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que mudou nos sete anos de regulamentação no Paraná
Ano 11| Edição 28 Outubro de 2013 Revista Corpo da Matéria | Curso de Jornalismo PUCPR O GRANDE ESPETÁCULO DA FÉ Jovens e fiéis católicos lotaram o Rio de Janeiro para celebrar a Jornada Mundial da Juventude 2013
CORPO DA MATÉRIA
Ano 11 - Edição 28 - Outubro 2013
Revista Laboratório do Curso de Jornalismo PUCPR
Pontifícia Universidade Católica do Paraná R. Imaculada Conceição, 1115 Prado Velho, Curitiba PR
REITOR: Ir. Clemente Ivo Juliatto
DECANA DA ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES: Eliane C. Francisco Maffezzolli
COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO: Julius Nunes
COORDENADOR EDITORIAL: Julius Nunes
COORDENADOR DE REDAÇÃO/JORNALISTA RESPONSÁVEL: Paulo Camargo (DRT-R 2569)
COORDENADORA DE PROJETO GRÁFICO: Juliana P. Sousa
ALUNOS | 6o Período Jornalismo PUCPR
Ailton Nunes Sirqueira, Bianca Luiza Thomé, Caio Henrique Rocha, Carolina Cachel, Cecília de Moura Santos, Felipe Martins Gonçalves, Flavio Darin Trindade, Francisco Inácio da Silva Mallmann, Harianna Andressa da Silva, Helena Bianchi Goes, Helena da Silva André Salgado, Hellen Rocha de Albuquerque, Heron Torquato Fermiano, Isabela Bandeira Saciotti, João Pedro Alves da Silva, Juliana Satie Oshima, Kamilla Martins Ferreira, Karen Mendonça Okuyama, Lais Capriotti, Laura Aguiar de Souza Nicolli Soares, Letícia da Rosa Costa, Leticia Ignácio Duarte, Marcio Morrison Kaviski Marcellino, Marcos Vinicius Garcia, Mayara Breda Duarte, Nivia Maria Kureke, Paula Alvares Bueno, Paulo Henrique Semicek, Pedro Henrique Domingues, Rafaela Bagolin Bez, Rodolfo Luis Kowalski, Rosana de Oliveira Moraes, Ruthielle Borsuk da Silva, Samara Tamazia Macedo, Vitor Hugo Santos, Ana Carolina Weber Vasconcelos, Camila Módena Vichoski, Daniela Hendler, Diana Soares Faria de Araújo, Diego Fernando Laska, Fe lipe Giannini Raicoski, Giancarlo da Silva Andreso, Guilherme Antonio Franco Zuchetti, Kauanna Batista Ferreira, Letícia Strivieri Souza Rodrigues Moreira, Liris Vidal Weinhardt, Luize Ribeiro de Souza, Mariana D Alberto El Fazary, Rafaela Gabardo, Raffaela Silvestre Porcote, Renan Martins Machado, Rodrigo de Lorenzi Oliveira, Shaiene Ramão dos Santos.
Imagem de capa: 1073287_24840263 disponível em www.sxc.hu. Direitos de uso aberto.
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ÍNDICE CAPA 04 LEI SECA: UM LONGO CAMINHO O que mudou nos sete anos de regulamentação no Paraná
Batalhão de Trânsito da PM realiza três blitze diárias no capital
Juliano Pedrozo
03 CIDADE O QUE ACONTECE QUANDO ESFRIA SOLIDARIEDADE QUE CHEGA COM O FRIO COMPORTAMENTO ES QUENTA MEU PÉ, BENZINHO! O GRANDE ESPETÁCULO DA FÉ ASSIM NASCEU O MAIOR EVENTO CATÓLICO MAIS PETS SHOPS, MENOS PADARIAS PROJETOS DA CÂMARA SAEM POR R$ 8 MIL ECONOMIA LA DOLCE VITA PERTO DAQUI POLÍTICAS PÚBLICAS SÃO JOSÉ DOS PINHAIS E SEU CAMINHO DO VINHO FRANQUIAS PODEM SER UM BOM NEGÓCIO A NOVA ERA DOS APLICATIVOS TECNOLOGIA ÔNIBUS NA HORA CERTA O GRANDE PASSO DA NETFLIX ESPORTE O HOMEM QUE VIROU ESTÁTUA DE VOLTA À CASA EM BUSCA DE UM SONHO AVENTURA SOBRE QUATRO RODAS SAÚDE LAZER EXERCÍCIO FÍSICO NO INVERNO OÁSIS NA CIDADE A PRAIA DOS CURITIBANOS MODA CULTURA DAS CALÇAS À MINISSAIA TURISMO DO LIXO AO VESTUÁRIO BRASILEIRO QUESTÃO DE PONTO DE VISTA VILÕES LITERÁRIOS VALESKA POPOZUDA NA GUERRA DO PELOPONESO VITRINE PARA NOVOS ARTISTAS PRÓXIMA PARADA: ITÁLIA! 09 14 26 24 34 42 52 54 58 62 66
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CIDADE
Operação do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar no bairro curitibano do Uberaba
Juliano Pedrozo
LEI SECA NO PARANÁ: UM LONGO CAMINHO A PERCORRER
Laura Nicolli
Oriso é solto. O papo está bom, a bebida ge lada e a noite está só começando. Toca o celular e é hora de correr para casa. Antes, é pre ciso pegar o carro no vallet. Foram somente duas ou três taças de um bom vinho. O som do carro também está no ponto. A noite está fresca. Nem parece noite curitibana. O volante está “macio” e as vias parecem tão mais espaçosas. De repente, tudo para. Um carro grande e vermelho. Homens e mulheres com olhar atento se perguntam como pode? Um jovem de apenas, 23 anos coloca um ponto final em vários sonhos. Estudante, solteiro e com um futuro pela frente. Não dá para entender muito bem tantos olhares de reprovação. Um olhar para o lado. Um casal está caído. Eles não respiram mais. Um susto. Um choque. Depois de tantos choques de realidade, há sete meses está em vigor a Lei Seca mais rígida. O pro jeto, que passou a valer a partir de 30 de janeiro de 2013, impôs, a partir de exigências do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), a obrigatoriedade de multa, no valor de R$ 2 mil e habilitação sus-
pensa por um ano para aquele motorista que marcar 0,05 miligrama de álcool no teste do bafômetro. Os resultados são surpreendentes. De janeiro a junho, são 21 mortes contra 30 registradas no mes mo período do ano passado. O número é equiva lente a uma porcentagem de 30%, computadas pelo Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) da capital. O número de prisões por embriaguez ao volante dobrou no Estado, em janeiro de 2013, a Polícia Rodoviária Federal calculou uma média de sete prisões por dia no Paraná, o que equivale a 218 detenções. Em janeiro de 2012, foram 111, cerca de 3,5 por dia.
Esses dados revelam duas possibilidades. A primeira de que os motoristas, sim, estão mais pru dentes e a outra de que as fiscalizações estão mais frequentes. Em 2007, o número de condutores en volvidos em acidentes de trânsito com sinais de embriaguez, de acordo com o BPTran, foi de 637
que
pessoa
- Jonathan Lourenço, comerciante pessoas. Em 2008, o número subiu e voltou a cair no ano seguinte, com 582 ocorrências em 2009, e 477 em 2010. Um total de 91 pessoas perderam a vida este ano em acidentes de trânsito em Curitiba. Mesmo número registrado antes da lei seca, em 2007. Em 2008, foi computado um pico de mortes, com 98, que baixou para 72 vítimas em 2009. No mesmo ano, ocorreram 416 acidentes a mais do que em 2010. Em 2008, foram 10.949 acidentes, e em 2007, 11.656.
Segundo o tenente Ismael Veiga, do BPTran, em março, a Polícia Militar em Curitiba recebeu 40 policiais do governo do estado, que auxiliam na realização de três blitzes diárias. “Quanto mais policiais, melhor, mas estes já sanaram a falta de efetivo que tínhamos”, declarou.
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“O
faz a
não dirigir após beber é o medo de ser preso.”
O que mudou nos sete anos de regulamentação no Paraná
na carteira não
BARES E RESTAURANTES SOFREM
A Lei Seca mais rígida não agrada a todos. De acordo com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrabar), nos períodos mais críticos da implantação, entre março e maio deste ano, o faturamento de estabelecimentos caiu em até 30%, principalmente em casas noturnas. Este fato resul tou no projeto de elaboração da linha “Interbares”, pela Abrabar no Paraná. A iniciativa discute a criação de um serviço de ônibus que circularia de
quinta a domingo, das 21 às 4 horas, com dez para das entre bares do Batel, Centro e Rua Itupava.
A queda da receita, no entanto, já não é ponto de discussão para frequentadores de casas notur nas ou mesmo funcionários. Jonathan Lourenço é gerente da Mercearia Fantinato há dois anos. Ele relata que durante a fase mais rígida da regulamen tação, a frequência de clientes caiu em 50%. Durante dois meses, o pedido de refrigerantes, como Coca-Cola, passou de uma caixa por dia para três, da mesma forma que o de cerveja foi de sete para cinco. Mas o gerente declara que a situação já se normalizou. O uso de dispositivos que permitem evitar o encontro com blitze, como o Waze, contribuiu para que a campanha perdesse o efeito que tinha, argumenta Lourenço.
“Recentemente, um cliente que mora nesta região, tomou uma garrafa de whisky, pegou o car ro em seguida e chegou em casa sem problemas. O que faz a pessoa não dirigir após beber é o medo de ser preso, se ela sabe que não tem perigo de ser parada, ela não se preocupa”, afirmou Lourenço. A situação é igualmente relatada pela estudante de
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Laura Nicolli
Jonathan Lourenço, gerente da Mercearia Fantinato , bar da capital: consumo de refrigerantes aumentou com a lei
“Pontuação
é heroísmo, é um diploma de barbeiro, multa é pra otário.”
- Elias Mattar Assad, advogado
Direito, Fernanda Tizzot. “No inicio da Lei Seca havia muita blitz na rua, o que surtiu efeito, porque afetou o bolso das pessoas. Mas ainda falta policia mento. Enquanto a população não criar consciên cia, ela tem de ter medo da apreensão”, afirma.
O JEITINHO BRASILEIRO: WAZE
Em resposta às afirmações de que o aplicativo Waze poderia interferir nas fiscalizações, o tenente Ismael Veiga, do BPTran, explica que houve uma mudança na forma de trabalho. Antes eram feitas blitze maiores, com mais policias, que duravam em média seis horas no mesmo posto. Agora, as operações são mais curtas, de duas horas e meia, com menos policiais e em vários pontos da cidade. Assim que notada a mudança de fluxo, que indica que a blitz foi denunciada nas redes sociais, ela se desloca. “Dá mais trabalho? Com certeza. Mas os resultados têm dado certo. Também temos a opera ção pinçamento, que consiste do policial que fica
no entorno das blitze, abordando aqueles que fogem”, constatou Veiga.
CASO CARLI FILHO: UMA LIÇÃO AOS PARANAENSES
Christiane Yared, fundadora do Instituto Paz no Trânsito (IPTran), juntamente com o marido, Gilmar Yared, é mãe de um dos jovens que morreu no acidente de 7 de maio de 2009. No volante de um veículo importado, em alta velocidade, estava o ex-deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho. Mais de quatro anos depois de perder o filho, Gilmar e Christiane comemoram o fato de o Superior Tribunal de Justiça ter reconhecido o teste de al coolemia realizado no dia do acidente. Com isso, o ex-deputado poderá ir a júri popular. A decisão está agora nas mãos do Tribunal de Justiça do Paraná.
Christiane hoje é uma ativista que luta para que outras mães não passem pelo que ela passou, e para que jovens não percam a vida no trânsito. Ela fa lou sobre a Lei Seca mais rigorosa. “Apesar da ne
Juliano Pedrozo
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Elias Mattar Assad (à esquerda), advogado de Gilmar e Christiane Yared, ativistas que hoje lutam pelo rigor no cumprimento da Lei Seca
Paraná registra redução de 30% no número de mortes no trânsito desde a implementação da Lei
cessidade de blitz, há uma falha nos contingentes, que não é o bastante. Mas eu vejo um avanço de conscientização das pessoas, alguns erros e infra ções serão cometidos, e teremos algumas mortes. Porém, estamos todos empenhados em criar um lugar melhor para se viver”, afirma Cristiane. Ela ainda comentou sobre a necessidade de se ter um “tripé” nas averiguações: “Precisamos de educa ção, fiscalização e punição”.
O advogado da família Yared, Elias Mattar Assad ressaltou que a lei está em vigor, mas falta conscientização, equipamentos, policiais e viaturas. “Precisamos de mais blitze. Está melhor com a lei, estava pior sem ela, mas precisamos ser cumprida. O número de mortes é alto para cantarmos vitória. Mesmo a campanha do cinto foi mais eficiente”, afirmou Mattar Assad. Para o advogado, a lei vem unida à campanha para criar uma regra de conduta. Ele cita como exemplo de criação de hábito a cam panha do cinto de segurança. “Na minha geração, não existia o hábito de usar cinto. Com o tempo, até mesmo as crianças já crescem acostumadas a usar”, ressalta.
Para Mattar Assad, com o advento da Lei Seca, as pessoas refletem sobre sair de táxi quando vão beber. Um caminho possível indicado pelo jurista é o estimulo a pontuação zero na carteira. “Pontuação na carteira não é heroísmo, é um diploma de barbeiro, multa é pra otário. E você pode não pagála, é só não cometer infração.”, afirmou.
O tenente Ismael Veiga, do BPTran diz que o trabalho feito pela polícia tem se intensificado, mas reconhece que ainda há muitos desafios: “O nosso papel é não deixar a lei cair no esqueci mento. A Delegacia de Delitos de Trânsito com putou 40% de queda no número de homicídios. Não é só repressão, mas prevenção”, declarou o tenente. Atualmente, as blitzes são realizadas em locais com grande movimentação, de bares e pessoas, em ruas com segurança para a operação e em lugares previamente determinados. “Fazemos três blitzes diárias, em vários locais. Não estamos discriminando nenhum local da cidade. Queremos abranger todos. Não fazemos com frequência no mesmo lugar para que não fique um jogo de cartas marcadas”, finalizou Veiga.
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Juliano Pedrozo
BLITZE DIÁRIAS EM CURITIBA
Em Curitiba, em qualquer dia da semana, ao menos três blitze são responsáveis pela fiscal ização da nova regulamentação da Lei Seca. Lançada do dia 14 de junho, a campanha “Lei Seca – Vai Pegar” é destinada à realização de ações de conscientização sobre os perigos de dirigir sob efeito de álcool, assim como a in speção mais rigorosa destas infrações. A inicia tiva instaurou a obrigação de três blitze diárias em todas as regiões de Curitiba, além de blitze educativas, como anúncios em internet, mobil iário urbano e ônibus. A ação é permanente.
O projeto envolve as Secretarias Municipais de Trânsito, Defesa Civil (Guarda Municipal) e Comunicação Social, e é uma parceria com o Batalhão de Trânsito (BPTran) e o Instituto Paz no Trânsito. A primeira noite da campanha, realizada no bairro Juvevê, resultou em 17 notificações, assim como o encaminhamento de
quatro pessoas a delegacias. Policiais aborda ram 73 veículos e 131 pessoas.
DIÁLOGO
O Instituto Paz do Trânsito (IPTran) foi criado em 2010, pouco mais de um ano após o caso Carli Filho. É uma instituição sem fins lucrativos, nãogovernamental e sem vínculos partidários. Com base nas experiências da família Yared, o órgão ajuda na reestruturação psicológica de vítimas e familiares de acidentes no trânsito. As pautas de discussão do IPTran se baseiam na temática do trânsito e alternativas de práticas sustentáveis de mobilidade urbana.
Atualmente, o Instituto conta com vários pro jetos em andamento,entre eles o Táxi Seguro, Re flexão, Curta a Vida, Motorista Cegonha e Multi plicadores em Ação.
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Anúncio da campan ha da prefeitura de Curitiba, “Lei Seca - Vai Pegar”, no bairro curitibano do Centro Cívico
Laura Nicolli
Nos últimos meses aumentou em 80% o volume de vendas de guarda-chuvas, sombrinhas e capas de chuva em Curitiba
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Francisco Mallmann
QUE ACONTECE QUANDO ESFRIA
O inverno rigoroso deste ano alterou a rotina de Curitiba e do resto do estado
Francisco Mallmann
Estavam chegando em Curitiba. 22h30, 24 de julho. Tinham visto no Jornal Nacional as imagens do dia anterior. Tudo branco no destino. “Tá mt frio”, avisavam os amigos no Facebook . Quando, no avião, ouviram que a temperatura estava abaixo dos 10ºC, sofreram calados. Já tinham reclamado muito pelo atraso do voo e pela incerteza sobre o funcionamento dos aeroportos. Ao descerem, per ceberam que a maioria dos passageiros tinha um casaco a tiracolo para se proteger. Eles não. Mas não estavam desagasalhados: na bagagem, havia a quantidade de roupa que achavam ser necessária. “Nós não vamos precisar mais do que isso.” En ganaram-se. Não foram suficientes as três ceroulas que cada um vestia.
