"Dos Cultos Táuricos à Festa de Touros"

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AGRADECIMENTOS

A Câmara Municipal da Moita agradece a valiosa colaboração das seguintes entidades e pessoas particulares que tornaram possível esta exposição:

Adelino César António Carlos Dias Armando Soares Clube Taurino da Moita Pró-Touros de Morte Carlos Alberto Pereira Dias Carlos Palmeiro Dora Marques Fernando Rodrigues Filipe Cruz Grupo de Forcados Amadores da Moita Grupo de Forcados Amadores do Aposento da Moita Grupo Tauromáquico Moitense Hélder Queiroz João Luís Silva Joana Prates João Prates João Queiroz João Romba AGRADECIMENTO ESPECIAL: Sociedade Moitense de Tauromaquia

João Santos João Simões João Vitorino Lopes Coelho Joaquim Dias José Francisco Silva José Luís Oliveira José Manuel Pires da Costa Manuel Dias Manuel Duque Manuel Joaquim Matos Amieiro Maria Conceição Nicolau Mário Carregosa Museu Municipal Pedro Nunes de Alcácer do Sal Padre Carlos Fernando Póvoa Alves Pedro Brito de Sousa Revista Novo Burladero Tiago Ribeiro Victor Manuel Dias da Silva

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FICHA TÉCNICA

Tema | Dos Cultos Táuricos à Festa de Touros. A Tauromaquia na Moita (Século XVIII-XX) Organização | Câmara Municipal da Moita / DASC / DC / SP Investigação e Elaboração de Textos | DASC / DC / Sector do Património Concepção Gráfica | DIRP Fotografias e Outros Documentos | Adelino César; António Carlos Dias; Armando Soares; Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa; Biblioteca Nacional; Câmara Municipal da Moita; Clube Taurino da Moita Pró-Touros de Morte; Carlos Palmeiro; Dora Marques; Filipe Cruz; Foto Bonjour; Grupo de Forcados Amadores da Moita; Grupo de Forcados Amadores do Aposento da Moita; Grupo Tauromáquico Moitense; João Luís Silva; Joana Prates; João Prates; João Queiroz; João Romba; João Santos; João Simões; João Vitorino Lopes Coelho; Joaquim Dias; José Francisco Silva; José Luís Oliveira; José Manuel Pires da Costa; Manuel Joaquim Matos Amieiro; Maria Conceição Nicolau; Mário Carregosa; Museu Municipal Pedro Nunes de Alcácer do Sal; Pedro Brito de Sousa; Revista Novo Burladero e Sociedade Moitense de Tauromaquia. Fotografias Extraídas de Publicações | Evolução da Humanidade, de Richard E. Leakey, 2ª. Edição, Melhoramentos, S. Paulo, 1982; Arqueologia sob a direcção de José Nobre e João Noro, Volumes I, II e III, Editorial Planeta Agostini, 1988; Knosos. El Palácio de Minos, La Civilizacion Minoica, Atenas, s.d.; História da Tauromaquia, de Jayme Duarte de Almeida, Vol. I e II, Artis, Lisboa, 1951; O Touro. Mitos. Rituais. Celebração, Câmara Municipal de Alcochete, s.d., p.84. Digitalização de Imagens | DIRP/Centro de Artes Gráficas; DGU Impressão | Belgráfica Edição | Câmara Municipal da Moita / DASC / DC / SP Data de Impressão | Setembro de 2009 Depósito Legal | 299154/09 Tiragem | 2000 exemplares


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HISTÓRIAS DE CORAGEM

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A Moita é uma terra de gente de coragem. É isso que nos relembra o feliz poema do poeta e compositor moitense José Casimiro Tavares, naquela sublime primeira frase do seu Fado da Moita: “Eu sou natural da Moita, de gente afoita e aficionada…”. Coragem frente ao touro, com gosto, batendo-lhe palmas e ficando-lhe na cara; desafiando-o a corpo limpo, com perigo de vida, como acontecia nas antigas entradas de touros e ainda hoje acontece nas actuais largadas de touros, na Av. Dr. Teófilo Braga; toureando-o com génio e saber, embarcando-lhe a investida numa Verónica templada e artística. Mas também a coragem para estar unido, para se motivar e edificar duas das mais emblemáticas praças de touros na história da tauromaquia nacional, a velha Praça da Caldeira, que se situava junto ao rio, e a Daniel do Nascimento, praça fundamental e sede da Mais Importante Feira Taurina de Portugal. As tradições taurinas constituem, sem, dúvida, um património cultural inalienável e marcante, sedimentado pela garra da nossa gente, habituada a fazer simultaneamente de público e de artista e que não renega a ser protagonista do seu próprio destino. Um património que esta Câmara tem apoiado, procurando fazer jus ao espírito taurino que se vive no Município, através dos seus toureiros, dos jovens que almejam um lugar maior no mundo do toureio, dos grupos de forcados e do movimento associativo tauromáquico, na promoção da tradição ligada à festa brava que tem expoente máximo na Festa em honra de Nossa Senhora da Boa Viagem. A exposição que agora a Câmara Municipal vos dedica conta muitas dessas Histórias de Coragem dos moços da Moita, que pisaram as arenas em plano de profissionais ou de amadores, que foram forcados, matadores de touros, bandarilheiros, aficionados práticos ou simples amantes da festa de touros e que deixaram plasmada a sua paixão taurina nas artes e nas letras. Mas esta Nossa História, única e diferente, não é isolada, inscreve-se numa história mais vasta, a História Universal, vinda dos tempos mais recônditos das primeiras civilizações. Como refere o título da exposição Dos Cultos Táuricos à Festa de Touros. A Tauromaquia na Moita (Séculos XVIII-XX), esta é, também, uma viagem por milénios de história, que se inicia com as pinturas rupestres de Lascaux, passa pelos ambientes históricos da Mesopotâmia, Egipto, Creta ou Roma, e culmina no nosso tempo, na Nossa Terra.

JOÃO MANUEL DE JESUS LOBO Presidente da Câmara Municipal da Moita


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TOURO DE LASCAUX. ESTE TOURO ESTÁ DEFRONTE DE UM OUTRO, EM ATITUDE DE DESAFIO. FONTE: LEAKEY, RICHARD E., EVOLUÇÃO DA HUMANIDADE, 2ª. EDIÇÃO, MELHORAMENTOS, S. PAULO, 1982, P.161

RHYTON (CERCA DE 1500 A.C.), VASO DE ESTEATITE (MINERAL MUITO POUCO DURO), EM FORMA DE CABEÇA DE TOURO, COM AS HASTES DE MADEIRA DOURADAS E OS OLHOS DE CRISTAL DE ROCHA. TRATAVA-SE DE UM RECIPIENTE RITUAL, USADO PARA VERTER LÍQUIDOS, DURANTE AS CERIMÓNIAS RELIGIOSAS. FONTE: KNOSOS. EL PALÁCIO DE MINOS, LA CIVILIZACION MINOICA, ATENAS, S.D., P.6

FIGURA DE UM TOURO EM RELEVO QUE ESTÁ A ORNAMENTAR A ENTRADA DO PALÁCIO DE CNOSSOS, DA ALA NORTE. FONTE: KNOSOS. EL PALÁCIO DE MINOS, LA CIVILIZACION MINOICA, ATENAS, S.D., P.92

FRAGMENTO DA PALETA DO TOURO, ÉPOCA PRÉ-DINÁSTICA (CERCA DE 3000 A.C.), EM QUE SE EXALTA A VITÓRIA DO SOBERANO, CUJA FORÇA É COMPARADA AO TOURO. FONTE: ARQUEOLOGIA SOB A DIRECÇÃO DE JOSÉ NOBRE E JOÃO NORO, VOL. I, EDITORIAL PLANETA AGOSTINI, 1988, P.28.


