INFOGRAFIA NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: RECURSO DIDÁTICO

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INFOGRAFIA NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: RECURSO DIDÁTICO Infograph in Distance Education: Teaching resources Silva, Alice Demaria; Graduada; Universidade Federal de Santa Catarina alice.silva@unisul.br Silva, Diogo Rafael da; Graduando; Universidade do Sul de Santa Catarina diogo.silva@unisul.br

Resumo Este artigo pretende expor a infografia e instigar seu uso na Educação a distância como um recurso didático a partir da visão de mediação pedagógica proposta por Gutierrez e Prieto, diagnosticando e propondo tratamentos para a forma nos recursos didáticos. A pesquisa sobre a infografia, seus conceitos, características e formas de exposição também são estudados neste trabalho que busca incentivar o uso de uma técnica utilizada no jornalismo e que pode ser bem explorada neste método de ensino que pressupõe a separação entre o professor e o aluno. Palavras-chave: educação a distância, infografia, material didático.

Abstract This article intend to expose the infographic and instigate use in the Distance education as a teaching resource. From the vision of teaching mediation proposal by Gutierrez and Prieto, diagnosing and providing treatment to the way in teaching resources. The research about infographics, its concepts, characteristics and forms of exposure are also studied in this work that instigate a search encourage a technique used in journalism and can be operated well in this teaching method assumes that the separation between the teacher and student. Keywords: distance education, infographics, teaching material


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INTRODUÇÃO A motivação do presente trabalho é proporcionar um olhar (uma aproximação) sobre a possibilidade de uso da infografia na Educação a Distância (EaD). Tem-se como objetivo pesquisar sobre a infografia e instigar sua utilização como recurso didático, seja ele impresso ou digital. Esta pesquisa se justifica pela grande carga informacional e pelo poder apelativo que a infografia tem. Desta forma, busca-se compreender como essa característica pode ser explorada na Educação, especialmente na Educação a Distância. O trabalho está dividido em três partes. Na primeira parte, é apresentada uma breve descrição dos recursos didáticos que podem ser observados hoje na EaD e uma apresentação sobre a mediação pedagógica e o tratamento formal que os recursos didáticos devem receber. Na segunda, uma exploração da infografia: conceitos, características e classificação. E, por fim, apresenta-se uma análise da relevância do seu uso na EaD.

Recursos Didáticos na Educação a Distância Como em Educação a Distância não é comum existir um encontro presencial ou contigüidade entre professor e alunos, os instrumentos de mediação têm papel de destaque entre as instâncias de ensino-aprendizagem, como afirma Moore (1973, apud UNIVERSIDADE, 1998, p. 22): Educação a distância pode ser definida como a família de métodos instrucionais nos quais os comportamentos de ensino são executados em separado dos comportamentos de aprendizagem, incluindo aqueles que numa situação presencial (contígua) seriam desempenhados na presença do aprendente de modo que a comunicação, entre o professor e o aprendente, deve ser facilitada por dispositivos impressos, eletrônicos, mecânicos e outros. Entre estes dispositivos estão os recursos didáticos que visam a ajudar o estudante em sua aprendizagem, facilitando, incentivando e possibilitando um eficiente processo de ensino-aprendizagem (CERQUEIRA; FERREIRA, 2007). Como exemplos de recursos didáticos utilizados em EaD, são encontrados os mais diversos suportes: os impressos (livros-texto, estudos de caso, boletins e jornais); cassetes, CD e DVD; videoconferências e teleconferências; CD-ROM e Ambientes Virtuais de Aprendizagem (UNIVERSIDADE, 1998). No entanto, é raro encontrar referências de uso de infográficos para a Educação a Distância, sejam eles em suporte impresso ou online. O tratamento eficaz do conteúdo e da forma de ensino-aprendizagem, de acordo com o contexto em que se situa o aprendente, é de vital importância para o processo


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de aprendizagem. A codificação, o tratamento formal das mensagens pedagógicas e os canais de comunicação compõem e representam a instância de mediação na EaD.

