuseram uma parceria entre a universida de e o TRE. Isto fez com que graduandos se tornassem o maior grupo dentro de voluntários a trabalharem na sessão eleitoral.
Do ponto de vista do volun tário, os benefícios podem ir além das horas complemen tares adquiridas, como conta o estudante de engenharia eletrôncia, Diego Teixeira, 23 anos. “Na primeira vez que fui mesário, me voluntariei para cumprir horas de ativi dades da universidade, mas na segunda vez foi por uma questão de cidadania”. O estu dante de direito Januncio Me
deiros Neto, 53 anos, também decidiu oferecer-se para ser mesário a fim de reforçar o exercício da cidadania, mas vê outras vantagens além desta. “A participação como mesário dá ao trabalhador o direito
de folgar dois dias úteis para cada dia trabalhado. Além dis so, alguns concursos públicos do setor judiciário utilizam o trabalho de mesário como cri tério de desempate”, explica.
A luta das mulheres na política
20 anos depois da cria ção da lei que estabelece que 30% da chapa de um partido seja femi nina, mulheres ainda enfrentam dificulda des dentro e fora das legendas partidárias
Isabella Eger
Há 20 anos, foi criada uma lei eleitoral com o objeti vo de reduzir a desigualdade de participação entre homens e mulheres no cenário político. A lei impõe que os partidos reservem uma cota mínima de 30% de suas candidaturas para mulheres, porém, na
prática este número tende a ser inferior à porcentagem estabelecida e mesmo dentre as que se candidatam, o per centual das que conseguem se eleger é baixo.
O cientista político Emerson Cervi aponta que a principal
Isabella Eger
dificuldade das candidatas é transformar seu capital social em capital eleitoral. Aquelas que são eleitas costumam pertencer a uma família que possui um lugar dentro da política. “Quem tem voto hoje ou é filha ou esposa de políti co, que portanto transfere o capital político dele para ela”. Cervi lembra ainda que as candidatas que participam de movimentos sociais também tendem a ser eleitas.
Ainda que a lei busque incen tivar a participação direta de mulheres na política, a filia ção destas, muitas vezes serve para que o partido atinja a cota de capital eleitoral. “Você tem 30% de mulheres na lista, mas essas mulheres aparecem 10% do tempo no horário elei
toral, e isso é decisão do par tido”, afirma Amanda Paes, 19 anos, universitária e inte grante de um partido político, em Curitiba. A estudante diz ainda que a exigência de cotas para mulheres faz com que as legendas limitem o número de candidaturas masculinas. “Muitos partidos perdem bons candidatos (homens) que poderiam ser eleitos, só para cumprir a chapa colocan do mulheres que não querem ser eleitas”. Amanda ressalta que após a conquista do voto feminino, a mulher continuou por muitos anos a ser vista, apenas como primeira dama. “Agora a mulher está tendo uma visibilidade muito boa. A cada eleição vemos que mais mulheres estão sendo eleitas”.
06 Curitiba, 09 de Outubro de 2014
Completou-se 82 anos desde a conquista do voto feminino no Brasil
Marden Machado, coordenador de comunicação do TRE-PR
Cecília Tümler
Vale tudo na eleição
Candidatos apelam a apelidos pitorescos para serem lembrados na hora do voto
Ariele Hosseini
A campanha eleitoral no Paraná chegou ao fim e, como sempre ocorre nos pleitos, não faltaram candi datos com nomes pitorescos como Obama de Colombo, Cazuza, Mestre Drácula, Clark Crente, Tigrão e Baratinha. Esses apelidos são permitidos pela lei eleitoral desde que o nome não tenha ou remeta a um palavrão - caso contrário, o candidato é convidado pelo juiz a trocar de nome.
Como conta o coordenador de comunicação social do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Marden Machado, todo candidato tem o nome oficial e também o nome de urna, que normalmente é
utilizado na campanha. O nome mais conhecido é o que está relacionado ao trabalho do candidato.
De acordo com a psicóloga Iolanda de Assis Galvão, os apelidos podem ser entendi dos como deboche ao eleitor, já que se trata de uma eleição pela qual serão escolhidos representantes dos estados, que criarão e aprovarão leis. “O cenário político atual do país tem provocado num grande número de eleitores um sentimento de desespe rança, e isso pode contribuir para que no dia do voto estes eleitores reajam sob a influên cia de um fenômeno chamado contratransferência e votem
aleatoriamente e ‘por que não naquele nome mais bizarro, estranho ou engraçado?’. Um nome comum, dificilmente a memória irá reter”.
O professor e cientista político Mazimo Della Justina explica que é mais vantajoso para um candidato a vereador se utilizar desses apelidos, por disputar votos em uma cida de. “Num país onde você tem vários Pedros, Joãos, Marias e outros nomes para deco rar, esses apelidos facilitam a memorização na hora do voto”, ressalta.
O que a lei diz Código Eleitoral
O candidato à elei ção indica seu nome completo e as variações com que deseja ser registrado. Qualquer opção é válida, desde que não se estabeleça dúvida quanto à sua identidade, não atente contra o pudor e não seja ridículo.
Candibook auxilia eleitores
Portal entrevistou aproxi madamente 700 candidatos nesta eleição
Gabriel Campos
Os candidatos ganharam mais um aliado nas cam panhas eleitorais. Trata-se do Candibook. O portal foi de senvolvido com o objetivo de dar mais tempo para apresen tação de propostas, fazer per guntas normalmente não fei tas e integrar cada vez mais os eleitores aos debates políticos. Apesar de ter sido criado nas eleições de 2010, o site ganhou maior popularidade neste ano – das 50 pessoas entrevistadas pela reportagem do Comu nicare, 38 o conheceram em 2014. Desse mesmo número, o índice de aprovação por parte dos entrevistados foi de 100%. Taiana Bubniak é repórter da Gazeta do Povo e trabalha com o Candibook desde sua primeira edição. Para ela, o uso da internet para fins elei torais vem crescendo desde 1996, quando um candidato a prefeito de uma cidade dos Estados Unidos usou uma
lista de e-mails para pedir doações para a campanha. “Desde lá, o uso da internet e redes sociais aumentou ex ponencialmente. Então, cada vez mais as pessoas usam as ferramentas online para bus car informação, assim como
de Diagrama de Nolan, é o destaque. Desenvolvido pelo cientista político norte-ameri cano David Nolan, a avaliação é composta por uma série de 10 perguntas sobre economia e sociedade. A partir da aná lise das respostas, o progra
O uso da internet e redes sociais aumentou exponencialmente
os candidatos também se pre ocupam com a presença que têm nestes espaços”, concluiu. São várias as ferramentas dis ponibilizadas no portal. Nele, pode-se entender como os deputados são eleitos e o que faz cada cargo, por exemplo. Contudo, o teste de posicio namento político, intitulado
ma posiciona o pensamento político do participante. O resultado é dividido em cinco grupos: esquerda, direita, centro, libertário e estadista.
