Uso do "crack" e consequências Bio-psico-sociais

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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO – UNICID

Amanda Galdino Vieira de Melo

Uso do 'Crack' e Consequências Bio-psico-sociais REVISÃO DA LITERATURA

São Paulo 2013


UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO - UNICID

Amanda Galdino Vieira de Melo

Uso do 'Crack' e Consequências Bio-psico-sociais REVISÃO DA LITERATURA

Monografia apresentada para conclusão do curso de Graduação em Biomedicina desenvolvida na Universidade Cidade de São Paulo UNICID, sob orientação da Prof.ª Dr.ª Dulce Helena Cabelho e coorientação da Prof.ª Drª .Edna Maria Miello

São Paulo 2013

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UNIVERSIDADE CIDADADE DE SÃO PAULO - UNICID

Amanda Galdino Vieira de Melo

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Cidade de São Paulo – UNICID, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Bacharel em Biomedicina.

Resultado:____________________________

BANCA EXAMINADORA: Prof.ªDr.ªDulce Helena Cabelho ____________________________________ Universidade Cidade de São Paulo (UNICID)

Prof.ª Dr.ª Edna Maria Miello ___________________________________ Universidade Cidade de São Paulo (UNICID)

Prof.ª Dr.ª Rodrigo Hippolito Bouças ___________________________________ Universidade Cidade de São Paulo (UNICID)

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Dedicatória Dedico a Deus por não me deixar desistir e pelos pensamentos positivos que sempre ficaram em primeiro lugar, aos meus queridos filhos Kauã e Lara, que me fez acreditar e vencer mais uma batalha, a minha amiga Nice que me transmite sempre vibrações positivas e incentivo de coragem para terminar os trabalhos

começados,

inclusive

o

desenvolvimento

deste,

agradeço a Deus por nossa linda amizade.

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Agradecimentos Agradeço a Deus pela vida que tenho e por me dar forças em momentos difíceis . Por alcançar um objetivo onde foi preciso esforço, determinação e paciência. A forte mulher, Elza minha cunhada por estar sempre presente me ajudando. Aos meus queridos filhos Kauã e Lara por terem paciência nos meus dias de correria, provas e trabalhos sem poder dar a eles a atenção merecida.

A

minha

orientadora

Drª

Dulce

Helena

pela

dedicação, capacidade e profissionalismo. Prof ª Edna Maria minha co - orientadora pelo seu esforço e atenção. Por fim, a amizade, confiança palavra amiga e apoio, em especial

Nice

Ribeiro, Janaina Castro e Carla Tioca por terem me ajudado nessa caminhada.

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”Tenho pensamentos que, se pudesse revela-los e faze- los viver,

acrescentariam nova luminosidade as estrelas , nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens.” (Fernando Pessoa)

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Resumo

O consumo do crack vem causando grandes preocupações para a saúde da população. Sabe-se que o seu uso causa dependência e complicações psicosociais. O crack resulta da mistura de cocaína com bicarbonato de sódio, pode ser produzido tanto da pasta básica da coca, quanto do pó já refinado. Em sua fórmula há elementos corrosivos como solução de bateria, solvente, pó de vidro e medicamentos. O crack tem alto poder dependógeno e seu consumo é responsável por até 70% das internações por cocaína. (CAMARGO, MARTINS, 2012) O crack acentua a ação principalmente da dopamina e da noradrenalina, como esses neurotransmissores são excitatórios por ser uma droga estimulante do sistema nervoso central, causando o estado de excitação, hiperatividade, insônia, perda de sensação do cansaço, perda do interesse sexual, falta de apetite, euforia, ansiedade, estado de alerta, entre outros sintomas. Assim que o crack é consumido chega ao pulmão que é um órgão vascularizado e com grande superfície, levando a uma absorção e efeitos instantâneos. Através do pulmão atinge quase imediatamente na circulação cerebral, chegando rapidamente ao SNC.

Após

o

consumo,

a

ação

inicial

da

cocaína

acontece

quase

instantaneamente, entre cinco a dez segundos. Este efeito inicial estimula o sistema nervoso central, causando o bloqueio da recaptação de dopamina, serotonina

e

noradrenalina

nas

sinapses.

Os

neurotransmissores

são

responsáveis pelo funcionamento de múltiplas regiões do cérebro. O diagnóstico de pacientes com crack é realizado através de exames laboratoriais e seus sinais e sintomas, dessa forma orientando o paciente sobre o tratamento. Este trabalho teve por objetivo revisar a literatura sobre a utilização do crack e seus efeitos orgânicos tendo em vista a preocupação social que esta droga vem trazendo a sociedade e aos seus dependentes.