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O TOURO NO IMAGINÁRIO

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A relação que o homem estabeleceu com o touro remonta aos primórdios dos tempos, faz parte de um passado histórico milenar que nos conduz a uma longa viagem no tempo e no espaço, inicia-se na pré-história, no Paleolítico Superior, por volta de 32.000 a.C. e prolonga-se pelo mundo clássico. É um fenómeno cultural comum nos diferentes contextos culturais do mundo antigo e está presente, quer nas manifestações artísticas, quer religiosas das diferentes sociedades humanas. O touro, enquanto animal dotado de uma natureza selvagem, sempre transmitiu ao homem uma leitura de imponente e misteriosa força que, aliada à sua corpulência e às suas temíveis armas perfurantes, fizeram dele o detentor de grandes poderes, associados à agressividade, invencibilidade e sexualidade. Estes atributos (força, poder sexual e poder destruidor) foram dominando o imaginário dos primeiros grupos humanos, e, contribuiram para converter o touro num animal detentor de potencialidades mágicas, num agente de energia criadora, na sua dupla valência simbólica, a fecundação e a fertilidade. Foi através deste seu grande poder genésico que entrou na esfera do sagrado e com base nesta concepção, foi surgindo uma multiplicidade de cultos.


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RECONSTITUIÇÃO DE UMA CENA DE COMBATE ENTRE CAVALEIROS E O TOURO, NOS PRIMÓRDIOS DA NACIONALIDADE, COMO EXERCÍCIO DE DESTREZA FÍSICA (DESENHO DE ÁLVARO DUARTE DE ALMEIDA). FONTE: ALMEIDA, JAYME DUARTE DE; HISTÓRIA DA TAUROMAQUIA, VOL. I, ARTIS, LISBOA, 1951, P.106

O ALANCEAMENTO DE TOUROS, NO FINAL DA IDADE MÉDIA, ERA A ÚNICA EXPRESSÃO DO TOUREIO. AS ACÇÕES DE CAÇA FORAM TRANSFERIDAS PARA AS LIÇAS, TORNANDO-SE NUMA DAS DIVERSÕES FAVORITAS DA NOBREZA (DESENHO DE PEREA). FONTE: ALMEIDA, JAYME DUARTE DE; HISTÓRIA DA TAUROMAQUIA, VOL. I, ARTIS, LISBOA, 1951, P.97

LIDE TAURINA COM O EMPREGO DO ROJÃO, NO FINAL DO SÉCULO XVI. O APARECIMENTO DO ROJÃO VAI IMPRIMIR UM SENTIDO ARTÍSTICO ÀS LIDES, MARCANDO O INÍCIO DO VERDADEIRO TOUREIO EQUESTRE (DESENHO DE ÁLVARO DUARTE DE ALMEIDA). FONTE: ALMEIDA, JAYME DUARTE DE; HISTÓRIA DA TAUROMAQUIA, VOL. I, ARTIS, LISBOA, 1951, P.121

OS PRETOS EM CAVALINHOS DE PASTA. UM INTERVALO MUITO FREQUENTE NAS CORRIDAS DE TOUROS QUE PERDUROU ATÉ AO SÉCULO XIX (GRAVURA DE C. LEGRAND). FONTE: ALMEIDA, JAYME DUARTE DE; HISTÓRIA DA TAUROMAQUIA, VOL. II, ARTIS, LISBOA, 1951, P.286


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HISTÓRIA DA TAUROMAQUIA: GÉNESE E EVOLUÇÃO

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A partir da segunda metade do século XVII, os espectáculos taurinos passaram a revestir-se de um certo esplendor, uma das novidades que lhe vai conferir essa magnificência são as cortesias que consistia no desfile dos cavaleiros, logo no início da lide. Os cavaleiros apareciam nestes desfiles acompanhados de um aparatoso séquito, constituído por cavalos ricamente ajaezados e por um grande número de lacaios sumptuosamente vestidos e auxiliares da lide, os capinhas. Cada um dos cavaleiros com o seu respectivo séquito ia fazer as cortesias, as vénias, à família real e às damas e só então passavam a lidar os touros que lhes competia. Era habitual correr vinte a trinta touros por cada espectáculo e no intervalo das lides exibiam-se números cómicos para divertir o público. Um outro costume que passou a observar-se foi a introdução dos exercícios militares, executados pela guarda real, antes das cortesias dos cavaleiros e que perdurou até aos finais do século XVIII. Estes desfiles eram geralmente precedidos de luxuosos cortejos de carros alegóricos, danças e cantos. Foi também nesta centúria que se definiu uma das primeiras regras que caracteriza ainda hoje a lide equestre, o toureio de frente. Este preceito de enfrentar o touro de frente converteu-se num princípio clás-


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CAVALEIRO, FORCADOS E CAPINHAS, TRAJANDO A INDUMENTÁRIA USADA NO INÍCIO DO SÉCULO XIX (GRAVURA DE C. LEGRAND). FONTE: ALMEIDA, JAYME DUARTE DE; HISTÓRIA DA TAUROMAQUIA, VOL. I, ARTIS, LISBOA, 1951, P.95

NAS TOURADAS À ANTIGA PORTUGUESA, OS CHARAMELEIROS ABRIAM O DESFILE DOS CAVALEIROS. FONTE: ARQUIVO FOTOGRÁFICO MUNICIPAL DE LISBOA

TRÊS MANEIRAS DE SE REALIZAR AS SORTES DO TOUREIO EQUESTRE: DIANTEIRA, AO ESTRIBO E A CILHAS PASSADAS. FONTE: ALMEIDA, JAYME DUARTE DE; HISTÓRIA DA TAUROMAQUIA, VOL. I, ARTIS, LISBOA, 1951, P.217

BANDARILHEIROS E FORCADO TRAJADOS COM INDUMENTÁRIA DO SÉCULO XVIII. FONTE: ALMEIDA, JAYME DUARTE DE; HISTÓRIA DA TAUROMAQUIA, VOL. I, ARTIS, LISBOA, 1951, P.277


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sico da lide tauromáquica, excluía formas menos airosas de lidar como a de perseguir o animal, mantendo-se o espírito de luta leal e aberta entre homem e touro, herdado dos antigos combates medievais. Paralelamente foi-se vulgarizando o uso da garrocha e do garrochão como armas tauromáquicas, o que vai imprimir uma expressão mais artística à lide. O século XVII foi também assinalado pela promulgação de várias medidas régias, conducentes a proteger a vida dos lidadores, entre elas destacamos a lei de 27 de Outubro de 1691 que determinava a obrigatoriedade anual, de se cortar as pontas dos cornos, a todos os touros que entrassem nas corridas. Tal disposição terá, certamente, conduzido à embolação, em época posterior. Com o século XVIII, os festejos tauromáquicos atingiram o seu apogeu em termos de esplendor e magnificência, ficaram famosas as touradas reais de 1738, as de 1752 pela aclamação de D. José I e as de 1777 pela aclamação da rainha Dona Maria I. Na sua natureza e estrutura não houve grandes alterações em relação ao século XVII, a lide continuou a ser protagonizada pelos cavaleiros que só cediam lugar aos matadores, quando o touro ficava incapaz de investir, devido aos ferimentos causados pelos rojões. Continuava-se ainda a apreciar a morte do touro ao primeiro golpe e mantinha o uso da espada, tanto a pé como a cavalo, para situações mais extremas. Porém, foi a partir da segunda metade do século XVIII que se começou a esboçar o profissionalismo tauromáquico e os primeiros indícios de organização comercial do espectáculo.


