Diario de Petropolis

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56 anos

DIÁRIO DE PETRÓPOLIS

Universidade do futuro: o plágio?

Ponto e Contraponto Antônio Cláudio Gomes

CINZAS O papo da esquina é a fonte onde colocamos os assuntos em dia. Depois do recesso do Carnaval, a conversa predominante ainda é a vitória da Beija-Flor de Nilópolis na Sapucaí com o enredo do rei Roberto Carlos. Como no futebol tivemos os que comemoraram e os que chiaram. Aos poucos a vida volta ao cotidiano e as movimentações políticas se acentuam. ESQUENTANDO OS TAMBORINS Ano que vem é ano eleitoral. Vamos às urnas para eleger prefeito e vereadores. Em Petrópolis, os nomes que mais aparecem nas rodas informais são as dos exprefeitos Rubens Bomtempo e Leandro Sampaio; dos deputados estaduais Bernardo Rossi e Neskau; além, é claro, da reeleição de Paulo Mustrangi. Por enquanto, as articulações ficam mais nos bastidores e vão sendo reveladas aos poucos, como num jogo de pôquer, onde cabe blefe e ninguém quer mostrar as cartas. NA REDE Muito comentado o artigo de Rachel Sheherazade sobre o Carnaval. Na publicação, a jornalista do Tambaú Notícias vai desconstruindo vários mitos sobre a festa. ACESSO É sempre bem vinda a notícia de que mais estudantes vão ter a oportunidade de entrar na Universidade. Depois da Prefeitura de Petrópolis, chegou a vez do governo estadual disponibilizar bolsas de estudos para Universidade Católica de Petrópolis. É uma forma de compensar a falta de uma universidade pública presencial no município. As vagas em questão são para os chamados cursos politécnicos. O grão-chanceler da UCP, bispo Dom Filippo Santoro, tem trazido essas parcerias para a instituição.

 Nelson

Valente

A

universidade é uma instituição plurifuncional. A pesquisa é, ao lado da docência, uma das funções básicas dessa instituição. Recentemente, os autores subdividem as funções da universidade em docência, pesquisa e extensão ou de serviços ou em missão cultural (transmissão e conservação do saber), missão investigadora (produção e progresso do saber), missão técnicoprofissional (formação de profissionais de alto nível) e missão social (serviço social da universidade). Qual será a universidade do futuro? Substituirão as atuais salas de aula? Cada escola terá a sua missão, que não se bastará com a simples transmissão do saber, pois deverá se identificar com as necessidades do mercado de trabalho. Esse registro é que dará força à palavra “tecnoestrutura”, criada por Galbraight para identificar a trilogia governo,empresa,escola. Nunca essa ligação será tão oportuna e, por isso mesmo, tão indispensável. A universidade sempre teve como objetivo cultivar e transmitir o saber. Depois, sob o impacto determinado por novas exigências, constatou-se a necessidade de ampliar os conhecimentos, produzir novos saberes, e o meio pri-

A KOMBI ELÉTRICA O Salão do Automóvel de Genebra, na Suíça, apresentou o novo modelo elétrico de um dos carros mais tradicionais da marca: a Kombi. O automóvel aparece com design inovador e muita tecnologia. O veículo, que ficou famoso no Brasil nas décadas de 50 e 60, já foi um dos mais vendidos da história da Volkswagen, junto com o Fusca. PRÊMIO GUERRA-PEIXE Atendendo a pedidos transcrevo a seguir a lista dos concorrentes ao Prêmio Guerra-Peixe de Cultura, por categoria: Música – Dudu King (Conjunto da obra); Marcio Negócio (Velho Samba Novo); Marcelo Coutinho (Camerata Natalina); Marco Aurélio Lischt (concerto de reinauguração do órgão da Catedral São Pedro de Alcântara); Teatro – Espetáculo musical “Um Sarau Imperial”; Cia Teatral Língua de Trapo (Teatro de rua - Tukutuka no Brasil); Espetáculo musical “Encanta Noel”; Frank Lopes (“Venha rir de mim”); Dança – Allan Keuppert (Evolution); Laell Rocha (conjunto da obra); Artes Visuais – Pollo Rios (Arte sem texto); Arte Garagem 2010; Drica Soares (Aporia); Roberto Franco Valente (20 anos depois); Literatura – Valdir Pietre (Saco e Vanzetti & Che Guevara em Petrópolis; Vera Abad (Dona Cotinha e o segredo da caixa de costura); Denilson Araújo (Alegria de boa lavra – artefatos de ler); Fernando Py (Confissão Geral); Canto Coral – Coral Municipal de Petrópolis (Conjunto da obra); Princesas Cantoras (Concerto de Primavera); Coral Nheengarecoporanga (CDDH); Cant Vox (Concerto de Natal); Comunicação –; Marcio Salerno (conjunto da obra); Caderno Lazer (Tribuna de Petrópolis); Net Petrópolis; Jornal de Petrópolis; Audiovisual – Leandro Zappala (Vídeo “Residência Artística em Estocolmo” (Quarto Physical Theater); Geórgia Guerra-Peixe (Documentário “O Samba que mora em mim”); Produção Cultural – Petrópolis em Cena Produções Culturais.; Viva Cultura Planejamento Cultural, SESC; Dell’ Arte Soluções Culturais; CATEGORIA ESPECIAL – SAV (Sociedade Artística Villla-Lobos), Covil Imaginário (Mostra Minimalista); Banda 1o de Setembro (Concertos dos 100 anos); SOPEF (50 anos); Notório Reconhecimento – Lan. Contatos com a coluna: antoniocgomes@hotmail.com e no Twitter: @AntonioClaudio7