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Palavras-chave: Crack, neurotransmissores, sistema nervoso central e sintomas.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 08 2. OBJETIVO ..................................................................................................... 11 3. METODOLOGIA ............................................................................................ 12 4. REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................ 13 4.1 CRACK ........................................................................................................ 13 4.1.1 TOXICIDADE ........................................................................................... 15 4.1.2 TOXICOCINÉTICA .................................................................................... 16 4.1.3 MECANISMO DE AÇÃO ........................................................................... 17 4.2 TRANSFORMAÇÃO DA COCAÍNA E CRACK ............................................ 18 4.3 PERFIL DO USUÁRIO ................................................................................. 19 4.4 EFEITO NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL ............................................ 19 4.5 EFEITO PULMONAR ................................................................................... 21 4.6 EFEITO CARDIOVASCULAR ...................................................................... 22 4.7 SINAIS ......................................................................................................... 23 4.7.1 SINAIS CLINICOS DE OVERDOSE ......................................................... 23 4.8 SINTOMAS .................................................................................................. 24 4.9 DIAGNÓSTICO ............................................................................................ 25 4.9.1 DIAGNÓSTICO CLINICO .......................................................................... 26 4.10 TRATAMENTO ........................................................................................... 26 4.10.2 TRATAMENTO BOLSA CRACK ............................................................... 28 5. DISCUSSÃO .................................................................................................... 30 6. CONCLUSÃO .................................................................................................. 32 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 33

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1. INTRODUÇÃO

O uso do crack é um assunto corriqueiro entre a população, os noticiários e na saúde pública nos dias atuais, sendo este um problema que aflinge muitas famílias e necessita de mobilização da nossa sociedade e de seus representantes políticos. A família não consegue superar o conflito sem a interferência da saúde publica com ética, respeito e integridade. A estimativa da Organização mundial da Saúde (OMS) para o Brasil é que 3% da população é usuária de crack e isso implica em seis milhões de brasileiros. (CAMARGO, MARTINS, 2012) A OMS (CONEN, 2001) considera uma pessoa como dependente se o seu padrão de consumo apresentar ao longo dos últimos doze meses, pelo menos três dos seguintes indicativos: forte desejo ou compulsão de consumir drogas, incapacidade de controlar o uso, estado fisiológico de abstinência, tolerância, diminuição da autocrítica em relação ao ambiente, hora ou motivos para o consumo de drogas, negligência progressiva de prazeres e outros interesses em favor do uso de drogas, persistência no uso de drogas.Há esforços mal sucedidos ao tentar abandonar a droga. O retorno ao uso das drogas após períodos de abstinência é quase imediato. O motivo pelo qual o usuário utiliza esta droga é pelo seu baixo custo que é um dos facilitadores ao acesso e ao consumo, principalmente em áreas urbanas,onde ganhou espaço rapidamente. (PARIZOTTO, BARAN, ROSSI, s-d) O crack é originado através da mistura da pasta de cocaína com diversas outras substâncias, se concentra 50% da pasta base de cocaína. Com o aquecimento dessas misturas temos à pedra de crack que é comercializada podendo ser fumada em cachimbo cigarro e objetos improvisados.. O nome crack é derivado do inglês que significa quebrar associando-se ao barulho que faz ao ser queimado, sendo uma substância altamente tóxica. As pesquisas mostram que a dependência pode acontecer após duas vezes o contato do usuário com a droga,

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causando assim uma grande necessidade do uso contínuo da droga. O desejo súbito e intenso de usar uma determinada substância, fenômeno conhecido como craving, é a principal agravante na dificuldade de interromper o uso de qualquer droga, tornando o dependente químico, incapaz de resistir ao impulso de consumo da substancia. Após o consumo, a ação inicial da cocaína acontece quase instantaneamente, entre cinco e dez segundos. Este efeito inicial estimula o sistema nervoso central, causando o bloqueio da recaptação de dopamina, serotonina e noradrenalina nas sinapses. Em contrapartida, esses efeitos estimulantes dissipam-se rapidamente, entre cinco e dez minutos, causando uma depressão acentuada do sistema nervoso central. Qualquer substância pode vir a ser tóxica, seja ela psicoativa ou psicotrópica, atuam

principalmente

no

sistema

nervoso.

Deriva

daí

a

denominação

“psicotrópica”: tropismo ou atração pela mente, produzindo alterações psicológicas cuja qualidade e intensidade variam principalmente com o tipo e a qualidade da droga. O efeito da droga psicotrópica no sistema nervoso, ocorre porque os neurônios são moléculas químicas que, entre si, trocam mensagens, em um processo denominado neurotransmissão. Esta troca de informações no cérebro, ocorre num espaço de tempo extremamente rápido, entre bilhões de células interligadas entre si das mais diferentes formas. Os neurotransmissores são responsáveis pelo funcionamento de múltiplas regiões do cérebro. As drogas psicotrópicas, por serem moléculas químicas, atuam por interferir na engrenagem da química cerebral. O perfil predominante dos usuários de crack são homens jovens de classe socioeconômica baixa e poucos anos de educação formal, normalmente desempregados. (AMARAL, 2011) Os primeiros efeitos do crack são uma euforia plena que desaparece repentinamente depois de pouco tempo, sendo seguida por uma grande e profunda depressão. Por causa da rapidez do efeito, o usuário consome novas doses para voltar a sentir uma nova euforia e sair do estado depressivo. O crack também provoca hiperatividade, insônia, perda de sensação de cansaço, perda de apetite e conseqüentemente perda de peso e desnutrição. Com o tempo o uso

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constante da droga, aparece um cansaço intenso, uma forte depressão e desinteresse sexual. Os usuários de crack apresentam um comportamento violento, ficando facilmente irritáveis. Tremores, paranóia e desconfiança também são causados pela droga. Normalmente os usuários apresentam os lábios, a língua e a garganta queimadas por consumir desta forma essa substância.