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PRAÇA DE TOUROS DA CALDEIRA EM 1947, COM UMA PARTE DA SUA ESTRUTURA EM MADEIRA. FOTOGRAFIA GENTILMENTE CEDIDA PELA SOCIEDADE MOITENSE DE TAUROMAQUIA

PRAÇA DE TOUROS DA CALDEIRA EM 1947, COM PARTE DA SUA ESTRUTURA EM ALVENARIA. FOTOGRAFIA GENTILMENTE CEDIDA PELA SOCIEDADE MOITENSE DE TAUROMAQUIA

CARTAZ DE 1887 A DIVULGAR DUAS CORRIDAS DE TOUROS NA VELHA PRAÇA DA CALDEIRA. DOCUMENTO GENTILMENTE CEDIDO PELA SOCIEDADE MOITENSE DE TAUROMAQUIA

CONDUÇÃO E ENTRADA DOS TOUROS NA PRAÇA DA CALDEIRA (ESTRUTURA QUE SE APRESENTA AO FUNDO DO LADO DIREITO). FOTO BONJOUR


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HISTÓRIA DA TAUROMAQUIA NA MOITA

Para se proceder à construção da praça de touros foi fundada, através de escritura, celebrada a 2 de Agosto de 1871, a Sociedade Tauromáquica “Renascença”, cuja denominação é já por si reveladora de uma mudança em termos de atitude perante tais divertimentos taurinos, significa, seguramente, um corte com o passado e a emergência de um novo período de renovação do espectáculo tauromáquico, marcado pelos princípios da organização e do profissionalismo. A partir da construção da primeira praça, na vila da Moita, as festas taurinas alcançaram uma grande projecção, como nunca antes conhecida, e, extravasaram as fronteiras do próprio concelho, balizando, com efeito, uma nova etapa na história da tauromaquia moitense. Tal facto leva-nos a afirmar que tanto a primeira como a segunda praça de touros vão condensar em si a maior parte desta história. Quanto à referida Sociedade Tauromáquica “Renascença” era constituída por dez elementos1 e detinha um capital de um conto e quinhentos mil reis, destinado exclusivamente a construir e a explorar uma praça

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Os sócios eram José Augusto Ferreira Chaves, funcionário público e residente em Coimbra; Vicente Maria Livério, tanoeiro, residente na Moita; José Joaquim Reimão, proprietário, residente na vila; Francisco Xavier de Jesus, proprietário, residente na vila; José de Almeida o Ratinho, proprietário, residente na vila; António Livério da Ucha, fazendeiro, residente na vila; Francisco José de Jesus, proprietário, residente na vila; José João Antunes, comerciante, residente na vila e João Lopes, proprietário, residente no lugar do Rosário.


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RUAS FECHADAS E DEFENDIDAS POR CARROS DE LAVOURA E ESTACARIAS, PARA SE PROCEDER À ENTRADA DOS TOUROS NA VILA. À SEMELHANÇA DAS ENTRADAS, OS PRIMEIROS FESTEJOS TAURINOS TERIAM SIDO REALIZADOS EM ESPAÇOS QUE ERAM FECHADOS COM ESTAS MESMAS ESTRUTURAS. FOTO BONJOUR

A TRADICIONAL CASA DA GUARDA, REALIZADA POR UM GRUPO DE FORCADOS, NA PRAÇA DA CALDEIRA. NO PASSADO A CASA DA GUARDA TINHA A FUNÇÃO DE FECHAR E PROTEGER A ENTRADA QUE LIGAVA A TRIBUNA REAL À ARENA. FOTO BONJOUR

TOUREIO EQUESTRE AMADOR, NA PRAÇA DA CALDEIRA. FOTO BONJOUR

ARENA DA PRAÇA DA CALDEIRA, NA RECEPÇÃO DOS APLAUSOS, O CAVALEIRO ALBERTO ANTÓNIO LUÍS LOPES, O BANDARILHEIRO PEDRO GORJÃO, OS FORCADOS DA MOITA ALBERTO VIEIRA E CAMILO REIS BARRETO, NO DIA 14 DE SETEMBRO DE 1943. FOTOGRAFIA GENTILMENTE CEDIDA PELO SR. MANUEL JOAQUIM MATOS AMIEIRO


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para corridas de touros. De certo modo, esta Sociedade só tinha razão de existir, se o terreno que pretendiam para edificar a praça, fosse alugado pela Câmara, caso contrário a Sociedade seria dissolvida. Em 1 de Fevereiro de 1872, o então presidente da direcção da Sociedade, José Augusto Ferreira Chaves, celebrou com a Câmara Municipal da Moita, uma escritura de arrendamento de um terreno baldio, no sítio da Caldeira, por um período de vinte anos, para a construção da referida praça de touros, com a obrigação de pagar anualmente uma renda de dezoito mil reis. Como o terreno era uma zona de sapal, uma das condições consignadas era fazer o seu aterro, bem como deixar na circunferência da praça o número de boeiras necessárias, indicadas pela Câmara, para permitir a entrada e saída da água das marés que inundava a caldeira. Em contrapartida, a Câmara na proximidade dos dias da realização das corridas de touros fechava a porta de água para evitar a inundação da praça de touros, baptizada com os nomes praça da Caldeira ou de Nossa Senhora da Boa Viagem. Seguindo muito provavelmente os modelos construtivos de outras praças existentes no país, a praça da Moita foi construída uma parte em madeira e outra parte em alvenaria, tinha uma capacidade de quatro mil lugares2 e acomodava quarenta e dois camarotes. A corrida inaugural decorreu no domingo, 12 de Maio de 1872, onde se lidaram doze bravos touros da ganadaria do lavrador de Alcochete, o comendador Estêvão António d’Oliveira Júnior. No programa figurava o cavaleiro Batalha, coadjuvado pelos bandarilheiros Cadete filho, Sancho, Calabaça e Roque. Devido ao grande número de touros a lidar, o público pode assistir a um intervalo de dez minutos que incluiu a actuação dos “Pretos”, o Pai Paulino e dois agigantados companheiros. Todo o espectáculo foi abrilhantado pela Filarmónica Estrela Moitense que executou várias peças de música do seu repertório, ensaiadas exclusivamente para esse fim. A corrida terminou com um touro para os curiosos, parte final do espectáculo reservada à participação dos populares, àqueles que costumavam saltar a arena e enfrentar o touro, em lides enganosas e com algumas pegas. A notícia inaugural da praça alerta as famílias de que os camarotes já tinham sido, até à data de 7 de Maio, todos alugados, restando “uma ampla e elegante galeria de sombra, própria para senhoras, muito com moda, forrada e preparada com esmero”3, fazendo-se a entrada pela porta que dava serventia aos camarotes. Está aqui nitidamente estabelecida uma diferenciação de categorias sociais, de acordo com a divisão dos lugares da praça, o povo aglomerava-se nos lugares do sol e as famílias de estatuto económico e social, nos camarotes e nos lugares de sombra.

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Informação recolhida da História do Toureio em Portugal, de António Rodovalho Duro. Diário Popular, 7 de Maio de 1872, p.3


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ANÚNCIO DE TOURADA NA MOITA COM A INDICAÇÃO DE QUE OS FORCADOS SÃO DA VILA. FONTE: JORNAL O FORCADO, DE 22 DE JULHO 1894

RAUL CARREGOSA, UM DOS GRANDES NOMES DOS MOÇOS DA JAQUETA DAS RAMAGENS DA MOITA. FONTE: FOTO MÁRIO CARREGOSA


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OS FORCADOS

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Tradição genuinamente portuguesa a pega e o forcado expressam bem a emotividade da corrida de touros à portuguesa. Nesta modalidade conta a Moita com um importante historial de moços de forcado, que desde os finais do século XIX desafiaram e pegaram touros na arena, contando com figuras célebres como Luís “Jacaré”, “Chico” da Moita, “Paiva-Chico”, João Marujo, João Soeiro, José Camões “Carocha”, os irmãos Vieira, Raul Carregosa e muitos outros. A existência de dois grupos de forcados na terra, os Amadores da Moita e os Amadores do Aposento da Moita, é reveladora da temeridade dos moitenses na cara do touro. A arte de pegar touros é uma tradição centenária na Moita, com um primeiro registo de Julho de 1894, muito sumário: “Os forcados são da villa.” Pegaram nesta corrida José do Fogo (cabo) e Augusto Camões


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CERNELHA PELO GRUPO DA MOITA NA ANTIGA PRAÇA DA CALDEIRA FONTE: GRUPO TAUROMÁQUICO MOITENSE

CARTAZ DE 1905 COM A INDICAÇÃO DE “UM VALENTE GRUPO DE MOÇOS DE FORCADO, D’ESTA LOCALIDADE”. FONTE: VÍTOR PEREIRA MENDES

PEGA DE CARAS PELO GRUPO DA MOITA NA ANTIGA PRAÇA DA CALDEIRA FONTE: FOTO BONJOUR


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GRUPO DE FORCADOS AMADORES DA MOITA

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O Grupo de Forcados Amadores da Moita é o mais velho sem, no entanto, se conhecer a data da sua fundação. Descendem do antigo grupo de João Soeiro, que comandou forcados como Agostinho Vieira, Jacinto Vieira e Alberto Vieira, elementos que mais tarde viriam a capitanear os Amadores da Moita, sedimentando a denominação do grupo, agregado depois ao Grupo Tauromáquico Moitense, após a fundação da agremiação, em 1967. Sob o comando de João Soeiro pegaram na corrida inaugural da Praça de Touros Daniel do Nascimento, com pegas rijas executadas por Manuel Esteves e Joaquim Vieira. Os Amadores foram o primeiro grupo de forcados a conquistar o troféu para a melhor pega da feira taurina da Moita, através do forcado João Santinho, em 1973. João Marujo foi um mítico forcado da Moita, terra onde nasceu, em Novembro de 1889. Iniciou-se ainda muito jovem nos moços da jaqueta das ramagens, mas depressa se firmou no mundo do touro, tendo sido forcado profissional de grande valor. Foi cabo do grupo da Moita.


