Cecilia Barros Erismann

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CECILIA BARROS ERISMANN A vida com um pouco mais de poesia



TE AMO...

MUITO!


SOBRE O AMOR

– Toma, para você.. Corado, com a flor mais simples que achou, ele dava todo seu amor para aquela pequena mulher. – Obrigada, você é lindo por demais. Beijo simples, daqueles singelos de pôr-do-sol de inverno.




NÃO TEM MAIS JEITO Não tem mais jeito, Já ficou torto, A casa caiu, O chão se desmancha a cada passo... Não tem mais porque, Não tem nem mais como, Não tem mais nada de nós dois, A casa ficou vazia. Não tem mais jeito, O seu cheiro não me esquece, O seu toque me persegue, E o céu vai ficando cada vez mais cinza... Não escuto mais sua palavra. O que eu mais gosto no teu corpo é a língua. A tua palavra quase não me diz, O teu olhar me esqueceu.

Não tem como negar, Você me olha pelas bordas, Você me come pelos lados, Você devora meus sentidos. Não tem mais volta, Seu desejo é o meu maior desejo, Seu prazer é meu maior prazer, Seus carinhos não são mais meus. Não tem mais jeito, O caminho se entorta a cada vez que tento reto, O seu caminho não é o mesmo que o meu. O seu carinho foge de mim cada vez que tento, Meu carinho se afasta a cada toque seu, O seu carinho não é mais meu... Não tem mais jeito, Não tem pé, nem tem cabeça. Não tem tempo para nós dois, Mas tem ainda tanto carinho impregnado nos nossos móveis... Tem ainda tanto amor no nosso jardim sem vida, Que de noite, entre o um choro e um soluço, Eu imagino aquele “nós”. Sou eu mesma que não tenho mais jeito, É toda eu ainda, e sempre, nós...


TEMPO TEMPO TEMPO O tempo é um homem comprido e dividido em três, É tão abstrato quando minhas incertezas e certezas do futuro. Tem uma beleza, que dizem das mais belas... Ah, se eu pudesse chegar a vê-lo um dia! Entrando em minha casa todo arrumado, Com roupas de festa, Com rosto de novo, Cheirando a flores das que mais gosto. Iria convidá-lo a sentar no meu lugar de honra, Serviria os pratos que mais estimo, Iria descobrir certas coisas, Que só o tempo sabe, E só ele poderia me dizer de tais segredos... Como deve ser duro guardar todo segredo, Sem mais ninguém para dividir, nem um segundo! Iria tirar esse peso do tempo, De agora em diante, seria sua amiga. Uma fiel confidente do tempo, Para quem ele tudo conta, Poderia chegar a ser uma super herói! E não só salvar o tempo, Mas ajudar o mundo com seus problemas. Prometeria não deixar vazar de nossas conversa, O que só o tempo diria... Dizem que com o tempo a gente sabe, Que só o tempo pode mostrar, E que em uma encruzilhada, Só com o tempo é que saberemos se foi certo.

Se esse homem comprido e repartido, Senhor de si, dono do mundo, Entrasse em minha casa, Ouviria ele dizer, o que só o tempo diz, Poderia ver o que só ele mostra, E não mais me meteria em encruzilhadas, Já que não teria mais nada para saber de certo ou errado. O mundo seria meu, E eu poderia dividi-lo com todo o mundo. Bel prazer de prever as coisas, Como só o tempo sabe prever... Incrível sentimento do mundo, Teria eu em meus tempos com o tempo. Serviria à esse homem, Na minha mais humilde casa, Uma sobremesa de muito doce, Para poder adocicar o tempo, E deixa-lo mais manso... Tempo, tempo, tempo... Se fosses de fato um homem, Esse homem tão belo que dizem que és, Eu o convidaria para uma dança, E o colocaria na ciranda de minha vida. Talvez te servisse de fato o jantar, E o colocaria ao lado do meu amor. Talvez sentisse medo e pediria para sair... Quanto peso você carrega, Quanta curiosidade de saber dos seus segredos... Tempo, tempo, tempo. Não és homem, que nada! És deus vestido de homem, Cujo peito carregado, Guarda o segredo de cada e dos demais homens.




ESSA FLOR

poucos. Ainda não me revelei inteira, tenho ainda muitas profundezas, ele é só a nascente do meu mar, ele ainda nunca fui eu, nós dois nunca seremos um só, nos seus primeiros passos, andamos sempre lado a lado, andamos juntos. Pequeno e moreno e nasceu de uma flor, e nasceu sorrindo, e floriu sentindo, e pensou falando

Ele ainda nem tinha nome. Foi nascendo assim

honestamente, e de suas ideias foi para vida, e

como quem não quer nada e vai ganhando

agiu sonhando. Nasceu na pétala da flor, essa flor

espaço, e vai pulsando primeiro delicadamente,

que eu te dou, no enfeite dos meus cabelos.

depois cada vez com mais e mais vida, até que nele a própria vida se confunde e se mistura,

Ele correu em minha direção, mal tinha nascido,

já não pode ser mais nada que não seja vida,

e eu quando vi que ele vinha, abri meus braços e

que não seja belo, duro processo de se estar no

sorri, eu era só dele e ele era meu. Comungávamos

mundo. Ele nasceu no meio de uma flor e essa

a vida, as possibilidades... A caminhada!

flor eu te dei de presente, ao me inventar com ela presa na transa, meus cabelos...