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2. OBJETIVO

Este trabalho tem como objetivo descrever as características da droga, os seus efeitos e alertar como seu uso pode destruir não só o usuário, mas também a família, a sociedade. A pesquisa baseou-se em uma revisão da literatura demonstrando suas alterações fisiológicas e consequências após seu uso continuo.

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3. METODOLOGIA

Este trabalho foi feito embasado em uma revisão da literatura sobre as consequências do crack no paciente, apresentando a manifestação do uso da droga, seu diagnóstico e possível tratamento. Deste modo, foram selecionados artigos científicos em Língua Portuguesa com base de dados: Scientific Eletronic Library (Scielo). As palavras-chave utilizadas foram: Crack, neurotransmissores, sistema nervoso central e sintomas.

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4. REVISÃO DE LITERATURA

4.1 CRACK O crack é uma droga relativamente nova, com alto poder dependógeno e associação com a criminalidade. O crack é originado da mistura da pasta de cocaína com diversas outras substancias, tais como ácido sulfúrico, querosene, gasolina ou solvente e a cal virgem, que ao serem misturados se transformam numa pasta endurecida homogênea, de cor branco caramelizado, onde se concentra mais ou menos 50% de pasta base de cocaína. Com o aquecimento dessas misturas temos à

pedra de crack que é comercializada podendo ser

fumada em cachimbo cigarro e objetos improvisados como lata de alumínio e potes plásticos.(CAMARGO, MARTINS, 2012 ) O padrão de consumo e a evolução da dependência é devido a droga ser barata, considerando este um facilitador em relação as outras drogas. O valor das pedras de crack pode variar de R$5,00 a R$20,00 sendo que estes valores variam consoante o seu peso em gramas. Alguns usuários chegam a utilizar 20 pedras de crack por dia. (PEREIRA, 2011) O nome crack é derivado do inglês que significa quebrar associando-se ao barulho que faz ao ser queimado. O crack é uma substancia altamente destrutiva e degenerativa. As pesquisas mostram que a dependência pode acontecer com apenas

duas vezes que ela é experimentada,

causando assim uma grande

necessidade do uso continuo da droga. O desejo súbito e intenso de usar uma determinada substância, fenômeno conhecido como craving, é a principal agravante na dificuldade de interromper o uso de qualquer droga, tornando o dependente químico, incapaz de resistir ao impulso de consumo da substância. (ZENI, ARAUJO, 2009). Qualquer substância pode vir a ser tóxica, seja ela psicoativa ou psicotrópica, atuam

principalmente

no

sistema

nervoso.

Deriva

daí

a

denominação

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“psicotrópica”: tropismo ou atração pela mente, produzindo alterações psicológicas cuja qualidade e intensidade vai variar principalmente com o tipo e a qualidade da droga.

Após

o

consumo,

a

ação

inicial

da

cocaína

acontece

quase

instantaneamente, entre cinco e dez segundos. Este efeito inicial estimula o sistema nervoso central, causando o bloqueio da recaptação de dopamina, serotonina e noradrenalina nas sinapses. (ZENI, ARAUJO, 2009) Em contrapartida, esses efeitos estimulantes dissipam-se rapidamente, entre cinco e dez minutos, causando uma depressão acentuada do sistema nervoso central. O efeito da droga psicotrópica no sistema nervoso ocorre porque os neurônios são moléculas químicas que, entre si, trocam mensagens, em um processo denominado neurotransmissão. Esta troca de informações no cérebro ocorre num espaço de tempo extremamente rápido, entre bilhões de células interligadas entre si das mais diferentes formas. Os neurotransmissores são responsáveis pelo funcionamento de múltiplas regiões do cérebro. As drogas psicotrópicas, por serem moléculas químicas, atuam por interferir na engrenagem da química cerebral. O crack é uma forma distinta de levar a molécula de cocaína ao cérebro. (CRUZ, VARGENS, RAMÔA, s-d ). Portanto é considerado, atualmente uma das drogas mais letais do mundo. (PEREIRA, 2011)

Tabela 01. Efeitos após o consumo do crack.

EFEITOS A CURTO PRAZO

EFEITOS A LONGO PRAZO

Perda de apetite

Danos irreversíveis nos vasos sanguíneos

Aumento do batimento cardíaco, pressão dos ouvidos e cérebro, pressão sanguínea elevada, que pode levar a ataques sanguínea, temperatura corporal Vasos sanguíneos contraídos Aumento do ritmo respiratório Pupilas dilatadas

cardíacos, derrames cerebrais, e morte Danos no fígado, rins e pulmões Dores intensas no peito

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Padrões de sono perturbados

Insuficiência respiratória

Náuseas

Doenças

Hiperestimulação

injetados

infecciosas

e

abscessos

se

Comportamento, errático, algumas vezes Má–nutrição, perda de peso violenta

Decadência dentária severa

Alucinações,hiperexcitabilidade,

Alucinações auditivas e tácteis

irritabilidade

Problemas sexuais e danos reprodutivos e

Alucinações táteis que criam a ilusão de infertilidade (tanto para o homem como para insetos a rastejar debaixo da pele

a mulher)

Euforia intensa

Desorientação, apatia, exaustão confusa

Ansiedade e paranóia

Irritabilidade e perturbações de humor

Depressão

Aumento da freqüência do comportamento

Ânsia intensa da droga

de risco

Pânico e psicose

Delírio ou psicose

Doses excessivas (mesmo só uma vez) Depressão intensa podem conduzir a convulsões, ataques Tolerância e dependência (mesmo quando epilépticos e morte repentina

consumida apenas uma vez)

4.1.1 Toxicidade As doses tóxicas são muito variáveis e a toxicidade vai depender principalmente da tolerância individual; da via de administração (aspirada, fumada, injetada, body packers, body stuffers) e de uso concomitante de outros fármacos: interações com álcool (cocaetileno), heroína (speed ball) e outros agentes (inibidores da acetilcolinesterase). O adulterante mais comum do crack é o bicarbonato e os teores de cocaína nesta forma variam de 35 a 99%, dependendo do processo de obtenção.