vilegiado foi a pesquisa. Tomemos, a título de ilustrações a questão da linguagem, que muitas vezes é o elemento responsável pela não divulgação ou, o que é equivalente, pela não compreensão das pesquisas. Inúmeras delas vêm involucrudas numa linguagem hermética e fechada, acessível apenas ao pequeno grupo de iniciados. A linguagem, ao invés de tornar transparente e acessível, obscuresse e esconde. É necessário que a divulgação ultrapasse a barreira acadêmica e, no caso da pesquisa educacional, atinja as redes do Ensino Fundamental e Médio, os pais, os alunos e a comunidade. Um problema crescente e preocupante nos meios educacionais: o plágio. A palavra plágio vem do latim plagiu, plágios, oblíquo, indirecto, astucioso, copia fraudulenta do trabalho de outrem que um autor apresenta como sua. Potencializada pela era digital, esta prática danosa não apenas representa um novo desafio para os educadores como também mexe com os padrões éticos da sociedade brasileira. Mais do que crime previsto pelo Código Penal, o plágio é uma deformação do aprendizado para a vida e um desestímulo à competição saudável pelo mercado de trabalho. O pesquisador, sobretudo aquele que ainda é aluno de algum programa

de pós-graduação, vê-se na contingência de respeitar determinados prazos que são estabelecidos sem levar em consideração a índole particular de seu trabalho pressionado pela duração das bolsas ou por montantes fixos de recursos. É exemplar, neste contexto, o recente episódio da demissão do catedrático da Universidade de São Paulo que publicou numa revista estrangeira um trabalho com gráficos copiados de outra obra científica. Doutor em bioquímica, orientador de mestrado e doutorado, ele teve o currículo maculado por ter incorrido na chamada cultura da cópia, que consiste em utilizar ideias alheias sem dar o devido crédito a seus autores. Infelizmente, esta prática tornou-se tão comum nas escolas e universidades brasileiras que se criou uma próspera indústria de produção de trabalhos escolares. Sob pretexto de não dispor de tempo para pesquisar, estudantes de todos os níveis encomendam a especialistas, mediante pagamento, até trabalhos de conclusão de curso: na graduação (TCC); na pósgraduação (lato sensu), no (stricto sensu) mestrado ( dissertação) e doutorado (tese). Alertados pelo crescimento de tais práticas, escolas e professores intensificam a vigilância, mas nem sempre estão preparados para detectar fraudes. Há educadores que preferem ignorar o problema, sob

pretexto de que o aluno plagiador está prejudicando a si mesmo. Não é bem assim. Universidades da Europa e dos Estados Unidos já desenvolvem sistemas eficientes de fiscalização, além de submeter os estudantes a regras claras e a punições rigorosas para o plágio. Parece ser o caminho mais adequado: cabe às escolas e universidades brasileiras priorizar esta questão, não só elevando a vigilância sobre potenciais fraudadores, mas ensinando aos alunos como fazer pesquisas com proveito, ética e transparência. Se queremos projetar a universidade brasileira para os próximos trinta anos. Viveremos uma outra época, de incríveis conquistas científicas e tecnológicas, alimentadas pelo uso de computador e da Internet, e é claro que a indústria do conhecimento, representada pelos nossos pesquisadores, não poderá concorrer com os produtos de outras nações se não estivermos devidamente apetrechados, inclusive do ponto de vista dos recursos humanos qualificados. O ingresso do Brasil ao Primeiro Mundo não pode se cingir a um exercício de retórica. Deve ser algo muito mais consistente, que passa pelos cuidados com a educação, a ciência e a tecnologia.  Professor universitário,

jornalista e escritor

Voto distrital

CAMPANHA DA FRATERNIDADE Por falar em Dom Filippo, o tema da Campanha da Fraternidade da CNBB de 2011 é a vida no planeta. O objetivo é despertar as pessoas para o debate e as ações em torno da preservação ambiental.