Os atores mineiros João Filho e Francis Severino vieram à capital paranaense a trabalho e passarão pouco mais de um mês na cidade. Estão hosped ados na casa de uma amiga, que pôde garantir o conforto das visitas: lençóis térmicos, aquecedor em todos os cômodos e assentos aquecidos fazem parte da rotina dos dois enquanto estiverem por aqui.
“A sorte de vocês é que tem um café em cada esquina. Lá em BH não tem isso, não. Não pre cisa, né?!”, diz Francis Severino. Segundo ele, os amigos já deixaram de contabilizar o quanto gastaram com bebidas quentes e a quantidade de cafés que já conheceram na cidade. “Foi assustador. É como se toda a cidade estivesse esperando o frio. Ninguém se revolta com essas temperaturas aqui não?”, questiona João Filho, beirando a revolta.
Conhecida por suas baixas temperaturas que, dizem alguns, interferem até no humor dos habitan tes, Curitiba espera o frio, sim. Todo ano ele vem. Há 38 anos, na capital, não chegava com a neve, tímida em 2013. Contentes ou não, neste ano o frio causou transtornos maiores do que simples mudanças de temperamento e peças de roupa.
A Fundação de Ação Social (FAS) teve de am pliar o atendimento para evitar mortes causadas pelo frio. Segundo Márcia Fruet, presidente da en tidade, com as temperaturas próximas dos 0ºC, foi organizado um plano emergencial, para ampliar a capacidade de acolhimento do sistema. Uma média de 390 moradores de rua foi abrigada por dia na Central de Resgate de Ação Social na Rua Consel heiro Laurindo. Usuários do Facebook criaram um evento para arrecadação de agasalhos para serem doados aos albergues públicos da Capital. Ações voluntárias e isoladas surgiam a todo o momento.
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“A cidade precisa ser pensada de maneira que todas as suas necessidades sejam supridas.” - Andrea Soares, engenheira civil
A chuva dificilmente deixa de acompanhar o frio de Curitiba, que neste ano foi o mais rigoroso em décadas
“Foi
O frio intenso gerou falta d’água em alguns pontos da cidade por conta do congelamento dos relógios e da tubulação do abastecimento da Sane par. Os preços das frutas e dos legumes aumentaram em função das baixas temperaturas em todo o estado. Também por causa do frio, alguns ônibus do transporte coletivo não puderam sair às ruas porque não acionavam os motores e os sistemas de ar estavam congelados.
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Juliano Pedroso
assustador. É como se toda a cidade estivesse esperando o frio.” - João Filho, ator e turista
A incidência de neve causou estragos e pelo menos dez acidentes em rodovias do estado – a pista escorregadia facilitou para que os condutores perdessem o controle. O grande volume de neve também danificou dezenas de imóveis. A maioria dos acidentes aconteceu devido ao acúmulo dos flocos nos telhados, que desmoronaram.
Segundo o sociólogo Inácio Mallmann, as mu danças climáticas são um desafio social. “As temperaturas alteram os padrões de desenvolvimento, produção e consumo. As cidades do Brasil não foram idealizadas esperando o frio que tivemos nesse ano”, diz ele. As mudanças são estruturais, físicas, exigem planejamento, infraestrutura e ex igências rigorosas, de acordo com o que diz o sociólogo.
No que se refere ao rigor de normas, o sul do Brasil teve um avanço na garantia de ambientes melhor climatizados, na luta contra o frio: a norma de desempenho de edificações NBR 15.575, com exigências mínimas de qualidade para habitações em diversos quesitos, como acústico e térmico, entrou em vigor no dia 19 de julho. Na questão da qualidade térmica, a temperatura em ambientes internos, como sala e quarto, deverá ser 3°C maior do que a estabelecida pela norma como padrão para um dia de inverno em uma cidade. A norma será válida em todo o Brasil para projetos protocolados nas prefeituras a partir desta data.
De acordo com a engenheira civil Andrea Soares, as edificações de cidades como Curitiba precisam ter normas que garantam o conforto e a segurança da população. “A cidade precisa ser pensada de maneira que todas as suas necessidades sejam supridas. As casas em Curitiba, por exem plo, precisam de calefação. Hoje, menos de 12% das casas da capital têm sistema de aquecimento”, diz ela ao defender que alguns mecanismos de pro teção contra o frio, como a própria calefação, não são luxo em cidades frias, mas necessidade.
Ao sair de casa ninguém está imune ao frio. Não vale muito a reclamação: o mau humor não pode ser direcionado as baixas temperaturas, que fogem ao controle humano. O curitibano que use o tem peramento exaltado para buscar meios que garantam o conforto na sua própria cidade.
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SOLIDARIEDADE QUE CHEGA COM O FRIO
As baixas temperaturas do inverno deste ano desencadearam iniciativas notáveis, como a campanha “Árvore Solidária” Kamilla Ferreira, Rafaela Bez e Victor Hugo Curitiba. Inverno de 2013. Temperatura mínima de -8ºC. Probabilidade de neve na cidade. Ao ler essas informações no noticiário, a percepção de 95% das pessoas é: “Tempo ideal para tomar um café embaixo das cobertas e assistir a um bom filme”. No entanto, habitantes comuns desta cidade gelada resolveram ousar. Em meio a todo frio, à garoa fina e à ausência do sol, alguns decidiram auxiliar quem mais precisa: os sem-teto e as crianças.
“Em um primeiro momento foi por exigência no trabalho, mas depois, a gente percebe a importância do voluntariado. Porém nunca começamos a fazêlo espontaneamente”, cita o gestor comunitário da Regional do Boqueirão, bairro de Curitiba, Carlos André Cardoso, que não participa ativamente de ações voluntárias, mas neste ano resolveu colabo rar. “Passei uma noite na Fundação de Ação Social (FAS) e percebi a importância de se ajudar quem precisa. Não ajudamos somente eles, mas a nós mesmos”, conta.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Es tatística (IBGE), em 2008, cerca de 2.800 mil pes soas moravam nas ruas da cidade.
Campanha “Árvore Solidária” presente em vários pontos de Curitiba.
incrível promover o bem comum, mesmo com tão pouco.”
- Rafael Gomes
Hoje, esse número chega a quase 4 mil. A FAS informa que a maioria das pessoas que vive nas ruas é constituída por homens, de 31 à 45 anos, que nasceram na própria cidade e têm o ensino funda mental incompleto.
“Você sabe que existe isso, mas quando vê na prática, seus conceitos mudam, e muito. Não esqueço de quando chegou aqui uma família inteira com seis crianças pequenas. Participei da acolhi da, quando a gente tenta oferecer algum conforto e demonstrar afeto”, relata Cardoso.Ainda segundo ele, essas ações auxiliam não somente os morador
“É
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es, mas todos os envolvidos, tanto quem são socorridos quanto quem ajuda.
A aposentada Divanir Tortato Gabardo, 75 anos, mora na capital desde que nasceu e já se acostumou com as mudanças climáticas. Tricota desde seus 20 anos para todos os familiares, porém confessa que suas peças preferidas sempre foram as destinadas à bebês. Há cerca de dois anos tomou conhecimento de que uma casa de adoção infantil estava passando por dificuldades e as crianças não tinham roupas para enfrentar o inverno. A partir dessa informa ção, passou a tricotar casaquinhos e calças com as sobras de lã que tinha em casa para as crianças, como compromisso de entregar cinco peças men salmente. “No começo, eu não tinha noção de como a minha ajuda podia modificar a vida dessas crian ças, fa zia mais por satisfação pessoal. Com o tempo, percebi o quanto uma simples meia de lã podia dar uma noite de sono mais agradável a uma criança”, disse Divanir. Com a recente queda de temperatura a dona de casa passou a ajudar não somente as crian ças, mas também os idosos.
MOVIMENTOS PRÓ SOLIDARIEDADE
Mobilizados através das redes sociais, voluntári os se uniram e foram as ruas com o movi mento “Multirão contra o Frio”, justamente na semana mais fria do ano. A iniciativa surgiu da população em prol de melhores condições para os moradores de rua. “O meu papel nisso foi bem pequeno. Acompanhei o início da mobilização e fui compar tilhando indicações do movimento. Como trabalho para a ONG de ação social, que atua na campanha anual de arrecadação de agasalhos,
ajudei de maneira direta assim que a instituição fechou a parceria com os organizadores”, comenta Karla Dudas, assessora do Instituto Pró-Cidadania de Curitiba (IPCC).
Visando ao auxílio àqueles que passariam frio durante o intenso inverno, brechós de Curitiba se uniram e iniciaram uma campanha de doação de agasalhos aos moradores de rua. A ideia começou com Rafael Gomes, do Brechó Libélula. “Quando vi a notícia de que poderia nevar em Curitiba, tive essa iniciativa: vamos colocar roupas pendura das nas árvores, para que quem passa frio possa pegar”, diz.
A campanha “Árvore Solidária” teve início por iniciativa das lojas, mas, segundo Gomes, horas depois a comunidade também já estava participan do. “A coisa mais gratifi cante é ver uma pes soa pas sando pela rua, tirando a roupa do próprio corpo e depositando na árvore. É incrível promover o bem comum, mesmo com tão pouco”, diz Gomes.
A campanha é uma iniciativa provisória, que faz parte das várias que acontecem durante esses períodos do ano. Geralmente, elas ocorrem quando há desastres naturais ou provocados por seres humanos. Na maioria das vezes, não se trata de uma iniciativa de algum órgão público ou de uma in stituição que já fazem serviços voluntários. “Hoje esta mos presos a frivoli dades do dia a dia, que nos alienam. É muito mais con fortável ficar em casa. Mas, bem no fundo de nossas con sciências, sabemos que existem pessoas que precisam, e muito, do nosso sorriso e ajuda”, conclui Cardoso.
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COMPORTAMENTO
ESQUENTA MEU PÉ, BENZINHO!
Curiosas nuanças em hábitos, vestimentas e comilanças costumam ser observadas no dia a dia das pessoas quando faz frio
Era uma vez uma camisa xadrez. De mangas curtas e sem o último botão juntinho do pescoço. Ficou no armário, juntamente com a bermuda e o chinelo de dedos. Isso porque faz frio. Guimarães Rosa que me perdoe pela analogia e guarde certe za de meu respeito. Tenho certeza, porém, que até mesmo seu burrinho pedrês, o Sete de Ouros, per sonagem principal do primeiro conto de Sagarana, publicado pelo autor em 1946, ficaria resignado durante o inverno rigoroso que, todos os anos, aflige as paragens curitibanas.
Deu frio? Avós têm um ditado tanto quanto ob sceno para a ocasião. Impróprio para o horário, porém. Por outro lado, um pedido simples é unânime no que diz respeito à época de inverno: “Me esquenta?”. O frio parece semear o amor. Aqueles que no verão dizem “me solta”, imploram por um colo. As redes sociais enchem-se de apelos, que vão desde os famosos free hugs até gente disponibili zando-se como namorado de aluguel. Prova de que personalidade é, também, de responsabilidade do clima.
A NAFTALINA SAIU DO ARMÁRIO
A mudança no estilo das roupas é apenas o começo. Por motivos óbvios, quando o clima esfria, roupas quentes são necessárias. Aquelas que, em todas as outras estações, permanecem esquecidas em seus cabides. Há quem diga que as pessoas ve stem-se melhor durante o inverno.
Milena Silva, designer de moda, explica o fenômeno com o fato de as pessoas buscarem uma maneira “compacta” de se vestir. “Ao contrário do verão, quando o estilo despojado predomina, o in verno requer um estilo compacto, como forma de blindar o corpo contra o frio”, diz. Quanto à premissa do melhor vestir, Milena reafirma a diversificação. “Via de regra, a ideia de pessoas mais bemvestidas vem do fato de as roupas de frio, aos olhos da maioria, parecerem melhor ajustadas ao corpo”, diz. Porém, exceções existem e não são poucas. “Não raro, a extravagância estraga o look, deixa-o brega”, completa.
Daniela Hendler, Guilherme Zuchetti, Renan Machado e Rafaela Gabardo
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No Bar Canavial o movimento chega a cair 30% durante o inverno
O visual versátil em camadas é uma boa opção para o clima curitibano, em que as condições variam mesmo nos dias de temperaturas extremas
Comércios de outros tipos também precisam adaptar-se à época. Bares e restaurantes desdobramse para atender o público de forma diferenciada. De acordo com Jeremias Gomes, gerente do Bar Canavial, durante o inverno o movimento sofre uma queda de aproximadamente 30%. “Quando está calor, a principal demanda é a cerveja. Vendese muito e é necessária a contratação de uma equipe extra de funcionários para atender as mesas”, afirma. Por outro lado, quando está frio, adapta ções são indispensáveis como forma de adequar-se ao paladar do cliente. “No inverno a coisa muda de figura. O foco fica na comida. Servimos o popular quentão e sopas variadas”, completa.
SENHORAS E SENHORES, TEMOS UM VENCEDOR?
Pelo contrário: temos um perdedor. Isso, ao menos, de acordo com moradores de Curitiba que conhecem bem o friozinho da cidade. Segundo
Ana Carolina Krüger, jovem de 19 anos e estu dante de Jornalismo, o inverno é a pior das esta ções. Ele prefere o sol, visto entre maio e agosto com incidência menor do que em outras épocas. “Passar frio e tomar sol são coisas que influenciam diretamente o meu comportamento. Sinto que fico mais feliz e otimista. Não passar frio e não ter de escolher um monte de peças de roupas na hora de me vestir são coisas que evitam meu nível de stress ficar lá no alto”, diz.
Adrielly Hideko e Laiana Vieira, vendedora e estudante de Design Gráfico, respectivamente, reforçam a preferência de Ana Carolina. Ambas afir mam preferir o outono e a primavera por conta do clima ameno que tais estações apresentam.
Em oposição, Renato Bianco, professor de In glês, afirma preferir o inverno. “Sinto-me alegre no frio. É possível ficar sob o sol sem morrer de calor e não é preciso vestir roupa de banho.
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Chegada do Papa Francisco para a missa de envio, no Rio de Janeiro
Nivia Kureke
O GRANDE ESPETÁCULO DA FÉ
Jovens e fiéis católicos lotaram o Rio de Janeiro para celebrar a Jornada Mundial da Juventude 2013
Karen Okuyama e Letícia Duarte No mês de julho, o Brasil teve a honra de receber o Papa Francisco na Jornada Mun dial da Juventude (JMJ), evento que reuniu três milhões de pessoas no Rio de Janeiro entre os dias 23 a 28 de julho, com o lema: “Ide e fazei discípu los entre todas as nações”. Ariady Andrade tem uma participação ativa dentro da Igreja e, desde da penúltima edição da jornada, em Madri, na Es panha, já sabia que neste ano participaria da JMJ. “A vontade de estar com o Papa e com milhões de jovens, de celebrar a fé e, acima de tudo, de responder ao chamado de Jesus foi muito gratifi cante”, conta a estudante de enfermagem.
Fwoi a primeira viagem internacional do Papa. O pontífice circulou em meio à multidão de fiéis e abençoou a todos. Apesar das manifestações que aconteceram durante a jornada, o evento não foi afetado e diversos jornais internacionais divulga ram a boa conduta do líder religioso em pedir para o governo criar um diálogo com os jovens.
Rafaela Santana foi selecionada para ser voluntária na jornada e participou do evento como socorrista. Ela contou que participar foi uma experiência única e que, para ela, a experiência iniciou-se bem
antes do encontro no Rio de Janeiro, nos encon tros nas dioceses, na passagem da Cruz Peregrina e do ícone de Nossa Senhora pelas cidades. Sem falar do compartilhamento de informações e das expectativas entre os participantes nas redes soci ais. “Durante os dias em que fiquei no Rio, pude trocar experiências com jovens do mundo inteiro e vivenciar a alegria de ser católica. Foi muito in teressante e motivador perceber que muitos jovens como nós, espalhados por vários lugares, compartilham a mesma fé e estão empenhados em agir por um mundo mais justo, fraterno e de paz”, declarou.
Essa euforia dos brasileiros por receber o Papa Francisco abriu os olhos de muitos que acredita vam que a Igreja Católica estaria acabando. O padre João Alberto, da diocese de Ijuí, no Rio Grande do Sul, ressalva que as coordenações das juventudes devam fazer com que a JMJ repercuta na vida, não só na de quem participou do evento, mas em to das as comunidades espalhadas pelo Brasil e que essa repercursão também depende da organização da base, dos grupos, que não podem ficar fechados, mas sair para as ruas como disse o Papa. “Os próprios jovens devem testemunhar Jesus Cristo. Assim, teremos uma juventude mais participativa, mais consciente e, necessariamente, mais crítica”, afirma.
