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Diário da Cuesta

120 ANOS! ANTÔNIO DELMANTO

Em 2005 fizemos uma edição especial da Revista PEABIRU em comemoração ao Centenário de Nascimento de Antônio Delmanto. Agora, uma edição especial do DIÁRIO DA CUESTA pelos 120 Anos do Nascimento de Antônio Delmanto.

A R T I G O

Uma inesquecível viagem de trem nos Anos 50...

Eu tive o privilégio de conhecer e usar a Sorocabana nos anos em que era a “toda poderosa” nos transportes de Botucatu a São Paulo. Nem se pensava em viagem de automóvel no início dos anos 50. Era de trem que se ia à capital. E era pela Sorocabana que se viajava... Às vezes e conforme a pressa, ia-se de avião (Botucatu tinha escala da VASP...)

Fiz viagens - com meus pais, é claro! – durante o dia, nas poltronas macias e bem cuidadas. Com os garçons servindo lanches, doces/salgados e refrigerantes... Outros, oferecendo revistas e jornais. E o Chefe de Trem conferindo e picotando os bilhetes... E fiz viagem à noite, no carro/ leito, com todas as fantasias que aquela experiência trazia para um menino que estava descobrindo que o mundo era maior que a sua casa, sua escola, sua rua e, nessa experiência, que era maior, bem maior, que a sua Botucatu... Cabines muito bem instaladas, com beliche, lavatório, bagageiro, espelho/luminária e o revestimento de madeira cuidadosamente envernizado. Era verdadeiramente... uma viagem! Uma viagem registrada para sempre... As refeições no vagão/restaurante completavam a excelência dessa experiência inesquecível: as mesas postas e arrumadas, os pratos e talheres pesados e bonitos (com o monograma da EFS), a apresentação dos pratos pedidos, a elegância dos garçons...

No frontispício da gare, o seu famoso e imponente relógio... O guichê de compra das passagens ainda no saguão de entrada com seu pé direito alto, seu magnífico vitral e seu teto trabalhado davam a devida grandiosidade àquele prédio da SOROCABANA. Na Praça fronteiriça, os “carros de aluguel”, com seus motoristas já conhecidos de todos...

O embarque e o desembarque era uma outra aventura. Na ESTAÇÃO, em Botucatu, tudo era grandioso: desde a entrada até a plataforma, a sala de espera das senhoras e o muito bom que era o seu Bar e Restaurante...

Diário da Cuesta

Durante a viagem, as paradas nas estações das cidades servidas pela ferrovia eram muito agitadas. Em Sorocaba, a parada maior. Em todas, o movimento grande de pessoas, dos carregadores, dos vendedores autônomos. Na hora certa, o apito do trem...

A chegada a São Paulo, na Estação Júlio Prestes, era um desembarque num outro mundo. Muito movimento, aquela imponência em tudo, a arquitetura grandiosa que até hoje é admirada e serve, agora, para a nobreza da “Sala São Paulo”, destinada a grandes concertos...

É... a SOROCABANA marcou um tempo, uma época grandiosa para todos nós que pudemos vivenciar a excelência dessa prestação de serviços.

Mas quero registrar, neste depoimento pessoal, uma experiência que vivi na nossa ESTAÇÃO e que me marcou para sempre... Era no início dos anos 50, mais precisamente em 1952, meus pais, Antônio e Fióca, e minha irmã, Fióca Helena, foram em viagem de férias para a Europa. Eram 3 os casais: meus pais, meus tios Humberto e Lucila Milanesi e o Sr. Astrogildo Santos Silva (Zilo) e sua esposa Mafalda Bissacot Silva. Para acompanhar

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

os amigos até o embarque, em Santos, foram vários amigos e parentes da capital e entre os de Botucatu, os casais Domingos Bacchi e Sra, Aleixo e Rina Delmanto e Sr. Lourenço Ferrari e Sra. E o Dr. Benedito Canto.

O regresso, com a chegada em Santos, e de São Paulo a Botucatu, novamente pela ferrovia. Aqui começa a estória que quero contar...

Os amigos de Botucatu, preocupados em bem receber o médico e político, organizaram uma recepção festiva na chegada à estação... Com direito a pequena banda de música e presença das famílias amigas, correligionários e políticos amigos. Antônio Delmanto não esperava essa prova de carinho. Até dirigentes partidários udenistas da capital foram convidados... Foi surpresa. Uma grande e agradável surpresa...

Desde a chegada do trem, na plataforma, começaram os cumprimentos e os votos de boas vindas. Afinal, era a ESTAÇÃO SOROCABANA a porta de entrada da cidade de Botucatu ! O reencontro de parentes, amigos, partidários e conhecidos alegra sempre quem está retornando à sua terra natal na busca da retomada da rotina pessoal e profissional...