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JOÃO MARUJO EM TRAJE DE FORCADO FONTE: MANUEL AMIEIRO

JOÃO SOEIRO TRAJADO DE FORCADO FONTE: SOCIEDADE MOITENSE DE TAUROMAQUIA SA

PEGA DE AGOSTINHO VIEIRA NA DANIEL DO NASCIMENTO, EM 1952 FONTE: MANUEL AMIEIRO

FORMAÇÃO DOS AMADORES FRENTE AO GRUPO TAUROMÁQUICO MOITENSE. AGOSTINHO VIEIRA É O SEGUNDO A CONTAR DA ESQUERDA. FONTE: MANUEL AMIEIRO


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João Soeiro foi um notável rabejador e um dos melhores forcados de sempre. Nasceu na Moita, em 10 de Junho de 1891, e estreou-se nas arenas no mesmo dia do ano de 1910, com 19 anos de idade. Construiu uma carreira sólida e duradoura, que lhe valeu ficar conhecido nos meios taurinos e para a posterioridade como o “Grande Soeiro. Comandou o grupo de forcados da Moita que estreou a Daniel do Nascimento, em 1950, abandonando as arenas no ano seguinte, 1951, na praça da Moita. Alberto Vieira estreou-se em 1939, na praça da Nazaré, com 20 anos. Foi um notável forcado e extraordinário rabejador, tendo pegado mais de 400 touros e rabejado mais de 2000. Agostinho Vieira foi forcado profissional e cabo dos Amadores da Moita. Em 1960, Pepe Luís, deslumbrado com a raça de Agostinho Vieira, demonstrada numa pega no Campo Pequeno, de praça a praça, apelidou-o de “forcado de braços de ferro”. Liderava os Amadores na altura da sua integração no Grupo Tauromáquico Moitense. A história do Grupo de Forcados Amadores da Moita conta com uma vasta e valorosa plêiade de moços da Moita, que fizeram frente ao touro. Entre aqueles que vestiram a jaqueta das ramagens destacaram-se, como cabos do grupo, João Paiva, João Marujo, João Soeiro, Jacinto Vieira, Agostinho Vieira, Luís Palhinhas, Alberto Vieira, António Carlos Dias, António José Rodrigues, João Santinho, Domingos Coelho, Eduardo Fernandes, Carlos Palmeiro, João Rocha, João Monge e Fernando Rodrigues, sem esquecer notáveis pegadores que nunca comandaram os destinos dos moços da Moita, mas marcaram a arte de pegar touros, caso de Guilherme Duarte.


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JOSÉ MANUEL PIRES DA COSTA, FUNDADOR DO GRUPO DE FORCADOS AMADORES DO APOSENTO DA MOITA FONTE: JOSÉ MANUEL PIRES DA COSTA

PRIMEIRA PEGA DO GRUPO DO APOSENTO DA MOITA, EXECUTADA POR JOSÉ MANUEL PIRES DA COSTA FONTE: JOSÉ MANUEL PIRES DA COSTA

CARTAZ ANUNCIANDO O GRUPO DE FORCADOS DA MOITA DO RIBATEJO, LIDERADO POR JOSÉ MANUEL PIRES DA COSTA FONTE: MANUEL AMIEIRO


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GRUPO DE FORCADOS AMADORES DO APOSENTO DA MOITA

O Grupo de Forcados Amadores do Aposento da Moita foi fundado por José Manuel Pires da Costa, em 25 de Maio de 1975. O nascimento desta formação na terra teve motivo numa cisão do Grupo de Forcados Amadores da Moita, devido a divergências políticas. O país vivia o período revolucionário em curso (PREC), na sequência do 25 de Abril de 1974, e a sociedade, na sua generalidade, encontrava-se fortemente politizada. A tauromaquia na Moita não foi excepção. A liderança de José Manuel Pires da Costa à frente do Grupo de Forcados Amadores do Aposento da Moita durou até 3 de Julho de 1986, altura em que lhe sucede o Dr. Manuel Maria Vieira Duque. Em 15 de Setembro de 1990, na Praça de Touros Daniel do Nascimento, Manuel Duque dá a última volta como cabo de forcados do Aposento da Moita, sucedendo-lhe João Manuel Freitas Simões, no grupo desde 1985 e que se manteria no activo até 2000. Na comemoração do 25º aniversário do Aposento, em Maio de 2000 e na praça da Moita, João Simões despe a jaqueta. Até esta efeméride o grupo construiu uma carreira sólida e de grande protagonismo no mundo dos toiros. A nível nacional colocou-se entre os primeiros, actuando nas principais corridas da temporada e nas mais importantes feiras taurinas


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ANTÓNIO DO CARMO LANCEANDO POR VERÓNICAS FONTE: VICTOR MANUEL DIAS DA SILVA

PROCUNA TREINANDO NA PRAÇA DE TOUROS DA MOITA, COMO ALUNO DA ESCOLA DE TOUREIO DA MOITA. FONTE: ESCOLA DE TOUREIO DA MOITA

VELAZQUEZ TOUREANDO POR VERÓNICAS FONTE: NUNO MANUEL VIEIRA FILIPE

PARRITA LANCEANDO À VERÓNICA FONTE: SÉRGIO ALEXANDRE DOS SANTOS PARREIRA


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TOUREIO A PÉ

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Foram muitos e em diversas épocas aqueles que entre os rapazes da Moita sonharam ser figuras do toureio a pé, mas seria já bem no último quartel do século XX que a terra haveria de conhecer o seu primeiro matador de touros: António do Carmo Costa, com alternativa tirada no México, em 8 de Dezembro de 1984, na praça de touros de Tenancingo. No quadro do toureio a pé e em especial da classe de novilheiros, fruto do trabalho da Escola de Toureio da Moita, de Armando Soares, três jovens haveriam de construir carreira de novilheiro e, mais tarde, já entrado o século XXI, conseguido a alternativa de matadores de touros: Procuna, Velazquez e Parrita. Luís Filipe Vital da Silva, “Procuna”, poderoso com as bandarilhas e desenvolto e variado no manejo do capote, com grande capacidade atlética. Procuna acumulou, ao longo da sua carreira como novilheiro, diversos troféus, em Espanha e França (Vic-Fazendac), com destaque para o “Promesa del Toreo”, pelo melhor toureio de capote na Real Maestranza de Sevilla, temporada de 1999. Nuno Manuel Vieira Filipe, “Velazquez”, novilheiro de recorte fino, bastante apreciado pelos amantes do toureio de arte. Sérgio Alexandre dos Santos Parreira, “Parrita”, é natural de Alhos Vedros. Fez a sua apresentação pública na praça de Abiúl, em 1993. Depois de uma série de corridas optou, mais tarde, pela carreira de bandarilheiro, até tomar a alternativa como matador de touros.


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ESCOLA DE TOUREIO QUE FUNCIONOU NA VELHA PRAÇA DA CALDEIRA, EM MEADOS DOS ANOS 40 DO SÉCULO XX. FONTE: MANUEL AMIEIRO

ESCOLA DE TOUREIO DA MOITA. FONTE: ARMANDO SOARES


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ESCOLAS DE TOUREIO

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Numa altura em que os festejos com touros constituíam o espectáculo mais popular no país, era também natural que os jovens alimentassem alguma ilusão em tentar a sorte no mundo dos touros. A Moita também teve as suas escolas de toureio, a primeira das quais a funcionar na velha Praça da Caldeira, sob a orientação de Alejandro Saez “Alé”, toureiro espanhol, com cartel nas nossas praças. Manuel Luís Almeida “Carioca”, Cândido Calvário, José Serralha, José Santos “Broa”, Carlos Furtado e Fernando Dias, eram alguns dos amadores que em meados dos anos quarenta do século XX davam os primeiros lances na Moita.


