A trajetória de Ives Gandra
Nascido em São Paulo em 1935, Ives Gandra construiu uma das carreiras mais sólidas e longevas do Direito brasileiro Professor emérito da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie e membro da Academia Brasileira de Filosofia, é autor de dezenas de livros e milhares de artigos. Sua produção intelectual influenciou decisões de tribunais, reformas legislativas e gerações de profissionais do Direito.
Reconhecido por sua lucidez argumentativa e defesa da democracia, Ives Gandra sempre se dedicou ao diálogo entre Direito, ética e vida pública.
Um homem que fez do Direito uma missão
Ives Gandra nasceu em São Paulo, em 1935. Filho de uma família simples, cresceu cercado por livros e debates na mesa de jantar — ambiente que despertou sua curiosidade e o levou à Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Desde jovem, carregava uma convicção que guiaria sua vida inteira: o Direito deveria servir às pessoas, não aos poderes.
Construiu sua carreira com disciplina quase monástica. Estudava de madrugada, escrevia durante o dia e lecionava à noite. Aos poucos, tornou-se uma das vozes mais influentes da doutrina constitucional e tributária no país. Professor por vocação, passou por diversas instituições universitárias, mas foi no Mackenzie que deixou parte de sua alma acadêmica.
Tornou-se Professor Emérito da Faculdade de Direito, influenciando gerações de advogados, magistrados e juristas que hoje ocupam cargos estratégicos no Brasil e no exterior.
Fundou a Faculdade de Direito da Universidade Católica de Brasília, projeto inspirado na defesa da ética e do conhecimento como instrumentos de transformação social. Além disso, integra a Academia Brasileira de Filosofia, ocu-
pando uma cadeira destinada a pensadores que unem lógica, ciência e espiritualidade — características presentes em toda sua obra.
O intelectual que não se aposentou do pensamento Ives Gandra é autor de mais de 100 livros e milhares de artigos e pareceres jurídicos. Sua produção é citada em votos de ministros do Supremo Tribunal Federal, em debates legislativos e em decisões judiciais. Ele nunca buscou protagonismo político. Preferiu o território das ideias — onde palavras constroem pontes, protegem a democracia e influenciam políticas públicas.
Aos 90 anos, permanece intelectualmente ativo. Escreve todos os dias, responde estudantes e pesquisadores e participa de debates. Quem convive com ele costuma dizer que seu maior legado não são os livros que escreveu, mas a forma como trata as pessoas: com atenção, respeito e curiosidade genuína — do jovem estudante ao chefe de Estado.
EXPEDIENTE
DIRETOR: Armando Moraes Delmanto
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes
O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.
Conhecendo a casa de pedra da Virgem Maria, em Éfeso, Turquia
Foi a mais sagrada visita que Regina Célia fizemos até hoje. Antes inimaginável, nunca previ que estaria num lugar tão distante, onde a mulher mais querida do planeta residiu durante a expectativa do reencontro com seu divino Filho.
Na tarde do último 5 de setembro, na companhia de vinte peregrinos de Avaré, entramos na pequena casa feita de pedra, endereço onde refugiou-se Maria, a mãe de Jesus. Fica no monte Koressos (Rouxinol), a 8 quilômetros da cidade de Éfeso, atual Selçuk, no oeste da Turquia.
Redescoberta há mais de 140 anos, a Casa da Mãe Maria“Meryem Ana Evi” foi descrita em visões místicas de Ana Catarina Emmerich (1774-1824), freira alemã, publicadas em 1852. Com base em tais relatos, o padre francês Julien Gouyet encontrou em 1881 a moradia numa colina de onde se vê o Mar Egeu. Era o endereço no qual Nossa Senhora, conduzida pelo apóstolo João Evangelista, teria vivido até a sua Assunção.
Segundo Emmerich com pedras retangulares a casa foi erguida, suas janelas são altas, próximas do teto plano, e ela se divide em duas partes, com uma lareira ao centro. Foram descritos também o lugar das portas e o formato da chaminé.
Hoje, a moradia é uma capela modesta, em meio a um parque com fontes de água consideradas milagrosas. No seu altar há uma imagem mariana. No lado direito da casa há um cômodo pequenino, considerado o quarto onde Nossa Senhora dormia.
A água corrente costumava correr como um canal neste lugar. E fora do santuário há um muro de pedidos, onde os visitantes deixam suas mensagens e pedidos para Jesus e sua mãe na forma de pequenos bilhetes de papel ou panos.