Entretanto, os vídeos de entrevistas com os candidatos disponibilizados no portal criaram divergências. De
acordo com Renan Araújo, jornalista que trabalha com o Candibook, muitos candi datos reclamaram do tempo, alegando ser pouco para a exposição de ideias. Por outro lado, alguns candidatos acha ram o tempo de dois minutos muito para falar. Apesar dessas discordâncias, Araújo reforçou a utilidade dessa fer ramenta. “Há candidatos com cerca de 200 mil curtidas no facebook, então a página pode ser esclarecedora e útil para essas pessoas”, finalizou.
Apesar da aprovação por parte dos eleitores, algumas ausên cias foram contabilizadas. Sem recursos para viagem, o portal acabou não tendo a presença de alguns políticos do interior. Houve também aqueles que não entenderam a proposta ou não gostam de falar para as câmeras.
07 Curitiba, 09 de Outubro de 2014
Polícia
“
”
Política Iniciativa Papo Plural
Por iniciativa da PUCPR, alunos se juntaram com representantes jovens de partidos para discutir sobre política
Marcus V. Campos
Na noite de 24 de se tembro foi realizado na Pontifícia Universade Católica do Paraná (PUCPR), a primeira edição do Papo Plural – Vida Universitária. Estavam presentes líderes das juventudes dos partidos que discutiram, principalmente, a participação dos jovens na vida política. Em tempo real, o evento foi acompanhado por interessados no assunto pelo Twitter, “Sala de Notí cias”, dirigido pelos alunos de jornalismo da PUCPR.
O mediador do evento foi o professor e diretor de gradua ção da PUCPR Jelson Oliveira, e os jovens convidados para o debate foram, Ricardo Ducci (PSB), Edson Lau (PSDB), Carlos Emar (PT), Char luan Gamballe (PV), Fhelipe Cavalheiro (PSC) e Clarissa Viana (PSOL).
O bate-papo durou cerca de duas horas e quinze minutos, e teve início com o professor fazendo as apresentações preliminares. “Nesse mundo em que vivemos nós temos que repensar o modo como a política é feita”, disse Oliveira. O professor ainda criticou as instituições políticas, quan do remeteu a elas os moti vos pelos quais os jovens se veem apáticos em relação a assuntos políticos.
Charluan Gamballe (PV) afir mou que todo jovem precisa ter um representante político que defenda seus interesses. “Não é bem um problema apenas da juventude, mas no caso dos mais jovens é que na verdade sente-se uma falta de representatividade”. Segundo o militante do PV falta um canal de diálogo permanen te com a juventude, que é dividida em vários grupos, mas que todos eles enfrentam
os mesmos tipos de proble mas, como toda sociedade. Grambelle ainda defendeu as manifestações realizadas no ano passado e fala que aquele foi um exemplo de união para mostrar a força dessa popula ção mais nova.
Sobre a dificuldade em se dis cutir política, Carlos Emar (PT) diz não saber onde está acer tando ou errando, e afirmou que a sociedade está passando por uma crise de informação ou como ele chamou uma crise de “desinformação”. “Vivemos em uma sociedade pautada pela mídia, onde o debate é muito escasso, precisamos ouvir mais a juventude para saber onde estamos nos equi vocando”, atesta Emar.
Edson Lau (PSDB) traçou um parâmetro entre os jovens de hoje e os jovens brasileiros do passado. Ele acredita que a força dos que participaram das manifestações de 2013 estava presente quando foi preciso lutar contra a ditadura militar. “Precisamos rever nossos conceitos, como professores, entidades, igrejas, nós temos que expandir nossos pensa mentos e posicionamentos”, considera Lau. Ele falou sobre a atuação de igrejas que reviram seus conceitos, e fez compa ração com o que deve ser feito pelo Estado.
A participação das mulheres na política é algo defendido com garra pela representante do PSOL, Clarissa Viana. Segundo ela, as mulheres lutaram muito para conseguir avançar e terem seus espaços na política, mas isso é uma batalha constante. “Quando temos mulheres nos espaços públicos, a primeira coisa que as pessoas reparam não são suas propostas políticas, mas sim buscam sempre reparar
em sua aparência física”, lamentou Clarissa.
Ricardo Ducci (PSB) reiterou a importância do jovem para a política. Ele falou sobre as di ferenças defendidas por cada partido e acredita que cada um deve se atentar às propostas, ver com quais ideias se iden tificam e escolher um repre sentante que cuide de seus interesses. “A maior importân cia dos partidos é lutar pelo in teresse dos jovens, temos que perder a visão de que politica é uma coisa errada, precisamos trabalhar juntos com mesmos ideais”, conclui Ducci.
Fechando a primeira parte dos diálogos, Fhelipe Cavalheiro (PSC) afirmou que há muita dificuldade de se falar de política com os jovens por que muitos enxergam que na política existe apenas o lado sujo. “Quando os jovens são questionados a respeito de políticos, todos respondem que são ladrões, é preciso mudar essa forma de visão da política e se juntar pensando apenas no bem da população. Se alguém quer mudança tem que se envolver com o caso”, diz Cavalheiro.
Na segunda parte do batepapo, foi reservado um espaço para a plateia fazer perguntas aos representantes partidá rios, e então surgiram assun tos polêmicos como o posicio namento da crença religiosa na política, a legislação da maconha no Brasil, a política hereditária e cotas em institui ções de ensino superior.
Sobre política hereditária, Ducci afirmou que “quem tem vontade de mudar o país, seja filho de político ou não, tem que participar”. A cota de ensi no foi defendida por Gamballe, que relembrou fatos históricos do período Brasil – Colônia, para que hoje esse projeto seja assegurado para pessoas negras. Cavalheiro concluiu dizendo não acreditar que exista, hoje, políticos capa zes de discutir a legalização da maconha.
Nas considerações finais, todos agradeceram a oportunida de de participar do evento e avaliaram como de extrema importância para a evolução da política, outras oportunidades de conversa sadia sobre temas que afetam a vida de todos.
08 Curitiba, 09 de Outubro de 2014
Caroline Ribeiro
Charluan Gamballe (PV), Ricardo Ducci (PSB), Professor Jelson Oliveira, Clarissa Viana (PSOL), Fhelipe Cavalheiro (PSC), Carlos Emar (PT)
Policia
Tecnologia contra o crime
Apesar de não estar presente em toda Curi tiba, o sistema de mo nitoramento por vídeo vem sendo cada vez mais eficaz em investigações
Gabriel Rocha e Victoria Grassi Bonamigo
No dia 05 de agosto deste ano, o jovem Kelvin Grie ger foi morto a tiros na hora do almoço na Avenida Sete de Setembro, Água Verde, nas proximidades da Praça do Japão. A equipe de perícia da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) coletou informações para se rem usadas na investigação e a Polícia Militar falou com tes temunhas. Entretanto, houve outro aliado na resolução do caso: as câmeras de segurança da Prefeitura de Curitiba e prédios da redondeza.
O Delegado Toledo, respon sável pelo 2° Distrito Policial de Curitiba, explica que o sistema de monitoramento por vídeo é utilizado desde
2000, mas ainda demorará para abranger toda a cidade. “É um projeto muito com plexo, o monitoramento está engatinhando”.
