Especificação de EPI – Equipamento de Proteção Individual para trabalhos com eletricidade

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Especificação de EPI – Equipamento de Proteção Individual para trabalhos com eletricidade

Conforme já evidenciado anteriormente, as atividades de operação e manutenção de instalações elétricas possuem riscos elétricos intrínsecos de choque elétrico e arco elétrico, onde medidas de controle intrínsecas de engenharia devem ser consideradas para proteção dos profissionais que executam atividades nas instalações elétricas, onde especificamente para proteção ao risco de arco elétrico, prioritariamente deve-se buscar soluções de engenharia, visando a mitigação e\ou minimização da exposição do trabalhador ao risco de exposição de arco elétrico, onde podemos citar, painéis a prova de arco interno, dispositivos detectores de arco, etc, além de procedimentos de trabalho que não exponham o profissional a esse tipo de exposição, por exemplo, atividades com circuitos elétricos desenergizados, operações a distancia, etc. Ocorre que devido ao imperativo do processo produtivo, atividades de manutenção são realizadas com circuitos energizados, onde a utilização de EPI – Equipamento de Proteção Individual torna-se a medida de controle aplicável, e dessa forma, deve ser especificado através de analise de risco especifica, visto que devido as características construtivas das instalações elétricas, com idade avançada, não projetada com medidas intrínsecas de proteção ao risco de arco elétrico, expõem o profissional de forma intrínseca a esse risco, sendo o EPI a ultima barreira de proteção, e dessa forma, deve ser especificada de forma correta.

EPI para proteção a riscos elétricos

A especificação de EPI para trabalhos com eletricidade deve considerar como condição intrínseca a exposição ao risco de choque elétrico e arco elétrico.

Dessa forma, deve-se elaborar analise de risco especifica para definir parâmetros técnicos específicos para a especificação desses EPI.

Devem ser especificados EPI para proteção ao risco de choque elétrico, especialmente luvas isolantes de borracha, e, eventualmente mangas isolantes de borracha, bem como Vestimenta FR para proteção ao risco de arco elétrico (fig 1)

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Luvas de Borracha Isolante

- É obrigatório o uso de Luvas de Borracha Isolante Classe 00 (500 volts) ou Classe 0 (1000 volts), em atividades em circuitos elétricos energizados em baixa tensão sem segregação específica adequada, onde houver risco de choque elétrico por contato direto, ou seja, com possibilidade de acesso acidental a ZR .

- Deverá ser utilizado luvas de couro para proteção mecânica das luvas de borracha isolante, caracterizando também o conjunto a proteção ao risco de arco elétrico.

- Deve ser especificado luvas isolantes de borracha para trabalhos em baixa tensão, de forma individual, devendo cada profissional possuir a sua, devido as características antropométricas do usuário (recomendável considerar vários tamanhos para atender diversas pessoas), onde exige-se maneabilidade, bem como devido a exposição ao risco de choque elétrico por contato direto.

- É obrigatório o uso de Luvas de Borracha Isolante Classe 2 – 15 kv, ou Classe 4 – 36 kv, conforme nível de tensão existente, em atividades a distancia (utilizando ferramentas especificas como bastões de manobra), ou contato indireto (ex: extração de disjuntores, manobras com bastões, etc) com circuitos elétricos energizados em alta tensão, onde houver risco de choque elétrico por contato indireto.

- As luvas de borracha isolante classes 2 e 4, não serão utilizadas para atividades em contato direto com circuitos elétricos energizados em alta tensão, uma vez que na Gerdau Ouro Branco somente são realizadas atividades com métodos a distancia e\ou proximidade em circuitos elétricos energizados de alta tensão.

- Considerando-se que não existem atividades em contato direto com partes vivas de media\ alta tensão, acima de 1kvca, as luvas isolantes de media tensão, classe 2 ou classe 4, poderão ser utilizadas como composição de um kit de manobras nas salas elétricas, para atividades de extração \ inserção de disjuntores (ou equipamentos similares), ou para o

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FIG 1 – EPI para trabalhos com eletricidade em BT

manuseio de bastões de manobras, em método a distancia, na realização de manobras em circuitos elétricos de media \ alta tensão.

Nota: A adoção de luvas isolantes de borracha como EPI de uso “coletivo”, ou seja, utilizado individualmente quando da realização de atividades especificas, entretanto, acondicionado em “kit específicos”, deverá ser procedimentado oficialmente pela empresa, bem como definido competências e responsabilidades pela inspeção e manutenção periódica do EPI, conforme legislação aplicável, em especial a NBR10622 – Luvas isolantes de borracha.

