Especial 37º Aniversário

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A importância do ambiente e da sustentabilidade num futuro que começa hoje

Comemoração Com vista a assinalar o aniversário do Diário de Aveiro, o seu jornal publica, hoje, um suplemento que dá destaque a diversos projetos relacionados com questões ambientais e de sustentabilidade. Estes projetos decorrem um pouco por toda a Região de Aveiro

Sabia que a UNESCO decidiu dedicar o ano de 2022 a pesquisas básicas para a sustentabilidade? Dado que o desenvolvimento sustentável está articulado com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável aprovados pela assembleia-geral das Nações Unidas e que esses objetivos requerem a contribuição das ciências básicas, promulgou-se, por consenso, que este ano seria o “Ano Internacional das ciências básicas para o desenvolvimento sustentável”. E este é o mote deste suplemento, que o Diário de Aveiro publica, hoje, para assinalar o seu 37.º aniversário.

Por esta altura deve estar a questionar-se sobre o que são exatamente as ciências básicas. As ciências básicas são ciências teóricas, que têm a tarefa de gerar teorias que expliquem determinados fenómenos. Alguns exemplos de ciências básicas são: a matemática, as ciências da vida e da saúde, a física e a química. Ora, este suplemento

dá-lhe a conhecer projetos direcionados para a proteção do meio ambiente e para a sustentabilidade, que também necessitaram de aplicar as ciências

básicas para desenvolver os seus respetivos estudos. Para lhe “abrir o apetite” deixamos-lhe, aqui, alguns dos temas que poderá conhecer ao longo das

próximas páginas: projetos promovidos pelo Porto de Aveiro, apostas da Universidade de Aveiro, pormenores sobre a inauguração do Ecocentro Mu-

nicipal, a primeira embarcação que recebeu a Bandeira Azul e um sistema de construção de infraestruturas com recurso a módulos reutilizáveis e baratos.

No 37.º aniversário, o Diário de Aveiro recorda-lhe que o futuro começa hoje, mas, sobretudo, que o meio ambiente pertence a toda a população e, por isso, também deve ser uma preocupação de todos.

Agenda 2030 aborda o desenvolvimento sustentável

Tal como se pode ler no “site” das Nações Unidas, o ano de 2015 ficará na história como o ano da definição da Agenda 2030, que aborda várias dimensões do desenvolvimento sustentável (sócio, económico e ambiental) e que “promove a paz, a justiça e as instituições”. Assim, a 1 de janeiro de 2016 entrou em vigor a resolução da Organização das Nações Unidas (ONU), intitulada “Transformar o nosso mundo: Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável”, constituída por 17 objetivos, desdobrados em 169 metas. A resolução foi aprovada pelos líderes mundiais no dia 25 de setembro de 2015, numa cimeira memorável, que se realizou na sede da ONU, em Nova Iorque.

A Agenda 2030 e os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são a visão comum para a Humanidade, um contrato entre os líderes mundiais e os povos e “uma lista das coisas a fazer em nome dos povos e do planeta”. Os progressos destes objetivos serão avaliados de forma regular, por cada país, envolvendo os governos, a sociedade civil, empresas e representantes dos vários grupos de interesse e compilados num relatório anual.

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TÉCNICA Fundador Adriano Lucas (1925-2011) Director Adriano Callé Lucas Director adjunto executivo Ivan Silva Fotograf a Eduardo Pina, Paulo Ramos, Ricardo Carvalhal e Arquivo e D.R. Textos Alberto Oliveira e Silva, Carla Real, Cláudia Azevedo, Georgina Prior, João Carlos Sampaio, João Henriques, Luís Ventura, Sandra Simões e Rui Cunha Paginação Inês Baptista, Isabel Antunes e Pedro Wadt Composição de publicidade Isabel Marques Coordenador da Publicidade Ivo Almeida Redacção Av. Dr. Lourenço Peixinho, n.º 15-5.º A | 3800-801 Aveiro. “E-mail”: diarioaveiro@diarioaveiro.pt TELEFONES Redacção: 234000031 Publicidade Geral: 234000030 FAXES Redacção: 234000032 Publicidade Geral: 234000033 CONCESSIONÁRIO DA EXPLORAÇÃO Diário de Aveiro Lda com sede na Av. Dr. Lourenço Peixinho, n.º 15-1.ºG 3800-801 Aveiro, matriculada na Cons. R. Com. de Aveiro sob o n.º1731 Capital Social: 5.000,00 euros | Contribuinte: 501547606. IMPRESSÃO FIG Indústrias Gráficas SA Tels.: 239499922 / 239499935 (239499936, após 18h30)
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Parabéns e uma vida sustentável

Acomemoração de uma data de aniversário é um bom preceito de tradição que queremos viver com a alegria renovada de quem vive e cresce, de quem é parte da nossa vida e do processo de crescimento e de desenvolvimento em que estamos empenhados todos os dias.

O Diário de Aveiro é um agente dessa vida e um parceiro desse processo, pelo que nos associamos à festa dos seus 37 anos de vida, com parabéns e um muito obrigado por todos os contributos para sermos uma sociedade informada, plural e democrática, lutadora por mais e melhor para a cidade, o município e a Região de Aveiro. Num tempo em que a sustentabilidade inspira este caderno do Diário de Aveiro e é uma palavra repetida muitas vezes sem o seu profundo sentido, enquanto obra de todos, é bom acentuar que os contributos para o bom desenvolvimento

e a boa prestação ambiental e social necessitam de uma verdadeira sustentabilidade que assenta em três pilares fundamentais.

O pilar Ambiental, porque temos de cuidar dos valores da Natureza que nos garantem o equilíbrio do Planeta Terra e a sua perenidade para as gerações vindouras.

O pilar Económico, porque temos de gerir os recursos de forma a podermos gerar as receitas que nos permitem assumir as despesas, pagando-as em tempo útil e com mecanismos efi-

cientes de produção e de distribuição de riqueza.

O pilar Social, onde a primazia do Ser Humano é o fator fundamental, para que possamos ser uma sociedade verdadeiramente inclusiva, sempre capaz de ajudar os que precisam de forma pontual ou definitiva, para que a vida lhes seja propícia.

É nesse quadro de sustentabilidade ambiental, económica e social que temos vindo a trabalhar na Câmara Municipal de Aveiro (CMA) e na Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro

(CIRA), num caminho por onde vamos prosseguir na viagem da vida, aproveitando oportunidades e lutando para debelar as dificuldades, com o devido planeamento.

Depois da reforma do planeamento da CMA, com a revisão dos IGT’s e a implementação de novos planos como o da cultura, temos em curso na CIRA a revisão do plano de ordenamento intermunicipal, agora Plano Estratégico, da Estratégia Integrada de Desenvolvimento Territorial e do PIMTRA, num importante processo de reflexão, debate e definição de estratégias de gestão do território, de desenvolvimento e de investimento que consiga tirar o máximo proveito dos Fundos Comunitários do PRR e do Portugal 2030.

Com o Diário de Aveiro seguimos juntos nesse caminho onde andamos como obreiros de um futuro melhor, em cada dia do presente. Estamos juntos e vamos continuar a ser mais capazes de sermos comunidade de gente mais obreira, mais solidária e mais feliz. E sempre aveirense.

Parabéns, continuamos a contar com o Diário de Aveiro.

* Presidente da Câmara Municipal de Aveiro | Presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro

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Centro de Portugal, uma região sustentável

Odesenvolvimento sustentável representa, hoje, muito mais do que um mero conceito teórico: é um objetivo comum a toda a humanidade e que entrou no léxico de qualquer atividade económica. Há que louvar o Diário de Aveiro por, em mais um aniversário, destacar a importância da sustentabilidade para o futuro do Planeta. O Turismo tem sido um grande impulsionador da sustentabilidade, em todas as suas vertentes: a ambiental, a económica e a social. No Centro de Portugal, essa é uma preocupação presente todos os dias. Esta região é um destino sustentável por definição e tem a ambição expressa de ser o destino mais sustentável do país.

A preocupação com o desenvolvimento sustentável vem ao encontro das necessidades dos turistas que, cada vez mais, mostram ter reais preocupações ecológicas e de sustentabilidade

em relação aos destinos. Segundo vários inquéritos internacionais, os visitantes estão até dispostos a pagar mais por serviços que denotem partilhar essa preocupação com a sustentabilidade.

Nos anos mais recentes, as autarquias, associações e empresários do Centro de Portugal perceberam as vantagens de apostarem numa oferta turística que assegure elevados padrões de sustentabilidade, em que o turista se integra harmoniosamente, respeitando as características distintivas e diferenciadoras dos territórios.

Os projetos turísticos sustentáveis, de qualidade, qualificam os destinos e, consequentemente, as populações locais. Em última linha, o valor gerado pela atividade turística deverá repercutir-se nas economias locais, de forma a beneficiar as populações e fazê-las sentir que são parte fundamental da operação turística, com a melhoria das suas condições de vida que tal representa. Por outro lado, essas mais-valias deverão também refletir-se na capacitação da oferta turística disponível, tornando-a ainda mais atrativa.

Uma das principais linhas estratégicas de ação da Turismo Centro de Portugal, presente no seu Plano Regional de Desenvolvimento Turístico 2020-2030, é precisamente a Sustentabilidade, nos seus pilares fundamentais – os pilares económico, social e ambiental. A estratégia de desenvolvimento turístico defendida por esta entidade assenta na promoção, preservação e gestão eficiente dos recursos, na redução da pegada de carbono, no envolvimento das comunidades e no desenvolvimento das economias locais.

Haverá poucas regiões tão bem preservadas como o Centro de Portugal. Este continua a ser um destino privilegiado para quem procura o verde da natureza, o ar puro das serras e florestas, a limpidez dos rios e regatos, as praias fluviais, as caminhadas, em comunhão com a flora e fauna autóctones. É uma região de excelência para quem procura turismo ativo, trilhos pedestres ou de bicicleta na natureza, mas também o património histórico, a cultura e o turismo espiritual. Esta é uma região que tem na sustentabilidade um trunfo estratégico, do qual muito nos orgulhamos.

* Presidente da Entidade Regional de Turismo do Centro de Portugal

06 Especial 37.º Aniversário
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Ecocentro Municipal inaugurado e aberto

O novo Ecocentro Municipal de Aveiro foi concluído e a inauguração ocorreu no passado dia 4 de junho. O equipamento destina-se a uso exclusivo de utilizadores domésticos residentes em Aveiro ou de utilizadores não-domésticos sediados no município, desde que produzam menos de 1.100 litros de resíduos por dia, incluindo frações recolhidas de forma seletiva e indiferenciada.

Localizado na Área de Atividades Económicas Aveiro Norte, mais conhecida por Zona Industrial de Taboeira, junto aos Serviços Urbanos da Câmara, o novo Ecocentro Municipal é um investimento da autarquia de cerca de 750 mil euros, tendo sido executado pela empresa Arouconstrói, Engenharia e Construções. Deste bolo total, perto de 220 mil euros correspondem a trabalhos de remoção de lixo de um antigo aterro ali localizado.

O início da obra de construção do novo ecocentro teve de ser replaneado, sendo que para além da remoção dos inertes foram necessários novos trabalhos de terraplanagem, para permitir o bom desenvolvi-

Novo aterro tem de entrar na agenda da região

A Câmara de Aveiro voltou a alertar, recentemente, para a necessidade de a região abrir o debate sobre a localização do futuro aterro sanitário que irá servir os municípios locais, cujos resíduos são, atualmente, encaminhados para a unidade existente em Eirol. Uma segunda célula irá ser ativada na unidade de tratamento mecânicobiológico

de resíduos gerida pela empresa ERSUC, mas uma vez esgotada a sua capacidade será preciso encontrar um local alternativo que garanta o funcionamento do sistema para os próximos anos, avisou Ribau Esteves, líder do município aveirense. «Preocupa-nos muito o futuro do aterro. Esgotada a célula dois não haverá mais es-

paço para outra célula. Outros municípios têm de iniciar proximamente uma discussão sobre esta matéria», assinalou o autarca da coligação PSD/CDS, notando que o debate e as decisões devem acontecer «com tempo», uma vez que construir uma nova unidade de raíz «demora nunca menos de quatro ou cinco anos».

O processo relativo à ativação da nova célula em Eirol está a andar e a licença até já terá sido emitida pela Agência Portuguesa do Ambiente, adiantou. Ribau Esteves quer também assegurada a «gestão com qualidade» do equipamento, depois de há cerca de um ano o efluente proveniente do aterro ter invadido terrenos agrícolas e arrua-

mentos locais. O problema não se repetiu, mas a autarquia, juntamente com a ERSUC, tem planos para criar uma nova conduta de escoamento até à estação de Cacia e daí até ao exutor submarino de São Jacinto. O projeto implica a construção de um novo arruamento junto à EN230, usando o traçado de um caminho que já existe pa-

ralelo à A1, por onde seguirá o novo coletor.

A via, que servirá para o tráfego de pesados de acesso ao aterro, será paga pelo município, faltando definir quem suportará os custos do coletor. No total, o investimento andará na casa de um milhão de euros, podendo estar executado entre o final de 2023 e o início de 2024.

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Especial
Aveiro Equipamento na Zona Industrial de Taboeira destina-se a uso exclusivo de utilizadores domésticos residentes
O novo equipamento pode receber mais de 650 toneladas por ano de resíduos urbanos

a todo o tipo de materiais

em Aveiro ou de utilizadores não-domésticos sedeados no município

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mento da empreitada, adiantou a edilidade aveirense.

O novo equipamento será gerido em regime de prestação de serviços pela empresa Veolia Portugal, possuindo capacidade para receber mais de 650 toneladas por ano de resíduos urbanos.

Para todo o tipo de materiais

De acordo com informações avançadas pela autarquia, praticamente todo o tipo de materiais podem ser depositados em

Taboeira, desde os tradicionais papel e cartão, embalagens de plástico ou metal e vidro até aos materiais menos comuns. Entre os vários tipos de resíduos que podem ser deposita-

dos, destaque para os mais conhecidos, como os verdes, a madeira, o entulho e os óleos minerais ou alimentares usados.

No ecocentro também será

possível deixar equipamentos eletrónicos, pneus ou têxteis e ainda produtos mais perigosos para o meio ambiente e para a saúde, como são disso exemplo as tintas, os vernizes e diluentes,

os solventes, os produtos de limpeza e os produtos hospitalares de autocuidados.

O ecocentro servirá para acolher, separadamente, materiais diversos que serão posteriormente encaminhados para empresas de valorização e tratamento de resíduos sólidos e urbanos, tendo em vista a sua reciclagem.

