Estaleiro Naval de Sarilhos Pequenos

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Estaleiro Naval de Sarilhos Pequenos Câmara Municipal da Moita

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//Introdução//

Saber de experiência [›] A existência de estaleiros navais no Município da Moita dedicados à construção de embarcações tradicionais do Tejo é reflexo de uma economia marítima suportada por barcos de trabalho de tráfego fluvial, que se alargou excepcionalmente no tempo, muito para além do que seria expectável em termos de viabilidade económica. Em 1973 ainda se compravam fragatas para a Moita, para servirem a reboque, e o varino “Albano I”, embarcação que o Município da Moita decidiu adquirir em 1980, “laborava” também a reboque. As embarcações e os estaleiros navais no Município da Moita persistiram de tal modo no tempo que não se percebe, pelo menos no contexto de trabalho do estaleiro, que tivesse existido um hiato que operasse e institucionalizasse no carpinteiro naval, ao nível dos conceitos, a mudança de embarcação-trabalho para embarcação-museu. No estaleiro naval de Sarilhos Pequenos, de Jaime Costa, as embarcações tradicionais do Tejo de grande porte, como os varinos e os botes, ainda levam peças com as dimensões originais, quando a carga mudou e transportam-se somente pessoas – “é para ficar como o original”. De modo que também não descortinámos qualquer descontinuidade nas técnicas e nos saberes dos mestres de estaleiro, antes se constatou que tanto trabalhavam com a experiência herdada, construindo sem planos nem desenhos, riscando de memória, como através de planos geométricos facultados por desenhadores. Quanto às madeiras, pelo menos na seleção e no corte, ainda se observam ensinamentos ancestrais, o que não acontece na maquinaria, atual. No estaleiro naval de Sarilhos Pequenos, com operários oriundos de Pardilhó, de Alcochete e do Gaio, confluem ainda experiências de trabalho que marcaram a história da construção naval no estuário do Tejo, no capítulo das embarcações tradicionais. A história do estaleiro naval de Sarilhos Pequenos, especializado em trabalhos de manutenção e construção de embarcações tradicionais conta assim, de algum modo, um pouco da história dos estaleiros de outros tempos, dos barcos que ainda navegam e de outros que já não existem. Não é uma história de “passado”, mas uma história de futuro, porque no estaleiro naval de Sarilhos Pequenos, de mestre Jaime Manuel Carromeu Costa, ainda vivem as técnicas da construção naval tradicional portuguesa e renascem os barcos do Tejo.


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