ano 12 - edição 31 setembro de 2014
Quem é você?
Perfis falsos na internet se multiplicam nas redes sociais: nomes, fotos e fatos da vida de usuários são roubados sem qualquer cerimônia

Corpo da matéria
Ano 12 - Edição 31 - Setembro de 2014 Revista Laboratório do Curso de Jornalismo PUCPR
Pontifícia Universidade Católica do Paraná R. Imaculada Conceição, 1115 Prado Velho, Curitiba PR
REITOR Waldemiro Gremski DECANA DA ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES Eliane C. Francisco Maffezzolli
COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO Julius Nunes
COORDENADOR EDITORIAL Julius Nunes
COORDENADOR DE REDAÇÃO/JORNALISTA RESPONSÁVEL Paulo Camargo (DRT-PR 2569)
COORDENADOR DE PROJETO GRÁFICO Rafael Andrade
MONITORIA Carolina Mildemberger
Amanda Louise Mitt Schause Satuf Silva, Ana Beatriz Villas Bôas Maruch, Ana Luiza Ferreira de Souza, Beatriz Chaves Pacheco, Bruna Carvalho da Silva, Bruna Mazanek, Carolina Andrade Chab, Carolina Silva Mildemberger, Caroline Martins Stédile, Fernanda Novaes Buffa, Fernando Burigo Guimarães Back, Gabriela Carolina Miranda de Oliveira, Getulio Xavier de Almeida Filho, Guilherme Osinski, Gustavo Lavorato Justino da Silva, Helem Caroline Barros, Helena Comninos, Isadora Teresa Carvalho, Jhenifer Wendy dos Santos Valentim, Jheniffer de Andrade, Jordan Marciano, Karla Letícia Tumelero Fernandes, Laura Umada Espada, Lucas Aquino de Oliveira, Lucas Prestes das Chagas, Manuella Costa Pires, Marcela Oliveira de Carvalho, Maria Fernanda Moretti Schneider, Mariana Dorneles Papi, Mayara Michelli Nascimento, Melvin Gavinho Quaresma, Rafaela Oliveira, Raíssa Gomes da Silva Ribeiro, Renata Nicolli Rodrigues, Sil via Yumiko Tokutsune, Thiana July Perusso, Vinicius Cordeiro da Silva, Vinicius Savaris Rech, Fernanda Brunken, Lydia Christina Brunato de Camargo, Alana Freiberger, Alessandro Pinheiro da Silva, Amanda Bedide Zanao, Amanda Luiza de Souza, André Gessi Rogal Wuicik, Beatriz Theiss Evaristo Hubert, Bianca Caroline Fragoso de Lima, Bruna Catache, Bruna Stefanie Kurth, Carolina Cristina Ferreira Rodelli, Guilherme Roberto Liça, Isabel Maria dos Santos, Isabella Santos Lanave, Jessica Mayara Cereja Dias, Jordana Figueiredo Machado, Juliana dos Reis Antunes da Silva, Katiucy Binhara Pinto, Lara Berbes de Farias, Mariana Therezio da Silva, Mario Spaki, Roberta Costa Gonçalves de Almeida, Rodrigo Soares Dornelles Pereira, Stacy Barbosa da Silva, Stephani Mantovani Diedrich, Hellen Crisley Ribaski






O PERFIL QUE HABITO
No mundo digital, relacionamentos por meio das redes sociais podem levar a situações desagradáveis e perigosas
Como é amar alguém à distância? Digo, à distância da realidade? Morador de Brasília, no Distrito Federal, casado e com um filho, Ricardo vivia uma relação na qual apenas seu corpo se fazia presente. Isabella morava em Florianópolis, capital da bela Santa Catarina, e, na época, também estava em um relacionamento sério.

Os dois se conheceram pela internet. Conver savam todos os dias, descobrindo afinidades e se aproximando cada vez mais um do outro.
Passaram a trocar telefonemas, mensagens e perceberam que não era mais possível conti nuar com os relacionamentos que mantinham. Ricardo se separou e Isabella também deu fim ao namoro.
Combinada a data, Ricardo embarcou no avião que o levaria para Florianópolis. Chegou à cidade, procurou por Isabella e nada. Foi à faculdade na qual ela dizia estudar, ao prédio onde dizia morar, e nada. Ninguém a conhe cia. Ela não existia.
Texto: Amanda Souza, Bruna Kurth e Isabella Lanave
Fotos: Isabella Lanave
Perdido, começou a se questionar por quem estava apaixonado, afinal: pela mulher com quem conversava ou pela figura das fotos?
Entrou em contato com a fake, dizendo que a perdoava. Só queria conhecê-la. Mas ela se ne gava. Passou então a tentar conhecer a mulher das fotografias.
Analisando as imagens, come çou a coletar pequenas pistas, até que, por fim, descobriu: ela morava em Curitiba. Conse guiu seu nome, o verdadeiro, seu telefone e e-mail. Torna ram-se “amigos” no Facebook. Ele se identificou como produtor de um documentário que falaria sobre fakes. Mas, sem saber de toda a história, ela não deu atenção.
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Do fim dessa história se encarregou o destino – ou o acaso, como preferir o leitor. Era carna val, milhares de pessoas nas ruas. Lá estava ele, anos mais tarde, de volta a Florianópolis. Ao olhar para o lado encontrou na multidão um rosto conhecido. Era ela. A mulher das fotos. Puxou-a pelo braço, ela o reconheceu e disse “Achei que você não existia”. Despediram-se e seguiram seus caminhos.
AMOR LÍQUIDO
O sociólogo polonês Zygmunt Bauman defende que a sociedade contemporânea vive a era do “amor líquido”. O laços humanos se tornaram frágeis, marcados pela rapidez,
imediatismo e vulnerabilidade. Com base em análises realizadas em sites de encontros, Bauman afirma que nossas relações sociais se transformaram em conexões, em que se tornou fácil deixar o outro de lado. Basta desconectar-se.
Para Nelson Goulart, professor de Filosofia da Pontifícia Universida de Católica do Paraná, atualmen te, há uma grande desorientação na sociedade. Um descompasso entre a evolução tecnológica e a humana. “Avançamos muito nas técnicas do fazer das coisas e pouquíssimo no fazer-se huma no”, diz. De que adianta termos ferramentas modernas de socia bilização, como as redes sociais, se continuarmos com as mesmas dúvidas e inquietações de séculos atrás?
Para Goulart, parece ser mais difícil responder o que é uma relação amorosa, do que respon der o que é a internet. “É mais fácil dizer o que se precisa em termos técnicos para se ter velocidade na rede que o que se precisa para ter uma boa relação. Nos perdemos de nós mesmos nos objetos do mundo. Basta ver casais sentados em mesas de bares e restauran tes, cada um com seu celular em punho sem conversar, sem olho no olho”, diz.
Para o filósofo, a pós-modernidade exige mais humanidade, já que o fazer das coisas pode ser facilmente suprido pelas máquinas por nós inventadas. Ao invés de usarmos a
“O fazer das coi-
pode ser facilmente suprido pelas máquinas por nós inventa das.”
- Nelson Goulart, professor de Filosofia
comunicação propiciada por um aparelho celular para marcar encontros de fala e troca, usamos para marcar encontros para usarmos novamente o celular. “Estou diante de você em um bar e ‘converso’ com outra pessoa que não está perto. De quem é a culpa, da técnica ou do homem?”, indaga Goulart.

INTERNET: TERRA DE NINGUÉM
Fernanda Konzen e Mariana Radigonda não se conhecem mas as suas histórias poderiam ser contadas como uma só. Ambas entre seus 11 e 15 anos, viveram o auge dos fakes. Foram considera das celebridades na internet. E os motivos? Nem elas sabem. Mas tinham um gosto em comum: a fotografia. “A febre do momento eram os fotologs, que podemos comparar com o Instagram de hoje. Você postava fotos e as pessoas comentavam. Co mecei a fazer sessões de fotos minhas apenas para postar lá”, comenta Mariana, que depois de pagar uma taxa para que seu blog ganhasse destaque na entrada do site, não imaginava as consequências que essa visibilidade poderia lhe trazer.
Com Fernanda, a situação não foi diferente. Também usuária de blogs de fotografia: com apenas 11 anos, já encontrava diversos fakes seus nas redes sociais da época. “Um dia uma menina veio me perguntar se poderia fazer um fake meu. Até então, eu nunca tinha escutado essa palavra, que por sinal, tem um significado muito forte para mim. Respondi a ela que não, mas ela não me deu ouvidos e esse foi apenas o primeiro”, relata Fernanda.
O problema foi ficando mais sério quando os fakes começaram não apenas a usar fotos das meninas, mas a se apropriar de suas vidas ao ponto de criar perfils falsos para amigos, pais e namorados. Com a pretensão de fazer com que a fake ficasse mais verdadeira para então ser possível se relacionar com os outros. “Essas pessoas chegam até a viver relacionamentos e marcar encontros na internet como se fossem eu. Fico sabendo depois, quando a ‘vítima’ da história me procura nas redes sociais para contar a situação”, desabafa Mariana.
E ninguém está imune. Dos 15 aos 17 anos de idade, Fernanda conversou pela internet com um menino que fingia ser outra pessoa. “Se já é frustrante um caso de amor não correspondido, imagina a gente, que se correspondia, conversa va sempre, por 700 longos dias, e de repente eu descubro que fui enganada. Tudo era mentira”, confessa.
Perde-se o controle de quantas páginas são criadas com um mesmo objetivo: adotar uma identidade que não é a sua. Segundo dados divulgados pelo site Digital Trends, em janeiro de 2013, dos 1,6 bilhão de usuários do Facebook, cerca de 76,3 milhões podem ser considerados fakes. Contas tidas como descaracterizadas, ou seja, perfils feitos para animais, contas duplicadas ou usadas para fins que violassem os termos de uso da rede social, como os spams, estão inclusas nesse número.

Segundo a psicanalista Rafaella Inda, “A internet, tão dominadora na era atual, serve como uma defesa para alguns. Isto é, ela é usada de alguma forma para o usuário se defender de algo que o assola.” Para ela, a sociedade está marcada por um culto a ima gem, no qual o instantâneo e a busca contí nua da satisfação imediata são os pontos que se destacam.
COMO SE DEFENDER
Segundo Priscila Zeni de Sá, professora de Direito Civil e mestre em Direito Econômico e Social pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná, existem soluções e penalizações
para esses casos que envolvem falsificação de identidade na internet, se baseados em pessoas reais.
“Primeiramente, é necessário ter uma prova de que as suas imagens veiculadas na internet estão lhe causando prejuízos”, diz Priscila. Essa prova deve ser feita por meio de uma ata notarial, documento feito em um tabelionato de notas em que se documenta as informações e onde elas se encontram disponíveis.
Já as consequências podem ser tanto civis, incluindo indenização por todos os danos causados à vitima - danos morais, danos à sua imagem, desgaste emocional. Como

criminais, caso a conduta esteja tipificada, o Código Penal já indicará a pena para cada modalidade criminal.
O conteúdo postado pelos perfils fakes caracterizam outro tipo de problemas. Casos de preconceito contra qualquer situação ou pessoa, podem ser criminalizados se denun ciados. Entretanto, quem receberá a denún cia será a pessoa “real” e não o fake.
OS MOTIVOS
Os motivos? Ninguém sabe ao certo. Isa bellas surgem, Ricardos são enganados e mais Fernandas e Marianas têm suas fotos utiliza -

das de maneira inadequada na rede. Afinal, o que tornamos público é uma escolha nossa. A exposição é perigosa e, constante mente, nos coloca em risco. Mas quem não gosta de ser visto? É preciso encontrar um meio termo.
“Quando estou triste, não posto fotos. Depois, quando tudo melhora, eu volto a postar. Isso dá a falsa impressão e idealização da ‘vida perfeita’. (...) Assim é fácil ser admirada”, diz Fernanda, e conclui: “Hoje eu faço Psicologia, pra ver se entendo até onde a mente humana pode chegar”.
Entre cobras e macacos
Texto: Caroline Stédile e Thiana Perusso Fotos: Melvin Quaresma

C Qual a diferença?
obras, aranhas e lagartos. O que para alguns são animais assustadores, para outros são ótimos bichinhos de estimação. Apesar de parecer estranho, ter um animal exótico ou silvestre em casa tem se tornado comum em muitos lares e exige mais cuidado e atenção do que os animais como cães e ga tos. Além de amar o bichinho, alguns cuidados são indispensáveis, como tempo disponível para a interação, estar atento à alimentação e à limpeza, reservar um espaço especial sem perigo de fuga e estar ciente de gastos para cuidados.