O delegado também ressalta a falta de infraestrutura que
atinge a região metropolitana da capital, mas enfatiza que o trabalho das polícias civis e militares e o uso da tecnologia faz com que as resoluções dos crimes aumentem. Segundo a assessoria de imprensa da Se cretaria de Segurança Pública
do Paraná (SESP), houve uma redução de 11% no número de assassinatos em Curitiba, entre os anos de 2012 e 2013, e 19% na região metropolitana
Entretanto, o delegado afirma que o monitoramento em ví deo pode ajudar na resolução dos crimes, mas não diminui sua ocorrência. “Tudo é uma questão de base familiar”.
Enquanto as câmeras de segu rança não se espalham, Toledo diz que a polícia continuará usando imagens particula res e completa, “a segurança pública é um dever do Estado, mas direito e responsabilida de de todos”.
Reforço na Segurança Pública
Lei aprovada em agosto tem como objetivo escla recer os direitos e deve res da Guarda Municipal e sua atuação perante à sociedade
Caroline Ribeiro
Conforme lei aprovada e pu blicada no Diário Oficial da União, no mês de agosto, foi autorizado o porte de arma de fogo para os guardas municipais de todo o Brasil. No Paraná, 60% das equipes já fazem uso do novo material de trabalho e junto com essa condição, aumentaram as res ponsabilidades, pois a partir de então o guarda passa a ter deveres e poder de polícia.
Vek Brebianqui, 40 anos, é guarda municipal em Curitiba, e já está adaptado à esta nova tarefa de não somen te proteger os prédios públicos, mas sim ajudar na proteção das pessoas. Ele atribui esse novo encargo como evolução, porque para um país que é carente em segurança, a maior quantidade de fiscalização con tribui a favor da população.
“Acredito que com a distribui ção de tarefas para a Guarda Municipal e maior poder de ação, sobrará mais tempo para se dedicar à segurança não só das zonas centrais, mas sim da cidade como um todo”, relatou a estudante de direto Valkiria Ribeiro, 24 anos.
O inspetor responsável pela
Guarda Municipal (GM) de Curitiba, José Carlos Felipus Costa, explicou que a Lei Federal 13.022/14, veio apenas para regulamentar o parágra fo oitavo, do artigo 144, da Constituição Federal que já existia desde 1988. “Em mu nicípios como Curitiba, já era obrigatório o uso de armas de fogo para os guardas, e todos recebem treinamentos
constantes de como lidar com esse material na sociedade”, conclui Costa.
O inspetor afirma que a GM está integrada com outras forças de segurança pública, cada instituição policial tem suas próprias atribuições, e a guarda pode exercer suas ta refas com ação independente.
09 Curitiba, 09 de Outubro de 2014
Gabriel Rocha
Funcionário da GM monitora a situação da cidade por vídeo
Marcus V. Campos
Guarda Municipal agora ganha novas atribuições de segurança pública
Política
Richa confirma favoritismo e vence no primeiro turno
O candidato do PSDB vence disputa ao governo, deixando para trás Requião e Gleisi
Ana Carolina de Souza Guilherme Zuntini Karen Loayza
Ogovernador Beto Richa (PSDB) foi reeleito no primeiro turno na eleição re alizada no dia 05 de outubro, com 55,67% dos votos válidos, totalizando 3.301.322. Em se gundo lugar ficou o candidato Roberto Requião (PMDB), que obteve 27,56%, somando 1.634.316. Já a candidata Gleisi Hoffmann (PT) contabilizou 14,87%, com 881.857. Os de mais candidatos juntos obti veram 1,90%. Os votos brancos e nulos somados chegaram a
9,28%, atingindo 606.254 votos
Após receber a confirmação da vitória, Richa se dirigiu ao Tribunal Regional Eleito ral (TRE) onde comemorou com seus correligionários e familiares, mas deixou claro que a disputa ainda não terminou, pois vai trabalhar para que o candidato tucano à presidência da República, Aécio Neves, vença o segun do turno contra a presidente Dilma Rousseff (PT)
“Muitos não apostaram que eu venceria em primeiro tur no, porém fica claro que mais uma vez os eleitores não acei tam dissimulação, promessas enganosas e números fanta siosos. Se ilude quem acredita que vai enganar a população. Eu sempre faço um governo próximo das pessoas e essa é minha maneira de trabalhar”, comentou o tucano.
Ao ser questionado sobre a forma como a campanha
foi conduzida, mesmo sem citar nomes, o governador alfinetou o senador Requião. “Eu já esperava um bombar deio por parte do adversário, até porque quando soube do candidato que estaria na dis puta, tinha a certeza de que ele manteria o perfil de todas as campanhas que participa, sendo extremamente agres sivo, com muitas armações, estelionato eleitoral e falsas promessas. A gente tem o compromisso com a ver
10 Curitiba, 09 de Outubro de 2014
Karen Loyaza
Beto, ao lado da primeira-dama Fernanda Richa e da vice-governadora eleita, Cida Borghetti
Votos para governador
O atual governador
Beto Richa (PSDB) obteve 55,67% dos votos válidos, contra 27,56% do candida to Roberto Requião (PMDB) e 14,87% da candidata Gleisi Hoffmann (PT)
Eu sempre faço um governo próximo das pessoas e essa é minha maneira de trabalhar, comentou o tucano”
dade, um compromisso de respeito aos paranaenses, aos eleitores”.
Após a confirmação da derro ta, os dois principais adver sários de Richa agradeceram os votos obtidos. Por meio do Facebook, Requião disse que voltará para o Senado “para continuar trabalhando pelo Paraná e pelos paranaenses”. Gleisi, por sua vez, lamentou a restrição dos meios de co municação à participação dos candidatos em mais debates. “Isso não deu à população do Paraná a possibilidade de expor as ideias dos candidatos
em um contraponto. Após o debate que tivemos na RPC, eu saí nas ruas e muitas pes soas vieram falar que queriam mais”.
Alvaro é reeleito
Alvaro Dias (PSDB) foi reelei to como senador pelo Paraná. O tucano chega ao seu quarto mandato no Senado, sendo o terceiro consecutivo, atingin do 77% dos votos válidos, com 4.101.848.
Ricardo Gomyde (PC do B) fi cou com 12,51%, com 666.438 e Marcelo Almeida. Dias obteve 8,73%, totalizando 465.263. Se permanecer até o fim de seu
mandato, em 2022, entrará para a história do Estado, sen do o primeiro senador com 32 anos no cargo.
Sujeira nas ruas
A sujeira causada pelos san tinhos e folhetos eleitorais chamou a atenção da popula ção, que protestou na frente dos colégios eleitorais, além de manifestações através das redes sociais.
Aproximadamente 500 garis trabalharam nos três turnos, limpando as ruas e retirando grande parte da poluição, porém, ainda houve acidentes
devido ao excesso de papéis. Uma idosa acabou desmaian do após escorregar em santi nhos espalhados nas proxi midades do Colégio Estadual Leôncio Correia, no Bacache ri. Ela estava chegando ao local quando ocorreu o deslize e foi rapidamente atendida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Biometria
O sistema de votação biomé trica apresentou problemas. Houve filas de até 50 minutos para a votação, e em muitos
Política
11 Curitiba, 09 de Outubro de 2014
“
Requião Gleisi 3.301.322 votos 1.634.316 votos 881.857 votos
Beto Richa
Política
Minha digital foi reconhecida apenas na terceira tentativa. A mudança é válida e gosto de exercer minha cidadania, mas assim demora muito
locais, eleitores esgotaram o número máximo de tentativas para a identificação das digi tais, que são oito.