«Fundamental participação dos cidadãos»

Esta é uma obra que, segundo a Câmara de Aveiro, vem dar

«um relevante contributo ao nível da qualidade ambiental do município, nomeadamente pelo contínuo crescimento da qualidade da gestão dos resíduos urbanos, especificamente no que respeita à recolha seletiva e à reciclagem, com a fundamental participação dos cidadãos».

«O novo Ecocentro Municipal é mais um importante contributo para continuarmos a crescer na qualidade da gestão ambiental de Aveiro», finaliza a autarquia.

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Aniversário
750 Mil euros foi o valor investido pela autarquia. 220 Mil euros em trabalhos de remoção de lixo de um antigo aterro. 650 Toneladas por ano de resíduos urbanos. Números

Uma voz sempre presente ao serviço das populações

ODiário de Aveiro tem dado um importante contributo para a coesão e desenvolvimento social e afirmação da história e identidade da região. A permanência de uma edição impressa diária é, sem dúvida, para valorizar. Nesse pressuposto, acreditamos que um título forte e de referência é sempre uma grande mais-valia para as pessoas e as instituições.

Este 37.º aniversário assume-se, de facto, como um marco relevante num contexto complexo e difícil para a sociedade e, muito em particular, para a Comunicação Social, face à pressão e aos desafios que são permanentemente colocados. Mas é também um registo histórico, que faz deste jornal uma referência no conjunto das publicações periódicas do país.

A imprensa regional desempenha um papel altamente relevante, não só no âmbito territorial,

mas também na informação e no contributo para a manutenção de laços entre as gentes locais e as comunidades de emigrantes dispersas pelo mundo.

O Poder Local nem sempre é devidamente valorizado, tendo pouco espaço nos órgãos de comunicação social. O Diário de Aveiro tem sido, convenhamos, uma voz ao serviço das

populações do distrito real, do interior ao litoral. Esperamos - muito sinceramente - que mantenha esta dinâmica e este carinho para com os órgãos autárquicos, tantas vezes esquecidos, mas fundamentais no desenvolvimento das regiões.

Em período de aniversário, deixamos aqui uma palavra de agradecimento e de incentivo a toda a equipa que faz parte deste projeto editorial. Maiores êxitos para o Diário de Aveiro.

A imprensa regional desempenha um papel altamente relevante, não só no âmbito territorial, mas também na informação e no contributo para a manutenção de laços entre as gentes locais e as comunidades

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Aniversário
* Presidente da Câmara Municipal de Sever do Vouga
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Os tais “Cristianos Ronaldos”

Aatualidade nacional preocupa-me. Entendo que Portugal segue uma trajetória de “não-produção” cada vez mais acentuada. Já não lhe chegava a falta de mão-de-obra, o exacerbado peso dos impostos, e o preço exagerado dos custos de contexto, agora sofremos também do reflexo económico da pandemia e dos efeitos nocivos duma guerra inesperada.

As consequências de más políticas de ensino ao longo de mais de 40 anos, determinaram que o ensino superior fosse tido como a solução privilegiada, que determinaria uma nova cultura. A da «melhor vida para os filhos que os pais nunca tiveram». Os pais passaram a querer que os filhos fossem engenheiros e doutores! Com o aumento da procura, para além das Universidades Públicas também surgiram as Privadas. Começámos a “debitar” licenciados sem cuidarmos da saber se

o país os suportaria. Se havia empregos para os nossos jovens com qualificação superior. É um facto que qualificação gera emprego e assegura um aumento na economia do país, mas se assim é, porque é que nos encontramos neste estado? Cada vez mais se torna complicado entrar no mercado de trabalho após a conclusão de graus académicos, sendo esta situação

mais flagrante na área do ensino e investigação. A escassez de oportunidades, leva a que os jovens enveredem em muitos dos casos na internacionalização, buscando o que o nosso país não lhes pode oferecer, desmotivando-os acima de tudo. Com esta situação, voltámos uma vez mais a ter uma nova geração de emigrantes como há alguns anos aconteceu, víti-

mas da falta de oportunidades no próprio país. E para onde foram as outras profissões? As que sujam as mãos, sim, mas que também são essenciais para fazer girar o mundo? Ainda que ligeira, começa a haver uma inversão, mas ainda hoje o ensino profissional é tido como “parente pobre” do ensino. A máxima do «…só vai para o ensino profissional quem não serve para o superior», ainda vai grassando na mentalidade de muitos portugueses, e hoje é dramática a falta de profissionais deste âmbito intermédio. Os eletricistas, os mecânicos, os pedreiros, os serralheiros, os picheleiros, etc., escasseiam a olhos vistos! As empresas procuram-nos, mas cada vez mais sem sucesso. Os “mestres” que ensinavam as “artes e ofícios” percorreram já o seu tempo de profissão, e o certo é que nestes mais de 40 anos, escassearam os aprendizes! Foram para as Universidades! Não renovámos estas tão importantes profissões. E agora não temos mão de obra, e a qualificada que produzimos procura emprego no estrangeiro.

Os tais “Cristianos Ronaldos” de quem falava o Presidente da República ainda há poucos dias atrás…

102 Especial 37.º Aniversário
* Presidente da Câmara Municipal de Estarreja
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S. João da Madeira semeia a curiosidade científica em tenra idade

Em São João da Madeira, a curiosidade científica é semeada e incentivada desde cedo, com o programa “Pequenos Cientistas Sanjoanenses”, que, lançado em 2006/07 nas Escolas do 1.º Ciclo, pegou de estaca, com um alargamento em 2008/09 aos Jardins de Infância.

Tem por filosofia levar às salas de aula, no âmbito da disciplina “Estudo do Meio”, atividades de caráter prático e experimental, para «fazer nascer» nas crianças «o interesse no método científico».

Professores contratados para o efeito garantem, de 15 em 15 dias, uma aula de 90 minutos, abordando temáticas ligadas à

Biologia, à Geografia, às Ciências da Natureza, à Física e à Química.

«O que vamos fazer hoje?» é pergunta que Mariana Alves, professora de geologia, ouve frequentemente quando chega à sala de aula. No dia em que visitámos o 4.º ano da Escola Básica de Fundo de Vila mostrava à pequenada a filtração da água segundo os materiais existentes nos solos e nos rios.

Com recurso a material reciclado e preparado na sala.

Tendo por contextos o Dia Mundial do Ambiente e o Dia Mundial dos Oceanos, a docente pôs a turma a abordar os “R´s” ligados à protecção do nosso planeta: Repensar, Re-

duzir, Reutilizar, Reaproveitar, Reciclar, Recusar e Recuperar.

Mariana Alves explicou que cada sessão começa com uma vertente teórica, seguida pela experimentação. Acentuou que explora «os conteúdos» de Estudo de Meio, mas «indo um bocadinho mais além» no que diz respeito aos alunos do 4.º ano de escolaridade, que beneficiam de uma «antecipação de conteúdos» que encontrarão mais tarde no avançar da escolaridade, por exemplo, em disciplinas como a Físico-Química. Vincou que os trabalhos decorrem sob «o rigor» inerente à atividade científica, com «lançamento de questão inicial, experimentação com registo de

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Programa “Pequenos Cientistas Sanjoanenses” leva o método experimental aos Jardins de Infância e às Escolas do 1.º Ciclo do Ensino Básico Mariana Alves em aula com turma do 4.º ano da EB de Fundo de Vila

observações e registo de conclusões». Os conceitos científicos são ensinados e testados em relação com situações do mundo real.

Experiências com a água, as plantas e seres vivos do meio ambiente, experiências com materiais e objetos de uso corrente, os meios de transporte, o magnetismo, a poluição dos solos, a prevenção de incêndios e a eletricidade são alguns dos tópicos trabalhados nestas aulas.

Recordou ainda as primeiras aulas em Jardim de Infância e as expressões de espanto dos mais pequenos, perante determinadas experiências, com perguntas como «Foi magia?».

A professora Isabel Silva, coordenadora de estabelecimento na EB de Fundo de Vila, realçou que, quando a formação ambiental está no sumário do dia, «a formação cívica» também está presente nesses 90 minutos.

Partilhou que nem a pandemia parou os “Pequenos Cientistas Sanjoanenses”, que, durante a ausência de ensino presencial, continuaram a cultivar o gosto pela Ciência, com experiências a atividades feitas em casa. Fotos e vídeos desse labor foram enviados, pelos pais, para o estabelecimento de ensino.

Também testemunhou «o bom relacionamento» dos docentes contratados com os professores titulares das turmas. «Este é um dos melhores projetos educativos da Câmara Municipal», garantiu a coordenadora.

Irene Guimarães, vereadora com o pelouro da educação no governo local, salientou que, aquando do lançamento, a iniciativa era para ser de apenas um ano. Mas, «foi agarrada pela comunidade educativa» como oportunidade a não perder. Prosseguiu com financiamento/investimento de 50.000 euros por ano assumido pela Câ-

A Feira

Uma Feira da Ciência anual, aberta à comunidade e em especial às famílias dos pequenos cientistas, complementa o projeto “Pequenos Cientistas Sanjoanenses”.

Costuma ser um evento realizado num equipamento do município, tendo este ano, ainda por força dos constrangimentos pandémicos, decorrido nas escolas de 16 a 27 de maio passado.

Dirigida ao público escolar, é visitada por cerca de 2.000 crianças, através das respetivas turmas, que podem assim interagir em experiências divertidas e pedagógicas.

mara Municipal. Fazer com que, «de forma progressiva, os alunos se interessem pelos conteúdos científicos» é o objetivo estratégico que tem vindo a ser cumprido.

A que se junta o já mencionado antecipar de conteúdos que virão com o 2.º Ciclo do Ensino Básico.

O levar a experimentação para casa, envolvendo as famílias foi outra das mais-valias apontadas, com a autarca a enfatizar que o programa «é para continuar», até porque – disse – é um bom exemplo para outros municípios, em especial o modelo de «aulas coadjuvadas» instaurado na comunidade educativa de S. João da Madeira.

Os docentes técnicos que têm assumido as aulas científicas são contratados por concurso, estando a autarquia a pensar na institucionalização de um sistema que lhes dê vinculo.

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Especial 37.º Aniversário Alunos aplicam-se neste programa Alunos experimentam na Feira da Ciência anual
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Sinodalidade, um caminho para percorrermos juntos

OPapa Francisco ao propor o título do Sínodo de 2023 «Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão», fala da urgência e necessidade de viver a sinodalidade na Igreja de hoje – dela depende o futuro da Igreja e o remédio para muitas patologias que hoje emergem dolorosas e devastadoras.

A primeira etapa do processo (outubro 2021 – agosto 2022), de escuta e de consulta, diz respeito a cada uma das Igrejas diocesanas. O Sínodo é um convite para que cada Diocese abrace um caminho de profundo renovação conforme lhe for inspirado pela graça do Espírito de Deus. Como se afirma no Documento Preparatório, o Sínodo tem em conta uma questão principal: Como é que o nosso “caminhar juntos” se realiza hoje na Igreja? Que passos o

Espírito nos convida a dar para crescermos no nosso “caminhar juntos”?

São muitos os desafios sobre os quais temos de refletir: o desafio a edificar uma Igreja referida a Cristo, mais do que a si mesma; o desafio a levar a sério a natureza comunitária da Fé; o desafio a viver em estado de comunhão e de recomeço.

Cada um de nós é chamado a assumir a própria vida como missão e a refletir hoje sobre esta realidade: «Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo» (EG 273).

Alguns desafios da caminhada sinodal diocesana

Na nossa diocese de Aveiro tivemos cerca de 300 grupos que refletiram nas perguntas propostas para esta caminhada sinodal, cerca de 5.000 participantes, entre os quais, 250 através do online.

No dia 15 de maio realizou-se, no Seminário de Aveiro, a Assembleia Diocesana Sinodal. A Igreja, ao promover a consulta sinodal, abriu novos horizontes, favorecendo o encontro, a escuta, o acolhimento e o caminhar juntos. O povo revê-se neste processo, apesar de não o entender totalmente, por não ser uma prática habitual. Reconhece-se que já há espaços e

oportunidades de diálogo, mas reclama-se um maior investimento de pessoas e meios para o ministério da escuta e do acolhimento.

Aponto apenas alguns dos desafios que foram propostos e que me parecem muito atuais para a Igreja de hoje:

1.º Para que o projeto do Reino de Deus na sua visibilidade eclesial incarne na cultura atual com significado e sentido para todo o Povo de Deus, é necessário iniciar processos e caminhos de renovação e de reforma: conversão pessoal de cada batizado; renovação das estruturas e dos mecanismos que garantem a comunhão e a participação de todos na missão, que passa pela escuta atenta do que o Espírito diz à Igreja, e consequente discernimento para encontrar novos modos e meios para que o Evangelho seja comunicado e vivido com alegria.

2.º A implementação dos conselhos pastorais nas paróquias e o seu adequado funcionamento exige conversão aos sacerdotes e que tenham tempo e disponibilidade para o ministério da escuta.

3.º Temos de definir critérios e fazer opções pastorais com os diferentes grupos, refletidos e

decididos em conselho pastoral, para combater a improvisação e o individualismo. Só assim a pastoral será missionária e sinodal.

Este é o início de uma caminhada que desejamos aprofundar e que temos de melhorar nas nossas paróquias e movimentos apostólicos em ordem à sua renovação.

O Sínodo é um convite para que cada diocese abrace um caminho de profunda renovação, conforme lhe for inspirado pela graça do Espírito de Deus

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Melhor ambiente, melhor cidade, melhor planeta

dióxido de carbono (CO2) e a despesa municipal em eletricidade.

Em boa hora o Diário de Aveiro escolheu para tema da edição especial do seu 37.º aniversário o Ano Internacional das Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável, que se assinala ao longo de 2022, na sequência de resolução nesse sentido da Assembleia Geral das Nações Unidas. Essa é uma forma de destacar e reconhecer o papel fundamental da ciência no processo de definição e cumprimento das metas ambientais que devemos assumir, a nível global, em defesa do planeta.

Essa abordagem tem constituído uma das linhas temáticas das conferências “Pensar Futuro”, promovidas pelo Município de S. João da Madeira, que trouxeram à nossa cidade cientistas e especialistas em ambiente para debaterem alterações climáticas e a transição energética em sessões abertas ao público em geral.

Essas sessões têm proporcionado o enquadramento científico do investimento que o Município de S. João da Madeira tem feito, desde 2018, na área Ambiental, no sentido de uma grande mudança de paradigma no que diz respeito à redução do consumo de plástico e da produção de resíduos em geral, mas também na redução do consumo energético e das emissões de gases de efeito estufa.

Assim, nos eventos promovidos pelo Município de S. João da Madeira, deixaram de ser usa-

das embalagens de plástico de utilização única. Ao nível dos resíduos, avançou a recolha portaa-porta (de indiferenciados e seletivos) nas moradias do concelho, sistema que vai, agora, ser alargado aos biorresíduos.