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FESTIVAL DA ESCOLA DE TOUREIO DA MOITA FONTE: ARMANDO SOARES

ARMANDO SOARES, MAESTRO DA ESCOLA DE TOUREIO DA MOITA, DANDO INSTRUÇÕES NO TÉRCIO DE BANDARILHAS FONTE: DORA MARQUES

JOÃO ROMBA FOI O PRIMEIRO ALUNO DA ESCOLA DE TOUREIO DA MOITA A TOUREAR NA DANIEL DO NASCIMENTO. FONTE: JOÃO ROMBA

INÊS COELHO E JOANA PRATES, DUAS ALUNAS DA ESCOLA DE TOUREIO DA MOITA FONTE: JOANA PRATES


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ESCOLA DE TOUREIO DA MOITA

A poucos anos de terminar o século XX nasce a Escola de Toureio da Moita, orientada pelo matador de touros Armando Soares e com o apoio dos bandarilheiros Manuel António e Júlio André. A apresentação pública da Escola de Toureio da Moita teve lugar na Praça de Touros Daniel do Nascimento, em 20 de Novembro de 1993. Contava a Escola de Toureio da Moita, há data, com 20 aprendizes de toureio, com idades compreendidas entre os 8 e os 15 anos. A escritura pública da constituição aconteceu mais tarde, passado ano e meio, em 26 de Julho de 1995, no Cartório Notarial do Barreiro, assinada por Armando Rodrigues Soares, João Vitorino Lopes Coelho e José Ribeiro Chula Júnior. Os miúdos da escola de toureio depressa revelaram qualidades artísticas de relevo, conquistando a aficion local, alimentando paixões e conversas sobre o corte artístico de cada um e movimentando excursões para acompanhar as actuações nas mais diversas praças. A Escola de Toureio da Moita haveria de dar à Moita três matadores de touros e cerca de uma dezena de bandarilheiros.


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JOAQUIM D’ALMEIDA, “CHISPA” FONTE: FOTO BONJOUR

CARTAZ DE 1904 ANUNCIANDO JOAQUIM D’ALMEIDA, “CHISPA” FONTE: VICTOR MANUEL DIAS DA SILVA


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BANDARILHEIROS

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Nesta classe a Moita possui um historial com vários e distintos representantes, como o Chispa da Moita ou Daniel do Nascimento, que lidaram de muleta nas arenas. João da Cruz, também conhecido como João da Moita, é o bandarilheiro mais antigo de que há registo. Egydio d’Almeida, no seu Perfis Taurinos, de 1896, refere-o como uma figura arrojada, serena e com vontade de progredir. Posteriores a João da Cruz, duas figuras alcançaram bastante relevo no mundo taurino, Joaquim d’Almeida, conhecido por Chispa, e Daniel do Nascimento, o mais importante de todos e que se firmou como figura do toureio no principio do século XX. Joaquim de Almeida, Chispa, nasceu na Moita em 1879. Foi primeira figura como bandarilheiro, numa época em que esta classe se arrimava também em funções de espada.


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DANIEL DO NASCIMENTO FONTE: MANUEL AMIEIRO

CARTAZ ANUNCIANDO A FESTA ARTÍSTICA DE DANIEL DO NASCIMENTO NO CAMPO PEQUENO. FONTE: SOCIEDADE MOITENSE DE TAUROMAQUIA SA

JÚLIO GLÓRIA FONTE: SOCIEDADE MOITENSE DE TAUROMAQUIA SA


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A homenagem que a aficion local dedicou a Daniel do Nascimento, designadamente denominando a então novel praça de touros da Moita, inaugurada em 1950, de Praça de Touros Daniel do Nascimento, é reveladora da proeminência daquele artista na história da tauromaquia moitense, nascido em 18 de Maio de 1887. Daniel do Nascimento impôs-se com naturalidade no mundo dos touros, cativando a aficion e deixando antever brilhante carreira. Fez a sua apresentação pública na praça de Algés, em 1905, e tomou a alternativa de bandarilheiro em 7 de Agosto de 1910, em Lisboa. Toureou nas principais praças de Portugal e por diversas vezes na Praça da Caldeira onde, também em algumas ocasiões, figurou em cartaz como organizador de corridas de touros. Faleceu em 23 de Junho de 1918 e jaz em mausoléu erigido no cemitério do Alto de S. João, Lisboa. António Correia tomou a alternativa na Praça de Touros do Campo Pequeno, em 13 de Abril de 1941. Foi um dos mais importantes peões de brega do seu tempo, tendo actuado ao serviço dos cavaleiros João Branco Núncio, José Barahona Núncio e Simão da Veiga. Foi apoderado de toureiros e director de corrida, actividade que iniciou em 1972. Júlio Glória, destacado bandarilheiro da terra, com alternativa de subalterno de 30 de Abril de 1944, no Campo Pequeno, integrou a quadrilha do matador de touros Diamantino Vizeu, do cavaleiro Luís Miguel da Veiga, entre outros, e por diversas vezes fez o paseíllo na Daniel do Nascimento. Foi director de corrida. Faleceu em 1994. João Inácio, natural do Gaio, Moita, onde nasceu, em 1921. Toureou como amador na Moita, em 1940, e em 1947 tirou prova de bandarilheiro praticante na praça de Évora. Em 1949, na praça de touros de Viseu, fez a prova para bandarilheiro profissional. Actuou como bandarilheiro em vários países e integrado nas quadrillas de diversos matadores. Foi director de corrida. Manuel António de Matos Ribeiro foi baptizado na Moita, em 1949. Novilheiro de extraordinárias aptidões artísticas acabou, no entanto, por enveredar definitivamente pela carreira de bandarilheiro profissional. Apresentou-se como novilheiro em 28 de Maio de 1967, na Moita. Foi distinguido como melhor novilheiro nacional nos anos de 1971 e 1973. Toureia uma última vez como novilheiro, em Julho de 1979, antes de ingressar na classe de subalternos, com provas em Julho de 1983, na praça da Chamusca. A alternativa de bandarilheiro profissional veio no ano seguinte, na praça Carlos Relvas, em Setúbal. Na qualidade de bandarilheiro saiu inúmeras vezes com matadores de touros portugueses e espanhóis, conquistando o troféu em disputa para o melhor par de bandarilhas de subalterno da feira taurina da Moita, nos anos de 1991 e 1994. Faleceu em 1998.


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CARTAZ ANUNCIANDO LUIZ PAIVA, 1917 FONTE: MANUEL AMIEIRO

CARTAZ ANUNCIANDO FERNANDO SOEIRO COMO “O ESPERANÇOSO AMADOR MOITENSE”. FONTE: JOSÉ MANUEL PIRES DA COSTA

CARTAZ ANUNCIANDO MANUEL DIAS, “MANOLETE”, 1966 FONTE: MANUEL AMIEIRO

FERNANDO DIAS, AO CENTRO, COM OS FILHOS ANTÓNIO CARLOS DIAS E JOAQUIM DIAS. FONTE: JOAQUIM DIAS


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TOUREIROS AMADORES E CÓMICOS