“Minha digital foi reconhecida apenas na terceira tentativa.
A mudança é válida e gosto de exercer minha cidadania, mas assim demora muito. Antes era mais rápido, algo precisa mudar”, diz Regina Prado, 65 anos, que votou no Colégio Decisivo, no Cristo Rei.
O presidente do TRE, de sembargador Edson Luiz Vidal Pinto, disse que a eleição transcorreu de forma tranquila, mas admitiu problemas com a biome tria. “Realmente fui votar e fui surpreendido porque não funcionou”. Por fim, o desembargador ressaltou a velocidade na divulgação dos resultados. “Não esperava que fosse rápido, mas sim seguro”. Segundo o TRE, 27 urnas apresentaram proble mas em Curitiba.
Boca de urna
Segundo a Polícia Militar, 40 pessoas foram presas por crimes eleitorais no Paraná, sendo uma em Curitiba. Além das prisões, foram re gistrados 94 Termos Circuns tanciados, 39 orientações no local e 89 denúncias não confirmadas.
Selfies causam polêmica
Mesmo com a proibição de ti rar fotos no momento do voto, muitos eleitores e até mesmo alguns candidatos utilizaram seus celulares para registrar seus votos, inclusive postando as fotos nas redes sociais.
A prática é proibida pela legislação eleitoral. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), quem desrespeita a norma do sigilo do voto está sujeito a pena de até dois anos de detenção.
Assembleia e Câmara
O pleito do último domingo também confirmou quais são os 54 deputados estaduais e 31 federais eleitos pelo Paraná. Entre os campeões de votos estão Ratinho Jr, que obteve 300.928 votos para deputado estadual e Christiane Yared, que somou 200.144 votos para federal.
Entre os novatos do Legisla tivo paranaense está Felipe Francischini, filho do tam bém eleito deputado federal Delegado Francischini. Felipe disse que a vitória é uma grande responsabilidade, principalmente pelo sobreno me e acrescentou também que irá propor o passe livre para os estudantes.
12 Curitiba, 09 de Outubro de 2014
“
”
Guilherme Zuntini
Domingo de eleição amanheceu com a cidade suja de santinhos de candidatos
Quem foi eleito
Política
PPL
Marcio Pacheco 24.855 votos (eleito)
PV
Rasca Rodrigues 23.815 votos (reeleito)
Estaduais
PSC
Ratinho Jr
300.928 votos (eleito)
Paranhos 69.684 votos (eleito)
Guto Silva 45.313 votos (reeleito)
Marcio Nunes 45.105 votos (eleito)
Palozi 39.364 votos (eleito)
Gilson de Souza 34.470 votos (reeleito)
Claudia Pereira 29.379 votos (eleita)
Cobra Repórter 29.097 votos (eleito)
Hussein Bakri 26.682 votos (eleito)
Wilmar Reichembach 25.452 votos (eleito)
Alexandre Guimarães 24.357 votos (eleito)
Missionário Ricardo Arruda 23.592 votos (eleito)
PMDB
Alexandre Curi 114.797 votos (reeleito)
Artagão Jr 78.594 votos (reeleito)
Luiz Claudio Romanelli 60.298 votos (reeleito)
Requião Filho 50.167 votos (eleito)
Anibelli Neto 49.349 votos (reeleito)
Nereu Moura 48.735 votos (reeleito)
Ademir Bier 45.699 votos (reeleito)
Jonas Guimarães 40.139 votos (reeleito)
PSDB
Ademar Traiano 69.740 votos (reeleito)
Evandro Jr 64.467 votos (reeleito)
Paulo Litro 60.918 votos (reeleito)
Bernardo Ribas Carli 55.481 votos (reeleito)
Francisco Bührer 50.757 votos (reeleito)
Mauro Moraes 49.925 votos (reeleito)
Cantora Mara Lima 43.549 votos (reeleita)
DEM Plauto Miró 63.959 votos (reeleito)
Pedro Lupion 63.580 votos (reeleito)
Elio Rusch 54.993 votos (reeleito)
Nelson Justus 43.446 votos (reeleito)
PDT
Marcio Pauliki 62.762 votos (reeleito)
Nelson Luersen 37.316 votos (reeleito)
André Bueno 36.506 votos (reeleito)
Fernando Scanava 35.905 votos (reeleito)
PSD
Ney Leprevost 71.470 votos (reeleito)
Chico Brasileiro 50.930 votos (eleito)
Luiz Carlos Martins 40.368 votos (reeleito)
PT
Confira os nomes dos 54 deputados estaduais eleitos e dos 30 deputados federais Deputados
Professor Lemos 42.374 votos (reeleito)
Tadeu Veneri 42.206 votos (reeleito)
Péricles de Mello 40.966 votos (reeleito)
PSB
Tiago Amaral 86.390 votos (eleito)
Gilberto Ribeiro 76.110 votos (reeleito)
PP Schiavinato 61.507 votos (eleito)
Maria Victoria 44.870 votos (eleito)
PPS
Douglas Fabricio 54.518 votos (reeleito)
Tercilio Turini 47.023 votos (reeleito)
PMN
Dr. Batista 62.707 votos (reeleito)
PRB
Pastor Edson Praczyk 47.797 votos (reeleito)
PSL
Adelino Ribeiro 42.924 votos (reeleito)
SD
Felipe Francischini 35.842 votos (eleito)
PTB
Tião Medeiros 31.875 votos (eleito)
Deputados Federais
PMDB
João Arruda 176.370 votos (reeleito)
Hermes Frangão Par cianello 150.213 votos (reeleito)
Osmar Serraglio 117.048 votos (reeleito)
Sergio Souza 77.699 votos (eleito)
PT
Zeca Dirceu 155.583 votos (reelei to)
Enio Verri 107.508 votos (reeleito)
Assis do Couto 76.116 votos (reeleito)
Toninho Wandscheer 71.822 votos (eleito)
PP
Dilceu Sperafico 151.930 votos (reeleito)
Marcelo Belinati 137.817 votos (eleito)
Ricardo Barros 114.396 votos (eleito)
Nelson Meurer 106.478 votos (reeleito)
PSDB
Valdir Rossoni 177.324 votos (eleito)
Luiz Carlos Hauly 86.439 votos (reeleito)
Alfredo Kaefer 82.554 votos (reeleito)
PSC Takayama 162.952 votos (reeleito)
Edmar Arruda 85.155 votos (reeleito)
PR Giacobo 144.305 votos (reeleito)
Luiz Nishimori 106.852 votos (eleito)
PSB
Luciano Ducci 156.263 votos (eleito)
Leopoldo Meyer 59.974 votos (reeleito)
PPS
Sandro Alex 116.909 votos (reeleito)
Rubens Bueno 95.841 votos (reeleito)
PTN Chrstiane Yared 200.144 votos (eleita)
PTB Alex Canziani 187.475 votos (reeleito)
SD Delegado Francischini 159.569 votos (reeleito)
PSD
Evandro Roman 92.042 votos (eleito)
PC do B Aliel Machado 82.886 votos (eleito)
PV Leandre 81.181 votos (eleita)
PHS
Diego Garcia 61.063 votos (eleito)
13 Curitiba, 09 de Outubro de 2014
Justiça com as próprias mãos
Devido à ineficácia e de mora da polícia para chegar aos locais, o número de vítimas reagindo aos assaltos cresce cada vez mais
Ana Paula Rusycki
São muitas as reclamações quando o assunto é a demora policial para auxiliar às vítimas de assalto. Grande parte delas se refere ao tempo que se leva para os telefo nemas feitos pelas vítimas serem atendidos e as viaturas da Polícia Militar chegarem ao local. Devido a isso muitos comerciantes começaram a reagir a assaltos, em uma tentativa de fazer justiça com as próprias mãos.
