O ANATOMISTA
Ano 3, Vol ume 2, Abril-Junho, 2012
Artigo Original: NOTAS HISTÓRICAS SOBRE A CAPTAÇÃO DE CORPOS PARA ESTUDO CIENTÍFICO E A CONTROVÉRSIA CONTEMPORÂNEA ENTRE CÉTICOS TRADICIONALISTAS E REFORMISTAS ACERCA DO USO DE CADÁVERES NO ENSINO DE ANATOMIA HUMANA
da variação biológico-anatômica (patologias), (3c) na comunicação com outros profissionais, (3d)
cria uma afinidade do estudante com a morte e/ou modela a subjetividade dele, (3e) envolve diferentes sentidos na construção do conhecimento e (3f) que o estudo com cadáver humano é a principal ferramenta para o aprendizado tridimensional da estrutura do corpo humano; (4) dois sustentam que instrui para especialidades medicas; e (5) apenas um deles pensa que essa prática (5a) ensina o método hipotético-dedutivo da investigação científica, (5b) não pode ser substituído por bonecos ou modelos plastinados porque eles são excessivamente artificiais (não oferecem as estruturas mais delicadas e a falsificam a aparência do material original) e (5c) instrui sobre a construção histórica da área médica.
III – Argumentos reformistas para o estudo anatômico
Não menos persuasivos são os argumentos elencados pelos opositores da posição tradicionalista. As réplicas mais contundentes dos reformistas decorrem especialmente, embora não exclusivamente, de profissionais inspirados experiência em curso, pelo menos desde 2002, na Peninsula Medical School (Reino Unido). Neste instituto de ciências médicas a dissecação de cadáveres foi totalmente substituída por uma estratégia de ensino na qual, desde o princípio de sua formação, grupos reduzidos de alunos, devidamente supervisionados por radiologistas qualificados e outros profissionais, empenham-se na solução de problemas hipotéticos e efetivos (em média 80 sessões por ano) utilizando tecnologias de imagens computacionais (raios-X, MRI, CT etc.) e contato com a superfície corporal de pacientes, modelos contratados ou
discentes voluntários (cerca de 40 sessões, envolvendo auscultação, apalpação e projeções de imagens) (MCLACHLAN 2004). Primeiro, os responsáveis pelo curso reforçam a inferioridade que, em termos epistemológicos, o aprendizado proposicional (manuais anatômicos acompanhados de observação de dissecação em situações pré-clínicas) apresenta em relação à cognição personalizada e aplicada a casos concretos. Em segundo plano, insistem que as alegadas competências essenciais para a formação médica básica – habilidade manual, espírito 81