Entretanto, ao nível energético, foi lançado o concurso para contratação da empreitada da 3.ª fase de instalação de LED na iluminação pública da cidade, empreitada que garantirá a cobertura total do concelho por este tipo de solução técnica, reduzindo-se, assim, as emissões de

Esta ação é uma das medidas previstas no Plano Municipal de Transição Energéticaaprovado em 2021, o qual fixa, como meta a atingir em 2030, a obtenção de uma redução de 49 por cento de emissões. Do mesmo modo, as intervenções previstas no Fórum Municipal, na escola EB2/3 e no novo edifício da Sanjotec, entre outras, devem exibir a impressão digital da eficiência energética.

Recentemente, em maio, foi lançado o concurso de contratação da empreitada de requalificação da Rua Oliveira Figueiredo, na Zona Industrial das Travessas, que, à semelhança de outras obras em curso na cidade, introduz modos suaves de circulação, nomeadamente, ciclovias e espaços pedonais.

Termino referindo ainda a importância do reforço da aposta nos transportes públicos, traduzida, no nosso concelho, na decisão da autarquia de tornar gratuitas para todos as viagens nos autocarros do TUS, o serviço de Transportes Urbanos do município de S. João da Madeira.

* Presidente da Câmara Municipal de S. João da Madeira

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A ciência como meio para a sustentabilidade ambiental no ano das 37 velas do Diário de Aveiro

Écom um gosto redobrado que, sempre que convidado pelo Diário de Aveiro, acedo a dar o meu contributo no que à explanação de uma temática ou temáticas, diz respeito.

Este artigo que levo até vós tem, desde logo, a satisfação maior de ser realizado sob um pano de fundo extremamente agradável: o 37.º aniversário deste jornal que, como repetidamente tenho afirmado, é uma das maiores referências no que ao desempenho da nobre tarefa de informar na área geográfica da Região de Aveiro diz respeito. Fá-lo a preceito, com isenção, competência e senso deontológico, o que nem sempre é fácil de encontrar, hoje em dia, noutras latitudes jornalísticas.

Assim sendo, as primeiras palavras deste artigo terão que ir, justamente, para o diretor deste jornal e nele, para toda a equipa de profissionais que colaboram no sentido de o Diário de Aveiro poder chegar todos os dias até nós, em papel ou digitalmente.

Parabéns pelo aniversário e felicitações pelo ótimo trabalho desempenhado.

Numa segunda vertente de abordagem temática, gostaria de me cingir ao assunto que foi proposto, ainda que de uma forma ligeira, aquando do convite que me foi efetuado, ou seja o ano de

2022 como “Ano Internacional das Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável”.

Com efeito, esta efeméride que, por decisão da Assembleia Geral das Nações Unidas, se celebrará ao longo de todo este ano, reconhece o valor das chamadas ciências básicas (Física, Biologia, Química, Matemática, entre outras) para a Humanidade, considerando que elevar a consciencialização global e a educação nestas disciplinas é fundamental para se atingir um desenvolvimento sustentável e melhorar a qualidade de vida.

Assim sendo, gostaria de, “puxando a brasa à minha sardinha” de autarca vaguense, dar testemunho do esforço que temos feito por desenvolver uma forte componente de educação ambiental, quer por via de projetos que, pela sua importância, foram objeto de financiamento pelo Fundo Ambiental, como é o “Vagos livre de Cortaderia” na procura da erradicação da erva-daspampas, quer por outros que são precisamente implementados junto das nossas comunidades escolares como seja o projeto “Sparc” que, em conjunto com o setor empresarial local preconiza a transformação de óleos usados em detergentes de limpeza num belíssimo exemplo de cooperação entre a indústria, o setor educativo e os poderes públicos com o objetivo de, através da aplicação prática de algumas das ciências básicas atrás descritas, estarmos, efetivamente, a contribuir para que a nossa sociedade possa dispor de ferramentas que permitam fazer do nosso mundo, um local muito mais sustentável e aprazível para se viver.

18 Especial 37.º Aniversário
Regalado *
* Presidente da Câmara Municipal de Vagos
Silvério
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Desenvolvimento sustentável na qualidade de vida

Como é que se compatibiliza desenvolvimento sustentável com qualidade de vida, considerando a evolução da humanidade e os índices de conforto atingidos nos tempos atuais?

O regresso às ciências naturais básicas é a resposta.

O contributo da ciência para a sociedade é inquestionável, possibilitando avanços nos mais diversos campos, como a saúde, a alimentação, a tecnologia, a energia e o ambiente; enriquece as sociedades e contribui para a melhoria da qualidade de vida. Ao responder a grandes questões e ao enfrentar os constantes desafios do quotidiano das sociedades, a ciência cria conhecimento, melhora a qualidade de vida das populações e permite a evolução constante da humanidade.

Centrando-me nas questões ambientais, a evolução da ciência e o crescente conhecimento da espécie humana permitirá que muitas das nossas preocupações atuais, relativamente às alterações climáticas, à poluição, à destruição de espécies, à preservação das florestas e dos oceanos, deixarão de existir a médio prazo. Conseguiremos superar este desafio e teremos um planeta cada vez mais verde, mais sustentável, assegurando o nosso futuro e das gerações vindouras. É fundamental o reforço do ensino das ciências básicas junto dos mais novos, formando-os e consciencializando-os para a necessidade de transformar o mundo, com foco no desenvolvimento sustentável assente nas dimensões económica, social e ambiental.

As ciências básicas permitem-nos evoluir; respondem, a par com as tecnologias emergentes, às necessidades da humanidade. Têm um papel fundamental no desenvolvimento sustentável, na nossa forma de estar e também na forma como vemos o mundo, como vemos as cidades. No município de Santa Maria da Feira há muito que olhamos a cidade de forma diferente. Queremos uma cidade inteligente, vivida, habitada e atrativa. Queremos uma cidade sustentável que concilie, de forma harmoniosa, o tecido urbano

com a natureza; que proporcione escolas de qualidade, emprego, equipamentos de cultura e deporto, serviços, saúde, segurança, e, simultaneamente, espaços de lazer e zonas verdes que contribuam para a crescente qualidade de vida da população. Santa Maria da Feira oferece, hoje, tudo o que as grandes cidades disponibilizam, mas com uma qualidade de vida que apenas as médias cidades conseguem proporcionar.

Para viver a cidade de uma forma plena, estamos a construir ciclovias no território, incentivando, desta forma, o uso da mobilidade em modos suaves; investimos nos passadiços em todo o concelho que permitem a prática de desporto informal em contacto com a natureza, e perspetivamos, em breve, implementar uma nova forma de mobilidade no território, introduzindo na cidade as bicicletas e trotinetes elétricas. Esta será mais uma das nossas apostas na promoção da mobilidade ativa sustentável, ambientalmente responsável, inovadora e economicamente vantajosa.

É possível sim, é crucial, compatibilizarmos desenvolvimento sustentável com qualidade de vida!

Termino as minhas palavras, felicitando toda

a equipa do Diário de Aveiro que, ao longo destes 37 anos, tem trabalhado para posicionar este órgão de comunicação social no distrito de Aveiro e na região Norte, através de um jornalismo de referência, sério e credível. Parabéns!

*

da

No município de Santa Maria da Feira há muito que olhamos a cidade de forma diferente. Queremos uma cidade inteligente, vivida, habitada e atrativa

20 Especial 37.º Aniversário
Presidente Câmara Municipal de Santa Maria da Feira Emídio Sousa *
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Todos temos um desafio. Um desafio que nos abre portas para o futuro

E este desafio é o nosso futuro. O meu, o dos meus filhos e da minha família. Dos meus amigos, dos meus fregueses e dos meus munícipes. Cidadãos todos e todos meus vizinhos neste planeta.

Temos todos um desafio. Um desafio que nos abre portas para o futuro. E esse desafio exige conhecimento, exige ciência.

A sustentabilidade e o crescimento responsável dependem do conhecimento, dependem da ciência.

Vivemos “agarrados” à tecnologia, mas devíamos estar “agarrados” ao conhecimento e às ciências básicas.

Este ano comemora-se o Ano Internacional das Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável e o Município de Oliveira do Bairro associa-se a esta efeméride consciente que às autarquias locais cabe, também, um papel para agarrarmos este desafio.

E se me cabe a mim, enquanto presidente de Câmara de Oliveira do Bairro, através do trabalho da equipa que lidero, proporcionar os meios para que os alunos do meu concelho tenham as condições físicas e humanas para alcançar o conhecimento que nos permita alcançar a sustentabilidade, também devo dar um pouco mais.

Um pouco mais, porque é preciso um pouco mais. Não apenas o que é possível e expectável. É preciso um pouco mais. E, por isso, damos um pouco mais.

Temos o privilégio de ter no nosso concelho uma instituição que tem o seu foco na divulgação do conhecimento científico e da inserção da ciência na cultura geral: o Instituto de Educação e Cidadania – IEC.

O IEC atua como uma Escola Ciência Viva com estreita ligação às instituições de ensino superior, aos institutos de investigação científica,

às empresas baseadas nas novas tecnologias, às escolas, aos organismos nacionais e locais que fomentam a divulgação científica e cultural.

O município e o IEC souberam abraçar, juntos, a divulgação científica nas escolas e na população. Através das suas competências na educação do concelho, o município desafiou o IEC a ir às escolas e à comunidade escolar intervir na promoção do conhecimento científico dos nossos alunos.

Esta parceria é um exemplo da nossa postura: integrar as entidades e instituições do sector da educação e do conhecimento no crescimento intelectual e científico da nossa população.

Por isso, a nossa aposta no ensino superior no nosso concelho, em parceria com a Universidade de Aveiro, depois da aposta no conhecimento científico, que se mantém, para o ensino básico e secundário com o IEC.

Temos como certo que a consciência e o saber fazem o caminho para o futuro que queremos para nós e para os nossos. É esse caminho que queremos continuar a percorrer.

Quando escrevo que a consciência e o saber

fazem parte deste caminho, coloco como componentes dessa calçada os órgãos de informação. E reconheço como pedra dessa calçada o Diário de Aveiro.

Ao Diário de Aveiro, aos seus jornalistas, aos seus colaboradores e seus leitores os parabéns do Município de Oliveira do Bairro por mais um aniversário.

Bem hajam.

* Presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Bairro

O município e o IEC souberam abraçar, juntos, a divulgação científica nas escolas e na população. Através das competências na educação, o município desafiou o IEC a ir à escolas

22 Especial 37.º Aniversário
Duarte Novo *
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Porque nos sentimos (in)seguros?

Aanálise concetual sobre o sentimento de insegurança assenta, tradicionalmente, em duas grandes correntes: a de tradição anglo-saxónica, que traduz o sentimento, basicamente, nos índices da criminalidade, e a teoria de forte inspiração francófona, em especial, de Sebastian Roché, que defende que este sentimento é construído a partir de um conjunto de fatores que afetam a perceção de segurança dos indivíduos.

A tendência generalizada de estabelecer uma relação direta entre crime e sentimento de insegurança é redutora, mas tem, segundo o mesmo autor, uma explicação: o crime atinge os indivíduos numa vertente íntima e profunda, ligada ao seu corpo, à sua casa e aos seus bens.

que contribuem para este sentimento, dos quais destacamos: os sociodemográficos (idade, género, escolaridade, profissão); os relacionados com o meio envolvente (grafitis, higiene urbana, falta de iluminação, incivilidades); a experiência pessoal (ou de conhecidos) de vitimação; a falta de confiança no sistema judicial e nas polícias; as fontes de informação (família, vizinhos, colegas de trabalho); os media (através da difusão repetida do cometimento de crimes) e a visibilidade policial.

A polícia tem um papel relevante na construção do sentimento de segurança, pois compete-lhe combater o crime e, desta forma, “influenciar” as estatísticas criminais. Neste particular, dados do RASI2021 indicam que a criminalidade geral no distrito de Aveiro decresceu 0,7 por cento, comparativamente a 2020, e a criminalidade violenta obteve uma variação de menos 12,5 por cento. Na área de responsabilidade da PSP, esta variação foi, respetivamente, de menos 2,8 por cento e de menos 26,1 por cento. Ainda assim, pelo anteriormente dito, uma comunidade pode percecionar um sentimento de insegurança que nada tem a ver com a realidade criminal.

A PSP desenvolve uma estratégia de policia-

mento que contribui positivamente para a perceção que as populações têm sobre a sua segurança, materializada na visibilidade policial. Através desta, direciona-se o policiamento, melhorase a vigilância e a capacidade de reação atempada, diminui-se o grau de ansiedade e a probabilidade de se ser vítima de crime e cria-se uma relação de proximidade, comunicação e confiança entre os polícias e os cidadãos.

A esta responsabilidade policial devemos acrescentar, em primeiro lugar, a que os diversos atores sociais devem ter na mitigação dos fatores que contribuem para a criação deste sentimento, através da adoção de comportamentos que impedem a probabilidade de ocorrência de crimes (diminuição das oportunidades); da redução das desigualdades sociais; da disseminação precoce (via família e escola) para uma cultura de segurança; do fortalecimento das relações de amizade e de vizinhança; da criação de “espaços” públicos seguros (por exemplo, através de técnicas de prevenção situacional e de design urbano) e da eliminação dos sinais das incivilidades.

Por último, destacar o papel preponderante que os media têm nesta temática, podendo contribuir positivamente para uma cultura de pre-

venção criminal, pois têm um forte efeito sobre as perceções das pessoas e sobre a forma como estas percebem e interpretam os conteúdos transmitidos, com reflexos diretos na construção deste sentimento.

* Comandante Distrital, Superintendente

A polícia tem um papel relevante na construção do sentimento de segurança, pois compete-lhe combater o crime e, desta forma, “influências” as estatísticas criminais

24 Especial 37.º Aniversário
Assim, deverão acrescentar-se outros fatores
*
Virgínia Cruz

EPADRVaposta forte na qualidade, na sustentabilidade e na diversidade

Antes de mais, apresentamos as nossas felicitações ao Diário de Aveiro pelo seu inexcedível papel na valorização de Aveiro, da Região das Beiras e das suas gentes durante os seus 37 anos de existência.

A EPADRV tem tido várias parcerias com o DA como veículo de informação e divulgação, aproveitando a implantação do jornal para noticiar as suas atividades, os seus eventos e os seus projetos.

A EPADRV perfila-se como uma escola com características idiossincráticas, pela sua implantação geográfica fora dos centros urbanos, numa vasta área florestal onde se respira natureza, com instalações e equipamentos invejáveis (Polo

Equestre, Polo de Bovinos Leiteiros, Polo Pedagógico, Polo Tecnológico e Polo de Restauração) que proporcionam as condições ideais para a formação nas disciplinas da componente técnica das diferentes áreas formativas (agropecuária, equitação, restauração e manutenção industrial). Dispõe igualmente de uma residência escolar que alberga alunos de vários quadrantes geográficos de Portugal e também dos PALOP, prefigurando-se por isso como uma escola que valoriza a inclusão e a diversidade.