Há cerca de dois meses, a loja de Manuela Tchaikovsky, localizada no Água Verde, foi assaltada, mas a arma branca usada para a sua defesa foi um celular. “Mandamos mensagem para um grupo no WhatsApp pedindo socorro. Em pouco tempo a polícia chegou”. A dona da loja conta que nunca pensou em atacar o ladrão, mas que sua primeira
reação foi esconder o celular e pedir socorro. “Fiquei sem reação a princípio, e depois me bateu um medo tremen do, pois lembrei que não guardamos dinheiro na loja. A maioria dos pagamentos é feita em cartão e o ladrão
agiram de maneira sutil, mas o último assalto foi o mais vio lento. “Fiquei uns 10 segundos olhando para ele e fiz tudo que ele pediu para eu não fa zer. Estava na esquina da casa da minha avó e saí correndo gritando”. Nicole conta que
Na lei
queria dinheiro, ou seja, ele poderia surtar a qualquer momento e eu não teria nada para entregar a ele”.
Ao contrário de Manuela, a estudante de jornalismo Nicole Savicius já reagiu aos três assaltos que sofreu. Em todos eles, os criminosos dirigiam uma bicicleta e
agiu por impulso e quando pensa sobre sua atitude hoje em dia, ela vê claramente quão errônea foi reagir aos assaltos. “No começo deste mês meu primo, que morava em Campinas, foi assaltado e acabou morto. O problema da violência está crítica demais, em todos os lugares”.
Desacato nas redes sociais
A sensação de falta de impunidade e anonimato são motivadores desses crimes
Ingrid Teles
No final do mês de agosto, a foto de uma jovem ao lado de uma pichação com os dizeres “PM bom é PM mor to”, publicada em uma rede social, trouxe à tona o debate sobre a liberdade de expres são, o crime de desacato e a sensação de impunidade na internet. Um perfil não oficial da Polícia Militar no Facebook divulgou fotos da garota com um papel nas mãos escrito “Eu amo a PM”, repercutindo opiniões diversas entre os usuários da rede.
O advogado Fernando Peres, especialista em direito digital, diferencia os dois tipos de infração. “O crime de desa cato é quando você destra
ta, ofende um funcionário público no exercício da função dele ou por algo que tenha relação com o exercício, já o crime contra a honra ultra passa o desacato e ofende a honra”, explica.
Sob o argumento de assegurar a liberdade de expressão ou baseando-se na falsa sensação de anonimato na rede, usu ários sentem-se estimulados a comentar sobre questões e acontecimentos pessoais que envolvem funcionários públi cos. “A liberdade de expressão
é permitida em todos os ca sos, só não posso ultrapassar o limite da ofensa à honra”, afirma o especialista em direi to digital, e complementa, “se eu ofendo a pessoa, aí estou cometendo um crime”.
É possível comprovar com facilidade a autoria e o teor da agressividade nestes casos, podendo responsabilizar não somente o autor da publica ção como todos os usuários que compartilharem. “Quan do compartilho, quando co loco como favorito, posso dar
Caso a vítima reaja a um as salto, ela poderá ser amparada pelo instituto da legítima defesa. Segundo o disposto no artigo 25 do Código Penal, “entende-se em legítima defe sa quem, usando moderada mente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem”. Assim, há uma autorização da lei para se pra ticar uma conduta que seria considerada crime em outras hipóteses. No entanto, tal ato de defesa deve ser proporcio nal à gravidade da ameaça ou da lesão, pois eventual excesso pode ser punível. A assessoria de imprensa da Polícia Militar foi procurada pela reportagem do Comuni care para falar sobre o assun to, mas não obteve resposta até o fechamento da edição.
uma nova publicidade para aquela questão, então eu não estou simplesmente infor mando as pessoas, em alguns momentos, além de dar nova publicidade eu assumo aquele comentário. Estou dizendo novamente, iniciando um novo crime”, alerta Peres.
Para os casos em que o autor da publicação é menor de idade, poderão ser aplicadas medidas sócio-educativas. A reportagem do Comunicare entrou em contato com o Núcleo de Combate aos Ciber Crimes (Nuciber), para falar sobre o assunto, mas não obteve resposta até o fecha mento da edição.
14 Curitiba, 09 de Outubro de 2014
Polícia
“Se eu ofendo a pessoa, aí estou cometendo um crime”
“
Mandamos mensagem para um grupo no WhatsApp pedindo socorro”
Arena completa 100 anos
Estádio do Atlético comemora centenário e se destaca como um dos mais modernos do Brasil
Caroline Ribeiro
O Estádio Joaquim Américo completou o centenário do seu primeiro jogo no dia 06 de setembro de 2014. Há 100 anos, a partida entre Internacional-PR x Flamen go deu início à história do estádio que hoje é considera do um dos mais modernos do Brasil.
Em 1914, a Baixada da Água Verde, o primeiro estádio do Paraná, foi inaugurado oficialmente. Sete anos após a morte de Joaquim Américo, presidente do clube Inter nacional-PR, houve a fusão entre o time e o América, e em 26 de março de 1924, o Clube Atlético Paranaense foi criado.
Quase 70 anos depois, inclu sive com um período no qual ficou fechado, o estádio foi reinagurado, em 1999. Para Roberto Monteiro, engenhei
ro ambiental e torcedor do Furacão, a reinauguração do estádio foi um dos momentos mais marcantes da história do clube. “Um dos momen tos mais emocionantes foi o da inauguração contra o Cerro Porteño, do Paraguai. Era a nossa volta para casa, tinha mais de 30 mil pesso as dentro da Baixada, um barulho ensurdecedor’’.
Em 2007, o Brasil foi esco lhido como sede da Copa do Mundo Fifa 2014 e a Baixada teve sua confirmação como estádio-sede oficializada em 2009, mas precisaria de reformas para se adequar ao padrão Fifa. Após a reforma, a Arena ficou com cara nova, deixou de lado o vermelho e preto da fachada e adotou o tom cinza, além de ter ampliado e concluído os anéis de arquibancadas e ganhou também uma nova cobertura.
Problemas no apito
Arbitragem brasileira enfrenta uma crise e é alvo de muitas polêmi cas em todos os jogos do Brasileirão
Rafael Bronze
A conteceu no dia 03 de setembro a segunda partida válida pelas oitavas de final da Copa do Brasil entre Flamengo e Coritiba. O jogo, que aconteceu no Maracanã, ficou marcado por reclamações do time paranaense em relação à arbitragem do ma to-grossense Wagner Reway, aspirante ao quadro da Fifa.