As luvas isolantes de borracha deverão ser inspecionadas pelos usuários, antes de cada utilização, quanto a possíveis avarias que comprometam suas características de proteção, sendo descartadas quando isso ocorrer.

As luvas de borracha isolantes deverão periodicamente ser ensaiadas eletricamente, conforme Legislação Técnica vigente.

Exemplo de especificação de luva isolantes de borracha classe 0 – 1kv

Luva de borracha natural tipo I, amarela externamente e preta internamente, isolante, classe 0 (1000 V AC), com comprimento total de 356 mm e com orla dobrada no punho fabricada pelo processo de múltiplas imersões.

O número do tamanho da luva é tirado da medida em torno da palma da mão na posição das juntas dos dedos, em polegadas. A luva em questão está disponível nos seguintes tamanhos: 8,5; 9; 9,5; 10; 10,5; 11; 11,5 e 12.

As luvas de borracha isolantes devem possuir características anti-chama e tratamento halógeno, o que dispensa o uso de luvas de suedine e talcos para evitar alergias, dermatites e demais problemas de pele.

As luvas de borracha devem ser usadas com luvas de proteção (NBR 13712/1996) com comprimento mínimo de 12” para evitar furos e aumentar a sua durabilidade. A borracha bicolor facilita a visualização de trincas na luva.

Identificação, Uso e Conservação da Luva É obrigatório inspecioná-las diariamente, antes do uso. O usuário deverá estar atento afuros e cavidades, oxidação, ataque de ozônio, deterioração, sinais de envelhecimento, rachaduras, sulcos, cortes e desgastes superficiais. Havendo dúvidas, suspeitas ou constatação de defeitos as luvas não poderão ser utilizadas e devem ser encaminhadas imediatamente para testes laboratoriais de inspeção visual e ensaios de tensão. Para esta inspeção visual é recomendado o uso de insufladores de luvas.

Submetê-las a exames periódicos de inspeção visual e ensaios de tensão tanto nas luvas em uso quanto nas armazenadas, mesmos que novas. A periodicidade destes exames será

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de, no máximo 6 meses (considerando- se o tempo de garantia do teste pelo laboratório, uma vez que não existe normalizado esse tempo em Norma Técnica) ou antes, em caso de suspeitas de avarias na integridade da luva.

Nota: A reclamação mais frequente das empresas trata-se do tempo de validade dos ensaios das luvas isolantes, onde os laboratórios definem em 6 meses, sendo que deve ser ressaltado que o tempo de validade dos ensaios de luvas isolantes de borracha não está definido em norma técnica, dessa forma, esse período de 6 meses é por conta dos laboratórios.

Manter em uma ficha individual para cada luva, os resultados dos exames periódicos, objetivando manter o histórico para futura referência e acompanhamento. Esta ficha deverá conter no mínimo as seguintes informações: identificação inequívoca da luva, data de aquisição, data da primeira utilização, data de cada exame periódico, anotando-se quais defeitos foram constatados nas inspeções visuais, a tensão aplicada nos ensaios de tensão, assim como o tempo de aplicação, a corrente de fuga e observações relevantes.

Armazená-las em caixas de papelão, evitando enrugamento, dobras, alongamento ou compressão, mesmo quando sendo transportadas pelo usuário. Para o transporte em campo, usar bolsas em lona.

Armazená-las em local livre de ozônio, produtos químicos, óleos, solventes, vapores prejudiciais, fumos e descargas elétricas, fora da ação solar ou qualquer fonte de calor, em temperaturas ambiente não superior a 35o C.

Utilizá-las com luvas protetoras de couro flexível ou de material equivalente, fabricadas e dimensionadas para não alterar a forma natural da luva isolante, evitando-se abrasão mecânica, as luvas protetoras não podem ser utilizadas para outros trabalhos, e também não devem ser usadas se apresentarem furos, rasgos ou qualquer outro defeito.

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Classificação de Luvas Isolantes
CLASSE LUVAS DENOMINAÇÃO (VOLTS) TENSÃO MÁXIMA DE USO (VOLTS) 00 2.500 500 0 5.000 1.000 1 10.000 7.000 2 20.000 17.000
de Borracha

Vestimentas FR

No caso das vestimentas para proteção contra os efeitos térmicos do arco elétrico e do fogo repentino, sua composição deve contar com tecidos especiais para garantir um desempenho satisfatório quando expostos à energia incidente e à chama

Estão disponíveis tecidos naturais e sintéticos associados a distintas tecnologias que lhes conferem a propriedade ignífuga (antichama). Alguns destes produtos são confeccionados com fios especiais que garantem aos tecidos esta propriedade e outros são tecidos tratados com substâncias que lhes conferem tal atributo.