Por outro lado, ao longo da sua história, tem estabelecido vários protocolos e parcerias estratégicas com instituições/empresas locais, regionais, nacionais e internacionais de referência, que asseguram que os seus alunos possam estagiar em empresas de qualidade e que facilitem a sua inserção no mercado de trabalho ou o prosseguimento de estudos.

Outra marca identitária da EPADRV prendese com a sua preocupação com a sustentabilidade, nas suas várias dimensões, e envolvendo todos os cursos, com especial proeminência na

área da agropecuária. Os desafios que se colocam à agricultura, por força das alterações climáticas, são uma realidade, obrigando a repensar os atuais modelos e sistemas de produção alimentar em prol do desenvolvimento sustentável, por via do incremento de novos modelos que respeitem os princípios da agroecologia e de dietas alimentares antes sustentáveis.

Atenta a esta problemática, a EPADRV tem sabido orientar ações, junto da sua comunidade educativa e a comunidade envolvente à escola, promotoras de tal desiderato, consciencializando sobretudo os jovens que frequentam o curso de Técnico de Produção Agropecuária para esta problemática. Muitas Iniciativas técnico-pedagógicas foram alicerçadas em projetos que refletem a preocupação da EPADRV em formar futuros técnicos de produção agropecuária mais conscientes, sobretudo ao nível do incremento de práticas agrícolas de conservação, mas também ao nível da produção pecuária que salvaguarde a saúde e o bem-estar animal.

Não vacilaremos na nossa responsabilidade

em formar a nova geração para os desafios de um futuro sustentável e continuaremos a contar com a preciosa colaboração do Diário de Aveiro para dar a conhecer as múltiplas facetas da EPADRV. Reitero as minhas felicitações pelos seus 37 anos de valioso contributo para a informação dos seus leitores.

Os desafios que se colocam à agricultura, por força das alterações climáticas, são uma realidade, obrigando a repensar os atuais modelos e sistemas de produção alimentar

25 Especial 37.º Aniversário
Paulo Jorge Ramalho Alves *

Investigadores da UA estudam impactos e

Análise Equipa do CESAM e dos Departamentos de Química e de Biologia dedica-se a desenvolver projetos para reduzir

Um grupo de investigadores do CESAM (Centro de Estudos do Ambiente e do Mar), do Departamento de Química e do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro (UA) iniciou em janeiro deste ano um projeto que está a estudar a possibilidade de serem criadas soluções para o tratamento de plástico, que podem resultar na

Estas estratégias «são sustentadas no uso de micro-organismos e/ou enzimas como potenciais abordagens no tratamento destes resíduos e, presentemente, não existem trabalhos que se debrucem sobre misturas de plásticos, especificamente».

Tratam-se de «soluções ambientalmente sustentáveis», que

misturas contendo diferentes polímeros de diferentes características, com o potencial associado de utilização da biomassa gerada para a obtenção de produtos de alto valor acrescentado, num contexto de economia circular».

Teresa Rocha Santos, doutorada em química, investigadora principal com agregação e

Tratam-se de «soluções ambientalmente sustentáveis», que «podem permitir a remoção de misturas de vários polímeros»

estão nas fases iniciais, mas perspetivou que, se o projeto tiver sucesso, poderá eventualmente resultar em Estações de Tratamento de Plástico, que poderão ficar situadas perto da costa ou junto a Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR’s), constituindo, até, em várias cidades, «uma fase de tratamento terciário das mes-

o trabalho com fungos para remover os plásticos começou em 2017 «com um fungo e um polímero virgem», criado para fins industriais, havendo que testar a técnica «em vários polímeros», que o mesmo é dizer em diversos tipos de plástico.

Plásticos no fundo do mar A investigadora assinalou que

26 Especial 37.º Aniversário

soluções para o tratamento de plásticos

a presença de plástico nos oceanos, rios e lagos. A criação de Estações de Tratamento está em estudo

muitos – 70 por cento desse plástico vai para o fundo do mar.

Como, se vão fragmentando e separando, dão origem a «um problema muito maior», os microplásticos, que são muito mais pequenos (menos de cinco milímetros) e que são de duas origens: podem ser de origem primária, descarregados diretamente nas águas, como as microesferas que integram as purpurinas e os produtos cosméticos, ou podem ser de origem secundária, quando são resultantes da degradação de outros plásticos.

Os microplásticos de origem secundária podem ser consequência da «agitação mecânica» nos Oceanos, por ações das ondas e dos ventos, de micro-organismos que aderem aos plásticos e de outros fatores.

E podem fragmentar-se ainda mais.

Como sublinhou Teresa Rocha Santos, os nanoplásticos «são ainda mais pequenos» e os dois tipos acabam por se distribuir pela coluna de água, sendo, por exemplo, «confundidos» pela vida marinha como

alimento, assim entrando na cadeia alimentar.

Enfatizou que um dos desafios com que os cientistas se deparam é acertar com as metodologias que permitam detetar todos os tipos de plástico. «É aí que a química é fundamental», afirmou.

Cooperação com a Sérvia

Teresa Rocha Santos coordena um projeto de cooperação bilateral Portugal/Sérvia que estuda “a Influência dos microplásticos nos recursos hídricos”. Estima-se que mais de 80 por cento da poluicao por plasticos seja transportada pelos rios para os oceanos. No entanto, existe um co-

nhecimento limitado sobre a contribuicao das artérias fluviais para esse tipo de poluicao.

Este projeto avalia a absorcao (adesão de moléculas de um fluído a uma superfície sólida) de poluentes organicos em microplasticos, incluindo a avaliacao da influencia de

Assegurou que fazer essa deteção «é extremamente difícil, exigindo equipamentos adequados para a recolha de amostras e para a sua análise».

O grupo de investigação iniciou trabalho com surtidas à beira-mar, nomeadamente à Praia da Barra e à Praia da Cos-

ta Nova, em Ílhavo, para assinalar plásticos maiores e microplásticos.

Com nota de que não dá para lançar nos mares fungos que resolvam todos os problemas, avisou que urge «uma mudança de comportamentos», que, conjugada com a «ajuda da

ciência», altere o atual paradigma poluidor.

Infiltrados na roupa

A 1 de julho inicia-se um outro projeto, liderado por Teresa Rocha Santos e realizado em parceria com o CITEVE, que é o Centro Tecnológico, sediado em Famalicão, do setor têxtil e do vestuário.

diferentes constituintes e propriedades da agua nessas interacoes. Também visa otimizar a amostragem e tecnicas analiticas para monitoracao de microplasticos em agua, fornecer formacao a jovens cientistas e partilhar e trocar conhecimentos cientificos e experiencias

entre as equipas servias e portuguesas. A equipa de investigação do CESAM/Departamentos de Química e de Biologia é muito solicitada na área dos microplásticos, colaborando com investigadores nacionais e internacionais e acolhendo doutorandos e bolseiros.

O objetivo será «detetar as fibras de plástico que, na lavagem da roupa, passam para a água, seguindo, depois, para as ETAR’s».

Salientou que é parte de um muito maior projeto, integrado por mais de meia centena de parceiros e financiado pelo “PRR (Programa de Recuperação e Resiliência”) Bioeconomia”.

Com término previsto para 15 de julho, o projeto “ComPET”

27 Especial 37.º Aniversário

Especial 37.º Aniversário

da investigadora Ana Luísa Patrício Silva, doutorada em biologia e investigadora júnior, tem estudado os efeitos ecotoxicológicos dos microplásticos nos organismos que vivem nos ecossistemas dos fundos de riose de lagos. Também visoua melhoria das metodologias de deteção nesses meios.

Dos resultados apurados, testemunhou que «alguns organismos, como as larvas de mosquito, são muito sensíveis à presença de microplásticos». Explicou que ingerem-nos e não os conseguem eliminar do sistema, o que lhes gera «uma falsa sensação de saciedade» e lhes «afeta o crescimento e o sistema imunitário».

Considerou ter recolhido «bons indicadores», que mostram «os efeitos bioquímicos»

desses elementos nocivos. Finalizado em Janeiro deste ano, o projeto “MicroPlastox”, que foi desenvolvido por João P. da Costa e por Teresa Rocha Santos, estudou o desenvolvimento de metodologias para a deteção de plásticos e de microplásticos.

Visou «preencher as lacunas de conhecimento no que concerne à existência de protocolos e metodologias para a amostragem e identificação de microplásticos e à existência de protocolos e métodos para a correta avaliação ecotoxicológica».

No seu âmbito, foi desenvolvido um drone para a recolha de amostras na superfície e na coluna de água.

Teresa Rocha Santos reafirmou que, neste combate, é fundamental avançar com o desenvolvimento de «métodos de deteção» de plásticos, pois determinar que esse tipo de poluição é «ambientalmente relevante» implica que que se tenha noção da quantidade de micro e nanoplásticos nos oceanos.

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Larvas de mosquito ingerem os mcicroplásticos, que lhes criam problemas de desenvolvimento Drone para recolha de amostras de água Fungos que ajudam a eliminar plástico Teresa Rocha afirmou que é fundamental avançar com o desenvolvimento de métodos de deteção
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Porto de Aveiro “navega” para se tornar um “Porto Verde e Inteligente”

Transição A Administração do Porto de Aveiro possui um plano de ação para, nos próximos anos, implementar a transição digital e energética em toda a área portuária. O objetivo é reduzir a emissão de gases com efeito de estufa em 55 por cento até 2030

Os Estados-membros da ONU aprovaram, em assembleia geral, a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, visando a aplicação de medidas sustentáveis nas áreas do social, económico e ambiental com vista à obtenção da paz, justiça e instituições eficazes.

E porque «todos têm um papel a desempenhar» como refere a ONU, também as administrações portuárias mostram a sua preocupação com a sustentabilidade e apresentam medidas concretas. Tal como

os restantes portos que subscreveram o Pacto Ecológico Europeu, também a Administração do Porto de Aveiro se compromete a reduzir progressivamente a emissão de gases com efeito de estufa até que seja atingida a neutralidade em 2050.

Nesse sentido, o Porto de Aveiro já se encontra a desenvolver «ações e processos inovadores com base nas melhores práticas, bem como nos projetos em curso, com ambição de expandir gradualmente as melhores soluções de forma

O Porto de Aveiro já se encontra a desenvolver «ações e processos com base nas melhoras práticas, bem como nos projetos em curso»

a integrar os objetivos de transição portuária na agenda da comunidade portuária e “stakeholders”». E estabeleceu metas para os próximos anos: reduzir as emissões de gases com efeito de estufa de 55 por cento em 2030, de 75 por cento em 2040 e de 100 por cento em 2050.

«Neste contexto, em 2030, o Porto de Aveiro fará uma avaliação do progresso da estratégia de transição energética, tendo em vista a eventual necessidade de reorganização das suas prioridades de inves-

timento», refere o conselho de administração da estrutura portuária localizada na Gafanha da Nazaré, presidido por Fátima Alves.

Plano estratégico formalizado em 2021

Foi em fevereiro de 2021 que a Administração do Porto de Aveiro (APA) formalizou o seu Plano Estratégico para a Transição Energética do Porto de Aveiro, com o objetivo de, em parceria com «toda a comunidade portuária», se tornar num «porto sustentável baseado na

produção e armazenamento de energias renováveis», mas também na «promoção da produção local de biocombustíveis avançados», no sentido de garantir a «eficiência e a poupança de energia».

São vários os projetos que se encontram em desenvolvimento ou a decorrer no terreno, no entanto, a APA garante que irá «aproveitar todas as oportunidades de negócio, investimento e financiamento existentes» - sejam nacionais ou internacionais -, «de modo a acelerar esta transição para

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Aniversário

um “Porto Verde” e inteligente que, a não ser assim, serão implementados de forma mais lenta», como realçam os administradores.

Aquando do 214.º aniversário do Porto de Aveiro, celebrado em abril passado, em entrevista ao Diário de Aveiro, Fátima Alves adiantou que a Estratégia de Transição Energética «integra um roteiro com ações realistas e concretizáveis a curto e médio prazo, tendo em vista a mudança de paradigma no setor portuário», enumerando a produção de energias renováveis, prestação de serviços de fornecimento de energia elétrica, disponibilização de biocombustíveis avançados, promoção da eficiência energética em edifícios, serviços e atividades portuárias, digitalização, entre outras.

No total, e segundo adiantou Fátima Alves, para este triénio, a APA prevê «um investimento de cerca de 18,5 milhões de euros» para desenvolver a transição energética do Porto de Aveiro.

Especial 37.º Aniversário

«Em2020,avançámosparaa liderançadeumconsórcio de42parceirosnumacandidatura aos Green Ports da UniãoEuropeia,tambémcomposto portrêsportosparceiroseuropeus, tendo-se criado um “cluster” do Porto deAveiroconstituídopor15parceiros, tais como a EFACEC, a PRIO, a MARLO, a Universidade de Aveiro, a EDP,aBondalti,aCâmaraMunicipalde Aveiro, INOVA+, ASM Industries, bem comoutilizadoresfinais,comdestaque paraaAssociaçãodasEmpresasdeEstiva do Porto de Aveiro, aTINITA, Seacarrier e Portline, e contámos ainda comoapoiode34“stakeholders”locais e nacionais. Esta candidatura foi pioneiranoPortodeAveiro,edeterminanteparaconstruirmosumaredede parceirosedepartilhadeconhecimentoparaconcretizarmosadescarbonizaçãodoportoqueestáadaros primeirospassos».

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37.º Aniversário

Biocombustível avançado abastece embarcações e máquinas

PROJETOS São vários os projetos que se encontram a ser desenvolvidos na estrutura portuária aveirense, para que se torne num porto cada vez mais sustentável.

Promovidos por entidades parceiras, pela própria administração ou entidades sediadas no Porto de Aveiro, dos vários projetos em curso constam, por exemplo, a transformação digital e introdução da comunicação 5G para se alcançar um “Smart Port” (ou seja, um porto inteligente), controlo da portaria e acessos da estrutura portuária ou a produção de biocombustível avançado.

Este último projeto é fruto da parceria entre a PRIO, sediada no Terminal de Granéis Líquidos do Porto de Aveiro e produtora de biocombustíveis avançados, produzidos a partir de resíduos e que podem ser utilizados nos equipamentos já existentes. O objetivo é, segundo a empresa, que «o caminho

de descarbonização seja aqui e agora».

«Uma vez já presentes neste caminho de futuro, tornou-se inevitável o apoio dado ao Porto de Aveiro na concretização do caminho de descarbonização. Assim, no plano de ação do Porto de Aveiro, a PRIO promoveu a utilização de biocom-

bustíveis avançados para abastecimento de navios, embarcações portuárias e outras embarcações locais, bem como para reabastecimento de equipamentos portuários e camiões», refere a empresa.