Este tipo de reclamação das equipes locais contra árbitros que apitam jogos contra times do Rio de Janeiro e São Paulo é bastante frequente.
“Nós vemos erros grotes cos e nada acontece com os árbitros. Eu não acredito que exista má fé por parte
Para o comentarista Fernan do Gomes, o futebol para naense vive momentos de redenção. “Mudou tudo. A ve lha Baixada ficou totalmente ultrapassada e com ajustes de teto retrátil, as lojas e a Areninha, será um marco histórico
na evolução do Estado. Não só o estádio, mas também o CT do Caju, centro de treinamen to do Atlético, que é outra referência. É a confirmação do ótimo nível em que nos encontramos”, comemora.
A Arena da Baixada foi inaugurada em 1914
O tema também é discutido entre os jogadores. “Nós não ficamos com receio dos erros da arbitragem. Tenho certeza
trabalho da melhor maneira possível”, disse Robinho, meia do Coritiba.
dos juízes, acho que os erros se devem à má preparação”, disse Sergio Bello, torcedor do Paraná e comentarista da rádio Banda B.
que eles não acontecem pro positadamente. Erros fazem parte dos jogos e nosso time entra sempre confiante que a arbitragem vai fazer seu
Para o presidente da comis são de arbitragem da Fede ração Paranaense de Futebol (FPF), Afonso de Oliveira, os supostos erros dos árbitros devem analisados. “Devemos lembrar que a arbitragem é composta por seres humanos, que se baseiam nas regras do jogo. As regras são interpreta tivas e o árbitro julga os lan ces segundo suas convicções pessoais”, disse o ex-árbitro.
15 Curitiba, 09 de Outubro de 2014 Esportes
Arquivo
“Enquanto a arbitragem não for profissionalizada, sempre acontecerão erros”
Paixão suburbana
Com sua torcida fiel e jogos disputados, a Suburbana de Curitiba é movida pelo amor ao esporte e à camisa
Louise Fiala Schmitt
Considerado como um dos melhores campeonatos de futebol amador do país, a Suburbana de Curitiba conta com 30 equipes, divididas entre as séries A e B, com 12 e 18 times em cada uma respec tivamente. Repleto de histórias que excedem os 90 minutos de cada partida e se estendem pela história de cada clube, equipes de diferentes bairros de Curitiba se enfrentam todos os anos em busca do título, superando cam pos esburacados e dificuldades financeiras. Longe do glamour que rodeia os principais clubes do país, a torcida fiel e a paixão pelo esporte são os principais combus tíveis desse campeonato.
Para o vice-presidente do Grêmio Ipiranga, time do Capão Raso, Carlos Moretto, 46 anos, os jogos já são parte da vida dos moradores. “Quando fomos desclassificados, as pessoas estavam tristes na rua, parecia até que era a seleção brasileira”, disse. Para os jogadores das categorias de base, Moretto enfatizou a importância da escola, pois um menor de idade só pode ser registrado se estiver matriculado no ensino regular. “Ele (atleta) deixa muita coisa de lado por causa do esporte, por isso esse trabalho é importante”.
O presidente do Ipiranga, Ivandel Silva, 60 anos, acredita
no esporte como formador de caráter. “Não adianta formar um jogador se você não formar um cidadão”. Segundo o pre sidente, a estrutura é mantida com ajuda de colaboradores e empresas que anunciam nos muros dos campos. Silva enfatiza que tudo vale a pena, mesmo com dificuldades. “Quem é apaixonado por isso aqui, corre qualquer tipo de risco. Cada tijolo daqui foi a gente que colocou”, afirmou.
O estudante de administração e jogador do Ipiranga, Kaio Moretto, 23 anos, acredita que o campeonato ainda é mal vis to por algumas pessoas, mas
Vôlei formando cidadãos
Projetos que usam o es porte como instrumento de transformação social são destaque em Curitiba
Lucas Nogas
C eleiro de grandes atletas, como Giba e Emanuel, o voleibol curitibano perdeu espaço no cenário nacional. Desde que o Rexona Vôlei migrou de Curitiba para o Rio de Janeiro, em 2004, a cidade nunca mais teve um time profissional na disputa da superliga nacional. Tentando resgatar o protagonismo, a capital paranaense investe pesado nas categorias de base.
Além dos tradicionais pro gramas de treinamento dos clubes Curitibano e Círculo Militar, outros dois projetos estão obtendo sucesso na formação de novos atletas. Com o foco em jovens carentes, o Núcleo de Iniciação ao Volei bol (NIV) e o “Leões do Vôlei” têm o objetivo de utilizar o esporte como instrumento de transformação social.
Iniciado em 1997, no ginásio do Tarumã, o NIV surgiu da parceria entre o então técnico
do Rexona, Bernardinho Resende, e a empresa patroci nadora do time - Unilever. De lá pra cá, o projeto se consolidou e se estendeu a diversas cidades do Brasil, atendendo milhares de crianças de nove a 17 anos.
Segundo o professor de Edu cação Física do NIV, Alexan dre Vieira, as aulas vão além da prática dos fundamentos técnicos do vôlei. “Tentamos incorporar nos ensinamentos valores básicos como coo peração, responsabilidade,
respeito e autonomia”, afirma o professor, que integra o projeto há 16 anos.
Já o “Leões do Volêi”, mantido pela Prefeitura de Curitiba, tem uma dinâmica diferente. Ele ensina o esporte exclu sivamente para crianças de escolas municipais e tem como padrinhos os medalhis tas olímpicos, Giba e Ema nuel. Ambos iniciaram suas carreiras em Curitiba.
Na década de 1990, Giba des pontou no Círculo Militar, en
que há respeito entre os joga dores. “É um cenário parecido com o futebol profissional, porém sem tanta notoriedade, e sem salários astronômicos também”, encerrou.
Sobre os casos de violência que ocorrem, o gerente de compe tições da Federação Paranaen se de Futebol (FPF), Gilsioney Marques, declarou que há a análise da procuradoria do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) nesss casos. A segurança é contratada pelo clube man dante da partida, que é punido caso não faça a solicitação com antecedência.
quanto Emanuel se destacou no Clube Curitibano. Hoje, os dois acumulam títulos mun diais e são exemplos para as novas gerações de atletas.
Em entrevista ao Comunicare, Giba disse que a inten ção do projeto não é formar atletas, mas sim cidadãos e seres humanos saudáveis. “Oferecendo essa vivência no contraturno escolar, pode mos retirar as crianças da rua e afastá-las das drogas e da violência”.
16 Curitiba, 09 de Outubro de 2014
Esportes
Lucas Nogas
Núcleo de Iniciação ao Vôlei tem aulas no ginásio do Tarumã
Gibicon é sucesso de público
Cerca de 15 mil pessoas visitaram a segunda edição do evento
Andrey Princival Gabardo
A edição número dois da Gibicon, convenção internacional de quadrinhos de Curitiba, realizada entre os dias 04 e 07 de setembro, reuniu cerca de 15 mil pessoas no Museu Municipal de Arte de Curitiba (Muma), loca lizado no bairro Portão. Na edição passada, realizada no centro da cidade, comparece ram aproximadamente 10 mil pessoas, ou seja, o aumento de público foi de 50%.