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O mecanismo de ação mais conhecido da cocaína é o bloqueio da ruptura présináptica da Norepinefrina (NE) e, também, a inibição da MAO. Como conseqüência, a cocaína provoca um acúmulo do neurotransmissor; mecanismo este explicativo do aumento da atividade física observada nos usuários de droga. (SANTOS, s-d)

4.1.2 Toxicocinetica A droga é bem absorvida por todas as vias e, o início e duração da ação dependem da via de administração. A biotransformação se dá no fígado e pelas colinesterases plasmáticas, e a excreção é renal. Seus quatro metabólitos principais são ativos: Benzoilecgonina (detectada na urina até 30 dias); ecgonina; ecgonina metil-éster (sem atividade vasoconstritora) e norcaina (potente vasoconstrictor).

Tabela 02. Tempo de duração da ação do crack e suas vias de administração. Nasal

Venosa

Fumada

Início da ação (em minutos)

5

1

0,1

Duração da ação (em minutos)

60

20

5

Meia-vida (em minutos)

30-60

Após a absorção a cocaína é facilmente destruída no fígado, embora uma pequena proporção possa ser excretada inalterada na urina. Nos casos de morte acidental, as concentrações mais elevadas de cocaína são encontradas na urina e nos rins e, em ordem decrescente, no cérebro, sangue, fígado e bile. As concentrações de cocaína no sangue, referidas como letais estão entre 1 a 25 ug/mL. A cocaína atravessa prontamente a barreira hematoencefálica. Estudos clínicos em gestantes usuárias de cocaína demonstram sua ação no SNC de

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recém- nascidos. Sendo evidenciada pela diminuição do tamanho da cabeça e outras anormalidades. A cocaína é rapidamente biotransformada, principalmente por processos de hidrólise das ligações ésteres e N-desmetilação Estes processos resultam na formação do éster metilecgonina ( EME), da benzoilecgonina (BEC), da ecgonina e da norcocaína. Somente a norcocaína apresenta atividade biológica semelhante à da cocaína na inibição do “uptake” da norepinefrina em cérebros de ratos. No homem, de 2 a 14% e muitas vezes somente 1% da cocaína é excretada na urina, sendo esta eliminação dependente da dose administrada, do pH urinário e, evidentemente, da via de introdução. (SANTOS, s-d)

4.1.3 Mecanismo de ação 1) Bloqueio da recaptura de catecolaminas (dopamina, norepinefrina, epinefrina e serotonina) nas terminações sinápticas pós-ganglionares e aumento de sua liberação

em

nível

periférico

(adrenais),

levando

ao

acúmulo

dessas

catecolaminas nas membranas pós-sinápticas, com um aumento do estímulo dos receptores a, ß1 e ß2 adrenérgicos. O aumento de dopamina parece ser o responsável pela agitação psicomotora e a serotonina é responsável pelas alucinações, psicoses, anorexia e hipertermia.

Tabela 03. α-adrenérgicos

β 1-adrenérgicos

β 2-adrenérgicos

hipertensão

hipertensão

hipotensão

vasoespasmo

vasodilatação

taquicardia ventricular fibrilação ventricular

2) Bloqueio dos canais de sódio levando localmente, à anestesia das membranas axonais e vasoconstrição e no coração, se for utilizada em altas doses, a uma

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ação quinidina-like, podendo ocorrer alargamento do segmento QRS e prolongamento do segmento QT no eletrocardiograma, bradicardia e hipotensão.

Fugura 01.

3) Outros mecanismos: Aumento de aminoácidos excitatórios do sistema nervoso central , tais como o glutamato e o aspartato, com hiperatividade do sistema nervoso central e patologias cardiovasculares. Aumento da produção de endotelina e diminuição da produção de óxido nítrico, levando à vasoconstrição e aumento da adesividade plaquetária e da permeabilidade endotelial.

4) O uso crônico pode produzir focos de microfibrose miocárdica e miocardite, independentemente da presença de lesão coronária; e gerar também reações distônicas, acatisia e

pseudo-parkinsonismo,

pela

depleção

de

receptores

dopamina-1.

4.2 Transformação da cocaína em crack

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A transformação da cocaína para ser fumada, esta tem de ser aquecida e misturada com uma base (NaHCO3, conhecido como bicarbonato de sódio ou NH4OH, conhecido como amoníaco), segundo a seguinte reação: Cocaína-H-Cl + NaHCO3 ® CO2 + NaCl + Cocaína-H-OH Desta forma, liberta-se dióxido de carbono e forma-se um sal comum (se for usado o amoníaco forma-se um sal de amónia – NH4Cl). Os átomos restantes de O e H combinam-se com a cocaína-H para formar a cocaína-H-OH. Esta substância é cocaína na forma de base, e é daqui que provém o nome de base livre (“freebase”) pelo qual é conhecida. Esta mistura é conhecida como Crack, devido à presença de resíduos de bicarbonato de sódio, que fazem um barulho crepitante quando são aquecidos. Esta forma de cocaína tem um ponto de fusão de 98ºC, o que a torna própria para ser fumada.