Ele nada mais era do que a porteira aberta de uma longa estrada. Ele era a portinha de um

Ele era tímido, mas depois pegou-se desprevenido

toca de esquilo, na beira da mais densa floresta.

a sorrir. Ele sorria, e mal tinha nascido, já foi

Sentava-se tão calmamente e me ouvia. Ele mal

nascendo assim como quem não quer nada,

tinha nascido e já sabia escutar com os ouvidos

delicado como um suave mar de águas doces que

e o coração... Se não fosse por mais nada, só sua

invade meu peito, que faz com que minhas ideias

síntese, seu respeito, sua honestidade diante

fluam soltas, que leva em um movimento de

dos meus fatos... Era pequeno ainda, cabia na

cirando meus braços, minhas pernas. E solto-me

palma da minha mão, se fosse ser preciso, diria

nesse seu mar em um leve abraço... Doce mar, te

que ele tinha o tamanho exato de 7 abraços e de

vejo tão rio nessa sua nascente.

49 sorrisos, misturados no som do pandeiro, na pincelada da aquarela, na delícia do aprendizado.

Ele foi decidido desde pequeno, mas nunca

Era uma flor, e essa flor eu te dei ao me enfeitar

o soubera. Ele é um segredo que me conto aos

nos meus cabelos.


ESTRELAS Chegou em casa era tão só alegria

acreditar! Alegremente comprimento

que não se cabia. Ainda no caminho,

todos, desejou boa noite, preparou

inquieto

havia

boa janta e pediu para baixar o som da

cantarolado, dançado timidamente,

televisão, ele precisava falar! O som

batucado em suas próprias pernas.

não foi baixado, mas simplesmente

O mundo parecia então pequeno

abafado por sua voz que agora

de mais para tudo que ele tinha à

competia insistentemente com o som

oferecer. Tudo estava de um colorido

daquele aparelho novo. Pediu mais

novo, como se algum de seus véus

atenção:

tivessem caído dos seus olhos e ele,

com muita atenção e respondiam,

com todo seu ser,

ele

pela

chegada,

fosse capaz de

todos deixava

estavam de

ouvindo

compartilhar

ver ainda melhor. Viu flores, rostos

quando um ou outro comentário

desconhecidos, se testou na multidão:

sobre o noticiário de alguma atriz

tinha que chegar em casa, tinha que

ou qualquer outra novidade muito

falar com os amigos, tinha que ouvir

interessante era mostrado. Tentou

a voz de sua amada e dividir tudo

ainda mais um pouco,

aquilo que sentia. A sua felicidade

dirigiu ao quarto sem nem mesmo

era divisível exatamente por todos

ser notada sua ausência.

vencido se

que ele queria bem. O quarto era seu conforto. Seus decido.

amigos estavam muito longe, sua

Avançou até a porta, ninguém ia

amada também. Perdeu ainda uma

Atravessou

seu

jardim


hora ou só meia hora diante da pequena tela

como ele iria se sentir no final do dia. A sensação

que tinha no quarto. Vencido, pegou o telefone e

causou-lhe mal estar. Mudou o pensamento,

discou alguns números que sabia de cor. A voz da

voltou a tudo esquecer e deu toda a atenção para

amada não tardou a atender. Com forças novas

seu antigo álbum.

(forças essas que nem sabia de onde havia tirado) começou de novo a tentar compartilhar sua

E enquanto ainda colava uma ou outra figurinha

alegria. Foi interrompido, a hora era errada. Erra

que haviam ficado por colar, ele, com sua

de novo. Desligou o telefone sem nenhuma força

inteligência mirim, parou. Não havido sido à toa.

para mais telefonemas ou conversas.

Estava agora a pensar profundamente. Olhou em volta, seu quarto estava ficando cada vez mais

Exausto do dia,

pegou seu velho álbum de

figurinhas dos tempos de criança e começou a

frio. Não esquecia seu dia, não conseguia mais colar a última figurinha que faltava.

colar as ultimas que faltavam, que ele desde pequeno deixara por colar. Não que a infância

– E dá, entre tantas solidões, para compartilhar

estivesse tão longe assim, mas as figurinhas ainda

alegrias? Ou essas são apenas pequenas luzes

não haviam sido coladas, isso era um fato.

que se ascendem e apagam sem nem mesmo chegarem a ser vistas por mais ninguém?

Lembrando do dia, começou a pensar em tudo que

havia passado, mas já não conseguia se lembrar

Assustou-se com o que havida dito. Fechou

muito bem. O dia parecia mais antigo, em sua

o álbum para nunca mais. Apagou as luzes do

pequena biografia, do que as próprias figurinhas

quarto e acabou por vencido, absorto no sono

e aquele álbum amarelado. Tentou mais forte,

mais profundo e apaziguador. Pouco importava,

buscou se lembrar, viu sorrisos que fluíam em

amanhã seria mais um dia de estrelas e luzes

sua direção e eram devolvidos na rua. Lembrou-

não notáveis.

se do ônibus e de sua cara demasiadamente feliz para a multidão do rostos sérios. Sentiu-se estranhamente compreendido por si mesmo. Será que aquelas pessoas haviam percebido sua solidão? Será que sabiam de tudo que ele sentia agora? Acreditou que antes dele, elas já sabiam




SEM

MAIS,

VIDA

E a vida se explica assim,

E a gente vai, vai, vai com ela também

Num leve brincar de bolas,

Porque entre o florecer de uma flor,

Vai, vai, vai!