Dentre as atrações que o visitante encontrou no evento estavam 33 mesas de debate, 16 palestras, 37 oficinas e uma exposição, tudo isso com entrada gratuita com exceção das oficinas, cuja inscrição era um gibi em bom estado ou
novo. O público pode acompa nhar artistas realizando seus desenhos e esculturas em sua frente e fazer perguntas aos mesmos. Além das histórias das mais diversas que fasci nam jovens e adultos, alguns livros e gibis educativos
faziam parte do acervo, como contra o bullyng por exemplo. O cartunista Alberto Bennet, era um dos artistas de renome nacional presentes no evento. O chargista dos jornais Folha de S. Paulo e Gazeta do Povo esteve em uma mesa de
debate que reuniu também os cartunistas Paixão, Thiago Recchia, Solda e Marcos Jacobsen. Bennet afirma que o espaço para chargistas e car tunistas em jornais impressos está cada vez mais restrito. “O jornal já não é o grande éden para os cartunistas brasileiros como era antigamente. Para quem quer trabalhar nesse meio, sugiro que comece divulgando seus trabalhos em um blog próprio para ganhar visibilidade.
A Gibicon também trou xe artistas internacionais, como David Lloyd, Salva dor Sanz, Kim Jung Gi e Jean-David Morvan.
Sobrevivendo ao anonimato
Falta de espaço, dinheiro e incentivo. São grandes as dificuldades encontradas por cantores e bandas que desejam alcançar um “lugar ao sol”
José Luiz Moreira Junior
Músico desde os 16 anos, Marcelo Archetti, 23 anos, iniciou sua carreira em Pato Branco, no sudoeste do Paraná. Quando veio para Curitiba, juntou-se com mais outros três músicos e formou a banda Clappers. Hoje, Archetti é cantor solo e leva consigo o rock e o roman tismo de balada como fonte de influência.
Para o cantor, mais do que inspiração, é necessário muita dedicação para buscar o sucesso. “É preciso dedi car um tempo do seu dia. Têm dias que sai um pouco melhor, têm dias que não vai sair nada, mas com isso você acaba abrindo algumas portas que se você ficar só parado, esperando a inspiração, não vai conseguir”, afirma.
A questão financeira é um dos grandes impasses na constru ção da carreira, afinal o inves timento realizado para quem deseja trabalhar com música é alto. Archetti conta que o valor da aparelhagem é bem caro e que o retorno acontece de forma lenta.
ter espaço é preciso seguir algumas regras”, diz.
Mesmo com os empecilhos na profissão, Archetti garante que não se arrepende por ter trocado o direito, sua área de formação, pela música. “Foi uma decisão bem coerente,
Rodrigo Castellani, 35 anos, participante da segunda temporada do reality The Voice Brasil, da Rede Globo, afirma que o cenário musical não é tão unido em Curitiba. “Parece que estamos sempre sozinhos no meio de milhares de bandas. Creio que outras bandas também se sentem assim”, diz o cantor.
“Outra dificuldade da música é a falta de canais para que se possa apresentá-la da forma como nós sentimos. Muitas vezes acabamos sendo reféns de um mercado que para se
íntima. Espero que eu não precise voltar para a minha formação, pois quero viver da música, ganhar dinhei ro e ser feliz com o que eu faço”, afirma.
Castellani é vocalista da banda Radiophonics. O artista conta que a inspiração pode vir de vários meios e sentidos como andar na rua, beber um café e até ver um filme. O que vale é exercitar. Segundo ele, o maior público que sua banda atingiu foi na Expobel desse ano, em Francisco Beltrão, cidade vizinha a Pato Branco, totalizando cerca de 20 mil pessoas.
17 Curitiba, 09 de Outubro de 2014
Cultura
Visitantes da Gibicon puderam sair de lá com gibis autografados
Andrey Princival Gabardo
“Muitas vezes acabamos reféns de um mercado que para se ter espaço é preciso seguir algumas regras”
Cultura
Rodas de leitura de Curitiba
Projeto, que vai além do incentivo à leitura, ganha adeptos em todas as faixas etárias
Fernanda Brunken e Karoline Kruger
O programa Curitiba Lê foi criado pela Fundação Cultural de Curitiba (FCC) e visa aumentar o índice e qua lidade de leitura das pessoas. O programa é composto por diversas atividades, dentre elas as rodas de leitura. Com o início desse projeto, todas as bibliotecas da FCC transfor maram-se em casas de leitura, onde ocorrem as atividades e pode-se emprestar livros gratuitamente. A roda de leitura “Histórias com Velhos” é voltada para idosos. Célia Cris Silva, formada em Letras pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e mestre em Estudos Literários também pela UFPR, é quem dirige essa roda. Célia foi aprovada para exercer seu projeto e teve 10 meses para desenvolvê-lo, sendo setembro o seu último mês. “O meu projeto surgiu
com base na minha dissertação e se chama “História com Velhos”. Comecei a perceber como eram os personagens velhos dentro da literatura infantil e fui buscando contos do mundo todo”. A professora tem um método simples e fá cil de conduzir a roda. “Eu tra go cópias das histórias para cada um deles e leio em voz alta, depois discutimos sobre o que lemos, mas as pessoas acabam contando um pouco da própria vida, o que é muito interessante, pois cada um se apropria da história do seu jeito”, afirma. A roda atinge mais o público feminino. Se gundo ela, 99% dos frequenta dores são mulheres. Ela aten de diversos grupos em vários lugares. “O máximo que fiquei com um mesmo grupo foram oito rodas”. A aposentada Ana Lúcia, 74 anos, considera
Paixão por literatura
Evento reuniu fãs da saga Maze Runner, confraternização teve até sorteio de brindes
Andréa Ross
A s sagas de livros es tão sempre nas mãos dos jovens leitores. O su cesso de muitos livros os fazem ir para as grandes telas, nas quais recebem adaptações cinematográficas.
A última adaptação levada às grandes telas é da trilogia de livros Maze Runner, do escri tor norte-americano James Dashner. O enredo mistura ação com ficção científica e o primeiro filme foi lançado no Brasil no dia 18 de setembro. Entre os atores do elenco estão Dylan O’Brien, co-pro tagonista da série Teen Wolf da MTV e Thomas Sangster, contando com a direção de Wes Ball.
O enredo se concentra em tor no de Thomas, um garoto que acorda em um elevador em movimento e apenas lembra de seu nome. Ao chegar ao seu destino o jovem é recebido por vários garotos, na mesma situação, em um local cha
a roda de leitura uma forma de se aproximar do passado. “Hoje em dia, eu quase não leio mais, por isso quando participo das rodas de leitura, me sinto jovem novamente”. Célia afirma que é prazeroso poder levar a alegria às pesso as e lamenta que o seu projeto tenha terminado. “Já estou com saudades e eles (partici pantes) também. Meu coração parte cada vez que alguém pergunta porquê eu não vou
mais voltar”. A professora de línguas Joana Brandão diz que “o vínculo que esse tipo de atividade cria tanto com crianças, jovens, adultos e idosos é poderoso. A leitura é um modo de aproximar as pessoas. A leitura é poderosa”. O programa Curitiba Lê conta com 13 casas de leitura espa lhadas por diversas regiões da cidade e está aberto a todos.