O sócio-proprietário da loja de animais exóticos Ryulong conhece bem essa rotina. Hugo Segalla, que há dez anos vende animais exóticos e silvestres, é totalmente apaixonado por eles. “Meu primeiro animal silvestre foi uma aranha, a Mortícia. Tempo mais tarde fui presenteado por um amigo com uma cobra, a Belatriz, que tenho há sete anos comigo. Atu almente, além da cobra, possuo também um sagui, a Nina, que está há três anos ao meu lado”, revela. Segundo ele, cada animal precisa de cuidados específicos. O sagui, por exemplo, precisa de muito mais atenção do que a cobra, nem que seja um simples cafuné durante o dia. Não existe uma lista oficial dos animais que possam ser criados como estimação, mas o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) acon selha que a pessoa adquira o animal em cria douros comerciais devidamente registrados e que forneçam nota fiscal com o nome científi co e popular do bicho, o tipo e o número de
Aprenda a diferenciar animais domésticos, silvestres e exóticos

Domésticos
É todo aquele que por meio de processos tradicionais e sistemati zados de manejo e melhoramento zootécnico tornou-se doméstico, tendo características biológicas e comportamentais em estreita depen dência do homem, podendo inclu sive apresentar aparência variável, diferente da espécie silvestre que o originou.
Silvestres
É todo aquele pertencente às espécies nativas, migra tórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenha a sua vida ou parte dela ocorrendo naturalmente dentro dos limites do território brasileiro e em suas águas jurisdicionais.
Exóticos
É todo aquele cuja distribuição geográfica não inclui o território brasileiro. As espécies ou subespécies introduzidas pelo homem, inclusive domésticas, que se tornaram selvagens, também são consideradas exóticas. Outras espécies exóticas são aquelas que tenham sido introduzidas fora das fron teiras brasileiras e em suas águas jurisdicionais e que entraram em território brasileiro.

Hugo comportamento
Segalla segura a furão
Mel, que é a mascote
identificação individual, o microchip, no caso dos répteis e a anilha, no caso de algumas aves. Com relação à Ryulong Pet Store, o processo do protocolo do projeto junto ao Ibama e da vistoria demorou três anos para ser concluído.
O processo de montagem de um ambiente propício para um animal viver pode ser com plicado em alguns casos. A demora da apro vação do projeto da loja aconteceu justamente para que todos os animais estivessem abriga dos em um ambiente adequado para atender às necessidades dos animais até serem vendidos e irem para um novo lar. Alguns necessitam de bastante espaço e luz, como o sagui. Já outros animais podem viver dentro de aquários de

vidro, como as cobras.
As coisas mudaram na casa da família de Tia go Melo há três anos, quando a sagui Manezi nha foi adotada. “Queria muito ter um sagui, mas demorei dez anos para ter certeza de que iria adotar mesmo, porque estava ciente de que é um neném que vou ter que tomar conta por uns 20 anos.” A família já tinha uma tartaruga e um cachorrinho da raça Pug, que hoje intera gem muito bem, principalmente a sagui, que aproveita uma carona nas costas do cachorro quando saem para passear.
o estudante de gastronomia Rafael Kluck, que afirma que a família aceita tranquilamente o fato de ele ter uma cobra dentro de casa. O ra paz, que já teve uma tarântula como bicho de estimação, agora possui o Dobby, com apenas três meses. Segundo ele, a cobra pode viver até 50 anos e chegar a dois metros de comprimen to. “Alimento ela com ratos de três em três dias, para que cresça mais rápido. Além disso, mantenho a temperatura neutra com uma luz ligada 24 horas por dia e deixo sempre um potinho com água para ela se refrescar.” Roedores fofinhos, muito dóceis e silenciosos ou então “ratos mais gordos, com um rabo maior e orelhas grandes”, podem ser defi nições para um dos mais populares animais exóticos: a chinchila. A segunda definição foi dada por Camila Bornemann, a estudante que há sete anos possui o Preto, uma chinchila de cor acinzentada e algumas partes pretas. “As chinchilas têm um pelo bem peculiar e não po dem tomar banho com água. Então, no lugar disso, elas ficam rolando em um pó de már more. Outra curiosidade, é que elas precisam manter os dentes em um tamanho aceitável para não roerem a gaiola inteira, e, para isso, roem bolinhas de madeira, que possuem um
gosto diferente.”
Cada animal é único Como todos os bichinhos, até mesmo os que parecem mais perigosos, precisam de cuida dos, Petra Cristine Kirsten Lorenz resolveu dedicar sua carreira como veterinária para cuidar dos exóticos. Lagartos, aranhas, pa pagaios, as mais variadas aves, esquilos e até mesmo ouriços já passaram pelos cuidados da Clínica Vida Livre, que tem como bichinho de estimação uma cobra de quatro metros e meio na recepção.
Petra aconselha que quem pretende comprar uma espécie da qual não tem muito conheci mento, pesquise sobre o comportamento dele para saber se é compatível com o que o dono espera, para não acabar tendo surpresas desa gradáveis. “O grande problema de primatas, em geral, é que quando eles entram no perío do reprodutivo, eles se tornam agressivos. Já vimos casos em que um sagui arrancou um pe daço da orelha do proprietário”, alerta Lorenz. A higiene, o controle de vacinas, a periodi cidade de exames e ida ao veterinário são as principais formas de prevenir que eles sofram alguma contaminação ou demais riscos para a saúde. As pessoas devem estar sempre atentas a essas questões e entender que cada espécie possui uma particularidade, não sendo possível tratá-las da mesma maneira. Para isso, devem buscar orientação de profissionais que estejam aptos para o cuidado que cada animal exige.

GERAÇÃO
Por Gustavo Lavorato e Laura Espada
Concebidos na era digital, democrática e da ruptura da família tradicional, os jovens estão cada vez mais acostumados a pedir e ter o que querem
IMPACTO
Demoram
a sair da casa dos pais, não têm estabilidade financeira, tardam em tra çar seus próprios caminhos e são acomoda dos: este é o retrato do jovem brasileiro. Os novos adultos de hoje podem ser separados, de acordo com a sociologia, em geração Y e Z. Nascidos entre 1980 e 1990, a geração Y é marcada por grandes avanços tecnológicos e por presenciar uma época de economia estável. Já a geração Z envolve todos os jovens que nasceram após os anos 1990, e se caracterizam por serem nativos digitais, familiarizados com o “boom” dos aparelhos tecnológicos. Diferentemente de seus pais, a geração Y, em pouco tempo de vida, já presenciou inúmeros avanços tecnológicos e diversas quebras de paradigmas. Cresceram com livre acesso à tevê a cabo, videogames, computadores, celulares, e se mostraram individualistas ao apresentarem caracterís ticas, como a capacidade em fazer várias coi sas ao mesmo tempo. Segundo o sociólogo Tiago Amorim, ao contrário desses jovens, a geração anterior se mostrava descontente com o estado das coisas e possuía um árduo sentimento de angústia. “As guerras mun diais geraram sentimentos de pessimismo e negativismo no homem, desesperançoso em relação ao futuro depois de dias tão violen tos. Tanto na filosofia como a arte mostram isso. Quando surge a geração X, anterior à Y, é como um grito libertador de jovens que já não suportam mais a contenção dos tem pos de guerra”, explica. Agora, essa aflição da geração anterior resulta em superprote ção e preocupação para que os novos jovens
não passem pelas mesmas dificuldades. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2013, 24% dos jovens brasileiros entre 25 e 34 anos continuam morando com os pais. Dentre eles, 60% são homens e 40% mulheres, e a maioria vem de famílias de alta renda. Essa porcentagem representa a imagem da geração Y. Ana Carolina Magalhães é um exemplo de jovem que comprova essa estatística e as características desse grupo. A estudante está terminando a faculdade de Publicidade e Pro paganda, e trabalha em uma agência de comu nicação, e ainda mora com os pais. “Não vejo motivos para sair de casa, já que não tenho uma renda tão alta e em casa, tenho todo o apoio da minha mãe. Pretendo ganhar mais dinheiro e só sair daqui uns quatro anos”, diz a jovem de 26 anos.
A Fundação Instituto de Administração (FIA/ USP) divulgou uma pesquisa realizada com cerca de 200 jovens de São Paulo, em que 99% dos nascidos entre 1980 e 1993 só se mantêm envolvidos com ativida des que gostam, e 96% acreditam que o objetivo do trabalho é a realização pessoal. Para a psicóloga Marina Novak Weege, isso é algo totalmente diferente do que se conhecia. “O que eu vejo da geração Y é que eles são jovens que estão em busca de algo que
“A geração Y está em busca da realização pessoal e profissional simultaneamente”. Marina Novak, psicóloga.
há muito tempo todos haviam esquecido: serem realizados pessoal e profissionalmen te, de forma simultânea, ou seja, encontrar dentro da sua profissão o complemento de suas aptidões”, afirma.

A geração Z, apesar de abranger os nasci dos depois dos anos 1990, herdou muitas características da geração anterior (Y). Com o espírito ansioso por inovações, esses novos adultos nasceram sob o advento da internet e desenvolveram um perfil dependente da tecnologia. Para Amorim, essa geração tem novas oportunidades. “A geração Z, por sua vez, tem muito mais possibilidade de conhecimento e interação, promovidos pela internet. São acessos que as gerações anteriores nunca tiveram, pelo menos não com tanta facilidade”, explica.
É difícil encontrar algum jovem que hoje não possua celular e acesso à internet. Felipe Nunes, de 18 anos, é estudante e se autoin titula viciado em tecnologias. “Leio dia riamente notícias sobre novas tecnologias. Tenho videogame, tablet e smartphone, e não passo sequer um dia sem ligá-los. Sem pre busco me atualizar sobre os lançamen tos”, disse. Enquanto dava entrevista para nossa equipe, o jovem checou mais de cinco vezes o celular. Felipe é um claro exemplo de como as tecnologias influenciam essa geração a serem mais individualistas uma vez que se sentem completos na presença de um aparelho.
A análise do IBGE destacou que além da “geração canguru”, apelido dado aquele grupo de novos adultos que continuam morando com o pais, existe a presença dos
jovens “nem-nem” (que nem trabalham e nem estudam) no Brasil. Segundo os dados, 19,6% das pessoas entre 15 e 29 anos se enquadram nesse perfil, sendo mais da metade do sexo feminino. A pesquisa enfatiza que essa característica, de familiares bancarem seus filhos já com capacidade de trabalhar, é cada vez mais comum entre a população brasileira.
Mas, mesmo sendo vistos como dependen tes, acomodados, distraídos, superficiais e até egoístas, ainda existem exceções. Alessandra Rodrigues é um exemplo disso. Com apenas 27 anos, mudou-se de cidade para trabalhar, ficando longe dos pais. “Sempre quis ser inde pendente. Terminei a faculdade e prestei um concurso público para trabalhar em um hospital em outra cidade. Quando passei, vi que era um oportunidade de realizar o que sempre sonhei: ter minha própria renda e morar no meu próprio apartamento”, conta a enfermeira que há dois anos mora em Cuiabá.
Conectados
44% dos jovens da apoiam em pesquisas e até mesmo a mídia ção financeira e conselhos.
Dívida 52% usufruem de bolsa para estudante. 52% já pagam hipoteca. 45% tem dívidas.




da geração Y, se pesquisas pela internet mídia para orientaconselhos.
Sensíveis 60% deles, enquanto empregados, colocam os benefícios como segundo fator mais importante para determinar a satisfação no trabalho.
Estudos
Apenas 12% dos jovens ingressam em um curso de graduação
Ao infinito e além


Quem não gosta de viajar? A ideia de conhecer novas lugares é sempre atraente, mas existem certas providências e alguns cuidados que devem ser tomados antes de colocar o pé na estrada.
França, Itália, Espanha, Portugal, Inglaterra, Estados Unidos. Você com certeza já deve ter sonhado visitar algum desses lugares, ou mesmo conhecer outra região do seu país. Ir a novos lugares e observar ou tras maneiras de se viver têm muita importância na expe riência pessoal e na visão de mundo que todos nós temos. No entanto, fazer uma via gem é muito mais
complicado do que parece Planejamento e organização são partes essenciais de um bom passeio. Do que adianta sair para viajar e acabar se estressando? Ou mesmo criar uma dívida em sua conta bancária? É preciso ter consci ência sobre como gastar o di nheiro em comida, hospedagem e em programas durante o período que é destinado para o descanso. Todo o cuidado é pouco, ain da mais quando se compram
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crédito: Carolina MildembergerO que fazer?
ANTES
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pacotes e se contratam agências de viagem e turismo. Débora Kaviski e Carlos Padovezi combinaram a ida para os Estados Unidos. Além dos dois, foram também Marcio, filho do primeiro casamento dela, e Alexandre Rodrigues e Alessandra Caron, um casal de amigos. Como destino, nada menos que Los Angeles, Grand Canyon e Las Vegas – pon tos turísticos que atraem turistas de todo o mundo.A viagem durou 12 dias, mas, segundo Débora, a organização demorou pelo menos um mês: “Nos reunimos por WhatsApp [apli cativo de troca de mensagens online], e-mail, celular e acabávamos pesquisando preços de passagens, hotéis, aluguel de carro, shows, lugares a visitar, outlet... Depois de pesquisar tudo, íamos comprando cada um.” Contudo, nem todas as escolhas foram feitas sozinhas já que os amigos da família foram auxiliados por uma operadora de viagens que ajudou a concretizar as reservas do que havia sido esco lhido previamente. A organização foi essencial para que não existissem surpresas, o que fez com que a viagem fosse ainda mais satisfatória, já que houve economia com os gastos ainda antes de sair do Brasil. “Tudo ocorreu como planejamos sem imprevisto. Nenhum gasto extra, tudo dentro do planejado com refeições, passeios, compras, roupas, calçados...”, conta Débora. Além disso, a viagem também foi im portante para selar a união com Carlos, com quem Débora tem um relacionamento há 13 anos. Quem já não imaginou um casamento em Las Vegas? “Minha mãe já saiu com a ideia daqui”, conta Marcio, filho de Débora. Para ela, a sensação foi ótima: “Amamos muito. Escolhemos nos casar dia