E o seu fenecer,

Em uma tarde,

É que a gente encontra tudo que se pode,

Sem mais,

Que se deve,

Nos meus, nos seus,

Mas não somente,

Nos poemas de mil homens,

Também o que não se deveria,

de cores, humores, vida.

Toda a magia,

Vida que brota no seu tocar,

Do artista,

Que brinca com as crianças,

Do esculor,

E amadurece aqui,

Pintor, emprovisador,

Dentro de mim,

Padeiro, barqueiro,

Nos meus livros, deveres...

E todos os eus e vocês,

Porque, ah!

E toda a magia, vida

Se não fossem os deveres,

E então, o ponto final,

Muito fácil viver,

De mais um recomeço,

Mais que sem graça!

De mais amores,

Vida então, chata.

E que todos os poetas juntos,

Mas a vida não é assim,

Não conseguem em seus poemas,

Chata assim?

Tão belos,

Nem pensar,

Tão vivos, vida,

E nem de imaginar...

Explicar toda a beleza que há,

E lá, sol, ré

Porque a vida se explica assim,

Um mi, dois mi.

Como?

Mais mi!

Não digo!

A vida vai, vai, vai!



L

U A

Suspendeu-se meus mistérios, Só a lua era testemunha, E você do meu lado, Corpo estirado sobre a terra, Olhos de gato vidrados, Meu sorriso era brisa, Solto em vento morno, Que bagunçava nossos cabelos... Só a lua via e ouvia. Uma testemunha, De todo os nossos desencantos, Mistérios céticos de todos os meus deuses. Da boca vinham quaisquer palavras, Que os ouvidos já não escutavam... Os seus olhos de gato me transpassavam, Tal qual uma suave invasão... E foi, até não ser mais só do nosso fogo, Que emanava doce luz amarelada, O sol surgia sobre a terra, A mesma terra úmida, Que seu corpo estirado, Continuava imóvel; Fui embora em meio ao mortal silêncio, Junto com a única testemunha, Sumi por traz dos seus sonhos, Nenhuma palavra, Nenhum toque, Nada de sabores ou amores. Só uma testemunha: A lua.



DOIS PONTOS ANTES

Saio de casa correndo, esqueço meu casaco... Talvez chova e eu vou me molhar com esse tempo. Antes de colocar a chave na porta paro e penso em você. Quanto tempo... Pois é, quanto tempo! Tinha tanta coisa para lhe contar... Ah, se você soubesse o quanto que eu tenho para lhe contar! E nesse ponto do meu pensamento, me lembro como o meu tempo é curto. Abro a porta correndo, avanço nas ruas cinzas... Não fosse pelas excessivas flores que despendem dos muros, Eu na minha pressa já me esqueceria da primavera. No ponto do ônibus, meu sorriso se esvai. É tanta gente, tanta solidão nessa cidade de muros, Que meu sorriso se sente solitário de mais para sorrir. Penso em você mais uma vez... É tanto que tenho para lhe contar, Que me foge a lembrança. Você me diria que também tem algo a dizer, Mas que seu tempo também é curto. Talvez no final de semana eu te telefone, Preciso beber qualquer coisa, Que fosse um suco de laranja na sua padaria. Cruzo tanta gente na rua, mas tanta gente... Meu tempo é curto demais para prestar atenção em todos olhares.


Entre um compromisso e outro, As vezes não me agüento e troco algumas palavras com alguém. A cidade vista do banco do meu ônibus, Parece as vezes um mar de gente sem fim... Como a paulista me parece comprida, Com toda essa gente que passa e repassa pelos mesmos lugares. Sentado de um canto aquele homem não enxerga mais ninguém, Perdeu-se na poeira das ruas. E de repente, dois pontos antes de descer te encontro. “Olá, como vai?” Digo isso entre surpresa e espanto... Você rouco de tanto correr, só consegue me dizer que vai indo... Sinto que no fundo, nós dois vamos indo correndo pegar nosso lugar no futuro. Vamos em busca de um sonho, cada um do seu sonho... E não era já, o ônibus corre mais depressa para encurtar nosso encontro. Peço-te tantas desculpas pela pressa, ando correndo tanto... “Ah, quanto tempo... Pois é, quanto tempo! Tinha algo para lhe dizer... Mas me foge a lembrança, ando tão esquecido, estou sumido ” Te escuto, te peço que me ligue... É meu ponto, É meu ponto... Mas tão rápido, meu deus, tão afoito esse nosso encontro. “Por favor, não esqueça de me telefonar, ando tão sofrido...” Vai chegar, Vai chegar meu ponto e eu nem mesmo te dei um abraço. Os outros do nosso lado não entenderam nossa aflição, Estavam todos enuviados ao meio de tanto “a fazer” O ônibus para e eu desesperado atravesso o mar de gente, Mas antes de sair te olho nos olhos e com voz estranhamente serena te digo “Eu te amo” É que apesar de, ainda se pode suspirar, É que apesar de, ainda é preciso viver.