Karoline Kruger
mado clareira. Cercados por muros, a única saída conheci da é o labirinto, um local que abre suas portas pela manhã e as fecha à noite, mas há uma
mudança na história com a chegada da primeira menina à clareira.
Aproveitando o lançamento do livro, houve um encontro de fãs da série no dia 11 de se tembro, na Livrarias Curitiba
nidade de fazer amizades e compartilhar sua paixão.
do Shopping Palladium. Nesta reunião ocorreram conversas sobre a trama e sorteios de brindes sobre a saga, e para muitos leitores foi a oportu
Para Alicia Ribeiro, espectadora do evento, “os encontros, são saudáveis, incentivam a leitura e ajudam na interação de jovens”. Já para Renan Kieski, organizador do even to, o objetivo é tornar o filme mais conhecido. “Essa é uma maneira de fazer a divulgação da película e atrair novos fãs”.
18 Curitiba, 09 de Outubro de 2014
“Os encontros são saudáveis, incentivam a leitura e ajudam na interação de jovens”
Projeto reúne pessoas de todas as idades
O amor de uma filha
Silvana mudou comple tamente sua vida para poder cuidar do pai e, apesar de todos os obs táculos, desistir nunca esteve em seus planos
Guilherme Zuntini
Nascida no interior pau lista, enfermeira supera morte do pai e traição dos irmãos, muda-se para Curiti ba e torna-se um exemplo de vida para muitos.
Silvana de Souza, 54 anos, nasceu numa pequena cidade do interior de São Paulo, na divisa com Bauru, chamada Macatuba. É a terceira filha do casal Antônio José de Souza e Leonídia Maria de Souza - as duas primeiras crianças mor reram nos primeiros meses de vida. Para ela, a mãe não fez enxoval porque havia a crença de que a mulher teria sorte no parto se não houvesse nenhu ma roupa para o bebê.
Ao todo, eram em 10 irmãos, sendo cinco meninas e cinco meninos. Casou-se, teve um filho e continuou em seu emprego como faxineira em uma escola pública da cidade por muito tempo. Enfim, sua vida estava estabilizada, pelo menos, era o que aparentava. Eis que vem a má notícia, em 2004, seu pai sofrera um AVC.
A casa que antes era movi mentada por todos os filhos, em um piscar de olhos, tor nou-se deserta.
Uns se mudaram, outros simplesmente não davam mais notícias. Leonídia, que na época tinha 65 anos, era impossibilitada de cuidar sozinha de seu marido.
Silvana, sem precisar de um pedido da mãe, mudou com pletamente sua rotina para cuidar do pai. Levantava todos os dias às 4h, ia para a casa de sua mãe, trocava seu pai e dava remédios a ele, voltava para a casa às 6h, fazia café para seu marido, Marco Antô nio, 50 anos, trocava seu filho, Gustavo de Souza, e o levava para a escola. Às 7h ia para o trabalho. Voltava ao meio-dia para a casa de sua mãe, dava banho e almoço ao seu pai e ia buscar seu filho, que passava a tarde com a avó. Muitas vezes ela voltava ao trabalho, às 14h, sem se quer almoçar. Quan do saia, às 18h, voltava para a casa de seu pai, o trocava, dava o jantar e o colocava para dormir. Essa foi sua rotina durante sete anos.
Gustavo, 19 anos, diz que a rotina da mãe era tão árdua e desgastante que ele não a reconhecia.
- Eu não a via, e quando a via, estava muito estressada para
sequer conversar. Conciliar o trabalho com o cuidado com o meu avô realmente foi uma tarefa muito difícil para ela.
Após ter uma conversa com seu filho, Silvana percebe que seu papel de mãe já não existia mais.
- Ele chegou perto de mim, choroso e com medo de eu brigar com ele. Quando vi aquela cena, já percebi que havia algo errado. Não era intencional, mas o estresse daquela minha rotina me fa zia ficar nervosa por qualquer coisa. Eu realmente me sinto mal quando lembro disso.
O filho, que na época tinha 15 anos, já era maduro para sua idade. A convivência com os problemas familiares o fez amadurecer muito cedo.
- Eu sempre entendi os mo tivos por ela ser daquele jeito, mas nunca me revoltei, ela sempre foi a minha heroína. Eu contava para todo mundo a história dela, dizia que ela, sozinha, cuidava do meu avô, trocava as fraudas, dava comi da e remédios.
Muitas pessoas diziam que era legal eu não ter vergonha de dizer isso, principalmente a parte das fraudas, mas eu acho que se é normal dizer que uma pessoa troca as fraudas de uma criança, qual o problema de dizer que uma pessoa troca as fraudas de um idoso?
O marido de Silvana também teve que se adaptar a esta nova rotina, porém, sempre a apoiou.
- Não foi fácil, realmente. Muitas pessoas vinham ao meu encontro dizendo que não aguentariam ter uma esposa que dedica toda a sua vida para cuidar de seus pais. Eu ignorava. Para mim, a
Silvana é uma heroína. Nunca conheci, e tenho a certeza que nunca conhecerei, uma pes soa que se preocupa tanto a ponto de deixar de viver para que sua família sobreviva. Silvana decide então largar o emprego, voltando a ser sau dável como era antes.
Dormia bem, comia bem e descansava bem. Seu Antônio ficou neste estado por 10 anos e, em fevereiro de 2014, veio a falecer.
- Foi um momento realmente triste, mas ele já estava bem debilitado, nós já esperáva mos essa notícia. Tenho a mente tranquila, fiz de tudo para que ele tivesse um fim de vida agradável. Acreditava que agora sua vida voltaria ao nor mal, porém, estava enganada. Os irmãos, que até então haviam sumido, voltaram, mas não para dar os pêsames, muito pelo contrário, todos queriam parte da casa, que estava em nome de seu pai. Sem saber o que fazer, Silvana sentiu-se mal pela situação, pois, até então, sua mãe habi tava a casa.
Por essa traição elas não esperavam. Mas, para a sorte de ambas, o advogado deu a causa para a mãe. Agora sim, sua vida estabilizou-se. Decidiu se mudar para Curiti ba e cursar enfermagem, pois adquiriu muito conhecimento e experiência enquanto cuida va de seu pai.
Após alguns anos, sua história ficou muito conhecida, foi convidada a dar palestras sobre superação de vida e hoje dedica sua vida para dar um futuro promissor a seu filho. - Um pai cuida de 10 filhos, mas 10 filhos não cuidam de um pai. Apenas serei feliz quando minha família for feliz.
19 Curitiba, 09 de Outubro de 2014 Literário
Sempre com um sorriso no rosto, Silvana é uma guerreira
Guilherme Zuntini
Ensaio Metamorfose da socidade
A metamorfose é a perspectiva que cabe a cada homem. Os pequenos detalhes como a fé, arte, a cultura , o envelheci mento ou até mesmo o álcool transformam a alma, o desejo, o senti mento e o físico do ser humano. A normalidade e a anormalidade são frutos da metamorfose que a sociedade sofre
20 Curitiba, 09 de Outubro de 2014
Fotos: Nicole Lopes
Metamorfose da arte
Metamorfose da religião
Metamorfose do álcool
Metamorfose da idade