Naquela movimentação, fiquei um pouco distante mas pude, logo depois, assistir à saudação que um jovem (era o professor Milton Mariano) fazia em nome de todos os botucatuenses ao amigo que regressava... Em frente à entrada principal, na escadaria, tem de cada lado, um patamar elevado. E foi exatamente subindo em um desses patamares que o jovem botucatuense proferiu o seu discurso com muita eloquência e emoção... Foi bonito. Meu pai ficou sensibilizado. Enfim estava em casa e entre amigos...

Depois, muitos cumprimentos, apertos de mãos, abraços... Consegui chegar perto de meus pais e abraçá-los. Tomamos um carro de aluguel e seguimos para casa, no Largo do Paratodos. Lá, continuou a movimentação com os parentes e amigos mais chegados. Terminara a viagem...

A comunidade “botucuda” soube acolher com carinho o regresso daquele seu filho... Já começava um novo tempo para todos. Para mim ficou gravada para sempre aquela cena, naquela ESTAÇÃO lotada de pessoas amigas, em frente àquele prédio que parecia imenso, com toda aquela manifestação de apreço àquele que, para mim, era um modelo e um amigo - um grande e inesquecível amigo!

Uma inesquecível viagem de trem nos Anos 50... (AMD)

O Diário da Cuesta não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressem apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do jornal. A publicação se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas, artigos e ensaios.

Meu Pai! Meu Amigo! Antônio Delmanto (1905/1994)

Saudosismo? Sim. Mas leve, com lembranças boas e retempero para continuar a caminhada...

Em 2005, no Centenário de seu nascimento, publiquei uma edição especial da revista PEABIRU dedicada a ele: “Médico Cidadão”. Na abertura da revista, eu escrevi nas “primeiras palavras”: “Esse o retrato que gostaria de apresentar a todos os botucatuenses: o retrato do Médico Cidadão. O retrato daquele que tinha a profissão, de fato, como um sacerdócio e o exercício da política, como uma tarefa, exatamente isso: uma tarefa a ser cumprida!”

DOIS MOMENTOS:

E, nas “palavras finais”, completando o trabalho sobre sua vida, eu escrevi: “No ano de 1976, eu lançava o meu primeiro livro sobre Botucatu. “Crônicas da Minha Cidade, e fazia a seguinte dedicatória: “Para Antônio Delmanto: meu pai, meu amigo, meu exemplo.” Hoje, é para ele e sobre ele todo o trabalho. Missão cumprida...

Esse trabalho que dedico a meu pai é – com certeza! – o mais importante que escrevi em toda a minha vida e ao qual dediquei todo o meu entusiasmo de filho e cidadão.

Saudades!”

Ontem, passei um bom tempo percorrendo meus registros do passado: fui a Vitoriana onde ele tinha um sítio, onde íamos nos finais de semana; passei na Misericórdia onde ele clinicava e operava; passei no clube (AAB); passei pelo sobrado na Praça do Paratodos; passei pelo Albergue Noturno que ele construiu e doou ao Município Saudosismo? Acredito que sim. Mas uma coisa leve, com lembranças boas e retempero para continuar a caminhada

Para encerrar, vou relatar as palavras registradas no meu livro, lançado em 2010:

“ História da Vitória Política Paulista: 1934”:

dos tinham e tem donos e, os não apadrinhados, só participam quando ocorre uma oportunidade dessas... Pois bem, fui até meu pai, político forjado no Partido Democrático, que se transformou depois no Partido Constitucionalista e acabou por formar a base da União Democrática Nacional, para pedir, como sempre, seus conselhos.

Fui direto na minha dúvida: “Olha pai, eu fui convidado para sair candidato pelo PDT a deputado federal. Mas, está difícil Eles (do PSDB) estão com a prefeitura municipal (Botucatu), deputado estadual, governador do estado e presidente da república... Está duro. Não sei se vale a pena...”

Eu tinha, na época, os meus 47/48 anos. E levei um “pito”! Ele, com seus 89 anos: “Olha aqui, se eu tivesse 10 anos menos, eu sairia candidato. Você tem que levantar a bandeira, rapaz! Senão, como é que vai ter mudança?”

“Eu me lembro de um fato ocorrido em 1994, quando eu fui candidato a Deputado Federal pelo PDT de São Paulo, tendo conseguido a legenda graças à interferência do jornalista amigo, Roberto D’Avila, então Secretário do Meio Ambiente do Rio. No absurdo da estrutura política brasileira, os parti-

Então, eu me senti deste tamanhinho...