4.3 Perfil do Usuário O perfil predominante dos usuários de crack são homens jovens de classe socioeconômica baixa e poucos anos de educação formal, normalmente desempregados. (OLIVEIRA, NAPPO, 2008) A mídia brasileira tem relatado casos de crack também nas classes média e alta, mas ainda faltam evidencias cientificas de que esse índice seja alarmante. (KESLLER, PECHANSKY, 2008) Após inicio de uso, expectativa de vida curta (1ano), rompia com a família, trabalho, escola e afetos em geral, marginalizando- se muito precocemente. Envolvimento em atividades criminais (roubo, assalto, etc). Morte ocorria pelo entorno violento. (NAPPO, s-d)

4.4 Efeitos no Sistema Nervoso Central Todo estimulo recebido, é enviado ao sistema nervoso central (SNC), onde ocorre

o

processamento

da

informação,

a

interpretação,

elaboração,

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memorização, associações, entre outros. Ao longo de um único dia, estes processamentos ocorrem milhares de vezes em milésimos de segundos. Formado por bilhões de células interligadas, o SNC forma uma rede complexa de comunicação. Estas células que originam a rede de comunição são denominadas Neurônios, que são responsáveis pelo processamento das informações.

Os

neurônios não estão continuamente interligados, existindo espaços que os separam. Estes espaços são chamados de fendas sinápticas e nestas fendas, ocorrem a neurotransmissão (troca de informações entre os neurônios). O neurônio pré-sináptico, para transmitir a informação nele contida, libera substâncias químicas denominadas neurotransmissores, que atuam como mensageiros, transmitindo, assim, a mensagem para o neurônio subsequente, denominado pós sináptico. Através dos polos específicos, denominados receptores, o neurônio pós sináptico recebem a informação. Acetilcolina, dopamina, noradrenalina, serotonina, GABA e glutamato são alguns dos neurotransmissores mais conhecidos. As substâncias psicoativas presentes no crack atuam diretamente no sistema de Recompensa Cerebral (SRC) composto pelo córtex pré-frontal, núcleo accumbens e área tegumentar ventral. O SRC conhecido como centro do prazer, atos como comer, relação sexual, ouvir uma musica nos proporcionam prazer e vamos repetilos, estes comportamentos são denominados de “recompensas naturais”, o crack vai atuar de tal modo a possibilitar um prazer “não natural”. (OLIVEIRA, AZAMBUJA, 2011) O principal neurotransmissor atuante no circuito de recompensa é a dopamina, com o uso do crack o funcionamento dos neurônios vai alterar totalmente, porque a cocaína inibe a recaptação da dopamina, necessária durante a sinapse. Esse excesso neuroquímico na fenda sináptica proporciona a sensação de prazer, por isso a cocaína causa uma recompensa “não natural” alterando o SRC. (OLIVEIRA, AZAMBUJA, 2011) Com o tempo esse circuito começa a necessitar da droga para poder executar suas funções normalmente, passando a produzir menos dopamina e gerando

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ansiedade, humor alterado, anedonia, diminuição da energia e até problemas cognitivos. (OLIVEIRA, AZAMBUJA, 2011)

Figura 02. Esquema de uma sinapse.

4.5 Efeito Pulmonar O principal órgão acometido logo após a inalação do crack são os pulmões. (LAZZAROTTO, et al, 2009)

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Sintomas respiratórios agudos são observados dentro de algumas horas da inalação, porém em alguns casos podem ser vistos dentro de alguns minutos após o uso da droga. (COSTA, ALVES, FRANÇA, 1998 ) As principais queixas respiratórias incluem tosse seca ou com eliminação de sangue ou material escuro, dispnéia, febre, dor torácica e sibilância. O termo crack lung é utilizado para definir uma síndrome pulmonar aguda que ocorre após inalação desta droga. O mecanismo pelo qual causa agressão pulmonar não está bem estabelecido. Supõe se que o crack induz vasoconstricção dos vasos sanguíneos pulmonares causando dano celular isquêmico. Efeito tóxico direto do crack sob o endotélio alvéolo-capilar e uma reação de hipersensibilidade aos componentes da droga inalada são outros mecanismos fisiopatológicos propostos. Os sinais e sintomas presentes nesta síndrome são febre, hipoxemia, hemoptise, falência respiratória e infiltrado alveolar difuso que clareia rapidamente após a interrupção da droga.Fragmentos pulmonares obtidos de pacientes afetados pelo pulmão do crack revelam dano alveolar difuso e hemorragia alveolar com infiltrado celular intersticial e alveolar rico em eosinófilos com deposição de IgE. Imagens radiológicas dos pacientes acometidos por esta síndrome evidenciam opacidades pulmonares intersticiais e alveolares difusas. Pequeno derrame pleural pode estar presente. (LAZZAROTTO, et al, 2009)

