F XPOSIÇÃO 11
exausto de tanto esperar, se desfalece de vigiar, enferma-se com urgente carência de atendimento. E assim a sinceridade e a solici tude de seus desejos foram provadas. Nada mais podia satisfê-lo senão o livramento operado da mão de Deus; sua natureza mais profunda suspirava e se espicaçava pela salvação do Deus de toda graça; e ele, ou a teria, ou se desfaleceria definitivamente. Mas espero em tua palavra. Portanto, ele sentia que a salva ção viria; pois Deus não pode quebrar sua promessa, nem frustrar a esperança que sua própria palavra incitara: sim, o cum prim ento de sua palavra está às portas quando nossa esperança é firme e nosso desejo fervoroso. A esperança só pode guardar a alma do desfalecimento, ao usar o alabastro da promessa. Todavia a espe rança não acende o anseio por uma imediata resposta à oração; ela aumenta sua importunação, pois tanto estimula o ardor quan to sustém o coração ante a delonga. Desfalecer-se pela salvação, e ser poupado do total desfalecimento da esperança é a freqüente experiência do cristão. “Desfalecemos, porém não somos destruí dos.” A esperança se mantém quando o desejo se exaure. Enquan to a graça do desejo nos lança abaixo, a graça da esperança nos soergue uma vez mais. [v. 82] Meus olhos desfalecem por tua palavra, dizendo: Quando tu me consolarás? Seus olhos se escancaravam desmesuradamente, fixando-se na aparição do Senhor, enquanto seu coração, em fadiga, clamava por conforto imediato. Ler a palavra até que os olhos não possam mais ver é algo bem minúsculo em comparação com a vigilância pelo cumprimento da promessa antes que os olhos interiores da expectativa comecem a diminuir sua opacidade ante a esperança deferida. Não podemos impor tempo a Deus, pois isso seria limi tar o Santíssimo de Israel; todavia podemos insistir em nossa im portunação e apresentar fervente inquirição quanto à razão por que a promessa tarda tanto. Davi não buscava conforto a não ser aquilo que vem de Deus; sua pergunta é: “Quando tu me confortarás?” Se o socorro não vier do céu, então jamais virá; todo bem 129 •