Sai candidato. Foi uma vitória inesperada: 12 mil votos, só em Botucatu! Fui eleito 3º suplente (há + de 20 anos!). Não gastei um tostão... Quer dizer, fui candidato numa época em que não acreditava e a eleição foi uma surpresa... Meu pai me deu aquela lição de cidadania, aquele inesquecível “pito” e...morreu... Morreu em agosto e não chegou a ver o resultado da eleição...

Então, eu repito: É claro que vale a pena! Vale a pena lutar! Vale a pena viver! É isso que tenho procurado fazer durante toda a minha vida. Confesso que sem o desempenho contínuo que a cobrança paterna me teria feito Mas tenho procurado fazêlo Este livro faz parte desse esforço.”

É isso Saudades!

Meu pai, a Velhice e a Bondade Humana...

Nasceu em Botucatu, em 19/04/1905

“Há, realmente, certas horas, na vida dos indivíduos e dos cidadãos, em que, qualquer que seja a posição do corpo, a alma se encontra genuflexa, como afirmou, outrora, conhecido filósofo. Genuflexa diante do altar da Pátria, diante da virtude, da fé, do amor, como diante das forças vivas, que representam o amanhã dos povos...”

“Assim me encontro neste momento: Com a alma genuflexa, diante desta cerimônia de co-

Em homenagem de capa, a revista VITRINE prestou, em maio/94, significativa homenagem a meu pai que havia recebido em abril, no aniversário de Botucatu, o título de BOTUCATUENSE EMÉRITO. Faleceu em agosto de 94.

lação de grau dos Professores Primários do nosso velho e sempre novo Instituto de Educação “Dr. Cardoso de Almeida”, patrono escolhido pela magnanimidade de vosso gesto...”

Foram dois momentos que meu pai, Antônio Delmanto, interagiu com a sempre ESCOLA NORMAL “DR. CARDOSO DE ALMEIDA”. A primeira vez, em 1950, quando foi convidado pelas professorandas e pelos professorandos para ser o PARANINFO. A segunda vez, e 1968, quando foi convidado para ser o PATRONO. Quanta honra. E em ambos os anos, 1950 e 1968, antecedendo a Sessão Solene de Formatura da Escola Normal, ele participara com muito entusiasmo em duas de suas mais difíceis disputas políticas... E lá estava ele a postos com seus afilhados... Na ocasião, em 1968, marcou o seu discurso com uma frase que sempre vou me lembrar com muito orgulho:

“Mas uma coisa é importante. Sumamente séria. Há que depositar confiança naqueles que, como nós, um dia, sonhamos ter e nossas mãos, os destinos da comunidade...”

Esse paralelo entre as duas solenidades é para que tenhamos o cenário de cada uma delas com praticamente 20 anos de diferença: era o mesmo cidadão escolhido pela juventude de nossa sempre Meiga Escola.

Então, meu pai teve sua vida marca-

da pela interação positiva com a comunidade botucatuense... Era um vocacionado como médico e tinha, como político, uma tarefa a ser cumprida... Foi o que ele procurou fazer por toda a sua vida...

Depois, na velhice (faleceu com 89 anos), sempre se manteve com a mesma postura humilde e ia, em seus últimos anos de vida, pessoalmente aos bancos e lá enfrentava as inevitáveis filas...

Aí entra o registro que quero fazer: quem o teve como homem pú-

blico exemplar e cidadão do bem soube acompanhar sua vida em nossa comunidade. Desde 1937, como Diretor Clínico da Misericórdia Botucatuense (15 anos) e, em 1939, como Presidente da AAB - Associação Atlética Botucatuense (25 anos). Na paralela, construindo o Albergue Noturno que dirigiu por mais de 20 anos e, depois, doou à Prefeitura Municipal.

Então, na velhice, quase aposentado ele ia, como disse acima, pessoalmente aos bancos e lá enfrentava as inevitáveis

filas... E numa de suas idas ao Banespa, estando na fila, viveu um momento especial e inesquecível: saindo de sua posição no caixa, O AMIGO veio em sua direção... e falou do alto de seu 1,90m.: “não quero que o senhor fique na fila, Dr. Antoninho. Mande alguém me trazer os pagamentos a serem feitos que eu os faço e vou levar depois até a sua casa...”

Simples assim... ELE SEMPRE LEMBRAVA DESSE FATO COM EMOÇÃO...Para mim é uma lembrança que carrego de modo especial em minhas lembranças dele, de sua velhice e da bondade humana que existe sim e, o exemplo citado, é a sua prova provada...

Obrigado, amigo bancário! Grande abraço!