4.6 Efeitos cardiovasculares Toda substância psicoativa interfere no sistema cardiovascular. Acredita-se que o consumo ao redor de 2-4 mg/kg traga redução discreta do fluxo coronariano e aumento da mesma magnitude na frequência cardíaca e na pressão arterial. Além da toxidade inerente à substância, a presença concomitante de doenças nos órgãos mais afetados pela ação simpatomimética da cocaína torna seus portadores ainda mais suscetível às complicações (coronariopatias, hipertensão arterial sistêmica, aneurismas,epilepsias e doenças pulmonar obstrutiva crônica. (MARQUES, et al, 2011) As complicações cardiovasculares decorrentes do uso de cocaína são as mais frequentes entre as não psiquiátricas, sendo a angina do peito a que atinge a

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maior taxa, presente em 10% dos usuários.O infarto agudo do miocárdio (IAM) não é tão frequente. O uso do crack provoca o aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, podendo ocorrer isquemias, arritimias cardiacas, problemas no musculo cardiaco e infartos agudos do coração. (CRUZ, VARGENS, RAMÔA, s-d )

4.7 SINAIS Além da euforia e do prazer, esta potente droga causa insônia, perda da sensação de cansaço e falta de apetite, em menos de um mês a pessoa pode perder de oito a dez quilos e em um tempo menos de uso perde as noções básicas de higiene, ficando em um estado deplorável. (OLIVEIRA, AZAMBUJA, 2011)

4.7.1 Sinais Clinícos de Overdose Palpitações, sudorese, cefaleia, tremores, ansiedade, hiperventilação, espasmos muscular e sinais de superestimulação adrenérgica como midríase, taquicardia hipertensão arritmia e hipertermia.Pode evoluir para crises convulsivas,angina do peito com ou sem infarto, hemorragia intracraniana e rabdomiólise, levando a morte frequentemente por insuficiência cardíaca e/ou insuficiência respiratória. (MARQUES, et al, 2011)

Tabela 02. Sinais clinicos da dependência do crack.

SINAIS DA DEPENDÊNCIA DO CRACK É o principal órgão exposto ao vicio do Pulmões

crack. Os sintomas mais comuns são: Tosse, dor no peito com falta de ar, escarro com presença de sangue e piora de asma.

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A alta temperatura da fumaça do crack Vias Aéreas

pode causar queimaduras nos tecidos da laringe, traquéia e brônquios, que sofrem os

efeitos

das

substancias

tóxicas

presentes na droga, como resíduos de gasolina e solventes. Neurotransmissores: Cérebro

O

crack

inibe

a

recaptura de neurotransmissores pelos receptores

pré-sinápticos.

Dopamina,

noroadrenalina e serotonina, que são responsáveis

pelo

planejamento,

controle

pensamento, de

impulsos,

sensações de prazer e poder ficam acumulados. O uso continuo pode resultar em uma variedade de manifestações neurológicas, incluindo, acidente vascular cerebral (AVC), dor de cabeça, tonturas, inflamação dos vasos cerebrais, atrofia cerebral e convulsões. Provoca Circulação

o

aumento

da

freqüência

cardíaca e da pressão arterial, podendo ocorrer isquemias e infartos agudos do coração. Há risco de arritmias cardíacas e problemas no músculo cardíaco. O uso do crack prejudica a digestão e

Aparelho Digestivo

provocam sintomas como náusea, perda de apetite, flatulência, dor abdominal e diarréia.

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4.8 SINTOMAS

Os sintomas psicóticos (delírios paranoides, alucinações) podem desaparecer espontaneamente após algumas horas (ao final da ação da droga no corpo). Sintomas respiratórios mais comuns, que se desenvolve logo após o uso de crack são: dor torácica, despinéia, tosse seca ou com eliminação de sangue e febre. (MARQUES, et al, 2011) Sintomas no SNC tais como delírios e alucinações. (POITVIN, STEFANON, 2010) Sintomas da abstinência, os principais são: fadiga, desgaste físico, desânimo, tristreza, depressão intensa, inquietação, ansiedade, irritabilidade, sonhos vividos e desagradáveis e intensa vontade de usar a droga (fissura). O auge da abstinência ocorre em dois a quatro dias. As alterações de humor podem durar meses. (CRUZ, VARGENS, RAMÔA, s-d )

4.9 DIAGNÓSTICO O consumo de drogas leva de cinco a sete dias para aparecer nas amostras de cabelo podendo persistir identificável por aproximadamente 90 dias. Na urina a detecção do crack, por exemplo, neste caso é feita a detecção das substâncias benzoilecgonina detectado a partir de 4 horas após o uso ficando positivo por até 4 dias. Mas existe muita variabilidade, fatores como ingestão de líquidos, interferência de outras drogas, condição corporal, podem influenciar em relação ao período em que se podem detectar os metabólitos da cocaína após o último contato com a droga. Para identificarmos se o indivíduo consumiu recentemente a droga, é usado o teste laboratorial em fluídos corporais (urina, suor, saliva e sangue). O resultado não se expressa em quantidades, ou seja, não analisa o quanto de droga foi consumido. Existe um termo muito utilizado nessa prática médica, chamado de “janela de detecção”, isso quer dizer o período pelo qual o exame é capaz de detectar o consumo de drogas. Em até sete dias pode-se detectar a maconha; Em menos de três dias pode-se detectar outras drogas (cocaína, crack, ecstasy e anfetaminas). No exame por amostras de queratinas (cabelos ou pêlos), temos

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uma coleta mais fácil e um período de detecção maior. É mais utilizado quando se quer saber da quantidade de droga consumida pelo usuário.