17 de abril, aniversário do Carlos, e a capela e o horário escolhemos no hotel em meia hora. Foi tudo como imaginávamos, só faltou a minha maquiadora predileta”, brinca.Tão boa foi a experiência que Débora já se animou para a próxima partida, mesmo confessando peque nos desentendimentos, que, para ela, fazem parte do pacote: “Você tem que planejar a viagem dentro das suas possibilidades sem deixar dívidas quando retorna delas. A viagem foi maravilhosa e já começamos a planejar outra para agosto com a mesma equipe. Existe, claro, a parte de conflitos na parceria: um às vezes quer ir para lá e outro para cá, mas, no geral tudo compensa e vale a pena”, confessa.
AGÊNCIAS: OS DOIS LADOS DA MOEDA
Mas há o outro lado da moeda, Pedro Pessotto e sua tia, Marcia Pessotto, marcaram a viagem e só tiveram dores de cabeça por causa da
agência. Planejada por Marcia durante seis me ses, a jornada para Barcelona estava acertada com uma agência de turismo que foi indica da por uma amiga, entre 24 de dezembro de 2013 e 2 de janeiro deste ano. As negociações de passagem e hospedagem foram feitas para os dois, mas os bilhetes só foram retirados em cima da hora, já que a empresa enrolou Marcia, que chegou a ter de esperar quatro horas para ser atendida por um funcionário.
A primeira surpresa ocorreu no voo para a Es panha: os dois não ficaram lado a lado. Marcia ficou com a poltrona 39B e Pedro com a 41C, diferentemente do que havia sido combina do com a agência. Após dez horas de viagem separados, a chegada no hotel foi ainda pior. “Simplesmente não tínhamos a reserva feita anteriormente. O chefe da recepção nos infor mou que a reserva tinha sido cancelada e que a agência não tinha repassado o pagamento ao hotel”, conta. Em véspera de Natal e desconhecendo a cida
Fotos de pontos turísticos são as principais lembranças que os turistas levam para casa

de, os dois tiveram de apelar para os funcionários do hotel, que primeiramente falaram que só poderiam guardar os pertences de ambos por uma hora até acharem outra hospedagem. “Insistimos muito para nos deixarem ficar. Era véspera de Natal, não conhecíamos a cidade e tivemos que bancar as diárias com o próprio bolso. Só dias depois que o dono da agência foi depositar o dinheiro na conta da minha tia”, explica Pedro. Mesmo depois de tudo isso, Pedro acredita que tenha valido a pena. “Comprometeu um pouco a viagem pelo fato de termos de nos preocupar com algo que não queríamos e nem deveríamos fazer, já que era responsabilidade da empresa. Tivemos que correr atrás para eles paga rem o que deviam também, e essas coisas dão muito tra balho. Mas a viagem acabou sendo satisfatória mesmo assim, por termos conhecido um lugar diferente e conse guido ampliar nossa visão, de perceber que não é só este mundo em que eu vivo que existe.”
MAIOR SEGURANÇA
Agências de viagens são empresas que ajudam a organizar seu passeio, ideal principalmente para aqueles que nunca saíram do país ou que não conhecem o destino planejado. Marcia Guimarães, dona de uma agência de turismo, conta que sua empresa providencia inclusive um roteiro para aqueles que vão viajar sem o
crédito: Carolina Mildemberger
O que fazer?
Cheque para ver se não esqueceu algum objeto pessoal Chegue antecipadamente no aeroporto para não se perder Comece a poupar para a próxima viagem!

DEPOIS
– Pedro Pessotto, estudante
acompanhamento de um grupo ou guia turístico. Além disso, ela defende a ideia de que é mais econômico contratar o serviço terceiriza do. “A agência tem condições de negociação, de verificar quais são as melhores possibilida des e orientar no melhor destino, na qualidade dos hotéis e dos translados aéreos”, explica.
“Comprometeu um pouco a viagem pelo fato de termos que nos preocupar com algo que não queríamos e nem deveríamos, já que era responsabilidade da empresa.”
JUSTIÇA COM AS PRÓPRIAS
Helena Comninos, Marcela Carvalho, Maria Fernanda SchneiderOhomem, desde a época das cavernas, lida com emoções e reações. Em busca da so brevivência, os instintos são aflorados para que eles fujam de grandes animais e não se tornem presas, e, para que eles cacem o necessário para suprir a fome. Em Curitiba, uma mulher grávida foi vítima de um assalto e teve seu braço quebrado pelo bandido. As pessoas que estavam próximas se indignaram com o crime e lincha ram o assaltante, que foi hospitalizado. Hoje, as presas são outras: grávidas e bandidos. Os grandes animais são os cidadãos que resol vem fazer justiça com as próprias mãos.
O motivo que influencia as pessoas a tomarem decisões precipitadas é a adrenalina, que é um hormônio que dá um empurrão no ser humano para que ele reaja a certas situações. E assim como na época rupestre, em que os indivíduos tinham atitudes inesperadas quando estavam sujeitos aos perigos, hoje acontece o mesmo quando se fala em justiça.
“A pupila dilata, você fica pálido, os músculos ficam tensos e prontos para qualquer atitude, geralmente para agressão”, explica a psicóloga, Anita Siqueira, sobre como a adrenalina podem influenciar as atitudes dos cidadãos. “Quando alguma coisa repentina acontece e você não está pronto, seu cérebro já prepara seu corpo para reagir a isso. A adrenalina é jogada no sangue, provocando mudanças que fazem você enfrentar ou fugir do perigo”, completa Anita Siqueira.
As reações estimuladas pela adrenalina têm relação com enfrentamento de obstáculos ou fuga de riscos. Quando se fala em justiça, fica
aquela dúvida para o cidadão. Devemos ou não devemos fazer justiça com as próprias mãos?
“Se há um ato em que devemos desapegar e discordar é o do julgamento. Ele que leva o ser social a diferentes ações, em seu meio, para interceder da forma que ‘acha’ mais correta ou melhor para si”, conta o estudante Raphael Galotti que é contra o ato. “A atitude com a qual eu concordo é a do aceite. Aceitar que as pessoas são diferentes já é um grande passo. Assim, tratamos com amor quem nos cerca e os laços são conservados. Onde não há um juiz, não haverá julgamento, tampouco veredito, tampouco condenação, ou justiça com as pró prias mãos”, finaliza.
Já para o empreendedor Rodrigo Gama, muitos problemas não são solucionados pela justiça brasileira. “Fazer justiça com as próprias mãos, para mim, nada mais é do que uma sociedade exausta de esperar que alguma punição aconteça àqueles que não respeitam a lei e vivem como se nada tivesse consequências. Isso só acontece pela falta de justiça e respeito entre as pessoas que convivem em nosso país”, explica Gama. De acordo com Robson Alves, que é formado em Direito com especialização na área criminal, não existem circunstâncias que justifiquem fazer justiça com as próprias mãos, já que essa fere todos os princípios de ordenamento jurídico que inclui a dignidade do ser humano. “Não vejo que condutas dessa natureza possam cons truir uma sociedade melhor. O que se dá, na verdade, é o aumento da violência e da própria criminalidade”, afirma.
“Nada que seja à margem da lei pode ser jus tificativa para ajudar a polícia. Isso na verdade incentivaria o retorno às épocas bárbaras
ou às leis de talião do olho por olho e dente por dente, o que é inadmissível em um estado demo crático de direito”, finaliza Alves. Fazer justiça com as próprias mãos não se tornou apenas uma solução para alguns cidadãos. As consequências que o ato desencadeia podem ser muito maiores do que apenas a punição de um suspeito ao crime. O que acontece no país é que muitas pessoas estão sendo julgadas pelos próprios cidadãos sem ao menos ter participado do crime. A justiça acaba sendo injusta para algumas pessoas.
Recentemente, um caso em São Paulo teve gran de repercussão no país inteiro. Neste sábado, dia 3 de maio, mais uma pessoa foi vítima de cida dãos justiceiros. A dona de casa Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, foi espancada por populares por ter sido confundida com uma seqüestradora de crianças. Tudo começou com suposições em redes sociais que declaravam que a moça sequestrava para fazer magia negra. A moça foi imo bilizada, amarrada e agredida pelos cidadãos, e, além disso, o resgate, feito pela polícia militar, foi dificultado pelos agressores. Fabiane morreu na UTI do Hospital Santo Amaro por ser vítima de traumatismo craniano.
Para que atos injustos não aconteçam, a tenente da Polícia Militar (PM), Caroline Costa, explica como os cidadãos devem proceder ao avistar atos de violências. “A Polícia Militar recomenda que o cidadão acione, imediatamente, a polícia pelo telefone 190. Recomendamos que a pessoa não tente intervir sozinha, pois ela pode se torna mais uma vítima do agressor ou agressores”, afirma. De acordo com o artigo 345 do Código Penal Brasileiro, existe sim punição para aqueles que fazem justiça por si próprios. A pena pode ser de detenção, de 15 dias a um mês, ou multa. O
cidadão é punido pelo ato e também há uma pena que corresponda à violência praticada por ele. “Além de ser crime fazer justiça com as próprias mãos, a pessoa responderá pela violência que for utilizada contra a vítima”, declara a tenente da PM.
Em enquete feita pela revista CDM, 88% das pessoas são contra e 12% são a favor do ato de fazer justiça com as próprias mãos. Muitos entrevistados ao responder a pergunta tendiam a discordância e apontavam as mesmas questões quando se pensavam em uma possível solução que tem a ver com a a lei to talião: Olho por olho, dente por dente. O publicitário André Berlési foi um exemplo. “Difícil essa pergunta e merece reflexão. Sou tentado a responder que sou contra por resposta ao politicamente correto. Porém, meu lado reacionário europeu me lembra que estamos em uma guerra. Escutamos sempre
conselhos: não reaja, não revide... mas em uma guerra na qual vidas estão em jogo, será mesmo que não fazer justiça com as próprias mãos é de fato uma solução? Sou a favor. Essa é minha última palavra”, conclui.
As pessoas estão passando por momentos de descobrimento. Para muitos, é difícil tomar uma decisão sobre o ato de fazer justiça sem mesmo ter sido vítima de algum crime. A sociedade ainda parece estar em conflito por causa desse assunto. As pessoas não sabem se devem ou não confiar na segurança do país ou se devem agir para que a justiça exista.
“A AdrenAlinA é quem fAz você enfrentAr ou fugir do perigo ”
CASOS EM CURITIBA
Na madrugada do dia 22 de abril de 2013, mais um caso de justiça feita por populares aconteceu em Curitiba. Um bandido tentou roubar um comércio localizado no bairro Água Verde. Logo após o assalto, o criminoso foi surpreendido pelo proprietário do estabelecimento que o perseguiu de carro armado por um pedaço de pau. O dono do comércio quebrou o antebraço do bandido e conseguiu segurá-lo para que a polícia o prende-se.


No bairro Pinheirinho, moradores criaram um sistema de segurança para a região. No dia 31 de maio de 2013, as ruas foram equipadas com sirenes e câmeras para evitar que os crimes aconteçam no local. A ideia é fazer com que o estardalhaço dos equipamentos afaste bandidos do bairro. Os assal tos e furtos diminuíram bastante após a instalação desse sistema.
No dia 21 de março de 2014, mais um caso foi solucionado quando os populares agiram para obter justiça. No bairro Prado Velho, um ho mem, que estava alcoolizado e dirigindo um carro roubado, atropelou um senhor que andava de bicicleta e tentou fugir. O infrator foi pego pelos moradores e foi linchado. A polícia o prendeu no mesmo dia.