Além do aspecto primordial de máxima proteção dos trabalhadores contra os efeitos térmicos do arco elétrico e do fogo repentino, as vestimentas devem possuir características que garantam sua manutenção ao longo do uso, tais como: resistência mecânica do tecido e linhas de costura e retenção de cor. Assim, cabe ao SESMT das empresas avaliar a melhor tecnologia para a proteção dos trabalhadores frente aos riscos a que estarão expostos, considerando as propriedades dos tecidos e vestimentas disponíveis e sua respectiva manutenção.

ATPV - Arc Thermal Performance Value

O ATPV – Arc Thermal Performance Value (valor em calorias por centímetro quadrado da proteção conferida pelo tecido ao efeito térmico proveniente de um arco elétrico) está diretamente relacionado às características do tecido que compõe a vestimenta e sua tecnologia de fabricação. Representa o valor máximo de energia incidente sobre o tecido que resulta numa energia no lado protegido que poderia com 50% de probabilidade causar queimaduras de segundo grau

A título de referência, segue tabela (adaptada) de classificação de níveis de risco conforme a NFPA 70E:

5 3 30.000 26.500 4 40.000 36.000
Risco Categoria ATPV (cal/cm2) Mínimo 0 (zero) até 1,2 Leve 1 (um) 1,2 a 4,0 Moderado 2 (dois) 4,1 a 8,0 Elevado 3 (três) 8,1 a 25,0

Elevadíssimo 4 (quatro) 25,1 a 40,0

É fundamental que seja feito uma análise de risco da exposição do trabalhador ao risco de arco elétrico, considerando-se o nível de energia incidente da instalação elétrica. A definição da Vestimenta FR a ser utilizada deve considerar o Grau de Risco conforme as faixas estabelecidas na tabela acima , ou seja, não considerar somente o valor do ATPV, visto que o nível de energia incidente de uma instalação elétrica é variável.

Exemplos de aplicação:

Um cenário onde seja definido um nível de energia incidente de 6 cal\cm2, será necessário uma vestimenta com proteção de Risco 2 com no mínimo 8 cal\c2, (fig 2)

Um cenário onde seja definido um nível de energia incidente de 35 cal\cm2, será necessária uma Vestimenta com proteção de Risco 4, com no mínimo 40 cal\cm2 (fig 3)

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FIG 2 – Vestimenta FR Risco 2 – mínimo 8cal\cm2 FIG 3 – Vestimenta FR Risco 4 – mínimo 40 cal\cm2

Nota: A lente do capuz carrasco acima não é adequada (incolor)

Limitações do EPI

Evidencia-se novamente que o EPI, no caso as vestimentas, não são salvo conduto para a exposição do trabalhador aos riscos originados do efeito térmico proveniente de um arco elétrico ou fogo repentino. Como já mencionado, todo e qualquer EPI não atua sobre o risco, mas age como uma das barreiras para reduzir ou eliminar a lesão ou agravo decorrente de um acidente ou exposição que pode sofrer o trabalhador em razão dos riscos presentes no ambiente laboral

Desta forma, deve-se buscar a excelência no gerenciamento desses riscos, adotando medidas administrativas e de engenharia nas fases de projeto, montagem, operação e manutenção das empresas e seus equipamentos prioritariamente de forma a evitar que as barreiras sejam ultrapassadas e o acidente se consume.

Especificação de Vestimentas FR

Deve ser especificada Vestimenta FR para proteção ao risco de arco elétrico e\ou fogo repentino, para proteção ao corpo e face, considerando-se o tipo de utilização necessário, definindo-se a forma de utilização da mesma, como por exemplo:

- Para proteção ao Risco 2 (até 8 cal\cm2), em atividades rotineiras de manutenção elétrica em Baixa Tensão (salvo situações especificas), utilizar vestimenta FR como uniforme, sendo camisa e calça (ou macacão) com proteção de Risco 2 (caso seja esse o nível de energia incidente calculado) como EPI para cada profissional, ou seja, cada um terá o seu, devendo esse ser registrado na ficha de EPI do empregado.

- Deverá ser especificado capacete com visor Risco 2 (caso seja esse o nível de energia incidente calculado) e balaclava risco 2 como EPI para cada profissional, ou seja, cada um terá o seu, devendo esse ser registrado na ficha de EPI do empregado.