Ao lado da capela existe um grande espaço para celebrações ao ar livre, todo arborizado e ajardinado, onde crescem muitas flores e frutas típicas. Os visitantes, na verdade, sequer avaliam a autenticidade da casa, pois passam por lá, em paz, munidos apenas de esperança e fé
Embora a Igreja Católica nada diga sobre o santuário, o templo já recebeu bênçãos apostólicas e visitas de alguns papas, a primeira vez de Leão XIII em 1896 e a mais recente, de Bento XVI, em 2006.
• Cronista e pesquisador, membro da Academia Botucatuense de Letras, é autor de 57 livros sobre a história regional.
ACSP e FAC homenageiam os 90 anos de Ives Gandra
Na noite de segunda-feira (10), a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e a Faculdade do Comércio (FAC) homenagearam os 90 anos do jurista Ives Gandra da Silva Martins no complexo da Sala São Paulo.
Gandra é um dos juristas mais importantes e influentes do Brasil, com mais de 100 livros publicados e referência intelectual para o direito constitucional e tributário.
O tributo foi organizado por Wilson Victorio Rodrigues, vice-presidente da ACSP e diretor da Faculdade do Comércio (FAC), e Guilherme Gandra, neto do homenageado. E também contou com a presença de 500 convidados, entre familiares, amigos e autoridades, como Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo; Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo; Gilberto Kassab, secretário de Governo do Estado de São Paulo; Michel Temer, ex-presidente da República; Cardeal Dom Odilo Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo; e Lucas Bove, deputado estadual.
O maestro João Carlos Martins, irmão de Gandra, justificou a sua ausência por conta de um compromisso profissional e enviou uma mensagem para a ocasião: “Tenho também a alegria de sempre contar que, mesmo com algumas divergências, em toda nossa vida, jamais tivemos uma discussão. Eu sempre respeitei aquele que substituiu o patriarca José da Silva Martins, nosso pai. Deixar claro que, embora você seja conhecido como Gandra, da nossa mãe, e eu, como Martins, do nosso pai, pela enésima vez esclareço, somos irmãos de sangue e nos amamos”.
Em sua saudação inicial, Roberto Mateus Ordine, presidente da ACSP, lembrou que, em 1977, o professor Ives foi eleito o tributarista do ano, e ele que entregou o prêmio. “Tenho uma amizade e admiração de 50 anos por tudo o que o senhor fez pelo nosso país e pelo amor à pátria”, disse.
A homenagem foi dividida em 9 atos, em que cada convidado falou sobre uma característica do homenageado.
1º ATO: IVES POETA - “Um dia perguntei a Ives o que seriam os poemas em sua existência? Ele respondeu: ‘meus poemas são de reflexão interior e lirismo exterior. A poesia é o repouso do guerreiro. Eles me permitem enfrentar a vida conturbada de advogado e professor, na qual a luta pelo exercício da cidadania foi sempre a razão maior de meu viver’. Que maravilha se todo brasileiro chegasse aos 90 anos dessa maneira, não é verdade? Parabéns, querido amigo!”, maestro Júlio Medaglia, da Academia Paulista de Letras.
2º ATO: IVES ADVOGADO - “Celebrar os 90 anos do professor Ives Gandra é personificar e materializar um tributo prestado pela advocacia brasileira a um dos seus maiores expoentes, pois trata-se de um homem cuja trajetória ilumina a história do Direito, da ética profissional e da vida pública em nosso país. Hoje, nesta solenidade repleta de emoção e reverência, celebramos não apenas o tempo cronológico de uma vida longa e fecunda, celebramos uma trajetória que se confunde com a própria história da Advocacia e do pensamento jurídico brasileiro”, Dr. Luiz Flávio D’Urso, vice-presidente da ACSP, advogado criminalista e professor Honoris Causa da Faculdade de Direito da FMU.
3º ATO: IVES JURISTA - “O Ives tem uma capacidade agregadora, porque aqui não estão apenas juristas, estão religiosos, empresários, homens e mulheres dos vários setores da sociedade. Acho que eu devo classificar o Ives com uma única palavra: apaixonado. Apaixonado pelo Direito, pela Poesia, pela Literatura, por sua esposa, pelos brasileiros, por seus amigos. Esta é uma marca fundamental e é a síntese que me ocorre neste momento dizer a respeito do nosso Ives Gandra Silva Martins”, Michel Temer, ex-presidente do Brasil.
4º ATO: IVES PROFESSOR - “Sua mais alta qualidade pública é a qualidade de professor. Não preciso dizer que você foi, é e continuará a ser sempre meu professor. O Ives foi um professor cívico, como ele continua a ser até hoje, porque, quando nós aprovamos a Constituição, o Ives foi para a televisão, para o rádio, para o jornal e ele virou um professor cívico do Direito Tributário. Ele ensinou o Brasil com o exemplo dele, com as suas discussões sempre num tom muito coloquial, muito simples. Como de fato ele é um homem simples, sem nenhuma formalidade. O Ives não tem formalidade, ele é o mestre Ives”, Fábio Pietro, secretário da Justiça e Cidadania do Governo de São Paulo.