A busca da independência
Jovens saem de suas cidades para buscar novas oportunidades em Curitiba
Bianca Caroline Carolina Rodelli Juliana Reis Mariana Therézio
decisão de ir em busca de novos horizontes faz parte da vida de muitos jovens que procuram independência e lutam para concretizar seus sonhos. Po rém, no decorrer da vida acadêmica, essa opção pode não ser uma das mais fáceis de serem tomadas.
É preciso deixar tudo para trás: família, amigos, grandes amores, velhas e boas histórias para aos poucos, construir uma nova vida com novos amigos, novas expe riências, e acima de tudo, ter um preparo pessoal para enfrentar os desafios do tra balho, e superar uma fase que está por vir.
A Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) recebe semestralmente estudantes oriundos de todas as partes do Brasil, por ter em seu processo o Sistema de Seleção Unificada (SISU). Sendo assim, uma equipe formada por psicólogos, pedago gos, assistentes sociais, médicos, enfermeiros, odontólogos e técnicos -administrativos, tem a responsabilidade de dar suporte aos alunos com acompanhamento e desempenho acadê mico durante o decorrer do ano letivo. A universidade conta, também, com progra mas de auxílio estudantil, como bolsas de moradia e alimentação. Todo esse processo de mudança exige ain da, maturidade e adaptação, como explica o psicólogo da UTFPR, Allan Martins Mohr. “Atualmente, com a entrada na universidade, temos percebido muitas
questões acerca da mudança de vida e da novidade em morar fora de casa. Mas é difícil falar de um comparativo quando pensamos em psicologia, uma vez que cada pessoa tem suas questões e dificuldades particulares”, aponta.
O psicólogo ressalta que, quando se perce be que o aluno não está em uma condição positiva, tanto acadêmica quanto pessoal, é importante a participação dos pais do jovem e dos professores. “O acompanha mento psicológico pode iniciar de diversas formas; tanto pela orientação e encami nhamento de um professor que perceba di ficuldades do aluno no âmbito acadêmico ou pessoal, assim como pela solicitação de pais, ou pela própria vontade do aluno”, afirma o profissional.
- Eliana Rodrigues, estudante de Design Gráfico na UTFPR
A DECISÃO
Natural de Brasília (DF), Eliana Rodrigues cursa Design Gráfico na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), mas antes morava em Goiânia onde estudou por três anos. Ao perceber que não estava realizada, resolveu mudar-se para Curitiba. “Quando vi que a faculdade não estava acrescentando conhecimento e que eu não conseguia emprego, me mudei para Curiti ba, onde o curso é mais completo e o
“Minha família me incentiva na busca de realizações pessoais. Se estou feliz e correndo atrás do que gosto, eles me apoiam”.
mercado de trabalho é promissor”, explica. A jovem conta que a família apoiou muito em sua decisão e, para conseguir driblar a dificuldade de ficar longe de casa, mantem o foco e pensa no seu futuro. “Estou plantando agora para colher no futuro. Mudar o foco do problema, se eu pensar que tudo o que faço está agregando valor ao meu futuro, fica mais fácil para aguentar as dificuldades de sair de casa. Minha família me incentiva na busca de realiza ções pessoais. Se estou feliz e correndo atrás do que gosto, eles me apoiam”.
Para a mãe de Eliana, Márcia Rodrigues, o apoio foi dado desde de o início, sempre alertando das dificuldades que poderia encontrar no futuro. “Conversarmos abertamente com a Eliana sobre sua decisão e demos todo o suporte possível, porém deixamos bem cla ro as facilidades e as dificuldades que teria enfrentar sozinha. Estar longe da família pela primeira vez é difícil, mas quando se tem o apoio da família, a experiência se torna mais fácil”, finaliza .

“Saí de Roseira interior de São Paulo, porque estava sem perspecti vas e planos. Vim para Curitiba em busca de estudo de qualidade, novas amizades e por que não um grande amor? A parte de convencer minha mãe foi a mais difícil, sempre tem aquela preocupação de mãe. Desde o início, tive apoio da minha ma drinha, das minhas irmãs, dos meus amigos e por fim, da minha mãe. Malas prontas e rumo ao futuro. Chegando em Curitiba fui morar junto com uma amiga, consegui um emprego e logo comecei a fazer cur sinho para o vestibular. Hoje já estou no último ano de Engenharia Civil pela UTFPR e estou estagiando na área. Ao longo dessa trajetória, passei por momentos difíceis, saudades da família e dos amigos, mas aqui tam bém tive o privilégio de conhecer pessoas espetaculares e encontrei um grande amor. Tem sido uma experi ência incrível. ”
“Quando vim para Curitiba, a vida não foi deixada para trás. Vejo como a continuação de tudo que vivi. Tudo fez e ainda faz parte do meu sonho. É difícil se distanciar de tudo, mas sei que valerá a pena. Acho que qualquer mudança traz insegurança, medo e ansiedade. A gente não sabe o que nos espera. Pessoas diferentes, a cidade, cul tura, ritmo de vida, tudo isso me dava medo. Meus pais sempre me apoiaram e me passaram seguran ça. O papel da universidade para com os jovens que estão chegando, é de integração. Isto é fundamen tal. Ainda não estou realizada. Só estarei quando alcançar o objetivo que tracei e até lá eu sei que não será fácil. Posso dizer que estou feliz, mesmo longe de casa, mas realizada, não. ”
“Minha família relutou um pouco no início, queriam que estudasse perto de casa, mas no fundo sabiam que era o melhor para mim. O crescimento pessoal foi e é muito grande, a capacidade de assumir as responsabilida des e resolver problemas aumen tou muito, além do aprendizado obtido pelo convívio com pessoas com culturas e opiniões diferen tes. Parece assustador no começo, mas a rotina torna tudo normal.
O que mais senti dificuldade no início foi a saudade e a falta da presença da família, mas que diminui com o tempo. Mas tam bém questões financeiras, que são organizadas pelas bolsas cedidas pela faculdade. ”

Maria Porfirio, de Roseira (SP). Estu dante de Engenharia Civil UTFPR
Lua Ferreira, de Monte Sião (MG). Estudante de Arquitetura e Urbanis mo pela UTFPR

Débora Guimarães, de Goiás. Estudante de Arquitetura e Urba nismo UTFPR

Câmara de Curitiba recebe projetos bizarros
A visibilidade nos meios de comunicação, com o objeti vo de obter votos, induz po líticos a inventar e multipli car projetos de lei, mesmo se desnecessários, segundo a opinião pública.







mais me surpreende na política
Jean Lima, Agência de Marketing Político
Nas últimas semanas, a Câmara Municipal da Capital Paranaense tem sido palco de apresentações de ideias inusitadas. Uma delas é do vereador Chico do Uberaba (PMN), que prevê a reali zação de velórios virtuais, que funcionariam por um sistema de transmissão de imagem do velório via internet. Outra, que propõe o sepultamento de animais de estimação junto a seus donos, em cemitérios públicos da cida de, é do vereador Professor Galdino (PSDB). Num tempo em que a tecnologia digital é responsável por grandes transformações da sociedade e o virtual se entrelaça com o real no cotidiano das pessoas, por que não, nas ondas do processo da digitalização, propiciar a quem está distante, acompanhar o velório de um ente querido através da internet?

O vereador Chico do Uberaba afirma que a ideia não é fruto de um insight, mas que
tomou conhecimento “no contato com amigos de outros lugares, como Estados Unidos e Japão”. E acrescenta: “Procurei descobrir como funciona nesses lugares e lancei o projeto”.
Mas o vereador não esperava que essa ideia encontraria tanto receptividade em vários veículos de comunicação que a noticiaram e procuraram saber o que o povo pensa através de enquetes. A opinião pública sensibilizada pela onda das manifestações de junho do ano passado, que pediam melhorias na área da Saúde, Educação e Segurança, rechaçou por completo a proposta. Comprovam isso os inúmeros comentários que inundaram as redes sociais fazendo com que o fato local repercutisse em outras regiões.
Quanto à apresentação de projetos nas áreas da Saúde, Educação e Segurança, Chico do Uberaba enfatiza o fato de tê-los sempre realizado, “mas quando se lança um projeto diferente há pessoas que são a favor e outras que criticam e não medem os seus comentá rios, fazendo críticas destrutivas”.
- Chico do Uberaba (PMN), vereador
Cão, o melhor amigo do homem Professor Galdino também se diz promotor de projetos sociais que visam à Saúde, Educação e Segurança. Mas ele se tornou mais conhecido pela proposta de enterrar animais em cemi térios humanos. “A ideia veio de São Paulo, onde um projeto com tal teor foi aprovado na Câmara Municipal, e também
“Nada
brasileira.”
“Há pessoas que são a favor e outras que criticam e não medem os seus comentários.”
da demanda de cidadãos que reivindicam o direito de sepultar seus animais de estimação consigo”, ressalta Galdino.
Se as novas tecnologias se caracterizam como tendência nos dias de hoje, o mesmo se deve dizer a respeito do cuidado e respeito com os animais. Esse é o foco de Galdino: “Quando ocorre o falecimento de um animal muito amado, há dificuldades para se dar o encaminhamento respeitoso ao cadáver. Os cemitérios e crematórios particulares existentes cobram altas taxas, o que inviabiliza que pessoas com menos recursos financeiros possam dar um bom encaminhamento ao animal falecido.”
Então a sua sugestão é enterrar os animais jun to a pessoas das quais eles foram amigos. Mas isso carece de uma legislação. Na qualidade de representante do povo, o vereador entende ser “importante respaldar legalmente tal possibi

lidade, beneficiando o elo de amor entre seres humanos e não humanos, estreitando cada vez mais os laços entre todos os seres”. Nenhum dos dois projetos conseguiu adesão na Câmara e nem mesmo pela população. Acaba ram por gerar um má impressão da imagem dos parlamentares por um determinado tempo.
Os dois casos referidos acima se inserem em um momento em que a população brasileira está desacreditada com a política, sensível às questões sociais e indignadas com o desper dício dos recursos públicos. Para Guilherme de Mello Simão, estudante de Filosofia na Pontifícia Universidade Católica de Curiti ba (PUCPR), “a sociedade civil organizada precisa promover a educação política e cidadã do povo, para quem esse indo além do voto, acompanhe o mandato de seus representantes”.
Comentário profissional
Jean Lima, sócio-proprietário da agência de comunicação W3ol, ressaltou que “já faz parte do folclore da política do país, a existência de parlamentares desqualificados para o exercício da função”. Lima comparou a política com telenovela: “O que a TV mostrou há muito tempo (1973) na novela O Bem Amado, de Dias Gomes, com o divertido prefeito Odorico Paraguaçu, criativo, safado, cheio de artima nhas e neologismos para se promover junto ao eleitorado de Sucupira, se repete ainda hoje com Tiriricas e Galdinos”.
“Tenho a impressão que vários vereadores, mais do que buscar seriamente o bem comum, ser esforçam por ser criativos e assim permane cer debaixo dos holofotes e em alta nos meios de comunicação. Desse modo, eles garantem
“Quando ocorre o falecimen to de um animal muito ama do, há dificuldades para se dar o encaminhamento respeitoso.” - Professor Galdino (PSDB), vereador.
o querem: a reeleição. O povo? Que se dane!”, desabafou Márcia Tucunduva, assistente admi nistrativo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). No Brasil, tornar-se político, significa aceitar ser catalogado pelas pessoas, muitas vezes, de imediato, como corrupto. Muitos cidadãos de índole correta não estariam se distanciando da política devido a isso? O fato é que os políticos são funcionários públicos, representantes do povo num país democrático e se espera deles coerência. E isso o povo quer. Projetos inusitados como os que foram apresentados na Câmara Municipal de Curitiba extra polam o cotidiano do universo político e, quem
sabe, podem, devido à indignação, instigar o povo a se aproximar da política, pois é grande o desinteresse, segundo Lima: “É só você mesmo tentar saber de qualquer eleitor o nome de pelo menos dez vereadores da cidade. De quantos vereadores temos na Câmara e do que realmente eles debatem na casa legislativa. Eu mesmo te nho dificuldade para associar aos vereadores que conheço quais são os projetos relevantes que eles estão debatendo para a cidade. Isso explicita o enorme abismo existente entre a classe política e o eleitorado”.
Parece sintomático que ambos os projetos apresentados falem de morte, enquanto que a população pede vida.
- Proibir o uso de minissaias e shorts durante a quaresma.
- Proibir que policiais e guardas municipais e suas viaturas sejam fotografados, principalmente, se eles ficarem em segundo plano na foto.
- Obrigar motéis a colocarem duas camisinhas, uma embaixo de cada travesseiro, para estimu lar o uso de preservativos.
- Autorizar o uso de pilchas em estabelecimentos públicos, visto
que os gaúchos participaram da colonização do Paraná, sem que o usuário seja constrangido por isso.
- Proibir que cachorros sejam amarrados em hidrantes, postes de luz ou árvores.
- Construir um monumento turís tico para Curitiba se equiparar a outras capitais mundiais, como a Torre Eiffel e a Estátua da Liber dade.
- Criação do dia do Dia do Orgu lho Heterossexual.
Outros projetos inusitados da Câmara de Curitiba (a maioria, arquivados) nos últimos anos
Solidariedade na cabeça

Projetos de doação de cabelos para a confecção de perucas ajudam mulheres no resgate da autoestima
Gabriela Oliveira, Helem Barros, Jheniffer Andrade e Raíssa RibeiroUma doença silenciosa, que atinge homens e mulheres de todas as idades e classes sociais. Um conjunto de mais de cem doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células que invadem os tecidos e órgãos. Para cada tipo de câncer, existe um tratamento e a consequência mais comum é a perda de cabelos.
O causador dessa perda que aflige diversas pessoas não é o câncer em si. De acordo com o médico Felipe Gonçalves, o que estimula a queda de cabelo é a morte das células que os quimioterápicos causam. “Uma gran de parte dos quimioterápicos, além de matar células tumorais, mata células normais, como as que produzem o pelo. Além da queda de cabelo, a química dos medicamentos usados na quimioterapia causa também a fadiga, perda de apetite, queda de imunidade, náuseas e vômitos”, explica.
Para muitas mulheres, o cabelo é um acessório essencial e ficar sem ele pode implicar na per da da autoestima,o que acontece com grande parte das pacientes no tratamento da doença. Nadir Bianchini e Thauana Santos de Araújo são estudantes do ultimo ano de Psicologia e trabalham voluntariamente em um projeto que auxilia com acompanhamento psicológico o tratamento do câncer. “Para as pessoas que sozinhas não conseguem passar pela doença, o apoio psicológico é fundamental. Tanto o acompanhamento em grupo quanto o indivi dual ajudam essas mulheres a suportar a dor. É um espaço para elas chorarem, trocarem experiências e desabafar mesmo”, explicam as estudantes.
O projeto Atitude na Cabeça é um exemplo de inciativa que visa a manter a vaidade e a alegria de mulheres que lutam contra o câncer. A iniciativa veio da necessidade de uma moça, que estava passando pela perda de cabelo, por conta da doença, e não tinha condições de comprar uma peruca. “Essa minha amiga veio perguntar se eu conhecia alguém que doava peruca, eu disse que não conhecia, mas fomos atrás e conseguimos”, afirma uma das idealiza doras do projeto, Terezinha Maria Niehues.
- Michelle Borne mann, paciente de câncer.
Foto produ