INESPERADO ENCONTRO CEARENCE Se alguma dia me perguntassem,

O que foi que aconteceu nesse dia, Diria que não tenho certeza,

Mas acho que por alguns minutos, O mundo foi meu,

Azul...

A felicidade fui eu,

(Seria do céu ou do mar?),

E todo o amor me rodeava.

O branco fazia o contraste, O sol era tão amigo,

Naquele momento,

Que quando o riso veio,

O azul era meu,

Foi o da criança mais pura,

E eu dediquei todo ele a Iemanjá,

Maravilhada diante

Me abençoei com suas ondas,

do seu mais lindo brinquedo:

Fiz meu próprio ritual, Fui meu curandeiro,

O mar. Me imunizei de todo o mal (Este nem mesmo existia...) Ri meu riso mais infantil, Saiu da boca e do coração.

Amei meu amor primeiro,

Foi, se não outra coisa,

Fui rei,

A própria Iemanjá que saiu dos mares,

Sendo pequena.

Derramou seu riso em ondas,

Fui a própria Iemanjá,

E eu, ali molhada,

Sendo nem mesmo Sereia.

Diante do inesperado mar cearense, Ali estava,

Era eu mesma quem fui,

Sorrindo de volta.

Já nos meus tempos daqueles saudosos sorrisos de criança.



OBSERVAÇÕES DE LIVRARIA

mesa apenas para observar a livraria colorida... Tenho não muito longe de mim um velinho de calça jeans, cujos olhos ainda bem vivos não deixam nada passar, nem mesmo eu...)

Observações... Dois olhos passíveis,

As prateleiras são tantas... É um tal de livros por

duas orelhas viciadas na música: “Diz

todos os lados e de todas as cores...

que deu, diz que dá, diz que Deus dará. Não vou duvidar. E se Deus não

Se um homem, um desses que agora eu não vejo,

dá? Oh, nega...”

mas que sei que está na seção de filosofia e lê algum segredo antigo. Se esse homem parasse

Na mesa da frente é mais tarde do que

de perder tempo com o transito, será que ele

o relógio fala: dois amigos, críticos,

conseguiria ler todos os livros que aqui estão?

vinho, água, olhos de medição, risos... Acho que ele teria uma vida tão longa, que As duas amigas ainda estavam no

desistiria no final...

horário certo: Tarde. Eram tantos risos que me alegrava a alma o encontro

A moça de salto vermelho, com todo o glamour

do qual, além da felicidade e do amor,

paulistano, levanta-se acompanhada. É linda, mas

nada sei dizer. Corrijo: cabelos loiros

de todo o encanto que minha livraria (minha e da

e uma delas perna quebrada.

esguia Av. Paulista) pode ter, nenhum livro levou...

(Em segredo eu conto que eu não sou

Passou elegante, enquanto uma outra moça de

a única que vim aqui ocupar uma

blusa florida lia e escrevia (numa mesa de frente


para duas amigas que cheias de livros e estojos, discutem...)

Ele

cumprimenta

uma

mulher

e começa algum papo que não Deus! Porque será que em plena quinta-feira a seção de

interrompa seus olhares distraídos

revistas esteja tão cheia? Isso me entretém... Mas, logo

por tudo que acontece.

paro. Aquela velinha que me olhou, de livro na mão, por traz de uma pilha organizada de livros... Encanto!

Outros dois homens se levantam, colocam suas mochilas de couro nas

O

amor

pairava

por

cima

de

romances,

poemas,

costas e se vão. Resta sobre a mesa:

declarações... Paixão por livros, por leituras difíceis...

um foco de luz que se deleita sobre

Apaixonados por esse lugar...

o centro...

O papo deles é sério... Não entendo se amor ou trabalho

Um café finito, uma colherzinha

(estranho confundir amor com colega de trabalho). A

de metal e o pacote de adoçante

mulher desse casal é a única que tenho a impressão de

todo derramado e completamente

conhecer. Será?!

abandonado: “Finn”.

Estou seca por uma sena de amor... (O lugar é-me tão querido... Amo tanto que seria a tradução de minh’alma uma sena de romance...) Mas eis a realidade nua e crua: há casais, não há romance no meu campo de visão... Sinto-me levemente decepcionada com aquele casal, onde os olhares se dão por traz de dois computadores... “Beatles ‘n’ choro”. Paro bruscamente. Subitamente só. E tudo por um simples motivo: meu companheiro de observações parou de tudo olhar, não capta mais nenhuma essência: Estou só nesse barquinho de olhares...





LÍMPIDA

Límpida, Só, Sozinha, Só. ...Mas límpida, Amor, Franco amor, Amor tanto... Porém era límpida, E era só, Só dela, Porque todo mundo é só Límpida, Caia sem ser notada, Límpida, Porque era só Mais límpida, Porque todo ser é só, E toda felicidade é compartilhada, Sentido de ser humano.