Paralelamente, participou, também, numa candidatura conjunta, em consórcio euro-

peu, a um financiamento a nível europeu e que permitiria potenciar a utilização destas soluções e outras medidas relativas à transição energética. Deste modo, e como adiantou, em abril passado, Rosário Rocha, gestora de projectos de inovação da PRIO, foi no início de 2021 que se iniciou a «utili-

zação de Eco Diesel, um combustível com 15 por cento de biocombustível avançado, pela empresa de estiva Aveiport, que pode ser utilizado em equipamentos portuários e que permite a redução de até 18 por cento das emissões de CO2 [dióxido de carbono]», adiantando, ainda, que o início pas-

sou pela utilização deste combustível num equipamento. De salientar que, num ano, foram utilizados mais de 30 mil litros que representaram uma redução de emissões de 12 toneladas de CO2.

Perante os «bons resultados», a utilização deste Eco Diesel foi «estendida a mais equipamentos», incluindo, recentemente, o abastecimento da lancha de pilotos. No passado dia 16 de junho, o Porto de Aveiro dava nota, no seu “website” do «primeiro abastecimento da lancha “Triângulo”com o Eco Bunkers, um produto desenvolvido pela PRIO, com 15 por cento de biodiesel avançado e que é produzido a partir de matérias-primas residuais, fruto de um processo de economia circular». Com este projeto-piloto, a APA prevê a «redução até 18 por cento das emissões de gases com efeito de estufa e a redição do consumo de combustível até 10 por cento».

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Especial
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Aniversário

a embarcação solari ique ganhou Bandeira Azuli

Ambiente

Entre a lista de praias, portos e marinas que receberam a Bandera Azul este ano, consta uma embarcação: a “Gaivinha”, da Sterna - Aveiro Ria Tours & Birdwatching, que anda pela Ria de Aveiro a mostrar o melhor que a laguna tem.

Trata-se de uma embarcação amiga do ambiente, movida a luz solar, e que avança pela ria adentro em completo silêncio e sem causar nenhum

tipo de poluição. Este ano, o galardão que atesta a qualidade chegou a esta embarcação e Sandra Oliveira não deicou de mostrar a sua alegria pelo reconhecimento, embora admita que é um reconhecimento justo, tendo em conta tratar-se de um projeto sustentável.

Por outro lado, entende que que a aprovação da candidatura é uma boa oportunidade

Trata-se

para «dar a conhecer mais a actividade da Sterna e da Gaivinha e uma forma de chamar as pessoas para a Ria, que não se resume aos canais urbanos».

A empresa, que realiza viagens pela Ria, com a protecção do meio ambiente, da fauna e da flora também como “bandeiras”, espera contribuir para que as novas gerações continuem a usufruir da Ria.

“Amiga” da Ria de Aveiro

Gestão e educação ambiental, informação, segurança e serviços, responsabilidade social e atividade responsável perante a vida selvagem, foram critérios considerados para a atribuição do galardão à Sterna, «vocacionada para o turismo náutico e de natureza, (…) para dar a conhecer a sua beleza natural (da Ria) e a grande biodiversidade ao lon-

go dos seus mais de 200 quilómetros navegáveis». A Gaivinha minimiza o «impacto neste sensível ecossistema, porque não é poluente, é silenciosa, sem emissões de CO2, movida integralmente a energia solar», e isso também deverá ter pesado na decisão da atribuição da Bandeira Azul, que já está hasteada na embarcação mais “amiga” da Ria de Aveiro.

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Especial 37.º
Na lista das 431 praias, marinas e embarcações de ecoturismo que exibem, esta época balnear, a Bandeira Azul, 14 são da região de Aveiro. A este número acresce, ainda, a atribuição do galardão de qualidade à embarcação de ecoturismo aveirense “Gaivinha”
de uma embarcação amiga do ambiente, movida a luz solar e que avança pela ria adentro em silêncio i“Gaivinha”,
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Especial 37.º Aniversário

Navegar a bordo da “Gaivinha” com certificação ambiental

A “Gaivinha” iniciou o ano de 2022 com um sério compromisso: adotar práticas sustentáveis nas rotinas diárias.

«Procuramos contribuir para um desígnio comum, mais respeitador e impulsionador do desenvolvimento económico, social e ambiental no salgado da Ria de Aveiro», num processo que teve início em parceria com a Biosphere e que ajudou a dupla Sandra Oliveira e Estêvão Castro a alcançar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda das Nações Unidas para 2030.

Foram vários meses de trabalho em estreita parceria com a Biosphere, quer em consultoria, quer em formação, e que valeu todo o esforço, uma vez que a certificação acaba de chegar à “Gaivinha”, «por ter demonstrado com sucesso o cumprimento das ações Biosphere Sustainable alinhadas com os 17 Objetivos de Desen-

funcionários num projeto comum e sendo positivamente valorizado pelos seus clientes”,

tal como se pode ler no documento oficial da respetiva certificação.

destaca a promoção do consumo de alimentos com denominação de origem da região, como é o caso dos ovos moles e das raivas, adquiridas a empresas locais, a implementação de medidas de segurança e prevenção de riscos para colaboradores e clientes, a implementação de medidas para reduzir a infecção por COVID-19 e a implementação de políticas capazes de diminuir a poluição da água da Ria, concretamente usando detergentes ecológicos e biodegradáveis.

A estas junta, ainda, o esforço que é feito para a divulgação do património cultural e natural local e a oferta de água não engarrafada aos clientes e colaboradores em garrafas e copos reutilizáveis.

Mas há mais metas a serem cumpridas, de forma a criar um equilíbrio ambiental, económico e sociocultural na ria, pois só assim será possível evoluir sem comprometer as gerações futuras e conservar os ecossistemas e os recursos naturais.

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volvimento Sustentável (ODS), da Agenda das Nações Unidas para 2030, envolvendo vários Consumo local Dos objetivos já alcançados pela Sterna, Sandra Oliveira
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Experiências invulgares proporcionadas pela “Gaivinha”

Viagens com um marnoto a bordo

Zarpar numa ilha e apanhar cricos e navalhas

«Ainda mais impactante do que estar sentado numa embarcação silenciosa e sustentável a apreciar a ria, é atracar junto a uma ‘ilha’, saltar borda fora e viver a experiência de apanhar navalhas (lingueirão), o que tem os seus segredos, e cricos (berbigão)», afirmam os responsáveis da “Gaivinha”, que soma mais esta às suas experiências. Uma oportunidade ideal para todos, mas muito interessante para famílias com crianças, para começarem desde cedo a conhecer a ria, a apreciá-la e respeitá-la, lamentando que os próprios aveirenses desconheçam o “coração” da Ria, que é muito mais do que os canais centrais.

Uma vez por mês, a “Gaivinha” recebe um marnoto a bordo para partilhar histórias, memórias, saberes e uma paixão imensa pelo salgado com quem embarcar para um passeio pela Ria de Aveiro.

Esta é uma nova aposta de Sandra Oliveira, Estêvão Castro e Sílvio Vilar para a época turística deste ano, e contam com o marnoto Paulo Simões para isso.

Ao longo de duas horas de viagem, entre marinhas, muros, palheiros, bandos de cegonhas, corvos e paisagens de cortar a respiração, Paulo Simões, marnoto da marinha da Universidade de Aveiro, fala da situação actual do sslgado aveirense, mas essencialmente partilha com quem for a abordo as suas memórias de marnoto…, do tempo em que havia 295 marinhas a produzirem sal, e delas saíam 4.000 vagões carregados, o que correspondia a cerca de 40.000 toneladas de “ouro branco”.

Uma grande economia local, que chegava a todo o país e estrangeiro, e que convenceu Paulo Simões a abraçar esta profissão com toda a paixão, já lá vão 36 anos.

Com uma duração de três horas, o embarque fazse junto à antiga lota e parte-se com espírito de aventura. A empresa prepara tudo para a captura das navalhas, o que implica garrafas plásticas preparadas com uma mangueira na tampa e muito sal. Uma vez escolhido o local ideal, e aqui entra a sabedoria náutica do piloto, é lançada a âncora e há que saltar borda fora, mesmo que a água dê acima dos joelhos. A roupa confortável é altamente aconselhada e creme protector também.

Uma vez chegados a terra... começa a captura. De olhos no chão e seguindo as instruções de quem sabe, há que encontrar «buraquinhos fundos na areia, mas não perfeitos», e «atirar para dentro uma boa esguichada de água» extremamente salgada. E não é preciso esperar muito para ver sair as “verdadeiras” navalhas da Ria... «agora é só puxar, devagar, mas com firmeza».

O tempo voa e quando se dá conta já passaram horas e, entretanto vê-se passar um bando de flamingos, ou os voos picados das gaivinhas, que até deram nome à embarcação de Sandra e Estêvão. Toda a natureza, virgem e serena, envolve a experiência, do princípio ao fim.

Para mais informações: 916 780 198 ou info@ sterna.pt

38 Especial 37.º Aniversário
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Pangloss e Cândido

Onosso inesquecível Eça de Queiroz, com o fino sentido de humor crítico que lhe era peculiar, escreveu que «a história é uma velhota, que se repete sem cessar».

Com o devido respeito por todas as anciãs, e tomando como válida a imagem que aquela frase pretende transmitir, talvez por esse motivo, há obras literárias que se tornam intemporais.

É o caso do curioso livro “Cândido ou o Otimismo” que Voltaire escreveu nos idos anos da segunda metade do Século XVIII, pouco depois do terramoto de Lisboa, o qual deve ser revisitado ainda que muito sumariamente.

E porquê? Porque o papel de duas figuras centrais do referido livro, o senhor Pangloss e o jovem Cândido se adaptam com perfeição a determinados atores públicos atuais.

Pangloss era uma figura dotada de uma predisposição altamente otimista que recomendava obstinadamente o mantra “tudo vai pelo melhor no melhor dos mundos possíveis”, aconselhando a encarar tudo de forma positiva e assim procurava influenciar os demais à sua volta, nomeadamente Cândido, o seu jovem protegido, para que contassem sempre com o lado positivo das coisas.

Ora, como a vida bem nos vai ensinando, nem tudo acontece como imaginamos ou desejamos porque não dominamos todos os fatores nem circunstâncias, não por falta de vontade própria,

mas simplesmente porque outros têm também desejos próprios e visões diferentes das nossas, para além de existirem condicionantes naturais que jamais poderemos controlar em nosso proveito.

O jovem Cândido, ainda inexperiente, ia crescendo e acolhendo com satisfação os ensinamentos do seu mestre Pangloss. Mas à medida a sua perceção do mundo ia evoluindo e que os acontecimentos se iam sucedendo, não só de modo favorável mas também desfavoravelmente, as dúvidas de Cândido começavam a levantar-se e a acumular-se, até chegar ao ponto de deixar de acreditar e rejeitar o mantra otimista do patrono.

Quando inquirido por essa mudança de atitude, Cândido não contrariou totalmente o seu mestre, mas argumentou dizendo enigmaticamente que «tudo muito bem dito, mas o importante é cultivarmos o nosso jardim».

Vivemos tempos de grandes descobertas e

conquistas da ciência e da técnica que muito têm contribuído para o progresso da Humanidade, mas não só vivemos também tempos de grandes incertezas, nomeadamente causadas por pandemias e guerras, como também estamos a sofrer consequências não imaginadas com origem no uso reiterado e despreocupado de algumas dessas descobertas, tal como há mais de um século acontece com o uso indiscriminado dos combustíveis fósseis que tanto tem prejudicado o ambiente ao ponto de estar já colocar em risco o equilíbrio do nosso planeta.

É verdade que o pessimismo não é estimulante, mas também é verdade que não podemos valorizar somente o lado positivo das coisas e dá-lo como certo ou adquirido.

A generalidade dos nossos empresários conhecem essas duas faces da moeda e sabem que quando investem num projeto sabem que ele não está isento de risco. Fazem contas, tomam precauções e trabalham com as suas equipas

para esse projeto resulte, seja no plano económico seja no plano social ou outro, para que seja reconhecido e dê frutos para todos.

Por tanto, contam com a reação positiva dos consumidores, mas também com a de outras entidades que possam vir a estar envolvidas na cadeia de valor, inclusivamente de instâncias oficiais e dos seus responsáveis, de quem esperam acolhimento, apoio e tratamento transparente para as suas necessidades, até porque a mudança é uma constante e com ela novos desafios se deparam continuadamente.

Por isso, causa perplexidade ouvir tanta propaganda exaltando, empolando e por vezes distorcendo os critérios de avaliação para que tudo apresente resultados positivos, silenciando os desfavoráveis, fazendo promessas e promessas, criando a ilusão de que vivemos no melhor dos mundos e que nada há a acautelar, corrigir ou melhorar no nosso jardim.

Só que os resultados estatísticos vão revelando outras faces menos positivas ou mesmo negativas: produtividade baixa, descapitalização das empresas persistente, dívida soberana a subir em termos absolutos, carga fiscal a aumentar, falta de mão-de-obra a agravar-se, desemprego jovem a aumentar, pobreza a crescer, défice demográfico crescente há vários anos, etc., etc.

Nestas circunstâncias, a comunicação social tem um papel de elevada importância e responsabilidade, na medida em que lhe compete transmitir informação idónea, imparcial e completa.

O Diário de Aveiro tem procurado trilhar esse caminho ao longo dos 37 anos que agora completa, esforço pelo qual merece os parabéns e que incentivamos a prosseguir com denodo, para que a viagem se prolongue indefinidamente.

40 Especial 37.º Aniversário

Neutralidade carbónica: um princípio de justiça intergeracional

no seu Plano Nacional Energia e Clima objetivos compatíveis com os Europeus.

Equilibrar as emissões e a absorção de gases com efeito de estufa é o objetivo mais importante na agenda global. O impacto crescente das alterações climáticas na nossa saúde e na saúde do planeta está a mudar a forma como abordamos o desenvolvimento. Já não é o planeta que determina o futuro da humanidade; é a humanidade que tem nas mãos o futuro do planeta.

Em 2019, a Comissão Europeia estabeleceu como objetivo atingir até 2050 a neutralidade para o clima. Até 2030, as emissões de gases com efeito de estufa deverão reduzir-se 55 por cento ou mais, face a 1990. Portugal, um dos países europeus mais afetados pelas alterações climáticas, associou-se a este objetivo, estabelecendo

As instituições de ensino superior são fulcrais para a concretização deste objetivo global. Podem contribuir com novas soluções para remover ou compensar o impacto ambiental nocivo; através da educação, mobilizando para uma cidadania mais amiga do ambiente; e através do exemplo, constituindo-se como uma montra de práticas de cidadania ambiental e assumindo objetivos precisos quanto à sua própria pegada ecológica. Não faz sentido qualificar novas gerações para o futuro se essas gerações se vierem a deparar com um planeta desprovido de condições para o exercício dessas qualificações.