Eu sempre pensei que tem que ser um dia de cada vez, um passo de cada vez.”
AS PERUCAS SOBREVIVEM
o século XVII é considerado a época de ouro das pe rucas. O acessório era objeto de prestígio entre a nobreza e um importante acessório, principalmente do estilo masculi no. Reis franceses, como Luís XIII e Luís XIV, não dispen savam a peça e nunca eram vistos de cabelo curto. Usar perucas era uma questão de classe. A profissão de peruquei ro era bem vista, dava status de artista para a pessoa que as confeccionava.
A alta demanda elevou a procura por perucas de qualidade e acabou por encarecer a peça. Mas as madeixas avulsas não saíram do mercado e ainda aquecem a economia. Estão em vitrines e em salões de beleza. E podem ser solução para pa cientes que passam por tratamentos de saúde. Há perucas para todos os gostos, de todas as cores e cortes, de cabelo natural e sintético. A mulher que vai a uma loja de peruca certamente se diverte com a quantidade de opções e sai realizada.
A divulgação começou com pedidos, pela rede social Facebook, de doação de perucas, lenços e chapéus. Em parceria com outras duas ide alizadoras do Instituto Humanista de Desen volvimento Social (Humsol), surgiu a ideia de pegar doações de cabelos e fazer perucas. “Quando uma pessoa coloca uma peruca e se vê normal de novo, a autoestima dela já eleva e ela enfrenta a doença com mais ânimo e cora gem”, garante Terezinha.

Um dos passos do projeto, que ainda está em andamento, foi tomado pela voluntária Tere zinha Martynhak, dona de salão de beleza e cabeleireira, que corta gratuitamente os cabelos de quem quer doar. “Como eu tive três pesso as na minha família que faleceram de câncer, quando a Terezinha me falou do projeto, eu
disse: ‘Tô dentro, vou ajudar vocês’.” A voluntá ria acredita que o pouquinho que ela ajuda é o mínimo que ela pode fazer pela causa. “Eu vejo também a motivação das pessoas que vem doar o cabelo e é contagiante. É uma alegria muito grande fazer parte dessa ação”, ressalta Marty nhak.
A repórter Helem Barros, da revista CDM, resolveu participar dessa corrente do bem e doar o seu cabelo para o projeto Atitude na Cabe ça. “Não sei para quem vai o meu cabelo, mas espero que realmente ajude muito, que a pessoa que receba possa não só elevar a autoestima, mas enfrentar a doença com mais esperança. Um sentimento muito bom me invadiu ao ver meu cabelo curto e a sensação de poder ajudar alguém é inexplicável.”
Michelle Bornemann, que está na luta contra o câncer de mama há mais de um ano, é exemplo de superação e serve de inspiração para as pessoas que vão enfrentar a doença. No inicio do tra tamento, Michelle procurou levar a situação da melhor maneira possível e conseguiu contagiar as pessoas a sua volta com sua alegria, coragem e força de vontade.



”A pior parte já passou, a quimioterapia mais pesada já foi, mas cada vez que você precisa voltar para o centro cirúrgico, você tem aquela expectativa de que tudo pode acontecer. Então, eu sempre pensei que tem que ser um dia de cada vez, um passo de cada vez, que as coisas vão melhorando”, relata Bornemann. Para os filhos pequenos, Michelle fez questão de explicar a situação. Quando descobriu que o cabelo ia cair, a primeira coisa que pensou foi
neles e em como lidariam com a situação. “Eu conversei com eles, falei que nada ia mudar, que a vida ia continuar e que íamos dar força uns para os outros e eles aceitaram, a gente fez uma festa pra cortar o cabelo. Então a gente fez um churrasco e daí eu enchi a cabeça de chuquinhas e cada um cortou um pouco do cabelo.”
Com esperança e o apoio da família e amigos, Michele também entrou na corrente do bem e ajuda mulheres que passam pelo mesma situa ção que a sua. Conversando abertamente com quem precisar de conselhos e ajudando projetos como o Atitude na Cabeça, ela procura pas sar a sua força para quem precisa. Enfrentar o câncer não é uma tarefa fácil, mas a aceitação da doença e a busca pelo resgate da autoestima podem ser grandes aliados para que essa luta seja vencida.
“É uma alegria saber que eu estou fazendo alguma coisa pela causa, que estou ajudando de alguma forma. E ver as pessoas se doando é maravi lhoso. Elas se tornam grandes. É uma alegria sem tamanho e que contagia.” Terezinha Mar tynhak, cabelereira e voluntária do projeto Atitude na Cabeça.
“Quando se fala em qui mioterapia, a paciente não questiona se vai passar mal ou quais são os efeitos. A primeira pergunta é se vai cair o cabelo. Tem mulher que só se reconhece com cabelão. Então, não tem como tirar isso dela.” Gladys Halush, fundadora da Associação das Amigas da Mama.
“Além dos encargos da doen ça, a questão da autoestima é muito afetada. Então tudo que mantem a vaidade da mulher a ajuda a passar de uma forma bem melhor por essa situação difícil.” Valéria Lopes, presidente da Associa ção das Amigas da Mama.
Doutor
cão
Cães amigos auxiliam em tratamento de doenças e levam alegria para pacientes
Há tempos se ouve a expressão “O cão é o melhor amigo do homem”. Eles es tão presentes em diversos momentos da vida das pessoas e há quem não viva sem ter um animalzinho de estimação. No entanto, a relação entre o homem e o animal vai muito além da alegria e da compa nhia que um faz ao outro. Há muitas formas de um bicho ajudar uma pessoa e uma delas é participar do tratamento de diversas doen ças, a chamada Terapia Assistida por Animais (TAA). Estudos mostram que a presença de animais nesse processo pode ser extremamente positiva, pois eles promovem uma sensação de bem-estar, além de diminuir dores e proble mas como a depressão.
A psicóloga Ana Suy Sesarino Kuss explica que dependendo do tipo de relação que a pessoa tem com animais, esse tipo de terapia pode ser extremamente eficaz. “Nem todas as pessoas gostam de bichos. Mas para as que gostam, só vejo aspectos positivos no tratamento com a presença de animais. Françoise Dolto, uma psicanalista importante, dizia que as crianças
se identificam com os bichos porque precisam, para ser educadas, abrir mão de uma parte de si preciosa, que é a nossa parte mais primitiva. Conforme vamos crescendo, vamos nos afastando disso, mas nunca abandonamos essa parte primitiva que chamamos de inconsciente. A relação com os animais, nesse sentido, permitiria que tivéssemos notícias de nós mes mos, da nossa parte que foi ‘esquecida’ e, por isso penso que pode ser muito eficaz”, avalia. A utilização do animal como terapia é comentada desde o século XIX, quando os animais foram introduzidos nos ambientes hospitala res. Em países como Austrália, Egito e Estados Unidos a prática já é bastante utilizada. No Brasil, ainda existem poucas pesquisas sobre o tema, embora muitas instituições como hospitais, escolas e asilos recebam visitas constantes de voluntários.
O animal tornou-se elemento terapêutico para o homem. Fidelidade, incapacidade de julgar e amor incondicional são algumas das qualidades dos animais que auxiliam na recuperação física e mental de pessoas debilitadas.
Stacy Barbosa
Existem inúmeros projetos que fazem, de forma voluntária, visitas a hospitais, escolas, asilos, associações e institutos, com o intuito de levar conforto, alegria e carinho para quem precisa. É o caso do Projeto Amigo Bicho, em Curitiba, que foi fundado em 2005, pela médica veteriná ria Letícia Castanho.
Segundo Letícia, o objetivo do projeto é benefi ciar as pessoas através do uso de animais de estimação. “Já é comprovado cientificamente que apenas dez minutos de contato com os animais faz com que o corpo libere substâncias como a ocitocina, prolactina, entre outras, que causam sensação de bem-estar e diminuem o stress, fazendo com que o paciente responda melhor as terapias convencionais”, comenta. “Atualmente, o Amigo Bicho faz visitas regularmente a oito instituições e a principal ideia do projeto é unir a paixão pelos animais, com a paixão pelo ser humano e transformar um pouquinho o mun do através do amor”, afirma.
Ela revela que a seleção dos animais voluntários é bastante rigorosa. “Os cães têm que estar obri gatoriamente com todas as vacinas, vermífugos e antipulgas em dia, com a saúde perfeita, e ter um comportamento muito dócil e amigável. Estes cães passam por uma avaliação comporta mental, onde testamos diversas situações para saber como ele vai reagir frente a situações de stress ou apertos, carinhos, etc”, esclarece.

Segundo Mariza Mastaler Ayres, voluntária há quatro anos, fazer parte do projeto é tão impor tante para ela, quanto para os seus cães tera peutas. “Faz quatro anos que estou no projeto e amo de paixão. As visitas fazem muito bem para
nós, voluntários, porque saímos com a sensação de dever cumprido. Os animais sabem o dia da visita e ficam ansiosos e muito alegres. Eu tenho seis cachorros e é só mexer na roupinha que eles percebem. Já cheguei a trazer quatro de uma só vez. Hoje trouxe a Nala e a Mia porque para cada local que vamos visitar tem o animalzinho ideal para levar”, relata.
De acordo com a Fundação Bocalan, entidade referência em TAA da Espanha, “A excitação positiva motivada pela presença do animal, fomenta a expressão de emoções e a capacidade de comunicação.”
Para a Delta Society, da Australia, “os animais ajudam a aumentar a concentração em deter
minadas tarefas”. A Associação Americana do Coração (American Heart Association), afirma que a visita de um cão por 12 minutos melhora o funcionamento do coração e dos pulmões, diminui a liberação de hormonais negativas e baixa os níveis de ansiedade.
Paciente aproveita visita para matar a saudade do seu cachorro. Katiucy Binhara“Os animais sabem o dia da visita e ficam anciosos e muito alegres”.-Marisa Mastaler Ayres, voluntária
Janaina Aparecida Aristides, que está no Hospital Cajuru acompanhando o filho internado na pediatria, considerou a presença dos animais um momento de descontração e conforto. “O mo mento em que a gente está aqui é triste, quando vi as pessoas entrando e fazendo as brincadeiras com os animais, me animei. Ajudou a esquecer um pouco o que está acontecendo”, afirma.
Simone Bernardes fala que para aqueles que têm um animalzinho de estimação em casa e está no hospital há algum tempo, o momento em que os cães terapêuticos entram nos quartos é único, pois faz o paciente lembrar e matar a saudade. “Quem tem cachorro em casa e que está aqui há algum tempo sente certo conforto e, também, saudade”, assegura.
Atualmente, a TAA é utilizada como instrumento no tratamento de diversas doenças, como autismo, deficiência intelectual e física, paralisia cerebral, síndrome de Down, Parkinson, Alzheimer, câncer, entre outras.
Cassiane Ribeiro Kaiser, enfermeira no Hospital Cajuru, acompanha as visitas e vê de perto os benefícios que os cães fazem aos pacientes. “É a terceira ou quarta vez que acompanho a visita do Amigo Bicho pelos quartos do hospital. É sempre bom, porque os pacientes saem da rotina e ficam alegres. Acredito que contribua para melhora do quadro e da autoestima de
cada um. Até para quem trabalha no hospital é interessante, porque paramos e vivenciamos por um momento outra realidade”, diz.
Nilza Maria Brenny, coordenadora do Núcleo de Voluntariado do Hospital Cajuru, defendeu o projeto e o uso de animais em terapias assistidas. “Existem pessoas que não vivem sem ter um animal de estimação. Quando os voluntá rios entram nos quartos com os animais, é uma forma de lembrar daqueles que os pacientes deixaram em casa. Os animais ajudam muito no processo terapêutico, tanto na dor do pacien te, quanto do familiar e dos colaboradores”, considera.
Nilza aproveitou o encontro para anunciar que a equipe do Amigo Bicho será oficializada e pas sará a ter acesso a projetos, serviços e novas áreas para visitar. “A partir de hoje os voluntários do Amigo Bicho vão poder fazer parte de tudo que envolve o voluntariado do hospital, eles serão oficializados e terão até uma sala. Pelo fato de os animais serem importantes no processo terapêu tico, nós trabalhamos a equipe para que estejam sempre motivados a estar aqui”, disse.
Seja como amigo, cão terapêutico ou companheiro, os cães têm a capacidade de alegar e contribuir com a saúde e o bem-estar do ser humano. Uma relação de cumplicidade na qual se aplica a famosa frase “na saúde e na doença”.

bem o ciclo do


Fazer o bem é uma via de mão dupla. Exemplos são o que não faltam quan do o assunto é ajudar o próximo.
Amanda Bedide Guilherme Liça Hellen RibaskiOtrabalho voluntário tem quebrado barreiras e instigado cada vez mais pessoas a se envolverem em causas em prol de instituições, comunidades, crianças, jovens e adultos que precisam de ajuda. É por meio dessas atividades não remunera das que muitas histórias têm trilhado um caminho feliz e recompensador.