4.9.1 Diagnóstico Clinico Em geral, trata-se de um paciente adulto jovem que desenvolve síndrome adrenérgica

de

curta

duração,

com:

agitação

psicomotora;

movimentos

estereotipados; dor torácica e às vezes, ulceração de mucosa, podendo chegar à perfuração do septo nasal.

4.10 TRATAMENTO Pacientes dependentes de crack são de alta preocupação, principalmente pelo seu complicado tratamento. O uso de psicofármacos costuma auxiliar, apesar de ainda não haver uma medicação considerada eficaz para o uso de crack. Na maioria das vezes, essa abordagem inclui aspectos individuais, familiares e sociais, dirigidos aos problemas mais graves associados aos dependentes, como problemas psiquiátricos, legais e de emprego. (KESLLER, PECHANSKY, 2008) Medicamentos e terapias carecem de mais evidências científicas, e o resultado final é pouco animador: só um terço dos doentes "se cura". O vácuo terapêutico é apenas mais um ponto nebuloso quando se fala da dependência química. O próprio conceito de um tratamento eficaz ainda é motivo de debates. O governo e a sociedade em todo o mundo tem esperanças que os dependentes químicos voltem a ter um convívio social. Os dependentes de crack encontram muitas dificuldades em sua recuperação, o Brasil tem uma rede de recuperação pequena e precária para dependentes químicos e com profissionais pouco qualificados. A complexidade do tratamento da dependência desta doença crônica e grave é reorganizar o indivíduo como um todo. “Tratar a dependência química não é apenas curar os efeitos que as drogas causam no individuo, é reorganizar o individuo por completo” (Barbosa)

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O problema é agravado pela efetividade limitada das abordagens de tratamento para dependentes químicos, especialmente de cocaína e crack, discutidas pela comunidade cientifica e pela sociedade. “No caso das drogas, o primeiro mal que devemos evitar é proclamar que temos alguma ara melhor do que as outras, vender ilusões, Há décadas, se estudam e se buscam tratamentos eficazes. E hoje, a eficácia de inúmeras abordagens é muito questionável”, afirma Roberto Kinoshita, coordenador de saúde mental, álcool e outras drogas do ministério da saúde. Muitos dependentes encontram dificuldades em seu tratamento devido a falta de apoio de seus familiares, soma-se um sistema público despreparado para lidar com esta questão. Parte da explicação deve-se

ao país passar por

mudanças de um novo modelo de tratamento, inaugurado em 2011 com a reforma psiquiátrica. Os médicos, no entanto, acusam a desarticulação do modelo anterior, sem que nada seja oferecido em seu lugar. De acordo com parâmetros da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil oferece 0,34% dos leitos que seriam necessários para sua população. Outro problema detectado é a falta de preparo dos médicos com o dependente químico. Para suprir essa carência, as comunidades terapêuticas, instituições privadas disseminadas por todo o mundo que oferecem especialmente tratamento para dependentes químicos, estão abrigando a maior parte dos pacientes em tratamento. O problema, nesse caso, é a falta de regulamentação dessa atividade e do apoio público as entidades que cuidam dos dependentes.

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4.10.1 Tratamento a viciados com a 'bolsa-crack' deve começar em 60 dias Edital deve ser lançado na próxima semana. Expectativa é que 3 mil viciados sejam atendidos. O governo de São Paulo quer dar aos dependentes que querem se tratar uma chance de se reentregar a sociedade, os dependentes vão receber o cartão recomeço, para atendimentos em clinicas especializadas, o projeto vai ocorrer em sessenta dias, afirmou o secretário de Estado de Desenvolvimento Social, Rodrigo Garcia. O programa apelidado de bolsa crack, dará R$1.350 a usuários de drogas que querem se tratar do vicio em clinicas para dependentes químicos. O cartão recomeço é uma parceria com o governo paulista e clinicas especializadas no tratamento dos usuários de drogas. Receberão o cartão, dependentes quem já passou por internações de até trinta dias e precisam dar continuidade ao tratamento para se livrar do vicio da droga. O projeto é para reduzir os usuários a voltarem a usar drogas. "É uma iniciativa inovadora e, tecnicamente, muito consistente. Primeiro a pessoa estabiliza e depois ela precisa de alguns meses para recuperar a dignidade, readquirir alguns valores", explicou o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador do programa e professor titular da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Segundo Laranjeira destaca que essa é uma etapa complementar ao período clínico. "O tratamento da dependência química, especialmente do crack, não se resume a um ou dois meses de internação. Você vai precisar de uma série de medidas. Um suporte para a pessoa recuperar o trabalho, a vida social. Esse é um processo mais complexo e tem que ser feito", disse o médico. Inicialmente, 3 mil dependentes químicos serão atendidos pelo programa. O cartão, que dá direito ao valor estipulado, servirá para custear as despesas de recuperação dos dependentes químicos que buscarem ajuda voluntariamente.O valor é repassado diretamente do governo às entidades de tratamento. O dependente ou sua família não recebem valor algum em dinheiro. O repasse é feito através do Cartão Recomeço, onde os dados de cada paciente fica registrado.Até o momento, somente unidades de 11 cidades do interior poderão se habilitar para o atendimento nesta etapa inicial do programa: Diadema, Sorocaba, Campinas, Bauru, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, Presidente Prudente, São José dos