São as gerações mais velhas que tomam decisões sobre o futuro, mas serão as gerações mais novas a sentir o impacto dessas decisões. Por isso, o desenvolvimento sustentável também é uma questão de justiça intergeracional: a neces-

de amanhã. A preocupação com o ambiente foi assumida pela Universidade de Aveiro ainda nos anos 70, com o primeiro Departamento de Ambiente e Ordenamento e o primeiro curso de Engenharia do Ambiente do país, numa altura em que a sensibilidade para estes problemas era bem diferente da que existe hoje.

Quase meio século depois, a Universidade de Aveiro volta hoje a ser pioneira, ao anunciar a neutralidade carbónica como objetivo institucional. Para isso, seguirá um calendário e um roteiro validados cientificamente para ser uma “Universidade carbono-zero líquido” até 2040 e “carbono-zero líquido para os campi”em 2030. É uma decisão que respeita quer o nosso passado, quer o nosso futuro.

Espera-se que o exemplo da Universidade de Aveiro sirva de inspiração a outras instituições de ensino superior, porque é de exemplos assim que depende o nosso futuro.

Vale a pena pensar nisso.

* Reitor da Universidade de Aveiro

41 Especial 37.º Aniversário
sidade de garantir que o bem-estar das gerações de hoje não condiciona o bem-estar das gerações

Em tempos conturbados e incertos como são os que vivemos hoje procuramos, em Oliveira de Azeméis, retomar a normalidade desejada em todos os setores.As obras estratégicas que temos no terreno, das quais realço a requalificação (em fase final) do cineteatro Caracas, demonstram bem qual o rumo que temos seguido para este concelho fazendo dele um município moderno, inovador e competitivo.

A médio prazo os oliveirenses irão contar com outras infraestruturas importantes para o seu dia-a-dia destacando-se, por exemplo, o futuro mercado municipal (em reabilitação) e a construção da Estação Multimodal de Transportes, dois polos que criarão outras dinâmicas sociais

e económicas, tornando mais atrativo e competitivo o centro da cidade.Procuramos proporcionar mais qualidade de vida à população, não só através de obras de grandes dimensões mas também através de investimentos financeiramente mais baixos mas essenciais para a vida diária dos oliveirenses como, por exemplo, a construção da ponte das Aldas, uma travessia que permite, finalmente, um acesso rodoviário direto e rápido ao centro da cidade.

Para usufruto da população encontra-se em

construção o Parque Inclusivo entre a biblioteca municipal e a zona desportiva da cidade, uma infraestrutura que visa combater a exclusão social.Já em Cucujães, prosseguem as obras de reabilitação da antiga estação ferroviária do Vouga com o objetivo de ali instalar o Albergue Municipal de Peregrinos.Na educação, em parceria com a Universidade de Aveiro, estamos focados em avançar com a construção de residências universitárias para os alunos da Escola Superior Aveiro estando a ser preparada uma candidatura

conjunta a fundos europeus. Em fase de obra continua a reabilitação da antiga Escola de Artes e Ofícios, um edifício histórico e emblemático ligado ao ensino.A futura transformação da Casa Sequeira Monterroso em Fórum Municipal é outra aposta na recuperação do património edificado, colocando-o ao serviço dos oliveirenses. No plano social aprovámos a “Estratégia Local de Habitação”, um instrumento importante para a autarquia intervir em matéria habitacional junto de quem necessita de uma habitação condigna. Trata-se de um documento orientador, apontando para um investimento de sete milhões de euros para beneficiar 102 famílias até 2026.A finalizar, não posso deixar de me referir ao projeto de turismo industrial, uma aposta deste executivo destinado a promover a industrialização do território e a imagem do município junto de turistas nacionais e estrangeiros, proporcionando-lhes experiências únicas.Temos claramente em construção um município liderante e apetecível para viver, investir e trabalhar.

42 Especial 37.º Aniversário
* Presidente da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis
«Hoje, procuramos, em Oliveira de Azeméis, retomar a normalidade desejada em todos os setores»
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Qualificação e competência

Nos últimos tempos, ouvimos com regularidade que temos «a geração mais qualificada de sempre». É verdade, temos evoluído imenso neste capítulo:

1. no que diz respeito ao ensino i. as taxas de analfabetismo são praticamente nulas,

ii. temos uma rede de escolas e respetiva organização com um leque de oferta incomparável ao que anteriormente existia

iii. o acesso ao ensino superior está muito mais garantido

iv. temos ensino superior com cursos para todos os gostos e feitios v. bem como, mestrados e doutoramentos

2. quanto à formação profissional i. para além da evolução na lei laboral, onde

esta obriga as empresas a facultar aos seus trabalhadores formação de 40 horas por ano ii. quer dada dentro da empresa iii. quer recorrendo à disponibilidade de uma vasta oferta de formação certificada e gra-

tuita através dos diferentes programas de apoio que a União Europeia subsidia

Apesar da Comissão Europeia ter divulgado, recentemente, os dados referentes à previsão de crescimento económico dos países da União

Europeia em 2022, onde Portugal surge em destaque, com um crescimento de 5,8 por cento face a 2021 (maior crescimento da UE) temos e devemos perceber que esta taxa de crescimento é homóloga, isto é perante um ano de 2021 ainda com fortes restrições relacionadas com a pandemia de Covid-19 (o confinamento geral ou parcial ainda foi uma realidade na maioria dos países europeus durante alguns períodos), e tendo Portugal sido uma das economias mais afetadas (inclusive pela continuação da interrupção do turismo) e alvo de mais restrições, estes aparentes fortes crescimentos em 2022 são naturais.

Fazendo então o exercício de comparabilidade do Produto Interno Bruto real em 2022 com os níveis pré-pandemia, verifica-se que Portugal é uma das economias que menos irá crescer em 2022 face a 2019 (apenas 1,7 por cento). O 8.º pior desempenho entre as 27 economias da UE. Temos um PIB per capita abaixo da média da EU, e aqui estamos a falar de produtividade, de eficácia de eficiência enfim de competência.

* Presidente da Direção da Associação Comercial do Distrito de Aveiro

44 Especial 37.º Aniversário
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A floresta precisa da Comunicação Social

Atualmente, temos a tendência de acreditar que o desenvolvimento de qualquer atividade acontece unicamente com base nos avanços tecnológicos e na sua aplicação prática em cada contexto.

Porém, esta verdade absoluta nem sempre se verifica e temos na floresta um exemplo paradigmático disso mesmo. As decisões políticas para a floresta e para o setor são, muitas vezes, tomadas

reagindo a acontecimentos catastróficos ou a manifestações da sociedade.

A questão pode tornar-se preocupante, quando assistimos, nas últimas décadas, a uma profunda transformação da sociedade, que é cada vez mais urbana, mais distante geograficamente, sentimentalmente e economicamente da gestão do restante território, mas que, mesmo assim, não se inibe de opinar e mesmo de criticar a atuação de quem vive no mundo rural.

É aqui que a floresta precisa da colaboração da comunicação social, para informar correta e positivamente sobre a sua importância e sobre o esforço diário das gentes que dela dependem na manutenção do mundo rural. As populações rurais precisam de mais espaço e tempo de antena.

Falar de floresta tem que ser mais do que falar de incêndios, ou de outros dramas associados ao setor. É fundamental que todos tenhamos a plena consciência do valor da floresta, quer pela sua importância ao nível ambiental, quer ao nível socioeconómico, na criação de riqueza, na garantia de serviço para milhares de empresas, e de dezenas de milhares de postos de trabalho.

AAssociação Florestal do Baixo Vouga aceita este desafio, contando com o DIÁRIO DE AVEIRO para, em conjunto, contribuirmos para a correta informação e sensibilização da sociedade e, igualmente, para combater a desinformação, o desconhecimento e até os fundamentalismos que, comummente, observamos sobre estas temáticas.

Parabéns ao Diário de Aveiro por mais um aniversário e fazemos votos para que continue com dinâmica, energia e responsabilidade no seu trabalho de informação e influência sobre as boas causas.

Falar da floresta tem que ser mais do que falar de incêndios ou de outros dramas associados ao setor. É fundamental que todos tenhamos a plena consciência do valor da floresta, quer pela sua importância ao nível ambiental, quer ao nível socioeconómico

46 Especial 37.º Aniversário
* Presidente da Direção da Associação Florestal do Baixo Vouga
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O conhecimento deve estar ao serviço do progresso e do bem-estar de todos

OMunicípio de Ílhavo assumiu um compromisso com o conhecimento com vista ao progresso do território e a uma melhor qualidade de vida para as gerações presentes e futuras.

Hoje, mais do que nunca, e depois de uma crise de saúde pública à escala global, sabemos que a ciência e o conhecimento são fundamentais para a democracia e o desenvolvimento sustentável económico, social, cultural e ambiental.

Nesse sentido, o Município de Ílhavo aposta nas ciências naturais e sociais e na tecnologia para enfrentar desafios societais como o envelhecimento, a educação, a competitividade económica e o ambiente.

O nosso apoio a construção de uma capacidade científica e tecnológica é direcionada para perspetivas de melhor qualidade de vida, melhor emprego, melhor compreensão e proteção da biodiversidade e mais justiça social.

Nos primeiros sete meses da nossa governação demos passos importantes neste sentido. No início do ano inaugurámos o Laboratório do Envelhecimento, um projeto inovador e único Portugal, apoiado em parcerias com entidades do universo académico, tecnológico, da saúde e do setor social, que tem como objetivo principal aumentar o conhecimento sobre o envelhecimento.

Recentemente o Laboratório do Envelhecimento foi galardoado com o prémio internacional “Grundtving”, elevando-o a exemplo internacional de boas práticas no ensino informal de adultos, nomeadamente de idosos, através de uma aprendizagem transformadora.

O convívio intergeracional, a familiarização

com as novas tecnologias, a criação artística, as atividades de estimulação cognitiva, a formação de cuidadores, as conversas com investigadores, foram algumas das atividades reconhecidas pelo júri internacional como “importantes e transformadoras” no ensino de adultos.

No âmbito da Educação, o nosso EstaleiroEstação Científica de Ílhavo, enquanto espaço totalmente dedicado à ciência e à tecnologia, desempenha um papel determinante na promoção da ciência, da literacia científica e do pensamento computacional. Adicionalmente, estamos a fomentar o acesso das meninas a educação científica, que é um dos objetivos da Agenda 2030.

Aqui, crianças e jovens, através de atividades práticas nas áreas das ciências, robótica e programação, aprendem a solucionar problemas específicos e a tratar das necessidades da sociedade através do uso de conhecimentos e técnicas científicas e tecnológicas.

A Educação Ambiental assume também um papel importante na nossa governação, com as Eco-escolas e a mediação cultural, que promovem a literacia ambiental e do oceano, passando por projetos culturais dirigidos a todos os públicos, como o Planteia, e as hortas comunitárias trabalhadas pelos seniores no Fórum da Maioridade e Laboratório do Envelhecimento.

Precisamos de mais educação em ciências básicas para alcançar a Agenda 2030 e os seus 17 objetivos de desenvolvimento sustentável. Só conseguiremos atingir uma maior consciência global, se as crianças e os jovens forem capazes de desenvolver as competências, as capacidades, as atitudes e os valores que lhes permitam aprender continuamente, compreender, questionar, interagir, tomar decisões e transformar o mundo em que vivem.

As políticas locais que temos desenvolvido para os jovens foram recentemente premiadas com o “Selo de Município Amigo da Juventude”.

A aprendizagem transformadora e a educação são, deste modo, prioridades da nossa governação, pois acreditamos que é, através aprendizagem contínua e significativa e da educação, que conseguimos um progresso social, económico e cultural.

Neste 37.º aniversário do Diário de Aveiro, o meu agradecimento profundo ao seu importante sentido de missão de informar e ao seu valioso papel na construção e transformação da nossa comunidade e da Região de Aveiro, pois uma sociedade mais informada é, seguramente, mais livre, mais responsável, mais comprometida e mais sábia.

Nesta ocasião de celebração conjunta e de visão para o futuro, o Município de Ílhavo reforça o seu compromisso de envidar todos os esforços no sentido de promover o diálogo entre a comunidade científica e a sociedade e de agir, de forma ética e cooperativa, para fortalecer o conhecimento e a sua aplicação com vista ao progresso e ao bem-estar de todos.

Neste Ano Internacional das Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável, mais do que nunca, somos convocados a reunir as ciências básicas, a cooperação, a participação cívica e a comunicação para um desafio que é todos e de cada um. Acredito que juntos vamos construir um tempo melhor para as gerações que nos sucederem.

* Presidente da Câmara Municipal de Ílhavo

A aprendizagem e a educação são prioridades da nossa governação, pois acreditamos que é, através aprendizagem contínua e significativa e da educação, que conseguimos um progresso

48 Especial 37.º Aniversário
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O desporto como veículo de promoção do desenvolvimento sustentável

possibilitem um futuro com o mínimo de sobressaltos.

Para a UNESCO, 2022 é o Ano Internacional das Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável. Uma data marcante, que pretende promover novos hábitos e diferentes mentalidades, tendo em vista a garantia das necessidades do presente sem o comprometimento daquelas que são as necessidades das gerações do futuro.

Ao dia de hoje, são claros os problemas que nos afetam e que, direta ou indiretamente, impactam a sustentabilidade e o futuro da sociedade enquanto a conhecemos. E, também por isso, o tema surge com pertinência elevada, fomentando o debate, a consciencialização e o trabalho coletivo em busca de soluções que

Não sendo uma ciência básica, o desporto pode, dentro do seu contexto, ser uma importante peça nesta batalha a favor da sustentabilidade. Com os valores que lhe estão associados e pela força que representa junto de uma comunidade, a prática desportiva deve prepararse para ser um exemplo a todos os níveis, através de um trabalho contínuo orientado para a consciencialização e para a mudança de hábitos ou rotinas que se afigurem prejudiciais.

Na AFA, esta é uma preocupação real. Entre diferentes áreas de atuação, são várias as medidas adotadas, que vão desde o encorajamento à educação e formação dos jovens atletas, à garantia do respeito pelas normas ambientais ou à promoção da igualdade de género.

Em 2021, por exemplo, a AFA voltou a bater um recorde no que a Entidades Formadoras diz respeito. Um trabalho dos clubes e dos seus representantes, que, de forma abnegada, conti-

nuam a dar provas do bom dirigismo que nos distingue. Ao todo, são 66 os clubes e/ou entidades certificadas em Aveiro, o que comprova o compromisso com a educação e a formação dos jovens valores do nosso distrito.