O mais interessante é que pesquisas revelam que quem ajuda os outros acaba ajudando a si mesmo. O ditado “o feitiço volta contra o feiticeiro” é verdadeiro, mas num bom sentido. Aquele que dedica par te do tempo a fazer o bem a outras pessoas melhora a própria saúde, beneficiando o coração e o sistema imunológico. Entre os pesquisadores, estavam professores da universidade de Harvard, nos Estados Unidos, que entrevistaram cerca de 2.700 pessoas durante dez anos. Além dos benefícios para a saúde registra dos pelas pesquisas, histórias do dia a dia
As idealizadoras da Tranforme Sorrisos encaram a ONG como a missão de suas vidas.
de quem vive essa realidade mostram o quão gratificante tem sido trabalhar pelo bem-estar do próximo, trazendo ainda maiores benefícios para o crescimento pessoal. É isso o que duas instituições de trabalho voluntário destacam.


Sorrindo para a vida
A Transforme Sorrisos é uma organiza ção não governamental (ONG) que tem como objetivo principal suprir crianças e adolescentes, de baixa renda e em situação de vulnerabilidade social, com atividades culturais e educacionais. Por meio de trabalho voluntário, a proposta é levar às comunidades e instituições em que atua um pouco de lazer e ativida des que proporcionem um crescimento social mais adequado para o futuro dos jovens. De maneira lúdica e divertida, a Transforme Sorrisos age por meio das áreas de música, circo, literatura, artes visuais e educação ambiental. Sob a orientação das fundadoras, a jornalista Vivian Escorsin e a ilustradora Ana Nisio, o projeto tem crescido bas tante. No último ano, a ONG atendeu mais de 2.370 crianças e adolescentes, de 0 a 18 anos, em seus diversos pro jetos. E, permanentemente, mantém atendimento a cem crianças. Para elas, esse resultado é um tanto surpreendente e gratificante. “Quando nós começamos com esse projeto, não fazíamos ideia de que tomaria a proporção que tem hoje, ainda mais por temos começado de uma maneira inesperada”, conta Vivian.

Em um momento descontraído durante um jantar entre as amigas Vivian e Ana, em outubro de 2010, surgiu a ideia de fazer o Natal de algumas crianças mais feliz naquele ano. Para arrecadação de alguns brinquedos destinados à doação, elas decidiram fazer uma festa para seus amigos, para a qual a entrada seria um brinquedo. “Com ajuda do Facebook para a divulgação, nós arrecadamos mais de 300 brinquedos e pudemos doá-los no Natal, como havíamos planejado”, relembra.
demanda maior, e, em junho de 2013, elas decidiram se dedicar exclusivamente ao Trans forme Sorrisos, em tempo integral. E, desde então, o projeto é reconhecido como uma ONG e vem crescendo cada vez mais.

Para Ana, se dedicar ao projeto é muito mais do que realizar um simples trabalho voluntá rio. “Essa é uma missão que nós assumimos com bastante garra e prazer. E precisamos de pessoas que se envolvam completamente com essa causa, porque é um bem que se faz não somente aos ajuda dos, mas principal mente a nós mesmos, que dedicamos grande parte do nosso tempo a isso”, afir ma. Vivian concorda com o pensamento da companheira.
Com o resultado positivo e as fotos publicadas na página do Facebook, mais pessoas quiseram participar da ação e da entrega dos presentes. Dessa maneira, elas fizeram mais uma festa para arrecadação de agasalhos e mais pessoas foram junto fazer a entrega. Conforme os meses foram passando, o projeto tinha uma
“Quando decidimos deixar nossas profissões, foi por amor e cuidado ao que fazemos, sem contar a tamanha felicidade e bem-estar que isso tem nos proporcionado. Nós procuramos aplicar toda a nossa bagagem profissional no Transforme Sorrisos e aprender sempre mais com o que estamos fazendo aqui”, finaliza.
“É um bem que se faz não somente aos ajudados, mas principalmente a nós mesmos.” - Vivian Escorsin, da Transforme Sorrisos
Tornando visíveis os invisíveis
O projeto Kmuflados, idealizado pelo adminis trador Eduardo França Xavier, tem como objetivo dar visibilidade àqueles que muitas vezes passam despercebidos aos olhos de quem transita pela cidade: os moradores de rua.
A iniciativa surgiu a partir das observações de Eduardo, que no trajeto para o trabalho, entre uma pedalada e outra, começou prestar atenção à triste realidade de quem está ao relento nas ruas. “Eles estão camuflados e esquecidos e, em meio à agitação e correria do dia a dia, se tornam invisí veis”, relata Xavier.
A ideia de despertar uma ação para ajudar os moradores de rua deu vida ao Kmuflados. Atualmente, oito pessoas auxiliam no projeto, que utiliza de um blog para propagar a iniciativa. “O objetivo é mostrar a história dessas pessoas, que pre cisam de auxílio para recomeçar a vida”, comenta Xavier.
com o concerto da carroça que ele usa para trabalhar. Conse guimos um local para ele ficar e um novo emprego”, comenta o idealizador.
Com a divulgação da história de Ronaldo nas redes sociais, e com a repercussão do projeto, outras pessoas se mobilizaram e decidiram ajudar o morador. “Uma professora ofereceu aula de dança, outra pessoa vai dar aulas de violão. Nós queremos ajudar o Ronaldo a mudar sua história de vida”, ressalta.
estão camu flados
O primeiro morador de rua a ter sua história contada pelo Kmuflados foi Ronaldo Chaime Macedo, que vive embaixo de uma ponte no bairro Guabirotuba, e tem como companhia seus cinco cachorros. Depois de estabelecer um laço de confiança com o morador, os jovens publica ram um vídeo com o depoimento de Ronaldo, contando sua trajetória nas ruas.

A partir daí, a história de Ronaldo tomou um novo rumo. “Procuramos saber quais eram as necessidades dele. Ajudamos com comida, roupa,
Uma das dificuldades enfrenta das pelo projeto é a falta de parcerias. Para mudar isso, a iniciativa abre inúmeras possibilidades de ajuda que vão desde trabalhos voluntários, doações financeiras, criação de atividades sociocul turais até a indicação de outro morador que esteja precisando de ajuda. “O Kmuflados mudou a minha vida, e ajudou a mudar a história desse morador de rua, nós queremos fazer a diferença na vida de outras pessoas”, come mora o idealizador do projeto.
Ronaldo e seus melhores amigos.
“Eles
e esquecidos.” - Eduardo Xavier, fundador do Kmuflados
Brincadeira de adulto, como é bom
A internet pode ser uma porta aberta para quem conseguir unir o útil ao agradável
Uma página bem elaborada, visualmente bonita e com conteúdo atrativo pode ser um convite para quem gosta de expor seus pensamentos, suas opiniões, suas ideias, projetos ou para quem procura um futuro empreendedor. É barato e pode render um bom dinheiro, além da possibilidade de poder trabalhar em qualquer lugar, seja em casa, dentro do carro ou em um parque. Basta ter tempo e vontade.
Por onde começar?
A primeira coisa importante a se perguntar antes de criar uma página na internet é qual assunto você domina mais. Assim fica fácil direcionar o conteúdo para o público que você deseja atrair. Mas e quando o assunto é dinheiro? Você já deve ter lido muito por aí “Como ganhar dinheiro fácil pela internet” e deve saber que se isso fosse verdade, muita gente estaria ganhando rios de dinheiro, já
Stephani Mantovani Diedrichque no atual contexto brasileiro inclusive as classes menos favorecidas estão bem inseridas no meio digital.
Mary Hitner que é formada em Psicologia, decidiu que seria divertido criar um blog para falar um pouco sobre si mesma e escrever sobre tudo relacionado ao universo feminino.
“Eu montei o blog em um momento que estava desempregada, tinha re cém me formado e estava em casa entediada, ai pensei: porque não? E foi assim que eu montei ele. Devagar, você vai vendo empresas interessadas no seu trabalho e que te mandam produtos além de realizarem sorteios em parceria com o seu blog.”
O mercado da internet pode estar satura do e, por isso, é difícil conseguir se destacar.
“Acho que espaço tem sim! Mas você tem que ter aquele diferencial e é claro muita força de vontade e dedicação”, afirma.
Mary também fez alguns vídeos que chega ram a um número grande de acessos na mes ma época em que se dedicava a escrever para o blog. “Conforme você vai postando, divul gando, conhecendo outras pessoas que tem blog, fazendo amizade, os likes vão surgindo. Eu me dediquei realmente ao blog duranteum ano e meio. Nesse período, tive alguns vídeos que tiveram mais de 20 mil acessos”.Hoje ela está trabalhando e dedicando seu tempo para desempenhar outras funções.
Ricardo Ickert, um dos fundadores do Bu
são Curitiba, página de humor sobre a cidade de Curitiba, demonstra que o objetivo princi pal dele não era ganhar dinheiro, “O objetivo inicial, na verdade, era só fazer com que a galera se identificasse com nosso trabalho.”
Com o sucesso da idéia, surgiu a necessi dade da expansão das redes sociais em que o conteúdo era divulgado, além do Twitter, hoje com 22,5 mil seguidores, o Busão Curitiba está no Facebook alcançando 161.106 likes e também possui um blog. Esse sucesso não aconteceu de uma hora pra outra. O Busão Curitiba já existe a quase quatro anos. A expansão do público aconteceu naturalmen te pela identificação com o conteúdo. Uma brincadeira que deu certo e hoje gera lucro por meio de campanhas publicitárias e anúncios inseridos no blog, além de algumas palestras proferidas por Ricardo Ickert e por Cassio Ferreira, também integrante do Busão Curitiba.
O sucesso aconteceu também com o blog Coisas de Diva, uma parceria entre três amigas, Sabrina Olivetti, que é designer, Thais Marques, jornalista e Marina Fabri, que se
“Acho que espaço tem sim! Mas você tem que ter aquele diferencial e é claro muita força de vontade e dedicação”

formou como jornalista também com Thais. Sabrina trabalhou com a Marina e as três acabaram se tornando amigas e colegas de profissão quando, em 2008, Sabrina decidiu criar um blog para falar de “coisas de mulher”, tema este escolhido porque é algo que parte do interesse pessoal de cada mulher, de acordo com Thais. Traz dicas, truques e tudo o que engloba o universo feminino. Sabrina convi dou então Thais e Marina para fazer parte do projeto.
Thais explica que, em 2008, quando cria ram o Coisas de Diva, os blogs estavam em um período pré-boom e que nos anos seguin tes surgiram vários outros endereços novos e afirma que as três nunca se preocuparam em concorrer mas em inovar. “Nos mantivemos focadas em fazer um bom trabalho. Estamos sempre pensando em conteúdos novos, colocando em prática ideias diferentes, interagindo com o público. Acho que é dessa forma que o blog continua no ar com números que estão em constante crescimento”.
Além do blog, o Coisas de Diva também está no Twitter, no Instagram e no Facebook. O blog foi crescendo cada vez mais, Thais con ta que ela e Sabrina deixaram seus empregos para se dedicarem somente ao Coisas de Diva, hoje 100% da renda das duas é fruto de seus esforços para o blog: “Eu sou jornalista há seis anos e já trabalhei com assessoria de imprensa. Eu e Sabrina saímos de nossos empregos e hoje nos dedicamos somente ao blog. Logo começamos a ser procuradas por anun ciantes. Hoje temos empresa aberta, emitimos nota, temos contador e cuidamos do
administrativo”.
Thais e Sabrina trabalham durante todo o horário comercial mas as três escrevem, auxi liam com novas ideias, respondem comentá rios e negociam com clientes. Sabrina cuida das mídias sociais e do administrativo, e a Thais da parte de relações públicas. O espírito empreendedor das três amigas fez com que o Coisas de Diva conquistasse espaço em outros tipos de mídia, já esteve em colunas periódi cas na revista Gloss, e a próxima parceria será com a revista Nova.
A internet pode ser uma grande oportuni dade para alavancar os negócios, por trás das telas podem existir grandes empreendedores. Para continuar sendo referência, é essencial saber o que seu público procura . Os consumidores estão cada vez mais sedentos por novidades e o cenário é perfeito para a oferta e procura . Para empreender, é importante usufruir de tudo o que a internet pode ofe recer e manter o conteúdo sempre atualizado. Ter perfis em diversas redes sociais também é uma opção, quanto mais acessível melhor.
“O objetivo inicial, na verdade, era só fazer com que a galera se identificasse com nosso trabalho”
#hashtag #tônarede
Facebook, instagram, youtube e whatsapp são algumas das redes sociais do mo mento, mas a questão é: qual o limite entre a comunicação e o exibicionismo, entre o público e o privado?
Por Amanda Louise, Bruna Carvalho e Manuella PiresAera do exibicionismo digital na qual vive mos alterou a forma como a vida afetiva e os relacionamentos interpessoais acontecem. Há quem passe horas em função das redes sociais, mas há quem prefira não estar nesse meio.
O sociólogo Nelson Fonseca explica que o ato de “se exibir” faz parte do ser humano, no entanto, sofreu alterações na sua prática quando passou às plataformas digitais. “A verdade é que as pessoas têm uma necessidade de fazer parte de um grupo e serem aceitas socialmente, e isso hoje é mais fácil através das redes sociais”. Para Fonseca, “a questão entre o ter e o ser é a chave de todas as redes, você quer saber o que o outro faz e tem. E também quer mostrar o que você tem e faz. Isso acaba virando uma competição”.
A estudante Renata Protta, 16 anos, utiliza frequentemente as redes sociais, principalmente o instagram - rede social gratui ta para compartilhamento de fotos e vídeos. Além de publi car diariamente fotos de suas experiências pessoais ela usa a rede para divulgar seu “projeto lifestyle“, uma tendência dos usuários que buscam incorpo rar um estilo de vida saudável,