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Campos, Osasco, Santos e Mogi das Cruzes. O governo espera que o número de municípios aumente com o tempo, de acordo com a ampliação do projeto.O cartão não atenderá os viciados na capital. Segundo o governo, isso ocorre porque o Programa Recomeço - do qual o Cartão Recomeço faz parte - já atende os dependentes químicos por meio do Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod) e do convênio com a Missão Belém."É um modelo próprio. Temos hoje 270 vagas em 13 entidades diferentes localizadas no entorno de São Paulo", disse Rodrigo. Para Rodrigo, o programa é ideal para ampliar o combate ao crack no interior, onde a demanda por tratamento de viciados é grande. “É uma resposta a uma demanda (o Cartão Recomeço)”, disse o secretário. “Com isso, conseguimos agilizar o tratamento (de viciados) no interior e aumentar o controle desse

tratamento,

de

acordo

com

as

exigências

feitas

no

edital."

É uma iniciativa inovadora e, tecnicamente, muito consistente. Primeiro a pessoa estabiliza e depois ela precisa de alguns meses para recuperar a dignidade, readquirir alguns valores Ronaldo Laranjeira (Psiquiatra e professor titular da Unifesp). As exigências feitas para as comunidades terapêuticas que desejem se inscrever no programa serão esmiuçadas no edital, que será lançado até a próxima semana. Segundo Rodrigo, entre outros requisitos, será necessário que as unidades ofereçam oficinas laborativas, medidas de fortalecimento do vínculo do usuário com sua família e também qualificação profissional dos atendidos. A ausência de médicos barateria os custos segundo Rodrigo, o valor destinado para o atendimento de cada paciente é suficiente para custear o tratamento, já que não é necessário que médicos façam parte da equipe das unidades para onde os viciados serão encaminhados. De acordo com o secretário, os dependentes serão atendidos nas comunidades terapêuticas por médicos da rede de saúde pública. Terapêuticas públicas. “Entendemos que esse modelo (de convênios) é melhor”, afirmou. De acordo com o secretário, vários prefeitos manifestaram a intenção de construir comunidades municipais e podem se tornar parceiros do governo. “Se atenderem a todos os requisitos, não tem problema. Podem se tornar parceiros do governo."

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5. Discussão

A cocaína é considerada uma substancia com alto poder de causar dependência, especialmente na sua forma fumada, o crack. Este vem sendo abordado cada vez mais pelo seu excessivo consumo entre usuários com baixo poder aquisitivo, sendo de fácil acesso e baixo custo. Segundo a Organização Mundial de Saúde uma pessoa se torna usuária, ou seja, dependente da droga quando ocorre a incapacidade de controlar o uso, mudanças no estado fisiológico, diminuição da autocrítica em relação ao ambiente, entre outros fatores pertinentes. Como foi demonstrado nesse trabalho, o modo de ação da cocaína, seu efeito sobre o sistema de recompensa cerebral, além da especificidade da forma de uso fumada, do crack, que produz efeitos intensos em poucos segundos, no entanto de forma fugaz, faz com que os indivíduos se tornem dependentes após poucas exposições ao produto. Foi possível, por meio do levantamento bibliográfico se observar que a caracterização da cocaína, suas formas de extração, apresentação, assim como os seus efeitos sobre o organismo humano estão muito bem esclarecidos. O desafio que se apresenta refere-se ao tratamento da dependência causada por esta substancia, assim como as questões da prevenção e controle da exposição dos indivíduos. Os estudos apresentados neste trabalho mostram que 70% das internações por cocaína ocorreram com usuários que a utilizam nesta forma. As manchetes de jornais têm noticiado, especialmente nos últimos tempos, os esforços realizados pelo poder público, organizações não governamentais, religiosas, entre outros, no sentido de combater este problema em nossa sociedade. O abuso generalizado de drogas, em especial, do crack tem estimulado grandes esforços para desenvolver programas de tratamento dos usuários, e também para o combate ao tráfico dessas substancias ilegais. Tal como acontece com qualquer dependência de drogas, esta é uma doença complexa que envolve alterações biológicas no cérebro do usuário, não se limitando a problemas somente para o individuo, mas refletindo na sociedade, na família entre outros. Portanto, o tratamento da

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dependência de cocaína deve ser abrangente, e as estratégias devem avaliar os aspectos neurobiológicos, sociais, médicos e do abuso de drogas do paciente. É importante considerar que as pessoas dependentes de drogas, geralmente fazem uso de múltiplas substancias e muitas vezes desenvolvem ou já apresentavam distúrbios mentais que exigem intervenções comportamentais ou farmacológicas adicionais.

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6. Conclusão O presente estudo conclui que o crack é uma droga com alto poder de destruição, ao sistema nervoso central, dependógeno e promotor de grandes malefícios a saúde do dependente, riscos à sua família e sociedade pelo desequilíbrio emocional e cognitivo de seus doentes. A prevenção e a cultura de informação são fatores preponderantes em nossa sociedade para diminuirmos tais riscos.

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