“ Ide e fazei discípulos entre todas as nações” -
Mateus 28, 19
A freira Raquel de Fátima Colet, assessora da Pastoral da Juventude do Paraná, acredita que o carisma cativante do Papa certamente contribuiu de forma determinante à enorme visibilidade que ele teve no evento. “A JMJ foi um evento que chamou a atenção do mundo e, sobretudo, dos brasileiros,
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“ Os próprios jovens devem testemunhar
Jesus Cristo.”Pe. João Alberto
Para a expressão viva e celebrativa da fé, pro tagonizada pelos jovens de todo o mundo.” Mas ela afirma que precisamos entender que a jornada não acabou, porque o povo de Deus está em constante caminhada. Ou seja, quando o Papa fala do risco de manipular e instrumentalizar a juventude, é feito um convite aos jovens para que assumam seu lugar e sua missão na igreja e no mundo.
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Rodrigo de Andrade
Jovens durante o pronunciamento do Papa, na praia de Copacabana.
Nivia Kureke
Freira na catequese na Unidos da Vila Isabel.
ASSIM NASCEU O MAIOR EVENTO CATÓLICO
Harianna Stukio
Em seu 28.° ano, a Jornada Mundial da Juventude, tem uma grande história, que teve início em 1984, quando o Papa João Paulo II real izou um encontro internacional com a juventude na Praça São Pedro no Vaticano. Na ocasião foi entregue aos presentes a Cruz Peregrina, que se tornaria o principal símbolo do encontro.
Em 1985, foi declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU) o Ano Internacional da Ju ventude, João Paulo II instituiu a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que aconteceu novamente na Praça São Pedro. Após essa edição, os encontros têm acontecido a cada dois ou três anos – o intervalo só é reduzido a dois anos, quando a data bate com a Copa do Mundo, o que aconteceu neste ano, quando o evento ocorreu no Rio de Janeiro.
Em 1987, aconteceu a primeira JMJ fora de Roma. A edição foi na cidade de Buenos Aires, capital da Argentina, e contou com a participação de um milhão de pessoas. Seguiram-se os even tos com o Papa João Paulo II até 2005, quando o pontífice fale ceu, em abril daquele ano. Em agosto, a cidade de Colônia na Alemanha, recebeu o seu conterrâneo Papa Bento XVI.
A edição contou com a participação de 1 milhão de pessoas.
A JMJ do Brasil foi a primeira edição com “dois papas”, o Papa Emérito Bento XVI, rezando de Roma, e o Papa Francisco, participando com os fieis no Rio de Janeiro (RJ). A JMJ brasileira foi a segunda com maior número de participantes, 3,7 milhões de pessoas, segundo a organização. A maior edição foi em Manila, nas Filipinas, em 1995, com 4 milhões.
Ao todo, 12 cidades sediaram o evento. A es colha de cada cidade é feita pelo próprio Papa em exercício, que escolhe por critérios religiosos. A próxima edição acontece em 2016, em Cracóvia, na Polônia, onde João Paulo II iniciou sua vida re ligiosa.
19 Nivia Kureke
Símbolo da Jornada Mundial da Juventude 2013
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Divulgação
Shoppings de Curitiba permitem livre circulação de animais por seus corredores
MAIS PETS SHOPS, MENOS PADARIAS
Não faltam novos empreendimentos em serviços destinados a animais de estimação
Letícia da Rosa e Mayara Duarte
Umem cada três brasileiros tem em casa um bicho para chamar de seu, segundo a As sociação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), formando uma população total de 58,4 milhões de cães, gatos e outros pets no país. Com tantos bichinhos por aí, o crescimento do mercado para animais é natural. A Prefeitura de Curitiba informa que o número dos chamados “pet shops”, lojas especializadas em animais, passou o de padarias na capital, chegando a 1.837 estabelecimentos.
Os cães e gatos ainda são os melhores amigos do homem. As duas populações cresceram, do últi mo ano para cá, aproximadamente 5,4%. Segundo a Abinpet, os donos dos cães podem chegar a gas tar, por mês, cerca de R$ 308 com as raças maiores e R$ 133 com as menores. Com os felinos, o valor é ainda menor: R$ 84,19.
Diante desse quadro, outros mercados começam a surgir. É o caso da Clínica Vida Livre, que há 13 anos possui seus trabalhos voltados apenas a ani mais selvagens e pets exóticos.
O empreendimento dispõe de profissionais es pecializados em fauna não doméstica. De acordo
com a Abinpet, a classe das aves, roedores e peixes pesa ainda menos no bolso do dono. A busca cresce cada vez mais porque, roedores, por exemplo, custam R$ 25 mensais; peixes, R$ 18, e aves, R$ 15.
TALENTOS
Outra inovação do setor foi presenciada por Deborah Galliano Daros Zeigelboim, profissional formada em Comunicação Social. Na Inglaterra, conheceu uma agência que representava animais para produções audiovisuais e impressas em vários países da Europa e nos Estados Unidos. Quando voltou para o Brasil, observou a necessidade do mercado de algo do gênero e decidiu criar a Pet Model Brasil. “É uma agência pioneira em casting de animais. Temos muitos trabalhos em São Paulo e Rio de Janeiro”, conta.
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procura por
Deborah Galliano Daros
Os animais preferidos para atuar nas produções, que podem ser comerciais ou filmes, seriados ou novelas, são cachorros das raças collie, golden re triever, labradores e bulldogs.
Quando perguntada sobre o crescimento do mercado de pets exóticos, Deborah diz que o Brasil não é um pioneiro no assunto. “É muito comum em outros países pessoas terem como animais de estimação porcos, galinhas, cobras, lagartos, fer rets. Mas, aqui, esse costume ainda é raro”, diz.
Com relação ao trabalho na agência, ela comenta que esse segmento ainda não faz parte de seu portfólio, mas que a demanda existe. “Porém, há procura por cobras, lagartos e papagaios.” De borah explica que, para animais desse tipo serem agenciados, é necessária autorização de secretarias e órgãos especializados, como o Ibama. “Muitos não possuem essa autorização, então o cadastro é suspenso.”
O mercado é para poucos. De acordo com a especialista, a diária cobrada para um animal ser agenciado pode ficar entre R$ 300 e R$ 3 mil.
POUSADA DE ANIMAIS
O Pet Hotel Curitiba é uma chacará que fica a 30 minutos de Curitiba e recebe, diariamente, vários cães, e tem como prioridade a atividade em grupo, fazendo com que os animais se socia lizem. Os grupos são divididos em raças de mes mo porte. Os beneficios desse tipo de serviços são vários: o cão torna-se mais calmo e saúdavel e o seu dono pode trabalhar ou viajar tranquilo. Dentro do hotel, os animais têm uma série de atividades físicas e, à noite, cada cão vai para o seu canil, que conta com isolamento termico. Durante toda a estada , o animal re cebe cuidados veterinários 24 horas. O valor da diária é de R$ 32 para cães de peque no porte e R$ 37 para os de grande porte.
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Campanha para Coca-Cola utilizou um labrador
“Há
cobras, lagartos e papagaios.”
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ONDE VOU COM O MEU PET?
O tempo em que os animais eram proibidos de entrar em qualquer estabelecimento fecha do ficou no passado. Hoje em dia, Curitiba tem vários lugares que recebem esse tipo de cliente, como, por exemplo, shoppings e restaurantes.
Desde o ano passado, o Shopping Crystal mudou suas normas e permitiu a entrada de animais. Além disso, muitas lojas também ado taram essa nova ideia - elas são identificadas com adesivo na entrada que autoriza o cliente a entrar com seu cão. Todos os animais devem usar coleiras e os de grande porte devem usar também focinheira.
Já o Shopping Curitiba iniciou essa política a favor dos animais de estimação em 2009. As regras para a circulação dos bichinhos no local são as mesmas que as do Crystal, onde é dispo nibilizado, gratuiamente, bebedouro e sanitário para cães.
Muitos restaurantes e cafés recebem de bom grado os cães. É o caso do restaurante de co mida norte-americana New York Café. É oferecido aos clientes caninos um espaço reservado, o Dog Park, onde o bicho pode se alimentar e ainda continuar perto de seu dono.
O dono e chef do restaurante Fabiano Mar colini Alimentari, Alaide Marcolini, afirma que animais são bem-vindos por lá. “Aceitamos animais pet sim, na área externa. Na área inter na, a vigilância sanitária nos proíbe e podemos até ser denunciados.”
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“Aceitamos animais pet sim, na área externa. Na área interna, a vigilância sanitária nos proíbe e podemos até ser denunciados.”Fabiano Marcolini
R$
8 MIL
POLÍTICAS PÚBLICAS PROJETOS DA CÂMARA SAEM POR
Poucos projetos foram aprovados e poucos deles têm alguma relevância para a população
Kowalski Ruthielle Borsuk
na Câmara de Vereadores envol vendo os contratos de publicidade da Casa provocaram mudanças nas eleições de 2012. O índice de renovação chegou a 48%, com 18 novos parlamentares eleitos. As mudanças, porém, ainda não surtiram o efeito desejado.
Oescândalo
Curitiba foi uma das 19 capitais onde os parlamentares tiveram reajuste salarial, com os vencimentos chegando a R$ 13,5 mil, um aumento de 22,7%, segundo informações no site da Câmara. Já para o presidente do Legislativo, os valores che gam a R$ 17,6 mil. Mensalmente a Câmara paga R$ 517 mil apenas em salários aos vereadores, com o gasto semestral de R$ 3,4 milhões.
No começo do mês de agosto, foi divulgado o Relatório Periódico das Atividades Parlamentares (RPAP), um balanço das atividades dos vereadores no 1º semestre deste ano. Ao todo, foram realizadas 64 sessões plenárias e apresenta dos 402 projetos, dos quais 68 foram aprovados.
Levando-se em conta os gastos com salários de vereadores, o valor por projeto apresentado é de R$ 8,4 mil. Se considerarmos apenas os aprova
“ A população não sabe votar.” - Eder Schultz
dos, o valor sobe para R$ 49,4 mil. Já as sessões plenárias saíram por R$ 52,5 mil cada.
Levantamento feito pela Gazeta do Povo apontou que dos 68 projetos aprovados, 76,4% (52) têm pouca ou nenhuma relevância ao cidadão. Para piorar, das 16 proposições com relevância, apenas quatro foram apresentadas por parlamentares – as outras constam no Sistema de Proposições Legis lativas como iniciativa da Prefeitura de Curitiba. Levando-se em consideração os quatro projetos apresentados pelos vereadores que possuem rele vância, o valor unitário sobe para incríveis R$ 840 mil. Para o historiador Eder Luiz Prado Schultz, os números
Rodolfo Luis
Anderson Tozato / Divulgação / CMC 24
Sessão plenária da Câmara Municipal, no dia 28 de agosto de 2013
Fachada da CMC: somente em salários de vereadores, gasto de R$ 3,4 milhões por semestre
não surpreendem e são apenas reflexo das más escolhas da população, que não sabe votar. “A popu lação não sabe votar, não sabe pesquisar no portal de transparência, nem financiamento de campanha, nem procedência da pessoa, deixam-se levar única e exclusivamente pela imagem que lhes é vendida”, crítica.
Schultz também aponta que não falta formação ou informação aos políticos brasileiros, mas sim uma preocupa ção, um cuidado maior para com as necessidades da população. O descaso, segundo ele, é resultado do posicionamento político dos parlamentares. “A maioria dos vereadores são de partidos de direita, e a direita não está aí para servir ao povo, não se trata, de forma alguma, de falta de formação ou informação”, afirma.
Vale destacar que a tarefa dos vereadores não se limita a criação de projetos. Além de legislar, os parlamentares devem “fiscalizar e controlar a administração,
especialmente a execução orçamentária e a tomada de contas do Prefeito, visando, prioritariamente, o atendimento da população nas suas necessidades básicas para dignificar a vida da comunidade”, se gundo consta no site da Câmara. O que não justi fica os valores pagos aos políticos. “Mesmo se o vereador suar a camisa em prol de seu cargo, esse valor pago a ele não é justificável em hipótese al guma”, aponta Eder. Mas en tre tantos destaques negativos, os parlamentares tiveram uma boa notícia para dar aos curitibanos. Segundo a Câmara, foram extintos 246 cargos comissionados, o que resultou numa economia de quase R$ 3,8 milhões, além da eliminação de gas tos com publicidade e das “verbas de custeio”, que gerou um repasse de R$ 10 milhões para subsidiar a tarifa do transporte coletivo na capital.
Deyvid Setti/Divulgação
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ECONOMIA
LA DOLCE VITA PERTO DAQUI
Circuito de cultura e gastronomia italianas em Colombo revitaliza o município da região metropolitana de Curitiba
Liris Weinhardt e Luize Souza
Umadeliciosa massa, acompanhada de um bom vinho e ótima companhia. Tudo isso, em um cenário bucólico e pitoresco. Imaginou-se na Itália? Não! Para quem quer fugir da cidade e aproveitar a perfeita combinação entre gastrono mia e descanso, lá está Colombo: um cantinho todo particular reservado na região metropolitana de Curitiba. A 18 quilômetros da capital, o mu nicípio tem cerca de 220 mil habitantes, e é a maior colônia italiana do estado.
Para manterem vivas, em solo paranaense, as raízes do país peninsular europeu, moradores de Colombo organizam há sete anos uma semana de comemorações: a Settimana Italiana di Colombo. Desde a sua primeira realização, em 2006, o evento reúne um público que tem variado entre 2.500 e 3 mil pessoas.
A celebração da cultura italiana acontece de diferentes formas, principalmente por meio da gas tronomia, canto, dança, jogos típicos e da prática do dialeto vêneto em missas. Mas o maior atrativo da festa fica por conta da comida e da bebida. Cada comunidade colombense fica responsável por servir a “especialidade da casa”, como a noite de sopas,
noite de massas e, inclusive, uma especialíssima receita de codorna. Há também algumas comuni dades que são fortes na tradição da produção de vinhos coloniais, e até de vinhos mais finos. “É uma oportunidade para mostrar pratos que vieram dos costumes daqueles de quem descendemos, e que fogem da ideia de que a comida italiana é só somente pizza e frango com polenta”, explica Ed ilson Maschio, integrante da Associação Italiana Padre Alberto Casavecchia, entidade responsável pela idealização e realização do evento.
A ideia é que a semana mostre que as colônias têm muito a oferecer aos seus visitantes, possuindo a capacidade de competir com as atrações oferta das no bairro de Santa Felicidade, igualmente re conhecido por suas tradições, e que hoje é um dos maiores atrativos do gênero italiano em Curitiba, atraindo muitos turistas.
UM CAMINHO DE PRAZERES
Além das comemorações que marcam a sema na, parte da economia da cidade mantém aceso o vínculo com as suas origens. A aposta de transformar a cultura destes colonos em atração turística e em fonte de renda para seus moradores é apoiada pela Prefeitura Municipal de Colombo. Por meio de algumas de suas secretarias, a prefeitura teve, em 1999, a iniciativa de criar o Circuito Italiano de Turismo Rural, que abriga algumas vinícolas
“
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É uma oportunidade para mostrar pratos que fogem da ideia de que a comida italiana é só somente pizza.” - Edilson Maschio
Vinícola reserva bebidas com sabores Franco Italiano
e roteiros gastronômicos. São mais de 50 pontos turísticos que oferecem aos visitantes a oportunidade de conhecer lugares históricos e contemplar as belezas naturais e a herança deixada pelos imi grantes.
Fernando Camargo faz parte dessa rota com a Vinícola Franco Italiana, que combina os sabores da França e da Itália em um só lugar. Excelência e qualidade são as marcas da casa, que elabora vinhos em pequena quantidade, com produção lim itada, para garantir a exclusividade dos produtos. Esse talento na fabricação de vinhos vem desde 1878, herança do casamento de uma italiana e de um francês que tinham o costume da produção caseira do vinho, e que sonhavam em transformar a paixão pela bebida em uma oportunidade de negó cio.
Mas, assim como o vinho, que melhora com o tempo, a vinícola atualmente conta com meto-
dologias modernas de vinificação. “Estamos investido muito em tecnologia para produzir nos estilos francês e italiano. E, com isso, temos al cançado ótimos resultados, como, por exemplo, os espumantes Moscatel, elaborados pelo método italiano, e o Cuvée Excellence Reserve, que segue o francês, pelo qual a vinícola recebeu medalha de ouro no Mundial de Bruxelas em 2010”, comemo ra Fernando.
Os visitantes da vinícola poderão ainda escolher o plano de vinificação da sua bebida, além de desfrutar do enoturismo: um passeio para conhecer em detalhes todo o processo produtivo do vinho, desde a elaboração até a finalização do produto. E, para fechar com chave de ouro, essa viagem pode ainda encerrar com uma especial degustação. Com certeza, uma encantadora experiência, bem pertinho de casa.