(AMD)

Foto publicada no jornal “FOLHA DE BOTUCATU”, de 15 de setembro de 1988 e reproduzida na revista PEABIRU Nº 29, DE 2010.
Na Edição Especial do Centenário foram destacadas as atuações de Antônio Delmanto na comunidade botucatuense.

Diário da Cuesta

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU

ANO II Nº 505 TERÇA-FEIRA, 21 DE JUNHO DE 2022

ABREU SODRÉ

À partir da esquerda: Cordeiro e Alfredo Chaguri (Bofete), Nelson Gasparini (Botucatu), Governador Abreu Sodré, Prefeito Wadhi Jorge (Anhembi), Antônio Delmanto (Botucatu), Pedreti Neto (Botucatu) e Prefeito Amaral de Barros (Botucatu), 1967.

Roberto Costa de Abreu Sodré nasceu no dia 21 de junho de 1918, na capital paulista, filho de Francisco de Paula Abreu Sodré e de Idalina Costa de Abreu Sodré. Pertencia a uma tradicional família de cafeicultores e pecuaristas da Média Sorocabana. Seu irmão Antônio Carlos de Abreu Sodré foi um dos líderes do Partido Democrático de São Paulo e do Partido Constitucionalista, Promotor Público e Vereador em Botucatu, revolucionário de 1932, constituinte de 1934 e deputado federal de 1935 a 1937 quando em dobradinha com o botucatuense Dante Delmanto foram eleitos com a maior votação do Estado. Roberto Sodré morou em Botucatu e estudou no Ginásio Diocesano (hoje, La Salle). Eleito Governador de São Paulo, fez

sua primeira viagem para o interior, vindo para Botucatu onde recebeu seu 1º título de Cidadão Leia histórico nas páginas 2, 3 e 4.

Avenida Conde de Serra Negra

Diário da Cuesta

NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM

- LAURINDO IZIDORO JAQUETACIDADÃO PRESTANTE / LÍDER

A Avenida Conde de Serra Negra já está recebendo a nova base para a pavimentação São várias frentes de trabalho atuando juntas, em pontos diferentes, para que a obra ocorra rápido e em breve tenhamos mais uma das entradas da cidade revitalizada. Botucatu crescendo e se modernizando no entorno da Cuesta!

No início dos anos 50, a aliança entre dois líderes botucatuenses: Antônio Delmanto e Lauro Jaqueta. O primeiro viria a ser Presidente da AAB – Associação Atlética Botucatuense e o segundo viria a ser o Presidente da AAF – Associação Atlética Ferroviária. A AAB era o orgulho da cidade de Botucatu pelo futebol e AAF era o orgulho e a alma dos vilenses pelo time do “Bairro”.

Leia o Editorial e o histórico da vida de Laurindo Izidoro Jaqueta nas páginas internas.

& EVENTOS

Notas&Fotos

CERIMÔNIA ESPECIAL NA ESCOLA DO MEIO AMBIENTE

No dia 15 de abril, a Escola do Meio Ambiente de Botucatu (EMA) completou 20 anos de atuação e marcou a data com uma cerimônia intimista conduzida pela diretora Eliana Gabriel. O encontro reuniu colaboradores, parceiros e convidados para celebrar a história da instituição, referência na promoção da educação ambiental, sustentabilidade e cidadania.

A celebração teve início com o plantio simbólico de uma muda de Jequitibá-Branco, árvore nativa brasileira, simbolizando o compromisso contínuo da EMA com a preservação da biodiversidade e a formação ambiental. Na sequência, os participantes compartilharam relatos emocionantes sobre momentos marcantes vividos ao longo dessas duas décadas, recebendo homenagens e lembranças preparadas pela diretora.

O evento foi encerrado com um lanche especial feito pela culinarista Tereza Telles, da própria escola. Entre os convidados estavam o Prof. Dr. Gilberto de Azevedo Borges, a primeira-dama Marcella Leite, Donizete Magrin e Adriana Pessoa, além de Conceição Degand, Cláudia Lopes, Padre Francisco Antunes, o músico e ex-monitor Arnaldo Silva, e representantes da UNIMED Botucatu, parceira da EMA.

Eliana Gabri, Diretora da EMA iniciando a abertura do evento

Convidados presentes

o

da

Fachada da Escola do Meio ambiente, EMA
Eliana iniciando
plantio
muda de Jequitibá Branco
Marcella Leite, Primeira dama de Botucatu e Donizete Magrin instalando a placa de 20 anos da EMA Claúdio Silva, músico e ex-monitor da EMA
Tereza Telles, nutricionista da EMA
Vista de parte da Represa Jorge Jim

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