Teologia Política

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Antes da independência das cidades gregas, existia uma monarquia patriarcal. No século VII (700 a 600 a.C.), as oligarquias dos chefes dos clãs passam a exercer influência nas cidades. Porém, as deia eia lutas entre facções diferentes e a participação das massas na vida política, exigindo governo competente, acabaram propiciando o aparecimento de tiranos. Geralmente, os tiranos, que se diziam protetores das massas, apoiavam-se num exército de soldados 1 mercenários e não numa verdadeira base social.

Após a queda da tirania, em 510, Atenas pôde alcançar a democracia que, no século seguinte, com Péricles, chegou ao apogeu. Como se sabe, a autoridade do Estado estava na

deia

eia que era composta de todos os cidadãos, com

exceção dos escravos e estrangeiros. Tudo que concernia na criação de leis, investigação e fiscalização das mesmas competia à

deia

eia.

Os poemas de Homero e Hesíodo possuíam os primeiros documentos em relação a concepção grega de lei. É interessante notar, principalmente pelo fato do que iremos expor a partir do próximo capítulo, que “a distinção entre religião e direito não é clara, porque a vontade dos deuses, por intermédio do rei, era a suprema fonte de autoridade”.2 Teríamos muito que falar ainda com relação aos poemas dos pensadores e poetas acima citados, entretanto, dois filósofos são fundamentais para clarificar o pensamento político da Grécia: Platão e Aristóteles. Platão entende a política como aquilo que pode tornar os homens justos e virtuosos. Em suas obras fica claro, no entanto, que os homens devem ser governados pelos melhores. Embora seu pensamento pareça ser um tanto utópico, concebia um Estado ideal onde a justiça atendia aos desejos e necessidades humanas. Posicionou-se de maneira clara contra os políticos sofísticos que entendiam que o direito nasce da força. Aristóteles, por sua vez, segue um estilo prático, lógico e sistemático diferente do Estado imaginário de Platão. A política em Aristóteles é uma ciência que deve procurar o bem-estar do homem. Em relação a formação do Estado defendeu que este deveria ter um pequeno território, com poucos habitantes, para que todos pudessem se conhecer e tivessem acesso à vida pública. Pensava ele desta forma

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NIELSEN, Henrique Neto, Filosofia Básica, pág. 218, 1986. IDEM, pág. 219.


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