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SÃO JOSÉ DOS PINHAIS E SEU CAMINHO DO VINHO
A Colônia Mergulhão, de origem italiana, investe no crescimento do turismo rural e gastronômico
Natalia Concentino
OCaminho do Vinho, em São José dos Pin hais, é uma ótima opção de lazer para quem busca contato com a natureza, conhecimento da vida no meio rural, boa gastronomia e cultura italiana. Está localizado na Colônia Mergulhão, de tradição italiana e formada por famílias que se es tabeleceram por lá há muito tempo.
Antigamente, era uma região em que as proprie dades lidavam com a terra e a criação de animais. Com o passar dos anos, as tradicionais famílias começaram a investir também no comércio, que para eles ainda é uma atividade bem recente. Isso fez com que a Colônia Mergulhão passasse a ser mais conhecida, atraindo clientes e despertando a vontade de passar um tempo em contato com a na tureza.
Roberto Rocha é dono de um dos estabeleci mentos de lazer e eventos pioneiros na região. Ele conta que a propriedade é de sua família há aproxi madamente 50 anos e que somente há 15 anos en traram para esse ramo.
São José dos Pinhais está localizada na região metropolitana de Curitiba e, apesar de ter evoluído bastante na área urbana, o município ainda preser
Portal de entrada do Caminho do Vinho na Colônia Mergulhão. va muito a sua cultura rural. Próximo da área cen tral da cidade e a aproximadamente 30 minutos do Centro de Curitiba, o Caminho do Vinho tem fácil acesso e atrai o público das duas cidades.
Morador de Curitiba, Dimas de Souza Pereira, acredita que o Caminho do Vinho é um bom lugar para sair um pouco da rotina, conversar com os amigos e se divertir com a família. Ele conta que, depois que o conheceu, passou a frequentá-lo.
Roberto Rocha diz que, quando as famílias da Colônia Mergulhão passaram a investir mais em lazer, surgiu a Associação do Caminho do Vinho –Colônia Mergulhão (ACAVIM), que ajudou na di vulgação e no turismo da região. Assim, passaram a existir mais restaurantes, chácaras para passar o fim de semana, pesque-pagues e cafés coloniais.
A ACAVIM foi criada em 2004 e é uma parceria feita para ajudar a atrair turistas, divulgar a região e realizar festas como a Festa do Vinho e a Festa do Pinhão, que neste ano aconteceu na Colônia Mer gulhão com uma estrutura bem maior do que em outros anos. “Quando a ACAVIM surgiu o intuito era organizar o roteiro do Caminho do Vinho e da festa, agora fazemos folder, temos um espaço no site da prefeitura e criamos a linha turismo para atrair o público para o local”, explica Rosana Juli atto Pissaia, presidente da associação.
Natalia Concentino
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FRANQUIAS PODEM SER UM BOM NEGÓCIO
Investimentos em marcas conhecidas podem ser a garantia de retorno mais rápido de capital
Diana Araújo e Ana Carolina Weber
Assim
como o Brasil cresce, as franquias no país não ficam para trás. Há perto de três novas franquias inauguradas por hora no país e a cidade de Curitiba não fica atrás. A marca Wise Up é um forte exemplo deste mercado atual. Com ma triz na capital paranaense e mais de 300 escolas ao redor do Brasil e do mundo, a escola de inglês tornou-se exemplo de um investimento médio com retorno rápido.
“Poucas franquias dão retorno tão rápido – em média 18 meses, podendo ser em um período mais curto – e rentabilidade de 30% ao mês sobre o faturamento bruto”, disse o ex-dono da marca, Fla vio Augusto da Silva em entrevista ao site Manager Online.
Outro exemplo de franquia paranaense bemsucedida é a marca Auto Park, que já possui mais de bem estacionamentos ao redor do país.A marca também tem sede em Curitiba.
COPA
Além de criar novas marcas, Curitiba está importando famosas franquias internacionais em bus ca de globalizar ainda mais uma das cidades-sede da Copa do Mundo de 2014. A chegada de restau rantes de rede, como Outback e The Fifties, é um
Prédio matriz da franqueadora das escolas Wise Up
Silva
exemplo.
“É sempre mais acolhedor quando você viaja a uma cidade e vê restaurantes conhecidos, por mais que descobrir lugares novos faça parte do roteiro, um local conhecido nunca faz mal”, confessou Ana
“Poucas franquias dão retorno rápido - em média 18 meses, podendo ser em um período mais curto” - Flávio Augusto da
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Flávia Farias, turista carioca que veio passar as férias de inverno em Curitiba.
Paranaense ou não, quando bem administradas, franquias podem tornar-se uma mina de ouro.
Com um investimento inicial pequeno, a marca Doutor Resolve, reparos e reformas, pede apenas R$ 50 mil de início e fornece ao franqueado todas as ferramentas iniciais necessárias, deixando para ele apenas a tarefa de cuidar dos negócios.
Ofertas como essas refletem dados divulgados pela empresa Rizzo Franchise: o número de fran queados inexperientes cresceu cerca de 7% nos úl timos três anos e tendem a crescer ainda mais en quanto o crédito para pequenos negócios continuar acessível.
TOP 5 NO BRASIL
1. O BOTICÁRIO: com 3.550 unidades, a rede O Boticário é de longe a maior do país e continua crescendo. Criada em 1982, a mar ca virou franquia em 1987. O investimento inicial no negócio varia de R$ 150 mil a R$ 450 mil r. É também a rede que mais faturou em 2012.
2. COLCHÕES
ORTOBOM: a empresa, que antes produzia camas e hoje vende colchões, soma 1.762 unidades abertas. Há dois anos a marca ocupa o segundo lugar na lista. O franqueado desembolsa de R$ 93 mil a 183 mil para ser dono de uma unidade.
3. KUMON: a rede ficou conhecida por seu método para ensinar Matemática. No Brasil, desde 1978, a marca tem hoje 1.565 uni dades. Calcula-se que mais de 170 mil alunos já passaram por suas salas de aula. Quem se interessa no negócio ,investe entre R$ 18 mil e R$ 50 mil para começar a franquia.
4. AM PM MINI MARKET: a rede de lojas de conveniência dos postos Ipiranga tem 1.377 unidades pelo Brasil. Todos os franqueados também são donos de postos da rede. O in vestimento inicial, só na loja de conveniência, vai de R$ 116 mil a R$ 280 mil .
5. MCDONALD’S: mesmo sem aceitar novos franqueados, o McDonald’s continua na lista entre as maiores redes. São 1;260 unidades. A rede de lanchonetes fast food abriu sua primeira unidade no país em 1979. O investimento inicial fica em torno de R$ 1,3 milhão.
Fonte: EXAME
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TECNOLOGIA A NOVA ERA DOS APLICATIVOS
Com mercado em ascensão, a procura por escolas especializadas aumenta
Coma popularização cada vez maior dos smartphones e tablets, as oportunidades de ganhar dinheiro com as novas tecnologias aumen tam na mesma proporção. Mas, mesmo se você não é um grande gênio ou não dispõe de dinheiro suficiente para criar um ‘Novo Iphone’, você ainda pode lucrar com o desenvolvimento de aplicativos.
Com a chegada desses novos gadgets, o entretenimento se tornou palavra-chave no mundo da tecnologia. Como celulares não servem mais ape nas para fazer ligações e mandar mensagens, a disponibilidade de aplicativos aumenta a cada dia para que os usuários de smartphones possam usufruir de toda a tecnologia de seus aparelhos.
E para quem acha que lucrar nesse mercado tec nológico é difícil, as escolas de aplicativos estão aí para ajudar quem quer ganhar dinheiro desen volvendo novos apps para todo tipo de plataforma. Tendo como uma das mais famosas o Instituto de Artes Interativas (IAI), de São Paulo.
Para o estudante de design gráfico, Thiago Car doso, que tem interesse em entrar nesse novo mer cado, as escolas de aplicativos ainda estão muito
Plataforma iOS da Apple é a mais cobiçada pelos desenvolvedores
concentradas no Sudeste. “Infelizmente, a maioria dessas escolas de aplicativos estão em São Paulo e no Rio de Janeiro, as melhores também. Mas sei que algumas universidades aqui de Curitiba já tem planos de oferecer cursos para os seus estudantes.’’, disse Thiago.
Entre essas universidades está a PUCPR (Pon tifícia Universidade Católica do Paraná), que a partir deste segundo semestre de 2013 oferece um curso para desenvolvimento de IOS, sistema op eracional móvel da Apple. O curso que já teve sua
Bianca Thomé, Carolina Cachel, Felipe Martins, Flávio Darin e Pedro Domingues
Bianca Thomé
“ O polo Rio-São Paulo concentra as maiores e melhores escolas.” - Thiago Cardoso.
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fase de seleção de candidatos, visa a preparar pro fissionais para a criação de aplicativos para Ipod, Ipad e Iphone.
SALÁRIO ALTO É UM DOS ATRATIVOS
Quem se interessar em ganhar a vida desen volvendo aplicativos, deve se dedicar. Por ser um mercado competitivo, para emplacar um bom app é preciso criatividade e visão de mercado. Porém, o salário de um bom programador faz com que o in vestimento seja recompensado. Segundo o diretor da IAI, Lucas Longo, o salário de um bom criador de aplicativos pode chegar até R$10 mil por mês. Quem confirma é o programador Felipe Sugita, que apesar de não ter conseguido emplacar ne nhum grande aplicativo, segue criando em busca do ‘aplicativo ideal.’. “Realmente o lucro pode ser grande. Tenho amigos que conseguiram criar bons
aplicativos e foram contratados ou até criaram empresas que visam a criar aplicativos. Eu ainda não consegui emplacar um grande sucesso, mas uma hora a gente acerta’’, afirma Felipe.
Qualquer um pode se tornar um programador de aplicativos. Sabendo configurar alguns programas e gostando de mexer com computadores e celulares, não é necessário nem mesmo ter uma graduação para entrar nesse novo mercado. Porém, as escolas de aplicativos chegam para ajudar quem quiser entrar nessa nova e promissora carreira.
Bianca Thomé 35 TOP 3 APPS 1º INSTAGRAM 2º FACEBOOK 3º YOUTUBE
Os apps mais baixados de 2012: Instagram, Facebook e Youtube
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O aplicativo Busão Curitibano pode ser usado em qualquer ponto da cidade
Felipe Raicoski
ÔNIBUS NA HORA CERTA
O aplicativo para celular Busão
Curitibano’ inova e facilita o dia a dia de usuários de coletivos
Bianca Thomé, Carolina Cachel, Felipe Martins, Flávio Darin e Pedro Domingues
Curitiba tem um sistema de transporte público que é referência internacional, iniciado no iní cio dos anos 1970. Com terminais instalados em regiões estratégicas e em largas “artérias”, por onde passam os ônibus biarticulados, a capital pa ranaense ficou famosa pelo planejamento e pelo bom funcionamento do sistema. A ideia acabou sendo exportada para outras metrópoles do país e do globo. Mas os anos se passaram, a cidade cres ceu e os problemas começaram.
Os tão inovadores ônibus expressos, que trafe gam pelas modernas canaletas, se tornaram cada vez mais lotados. E os atrasos ficaram cada vez mais frequentes. Não é incomum estar no ponto aguardando por um ônibus atrasado que nunca chega, gerando estresse em estudantes e trabalha dores logo nas primeiras hoje da manhã.
Nas mãos de um grupo de jovens universitários, informações disponíveis no site da Urbs – empresa mantenedora do sistema de transporte público em Curitiba –, ganharam forma e utilidade, porém não sem percalços.
Em 25 de março de 2013, foi lançado oficial mente o Busão Curitibano. A ideia partiu de um grupo de amigos, todos vindos de outras cidades e estados. Cada um tem uma função distinta para
fazer tudo rodar. Diego Trevisan e Gemerson Ri bas, que desenvolvem o aplicativo para os sistemas de iOS (Apple) e Android, respectivamente, lem bram do início das conversas, quando o aplicativo era apenas uma tabela de horários baseado no site da Urbs. “Não sei dizer como tudo começou. Tín hamos uma ideia, e contamos com uma brecha no site deles”, explicou Diego, referindo-se ao pos sível esboço de projeto da organização.
Netto Ramalho, responsável por “destrinchar” o site da mantenedora do transporte coletivo local, procurava informações que pudessem ser úteis ao aplicativo, e acabou encontrando todo um sistema de localização e trajeto dos veículos, e sem nehum tipo de bloqueio para uso pessoal. Com o pensa mento no usuário, os rapazes conseguiram então desenvolver, no visor do celular, um sistema que mostra a posição quase que em tempo real de qual quer veículo integrado à Rede Integrada de Trans
Ramalho
porte (RIT), além de horários de partida e localização de praticamente todos os pontos de ônibus registrados pela própria Urbs. Tudo é sincronizado com o sistema do setor de transportes da prefei tura, que é quem disponibiliza os dados.
Com o sucesso imediato – foram mais de 400 downloads do aplicativo já na data do lançamento –, a equipe enfrentou problemas com quem pode ria tornar tudo mais fácil. Com entrevista marcada na mesma semana de lançamento com um grande grupo de comunicação para o telejornal local, a equipe do Busão viu seu sinal cortado, o que tirou do ar temporariamente o diferencial de informar o
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“Lançamos em uma segundafeira. Na terça já tínhamos aproximadamente 400 usuários.” - Netto
o posicionamento dos veículos. “Lançamos em uma segunda-feira. Na terça já tinha aproxima damente 400 usuários, e aí a URBS cortou o si nal”, relatou Netto. “Víamos os ônibus em outras regiões, totalmente fora do trajeto comum. Levamos um tempo para reorganizar, e contamos com a ajuda da própria imprensa e das redes sociais, que fizeram uma pressão favorável”, finalizou Gemer son.
A pressão em questão veio de blogueiros e usuários do aplicativo, que reprovaram a atitude da Urbs. O fato, porém, levou a empresa a buscar os desenvolvedores, e oficialmente firmar um acordo. “Fomos procurados por eles, e concretizamos o pedido dos dados por meio de um ofício”, relatou Netto. No dia 8 de abril, duas semanas depois, o aplicativo estava formatado e legalizado. A divulgação, que antes era feita pelo prático boca a boca, ganhou mais espaço nas redes sociais, e uma pági na própria na internet. Os usuários também podem acessar as mesmas informações do app na página da web, incluindo o detalhamento em tempo real. Até o trajeto e pontos da Linha Turismo estão disponíveis no aplicativo.
O sucesso do projeto é grande. São mais de 35
mil downloads, e uma média de 2.100 usuários diários; a meta é um total de 50 mil aparelhos com o aplicativo. Embora ainda não tenham um retorno financeiro, a experiência já faz brilhar os olhos dos criadores. “Ainda estamos pensando em uma for ma de captar recursos. Nada está concreto. Mas é legal de ver a repercussão”, declarou Trevisan, comentando o interesse de um grupo de Manaus que conheceu o aplicativo. Surgiram poucas propostas de anunciantes no aplicativo, que pudessem gerar renda para os criadores. Entretanto, a fim de evitar uma poluição visual e uma experiência ruim para quem usa, a proposta foi recusada. A tela segue limpa, apenas com as funcionalidades úteis para o público.
A equipe lembra que o aplicativo ainda não está em sua fase final, e sempre recebem feedback e possíveis pontos que possam ser melhorados. Para o futuro, mantêm o suspense. “A ideia é escolher um ponto e receber no celular detalhes de todos os ônibus que passam ali, além do horário que o próximo veículo passará”, disse Netto, tentando esconder a ambição dos próximos capítulos, que mostram o promissor caminho à frente.
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Gemerson Ribas
Desenvolve e atualiza o app na plataforma Android
Diego Trevisan
Desenvolve e atualiza o app na plataforma iOS
Ricardo Prado
Colabora com ideias e intereface externa
Netto Ramalho
Criou e mantém a parte de Web da empresa
Katia Fernanda
Cuida do design e das ilustrações que decoram o app
ENTENDA COMO O APP FUNCIONA
A tabela de horários, fornecida pelo site da Urbs, informa o horário aproximado de qualquer ônibus da rede, dependendo apenas do ponto de partida
O grande diferencial do aplicativo, que mostra os veículos em tempo real, está em sincronia com o sistema de GPS da URBS, instalado em cada um dos carros espalhados pela cidade
A localização dos pontos e tubos, além de quais linhas pas sam por ali, também estão disponíveis para consulta, com diferenciação entre sentidos horário/antihorário
O app ainda disponibiliza horário, itinerário e localiza ção simultânea da Linha Turismo, além de informações adi cionais sobre cada ponto turístuco da cidade
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O GRANDE PASSO DA NETFLIX
Como o serviço de streaming online tenta se firmar na indústria do entretenimento com produções próprias: a concorrência é forte
Marcio Kaviski e Paulo Semicek
Uma enormidade de filmes, séries, documen tários, shows e desenhos animados, por um preço fixo mensal, sem fazer download, tudo online. Com essa receita, a Netflix alcançou cerca de 36 milhões de usuários pelo mundo. E a ambição que fez o fundador da empresa, Reed Hashtings a desenvolver a tecnologia de vídeo online atual, levou a empresa a alçar voos maiores; como pro duzir seu próprio conteúdo.