A Aldeia do Futebol de Aveiro, prestes a celebrar um ano de existência, foi construída tendo por base normas ambientais de excelência, preocupação tida desde o primeiro dia em que se pensou o projeto. E, por falar em Aldeia do Futebol de Aveiro, esta vem-se tornando numa infraestrutura imprescindível, que reforça um trabalho que, ao longo dos últimos anos, vem sendo desenvolvido: a promoção da igualdade de género.

Para a AFA, este é um tema fundamental. Acreditamos que o futebol, o futsal e o futebol de praia são de todos e para todos e, por isso, temos crescido também em número de atletas e de equipas femininas, celebrando, em simultâneo, inúmeros eventos e iniciativas que promovem o futebol, em particular, e o desporto, em geral, entre as nossas meninas, futuras mulheres.

Estas são algumas das medidas adotadas para uma finalidade comum. O trabalho rumo a um planeta sustentável é complexo e longo, bem sabemos. Mas o desporto pode e deve ser um dos veículos para a procura de um futuro melhor e mais seguro. É também por isso que trabalhamos e continuaremos a trabalhar, todos os dias, na Associação de Futebol de Aveiro.

* Presidente da Associação de Futebol de Aveiro

O ano de 2022 é uma data marcante que pretende promover novos hábitos e diferentes mentalidades, tendo em vista a garantia das necessidades do presente

50 Especial 37.º Aniversário

Ecovia do Arda é um exemplo de sustentabilidade do trabalho desenvolvido pela autarquia

AAssembleia Geral das Nações Unidas proclamou 2022 como o Ano Internacional das Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável. «Precisamos de mais ciências básicas para alcançar a Agenda 2030 e seus 17 objetivos de desenvolvimento sustentável», pode ler-se no texto da resolução da Assembleia, no qual se refere ainda o seguinte: «Maior consciência global e mais educação em ciências básicas é vital para atingir o desenvolvimento sustentável e melhorar a qualidade de vida das pessoas ao nível global».

Ao todo, são 17 metas para melhorar a saúde e a educação, reduzir a desigualdade e estimular o crescimento económico, sem esquecer as mudanças climáticas e a urgência da preservação dos oceanos e florestas. Metas estas para as quais todos, a nível global ou local, entidades públicas ou privadas, mas também cidadãos particulares, somos chamados a contribuir. Porque só com um esforço conjunto do cidadão comum às mais altas instâncias governativas é que poderemos construir um mundo melhor.

Nesse sentido, e no quadro do Ano Internacional das Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável, destaco o trabalho desenvolvido desde a sua génese pela Associação Geoparque Arouca (AGA), entidade presidida pelo Município de Arouca.

Tendo como missão «contribuir para a proteção, valorização e dinamização do património natural e cultural, com especial ênfase no património geológico, numa perspetiva de aprofundamento e divulgação do conhecimento científico, fomentando o turismo e o desenvolvimento sustentável do território do Arouca Geopark», tem implementado, ao longo de mais de uma década de existência, vários projetos educativos dirigidos à comunidade local, de modo particular à educativa, lançado rotas interpretativas, como é o caso da Rota dos Geossítios e a Rota do Homem do Arouca Geopark e promovendo a preservação da biodiversidade com várias ações no âmbito da contenção das espécies invasoras.

Uma forma excelente de se conhecer o trabalho desenvolvido no âmbito do Arouca Geopark é participar numa das visitas interpretadas que decorrem até novembro deste ano, com o objetivo de dar a conhecer o território de forma diferenciada e enriquecedora.

Outro dos exemplos do trabalho que temos desenvolvido no território em prol de um futuro mais sustentável é a Ecovia do Arda, uma infraestrutura que se desenha ao longo do vale de Arouca e que visa promover uma mobilidade mais sustentável,

ligando as 6 freguesias do vale de Arouca, sensibilizando ainda para importância do património cultural e natural que se encontra na galeria ripícola do Arda, e na qual o Município tem vindo a intervir para promover a sua requalificação e valorização.

Uma forma excelente de se conhecer o trabalho desenvolvido no âmbito do Arouca Geopark é participar numa das visitas interpretadas que decorrem até novembro deste ano, com o objetivo de dar a conhecer o território de forma diferenciada e enriquecedora

É este o caminho que continuaremos a trilhar porque é nossa responsabilidade construir um futuro melhor para todos!
51 Especial 37.º Aniversário
* Presidente da Câmara Municipal de Arouca

2022, um ano em que o pensamento científico terá um contributo para o desenvolvimento sustentável

dos aqueles que exercem o seu papel com base na proximidade à população.

2022 será o ano em que o pensamento científico dará um relevante contributo para o desenvolvimento sustentável.

O ano internacional das ciências básicas para o desenvolvimento sustentável, proclamado pela Assembleia Geral das Nações Unidas.

O conhecimento é a base científica da atividade humana. À escala global e local, em todas as áreas, é o conhecimento que nos permite tomar as melhores decisões. Uma população informada é uma população formada e com capacidade crítica, atenta e desperta para a necessidade de caminhar num percurso mais sustentável.

E, neste contexto, sai reforçado o papel de to-

A mudança de paradigma começa em todos e com a ação de todos.

Autarquias, instituições, estabelecimentos de ensino, comunicação social, são todos chamados a este processo. O desafio é enorme.

No centro de toda a ação humana encontrase a Pessoa e o meio e ambiente que a envolve. Em última instância é o Planeta, na sua dimensão global.

Estes são os beneficiários da ação direta do Homem e da aplicação do conhecimento científico e tecnológico.

Os avanços em áreas como a saúde, a química, a física e a matemática são o pilar da revolução tecnológica saudável, que permitirá revolver grandes problemas e encontrar boas soluções, conduzindo ao desenvolvimento sustentável e integrado.

Paralelamente aos avanços da ciência, é necessário promover a consciencialização de todos. É urgente mudar comportamentos e atitudes. O fim maior é a melhoria da qualidade de vida das pessoas e do nosso Planeta.

E é nesta ciência de informar e formar a população que o Diário de Aveiro incorpora uma grande missão.

37 anos de jornalismo de proximidade.

37 anos que materializaram um conjunto de registos inapagáveis.

Parabéns a todos por este bonito percurso.

O desenvolvimento sustentável, à escala global, acontece por ação de todos. Coesão social, saúde e educação para todos, energia limpa, biodiversidade, ação climática, mobilidade suave e cidades sustentáveis dependem do contributo de cada um, em particular, e de todos, no geral.

A nível local temos essa consciência. Temos um Plano de Ação focado nas Pessoas e no desenvolvimento do Território. Habitação, Educação e Saúde, Ambiente e Desenvolvimento Económico e Social são os nossos grandes Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

A par do saber das ciências básicas, a ação e a atitude de cada um contribuirão para a construção de um Todo melhor, com mais qualidade e mais sustentável, em todas as suas dimensões.

A coesão social, saúde e educação para todos, energia limpa, biodiversidade, ação climática, mobilidade suave e cidades sustentáveis dependem do contributo de cada um, em particular e de todos, no geral

52 Especial 37.º Aniversário
E, nesta missão coletiva, contamos com o Diário de Aveiro para, de forma positiva, contribuir para a construção de um mundo melhor. * O Presidente da Câmara Municipal de Ovar

O mercado de trabalho no setor HORECA: são as pessoas que dignificam o setor

As pessoas são o cerne de qualquer negócio, especialmente no Canal HORECA. É que para além de contribuírem (e muito) para a qualidade do produto, são as pessoas que dignificam o setor.

Antes da pandemia, a AHRESP alertava para a falta 40 mil trabalhadores nos nossos setores. Depois de dois anos de crise pandémica, a situação agravou-se e está hoje a níveis preocupantes de comprometimento da oferta. Dados oficiais confirmam que, em 2021, o canal HORECA perdeu 76.300 trabalhadores face a 2019 (menos 16.100 trabalhadores no alojamento turístico e menos 60 200 na restauração e similares).

Estes dados alarmantes requerem um pensa-

mento crítico de todos as entidades envolvidas nestes setores e devem ser tomadas medidas eficazes. A AHRESP tem vindo a apresentar várias soluções. Na conferência Mercado de Trabalho, que realizámos no Porto, juntámos empresas, trabalhadores, estudantes e decisores. E concluímos o seguinte: As empresas do Alojamento Turístico e da Restauração e Bebidas devem procurar empreender estratégias criativas para atrair e reter profissionais, e estas devem ir para além da retribuição

O valor da retribuição deverá ter sempre em consideração os ganhos de produtividade, fruto do desempenho individual do trabalhador, mas também do desempenho coletivo ao nível de toda a estrutura empregadora;

Criação de um ambiente mais favorável ao funcionamento das empresas, nomeadamente por via da redução de encargos fiscais, nomeadamente aqueles diretamente relacionados com o trabalho;

Uma melhor e mais adequada gestão da organização do tempo de trabalho é um fator que gera maior produtividade, o que aumenta a disponibilidade financeira para que as empresas

possam proporcionar melhores condições de trabalho;

Devem promover-se iniciativas e mecanismos ao nível da dignificação e da valorização das profissões, para o que pode contribuir uma redenominação das categorias profissionais e uma adequação dos seus conteúdos funcionais;

É urgente uma aposta séria e estruturada na qualificação dos trabalhadores do turismo, promovendo-se um sistema de ensino dual, complementando a aprendizagem com a experiência prática;

Desenvolvimento e implementação de um programa de formação de início de carreira, de curta duração, para as categorias profissionais mais carentes de mão-de-obra qualificada e que, desta forma, facilitem o acesso à profissão.

A imigração pode e deve ser encarada como fazendo parte da solução, desde que de forma organizada e com garantia de condições dignas, de trabalho e de vida. Para isso, o poder público deverá ainda rever os atuais mecanismos de legalização para trabalhadores por conta de outrem e de reconhecimento de habilitações, que devem ser agilizados.

Elaboração de um “Livro Verde do Mercado do Trabalho HORECA”, para, de forma clara e precisa, se identificar as atuais carências do Mercado, quer em termos de quantidade de recursos humanos, quer em termos da sua qualificação.

As sinergias entre os diferentes stakeholders do setor têm que ser uma realidade por forma a não prejudicar duas das principais motivações de viagens dos nossos turistas a Portugal: a gastronomia e a hospitalidade.

* Presidente da Delegação da AHRESP Aveiro

Antes da pandemia, a AHRESP alertava para a falta 40 mil trabalhadores nos nossos setores. Depois de dois anos de crise pandémica, a situação agravou-se

53 Especial 37.º Aniversário

37 anos sem malandrice!

do que um homem… Então serei malandro?...

A verdade é que gosto muito mais de trabalhar no campo do que estar na escola. Não vejo para que servem muitas das coisas que lá se estudam.

No princípio do ano eu julgava que ia conseguir e até ia com vontade. Mas comecei logo a desanimar. A senhora professora disse que ia ser difícil, e que reprovaria quem não trabalhasse muito e tivesse boa cabeça…

balhei com vontade dessa vez. Se fosse sempre assim!... A professora até disse: «ah, rapaz… para a brincadeira estás sempre pronto!...»

Mas agora acabou-se. Reprovei. Agora já não há remédio. Certamente para o ano já não posso voltar para a escola. Mas também não sei se me apeteceria. De alguns colegas eu até gosto. Gosto dos recreios, gosto de vir com eles para a rua. E a sério… eu até gostava de gostar da escola…”

condições prévias em que também ninguém quer pensar:

1) A necessidade de uma diferente organização e desenvolvimento dos currículos, assente numa nova estrutura do ensino básico (por exemplo, um primeiro ciclo de 6 anos);

«

És um malandro!» – disse o meu Pai. - «Não dás para os estudos!» – disse a minha Mãe. Mas eu não sou malandro, nem burro!... Ou serei?...

Realmente, eu não estudo muito e não entendo lá muito bem certas coisas que os professores dizem. Mas o meu pai até gosta que eu vá para o campo com ele.

Ainda ontem carreguei sacos para o trator toda a manhã. Começámos ainda o sol mal tinha nascido e só parámos quando ao meio-dia a mãe nos chamou para comer o caldo. E acreditem que trabalhei de boa vontade! O meu pai até disse que eu o ajudava mais

E ela tinha razão.

Comecei a não entender certas coisas – os professores falam de uma maneira tão difícil!... E eu tinha vergonha de perguntar, porque me parecia que só eu é que não entendia!...

E para além disso, alguns colegas faziam tudo tão depressa!... Mas eu, e alguns da minha sala, mal tínhamos começado já a professora queria tudo feito…

Na Páscoa, houve um dia em que viemos apanhar bichos e os levámos para a sala. Eu lembrei-me de construir umas gaiolas para os grilos e umas caixas para as sardaniscas que apanhámos. Depois até contei sobre esses bichos algumas coisas que tenho visto e que eu sei. Tra-

Esta é uma estória simples, de que gosto particularmente e que foi contada originariamente, em 1985 pela minha sempre amiga Luísa Cortesão.

Há uns meses atrás, o programa do governo aprovado, na secção referente à educação, informava que se iria «criar um plano de não retenção no ensino básico, trabalhando de forma intensiva e diferenciada com os alunos que revelem mais dificuldades».

Nada mais é dito sobre o tema. E também nada tem sido realmente feito sobre esta espécie de plano.

Verdade verdadeira é que sobre este tema nada se pensa em fazer sobre duas importantes

2) A necessidade do combate eficaz à (eterna) reprodução social (a asneira do slogan mentiroso “todos diferentes, todos iguais”), existente na escola pública há décadas e décadas.

Passaram 37 anos entre o contexto da estória contada e um outro contexto que é a nossa realidade. 37 anos! São tantos anos como a idade do nosso querido Diário de Aveiro. Porém, a ambiguidade, a confusão e o chamado pecado original mantêm-se. Ou seja, como sempre, não vai ser por decreto que as dificuldades dos alunos se vão resolver.

Valha-nos a informação capaz e com sentido do nosso jornal. Porque o melhor está para vir, claro! Parabéns, Diário de Aveiro!

54 Especial 37.º Aniversário
*Presidente da Direção Pedagógica da Escola Profissional de Aveiro Jorge de Almeida Castro*
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37 anos sem patos!

No tempo em que os animais falavam, os bichos constataram que o meio em que viviam começava a tornar-se cada vez mais complexo e havia que impor novas hierarquias, estabelecer novos parâmetros de comportamento, uma vez que já não chegavam os seus instintos inatos para enfrentar as modificações do meio.

Esta necessidade deu lugar à ideia de escola: uma estrutura social, que os habilitaria, a todos, a enfrentar as crescentes modificações a que assistiam.

Foram escolhidos os melhores animais para a docência, isto é, os reconhecidos como mais experientes, alta profissionalização nos seus domínios específicos, grandes títulos em competições.