É NOITE

É noite quando os primeiros pingos caem…

Sem pedir permissão choram suas pitangas,

O silêncio faz-se mortal,

Se agarram no meu vestido,

Morltamente silencioso...

Caem como as primeiras gotas dessa linda noite,

O que me acalenta o coração são só lembranças,

Mas ainda não choro,

É o cheiro doce do seu corpo,

Talvez nunca mais possa chorar por essas mágoas,

Que ainda sinto no meu quarto.

Pois são tão doces, meu amor, Tão doces seus lindos olhos quando repousam sob os meus...

O silêncio que escuto é da minha alma, Que derrepente se surpreendeu com seu passado,

O silencio se desfaz e tudo acaba,

O que me salva é o seu toque,

Quando me deparo com o canto do meu quarto,

Que meu corpo insiste sempre em não esquecer,

Aquele em cima da cama,

Insiste sempre em te querer...

No meio do silencio de nós dois,

É doce, meu bem.

A luz que antes te iluminava,

É doce o cheiro da sua alma...

Agora molha meu corpo suado, nervoso, Me acalmo.

É noite quando as primeiras palavras,

É doce, meu amor,

Daquelas tristes do meu passado,

É doce esse momento de nós dois.




LIVRE AMOR

A m o t e Essas palavras pairam sobre meu coração, pairam na noite... Meu peito se enche de você e expiro liberdade. Livremente é que te amo e, com esforços de seguir a

Já é noite e você provavelmente já dorme,

mesma liberdade que te peço e que você me dá, deixo-

cansado do seu dia de trabalho. Já é noite

te me amar livremente. Voamos um ao lado do outro

e da minha varanda vejo que já se faz tão

porque queremos, porque é todo o amor que faz com

escuro, que um grande preto impede qualquer

que meu caminho seja seguindo sempre em frente ao

aparição: Estou deliciosamente só. Mas não tão

lado do teu, o seu ao lado do meu...

só e a solidão não é de todo melancólica, é uma lembrança doce de você, é uma calma de estar

T a n t o a m o r

comigo mesma e amando....

L i v r e m e n t e L i v r e A M O R !

Amo-te a cada vão momento, mas não faço desse amor meu fardo: não te carrego nas

Amor meu, amore mio! Tão amado e tão querido! Livre

costas nem obrigo-me a pensar em ti a cada

amor é o nosso amor porque livremente nos amamos, e

passo que dou, você me acompanha a cada

amo-te tanto! Me perco nos meus caminhos, me enrolo

passo mesmo sem precisar saber que eu dei.

sem saber no que trabalhar, no que estudar, mas acalma-

Levo-te como uma flor posta no bolso da

me tanto sua amizade, uma amizade apaixonada....

minha camisa predileta, em cima do coração: é leve, bonita, me enfeita, está no meu peito

A m o t e

da forma mais sutil de se estar. Posso amar

C o m o a m i g o

profundamente essa flor e levá-la comigo para

E c o m o a m a n t e.

onde for, nunca me pesara e nunca me obrigarei

A m o.

a pensar nela, ela simplesmente esta lá. Linda e leve e me alegra o dia e a existência... Tão sua

(Os olhos se fecharam com a escritora deitada sobre

imagem essa flor, nessa noite escura, onde o

os papéis e os lábios no formato do sorriso, ela amava

sono vai fechando minha visão... Já quase não

profundamente... Silêncio! Não acorde um amor desses...

sou capaz de ter visão, e escrevo-te. Amo-te.

tão livre e tão lindo... Silencio.).


O ENCONTRO Suspiros suspensos,

Ele entrou e se sentou

Olhos que se olham profundamente...

na beira da cama.

(As vezes tenho a impressão de que não se

A parede detrás tinha ainda

olham, Lê-se num a alma do outro).

o desenho do casal,

Ele toca a campainha,

Aquele que ele mesmo havia feito há

Você não esperava que ele fosse tão rápido,

muito tempo...

Mas você olha pela janela e confirma:

Um ano e meio é muito tempo.

Ele.

O desenho daquele suspiro suspenso,

Abre a porta e ainda está descabelada,

Ainda falava muito sobre

Sua roupa está desajeitada,

aquele olhar de um para o outro,

E a maquiagem pela metade:

De toda a luta,

Um caco.

Toda a dor.

– Vim rápido porque precisava te ver.

Carinhos plenos...

Hoje minh’alma está pequena...

Toda incrível beleza que pode haver,

Lágrimas nos olhos de um e de outro:

No encontro de duas pessoas que se

Era o encontro de almas que falava

amam, que se sabem amadas.

em sua linguagem mais pura.

– Obrigada, estou melhor.

– Entra, meu amor. Ainda não estou

– Quer desistir?

pronta, mas senta aqui que vou te dando

– Não, vamos que a Ritinha e o Leléco

carinho no meio dessa minha bagunça,

já devem estar por lá.

desse nosso mais normal...



E QUEM FOI QUE DISSE? – E quem foi que disse?