Desde o início, com a locação de DVDs via correio em 1997, até a primeira série original (Lily hammer) em 2011, a Netflix percorreu um camin ho duro, mudando o seu mercado conforme a evolução dos serviços. A transição dos DVDs para o serviço de streaming (exibição online) por assinatura mensal fez com que as locadoras de vídeo americanas penassem na concorrência. A inovação da Netflix simbolizou a derrocada da maior rede de locadoras norte-americana, a Blockbuster. Em janeiro desse ano, foi anunciado o fechamento de 300 lojas e demissão de mais de 3 mil funcionários, após seguidos prejuízos, frequentes há uma década. O estudante Arturo Vaine, usuário da Netflix há
A facilidade de acesso é um diferencial da empresa
pouco tempo, conta as vantagens que vê com rela ção ao passado. “Em comparação aos preços muitas vezes abusivos dos ingressos de cinema, taxas de locadoras e outras opções de assistir a séries e filmes, considero que a Netflix tem um preço bas tante competitivo no Brasil.”. Segundo dados da Netflix, são cerca de 36 milhões de assinantes pelo mundo, totalizando mais de 4 bilhões de horas de vídeo. Por um preço fixo – R$ 16,90 no Brasil –, o assinante tem acesso a todo o acervo de vídeo online. Não há registro de dados locais, mas nos Estados Unidos a estimativa é de que um terço de toda a banda de internet tenha origem na Netflix, número maior do que os “grandes sites”, como o Youtube.
DE LOCADORA PARA “EMISSORA”
A aposta é alta. House of Cards, estrelada pelo ator Kevin Spacey, teve investimento de US$ 100 milhões. No entanto, o retorno divulgado aponta algo em torno dos US$ 50 milhões. Embora os
Torquato Fermiano
Heron
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números demonstrem prejuízo, as 14 indicações para o Emmy, maior prêmio da televisão americana e no qual concorrem as grandes séries das emis soras de TV (HBO, CBS, Fox, entre outras), sim bolizam uma mudança de mercado. A Netflix dis ponibiliza todos os episódios das séries de uma vez só, e sua publicidade é feita com produtos que são utilizados em cena, por exemplo. Sem intervalos e uma programação semanal de emissora, as séries da Netflix dão uma liberadade ao consumidor que nunca houve na indústria do entretenimento.
O economista Carlos Padovezi ressalta que a empresa não pode deixar de inovar. “O próximo passo da Netflix é usar uma fatia desse núcleo de lucro para novos investimentos. As ações da em presa cresceram 220% no último ano. Trazer os filmes que não estão no catálogo e destinar um es paço dessa quantia para produções próprias. Além disso, uma empresa como a Netflix não pode deixar de inovar, o internauta e cliente espera isso.”
No entanto, este passo da empresa criou uma
concorrência com as grandes emissoras. Nem só de produtos originais vive a Netflix: ela também disponibiliza séries de grandes distribuidoras, e o sucesso da iniciativa própria pode acabar prejudi cando algumas negociações futuras. Entretanto, a companhia não demonstra insegurança: além de House of Cards, o investimento foi muito grande também em comédias como Arrested Develop ment e Orange Is the New Black. Padovezi afirma que a audiência também significa lucro. “A Netflix é uma empresa conceituada nos EUA. Quando o projeto de séries próprias surgiu certamente existia um risco de baixa nas produções. Como uma empresa experiente deve fazer, a Netflix utilizou das várias propagandas nas redes sociais e no site para a divulgação das suas produções. O resultado foram as indicações ao Emmy.” A expectativa dos investidores da empresa esperam que ela consiga aliar os seus projetos, sem afetar os investimentos.
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João Pedro Alves e Marcos Garcia
ESPORTE
O HOMEM QUE VIROU ESTÁTUA
Contemplado mundialmente, o camisa 10 do Coritiba diz ter realizado um sonho
Helena Salgado
Comum sorriso simples nos lábios, muitos meninos não hesitam em dizer: “Quero ser jogador de futebol!”. Alguns capítulos a mais na história dessas crianças, muitas se esquecem daquele tempo em que se tornar um craque dos cam pos fazia parte de suas fantasias. Alexsandro de Souza, 35 anos, nascido em Curitiba, manteve-se fiel a sua imaginação de menino. Hoje, conheci do como Alex, o atual camisa 10 do Coritiba Foot Ball Club, com orgulho diz: “Era um sonho que eu tinha desde criança”.
Em entrevista concedida a Samara Macedo para o programa Nação Coxa Branca News, transmitido pelo Premiere FC, Alex revelou mais detalhes so bre a sua trajetória.
HISTÓRIA
Além da realização de infância, conquistou títu los, fez parte da seleção, chegou ao 400º. gol e se tornou exemplo para muitos meninos que sonham em um dia se tornar “jogador de futebol”.
Com passagens pelo Palmeiras, Flamengo e Cruzeiro, Alex iniciou sua carreira profissional em 1995, no Coritiba, onde permaneceu até 1997. Após demonstrar grande domínio com a bola, con
As goleadas do jogador tem ajudado o Coxa a ser destaque
quistou muitos campos e foi longe.
Internacionalmente jogou na Europa, em 2002, pelo Parma, na Itália, e alcançou a Ásia, onde re presentou a equipe turca Fenerbahçe por oito anos.
Quando capitão do popular “Fener”, levantou multidões e foi eternizado por meio de uma estátua em tamanho natural, erguida como homenagem da torcida em frente ao estádio do time.
De volta ao Brasil, como bom filho, ele optou por retornar à casa. No Coritiba, foi recebido com muita comemoração e continua marcando gols e conquistando títulos por onde brinca com a bola.
ÍDOLOS
Sobre a infância, diz ter tido grandes exemplos. “Eu sempre trouxe o Zico como um ídolo.”, afirma Alex. Da mesma forma, identificou-se desde cedo com Tostão (Luís Antônio Fernandes), camisa 10 do Cruzeiro, time mineiro no qual Alex jogou no início dos anos 90. Em sua festa de retorno ao Bra sil, ele diz ter pedido ao clube que o ídolo partici
Marcio José da Silva 42
passe de sua apresentação. “Foi uma apresentação inimaginável para mim. Eu não esperava nada dis so. Me motivou bastante. E a participação do Tos tão foi um privilégio porque ele realmente foi um ídolo grande na minha adolescência.”, confessa o jogador.
“Eu não esperava nada disso.”- Alex
MOMENTO
Alex está colocando o futebol paranaense em destaque nacional. Além de se “divertir, de poder brincar com os jogadores e aprender com os novos jogadores”, o camisa 10 diz estar satisfeito com o trabalho.
SELEÇÃO
Alex fez parte da seleção de 1999 a 2004, representou o Brasil na Olimpíada de 2000, em Sydney, Austrália, mas não chegou a jogar em Copa do Mundo. Assunto polêmico, pois foi chamado inúmeras vezes para competições em amistosos anteriores ao Mundial.
Anos mais tarde, mesmo com bom desempenho, nunca mais foi convocado. Tranquilo, ele diz não pensar sobre o assunto. “Meu tempo de seleção, de ficar pensando, de poder ficar visu alizando algumas situações, ficou muito para trás”, revela.
Em referência ao desempenho da atual seleção, Alex afirma ser como todo brasileiro, “um telespectador” esperando que o atual responsá vel técnico Luiz Felipe Scolari, o Felipão, deci da pela mais perfeita opção, pensando na melhor maneira de se jogar.
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Sem recentimentos, Alex diz que seu tempo de seleção ficou para trás.e não tem esperança de retornar
DE VOLTA À CASA
Os pais de Alex, ídolo do Coritiba, dizem que o craque não mudou com a fama e a fortuna
Asaída
de Curitiba rumo ao município de Colombo, na região metropolitana, tem uma missão: conhecer os pais daquele que é conside rado o melhor jogador de futebol do Paraná, reco nhecido nacional e internacionalmente. O objetivo da visita é saber um pouco mais sobre a história de vida do craque Alex, hoje o camisa 10 do Coritiba Foot Ball Club, mas que há alguns anos era apenas o mais velho dos três filhos de dona Leni e seu Adenir.
A nossa chegada não era esperada, já que o con tato foi feito com o irmão do meio, Alexandre, que não os avisou da entrevista. De qualquer forma, as portas estavam abertas para a reportagem da Revis ta CDM. A recepção foi feita com um sorriso sin gelo e um pedido: “Não reparem a simplicidade, e fiquem à vontade”.
No sofá, dona Leni entre um ponto e outro de crochê, esboça sincero orgulho de tudo que o filho conquistou, afinal, “que mãe não ficaria feliz em ver o filho, que andava de ‘jabiraca’ (um ônibus da época) descer de helicóptero em um campo de
Mãe, pai e sobrinha de Alex mostram orgulhosoa a foto do craque
futebol?” E a mãe do craque diz mais mais: “Ele conquistou tudo isso, sem passar por cima de nin guém!”.
Aos poucos, a família vai se soltando, e, conforme a conversa continua, os quadros pregados nas paredes com fotos das diversas fases de Alex, são orgulhosamente apontados e citados. É como se tudo tivesse acontecido por obra do destino. Os pais lembram que o jogador era fissurado por uma bola de futebol; enquanto os amigos adoravam sol-
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Samara Macedo
Helena Salgado
tar raia (a famosa pipa), Alex com 3 anos, queria brincar de fazer gol.
Mas, até aí, seria um sonho comum, idealizado por muitas outras crianças, não fosse o fato de que o menino tinha um diferencial: “Ele era firme nos propósitos. Se queria, alcançava. Até pedia nossa opinião, mas não ouvia o que a gente falava”, con ta o pai, que é mais fechado, lembrando os traços de personalidade do filho mais velho. A mãe logo interfere a favor, como se o dito do pai, fosse uma crítica: “Mas nós o criamos assim. Desde os 11 anos ele era o ‘dono’ da casa. A gente trabalhava fora, e ele, como o mais velho, tinha a responsa bilidade de cuidar dos irmãos mais novos; ele to mava as decisões da casa, era normal que depois tomasse as decisões da vida”.
PALAVRA DE FÃ
Mariane Taniguchi, torcedora do Coritiba Foot Ball Club, diz ser grande fã de Alex. Em entrevista à CDM ela descreve ter desde a sua adolescência admiração pelo camisa 10, o que começou por influência de sua mãe. “Minha admiração pelo Alex foi consequência da ad miração de minha mãe por ele. Eu já dizia que ele seria meu ‘marido’, brincadeira de meni ninha nova criando vínculos com seu ídolo. Já tive contato físico, de ficar bem pertinho dele por duas vezes: durante um jogo, nas cadeiras, como se ele ‘fosse um pessoa comum’. Na se gunda, ele estava em um shopping da cidade divulgando a parceria com o novo patrocina dor. Eu e minha amiga madrugamos no local. É um encanto de pessoa. Alegre, educado, sem pre sorrindo... É um carinho de infância que só cresceu, porque ele fez por merecer isso nesses anos de carreira.”.
Leni de Souza
Que mãe não ficaria feliz em ver o filho que andava de jabiraca descer de helicóptero?”-
Mas, para chegar ao estrelato, nem tudo foram flores. As longas viagens tinham o apoio incondicional do pai, que acreditava no sonho do filho. Ele via muitos jovens desistirem e Alex sorrir ao con tar que no apartamento onde morou quando saiu de casa pela primeira vez, não tinha nada material dentro, apenas a vontade de vencer.
Ao fim de uma longa conversa, a pergunta inevitável: o que mudou em Alex da época de sofrimentos até atingir a glória? A resposta é convicta: “A conta bancária! Só isso que mudou no meu fi lho, de resto, ele é mesmo, tem o mesmo coração e humildade!”, diz a mãe.
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Mariane Taniguchi ao lado do seu ídolo Alex
Arquivo pessoal 46 Ailton Nunes
EM BUSCA DE UM SONHO
Jovens vêm de muito longe para Curitiba, movidos pela vontade de se tornarem jogadores profissionais
Rosana Moraes
Céuazul, o sol desponta no horizonte e aquece aos poucos a areia da praia que toca os pés do menino antes que a maré venha enchar car a areia. O calor se faz presente enquanto ele curte o marzinho e a bela paisagem durante o fim de semana. Há um mês, Mateus Souza Carneiro da Cunha trocou o sol, o calor e as belas praias de João Pessoa, na Paraíba, pelo clima inconstante, com toques de intenso frio no inverno, e pelos vári os shoppings centers de Curitiba. O garoto, de 14 anos, deixou sua mãe, pai e uma irmã no Nordeste para lutar por um sonho que compartilha com muitos brasileirinhos: o de ser um jogador de futebol. Não apenas um craque. O paraibano sabe exata mente aonde quer chegar. Com sinceridade e até simplicidade, ele declara que sonha em defender a camisa azul do Chelsea, da também gelada In glaterra. “Um pouquinho mais frio, mas a gente se acostuma”, diz o jovem.
Enquanto não chega lá, Cunha se empenha nas categorias de base Sub-15 do Coritiba Foot Ball Club. Sua história começou quando tinha 6 anos, jogando nas quadras de futebol de salão e mais tarde nos gramados. Em um dos treinos, sem nada saber, foi observado por um”captador” do time –
profissional que viaja para encontrar talentos em outras cidades, que após o jogo conversou com o menino e sua família para combinar um teste em Curitiba.
Histórias assim se repetem em nosso país e com frequência nos times do Paraná. No mesmo time encontra-se Talysson Lalau Machado, de 15 anos, vindo de Criciúma, em Santa Catarina. Ele conta que no início sua mãe não concordava em deixá-lo sair de casa. Todavia, com insistência sua e de seu pai, ela concordou com a ideia. Quando a saudade bate no peito, ele comenta que arranja um jeito de visitá-los, mas quando isso não é possível, conta com o acolhimento dos colegas, que também o convidam para conhecer suas famílias.
- Samuel Marinho
O convívio dos companheiros de equipe tam bém suaviza a saudade que Samuel Marinho, de 15 anos, de Itaim Paulista, no interior de São Paulo, sente de seu pai, mãe e três irmãs. É o único lado negativo de sua escolha. “É ruim, mas você tem de aguentar, porque se não aguentar, você não vai ser jogador”, relata. Como muitos meninos, seu maior sonho é defender a camisa verde-amarela do Brasil e ser campeão da Copa do Mundo.
O preparador físico da categoria Sub-15, Victor Hugo Padilha dos Santos, há dois anos trabalhando no Coritiba, acredita que a distância afeta o desem penho dos atletas que ainda estão em fase de cres cimento e que precisam do apoio de suas famílias. Ele comenta que o clube dispõe de departamentos de assistência social e psicologia que trabalham
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“É ruim, mas você tem de aguentar, porque se não aguentar, você não vai ser jogador.”
com o lado emocional dos jovens. Entretanto, os outros profissionais também tentam auxiliar nes ses casos. “A gente tenta se aproximar, não só dele como atleta, mas também como pessoa. Saber das dificuldades, conversar em momentos oportunos fora do treinamento, saber se esta acontecendo al guma coisa com a família, se tem alguma notícia. Uma vez ou outra a gente pega alguns um pouco tristes no treinamento e a gente procura investigar, saber qual é o problema, saber tratar os sentimen tos e essas carências”, explica Santos.
O técnico César Bueno também confirma a pre
ocupação com o bem-estar dos atletas, ainda mais quando a temporada de jogos acaba. “No período de férias, a gente sempre tenta preparar um momento para que eles possam ir para casa para pas sar pelo menos uma semana, em dois períodos do ano, para eles ficarem três a quatro meses sem ir para casa no máximo”, relata. Enquanto estão no clube, os jovens moram em alojamentos no Estádio Couto Pereira, dividindo o quarto entre quatro ocupantes, treinando durante um ou dois períodos e estudando ou durante a manhã ou à noite.
“No começo é mais difícil, mas ao longo do tempo a gente vai acostumando. Isso que é a gente quer da nossa vida, é o nosso sonho”, conta Talisson Kevin, o rondoniano de 15 anos, que iniciou sua carreira aos 4 anos, quando seus pais o levaram para o campo de futebol. Em 2010, ele veio para o Trieste, clube de formação de Santa Felicidade que treina crianças, adolescentes e jovens para colocálos equipes maiores. No ano passado, entrou no Coritiba.
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Mateus Souza Carneiro da Cunha veio da Paraíba para Curitiba em busca de seu sonho de jogar no Chelsea.
“A gente tenta se aproximar, não só dele como atleta, mas também como pessoa.” -
Rosana Moraes
Victor Santos, preparador físico
A MENINA QUE SONHAVA SER CRAQUE
Jogando no Paraná Clube, Luana Grabias quer ser “uma nova Marta”
Ailton Nunes
Bempequena, ela já era apaixonada pelo futebol. Nascida em São Jose dos Pinhais, Luana Caroline Grabias, hoje com 13 anos, aos 7 começou treinar futsal na cidade de Itapoá, no lito ral de Santa Catarina, para onde seus pais mudaram assim que ela nasceu. Em 2012, retornou à região de Curitiba, jogou no Atlético Paranaense, Coritiba e, atualmente, veste a camisa do Paraná Clube.