principalmente para atingir o ideal do corpo perfeito. Através de hashtags como #ProjetoBar rigaZero, #Foco, #Força, #MissaoMulherMa ravilha, #QueTodaInvejaVireMassaMuscular, a estudante exibe sua preocupação em mostrar às pessoas como mantém um corpo ideal. “Todo mundo conectado no mesmo propósito – de fi car sarado”, conta Renata, que já aderiu mais de 20 hashtags para cada postagem.
Em um período de sua vida, Renata Protta utilizou as redes para outro propósito, quando es colheu o meio para comunicar aos seus parentes e amigos do Facebook sobre o desenvolvimento da anorexia – transtorno alimentar que provoca perda de peso excessiva e atinge principalmen te adolescentes que têm medo de ganhar peso,
Perfil da estudante Re nata Protta no Instagram. Foto: Amanda Louise
mesmo quando estão abaixo do peso normal. “Foi a forma que eu escolhi para avisar pra todo mundo”, afirma a estudante, que concorda que as redes sociais devem mostrar todas as partes do cotidiano. “Tanto o lado bom quanto o ruim, e não somente aquela vida perfeita”, diz ela.
Já a estudante Tahani Khalil, 20 anos, prefere não participar das redes sociais, e não possui perfil no site que tem mais de um bilhão de usuários, o Fa cebook. O motivo é simples “não me interesso em saber da vida das pessoas, e não me interessa que as pessoas saibam da minha vida”, conta Tahani. Para ela, a rede não auxilia em sua comunicação pessoal e traz informações desnecessárias pela falta de seleção do conteúdo apresentado. “Você acaba adquirindo informações que você nem tem interesse em adquirir”, conclui.

Ao mesmo tempo, Tahani percebe que, por não participar, pode acabar se afastando de assuntos recorrentes no meio digital, muito utilizado para projetos e trabalhos à distância. Nas relações pessoais, a estudante garante que as redes podem ser prejudiciais. “Isso de você estar conectado a todo momento não significa que você vai ter amizade, as relações ficam mais superficiais”, explica a estudante.
Segundo Fonseca, existem duas formas de solidão do ser humano, a social, que para muitos é sanada pelas redes sociais e a emo cional que tende a aumentar com esse uso.
INTERVENÇÃO ARTÍSTICA
O artista plástico e professor universitário, Glauco Francisco Menta, recentemente, fez uma intervenção artística dentro de um dos blocos da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). O professor posicionou os alunos envolvidos um uma fita amarela, com a mensagem de “pare - área interditada”, sendo que cada um só podia se comunicar usando o próprio celular. A intervenção bloqueava a passagem e impossi bilitava a locomoção dos alunos envolvidos na “rede” formada pelas fitas.
“Aquela cena que nós criamos é infinitamen te repetida no mundo real. As pessoas deixam de conversar e ficam falando no celular”, afirma o artista explicando a intervenção. Ele ainda acrescenta que a ideia era mostrar que, muitas vezes, ao usar uma rede social como uma rede de integração e comuni cação, as pessoas acabam deixando de se comunicar. Menta ressalta que a ideia teve uma boa repercussão entre os alunos e que a provocação deu resultado, trazendo a reflexão sobre o tema.
Intervenção ar tística realizada pelo curso de pós graduação de Arte e Mídia na PUCPR. Foto: Pedro Giulliano
Hashtag é uma palavra-chave, indicando o assunto comentado, que vem antecedida pelo símbolo cerqui lha (#). Ela faz com que o conteúdo da publicação seja acessível a todas as pessoas com interesses seme lhantes, mesmo que eles não sejam seguidores, amigos ou fãs de quem publica o conteúdo. As hashtags viram hiperlinks dentro da rede e são facilmente achadas pelos mecanismos de busca.
Superando expectativas
As mulheres estão quebrando o tabu, tomando conta das baquetas e conquistando o respeito e admiração do público masculino.
Com o surgimento, no começo do século XX, a partir da união de alguns instrumentos percussivos africanos, a bateria foi inserida no meio musical como forma de marcar e pontuar o tempo das músicas, com o intuito de organizar o ritmo nas composições de bandas. Desde en tão, o interesse pelo aprendizado e prática invadiu o mundo. A bateria se tornou uma paixão, o que incluiu a participação feminina, que cresce nos grupos já existentes e mostra que ter coordenação, personalidade musical forte e saber levar e condu zir a música também faz parte do universo das mulheres.

Diferente da sutileza de um piano, por exemplo, o instrumento de per cussão foi tachado como masculino, no decorrer de sua implantação cultural. Porém, essa realidade pa rece mudar, pois diversas meninas deixam de lado o violão ou a dança para procurar a bateria. Entre elas,
está Carolina Pisco, que toca o instrumento há 13 anos e percebeu que o seu talento era com as baquetas nas mãos e pés nos pedais.
“Eu fazia aulas de violão, mas não conseguia aprender. Então, fui para a bateria e percebi

Babi Age, vem traba lhando com a paixão de sua vida há 17 anos.

que tinha essa habilidade. Pratiquei bastante e consegui bandas para tocar. Acho que para ser baterista é importante ter dinâmica, saber tocar diversos estilos, e nesse momento eu
tornou motivo de admiração pelos expectado res. Com Babi, o preconceito não passou nem perto. “Nunca sofri preconceito algum. Muito pelo contrário, sempre fui bem aceita em

bateria é a minha vida, é o que me faz seguir em frente e me dá forças para continuar vivendo.”

- Babi Age, baterista.
estou encarando um novo desafio. Apesar de tocar rock, blues e folk, eu acho que o samba tem uma técnica ninja, e estou tentando de senvolver esse novo estilo. É muito difícil tocar baixinho, dá vontade de descer o braço, mas não tem como”, explica em meio a risadas. Já a baterista Babi Age se apaixonou pela bateria por meio de amigos que tocavam o instrumento. “Aprendi a tocar assim, ensaian do na casa deles e tirando músicas que gostava. Desde então, me apaixonei e nunca mais parei. Já são 17 anos de estrada. Tocar bateria é a minha vida, é o que me faz seguir em frente e me dá forças para continuar vivendo. Já toquei em mais de 20 bandas e todas me trouxeram muitas alegrias e aprendizados. Toquei com grandes músicos e pude conhecer pessoas exce lentes pelo Brasil afora”, completa a drummer.
PRECONCEITO
Assim como no futebol e nas artes marciais, tocar bateria foi alvo de estranheza para as mu lheres. Em contrapartida, hoje essa prática se
todos os sentidos e admirada por ter a pegada forte como a de um homem”, diz. Carolina Pisco não sofreu preconceito e não vê o instrumento como masculino. O fato de ser mulher e tocar bateria ajuda a conquistar a admiração masculina. “Acho uma bestei ra isso, mas claro que deve ter pessoas que pensam dessa forma, mas no meio em que vivo é todo mundo músico, ou então meni nas jogando bola e meninos fazendo dança. É muito tranquilo! A única coisa que eu tenho a declarar é que toda mulher baterista tem que ter um parceiro homem para ajudar a carregar o equipamento. Não é fácil carregar aquilo sozinha. Tenho sorte. Das três bandas, em que toco, em duas sou a única menina, então eles me ajudam bastante!”, brinca.
OPINIÃO MASCULINA
Para o vocalista André Osna, é um prazer ter Carolina Pisco como a única mulher da ban da. “É interessante ter uma mulher na banda, ainda mais na bateria, pois elas enxergam o
“Tocar
mundo de outra forma e possuem um zelo que geralmente os rapazes não têm.
A quebra de obviedade é prazerosa, pois os homens, na condução rítmica das músicas, só são maioria por questão de contexto so cial, mas isso já vai acabar. Mulheres também têm esse espírito de quebrar tudo e algumas ainda trazem conceitos políticos, de opressão
governamental e acabam com certos paradig mas”,enfatiza.
Professor há sete anos, Luís Gustavo Rocha acredita que as mulheres são mais perfeccio nistas do que os homens. Isso acaba sendo o maior defeito e a maior qualidade delas no instrumento. “Eu nunca tive preconceito contra mulheres na bateria. Afinal de contas, existem muitas bateristas que têm um ní vel musical e técnico que eu nem sonho em chegar perto. Sheila E, Terry Line Carrington, Cindy Blackman estão, com certeza, na mi nha lista de bateristas preferidas, e são todas mulheres! Sem contar as brasileiras, como Vera Figueiredo e a Lilian Carmona. Sempre tivemos mulheres em nossa escola. Algumas até chegam a atuar em bandas da cena local ou em igrejas.”, orgulha-se.
Além de baterista há dez anos, o produtor de áudio Rodrigo Berger apoia qualquer tipo de manifestação de arte, independentemente do sexo. “Apesar da maioria dos grandes bateris tas serem homens, o que acho que é mais por falta de opção, nós temos grandes mulheres no ramo. Em Curitiba mesmo, recebemos uma vez ao ano o Girls on Drums, um evento que promove um workshop com bateristas mulheres. Sabia que a banda da Beyoncé é composta só por mulheres? E o mais legal é que são duas bateristas! No concurso para decidir quem ia tocar conta da bateria, duas mulheres empataram e agora fazem as turnês juntas, revezando músicas e trocando arranjos. Legal demais!!!”, conclui empolgado.



TERRY LYNE CARRINGTON
Vinda de uma família de músicos, começou a se apaixonar por bateria aos 7 anos de idade, quando ga nhou o instrumento que pertencia ao seu avô. Terry estudou por três anos, e interpretou sua primeira performance no Festival de Jazz de Wichita. Aos 11 anos, ganhou uma bolsa de estudos na Berklee College of Music. Ao longo do ensino médio, teve a oportunidade de viajar por todo o país tocando. Seu mentor, Jack DeJhonette, baterista, a incentivou a se mudar para Nova York, onde trabalhou com grandes músicos. Após Nova York, Terry mudou-se para Los Angeles, onde ganhou reconhecimento como baterista do talk show The Arseneio Hall Show, um programa americano. Baterista de referência, teve a honra de ganhar o maior prêmio da indústria musical internacional, o Grammy.
LILIAN CARMONA



Brasileira, natural de São Paulo, Carmona mergulhou no mundo da bateria aos 11 anos, tornan do-se profissional aos 16 anos, após entrar no grupo do pianista Adilson Godoy. Uma das suas principais características é o fato de ser autodidata, mas Carmo na buscou o aperfeiçoamento na escola de Dante Agostini e Kenny Clarke, em Paris. A baterista tam bém já foi convidada a fazer uma participação especial na orquestra Royal Philharmonic of London e na Sinfônica Jovem de São Paulo, sem falar de shows em programas, como Altas Horas, e em apresenta ções musicais da Broadway (Nova York). Atualmente, a baterista é professora da Emesp, e faz parte de uma banda instrumental, além de ministrar diversos workshops sobre bateria e leitura rítmica.

CINDY BLACKMAN
A americana nasceu em Connecti cut, mas iniciou sua carreira mu sical nas ruas de Nova York, lugar para qual se mudou na década de 1980. Blackman estudou durante três semestres na Berklee College of Music e, desde essa época, a baterista tem sido ouvida por mi lhões de pessoas pelo mundo afora, fazendo performances junto com seu próprio grupo musical. O estilo mais voltado para o pop -rock e o jazz, facilitou sua entrada no grupo de Lenny Kravitz, sendo a baterista oficial do conjunto. Em 1998, lançou seu primeiro vídeo de bateria, chamado Mul tiplicity, em parceria com a gra vadora Warner. A baterista leva o instrumento como parte de si, e considera tanto seu trabalho como musicista que diz que “a vida da música é muito maior e mais am pla do que todos nós”.