Já não estava mais assim, afastado de si mesmo, mas sentia tanto medo, que banalizava toda a chance de amar... Nada era importante, dizem que é medo de dor, mas não, até ele já sabia que era sim medo de enfrentar a dor, não da dor. Mas a vida, segue sempre se explicando assim, sem palavras. Os maiores dos momentos

ficam

sem

palavras.

Ele

procurou certa manhã, na frente do seu computador, mil palavras para explicar o que andava vivendo, não achou. Achou tudo que escreveu, todas suas palavras,

– Foi ninguém não, dizem que faz parte da vida.

uma merda.

E pegou seu casaco grande de inverno e saiu rápido. Não

– Tá uma merda!

sabia porque tinha dito aquilo, não sabia nem mesmo o que tinha dito direito. A compreensão de suas palavras

– Não tá não, tá tão lindo, tanta vida e

iam além de sua capacidade de compreender, talvez,

paixão em suas palavras...

iam além de toda sabedoria e entendimento humano. Mas ele não achava isso, tava se sentindo Já havia amado antes, mas agora sentia tanto medo de

inquieto. “Porque não consigo escrever?

amar de novo, que em certas horas chegava a tremer

Será que perdi meu Don?” E pensando

e a fingir que nada amava... Amor, aquele sentimento

assim, continuava a escrever... Parava às

que quando finda, se põe como sol, traz tanto dor, que

vezes, olhava ela deitada ao seu lado, seu

às vezes não é nem possível vivenciá-lo, sem se afastar

colo lindo deixando escapar toda sua beleza

de si mesmo.

enrolada em lençóis e mesmo assim, medo.


Chegou a pensar que suas palavras não saiam

Largo seus pensamentos, seus medos, suas

porque não se entregava à vida naquele momento,

palavras e deitou ao seu lado. Olhos nos olhos:

porque não se permitia verdadeiramente amar. Não era tanto de amor de homem e mulher que

– E quem foi que disse isso? (Ele perguntou entre

falava, também falava dele. Mas era como se as

sorrisos derretidos...)

palavras não viessem para ele, porque também ele não deixava que o amor o penetrasse, medo.

– Não sei, dizem que é assim quando se ama alguém, que faz parte da vida.

– Porque você é sempre assim? Nunca entendo o que você pensa. Você parece um bicho cativo.

E corou com suas palavras, o enrolou em

Chega mais perto vai, tá tudo bem... Não é nada

sua teia de lençóis e carinhos, nos seus belos

sério isso aqui entre nós dois, é só carinho.

contornos. Não sabia porque tinha dito aquilo, não sabia nem mesmo o que havia dito direito. A

Mas para ele era tão sério tudo o que vivia, chegar

compreensão de suas palavras iam além de sua

mais perto significava chances de amar, ter que

capacidade de compreender, talvez iam além de

enfrentar tudo que há tempos fingia não existir.

toda sabedoria e entendimento humano, fosse

Queria achar as suas palavras, ela queria carinho,

talvez, simplesmente amor.

parecia um gato rolando de um lado para o outro nos lençóis, seus contornos tão perfeitos, que ele perdia o ar. “Chega mais perto”... Talvez fosse isso que faltava para achar suas palavras... Largou o computador um pouco decepcionado, mas também com o sentimento de que, fazendo assim, se libertava da antiga prisão que ele mesmo havia sentenciado. “Chega mais perto”, será que ela sabia o que fazia? O que dizia?


DES ENCANTO

Do sorriso tímido, Antes calado, Se fez um dos dias mais bonitos! Solto em gargalhadas, Feito de bobeiras, Daquelas boas de qualquer criança, Na boca daquela mulher. E tudo em volta se iluminou, Daquele pequeno sol que renascia, Por aquele pequeno sorriso tímido que floria, Naquelas lindas palavras pronunciadas, Por aquela boca antes calada. E se fazia no momento, mar de risos soltos, (daqueles gostosos...) Risos de imaginação, da fantasia e concretude... Sem ter porque, A criança escondida, Que nao queria mais brincar, Hoje pula, canta e dança, Nas vestes da mais linda mulher




SORRISOS

Sorrisos tímidos escorriam dos lábios, Tímidos, Nem eram notados... A Boca ia falando sinceramente, Enquanto os gestos tentavam esconder Qualquer coisa que o coração já sentia. Os olhos brilhavam em esperança, – O que o futuro será? Sinto-me tão ansiosa... – O futuro, meu bem, é o agora... E bocas, sorrisos, olhares continuavam... Pouco a pouco os gestos deixavam-se claros, O futuro ia sendo delicadamente costurado no agora, Claramente tornando-se possibilidades, Não era mais algo assustador... E os sorrisos tímidos continuavam escorrendo.... Cá e acolá fluiam, Soltos, leves, Ninguém ainda notara, E talvez nunca fossem notar, Mas eram tantos, E tão sinceros No momento daquele encontro, Daquela avaliação gostosa, Do trabalho de seres-humanos reunidos, Sorrisos... Era isso! Um grande grupo de sorrisos que se olhavam. Que escorriam dos lábios sem serem notados.