Os pais de Luana sempre apoiaram muito a filha, que sonha em seguir carreira. “A gente veio con versando o ano passado inteiro, discutindo se valia apena vir morar em Curitiba, para que eu jogasse e meu irmão pudesse estudar. Daí eu falei que jogar futebol profissionalmente era tudo o que queria. Daí eles decidiram vir”, conta Luana.
José Tadeu Grabias, de 57 anos, pai de Luana, diz que ela sempre gostou de futebol: participava dos campeonatos nas escolas e sempre se desta cava. Mas não foi fácil. Toda a semana, ele tinha de subir a serra para trazê-la aos treinos. “Como havia dificuldade para ela vir para treinar no Atlético Pa ranaense, a gente optou por retornar a São José dos Pinhais”, afirma. Ele também conta que não houve nenhum tipo de influência por parte da família, que
não tem nenhum parente jogador. “A coleção de medalhas dela começou com 7 anos. Ela participava dos eventos esportivos que havia na cidade de Itapoá, sempre se destacando. Acredito que isso é um talento dela mesmo”, diz o pai.
A treinadora de Luana, Gabrielli Grabovsk, de 21 anos, também começou bem cedo no esporte. Já jogou no Atlético Paranaense, no Coritiba e agora trabalha para o Paraná Clube, cuidando de várias categorias de meninas e meninos que sonham em ser ídolos do futuro. Ela também fala sobre o de senvolvimento de Luana, que já esta jogando no Sub-15. Para ela, pouca diferença faz de onde veio a menina. “Luana sempre teve essa vivência em quadra, futebol de areia, na rua. Ela sempre jogou bola. Isso que interfere, não o local de onde saiu.”
Luana tem a craque Marta como referência. No futuro, pretende jogar futebol de campo, e ser rece bida com aplausos pela torcida. “Escutar a torcida gritando o meu nome, me apoiando sempre até mesmo quando eu errar. Eu sonho com isso. Eu imagino essas coisas comigo. É isso aí.”
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Luana e seu pai: Família mudou-se de SC para São José dos Pinhais.
AVENTURA SOBRE QUATRO RODAS
O skate é uma das modalidades esportivas que mais crescem no Brasil
Kauanna Batista Shaiene Ramão
Oskateé um estado de espírito.” É assim que o curitibano Alex Sandro Dias define o es porte que pratica há mais de 10 anos. Dias é pub licitário, produtor de eventos e anda de skate para fugir da rotina. “É o momento em que posso me di vertir, descarregar o stress cotidiano, conhecer novas pessoas e, principalmente, desafiar meus limites. Mais do que um esporte ou um estilo de vida, eu encaro o skate como um verdadeiro dogma.” O publicitário, de 27 anos, está inserido no grupo de 2% de paranaenses que praticam o esporte, seja por amadorismo ou profissionalmente.
Este número poderia ser maior se a estrutura das pistas de skate em Curitiba fossem melhores, como afirma o skatista. “Em Curitiba, não há muitos pi cos bons para andar. A pavimentação é péssima e o projeto arquitetônico da cidade ainda é do século passado. Não há a manutenção das pistas públicas, e ainda este ano estamos perdendo a pista da Baixada.”.
E como se não se bastasse, Dias ainda explica que o maior desafio dos skatistas não estão nas pis tas, mas no preconceito que existe na sociedade.
Skatista amador pratica o esporte em pista no bairro Prado Velho
pratica o esporte, seja como amador ou como profissional
“Ainda existe muito preconceito. Só a gente lem brar da polêmica que ainda envolve a calçada do Batel. Teve preconceito por parte dos comerciantes e teve morador tentando proibir a prática lá nas ruas. Não há incentivo nem fomento para a prática do esporte. É importante incluir a prática na for mação acadêmica de crianças e jovens, como dis ciplina de Educação Física. Os próprios skatistas ‘se ajudam’ e ajudam a preservar bem o público. Infelizmente (e felizmente), é isso que nos mantém
Atualmente, 2% da população paranaense
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Kauanna Batista
“
fortes.”.
E foi graças ao incentivo dado ainda na infância pelo irmão mais velho, que David Dede con heceu o skate e foi amor à primeira vista. Dede mora em São Paulo e há mais de 15 anos anda de skate. Ele comenta que as pistas da capital paulis ta são melhores porque os órgãos responsáveis já começaram a entender a importância do esporte. “Hoje nós somos o segundo esporte mais prati cado pelas ruas do país, por isso ultimamente têm sido feitas muitas pistas.”
Graças aos investimentos que o país tem feito no esporte, o Brasil já conquistou grandes títulos na modalidade. Um exemplo disso, é o skatista Sandro Dias, conhecido como “Mineirinho”. Mi neirinho é o brasileiro de maior renome no skate. Entre seus principais títulos estão o Hexacam peonato Mundial pela World Cup Skateboard ing (2003, 2004, 2005, 2006, 2007 e 2011), o Tricampeonato Europeu (2001, 2003 e 2005) e a Medalha de Ouro dos X Games de Los Angeles (2006). Além disso, Mineirinho e outros 4 skatis tas brasileiros: Rony Gomes, Pedro Barros, Sérgio Negão, Rodil de Araújo Jr. e Og de Souza, figuram na lista dos profissionais patrocinados pela Red Bull e pela TNT, marcas que são conhecidas pelos grandes investimentos no esporte.
E não são só homens que representam o Brasil no mundo do skate. Leticia Bufoni é considerada referência de peso, principalmente na modalidade Street, na qual os participantes precisam superar obstáculos encontrados na rua, como bordas, corrimões, paredes inclinadas e escadarias. A paulista na de 20 anos é campeã mundial de skate há três anos. Com 11, ela já estava disputando campeona tos e mostrando que tinha potencial para chegar ao topo. Já na modalidade vertical, que é a em que os participantes praticam manobras na pista em formato de “U”, conhecidas como mini-ramps, a pau lista Karen Jonz, de 28 anos, é um dos destaques. Foi a primeira campeã brasileira na modalidade e conquistou o primeiro ouro brasileiro feminino no X Games.
CONQUISTANDO MULTIDÕES
Os primeiros skates surgiram em meados dos anos 60, no estado da Califórnia, nos Estados Unidos. Era em uma época em que o surfe era o rei. Os praticantes decidiram levar “as ondas para a terra firme”, adaptando as rodas de seus patins e as colo cando em shapes (pequenas pranchas de madeira), para que também pudessem fazer suas manobras nas ruas.
Os primeiros skates eram muito primitivos, não possuíam nose (nariz, parte dianteira) nem tail (rabo, posterior). Era apenas uma tábua e quatro rodinhas. O crescimento do “surfe no asfalto” se deu de uma maneira tão grande e rápida que até hoje, conquista multidões em todo o mundo. Em Curitiba, por exemplo, mais de 20 mil pessoas comemoraram o Go Skate CWB, o Dia Mundial do Skate, celebrado em 23 de junho deste ano, na Praça Nossa Senhora da Salete, no bairro Centro Cívico.
A juventude do boné de aba reta está saindo das ruas e invadindo o coração da população: é o skate que está se tornando mais que um esporte, uma paixão nacional.
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David Dede, skatista paulista que pratica o esporte há mais de 15 anos
Arquivo Pessoal
SAÚDE
EXERCÍCIO FÍSICO NO INVERNO
Profissionais da educação física e da nutrição falam sobre a importância da atividade física no inverno
Diego Fernando Laska
Todosos esportes podem e devem ser praticados durante o inverno, porém alguns merecem mais atenção e cuidado do que outros. Segundo o professor de Educação Física Raphael Bonatto, esportes devem ser praticados de forma regular, seja no inverno ou no verão, sempre to mando os cuidados necessários com a temperatura e as condições climáticas da sua região. “Por exemplo, se a água estiver muito fria não iremos nadar no mar aberto, porém as academias ofere cem a temperatura ideal para a prática de natação. A corrida pode ser praticada nos parques e ruas com equipamentos que protegem do frio, ou nas esteiras de condomínios e centros esportivos”, diz. Sobre a questão do melhor horário para a práti ca da atividade física, o especialista diz não existir uma recomendação específica, inflexível. “Cada indivíduo tem um relógio biológico e identifica o horário de seu melhor rendimento na atividade física desejada.” O professor salienta que indepen dentemente do rendimento ser melhor em qualquer período do dia, o importante é treinar com corpo e mente descansados - e sempre com um objetivo em mente.
Alongamento físico dos membros inferiores deve sempre ser feito!
AUMENTO DE APETITE
Além da prática de exercício físico, é importante, senão fundamental, cuidar da alimentação. Não é novidade que no inverno as pessoas sentem mais fome e acabam alimentando-se de forma inadequada. Segundo a nutricionista da Prefeitura Municipal de Curitiba Sandra Mara Enriconi, “os melhores alimentos para consumo nos dias frios são aqueles ricos em vitaminas e minerais, como, por exemplo, sopa de legumes que também são ricos em água e muita fibra”. A sugestão da nu tricionista é que as refeições comecem sempre com um prato de sopa, pois, assim, com poucas calorias, é possível saciar a fome e diminuir a ingestão de alimentos mais calóricos e menos nutritivos.
A nutricionista explica que os alimentos geral mente consumidos no inverno são muito calóri cos, o que pode resultar em um aumento de peso indesejado. Além disso, há uma diminuição da
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Kauanna
“Cada indivíduo tem um relógio biológico e identifica o horário de seu melhor rendimento” - Raphael Bonatto
atividade física, que também pode contribuir para o ganho de peso. Isso acontece, segundo Sandra, porque, nessa época, o consumo de frutas e sala das decresce. “As pessoas bebem água com menos frequência, e não atingem a quantidade diária re comendada da bebida. Já os iogurtes, na maioria das vezes, são substituídos por café ou chocolate quente”, afirma.
DICAS
O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA RAPHAEL BONATTO DÁ DICAS PARA MELHORAR A PRÁTICA DO EXERCÍCIO FÍSICO NO INVERNO:
• Escolha roupas, calçados e equipamen tos corretos, que protejam do frio para a prática de atividade física outdoor;
• Faça um bom aquecimento;
• Não esqueça a hidratação, pois com o frio a tendência é que o indivíduo beba menos água;
• Escolha um bom companheiro (a) de treino, ele será fundamental para te moti var a sair de casa;
• Verifique em qual horário o seu corpo se sente melhor para treinar no frio. Pode ser que durante o verão você se sinta bem treinando muito cedo, mas no inverno não queira sair da cama assim tão fácil!
A NUTRICIONISTA SANDRA MARA ENRICONI ENSINA COMO SE ALIMENTAR BEM EM DIAS FRIOS:
• Ingerir alimentos mais quentes e pican tes. Por exemplo, trocar as saladas frias por pratos refogados, grelhados ou assados, além de abusar de temperos como coentro, cominho, curry, páprica picante, gengibre, cebola e canela;
• Dar preferência às hortaliças grelhadas e refogadas, já que há uma diminuição no consumo de saladas;
• Tomar bebidas quentes, como chá de er vas ou leite com cacau e canela, pois são nutritivas, saborosas e aquecem;
• Para quem não resiste a chocolate, é im portante não ultrapassar o limite diário de 35g (uma barra pequena), em função dos altos teores de açúcar e gordura. E, quan do optar pelo chocolate quente, utilizar o leite desnatado. Batista 53
LAZER A PRAIA DOS CURITIBANOS
Shopping centers são, para muitos, a principal opção de lazer e entretenimento na cidade
Lais Capriotti
Sãomais de dez estabelecimentos espalhadas pela cidade e as opções de entretenimento são diversas. Ver um filme, fazer compras, comer, montar um esmalte da cor desejada, engraxar o sapato ou até mesmo patinar no gelo. O shopping center é um grande ambiente de lazer.
Em 1966, o Brasil ganhou seu primeiro shop ping, o Iguatemi, em São Paulo. O centro de com pras funciona até hoje na capital paulista. Mas apenas em 1989 os curitibanos receberam seu primeiro conglomerado de lojas nos mesmos moldes: o Shopping Mueller.
A diversidade começou tímida. No início, os shoppings eram apenas um local de compras. As praças de alimentação foram surgindo, o cinema foi ganhando espaço e, atualmente, há uma multiplicidade de opções.
Liana Soifer, gerente de marketing do Shopping São José, afirma que o local atrai cada vez mais o público, pois além de apresentar diversas ativi dades ainda oferece segurança. “No shopping é possível encontrar entretenimento, além de ser um espaço coberto e com segurança”, diz.
Recentemente, uma atividade que ganhou es
paço e público foi a pista de patinação no gelo. Um dos primeiros shoppings a trazer essa inovação a Curitiba e região foi o Park Shopping Barigui. E em sua 10.ª edição, a brincadeira ainda é sucesso. “Os eventos trazem cultura e entretenimento para a cidade. As famílias encontram atrações de qualidade e opções para adultos e crianças em um só espaço e momento”, afirma Natal Coutinho, coorde nador de eventos do estabelecimento. Mas a pista de patinação foi ganhando mais adeptos e hoje a região metropolitana da cidade também já tem a sua, pela segunda vez, no Shopping São José.
Os eventos trazem cultura e entretenimento para a cidade.” - Natal Coutinho
UNHAS
Outra novidade trazida para a capital foi a Esmalte Machine, loja de cosméticos onde a própria cliente “monta” a cor do seu esmalte. Localizada no Shopping Palladium, a loja oferece uma máquina que cria até 15 mil cores diferentes. Nesse mesmo ramo, o da beleza, é possível encontrar salões de beleza completos e até ambientes especializados em engraxar sapatos mas culinos.
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A pista de patinação no gelo atrai público de várias idades ao Shopping São José
Lígia Barone, redatora publicitária, afirma que frequenta shoppings da capital toda semana e que se sente satisfeita com os serviços. Ela explica como foi a mudança de hábito desde a sua infância até os dias atuais. “Frequen tei lojas, cinemas e salões de beleza que ficavam nas ruas. Lembro-me que era um hábito comum entre os curitibanos, pois havia pou cos shoppings grandes. Acredito que a centraliza ção de serviços, a facilidade para estacionar o carro e até a segurança fizeram com que não apenas eu, mas muitos consumidores escolhessem ir ao shop ping e deixassem os espaços abertos e/ou lojas de ruas”, diz.
acabou virando
pequena e que não tem o costume de frequentar shoppings até hoje, mais de 20 anos depois de se mudar para Curitiba. Para ela, caminhar e andar no calçadão da cidade é essencial para uma boa com pra. “Eu gosto disso, de ver pessoas diferentes, aquela movimentação na rua. Não me sinto insegura de andar na calçada”, afirma.
Mas a troca não é unânime. A psicóloga Joa na Rahuam comenta que cresceu em uma cidade
Lígia Barone conclui, afirmando que muitas vezes a troca é feita por causa das variações climáticas na cidade. “Eu acho que shopping acabou virando uma forma de laz er em Curitiba. Aqui faz muito frio e chove com frequência. Apesar de termos outras opções, como museus e teatro, o curitibano infelizmente criou o hábito de ir ao shopping para se distrair”, diz.
Divulgação Shopping São José 55
“ Shopping
uma forma de lazer em Curitiba.” - Lígia Barone
OÁSIS NA CIDADE
Spas urbanos são procurados não apenas por quem busca tratamentos de perda de peso e reeducação alimentar. Muitos querem escapar do stress do cotidiano
Aetimologia da palavra “spa” tem origem na expressão latina sanus per aqua, que significa saúde pela água. O termo deu nome à cidade de Spa, muito frequentada na Antiguidade Romana, pelas propriedades curativas de suas águas termais. Através dos séculos, o termo migrou da designação de uma cidade para também se referir a estabelecimentos que ofertam tratamentos de saúde, beleza e bem-estar.
Atualmente, observa-se que não somente a designação “spa” sofreu uma transformação, mas também seu conceito. Hoje não são poucos os que a associam a espaços destinados a tratamentos de emagrecimento.
É extensa a lista de reportagens e livros, como Diário de um Magro, do jornalista e escritor Mario Prata, que relatam as tragicomédias enfrentadas por aqueles que frequentam spas em busca da perda de peso. Entretanto, é preciso esclarecer que a lista de serviços ofertados por tais locais também é extensa. Entre eles, estão os tratamentos antistress.
No grupo de pacientes que buscam refúgio do desgaste cotidiano em spas, se encaixam pessoas
Terapia com ofurô é uma das mais procuradas pelo público
“ Além de oferecer serviços terapêuticos, (o spa) ajuda a melhorar a autoconfiança.”