Nota: O uso da balaclava deve ser avaliado quanto a sua real eficácia em possível exposição ao arco elétrico, visto que a mesma “tem contato direto“ com a pele, ou seja, não há espaço entre a mesma e a pele, e isso tem causado duvidas sobre possível agravamento ao acidentado.

Nota: Algumas empresas optam pelo uso do protetor facial Risco 2 como EPI de uso coletivo, compondo um kit para ser utilizado de forma individual em determinadas atividades. Essa prática somente é recomendável se somente realizar-se atividades em salas elétricas abrigadas, ou seja, se necessário o uso desse EPI em instalações elétricas externas as salas elétricas, recomenda-se que cada profissional tenha o seu, visto não ser possível garantir –se o efetivo uso desse EPI em todas as situações necessárias, e em caso de

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acidente do trabalho com possível lesão agravada pelo não uso desse EPI, independente da responsabilidade do usuário por imprudência, poderá caracterizar-se negligencia por parte da empresa .

- Para atividades realizadas em media \ alta tensão, ou em atividades especificas de BT , utilizar uma Vestimenta FR como proteção complementar a Vestimenta FR utilizada cotidianamente como uniforme, devendo esse EPI complementar ser especificado com Nível de Risco 4 (ou conforme calculo de energia incidente), podendo essa Vestimenta FR ser utilizada de forma coletiva, ou seja, compor um kit que deverá ser acondicionado nas salas elétricas\ SE, e utilizada de forma individual quando da realização de atividades especificas. Deve-se utilizar para proteção da face, capuz carrasco Risco 4 (25 a 40 cal \ cm2).

Nota: As capas 7\8 normalmente utilizadas como proteção complementar não possuem mais CA – Certificados de Aprovação, devendo dessa forma, ser substituídas por macacão ou jaleco 3\4 e calça de sobrepor. Até que seja providenciado a substituição desse EPI, as capas 7\8 poderão ser utilizadas normalmente.

Resumo

Descrição EPI Especificação de uso Ensaios obrigatórios

Luvas isolantes de borracha classe 00 ou 0 para trabalhos em cctos energizados de BT

Uso individual devendo cada profissional ter a sua

Conforme NBR10622.

6 meses conforme laboratórios

Método de trabalho Observações

Contato direto com cctos energizados de BT

Deve constar da ficha do EPI de cada profissional.

Recomendado ter alguns tamanhos de luvas para atender condições antropométricas visando maneabilidade

Luvas isolantes classe 2, ou 4, para trabalhos em circuitos energizados de MT\AT

Especificada como coletivo, com uso individual especifica para determinadas atividades

Ser especificado como KIT

Conforme NBR10622, a cada 6 meses conforme validade do ensaio

Contato indireto ou em proximidade

Proibido utilizar esse EPI para atividades em contato direto com circuitos energizados.

Obrigatório ser procedimentado, definindose competências e responsabilidades no monitoramento da manutenção desse EPI.

Vestimenta FR de uso continua, atualmente Uso individual devendo cada Não regulamentado

Definir quantidade

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Risco 2 (deve ser ratificado pelo calculo do nível de energia incidente).

profissional ter a sua ensaios obrigatórios.

Recomendase exigir do fornecedor ensaios periódicos em Vestimentas em uso para avaliação da eficácia desse EPI.

Proximidade necessária por profissional.

Balaclava e capacete com visor Risco 2

Recomendável como uso individual devendo cada profissional ter a sua.

Não regulamentado ensaios periódicos

Proximidade

Deve constar da ficha do EPI de cada profissional.

Capuz carrasco e Vestimentas FR

complementares Risco 3 ou 4

Especificada como coletivo, com uso individual especifica para determinadas atividades.

Ser especificado como KIT

Não regulamentado ensaios obrigatórios.

Recomendase exigir do fornecedor ensaios periódicos em Vestimentas em uso para avaliação da eficácia desse EPI.

Proximidade Proibido utilizar esse EPI para atividades em contato direto com circuitos energizados.

Obrigatório ser procedimentado, definindose competências e responsabilidades no monitoramento da manutenção desse EPI.

Notas:

A obrigatoriedade do uso e tipo do EPI necessário, deve estar procedimentado, bem como sinalizado essas condições nos locais de serviços elétricos.

Situações onde seja considerado desnecessário o uso de EPI específicos na realização de atividades em circuitos elétricos energizados, deve ser documentada em análise de risco especifica, bem como sinalizado essas condições nos locais de serviços elétricos.

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