S m de

o
O que é isso, tiazinha? maloqueiro.
Nascido em Curitiba, o eletrofunk é um dos principais movimentos funkeiros do país
Que o funk é um ritmo popular em todo o Brasil, não há dú vidas. Desde o surgimento do funk carioca, popularizado a partir dos anos 2000, o ritmo ganhou seguidores e é impos sível encontrar alguém que não tenha no míni mo ouvido falar sobre ele.
Com isso, diversos subgêneros surgiram, geral mente misturando outros estilos já conhecidos com as batidas e pancadões. É possível encon trar, por exemplo, o brega funk, no Nordeste, o “proibidão”, no próprio Rio de Janeiro, e o badalado funk de ostentação, em São Paulo. Até tentativas ousadas como o funknejo apa
receram com o intuito de agregar o sertanejo universitário ao universo das batidas e rimas. No entanto, foi em Curitiba que uma receita aparentemente óbvia ganhou corpo e hoje for ma uma das maiores cenas funkeiras do país: o eletrofunk. Trata-se da mistura do ritmo com a música eletrônica, na qual as rimas e refrões chicletes se alternam com as batidas do som eletrônico característico das baladas populares da região sul do país.
Da forma que é feito hoje, o eletrofunk foi inventado pelo curitibano Cléber Monteiro, conhecido artisticamente como DJ Cléber Mix. Cléber foi o típico jovem dos anos 80,
Alessandro Silva, André Wuicik, Lara Farias e Rodrigo Dornellesaficionado em músicas de festas de garagem. A partir do aprendizado autodidata que teve da época de DJ amador, decidiu colocar em prática sua própria criação.
“Eu comecei tocando em festas de amigos, e depois fui para as baladas. Eu não tinha curso nem nada, fui aprendendo tudo na prática. Uma vez, sem muita preocupação, deixei um funk rolando e, em seguida, coloquei no meio uma batida eletrônica. O pessoal gostou, e eu fui aprimorando até ficar da forma como é visto hoje.”
Formando o bonde
No entanto, foi quando Cléber Mix passou da cabine de som para o escritório que o gênero ganhou os milhares de fãs conquistados nos últimos quatro anos. O músico parou de somente mixar músicas prontas com ba ladas eletrônicas para criar as próprias composições e agenciar artistas contrata dos para assumir os vocais. Foi a partir desse mo mento que o principal ícone da cena foi desco
Edy Lemond compara as letras em duplo sentido com músicas dos ritmos sertanejo e forró.
berto. Ednaldo da Silva, conhecido como Edy Lemond, já tinha se tornado um “viral” da rede quando exibiu de forma independente o vídeo de “Taca Cachaça”, em 2011, uma das músicas de funk eletrônico que até hoje mais fazem sucesso nas baladas do gênero. Logo após o estouro da música na rede, o cantor foi contatado para se profissionalizar por meio de Cléber Mix.
Em parceria com o DJ, Edy Lemond protago nizou diversos hits, como “Ui adoro”, “Pen sando em Você” e “Eletrofunk Executivo”. Outros artistas, como Mc Siri, Mc Mayara e Dz’s Mc também ganharam popularidade.

Som para todos
Além das características batidas e rimas, um dos fatores que ajudam o ritmo a se populari zar é a “limpeza” das músicas, que não contam com apologia a drogas e ao sexo.

“Nossas músicas são para se divertir, têm duplo sentido, mas não fazem apologia a nada. Você pode escutar em casa, não ter vergonha de ouvir em um churrasco com criança, mulher”, comenta Alexandre Theodo ro, o Mc Siri.
Edy Lemond tam bém explica sobre a forma como as músicas abordam os temas em que são baseadas. “As
sim como o sertanejo e o forró usam o duplo sentido, nós também fazemos música de forma divertida, zoeira de leve, frases já conhecidas que entram nas músicas”, explica. Outro ponto que, segundo o cantor, evidencia o lado descontraído de seu estilo é a presença do gênero em todas as classes sociais. “Já fui fazer uma participação em uma casa de alto padrão de Santa Catarina, através de meu em-
“Nossas músicas são para divertir, têm duplo sentido, mas não fazem apologia a nada” – Mc Siri, cantor
presário. Fiquei um pouco receoso se o público me reconheceria ou iria curtir. E, para minha surpresa, todos cantavam minhas músicas”, relembra apesar de ressaltar que o sucesso está também no interior e principalmente nas bala das periféricas.
Descontração levada a sério
Uma das características que mais marcaram o eletrofunk, até hoje, foram os videoclipes cha mativos, vistos muitas vezes como produções “trash”, todos lançados em um grande canal de vídeos da internet. Essa reputação se deve ao fato de esses clipes terem sido feitos quase que de forma caseira, muitas vezes induzindo o espectador ao riso. No entanto, os artistas admitem e reforçam que a ação era proposital, mas prometem algo diferente ainda para esse ano. “Toda formula se satura. Vamos retirar do ar o que era visto como ‘trash’. Mas nós não vamos perder a identidade”, e emenda: “Temos uma história e não caímos de paraquedas. As pessoas às vezes têm uma ideia errada sobre artistas de funk. É preciso respeitar, tentar ver o conteúdo, e não só julgar pela capa”, explica Edy Lemond. “Estamos produzindo coisas novas, com melhores equipamentos, um direcionamento diferente, inclusive nos unindo com artistas de outros ritmos e estilos”, alerta Mc Siri. Dessa forma, Curitiba, por vezes comparada a localidades europeias, “formou seu bonde”, e não fica devendo a qualquer comunidade carioca, ao mesmo tempo em que ajusta contas com a cultura popular do Brasil.
”Dicionário” do funk
Alemão: Pessoa de caráter duvidoso. Falso.
Bifão: O cara que só anda acom panhado de várias mulheres, mas não está namorando nenhuma.
Bonde: Grupo de amigos da mes- ma comunidade.
Bucha: Pessoa inconveniente, importuna, safado.
Buzum: Ônibus, condução.
Caô: Mentira, Boato.
Caozeiro: Quem mente demais.
Cap (quép): Boné
Cata-Mocréia: Pessoa que vai em porta de escola seduzir as alunas na hora da saída.
Mijar no meio do vaso: Ter intimidade dentro da casa de al guém.
Pisante: Tênis.
Puxar o bonde: Formar um grupo de galeras no baile.
Responsa: Confiável, agradável, divertido.
Rolé: Passear, andar sem compro- misso.
Sangue bom: Pessoa de boa índole.
Style: Estar bem arrumado.
Tecido: Estilo de roupa.
X9: Informante.
REPÚBLICA DO CAFÉ
Brasil. O maior produtor de café do mundo. Com o tempo, o grão passou de um produto que movimenta a economia, para um verdadeiro ícone cultural e gas tronômico. Lojas, produtores e todos os envolvidos com a bebida investem em novas técnicas para aperfeiçoar a sua degustação. Algumas vezes, o cliente não tem apenas uma relação de paixão com o hábito de tomar café, mas tam bém, uma espécie de vício. Conheça um pouco mais sobre essa bebida que manteve muitas gerações encantadas e acordadas

Em 1727, o sargento-mor brasilei ro Francisco de Mello Palheta foi à Guiana Francesa a pedido de um governador do estado do Maranhão. Lá, ele se aproximou da esposa do governante da capital do pais. A mulher, encantada com a brasilidade do sujeito, lhe entregou – escondido – uma muda de café arábica.
Assim começa a história de amor entre o Brasil e o café. Com as condições climáticas favoráveis no pais, as plantações se espalharam rapidamente, chegando aos estados do Mara nhão, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Paraná, tornando-se assim o produto -base da economia.
cafés
Marcelo Ramella, economistaPor quase cem anos, o café foi a grande riqueza brasileira. Com ele, a economia do pais acelerou, e novas cidades foram formadas no interior do estado de São Paulo, no sul de Minas e no norte do Paraná, surgiram grandes estradas de ferro, que trouxeram, com elas, desenvolvimento.
Com toda essa evolução, o café e o povo bra sileiro passaram a ser inseparáveis. Mas a bela florada do café já passou por maus momentos. Em 1870, as plantações no interior do estado de São Paulo foram dizimadas por uma geada,
felizmente a região se recuperou e continua sendo uma das maiores produtoras do país.
O norte do Paraná recebeu a fria visita em 1975. Costuma-se dizer que na ocasião “não sobrou um pé de café para contar história”. Infelizmente a região não se recuperou, e hoje a produção cafeeira do estado é bem menor. Entretanto, quem continua produzindo criou maneiras de fazer um café diferenciado e é referência para baristas.
Da terra à mesa
O cultivo de café exige cuidados peculiares para produzir as melhores bebidas. De acordo com o engenheiro agrônomo Cesar Maruch, a primeira delas é a semente. “Exis tem dois tipos de grão, o robusta, que é de pior qualidade, e o arábica, que produz as melhores bebidas”, explica.
Após a fase do plantio, vem a colheita e a seca do café, responsáveis por 50% da qualidade da bebida. Sem a separação correta dos grãos, o sabor fica comprometido, bem como quando eles não são secados em condições adequadas.
Hoje em dia, esse trabalho é facilitado pelo uso de maquinário. Existem máquinas que colhem, separam e secam os grãos e graças à essas novas tecnologias os grandes produtores sobrevivem, enquanto os pequenos sofrem com falta de mão de obra.
Cornélia Margot é suíça e dona da fazenda Palmeira, no norte do Paraná. Para garantir a qualidade de seu produto, a fazendeira fiscaliza todo o processo que é feito artesanalmente.
“Os
especiais representam uma margem de lucro muito maior que os tradicionais.”
“Ela acredita que esse é um diferencial, e que assim o seu café ficará mais saboroso. Por en quanto, está dando certo”, conta Maruch, que já foi o engenheiro responsável pelas produções da fazenda Palmeira.
Atualmente, uma saca de café, seco e torrado, vale R$ 500. O valor dobrou devido à redução na quantidade de produtores.
Combustível
A cafeicultura é uma das atividades agrícolas mais importantes do Brasil. O país é o primeiro produtor e o segundo consumidor mundial do produto. Devido a toda essa demanda, o mercado precisa, constantemente, se reinventar. Lojas de café hoje investem em técnicas apri moradas e grãos diferenciados. “Quem oferece qualidade, se mantém”, diz Ana Argenta, em presária que oferece serviços de consultoria em lojas de cafés. A procura por estabelecimentos que oferecem um produto superior é cada vez maior, representando, aproximadamente, 2% de todo o café consumido no Brasil. Responsável por um alto percentual dos inves timentos no setor agrícola, a indústria de café cresce cada vez mais. O país produz, ao todo, 28 milhões de sacas anuais e exporta cerca de 300 mil a 500 mil sacas por ano de cafés especiais. Os cafés diferenciados representam 10% de toda a movimentação do produto no cenário mundial. “Foi inaugurada uma nova etapa no ciclo econômico do café, os cafés especiais re presentam uma margem de lucro muito maior que os tradicionais”, explica Marcelo Ramella, economista. Porém, a produção de café con vencional requer custos e investimentos meno res. Já o especial, exige adequação às normas, investimentos em mão-de-obra qualificada e

em processos de produção e gestão.
“Se você está disposto a investir, aposte em cafés especiais”, afirma Ramella. Os retornos financeiros são atrativos, pois a população bra sileira está cada vez mais interessada em cafés gastronômicos. “Curitiba é uma capital em que o café especial é uma tendência. Não existem mais cafeterias que não ofereçam qualidade, pois elas não se mantêm no mercado”, explica o barista do Lucca café, Igor Salles.
Um dos atrativos é a latte arte, que encanta o consumidor não apenas pelo aroma e pelo sabor, mas também pela visão. Salles conta que alguns clientes já se recusaram a beber o café com ilustrações na superfície, pois o conside raram uma obra de arte que não poderia ser destruída. “Eles pediram o café, tiraram foto e até pagaram, mas não quiseram tomar para não desfazer o desenho”, relata Salles.
Investir em cafés especiais é um bom negócio para as empresas
Ana Luiza SouzaAcerte na dose
A cafeína que compõe o café tem influência relevante na melhoria do estado de humor. O consumo moderado do produto gera efeitos como o aumento de energia, de concentração, de disposição, de imaginação e até de autocon fiança, é o que explica o médico André Luiz Mezzaroba Pelisson.

O consumo de quatro xícaras de café, diaria mente, reduz a enxaqueca e dores de cabeça. “Prova disso é que a cafeína está na composição de analgésicos”, conta. Já a interrupção abrupta desse hábito pode ocasionar o efeito inverso, causando mais dores de cabeça para quem tem o costume de ingerir a bebida. Crianças que tomam uma xícara de café com leite por dia têm um risco menor de sofrer de depressão. Além disso, o que muitos não sabem é que o risco cardiovascular diminui cerca de 24% quando consumidas três xícaras diárias de café. Ou que a cafeína retarda a deteriora ção mental, pois estimula o sistema nervoso central.
O café, entretanto, não oferece apenas benefí cios. Devido ao fato de que ele é um estimulan te nervoso natural, dependentes químicos são aconselhados a não ingerir nada que contenha a bebida. O café se assemelha aos efeitos das dro gas e provoca alterações no organismo, como a taquicardia, se consumido em excesso. A quantidade deve ser controlada: 70% das pessoas perdem o sono quando consomem café. Por isso, Pelisson recomenda que a última dose da bebida seja ingerida até as 17 horas. As ou tras duas ou três xícaras, recomendadas para o consumo diário, devem ser intercaladas por no mínimo uma hora entre uma tomada e outra.