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Os amadores do toureio a pé que não alcançaram o sonho de ser matadores de touros desenvolveram, posteriormente, uma aficion prática muito importante para a manutenção da cultura tauromáquica na terra, casos concretos: João Paiva e Luiz Paiva, Fernando Soeiro e Manuel Dias “Manolete”. Fernando Soeiro nasceu na Moita, em 1924, e era filho do “Grande Soeiro”. Toureou na Moita, em 1943, bem como na praça de Algés, entre outras. Deixou o toureio a pé e seguiu a sua aficion prática pelos moços das ramagens. Manuel Augusto Dias da Silva cultivou o sonho de ser toureiro e frequentou a antiga escola de toureio existente na Moita, nos anos quarenta do Séc. XX, e a escola de toureio da Golegã, do mestre Patrício Cecílio. Com o nome de Manuel Dias, Manolete, apresentou-se em diversas praças, actuando como aspirante a novilheiro. Foi fundador do Grupo Tauromáquico Moitense. Como espontâneos ou integrados em cartéis, foram vários os moitenses que se lançaram ou fizeram o paseillo na Daniel do Nascimento: Júlio Ribeiro, Júlio dos Anjos, Armando Silva, José Luís, Filipe Cruz, entre outros. Na vertente do espectáculo cómico-taurino também a Moita teve os seus representantes. António do Amaral, conhecido como o Rola da Moita, terá sido o primeiro a iniciar-se na difícil tarefa de fazer rir o público. Em meados dos anos sessenta do século XX surge na Moita nova troupe cómica, liderada pelo toureiro amador e pintor popular Fernando Dias. A acompanhar Fernando Dias, “El Pinturas”, seguiam os seus filhos António Dias e Joaquim Dias. Os números dos “Atrevidos”, assim se designavam, eram de sensação: “D. Tancredo”, “Balancé”, “Toureio em Bicicleta”, “Saltos de peixe”, “Saltos à vara”, Bandarilhas aéreas”, etc.


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FRANCISCO MANUEL DE ALMEIDA FONTE: JOÃO VITORINO COELHO

JOSÉ PEDRO PIRES DA COSTA FONTE: JOSÉ MANUEL PIRES DA COSTA


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TOUREIO A CAVALO

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No capítulo da lide a cavalo falta à Moita um cavaleiro de alternativa, registando-se, no entanto, a prestação de diversos cavaleiros amadores. Alguns, até com certo protagonismo alcançado, fizeram-se anunciar nas praças vizinhas. O primeiro amador de que recolhemos notícia foi Luiz da Silva, numa corrida na Praça da Caldeira, em 1892. Francisco Manuel de Almeida foi, sem dúvida, de entre os moitenses que perseguiram o sonho de passar pelas arenas, de casaca e tricórnio, o mais notório. Nasceu em 1890 e estreou-se na praça da terra em 1907. Toureou em quase todas as praças das redondezas, alternando com profissionais e amadores, com actuações bem sonantes. Faleceu em 1972. José Pedro Pires da Costa, já no final do século XX, foi outros dos nomes que tentou o difícil sonho de ser cavaleiro de alternativa. Actuou na apresentação da Escola de Toureio da Moita, de Armando Soares, entre outros espectáculos. Vestiu casaca e tricórnio, mas acabou por enveredar pelos forcados do Aposento da Moita.


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JOSÉ CASIMIRO TAVARES, AUTOR DO FADO DA MOITA FONTE: VICTOR MANUEL DIAS DA SILVA

CARTAZ ANUNCIANDO A BANDA DO ROSÁRIO FONTE: SOCIEDADE MOITENSE DE TAUROMAQUIA, SA

TÍMBALES DA MOITA FONTE: VICTOR MANUEL DIAS DA SILVA


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ARTES E LETRAS

No capítulo das artes também a Moita teve os seus dignos representantes, registando nas letras um dos maiores nomes da tauromaquia nacional e fundador do celebérrimo Bandarilhas de Fogo, Pepe Luís. Outros nomes, como José Casimiro Tavares, Fernando Dias e as filarmónicas locais vincaram a sua aficion no fado, na pintura e na música. Na vertente do fado, o Fado da Moita, da autoria de poeta e músico moitense José Casimiro Tavares, constitui um verdadeiro ícone da aficion moitense, pela forma como canta as Festas da Moita e a coragem dos moços da Moita que brincam com touros nas largadas. FILARMÓNICAS O acompanhamento musical das corridas na Moita tem início logo na corrida inaugural da Praça de Nossa Senhora da Boa Viagem, em 12 de Maio de 1872, com a actuação ao intervalo da “gallarda e briosa Philarmonica Estrella Moitense”. Ocasionalmente, tanto a banda da Estrela Moitense como da Capricho Moitense, após a sua fundação, bem como a banda da “Velhinha” de Alhos Vedros, pelo menos numa ocasião, continuaram a abrilhantar corridas de touros, na praça velha e na Daniel do Nascimento. Mais recentemente, a Banda Musical do Rosário ensaiou e levou os seus pasodobles às praças de touros. TÍMBALES DA MOITA Também a Moita tem neste capítulo os seus dignos representantes, os Timbales da Moita, agrupamento cinquentenário, fundado no dia 16 de Julho de 1950, dia da inauguração da Praça de Touros Daniel do Nascimento. Fundaram os Timbales Jacinto de Almeida, Arménio Gomes de Almeida, Victor Manuel e Jaime Carrapeto.


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EDIÇÕES TAUROMÁQUICAS DE PEPE LUÍS FONTE: VÍTOR PEREIRA MENDES

PINTURA DE FERNANDO DIAS FONTE: SOCIEDADE MOITENSE DE TAUROMAQUIA, SA

POSTAL DE PROPAGANDA TAURINA COM BARCO DECORADO COM MOTIVOS TAUROMÁQUICOS. FONTE: VITOR PEREIRA MENDES

CARTAZ DE TOIROS COM OS MOTIVOS FLORAIS DAS EMBARCAÇÕES TRADICIONAIS DO TEJO. FONTE: VICTOR MANUEL DIAS DA SILVA


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ESCRITORES José Luís Ribeiro, “PEPE LUIS” foi um dos mais importantes escribas taurinos do nosso país. Natural da Moita, com vasta obra publicada. Foi proprietário e director da célebre revista Bandarilhas de Fogo, jornalista no jornal Vida Ribatejana, A Capital, Diário Ilustrado e Século. Participou também em edições de âmbito taurino de Madrid, Sevilla e México. Nasceu em 1891 e faleceu em 1961. PINTORES Fernando Pereira Dias, pintor naif e toureiro cómico, deixou para a posterioridade uma importante obra no âmbito da arte pictórica popular. Os seus quadros, que ainda hoje ornamentam cafés e tabernas locais, bem como casas particulares, exibem um domínio muito profundo tanto dos valores do mundo tauromáquico como da arte do toureio, enriquecido pela diversidade de cores posta nas composições. A riqueza colorida das composições pictóricas populares haveria de desenvolver um fenómeno curioso de reciprocidade entre dois mundos diferentes, o da diversão e o do trabalho. Motivos com toureiros e forcados haveriam de decorar embarcações tradicionais; por sua vez os motivos florais das embarcações seriam adoptados para cartazes de touros.


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AMÉRICO MATEUS, MANUEL DIAS, VIRGOLINO BRONZE, TEÓFILO PAULINO E FERNANDO DIAS, FUNDADORES DO GRUPO TAUROMÁQUICO MOITENSE FONTE: MANUEL AMIEIRO

REVISTA MUNDO TAURINO, EDITADA PELO CLUBE TAURINO DA MOITA FONTE: VITOR PEREIRA MENDES

MANUEL CÂNDIDO PIRES, EMPRESÁRIO, GANADERO E FESTEIRO DA FESTA DA MOITA. FONTE: VICTOR MANUEL DIAS DA SILVA


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ASSOCIAÇÕES, BENEFICÊNCIA E EMPRESÁRIOS

GRUPO TAUROMÁQUICO MOITENSE O Grupo Tauromáquico Moitense é o mais antigo, fundado em Setembro de 1967, por Virgolino Bronze, Teófilo Paulino, Fernando Dias, Américo Mateus e Manuel Dias. A sede foi instalada na Travessa João Marujo, 6, Moita, à qual se agregou o Grupo de Forcados Amadores da Moita, em 1967, também anunciado como Grupo de Forcados do Grupo Tauromáquico Moitense. CLUBE TAURINO DA MOITA PRÓ-TOUROS DE MORTE O Clube Taurino da Moita Pró-Touros de Morte foi fundado em Maio de 1999, por António Marçal, Manuel Tostão, António Silva, Vitor Geitoeira, David Cardoso, Domingos Marçal, Armando Silva, António Carapinha, Júlio André, Vitor Mendes, Nuno Carvalho e Valdemar Almeida, com o objectivo de “…fomentar e desenvolver a aficion e o gosto pela Festa de Touros, exclusivamente na vertente do toureio apeado, e visando a implantação dos touros de morte em Portugal.”. EMPRESÁRIOS A Moita também teve os seus empresários, alguns a título esporádico, e outros que, quer pela assiduidade com que montavam corridas quer pela iniciativa, ganharam um lugar na memória local. Foi o caso de Manuel Cândido Pires, conhecido por “Colorau”, empresário na velha Praça da Caldeira, anunciado como ganadero em alguns cartazes e festeiro das Festas em Honra de Nossa Senhora da Boa Viagem.


