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“A Defesa” não pode calar nem transigir quando estão em causa os direitos inalienáveis da juventude estudantil e ainda menos quando a querem tornar cúmplice de razões sem razão. Apelamos para a grandeza moral daquelas pessoas que não têm medo da verdade, que tudo sacrificam à defesa dos interesses colectivos, para que façam sentir o peso da sua opinião desassombrada junto de quem pode dar solução a estes remendos que bradam ao céu. Évora será enriquecida com um Liceu novo se os eborenses quiserem. Évora poderá oferecer aos seus estudantes alegria no estudo se lhes der um Liceu novo. Todos por um Liceu novo em Évora.”9 Podemos resumir como se segue a argumentação dos articulistas nestes três números de A Defesa: 1- A cidade não deve continuar a tratar com apatia e indiferença, próprias duma “geração de bois mudos que tudo acham bem e a tudo acenam que sim”, o “problema do liceu”. Problema duplo: de necessidade de um novo Liceu, e do destino a dar ao edifício que vai ficar livre quando o novo Liceu estiver construído; 2- Não é solução para o “problema do liceu”, isto é para a sua expansão, a ocupação da parte do Colégio do Espírito Santo que vai ficar vaga com a saída da Casa Pia, pois isso, além de ser economicamente indefensável, “visto que se gastaria o mesmo, ou, talvez, mais dinheiro que com um liceu novo”, pedagogicamente, seria também “um solene e incontrovertível disparate, quando se pensa nas exigências pedagógicas e nas possibilidades construtivas modernas”. Nem pensar, portanto, em “perfurar, em trabalho de sapa, o Liceu para a Casa Pia”, porque isso equivaleria ao prolongamento e ao alargamento “daquela Califórnia, de verão, e daquela Sibéria, no inverno”;

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3- Se não quiser enveredar por uma política de “abrir buracos e levantar tapumes, como se fosse uma aldeia indígena”, Évora só tem uma única solução digna (e “Évora não é menos que Oeiras ou Lourenço Marques, que Viana do Castelo ou Castelo Branco, que Beja ou Faro, e tantas outras cidades que ostentam os cómodos e artísticos edifícios onde se não fatigam nem indispõem professores e alunos”). Por isso, “a cidade tem de viver intensamente este aforismo, que é a garantia do seu futuro: Tudo por um Liceu novo em Évora; nada contra o Liceu novo em Évora; e tudo o que for contra este Liceu novo, é simplesmente contra Évora!” O Terceiro Homem não duvida de que “as autoridades que a governam” terão “crédito e influência mais do que suficientes” para conseguirem obter agora “o mesmo Liceu que o Estado Novo ofereceu sem ser solicitado!...”; 4- É sabido que Évora já terá desperdiçado uma vez a oportunidade de ter um novo Liceu quando, estando a verba já orçamentada, ela foi “unilateralmente rejeitada”, com benefício para Beja, onde um “excelente liceu” foi construído. O Terceiro Homem nunca identifica o responsável por essa rejeição, mas Um dos Dois vem lembrar que o actual Reitor do Liceu ainda há pouco no boletim «A Cidade de Évora» afirmou não só não se arrepender como orgulhar-se “de ter fortemente contribuído para desviar de Évora a construção algures dum liceu novo, inexpressivo e frio, e de continuar a insistir e lutar pela sua manutenção neste edifício histórico e de beleza sem par, pois que estou certo de que as deficiências pedagógicas actuais serão anuladas quando todo o edifício for restituído à sua primitiva função escolar”. Um dos Dois concede que o edifício poderá ser adequado para estudantes universitários, “homens adultos, que se preocupam com as raízes da tradição e com as linhas da arquitectura”, mas “nunca para a mocidade que passa pelas suas salas durante sete ou mais anos”; 5- Um dos dois denuncia o que considera um lapso, “mais ou menos incompreensível” do

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