SECA

Tudo já se secou... Finda-se em meu coração, Como o último raio de sol dessa manhã. É manhã ainda, E o sol já se finda em meu pequeno ser... O tempo é verão, Tudo tão quente, Que em mim queima, arde. Encêndia-se tudo, Sobrem-lhe migalhas que ele nem sequer consegue juntar... Jogado aos meus pés, chora: Inútil. Estou seca. Tão seca quanto esse verão sem chuvas, Onde pelas ruas as mulheres passam semi-nuas, Exibindo toda a beleza que possuem. Eu não, não exibo nada, Não possuo mais nada para exibir: É puro tempo de seca em ser, E ele ainda chora minhas pitangas mortas, Seca... Tudo o que a seca sopra de mim, Pó velho de um respeito estranho pela nossa noite, Ele ainda tenta regar desesperadamente, Buscando dia, onde só se pode haver noite... Resta-lhe essa voz íntima pedindo perdão a mim: Já não posso mais, Nem tanto pelo ar árido que de mim invade a noite, Mas porque nosso amor também já se secou, Morto e envenenado por suas próprias mãos doentes.



VERDE E VERMELHO

um romance (e romances são defeituosamente perfeitos...). O livro não tinha capa, não tinha letra, o livro nunca fora endereçado a ninguém. (Capaz mesmo que esse livro não fora nem escrito, eram papéis soltos de um antigo poeta que algum espírito de porco juntara numa coletânea que, malograda a tentativa, também não fora dedicada a ninguém...) O vermelho da fruta e o verde de seu chá chamaram-lhe inesperadamente a atenção. O coração parou por pequenos

“Hoje te escrevo, meu caro, meu bem,

segundos, a respiração veio lenta e profunda, o tempo pareceu

porque

tormento

se congelar por alguns minutos... O verde e o vermelho

inesperadamente violento, vi o sol e fui

também não tinham nada de especial, mas lembravam tanto

capaz de sorrir. Sorri verdadeiramente

o vestido mais lindo que ele já vira ela dançando... “Hoje te

por ser feliz. Não a felicidade utópica,

escrevo só porque esse verde e esse vermelho me parecem

mas sim sorri pela minha felicidade

mais belos do que qualquer outra combinação de cores no

verdadeiramente defeituosa.”

mundo, eles dançam com seu vestido, eles me embalam,

quando

de

um

– Não, obrigada. Já te disse antes, não

giram nas suas saias e enroscam nas suas pernas...”

como nada vermelho, nada de carne,

– Hoje te escrevo porque não poderia fazer mais nada a não

nada de vinho.

ser declarar minhas fraquezas (e é sempre nas fraquezas

Recusou as pequenas frutas vermelhas que sempre aceitara e bebeu seu chá

que encontro minhas maiores verdades e minhas maiores fortalezas.)

verde, não oferecido por ninguém. Depois,

Assustou-se com o que disse em voz alta. Assustou-se com

sem maiores movimentos ou pretensões,

seus sentimentos e com o tamanho carinho que sentiu

fechou o livro e achou o final fraco, afinal

por aquele livro e aquele final... Entendeu, mas o que

de contas, quem acaba um livro falando

entendeu não ousou explicar a mais ninguém, quiçá nem

do porque escrever a alguém que, durante

para si mesmo. Os olhos encheram-se de lagrimas, rolou

todo o livro não foi citado? Ninguém foi

açúcar e derramou-se afeto... Ah corações levianos, tão

chamado de meu bem, ninguém falou

verdes e vermelhos, despreocupados... Seu coração queria

de livro e nem de felicidades. O livro era

mais do que mostrar felicidades defeituosas, pois para ele


nada era mais charmoso do que uma ponte torta,

tão pequenas perto do seu momento, olhou o

ou uma manchinha descuidada da pintura mais

livro e foi aí que de fato entendeu o que ele dizia.

bem cuidada. Seu coração não queria mais nada,

O livro lhe contara sua própria história e o final

somente seu antigo castelo, onde fora tão feliz...

só era fraco porque também ele não conseguiria

Depois desse momento sorriu como quem nada mais quer... Nada mais queria. Ousou ir mais além,

ser mais forte. Abriu na última página do livro e quebrou o silencio mortal daquela ligação:

pegou o telefone laranja da sala. (Aquele telefone

– Hoje só te escrevo, quer dizer, só te ligo, “porque

carregava tantos segredos e risadas, que fora melhor

quando

nunca tê-lo inventado...). Começou timidamente a

violento, vi o sol e fui capaz de sorrir. Sorri

discar o número que já sabia de cor há anos. “7...

verdadeiramente por ser feliz. Não a felicidade

8... 5... 3...” Parou. Desligou. Ela nunca lhe perdoaria

utópica, mas sim sorri pela minha felicidade

a ausência de anos, ela já o esquecera. Mas o verde

verdadeiramente defeituosa.” Sorri por esse amor

e o vermelho, aquele livro, a velha música que

que guardo tanto e que no entanto volto sempre a

Sinhá Vitória cantarolava da cozinha... Tudo era

procurar... Te liguei porque te amo.

tão familiar e tão ela, tão bela naquele vestido que seus sonhos ainda não haviam desistido de repetir e inspirar. Suspirou... Fechou os olhos e pensou em suas fraquezas, pensou que hoje escreveria á ela só porque de supetão realizara que até mesmo o cotidiano, o leviano, o mais normal dos dias perdia todo seu sentindo se não fosse por ela, com ela.

