E QUEM FOI QUE DISSE? – E quem foi que disse?
Já não estava mais assim, afastado de si mesmo, mas sentia tanto medo, que banalizava toda a chance de amar... Nada era importante, dizem que é medo de dor, mas não, até ele já sabia que era sim medo de enfrentar a dor, não da dor. Mas a vida, segue sempre se explicando assim, sem palavras. Os maiores dos momentos
ficam
sem
palavras.
Ele
procurou certa manhã, na frente do seu computador, mil palavras para explicar o que andava vivendo, não achou. Achou tudo que escreveu, todas suas palavras,
– Foi ninguém não, dizem que faz parte da vida.
uma merda.
E pegou seu casaco grande de inverno e saiu rápido. Não
– Tá uma merda!
sabia porque tinha dito aquilo, não sabia nem mesmo o que tinha dito direito. A compreensão de suas palavras
– Não tá não, tá tão lindo, tanta vida e
iam além de sua capacidade de compreender, talvez,
paixão em suas palavras...
iam além de toda sabedoria e entendimento humano. Mas ele não achava isso, tava se sentindo Já havia amado antes, mas agora sentia tanto medo de
inquieto. “Porque não consigo escrever?
amar de novo, que em certas horas chegava a tremer
Será que perdi meu Don?” E pensando
e a fingir que nada amava... Amor, aquele sentimento
assim, continuava a escrever... Parava às
que quando finda, se põe como sol, traz tanto dor, que
vezes, olhava ela deitada ao seu lado, seu
às vezes não é nem possível vivenciá-lo, sem se afastar
colo lindo deixando escapar toda sua beleza
de si mesmo.
enrolada em lençóis e mesmo assim, medo.