5º ATO: IVES CATÓLICO - “Doutor Ives é católico de missa diária e isso não é de muitos. É católico de prática dos sacramentos, da oração, do rosário. É católico de orações não só nos momentos extremos do dia, mas também nos vários momentos. É católico de perseverança, de constância, e isso é muito importante na vida de uma pessoa religiosa, mesmo quando eles são testados e, muitas vezes, são postos à prova. É católico também pela serenidade de sua fé e de sua confiança em Deus”, Cardeal Dom Odilo Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo.
Gandra é um dos juristas mais importantes e influentes do Brasil, com mais de 100 livros publicados e referência intelectual para o direito constitucional e tributário
6º ATO: IVES HOMEM DE FAMÍLIA - “Eu posso dizer que nós somos seis filhos únicos porque nós somos sempre amados incondicionalmente pelo meu pai, que infundiu em nós essa virtude da laboriosidade, de trabalhar, e, desde quando éramos pequenos, não nos deixava assistir novela, por exemplo. Ele sempre nos incentivou a ler, a estudar. Eu, com 12 anos, já tinha estudado quatro idiomas, porque ele falava: ‘vocês vão me agradecer um dia por cultivar a cultura’”, Angela Gandra Martins, filha do homenageado e secretária de Relações Internacionais do Município de São Paulo.
7º ATO: IVES AMIGO - “Em sua rotina, além de palestras, escrita de livros e pareceres, concessão de entrevistas, atendimento a clientes, gravações para as redes sociais, reuniões de inúmeros conselhos de entidades, dedicação à família e amigos, cabem outras atividades mais que especiais. A missa diária, que Ives diz ser o melhor negócio do mundo, pois, ao dar trinta minutos de seu dia a Deus, ele me dá 23h30. Com Ives, aprendi a importância magnânima da cultura como alimento de vida interior. Deve-se consumir de tudo, literatura, filmes, música, teatro, ciência, religião, pois a cultura expande os horizontes do pensamento, amplia a nossa compreensão da vida e dos outros. Cultura nos dá assunto, repertório e a capacidade para o diálogo. Por tudo isso, e por outras tantas razões, é que Ives é luz no mundo”, Wilson Victorio Rodrigues, vice-presidente da ACSP e diretor da Faculdade do Comércio (FAC).
8º ATO: IVES SÃO-PAULINO - “Não é à toa que Ives, aos 5 anos, já era torcedor do Clube da Fé, que é o São Paulo. O São Paulo fará 100 anos em 2030 e eu não tenho dúvida de que o primeiro discurso será dele empunhando a bandeira de São Paulo porque, nas suas veias, corre o sangue vermelho, branco e preto”, Julio Casares, presidente do São Paulo Futebol Clube.
9º ATO: IVES HUMANISTA - “Gostaria de dizer que poucas pessoas conseguem atravessar o tempo, manter as chamas e as ideias acesas, atuais. A idade não é cronológica, doutor Ives. Ela está na cabeça. Sua cabeça é jovem. Poucas pessoas conseguem inspirar e radiar energia com simples gestos e palavras. O senhor é uma delas. Essas pessoas chamamos de imortais. Sua imortalidade não está no fato de o senhor fazer parte de várias academias, não é por ser um grande acadêmico, mas pelo fato de ter se tornado um profeta do bem”, Tarcísio de Freitas, governador do Estado de São Paulo.
CORAL - Além dos 9 atos de homenagens, o tributo contou com apresentações do Coral da Faculdade do Comércio, da apresentação ao piano de José Eduardo Martins, irmão do homenageado, que tocou “São Francisco de Paula, Caminhando sobre as Ondas”, de Franz Liszt. A soprano Carmen Monarcha também se apresentou com as seguintes canções: “Romaria”, de Renato Teixeira; “Ave-Maria”, de Bach e Gounod; Hino ao Amor”, de Edith Piaf; e “Edelweiss”, de Richard Rodgers.
https://www.google.com/url?q=https://acsp.com.br/publicacao/s/ acsp-e-fac-homenageiam-os-90-anos-de-ives-gandra&sa=U&sqi=2&ved=2ahUKEwirrfvcsOuQAxX6tJUCHQNUIjgQFnoECCkQAQ&usg=AOvVaw2kb9eFaf906hmOV49e8KNR *com informações da ACSP