Diana Pinheiro
como a dentista Diana Maria Pinheiro. “Eu, pessoalmente, amo, sempre volto renovada,feliz, com stress nível zero e ainda por cima mais magra, Quer coisa melhor?”, diz.
Diana afirma que se entrega aos cuidados oferecidos por esses estabelecimentos, que vão da alimentação saudável a massagens terapêuticas. Diz encontrar ali descanso tanto para o corpo quanto para a mente.
Confirmando que Diana não é uma exceção, Rose Assunção, gerente do spa Shishindo, em
Camila Vichoski, Giancarlo Andreso e Leticia Moreira
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Giancarlo Andreso
Os tratamentos mais procurados são as terapias com água, porém cada estabelecimento tem suas especificidades
Curitiba, relata a existência de spas urbanos nos quais a busca de maior demanda é o combate à tensão. “Nossos principais serviços são voltados para terapias anti-stress e relaxamento. Nós temos um menu completo de bem-estar e de beleza também, lógico. Mas o ponto alto de nossos clientes é sempre o stress.”
Afinal, segundo Diana, os tratamentos de beleza também possuem propriedades para diminuir a estafa. “Baixa autoestima também é um fator estressante. O excesso de gordura, por exemplo, gera um stress tremendo e o spa torna-se perfeito, pois além de oferecer serviços terapêuticos, ajuda a perder peso e melhorar a autoconfiança”, explica.
As recomendações não ficam somente por conta de clientes e funcionários e se estendem a indicações médicas. A clinica geral Egle Vanzele receita para muitos de seus pacientes alguns dos tratamentos ofertados em spas, como, por exemplo, massagens revigorantes e terapias com água, que ajudam contra o desgaste emocional e
dores musculares.
Outro adepto da prática de frequentar spas é o assistente de Recursos Humanos Diogo Alessandro Chemim, que tem predileção pelos banhos de ofurô. “Faço bastante o tratamento de ofurô com massagens terapêuticas de pedras e sauna. O benefício é totalmente perceptível após as terapias. A mente fica relaxada e o corpo sem o cansaço do dia a dia”, conta ele.
Cada spa possui uma filosofia de tratamento e, inclusive, de alimentação, durante o processo de cada cliente. Alguns spas incluem desde caminhadas e outros exercícios físicos até palestras e terapias de diferentes técnicas.
Há quem procure spas para emagrecer, tratar doenças, depressão ou apenas relaxar. Para escolher o ideal para o seu perfil, basta olhar para seu interior e buscar identificar o que mais o aflige. Às vezes não é tão visível, mas há spas com psicólogos e até atividades relacionadas ao espiritualismo, que podem ajudar.
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MODA
DAS CALÇAS À MINISSAIA
Como a forma de se vestir pode representar as mudanças do papel da mulher na sociedade
Coco Chanel revolucionou ao criar modelos elegantes, casuais e confortáveis, vestindo roupas esportivas mascu linas. A estilista francesa ficou conhecida pela criação dos tailleurs.
Marlene Dietrich foi a primeira mulher a usar calças em público. Gabrielle Chanel reinventou o guarda-roupa feminino ao se utilizar de peças co mumente usadas por homens. Hoje, mulheres ac ima do peso considerado ideal tomam espaço em revistas especializadas. Estes são poucos exemplos de que a moda pode ser um instrumento de quebra de padrões e empoderamento feminino.
Priscila Sottomaior, professora de História da Moda e coordenadora da graduação de Design de Moda na Faculdade Camões, afirma que, através de um traçado histórico, é possível notar a exposição do corpo e da adoção estética e, dessa forma, a evolução da roupa e do comportamento feminino.
“Eu acredito que a moda é um reflexo da emancipação da mulher. Durante o inicio do século XX, a moda foi utilizada pelas mulheres como uma fer ramenta para expressar as mudanças e as transfor mações ocorridas na sociedade. Com a Primeira Guerra Mundial, veio a libertação do espartilho e as mulheres ganharam espaço na sociedade através da força de trabalho. A necessidade impôs ao uni verso feminino a participação ativa. A partir desse momento, a emancipação seria uma busca conti nua pelo direito ao voto, pela remuneração no trab alho, pela a sexualidade, pelo direito de cidadã sem a distinção em relação ao gênero”, reflete Priscila.
Marlene Dietrich foi atriz e cantora alemã, considerada um dos maiores ícones da moda na Alemanha. Foi a primeira mulher a usar calças em público, em 1920.
Nos loucos anos 20, as melindrosas eram mulheres ousadas, que adoravam jazz e infrigiam as normas da sociedade.
Hellen Albuquerque
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Imagens Reprodução
Mulher mostra uniforme que inclui um sutiã de plástico projetado para evitar acidentes entre trabalhadoras em Los Angeles, durante a Segunda Guerra Mundial.
Hoje, a roupa usada pelas mulheres é um reflexo dessas conquistas, pois se tem liberdade em todos os sentidos, tanto de ver como de ser vista. O cor po se torna uma apresentação das opções e valores culturais, sociais e financeiros. A moda atua com o poder da imagem, que, por vezes, comunica nossos desejos e percepções do mundo a nossa volta.
Liliana Nakakogue é produtora e modelo. Ela volta seu olhar e dedicação para o nicho da moda plus size, que cada vez mais cresce no Brasil e no mundo. A stylist acredita que a moda é um fato fundamental na sociedade, por ser uma forma de expressão. “Este tem sido o momento da moda voltada para a sustentabilidade e também para a que eu denominaria de inclusiva (todos os tipos de corpo). A identidade da moda ser voltada para todas as mulheres, todos os tipos de corpo. Nesse contexto, entra não somente a moda plus size. Não se trata de moda para pessoas acima do peso, mas deveria ser pensada uma moda feita para os tipos de corpos, estaturas, necessidades, algo além de somente uma visão comercial. Como forma de expressão para as mulheres, para todas as mulheres”, completa.
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A criação da minissaia é atribuída a Mary Quant, e repre senta a liberdade sexual da mulher na década de 60.
Com a criação do sutiã em 1912, trazendo a libertação do espartilho; a criação da minissaia, que nasce com a pílula anticoncepcional na década de 1960, entre outras diversas revoluções da indu mentária, a moda assim como a arte, pode refletir ou retratar as manifestações politicas, sociais e fi nanceiras ocorridas na história da sociedade.
O termo plus size durge nos anos 70 nos EUA, e corre sponde a tamanhos maiores do que 44.
Priscila aponta a moda plus size como uma forma de pluralização e aceitação das diferenças, pos sibilitando a criação de novos segmentos: “A moda possibilita a inserção ou a exclusão de determina dos grupos, serve como um indicador inicial dos nossos valores, mesmo que inconscientes. A imagem sozinha comunica o que gostaríamos de ser ou o que somos sem necessidade da verbalização.”
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VESTUÁRIO BRASILEIRO
Uso de materiais alternativos e reciclados em peças de roupa é tendência no país
Helena Bianchi
Hoje o ecologicamente correto vai além de preservar as grandes áreas verdes e separar o lixo. Algumas estilistas e lojas brasileiras estão mostrando que é possível produzir com estilo em uma moda sustentável. A curitibana Renata Luci ana, de 28 anos, é famosa por seus trabalhos com a utilização de guarda-chuvas reciclados. “É um objeto que sempre encantou, e em Curitiba sempre vi muitos deles quebrados jogados nas ruas (...) Já cheguei a juntar vinte e cinco em uma noite chu vosa”, ela conta. Em sua coleção Nietzsche Dá-nos o Super Homem!, todas as roupas são pretas, e em alguns momentos a própria armação do guardachuva é utilizada. Ainda que suas peças sejam mais artísticas, Renata diz que elas estarão logo disponíveis para compra.
Já a loja Mr. Fly vende pelo seu website camise tas ecológicas. Todas elas são feitas 50% por garrafa pet recicladas e assim, além de ajudar a diminuir os resíduos e gerar empregos com a coleta das gar rafas, diminui o uso do algodão (que está presente apenas nos outros 50% das peças). Anna Lopes, de 24 anos, é diretora geral e proprietária da empresa. Ela afirma que sempre gostou de temas relacionados e, depois de se formar em administração, re solveu fazer algo que contribuísse para a sociedade e a natureza. “Como a fabricação de roupas é uma
- Anna Lopes
das atividades mais poluentes, decidi abrir a Mr. Fly”, diz. A cada camisa confeccionada, são duas garrafas plásticas a menos no meio ambiente. Apesar do bom resultado que têm obtido, ela explica que é preciso quebrar a barreira de que produtos reciclados são inferiores. “No caso da malha pet, ela é bem mais resistente e o conforto é o mesmo”, comenta Anna.
A coordenadora do curso de moda da PUCPR,
DO LIXO AO
“Como a fabricação de roupas é uma das atividades mais poluentes, decidi abrir a Mr. Fly.”
60 Vanesa de Lara
Guarda-chuvas são utilizados nos vestidos da estilista Renata Luciana
Camila Teixeira, conta que este assunto hoje em sua área é “essencial”, entretanto algumas vezes é tratado de forma errada. De acordo com ela, a sustentabilidade é um tripé em que é composto não só pela questão ecológica, como também social e econômica. “Algumas empresas defendem esta bandeira, mas para outras virou um jogo de marketing. (...) Não adianta usar algodão orgânico, se é usado mão de obra escrava infantil. Nesse caso, a marca tem viés sustentável? Claro que não”, explica. Segundo Camila, é importante trabalhar com algumas comunidades carentes e dar recursos para essas pessoas crescerem, pensando assim em criar sem comprometer o que as gerações futuras podem vir a ter.
Para estimular esse tipo de trabalho nas estu dantes de moda da PUCPR, é lançado o concurso Design Mais Moda, em que a temática escolhida
é a sustentabilidade. O evento irá ser entre os dias 7 e 11 de outubro, na semana acadêmica do curso. No último dia terá um desfile com as peças de 10 alunos finalistas.
Camila Teixeira acredita que o número de brasileiros que se interessam em comprar este tipo de produto está crescendo muito e irá chegar um momento em que os estilistas e lojas de roupas não vão ter como fugir disso. “(...) As pessoas vão começar a se conscientizar e pensar onde elas estão comprando. Acho que é uma forte tendência”, diz. Anna Lopes, da Mr. Fly, também comenta que à medida que as pessoas tem mais acesso a educa ção, é natural que isso aconteça. “No mercado ai nda é um segmento pouco explorado, mas já temos muitas opções como moletom, jeans e outros tipos de tecidos de materiais reciclados”, afirma.
50%
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Camiseta da Mr. Fly é feita
por garrafas pet
Fotografia: Thiffany Duarte
CULTURA
O estudo é uma das bases que formam o gosto cultural
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Mariana D’Alberto El-Fazary
QUESTÃO DE PONTO DE VISTA
Diferentes setores da sociedade têm concepções distintas do que é de bom e de mau gosto Mariana D’Alberto El-Fazary
Háuma coleção de frases que falam sobre a questão do bom e do mau gosto, sendo talvez a mais famosa “Gosto não se discute”. O filósofo francês Pierre Bordieu, que possui duas obras publicadas sobre o tema – Anatomia do Gos to e A Distinção – Crítica Social do Julgamento – quebrou paradigmas ao colocar em xeque esta famosa sentença, alegando que o gosto na verdade não é algo natural dos indivíuos mas sim, algo que deriva da família e da escola. Consequentemente, isso faz com que camadas distintas da sociedade possuam também diferentes tipos de gostos.
As regras culturais propostas por essas duas ob ras, especialmente no que diz respeito às artes, de pendem na verdade de códigos previamente apreendidos por meio da família e, posteriormente no ambiente escolar. Ainda segundo Bourdieu, a es cola não leva em conta as diferenças básicas relati vas às diferentes camadas sociais, tratando a todos da mesma forma e, cobrando de todos, o que só alguns possuem.
Fernanda Fabrício, professora de Foto e Arte na Escola de Comunicação e Artes da PUCPR, fala que o gosto sempre foi importante e que, beleza e estilo sempre existiram. “Claro que com o cresci mento da população, as coisas mudam, novos esti los são criados e isso tende a dividir mais e mais os grupos e, quanto mais conhecimento, mais gosto teremos”, acredita.
Hugo Loss, mestre em Antropologia Social, ex
plica que, para Bourdieu, a origem e a trajetória social são determinantes para a definição de gostos e de sensibilidades artísticas. “Bourdieu busca fu gir da ideia de que o gosto é proveniente de alguma sensibilidade aguçada da pessoa, de uma característica inata ou desvinculada de qualquer estímulo externo”, esclarece.
Além disso, é visível que atualmente a televisão e, principalmente a internet, possuem um alto grau de influência sobre as pessoas, especialmente entre os mais jovens. Para Loss, essa influência também é canalizada de certa forma pela família. “A forma como a família delegou há anos o ensino dos filhos à escola, pode ser comparada à forma com que ela delega hoje o ensino à televisão e à internet”, fala.
Para o estudante de Sociologia Fernando Mor gatto, a classe dominante desenvolve mecanismos de sofisticação sempre que a periferia consegue se aproximar dos seus costumes e hábitos. “O so ciólogo alemão Norbert Elias já diagnosticava essa prática. Em seu livro OProcessoCivilizador, apre senta indícios de sofisticação das práticas reais e burguesas sempre que a plebe copiava seus hábitos e costumes. Poderia se dizer que essa seja a forma de expressão mais latente que evidencia o processo de depreciação de valores sociais, morais, políti cos, éticos e culturais da classe baixa – dominada”, diz.
Para Morgatto, o que é produzido e difundido pela classe dominante é dito como culturalmente verdadeiro e, aquilo que é produzido nos espaços periféricos, obviamente, será visto como não cul tura. Dessa forma, as classes inferiores acabam consumindo somente aquilo que a classe domi nante quer que ela consuma e isso, segundo o sociólogo, talvez explique a necessidade da periferia em produzir sua própria cultura, estabelecendo assim seus valores e resistindo a um processo de “domesticação” cultural por parte da classe domi nante.
Fernanda Fabrício acredita que o amadurecimento acaba levando a pessoa a gostar de certas coisas:“Um dia você não sabia ler e então não gos tava de livros. Hoje você sabe ler e passa a gostar”, exemplifica.
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VILÕES LITERÁRIOS
Basta informar que o livro está em pri meiro lugar na lista dos mais vendidos que os fiscais da literatura alertam: best sellers não servem para nada
Rodrigo de Lorenzi
Best sellers são livros que vendem muito não somente em livrarias, mas também em bancas de jornal, farmácias e gôndolas de supermer cado. Segundo a Câmara Brasileira do Livro, uma obra que vende 15 mil exemplares já pode ser con siderada um grande sucesso literário no país.
Segundo a revista Veja, os livros mais vendidos no Brasil na segunda semana de agosto foram: Inferno, de Dan Brown; A Culpa É das Estrelas, de John Green; O Silêncio das Montanhas, de Khaled Hosseini; ParaSempreSua, de Sylvia Day, e Cinquenta Tons de Cinza, de E.L. James. A lista ainda segue para as obras de não ficção, autoajuda e esoterismo. A revista considera as vendas das maiores livrarias de 16 grandes cidades brasileiras e mais sete sites.
A última pesquisa feita pelo Ibope Inteligência mostra que a média de leitura do brasileiro é de quatro livros por ano, sendo 2,1 livros até o fim. A mais recente pesquisa feita pelo IBGE revela que o brasileiro lê apenas seis minutos por dia. Para de sespero dos críticos literários, isso significa que o brasileiro, que já lê pouco, anda lendo apenas best sellers. Algumas pessoas que, por costume, se dedi cam a livros clássicos ou de conteúdos específicos, consideram a lista dos mais vendidos um grande lixo e que nem mesmo pode ser considerada litera
tura. Não é difícil encontrar pessoas afirmando que não perdem tempo com livros sem conteúdo feitos exclusivamente para o lucro. Mas será todo livro não tem como finalidade vender?
Para André Machado, formado em Letras pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), é uma pena que as pessoas se esqueçam de que boa parte da produção literária canonizada também foi feita para vender. “Os folhetins de José de Alencar eram basicamente a novela das 9 das senhoras de família do século XIX, guardadas as devidas proporções, é claro. Quando falamos de arte, o que importa muitas vezes não é o conteúdo em si, mas a forma como esse conteúdo nos é apresentado, e isso não é necessariamente algo ruim”, declara.
Os best sellers, geralmente, se utilizam de certos clichês para agradar o público. A narrativa não é tão complexa, os parágrafos e capítulos são mais curtos e a diagramação difere de livros clássicos para facilitar a leitura. Para Machado, isso nem sempre compromete a qualidade da obra. “Se você pensar que o objetivo de uma obra é o puro entretenimento, como podemos quantificar até que ponto ela alcança esse objetivo? O que entretém
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Best sellers X clássicos: um precisa ser melhor que o outro?
algumas pessoas pode ser um tédio para outras e isso é, em última instância, uma questão de gosto. É claro que as teorias de crítica vão tentar contor nar esse problema, mas não é algo simples. É por isso que eu digo que o que torna um livro bom ou ruim é a opinião de quem lê”, diz.