Mediação pedagógica Gutierrez e Prieto (1994, p. 61-62) afirmam que a mediação pedagógica na educação presencial ocorre com a presença do docente, figura que “deveria atuar como mediador entre a informação a oferecer e a aprendizagem por parte dos estudantes”. Já na Educação a distância, a responsabilidade dessa mediação é lançada para os “textos e outros materiais postos à disposição dos estudantes”. Nesse sentido, os recursos didáticos que são distribuídos aos alunos devem ser elaborados a partir de um tratamento dos conteúdos e das formas dos diversos assuntos e que possibilitem o ato educativo numa perspectiva de educação participativa, criativa, relacional e expressiva. Os autores propõem três fases de mediação pedagógica: tratamento com base (1) no tema, (2) na aprendizagem e (3) na forma (IDEM, 1994). Nessa pesquisa interessa em particular a mediação pedagógica na fase do tratamento com base na forma. De acordo com um diagnóstico elaborado por Gutierrez e Prieto, pode-se encontrar várias carências nos recursos didáticos, entre elas: o conceito rígido da forma; o conteudismo; a pobreza expressiva e o trabalho sem coordenação. Em especial, interessa a este trabalho o conteudismo e a pobreza expressiva. Sobre o conteudismo, os autores afirmam que existe uma prática comum de uso de imagens apenas como reforço direto do texto. Assim as imagens apenas repetem o conteúdo verbal sem buscar um enriquecimento para o tema e para a percepção do leitor sobre elas. Isso estende a crítica sobre a infantilização, a trivialidade das imagens e ainda sobre estereotipação das personagens. Em relação à pobreza expressiva, é possível notar uma má distribuição dos elementos visuais e verbais nos espaços e pelo uso de imagens sem um bom tratamento expressivo, acarretando na falta de riqueza ou pobreza visual indicada pela pouca variedade e força de atração visual que não auxiliam a mediação. Como tratamento formal para os problemas diagnosticados, os autores propõem: um enriquecimento do tema e da percepção; que se torne o texto compreensível; o estabelecimento de um ritmo de leitura; provocação de surpresas e rupturas no material e uma busca de variedade na unidade. Dos pontos sugeridos do tratamento, destacam-se dois: o enriquecimento do tema e da percepção e o tornar o texto compreensível.


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Para tornar mais rico o material, sugere-se uma melhoria da expressividade ou da força expressiva na relação entre textos e imagens, pois desta forma amplia-se a atração visual e, também, se orienta a percepção e a leitura, tanto da forma como do conteúdo. Sobre o entendimento do texto, pode-se citar a união eficiente entre texto e imagem, compondo um conjunto agradável, que atrai e mantém o interesse do leitor. As imagens devem não apenas reforçar, mas também complementar o texto. A imagem eficiente compõe uma síntese da significação do texto, especialmente nas ocasiões em que o conteúdo é extenso e variado. Além disso, a clareza e a simplicidade com incrementos, que implicam em acentuações visuais de algum aspecto chave, repetições de detalhes e tratamento de imagens colaboram para a compreensão do texto (GUTIERREZ; PRIETO, 1994) A partir desses dois pontos do diagnóstico e de tratamentos destacados nesta pesquisa, pode-se perceber que os autores ainda escrevem sobre uma separação de texto e imagem. Esta pesquisa propõe a utilização de uma técnica, muito conhecida pelo jornalismo, de união entre essas duas instâncias (texto e imagem), a infografia. INFOGRAFIA A infografia no Brasil é utilizada no meio jornalístico, como pode-se observar em revistas como a Superinteressante “Figura 01” e Época “Figura 02”, e jornal a Folha de São Paulo.

Figura 01 - Infográfico: Como um cd vai parar na internet antes do lançamento – Revista Superinteressante. Edição 257 – outubro de 2008.


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Figura 02 - Infográfico: Duas horas para subir, 15 minutos de queda – Revista Época. Fonte: <http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/ foto/0,,14470353,00.jpg> Acessado em 31/10/2008. Existem diversas definições para o termo infografia. Segundo Ribas (2005) “alguns autores a consideram um gênero unicamente jornalístico, outros discordam da classificação e referem-se a ela como uma técnica, uma disciplina, uma linguagem, um recurso, uma ferramenta informativa, uma ilustração, uma unidade espacial”. É interessante analisar a definição conceitual de infografia a partir da análise da sua palavra (info+gráfico). Considera-se o termo “Info” originado da palavra informação (RIBAS, 2005), que significa segundo o dicionário Michaelis: 1) ato ou efeito de informar; 2) transmissão de notícia; 3) comunicação; 4) instrução, ensinamento. Gráfico é descrito pelo mesmo dicionário como: 1) figurado pelo desenho; 2) representação gráfica; 3) diagrama, 4) esquema. A partir desta breve análise, é possível entender de forma sucinta a infografia como: uma representação gráfica de informação, de cunho jornalístico ou não, cujo conteúdo apresenta fatos ou acontecimentos, descrição de operação de processos, informações de funcionamento e explicações diversas (RIBAS, 2005). Ela é um recurso composto por imagens e pequenos textos agregados que apresentam a informação de maneira visual, o que torna a mensagem mais objetiva e de fácil entendimento (DEBONI, 2008). Ou seja, caracteriza-se por ser uma combinação de formas gráficas num leiaute interessante e informativo que envolve o leitor, (STOVALL apud RIBAS, 1997); é uma unidade espacial na qual se utiliza uma combinação entre códigos icônicos e verbais para dar uma informação ampla e precisa (COLLE apud RODRIGUES, 2008). Rajamanickam (2005) a traduz como elementos visuais que auxiliam na compreensão de um determinado conteúdo


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baseado em texto. Estes conceitos de infografia reforçam a idéia de união entre duas instancias (texto e imagem) no intuito de cativar o leitor por meio da objetividade e simplicidade. Essas características conferem à infografia uma posição privilegiada no processo de estímulo da busca por mais conhecimento.

