Caderno de olfação n°05

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O ‘PENSAMENTO’ DE UMA PLANTA.

“Há certa planta, um dos mofos da lama, que parece ter misterioso poder de pensar. Essa planta que se mostra como uma massa pouco apreciável, crescendo nos lenhos das florestas úmidas, arrasta-se de lugar para lugar. Como pequenas partículas de matéria animal. Parece possuir um pensamento, pelo qual distingue o que é alimento das substâncias que não são alimento. Reconhece também as plantas femininas de sua própria espécie.

Outra curiosa planta que parece ser capaz de pensar e mesmo do dormir. A aproximação da noite, o trevo dobra suas folhas e parece que vai dormir. A ciência ainda não conseguiu compreender isso.

Os naturalistas têm observado muitos exemplos de ‘pensamento’, entre plantas. Se observadas a hera de Boston, dia por dia, vereis que as gavinhas agarram-se aos tijolos e aplainam-se como se tivessem o poder de pensar no que estão fazendo. Plantas retorcidas enroscam-se cada vez mais, numa tentativa de descobrir alguma coisa donde possam dependurar-se. E uma planta do Chile dá volta completa em torno de uma árvore, numa hora e quinze minutos. Provavelmente as mais ‘inteligentes’ das plantas são as que caçam insetos. Essas plantas sabem quando Imaginando algo de concretamente certo

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apanharam um inseto em vez de um pedaço de lodo, e vice-versa. Consomem o inseto e deitam fora o lodo.

Finalmente, há as pequenas plantas unicelulares, que constituem parte da vida no limo das lagoas. Essas pequenas células locomovem-se como os animais. Comem como os animais e, como os animais, sentem-se atraídos por várias substâncias e tem repulsa por várias outras. De fato elas mostram, praticamente, todas as características dos animais superiores. Seus pensamentos, se se pode dizer que tem um pensamento, é capaz de empregar uma espécie de método experimental. Se algo desagradável as importuna, disso se livram somente quando descobrem o meio correto de fazê-lo, depois de ter tentado muitos meios infrutíferos. Isso, sem dúvida, é o que ocorre com muitos animais e mesmo com os primitivos seres humanos. Podem, porém, as plantas ser olhadas como criaturas pensantes e viventes? Quem sabe? Talvez os antigos poetas não estivessem muito longe da verdade, afinal, quando falavam de ‘árvore que suspiravam pela luz e de flores que languesciam de amor’.” (1953:322-323.)

Imaginando algo de concretamente certo

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Imaginando algo de concretamente certo

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