PRECONCEITO
A advogada Débora Fontanezi confessa ouvir críticas por gostar dos livros mais vendidos, mas não se incomoda. “Li diversos livros acadêmicos durante a faculdade, mas defino HarryPotter como o livro que fez parte da minha infância, Crepús culo minha adolescência e CinquentaTons como o início da fase adulta. E quem quiser, que me aceite assim”, declara. Para ela, qualquer livro é válido. “Qualquer tipo de leitura acrescenta algo à vida, seja fantasiosa, baseada em fatos reais ou autoajuda. Ler, por si só, já acrescenta muito”, diz.
Para Márcio Matiassi, doutor em Letras/Lit eratura pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), a ideia de que os fenômenos literários não valem nada é uma generalização perigosa. “Essa posição, em geral, tem sua base em preconceitos. Muitos dos propagadores dessas ideias emitem
suas ‘opiniões’ sem nunca terem lido a obra que estão julgando. Partem da noção de que tudo que é do gosto das massas não pode ser bom. Isso é perigoso, porque é elitista e reacionário”, analisa. Matiasse aponta que, nas escolas, o principal problema do ensino de literatura é o princípio da obrigatoriedade. “Obrigar a ler qualquer obra apenas sob o pretexto de que ela é parte do currículo nunca será um bom caminho para aproximar um leitor em formação de uma obra clássica”, acredita.
Juarez Poletto, doutor em Estudos Literários pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), professor de literatura na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e escritor de livros de poesia e ficção, acredita que para tudo há um começo. “O best seller serve para iniciar um adulto na leitura, pois cativa pelo básico: enredo e emoções mais à flor da pele. Num espaço acadêmico, espera-se mais da leitura; numa situação popular de vida, é melhor ler best seller do que coisa nenhuma. Não é possível entrar na universidade sem fazer o ensino fundamental. O best seller pode ser esse ensino fundamental da leitura”, argumenta.
Poletto é defensor da liberdade para quem gosta de best sellers, mas ressalta que ler livros clássicos não é uma perda de tempo ou algo sofrível. E afirma que todos acabam tendo contato com es ses conteúdos. “Quando alguém diz a frase ‘e ag ora, José?’ está tendo contato com Drummond de Andrade mesmo sem saber. Todos deveriam ter a oportunidade de ler os clássicos, não apenas por obrigação escolar. Ler as grandes obras é um acréscimo, não uma perda de tempo; é um enriqueci mento, não pobreza; é virtude, não defeito. O que lastimo é que a maioria não tenha essa chance, pois nem best-seller leem, pois não sabem ler, não tem acesso a livros, nem virtuais nem físicos. Não nos lamentemos pelo que podemos fazer, mas pelo que não podemos”, conclui.
Portanto, quando se trata de livros, vale tudo: autoajuda, folhetins romanescos, literatura clássi ca, policial ou popular. Todos têm lugar na estante.
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Mariana D’Alberto El-Fazary
VALESKA POPOZUDA NA GUERRA DO PELOPONESO
Peça de teatro insere o funk no teatro clássico grego e desencadeia discussão sobre alta e baixa cultura
Raffaela Porcote
De um lado, atenienses. Do outro, espartanos, que disputavam o domínio da Grécia na conhecida Guerra do Peloponeso. Mas, entre eles, surgiu Li sístrata, que liderou uma rebelião feminina no país para obrigar os homens a encerrarem a disputa. A estratégia: greve de sexo.
Mas convencê-los demandaria não só greve. To maram, então, posse dos recursos financeiros do país e amordaçaram os homens com suas vestes íntimas. A luta, agora, não era mais entre eles, mas com elas. Que se iniciasse a batalha.
A batalha de funk. Foi essa solução a encontrada pelo grupo teatral carioca Ponto Coletivo para in terpretar a peça Lisístrata. No roteiro, as mulheres, de fato, duelam com os homens para exigir o fim da guerra, mas o grupo encontrou uma saída diferente, menos óbvia. “Queríamos dar uma nova significação à peça, então foi sugerido que acontecesse uma batalha de funk. Metade do grupo adorou; outra,
ficou receosa. Havia o medo da reação do público ao unirmos o popular ao erudito”, afirma Letícia Bianchi, atriz que interpretou a peça.
Inspirado pela atemporalidade dos temas abor dados pela peça de humor, escrita em 411 a.C por Aristófanes, o grupo travou, no fim, entre eles mesmos o duelo ao se propor a misturar o que há de mais clássico e tradicional na literatura dramáti ca, o teatro grego, com o mais pérfido e popular: o funk carioca. “Discutimos, no fim, a liberdade de gostar de funk e entendê-lo como algo legítimo. Eu não gostava até pouco tempo, mas a pesquisa que fizemos me permitiu enxergar de outra forma”, explica.
Letícia interpreta duas personagens na peça e uma delas foi inspirada em Valeska Popozuda, can tora de funk conhecida nacionalmente. “Há uma cena em que a personagem enfrenta um homem mais velho e machista. Eu não conseguia encon
Thaís D’Castro
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Gruo teatral carioca Ponto Coletivo aborda questões ligadas ao femi nino, o machismo e a homossexualidade na peça ‘Lisístrata’
trar um jeito de enfrentá-lo, foi então que pensei na Valeska, incorporei a força e autonomia dela, e a cena saiu. (...) fomos surpreendidos: aplaudidos de pé e sucesso de público”, conta Letícia.
“É SOM DE PRETO, DE FAVELADO, MAS, QUANDO TOCA, NIN GUÉM FICA PARADO”
A produção do funk, segundo o estudante de Sociologia Fernando Morgatto, está ligada a ausência e necessidade de capital cultural nas zonas peri féricas brasileiras, assim como o axé, o forró, o rap nacional, que buscam construir suas próprias ferra mentas de referência para agir como um processo de resistência. “O funk encontra-se na posição de denunciante das injustiças e desigualdades sociais. Estabelece um contato direto entre morro e o as falto”, afirma.
Para o mestre em Literatura e jornalista Hugo Abati, a discussão sobre o gosto, seja ele bom ou
ruim, é válida, mas deve ser cautelosa para não se deixar contaminar por questões classistas. “Não se pode relativizar a discussão, sem colocarmos refer ência alguma de escolha. Escolhemos. Mas que seja uma escolha justa, sem inferiorizar aquilo que não me aparenta belo”, diz.
O que muitas vezes não se percebe é que o julgamento negativo recai justamente sobre a expressão cultural mais pobre, mesmo que aquela considerada mais elitizada repita os mesmos er ros condenáveis. “Depois de quase dez anos es cutando Vinícius, percebi como esse grande poeta representa, de fato, o seu tempo: sua mulher ideal é submissa, ele é filho do patriarcado e o reproduziu com certeza nas suas criações. Meu dilema aí sempre é: posso continuar achando ele esse poeta todo?”, questiona a antropóloga Gabriela Siqueira.
A peça, escrita em 411 a. C, por Aristófanes, traz uma solução humorística aos embates entre Atenas e Esparta 07
Rafael
Turatti
VITRINE PARA NOVOS ARTISTAS
Espaço dedicado à pesquisa leva arte e performance ao bairro Rebouças
Nivia Kureke e Cecília Moura
Nosúltimos três anos, a cidade de Curitiba ganhou novos espaços para a disseminação da cultura. São locais independentes destina dos à pesquisa em arte, ao desenvolvimento de no vas linguagens, à reflexão e ao aproveitamento de um espaço que poderia simplesmente servir como depósito. Um desses espaços surgiu em 2011. A Selvática Produções Artísticas, por meio do centro cultural Casa Selvática (inaugurada em 2012), es timula artistas a compartilhar suas criações. Conta com 20 artistas residentes, que desenvolvem pro jetos nas mais diversas áreas artísticas, seja teatro, música, dança, literatura. Eles aproveitam o espaço que lhes é oferecido para criar e recriar arte.
Gabriel Machado é um dos artistas residentes da Casa Selvática e vê os espaços culturais inde pendentes como uma forma de alavancar os artis tas desconhecidos ou mesmo os conhecidos, que não têm muitas oportunidades nos espaços que ele chama de “convencionais”: “Acredito que, quando os espaços ‘convencionais’, não dão conta das de mandas dos artistas da cidade, esses espaços sur gem como novas estruturas de criação e de forma ção de conhecimento”.
Por todos os lados da casa é possível encontrar expressões artísticas.
Além disso, Machado afirma que é preciso mais do que um simples “fazer arte”. A preocupação com uma nova forma de pensar em gestão e produção de arte contemporânea é um dos propósitos mais contundentes da Casa Selvática, bem como a difusão de novos artistas criadores.
No mês de setembro, a Casa Selvática recebe uma nova exposição. Aluga-se Casa Selvática é um evento a ser realizado por dois grupos artísticos. O Aluga-se, que nasceu em São Paulo com a ideia de criar situações para a arte e depois de ex por em lugares, como Brasília, Campo Grande e Dinamar-ca, chega em setembro a Curitiba para, junto com um grupo de cinco integrantes da Casa Selvática, desenvolver performances que dialogam entre si.
Serviço: Exposição Aluga-se Casa Selvática. Casa Selvática (Rua Nunes Machado, 950. De 1.º a 15 de setembro, às quartas, quintas e sextas-feiras, das 15 às 19 horas.
Divulgação
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O jardim da Casa Selvática se torna também um ateliê onde se faz arte e acontecem encontros.
PARA IR AONDE O POVO ESTÁ
No mês de julho, foi realizada a 4.ª Conferência Municipal de Cultura em Curitiba. O evento foi promovido pela Fundação Cultural de Curi tiba (FCC) e a sociedade civil. Foram discutidas novas diretrizes para a difusão de manifestações artísticas na cidade por meio da realização de de bates de “altíssima qualidade”, segundo Marcos Cordiolli, presidente da FCC. Projetos culturais nas ruas e em novos espaços privados que propor cionem maior acesso ao publico, são um dos fo cos da ins-tituição. Cordiolli comenta que as pes soas gostam de teatro e têm grande interesse, mas não compartilham o costume de ir a espetáculos. “Levando as apresentações onde as pessoas estão ou onde cami-nham, temos a chance de estimular novamente esse hábito”, comenta.
“O curitibano quer ocupar de novo os espa ços ao ar livre e essas atividades servem não só como estímulo para que mais pessoas vão às ruas e praças, mas também como uma forma de manter esse hábito de quem costuma frequentar esses pro gramas”, acrescenta o presidente da FCC.
A presença de moradores de rua, novos atores, representantes do movimento negro e artistas de bairro surpreendeu os organizadores da 4.ª Conferência Municipal, já que apresentaram suas opiniões a respeito da cultura na cidade, com autori dade de quem vive a realidade curitibana.
Segundo Cordiolli, a presença de diferentes pú blicos em debates como este é fundamental, pois “a definição das políticas culturais é tradicional mente restrita a um pequeno grupo de pessoas. A partir do momento em que se abre o debate e se incentiva outros segmentos a participar, a cultura se universaliza, atingindo maior parte da popula ção”.
Divulgação
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TURISMO
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Localizada no Estado do Vaticano, a Basílica de São Pedro é uma das igrejas mais visitadas pelos católicos
Juliana Oshima
PRÓXIMA PARADA: ITÁLIA!
A primeira viagem apostólica do Papa Francisco para presi dir a 28ª Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Rio de Janeiro, fez brotar a vontade de muitos conhecerem o local de sua nova residência e, quem sabe, de um reencontro
Juliana Oshima e Paula Bueno
Francisco. Quando o vi passando fiquei paralisado, sem reação. Adoraria viajar à Itália e vê-lo nova mente”, afirma.
Além de Roma e Vaticano, Vanderson conta que gostaria de conhecer a cidade de Assis. “Mais do que representam para a Igreja Católica, esses locais são atrações turísticas que interessam não só aos religiosos, mas todos aqueles que gostam de história e cultura”, relata o professor que diz ter planos para realizar essa viagem daqui há um ou dois anos.
“ Adoraria viajar à Italia e ver o Papa novamente.”Vanderson
Almeida
Carlos
Lesniowski, 27 anos, viajou de Rio Branco do Sul até o Rio de Janeiro com mais 47 amigos de sua Paróquia. Nem o fato de dormir na rua e enfrentar enormes filas foram mo tivos para desânimo. A sensação que teve ao ver o novo Papa foi a recompensa para todo o cansaço e esforço. “Quando ele se aproximava, sentíamos uma alegria e tínhamos vontade de chorar”, conta o professor e pedagogo. Carlos sempre teve o desejo de conhecer a Itália, mas após a JMJ, esse anseio aumentou. “Seria maravilhoso ouvi-lo e receber sua bênção durante uma audiência papal”, diz.
A mesma emoção foi compartilhada por Vander son Almeida, 30 anos, que também foi ao evento com um grupo de jovens da Paróquia que frequen ta. “Ao ver toda aquela multidão com culturas e línguas diferentes, professando a mesma fé, senti na pele a grandeza e o alcance da Igreja Católica. Gostei muito da simpatia e das palavras do Papa
Assim como Carlos e Vanderson, a visita do Papa Francisco reforçou o desejo de muitos latinoamericanos em conhecer a Itália e suas diversas atrações religiosas. Segundo informações divul gadas pela Agência Nacional Italiana de Turismo (Enit), as viagens da América Latina com foco no turismo religioso devem crescer em 25% este e no próximo ano.
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Carlos Lesniowski na Jornada Mundial da Juventude
Arquivo pessoal
Praça São Pedro, onde são realizadas as audiências papais. Para os fiéis, esse pode ser o ápice da viagem
“ Tivemos um aumento de cerca de 10% na procura por pacotes para a Itália.”
- Dorys Joly
Em Curitiba, a Monte Carmelo Turismo, espe cializada nesse tipo de turismo já sentiu os reflexos da visita do pontífice ao Brasil. Apesar de ainda não perceber numericamente o aumento das vendas, a empresa fechou recentemente três grupos para viagens com destino a Israel e Itália nos me ses de março, abril e maio de 2014. “Geralmente, esses mesmos grupos são fechados apenas em fe vereiro. Este ano, alcançamos muito mais cedo o
número mínimo de participantes”, explica Alecio Bento Saiter, responsável por vendas de produtos turísticos internacionais. Segundo Saiter, Vaticano é um destino bastante procurado devido à audiência papal, realizada na Praça São Pedro.
Outra empresa do mesmo segmento na capital, a Domus Viagens, relata que houve um crescimen to na demanda por esse tipo de viagem, tornan do expectativa para os próximos meses positiva. “Tivemos um aumento de cerca de 10% na procura por pacotes para a Itália. Esperamos ainda mais para o ano vem”, afirma Dorys Joly, operadora de vendas. Os locais mais requisitados, além de Roma e Vaticano, são Pádua, onde viveu Santo Antônio; Assis, com a Basílica de São Francisco, e Cássia, onde fica o santuário de Santa Rita.
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Juliana Oshima
FIQUE POR DENTRO DE ALGUNS DESTINOS
Poucos países ocidentais são capazes de com petir com suas tradições arquitetônica, histórica, artística ou culinária. Da religião à gastronomia, da terra dos Césares à terra dos Papas, a Itália é um local que merece ser visitado. Confira o que al guns dos destinos mais procurados para o turismo religioso têm a oferecer:
ROMA
A capital italiana é considerada um dos ber ços culturais da humanidade. A influência deste local, primeiro como centro do Império Romano, depois como sede da cristandade não tem igual na história ocidental. A cidade é uma viagem ao passado e está repleta de paisagens charmosas, além de Praças, Fontes, Igrejas, Basílicas, Museus e lugares que o mundo não esquece como o Coliseu e o Pantheon.
O Museu do Vaticano possui grande acervo artístico e religioso
ASSIS
Esta bela cidade medieval tem sua história ligada à de São Francisco de Assis. Muitos turistas vão ao local para visitar a Basílica de São Francisco - considerada patrimônio mundial da Unesco e o local onde o santo foi sepultado - e a Basílica de Santa Clara.
VATICANO
É o menor Estado do mundo (0,44 km²) e a residência oficial do Papa. O local é bastante vis itado devido à Basílica de São Pedro, uma das maiores do mundo, a Praça São Pedro, onde o Papa saúda os fiéis, e o Museu do Vaticano, que conta a história da Igreja Católica. O visitante não pode deixar de conhecer também a famosa Capela Sistina, cujo teto é uma obra-prima de Michelan gelo.
CÁSSIA
É lá que se encontra o santuário de Santa Rita de Cássia. Na igreja principal, está o mausoléu onde pode-se observar o corpo da santa. Também há um roteiro guiado pelo convento onde Santa Rita vivia. A cidade de Cássia fica na região de Umbria, cerca de 150 km da capital, Roma.
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Juliana Oshima
Assis: cidade ligada à história de São Francisco
Juliana Oshima
Pantheon é o templo mais conservado da Roma antiga