Classificação Rajamanickam (2008) propõe uma classificação para os infográficos. Ele determina que o tipo de informação utilizada pode ser (1) espacial, descrevendo “posições relativas e relacionamentos espaciais num local físico ou conceitual”, (2) cronológica, expondo “posições seqüênciais e relacionamentos de causa numa linha de tempo física ou conceitual” e (3) quantitativa, narrando “escala, proporção, mudança e organização de quantidades no espaço, tempo ou ambos”. Em relação aos métodos de comunicação que podem ser considerados na veiculação de um infográfico estão: (1) o estático, que tem a informação apresentada na sua totalidade em um relance, (2) o animado, que possui a informação apresentada progressivamente numa seqüência linear, e por fim (3) o interativo, no qual a informação é apresentada seletivamente baseada nas escolhas do leitor.

Relevâncias na utilização da infografia na Educação a Distância (EaD) Ribas (2005, p. 16) defende que “a infografia tem a função de facilitar a comunicação, ampliar o potencial de compreensão pelos leitores, permitir uma visão geral dos acontecimentos e detalhar informações menos familiares ao público [...]”. Esta afirmação demonstra uma clara preocupação com o leitor, sujeito distante no espaço - e no tempo - de um mediador que explique o fato, a situação. Assim, a infografia trabalha como mediadora entre a informação e o leitor, que se sente atraído, envolvido por esta mediação criativa e expressiva. Segundo mostra uma pesquisa realizada pelo Poynter Instituto (Instituto de Estudos em Mídia), 80% dos leitores percebem primeiramente as ilustrações e infográficos, enquanto 25% dão, em primeiro momento, atenção aos textos (DEBONI, 2008). É importante salientar que estes dados não menosprezam o uso de textos – tão significativos na Educação a Distância – mas apontam para um novo recurso a ser explorado nesta modalidade de ensino. Apesar dessa pesquisa ser direcionada a leitores de jornais e revistas, é coerente aproveitar-se desses dados para reforçar a importância da aplicação da infografia na EaD. Essa prática tem um potencial de síntese e de carga informacional muito grande, pouco explorado por esta modalidade de ensino.


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CONSIDERAÇÕES FINAIS Durante a realização desta pesquisa, não foi possível encontrar aplicações de infografia em materiais de Educação a Distância ou estudos que apontassem nessa direção, portanto sugere-se a execução de infografia em conteúdos de Educação a Distância, em caráter experimental. O objetivo desta aplicação deverá ser verificado, observando se foi alcançado um enriquecimento do tema e da percepção e também se foi possível tornar o texto (conteúdo) mais compreensível. A partir do exposto, é possível perceber como uma infografia pode auxiliar no processo de ensino. É significativo o grau de pregnância que possuem os infográficos nos materiais impressos e digitais, isso por ele ser um recurso que apresenta uma dinamicidade e atratividade ao leitor.


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REFERÊNCIAS CERQUEIRA, Jonir Bechara; FERREIRA, Elise de Melo Borba. Recursos didáticos na educação especial. [s.l.]: Instituto Benjamin Constant. Disponível em: <http://www.ibc.gov.br/?itemid=102>. Acesso em: 18 out. 2008. DEBONI, Saulo. A infografia aplicada ao design editorial (jornais e revistas). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISA & DESENVOLVIMENTO EM DESIGN, 8., 2008, São Paulo. Anais... São Paulo, AEND, 2008. 1 CDROM GUTIERREZ, Francisco; PRIETO, Daniel. A mediação pedagógica: educação à distância alternativa. São Paulo: Papirus, 1994. RAJAMANICKAM, Venkatesh. Infographics Classification. In: Infographics: primer for learning content designer: Disponível em: <http://incsub.org/ soulsoup/?p=619>. Acesso em 27 out. 2008. RAJAMANICKAM, Venkatesh. Infographics Seminar Handout. 2005. Disponível em: <http://www.informationdesign.org/downloads/Infographic_ Handout.pdf>. Acesso em: 12 out. 2008. RIBAS, Beatriz. Ser Infográfico: Apropriações e limites do conceito de infografia no campo do jornalismo. 2005. Disponível em: <http://www.facom. ufba.br/jol/pdf/2005_ribas_sbpjor_florianopolis_serinfografico.pdf>. Acessado em 30/10/2008 RODRIGUES, Thiago; CALOMENO, Carolina. Esclarecimentos sobre a Infografia. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISA & DESENVOLVIMENTO EM DESIGN, 8., 2008, São Paulo. Anais... São Paulo, AEND, 2008. 1 CD-ROM UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Introdução à educação a distância. (Programa de Capacitação a Distância). Livro-Texto. Florianópolis, 1998.


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