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CARTAZ DO FESTIVAL A FAVOR DO CENTRO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DA MOITA. FONTE: MANUEL AMIEIRO

CARTAZ DE FESTIVAL A FAVOR DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE ALHOS VEDROS FONTE: SOCIEDADE MOITENSE DE TAUROMAQUIA, SA

CHICO SAPATEIRO, LUÍS PEREIRA DOS SANTOS, MANUEL AMIEIRO E VIRGOLINO BRONZE, FUNDADORES DO BAR DA BARAFUNDA.FONTE MANUEL AMIEIRO


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BENEFICÊNCIA Espectáculo de massas e organizado em termos de exploração comercial com fins lucrativos, as festas de touros ofereceram-se também para sair em auxílio de causas ou situações de necessidade, através da organização de corridas de touros ou festivais de beneficência para a angariação de fundos. Ao longo dos anos passaram pelas praças da Moita, a da Caldeira e Daniel do Nascimento, diversos espectáculos com fins beneméritos e a favor de uma multiplicidade de entidades: Sociedade Musical de Alhos Vedros; Festas da Moita; Estrela Moitense; Centro Assistência Social; para a construção da praça de touros do Montijo; Santa Casa da Misericórdia de Alhos Vedros; entre outros. O “bar da barafunda” é outro dos apontamentos geniais da criatividade dos moitenses na festa de touros. Foi uma iniciativa de Virgolino Bronze, com a colaboração de José Durão, José Clemente, António Rola, Luís Pereira dos Santos, Octávio Bronze, Manuel Amieiro, Joaquim Corona, Chico Sapateiro, Lázaro, Brás, Arcanja, entre outros. O produto da venda dos coiratos era, depois, distribuído por instituições de caridade.


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CAVALEIROS E CURRO VINDO DOS PINHAL DAS FORMAS FONTE: FOTO BONJOUR

CAVALEIROS E CURRO FAZENDO O PERCURSO PELA RUA SANTOS E SILVA FONTE: FOTO BONJOUR

PASSAGEM DO GRUPO PELA ANTIGA ESCOLA CONDE DE FERREIRA FONTE: FOTO BONJOUR

POPULAR AMEAÇADO POR INVESTIDA DE VACA, NA RUA MIGUEL BOMBARDA FONTE: FOTO BONJOUR


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ENTRADAS E LARGADAS DE TOUROS

Os festejos e divertimentos com touros são das realizações populares que mais tocam no agrado do povo português. Rompem com a monotonia da vida quotidiana, distraem, mas também se prestam à disputa entre os homens e à afirmação de valores como coragem, valentia e honra, que fizeram história nas esperas e nas largadas de touros. ENTRADAS DE TOUROS As entradas ou esperas de touros estão ligadas ao antigo manejo do transporte de gado do pasto para as praças de touros. Vindos de Rio Frio, a pé, os touros dormitavam nas imediações da vila, no Pinhal das Formas. De manhã cedo começavam, então, os preparativos para fazer o gado entrar na Moita, reunindose os aficionados para em cortejo, trajados de campinos amadores, irem com as suas montadas auxiliar a condução do gado das Formas à Praça da Caldeira. Além da entrada havia ainda a saída dos touros, feita pela noite, sempre com muita presença popular, temerária, com vontade de tresmalhar o curro. Atravessavam-se à frente dos animais, batiam com os cacetes nas estacadas das vedações ou largavam-lhes bombas, batiam-lhes palmas, atiravam pedras e telhas de cima dos telhados, usavam lenços e casacos, tudo servia para os espantar. O touro tresmalhado era uma festa dentro da Festa, porque os touros fugiam para todo o lado, incluindo as barracas de comidas da feira franca, para os quintais, cais e marinhas. Passeavam-se pelos divertimentos, pelos carrosséis, entravam pelas tabernas e até subiam a escadaria do edifício da administração do concelho e prostravam-se à janela. Era um divertimento sério e muitas das vezes trágico, porque das colhidas e cornadas resultavam também mortes, de pessoas e cavalos. Com o desenvolvimento do transporte rodoviário os animais passaram a vir enjaulados para as praças. A tradição das esperas expirou.


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AFICIONADO RECRIANDO-SE COM O TOURO FONTE: FOTO BONJOUR

TOURO INVESTINDO CONTRA AS TRONQUEIRAS FONTE: FOTO BONJOUR

COLHIDA JUNTO A UMA ÁRVORE FONTE: FOTO BONJOUR

QUITE JUNTO A UMA ÁRVORE FONTE: MANUEL AMIEIRO


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LARGADAS DE TOUROS

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A experiência tumultuosa com os touros sempre foi do agrado dos moitenses, com um louco entusiasmo que levava o povo a influir na lide, saltando à arena para fazer as vezes dos artistas, espicaçando os animais, e não dispensando no fim da corrida a largada de um touro para os curiosos. Assim era o espectáculo tauromáquico na antiga Praça da Caldeira, em que o povo fazia simultaneamente de público e de artista do festejo. No entanto, com a construção da nova praça de touros da Moita, moderna, o espectáculo também evoluiu, passando a largada de touros para recriação popular a realizar-se no espaço exterior delimitado por tronqueiras e a anteceder a corrida da tarde. No dia 16 de Julho, dia da inauguração da Daniel do Nascimento, pelas 10.00h, largaram-se dois touros para as ruas da Moita, para divertimento da aficion e que proporcionaram sustos e colhidas aos mais incautos. A largada de touros para a avenida Dr. Teófilo Braga acabou por se impor como tradição indispensável e um dos eventos mais atractivos do programa das Festas da Moita, trazendo à terra gente aficionada de Norte a Sul de Portugal. Todos os anos, quer em Maio, pela Feira, quer em Setembro, pela Festa, a seguir ao estouro dos morteiros, às 10.00h da manhã, soltam-se os touros para o recinto da largada, então dividido em “largada de baixo” e “largada de cima”. Até às 12.00h são duas horas de diversão com touros. Imaginação e criatividade são a tónica da largada. Tudo serve para atrair o animal e provocar-lhe a investida: a vara de picar; um balde com água que se joga à cara do touro, espantalhos, bolas de futebol, arremesso de pedras. No entanto o mais usual é o cite com o corpo, dito a corpo limpo, sem o auxilio de qualquer outro engano para burlar o touro. É o mais arriscado e por isso também o mais valorizado. À semelhança das entradas também nas largadas se registam muito feridos e por vezes colhidas mortais, com repercussões na imprensa local e nacional. A largada acaba com os morteiros de aviso de que os touros foram recolhidos. Mas a diversão continua, por deferência da SMT, na arena da Daniel do Nascimento. Novas investidas, novos trambolhões. A diversão continua até se encerrarem os touros nos curros.


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TOURO FUGIDO PARA AS MARINHAS FONTE: FOTO BONJOUR

FUGA DO TOURO PARA A QUINTA DO MOINHO FONTE: MANUEL AMIEIRO

TOUROS DIRIGINDO-SE PARA A PRAÇA FONTE: MANUEL AMIEIRO

ENTRADA DO TOURO NA ARENA FONTE: MANUEL AMIEIRO


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PEGA NA PRAÇA DE TOUROS. FONTE: MANUEL AMIEIRO

COLHIDA NA PRAÇA. FONTE: FOTO BONJOUR

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CRONOLOGIA

1258 – Segundo as Inquirições de 1258, D. Sancho I costumava matar touros e correr a cavalo, numa almuinha, nos arredores de Lamego.

