Comportamento Organizacional

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tribo, ao detectar os desviantes dava-lhes ervas, evocando boas entidades, e, com uma estaca, abria-lhes um orifício na cabeça para que o espírito negativo pudesse sair, uma vez que a crença era de que tal espírito entrava pela cabeça. Por conta dessa prática, era elevado o índice de mortalidade – compreendida como que nem mesmo os espíritos malignos toleravam o espírito da pessoa, fazendo com que esta morresse. Os que sobreviviam ficavam com a têmpora frontal comprometida, alterando-se por completo o processo da vontade, o que resultava em bradipsiquismo (lentidão psíquica). Banhos com unguentos fétidos, preparados com fezes, urina e vísceras, também eram utilizados nessas práticas objetivando-se a mesma coisa, pois pensava-se que humilhando e enfraquecendo o corpo, os espíritos iam embora. O objetivo era enquadrar os indivíduos dentro das normas daquela sociedade. A loucura inserida no campo do sagrado não se limitou somente às sociedades primitivas, estendendo-se também às civilizações antigas, como a grega, que possuía uma visão naturalista, segundo a qual a essência do ser era o todo.

A Inclusão Social através do Trabalho

Na Grécia, os comportamentos “desviantes” eram considerados efeitos de causas intrínsecas à própria consciência, como dificuldades emocionais e físicas, problemas na adolescência, baixo nível social. Os “desviados” eram tratados junto à natureza, pois se pensava que a causa principal dos desvios era a inadaptação e a desarmonia com o meio natural. As consciências tidas como doentes eram levadas a sítios mantidos pelo Estado e lá eram tratadas através de terapias ocupacionais, como jardinagem, horticultura, longas caminhadas, banhos de rio e cachoeira. As refeições eram preparadas à base de frutas, legumes, peixes, verduras e raízes, sempre com muita ingestão de líquidos como chás de ervas.

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Esses sítios eram administrados externamente por alquimistas, médicos e filósofos, já que os próprios doentes cuidavam de tudo por autogestão. Existiam na época cerca de 30 sítios, onde discussões grupais (terapia de grupo), abordando o motivo que levara os doentes a se inserirem naquele contexto, eram promovidas. No final do dia, os “pacientes” podiam retornar ao seu lar, desde que tivessem realizado obrigações diárias. Esse tipo de abordagem terapêutica foi reavaliado nos anos de 1950, numa cidade chamada Spa. No Império Romano, a consciência individual deixou de ser valorizada, como havia sido na Grécia. O que valia era o próprio Estado, que possuía supremacia sobre a consciência, obrigando-a a saquear regiões e a participar de guerras que duravam 20, 50 ou até mesmo 100 anos. Naquele momento, toda a sociedade era manipulada, e o Estado não se responsabilizava pelos desvios do povo. Por causa da fragmentação das famílias em prol da guerra, surgiram sérias patologias psíquicas, que ocasionaram uma grande crise, causando a ruína de toda a sociedade romana.


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