de

um

tormento

inesperadamente

Últimas palavras da ligação que demorara mais de ano para ser feita. Choro com lagrimas de alívio e de felicidade por parte dos dois lados. O livro virou de cabeceira depois que ela também o leu e que a contra capa finalmente fora dedicada a alguém. A cor da casa decidiu-se depois do casamento por ser vermelho e verde e as frutinhas vermelhas

– Alô, meu bem, hoje tive peito de remador para te

nunca mais foram oferecidas, viraram simples

ligar... Hoje só te ligo porque...

lembranças de um passado, não contado e nem

Gaguejou, engoliu em seco, começou a suar enquanto ela timidamente e também nervosa perguntava com voz de sorriso o que acontecera. (Pensando tão feliz se seria verdade... Debilmente e quase sem coragem se perguntava se ele ainda a amava) Ele ficou pálido ao perceber que as palavras todas tinham ficado

dedicado a ninguém: passado e esquecido no meio das pequenas queridas tralhas que guardaram no fundo do porão.




VELHOS AMIGOS – Não sei Maria, não sei dizer sobre nós dois. Era como se amizade fosse algo que dura por

planeta terra, que andam, pensam, sentem, falam tão só por falar;

tempo determinado, não sabia nem mesmo

Falam sobre assuntos, qualquer coisa

dizer porque amigos são assim, amigos.

sempre. Mais do mesmo; mais do nunca.

Como um dia somos tão um grupo, tão vivos,

(dado que cada encontro é tão estritamente

vida. E noutro, pode ser que nem tão longe,

um novo encontro, um novo assunto.

somos assim, tão qualquer coisa.

Como cada novo personagem, daqueles

– Claro que sim, por favor. Com duas colheres de açúcar. Não obrigada, não gosto de adoçante. E o garçom saiu de cena, assim como tantas outras pessoas que entram e saem das nossas vidas. Mas não sumiu, ficou ali a espreita, olhando aqueles velhos amigos, tão velhos que quase não faziam mais sentido estarem juntos. Ficou parado de canto, olhando a vida e os papos passarem.

velhos que sempre nos acompanham na nossa vida, são tão únicos a cada dado momento...) – Sabe, para mim, amigo é alguém que está sempre aqui quando precisamos de um colo para chorar, de uma boca para rir junto, um ouvido quando precisamos contar uma novidade... E que sempre que precisam de qualquer coisa nossa, estamos lá, sempre lá, como rochas intocáveis.

Vazios alguns, outros cheios de nostalgia, vai

– Somos, sou... A quem será que se destinam

entender esses seres humanos que vivem no

essas frases? Porque eu sou tão estritamente


cada momento da minha vida, sempre algo

não te via assim... Como vai seu velho

novo, vida. Vivo tão sinceramente cada

amigo, o Chico?

novo momento, que as vezes esqueço que somos homem, um complexo inacabado de

sentimentos, sempre

suscetíveis

a

qualquer coisa de que não éramos capazes nem de imaginar. Somos uma grande brecha antropologica de Morin... Somos capital cultural e social de Bourdieu, somos a beleza do Poeta Vinicius de Morais e do Baudelaire numa velha canção dos Beatles ou da Maria Bethânia. E

aquele

encontro

questionamentos,

E a tarde ia longe quando Denis, o mais velho de todos se levantou. Foi-se embora por cansaço. Não tinha nada para fazer naquele dia, não tinha nem mesmo idéia do que poderia fazer. Tudo se esgotara em velhas e boas amizades... Tudo secara com o jorrar de velhas e boas lembranças... Saiu pensando em Maria, saiu chorando Fernanda e sorriu Aline ao lembrar de uma viagem que ela acordara toda suja

pairava

frases,

sobre

afirmações.

Velhos amigos que não sabiam mais de amizades, daquelas amizades. Sabiam cada um de si, cada um de seus novos amigos, mas que por inocência de Maria, estavam lá: sentados, bebendo um suco, um café, comendo um bolo. Estavam lá afirmando e selando um compromisso para a vida, fazendo juramentos de não se perderem... -Maria, Maria... Você não sabe de nada! Você fala de mais, você sempre foi assim, né Maria? Qualquer coisa que a gente diz que gosta, que a gente nem sempre sente que ama, mas que sempre volta... Que loucura essa tarde Maria, tanto tempo que

de pasta querendo matar Pepe.


SILÊNCIO Olhos nos olhos:

A respiração era sopro... O toque era sublime. – Bruxinha... A doce luz que banhava os dois amantes era a lua... Lua, lua, lua. O toque era latente. Silêncio. A palavra era exagero, Nenhuma poderia exprimir todo o momento, Todas as palavras eram demais. Silêncio. (O silêncio não era mais apenas não incomodo, Era aquele silêncio gostoso que se tem a dois, Era o silêncio cômodo do depois, do durante, do sempre...) Silêncio.





Meu amor Minha linda Minha namorada Minha companheira Minha amiga Minha alma gĂŞmea Mulher da minha vida Meu orgulho Meu bichinho!


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