1567 – Carta pastoral do Bispo de Coimbra, D. João Soares que manda publicar a bula de Pio V, a qual proíbe as corridas de touros em toda a cristandade.

1383 – Primeira referência a actividades tauromáquicas, por ocasião do casamento da Infanta Dona Beatriz com D. João de Castela, em Badajoz.

1573 – O Papa Gregório XIII revogou as penas de excomunhão, impostas pela bula de Pio V, a todas as pessoas do mundo secular, com excepção dos eclesiásticos.

1428 – Foram corridos touros, no casamento do Infante D. Duarte, filho do rei D. João I, na cidade de Coimbra. 1451 – Jogos com touros nas festas de casamento da filha do rei D. Duarte, a Infanta Dona Leonor com Frederico III, imperador da Alemanha. 1455 – D. Afonso V, ordenou, através de sua Chancelaria que os touros que corressem em pontas estavam sujeitos à autorização real.

1575 – D. Sebastião lidou touros na praça de Xabregas, utilizando já o rojão. 1596 – O Papa Clemente VIII revogou na totalidade a bula de Pio V. 1619 – Touradas que se realizaram em Lisboa, na visita do rei Filipe I de Portugal e II de Espanha.


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1661 – Touradas reais que se realizaram no Terreiro do Paço, para celebrar o casamento da Infanta Dona Catarina de Bragança, com o rei Carlos II de Inglaterra.

1752 – Para celebrar a subida ao trono do rei D. José I, o Senado da Câmara de Lisboa, na pessoa do Marquês de Alegrete, realizou touradas no Terreiro do Paço.

1676 – D. Pedro II, através do Decreto de 14 de Setembro, ordenou que o Senado da Câmara de Lisboa e mais partes do reino, fizessem cortar as pontas dos Touros, que fossem utilizados nas corridas.

1777 – O Senado da Câmara de Lisboa realizou touradas no Terreiro do Paço, para festejar a aclamação da rainha Dona Maria I.

1678 – António Galvão de Andrade, estribeiro-mor de D. João IV, escreveu o primeiro tratado de cavalaria e toureio, designado a “Arte de Cavalaria de Gineta e Estardiota Bom Primor de Ferrar e Alveitaria”. 1687 – Touradas reais que se realizaram no Terreiro do Paço, durante três dias, para celebrar o casamento de D. Pedro II com Dona Maria Sofia de Neubourg. 1691 – A lei de 20 de Setembro, promulgada por D. Pedro II, determina que as pontas dos chifres dos touros sejam cortadas todos os anos. 1691 – A lei de 27 de Outubro, promulgada por D. Pedro II, determina que os toiros sejam corridos com as hastes aparadas. 1721 – Primeiro registo conhecido de festejos taurinos, no concelho da Moita, associados à festa religiosa em honra de Nossa Senhora do Rosário. 1738 – Touradas realizadas na Junqueira, no reinado de João V, sob a organização do Duque de Cadaval.

1821 – Foi apresentada na sessão das Cortes, de 4 de Agosto, uma proposta para extinção das touradas que acabou por ser rejeitada. 1835 – Os festeiros do Arraial de Nossa Senhora da Boa Viagem requereram à Câmara Municipal da Moita autorização para procederem a uma capação de bois, nas tardes dos dias 9 e 10 de Setembro desse ano. 1836 – Os festeiros do Arraial de Nossa Senhora da Boa Viagem requereram licença para correm touros, nas tardes dos dias 10 e 11 de Setembro desse ano. O Decreto de 19 de Setembro, promulgado no reinado de Maria II, proíbe a realização de corridas de touros, por todo o Reino. 1837 – Pelo Decreto de 30 de Junho, as Cortes Constituintes revogaram o decreto anterior. 1842 – Descrição de corridas de touros, realizadas no Campo de Santana, pelo Príncipe Lichnowsky.


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1871 – Na Moita foi fundada, através de escritura, celebrada a 2 de Agosto de 1871, a Sociedade Tauromáquica “Renascença”. 1872 – Inauguração da primeira Praça de Touros da vila da Moita, em 12 de Maio desse ano. 1892 – Foi inaugurada a Praça de Touros do Campo Pequeno para substituir a do Campo de Santana. 1919 – Decreto Nº. 5.650, de 10 de Maio, determina que toda a violência exercida sobre os animais, é considerado acto punível. 1921 – Portaria Nº. 2.700, de 6 de Abril, proíbe a realização de touradas com touros de morte. 1927 – Na Praça da Caldeira, realizaram-se corridas com touros de morte, nos dias 10 de Julho, 12 e 13 de Setembro de 1927. 1928 – Decreto Nº. 15.355, 14 de Abril, proíbe determinantemente os touros de morte em Portugal, com a aplicação de várias penas pecuniárias para os infractores da lei: proprietários dos touros, empresários das praças e matadores. 1945 – No dia 12 de Setembro de 1945, realizou-se

uma corrida de touros, na praça da Caldeira, dedicada às embaixadas de Inglaterra e Estados Unidos, para comemorar a vitória das forças aliadas na II Guerra. Nessa corrida estiveram presentes os diplomatas, representantes dessas embaixadas. 1947 – Último ano em que se realizaram corridas na Praça da Caldeira. 1948 – A Inspecção-Geral dos Espectáculos condenou à demolição a velha praça de touros da Caldeira, por não garantir condições de segurança. Durante dois anos não se realizaram espectáculos taurinos. 1949 – Em sessão ordinária, realizada a 15 de Setembro, o Conselho Municipal aprovou a venda de um terreno municipal, situado no topo da avenida Dr. Teófilo Braga, para a construção da nova praça de touros da vila da Moita. No dia 18 de Setembro de 1949, realizou-se a cerimónia do lançamento da primeira pedra, presidida pelo Governador Civil do Distrito de Setúbal, o Dr. Francisco Alberto Correia Figueira. 1950 – A obra de construção da praça de touros começou no dia 2 de Fevereiro de 1950 e foi concluída a 16 de Julho de 1950. A empresa construtora foi Lucas & Costa Lda., do Barreiro.


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Na tarde do dia 16 de Julho de 1950, promoveu-se a inauguração da praça, com a realização de uma tourada mista. 1953 – No dia15 de Setembro de 1953, tomou alternativa de bandarilheiro Manuel Cipriano Badajoz, na praça de touros da vila da Moita. 1958 – A 15 de Setembro de 1958, tomou alternativa de cavaleiro tauromáquico José Mestre Batista. 1962 – No dia 27 de Maio de 1962, Frederico dos Santos tomou alternativa de cavaleiro tauromáquico.

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No dia15 de Setembro de 1976, Manuel Santana Nélito tomou a alternativa de cavaleiro. 1979 – A 11 de Setembro de 1979, foi concedida a alternativa de bandarilheiro a Joaquim António Praxedes. 1982 – Realizou-se a primeira corrida picada. Esta foi divulgada nos cartéis da Feira de Setembro, como o maior acontecimento taurino do ano de 1982. 1984 – No dia 12 de Setembro de 1984, o matador Mário Coelho depois de uma extraordinária faena, deu a célebre estocada, de que resultou a morte do touro “Corisco”, na arena.

1973 – A Sociedade Moitense de Tauromaquia instituiu um conjunto de troféus, para honrar todos aqueles que se vão evidenciando ao longo da Feira Taurina de Setembro.

1985 – Nos dias 10 e 11 de Setembro de 1985, Rui Bento Vasquez e Manuel Moreno, respectivamente, estoquearam de verdade os touros lidados.

1975 – A 25 de Maio de 1975 constituiu-se o Grupo de Forcados Amadores do Aposento da Moita, tendo como cabo José Manuel Pires da Costa.

1993 – A Feira Taurina de Setembro incluiu no seu cartel a realização de uma novilhada e de uma corrida picadas

1976 – No dia 11 de Julho de 1976, “Parreirita Cigano”após uma longa faena, terminou a lide com uma estocada de verdade no novilho-touro “Sevelo”. A primeira novilhada picada foi também realizada, no dia 11 de Julho de 1976.

1994 – A Feira Taurina de Setembro incluiu duas corridas picadas. 1995 – Realizaram-se duas corridas picadas, na Feira Taurina de Setembro.



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