SEXTA-FEIRA, 11 DE MARÇO DE 2011

 Marcos

Coimbra

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nquanto engrossam as críticas ao voto proporcional, que adotamos desde a Constituição de 1934, o voto distrital ganha adeptos. De repente, ele parece ter se tornado uma quase unanimidade no meio político, depois de permanecer durante anos como uma hipótese remota para os insatisfeitos com o modelo que temos. Na sua acepção tradicional, voto distrital é um sistema eleitoral em que cada uma das subdivisões territoriais de um país, os chamados distritos eleitorais, elegem um ou mais representantes para o Legislativo (no caso de países bicamerais - onde há o equivalente aos nossos Senado e Câmara dos Deputados – apenas para a chamada Câmara baixa). No âmbito de cada distrito, ganha o candidato mais votado (ou os candidatos). Ou seja, é um mecanismo de escolha de deputados (e, em alguns lugares, de vereadores) análogo ao majoritário, que existe nas eleições para o Executivo e o Senado. Com raras exceções (exclusivamente de países pequenos, como Israel e Holanda, onde há apenas um), os distritos eleitorais são mais abrangentes que as municipalidades e costumam ser menores que estados ou províncias, tanto em extensão geográfica,

quanto em população. Os Estados Unidos, por exemplo, que adotam fórmulas de voto distrital desde a independência, têm hoje 50 estados e 435 distritos eleitorais. Na França, são 26 regiões administrativas e 577 circunscrições eleitorais. Nos dois países, cada distrito elege um representante. Em quase todos os lugares, o número e o desenho dos distritos foi variando ao longo do tempo, em função de migrações internas e outros movimentos demográficos. Nos Estados Unidos, nos últimos cem anos, alguns estados ganharam e outros perderam população, o que fez com que aumentasse a diferença entre eles na quantidade de distritos, e, portanto, no número de representantes. Hoje, o que mais tem, que é a Califórnia, está com 53 distritos, enquanto outros 36 estados têm menos que 10 (7 somente um). Somados, os 20 estados menores têm menos peso na House of Representatives que a Califórnia, o que aumenta a importância do Senado, onde se procura compensar esse desequilíbrio assegurando a todos a mesma representação (note-se, porém, que isso pode não ser um problema, pois o relevante, nos países que adotam o voto distrital, não é a representação dos estados e sim a dos distritos). Seus defensores costumam argumentar que é um sistema que maximiza a proximidade entre eleitor e eleito. Na medida em

Diretor-Presidente e Jornalista responsável: Paulo Antônio Carneiro Dias Subeditora: Jaqueline Gomes

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que os candidatos têm que disputar o voto de distritos relativamente pequenos e homogêneos (em termos demográficos, pois eles podem ser muito grandes em extensão territorial, como acontece no caso do maior estado americano, que é o Alaska, onde só há um), os cidadãos tendem a conhecê-los melhor e a ter mais condições de acompanhar o desempenho dos parlamentares. Daí derivam, no entanto, duas consequências indesejáveis do sistema distrital. Uma é a baixa renovação da representação, decorrente das sucessivas reeleições que são típicas dele. Outra é a tendência a que ela se torne paroquial, com representantes especializados em questões de interesse circunscrito e impacto local (o que faz com que se pareçam a “despachantes de luxo” de cidades e regiões). Mas o problema mais grave de qualquer sistema eleitoral baseado no voto distrital é a representação das minorias. Nele, algo que acontece com a democracia, de uma maneira geral (na medida em que é um regime de predomínio das maiorias), pode se tornar uma questão concreta e grave. Não é impossível que muitos e, no limite, todos os representantes dos distritos de um país sejam eleitos por um só partido, em eleições decididas localmente por pequenas margens. No caso extremo: todos os deputados se elegem com

IÁRIO DE PETRÓPOLIS 56 anos

Uma publicação da PJ Editora e Gráfica e Jornalística Ltda

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51% dos votos em seus distritos. A Câmara dos Deputados seria formada por 100% de parlamentares de um mesmo partido e 49% do eleitorado ficaria sem representação. Sempre se pode dizer que essa situação não aconteceria no mundo real. O problema persiste, no entanto, especialmente em países multipartidários, onde a dispersão dos votos dos partidos menores tende a inviabilizá-los. Que é a razão de quase todos que adotam o voto distrital terem apenas dois partidos (ou pouco mais que isso) e de estarem se tornando comuns em alguns, como a França, candidaturas nãopartidárias, de indivíduos que pretendem representar o distrito articulando maiorias locais em torno de pautas extra-políticas (econômicas, sociais ou étnicas, por exemplo). Já tivemos voto distrital no Brasil. A rigor, se contarmos todo o tempo em que o tivemos, no Império e na República Velha, passamos mais tempo com ele que os 77 anos de voto proporcional. É tão grande, contudo, a diferença entre o Brasil de então e o de agora que pouco temos a tirar da experiência. Podemos inventar um novo sistema distrital? É claro que sim, mas os riscos são grandes. É alta a chance de não resolver os problemas que temos e de somar outros a eles.  Sociólogo e presidente

do Instituto Vox Populi

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