O reconhecimento destas qualificações envaideceu-os, naturalmente, e a maioria esqueceu, desde logo, a razão por que estava ali.

Com muitas reuniões gerais de professores, muitas reuniões de grupo, reuniões de conselho pedagógico, de departamentos, de secções, reuniões de direção, de conselho geral, etc… escolheram o seguinte currículo: nadar, correr, voar,

galgar montes e saltar obstáculos. Os primeiros alunos foram o Cisne, o Pato, o Coelho e o Gato. Começadas as aulas, cada professor, altamente preocupado com a sua disciplina, preparava primorosamente a matéria, dava-a sem perder tempo, procurando cumprir o programa e a planificação do mesmo. Faziam, assim, jus aos seus títulos e competências.

Mas os alunos iam-se desencantando com a tão sonhada escola.

Veja-se o caso particular de cada aluno:

- O Cisne, nas aulas de correr, voar e galgar montes era um péssimo aluno. E mesmo quando se esforçava, ao ponto de ficar com as patas ensanguentadas das corridas e calos nas asas, adquiridos na ânsia de voar, tinha notas más. O pior era que, com o esforço e desgaste psicológico despendido nessas disciplinas, estava a enfraquecer na natação, em que era bastante bom.

- O Coelho, por sua vez, padecia nas matérias de nadar e voar. Como poderia voar se não tinha asas? Em se tratando de nadar, a coisa também não era fácil, não tinha nascido para aquilo. Em contrapartida, ninguém melhor do que ele corria e galgava montes.

- O Gato, tinha problemas idênticos aos do coelho nas disciplinas de natação e de voo. Ele bem insistia com o professor que se o deixasse voar de cima para baixo ainda poderia ter êxito. Só que o professor dizia que não podia aceitar essa ideia louca porque não estava contemplado no programa aprovado e o critério de seleção era igual para todos.

- O Pato, finalmente, voava um pouquinho, corria mais ou menos, nadava bem (mas muito pior do que o cisne) e, desastradamente, embora com algum desembaraço, até conseguia subir montes e saltar obstáculos. Não tinha reprovações a nenhuma disciplina como os seus restantes colegas, o que o fazia sumamente brilhante nas pautas finais. Os professores consideraram-no o aluno mais equilibrado, deramlhe a possibilidade de prosseguir estudos e, com tantos “atributos”, até fomentaram nele a esperança de um dia poder vir a ser professor.

Os restantes alunos estavam inconformados. Nada tinham contra o pato, até gostavam dele, compreendiam o seu grau mínimo de suficiência a todas as disciplinas, mas, perguntavamse: a espantosa capacidade do Coelho em saltar obstáculos, correr e galgar montes não poderia ser aproveitada para enfrentar as tais novas situações sociais que os levaram a ter a tal ideia de Escola?

E o Gato? De nada lhe serviria correr e saltar melhor do que o Pato?

E que utilidade teria para o Cisne nadar como nenhum outro?

Cada um tinha, de facto, a sua queixa justificada. A escola, pensavam eles, era o local onde aperfeiçoariam as capacidades que tinham, de modo a pô-las ao serviço da sociedade. Se as coisas já estavam difíceis, que fazer agora com a tremenda frustração de não servirem para nada?

Foram falar com os professores. As limitações de cada um eram um facto, eles sabiam que ja-

mais seriam polivalentes de modo a terem grandes escolhas.

Contudo, se reprovassem, no ano seguinte estariam exatamente na mesma situação. Os professores lamentaram muito. Havia um programa, superiormente estabelecido, e a questão era só esta: ninguém tinha média igual à do Pato e, por isso, na sua mediocridade, ele era estatisticamente superior a todos.

Os outros alunos, conformados, abandonaram a escola. Desde então, por razões óbvias, a escola atrai mais os patos e, na sociedade, são eles que dominam.

Parabéns ao nosso Diário de Aveiro pelos seus 37 anos de vida!

Os outros alunos, conformados, abandonaram a escola. Desde então, por razões óbvias, a escola atrai mais os patos e, na sociedade, são eles que dominam

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* Administradora do Colégio Instituto Duarte de Lemos
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A voracidade da vida confronta-nos com o facto do ontem ter já um ano

Ogesto de simpatia do Diário de Aveiro, materializado no convite para que me expresse, por esta forma, no âmbito de uma edição especial evocativa do aniversário deste tão nosso meio de comunicação, fez-me sentir que já passou mais um ano das nossas existências, fortemente marcado por acontecimentos infelizmente negativos com repercussões sociais e económicas, cujo impacto ainda está longe de ser efetivamente sentido e minimamente mensurado.

Muitos são aqueles que afirmam que nada será como antes. Pessoalmente, não acompanho esta visão mais radical. No entanto, é facilmente constatável que, na organização social, já se sentem mudanças.

Todos aqueles que servem nas autarquias certamente comungarão da opinião de que o tecido associativo, incluindo nele as instituições de solidariedade, é o grande motor de mobilização e qualificação social. Não é menos verdade assumir que a vida destas instituições, sejam elas de que natureza forem, depende, em grande medida, do voluntariado, alicerçado no sentido de serviço ao outro, pois, independentemente dos apoios públicos, que serão sempre

pouco para o muito que fazem, o motor da diferença está e estará no envolvimento humano. Esta realidade impõe a todos os intervenientes a assunção de compromissos que, naturalmente, condicionam os quotidianos daqueles que dizem sim.

Quem existe desta forma, procurando ser consequente na vida dos seus concidadãos, viuse privado da sua ação durante quase dois anos, tempo durante o qual fomos formatados para

ver na proximidade ao outro um eventual problema para ambos. Neste quadro, de desejável isolamento, os quotidianos foram sendo profundamente alterados, levando muitos a exercícios de egocentrismo alimentados por ideias de autossuficiência.

Agora que se pretende virar a página e voltar à “normalidade” o exército do bem comum constata, obviamente, que são menos os soldados e que, alguns destes, se apresentam ao serviço com baixa convicção e de forma temerosa. Recuperar o dinamismo associativo é condição de base para incrementar resiliência social e coesão comunitária, condições fundamentais para enfrentar as dificuldades que nos espreitam.

Assim, agradeço ao Diário de Aveiro a oportunidade de, por esta forma, reconhecer e enaltecer o exemplo de cidadania de todos e de todas aqueles e aquelas que servem o tecido associativo da nossa região pois serão, certamente, a diferença positiva no futuro próximo.

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Águeda é um município irreverente

Airreverência, o empreendedorismo, a inovação e a capacidade de continuamente surpreender são atributos que caracterizam Águeda e os aguedenses, que se traduzem em várias práticas e projetos diferenciadores, com uma visão de vanguarda e posicionamento estratégico nos vários quadrantes da atividade municipal, sendo apontados como um município referência e modelo a seguir por muitos dos nossos pares.

Políticas que demonstram uma preocupação com a sustentabilidade ambiental e com as famílias; que denotam uma aposta na cultura, desporto para todos, educação ou ação social, no turismo e no empreendedorismo jovem; que se refletem em apoios às estruturas associativas e forças vivas do concelho e às juntas de freguesia. Pelas boas práticas que implementa, nas várias áreas de atuação, pelo seu bom desempenho, pelos projetos que dirige e dinamiza, Águeda é o município do ano. Mais do que um galardão, este reconhecimento nacional é reflexo de todo um trabalho em prol dos cidadãos.

Dos projetos estratégicos e para os quais cativámos importantes fundos comunitários, como a ligação rodoviária em perfil de autoestrada entre Águeda e Aveiro ou a implementação da Área de Acolhimento Empresarial de Nova Geração no Parque do Casarão ou da aposta no turismo ferroviário, sem esquecer a

dinâmica cultural, desportiva e de preservação ambiental, muitas são áreas em que apostamos.

Irreverente e surpreendente são adjetivos que se associam, inquestionavelmente, ao AgitÁgueda, que decorre de 2 a 24 de julho, um evento

que marca não só o calendário dos festivais de verão, como toda uma imagem que tem levado Águeda além-fronteiras. Falar dos guarda-chuvas coloridos, das ruas com um “céu” com várias cores é falar de Águeda, uma imagem que tem sido profusamente replicada em várias cidades de todo o mundo.

Este exemplo e dinamismo que está justamente ligado a Águeda é motivo de orgulho para todos os aguedenses. Este ano, no AgitÁgueda vamos manter a nossa tónica de irreverência e de inovação com uma programação ambiciosa, desde concertos com grandes nomes da música nacional e internacional, para vários tipos de públicos, para além de animação de rua (como o Carnaval Fora d’Horas, o Color Day, o Mad Parade, Videomapping), o concurso de chapéus, a Feira de Artesanato, as Estátuas Vivas, a arte urbana, sem esquecer as atividades desportivas e lúdicas. Uma das grandes novidades este ano é uma piscina fluvial, que vai ficar colocada no Rio Águeda até final de agosto.

Entre julho e setembro, os visitantes poderão continuar a deslumbrar-se com as instalações de arte urbana nas várias ruas da cidade, de que é referência maior os guarda-chuvas coloridos. Venha, divirta-se e continue a partilhar a bonita imagem da nossa cidade com o mundo!

* Presidente da Câmara Municipal de Águeda

Falar dos guarda-chuvas coloridos, das ruas com um “céu” com várias cores é falar de Águeda, uma imagem que tem sido profusamente replicada em várias cidades de todo o mundo

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Jorge
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O sol é uma riqueza em Portugal, mas ainda há muito por fazer para o potenciar energeticamente

Produção O nosso país apresenta-se ao mundo com uma mensagem turística extremamente sugestiva: 352 dias de sol. No entanto, a energia solar ainda não é, nem de perto nem de longe, a principal fonte de energia renovável. Este é um cenário que poderá mudar nos próximos anos, mas, para que tal aconteça, ainda há muito caminho para percorrer

Este “cantinho à beira mar plantado” tem o sol como uma mais valia de difícil quantificação. É uma riqueza que pode contribuir para Portugal ser um país diferenciado, no que diz respeito à produção de energia solar. Contudo, é preciso fazer muito mais. Por exemplo, em janeiro do ano passado, a ener-

gia solar tinha contribuído com apenas 1,4 por cento da eletricidade consumida nesse mês em Portugal. Um valor curto, mas, ainda assim, importa sublinhar o aumento da capacidade fotovoltaica instalada no país, que fechou o ano de 2021 com o maior aumento de potência de sempre.

A energia solar é, hoje em dia, uma das principais fontes de energias renováveis, com um enorme potencial de crescimento. Com a expansão das energias renováveis e a implementação de leis em prol de um “mundo sustentável e saudável”, o sol é uma das fontes mais utilizadas. A energia prove-

niente da luz e do calor do sol é denominada de energia solar. As tecnologias solares são caraterizadas como ativas (por exemplo, os painéis fotovoltaicos) ou passivas (não necessitam de equipamento específico como a orientação de um prédio para o sol), permitindo a captura, a conversão e a distri-

buição. No século XXI, esperase que a energia solar se torne cada vez mais atrativa como fonte de energia renovável, devido ao seu suprimento inesgotável e ao seu caráter não poluente, em forte contraste com os finitos combustíveis fósseis como o carvão, o petróleo e o gás natural. A energia

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solar é, reforce-se, a fonte de energia renovável mais limpa e abundante disponível, sendo um recurso muito importante a nível nacional. As tecnologias energéticas solares podem aproveitar essa energia para uma variedade de usos, incluindo geração de eletricidade ou aquecimento de água para uso doméstico, comercial ou industrial.

Números estão muito aquém do potencial Segundo as previsões divulgadas pela Bloomberg, entre janeiro e maio de 2022, a produção de energia solar combinada em Portugal e Espanha atingiu, em média, um máximo de 3,5 GW, o que representa 11 por cento da geração de eletricidade na Península Ibérica. Estes números ainda estão muito aquém do poten-

cial da região, razão pela qual a tecnologia associada ao solar fotovoltaico ainda tem muito espaço para crescer.

De acordo com as mesmas previsões da Bloomberg, a geração solar na Península Ibérica tem de aumentar a sua posição no “mix” total para 32 por cento até 2030. Para lá chegar, ambos os países terão de expandir a sua capacidade fotovoltaica em 133 por cento para os 56 a 59 GW até essa altura. Portanto, ainda há muito trabalho pela frente, de forma a que Portugal consiga tirar dividendos maiores do sol que o país tem a sorte de ver brilhar muitos dias do ano, incluindo no inverno.

Sendo Portugal um dos países da Europa com maior índice de radiação solar e com mais horas anuais de sol, esta energia pode ser aproveitada

para a produção de energia elétrica. Vantagens não faltam. A redução da conta de eletricidade é uma delas, pois, numa perspetiva anual, a energia fotovoltaica produzida e utilizada em regime de auto consumo proporciona poupanças significativas nos gastos com eletricidade.

Energia renovável, limpa e inesgotável

Também é uma energia limpa e renovável, além de que os painéis solares fotovoltaicos recorrem à luz solar para produzir energia, apresentando baixo impacto ambiental e assumindo-se como uma fonte de energia inesgotável. Ao gerar a sua própria energia, não necessita de recorrer à energia da rede que, na sua maioria, tem origem em combustíveis fósseis, responsáveis por

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elevadas emissões de gases para a atmosfera. A energia solar é uma solução ao alcance de todos. O facto de estar disponível para qualquer titular de um contrato de fornecimento de energia elétrica torna a produção da mesma e o seu auto consumo democráticos e ao alcance de todos.

A existência de grandes parques fotovoltaicos em Portugal é, nos dias de hoje, uma realidade, com a construção a estar espalhada um pouco por todo o país. Efetivamente, mais de metade da energia produzida em Portugal tem origem em fontes renováveis, sendo as predominantes a hídrica e a eólica.

Porém, a parcela relativa às fotovoltaicas está a ter um crescimento acentuado. Até ao final do ano passado, a capacidade total dos parques fotovoltaicos existentes ascendia a 1,7 GW, sendo estimado que,

até ao final de 2030, seja alcançada uma capacidade de 9 GW.

Em termos turísticos, Portugal apresenta-se ao mundo com uma mensagem turística extremamente sugestiva: 352 dias de sol. No entanto, a energia solar ainda não é, nem de perto nem de longe, a principal fonte de energia renovável. Este é um cenário que poderá mudar nos próximos anos, mas, para que tal aconteça, ainda há muito caminho para percorrer. Um “andar para a frente” que tem mesmo de ser feito, uma vez que a questão não se prende apenas com o não aproveitamento de uma energia renovável, mas, também, com o cumprimento das metas estabelecidas pela União Europeia no que concerne à utilização das energias renováveis, nomeadamente com o Roteiro para a Neutralidade Carbónica para 2050.

Vantagens da energia solar

• A radiação solar é gratuita e abundante.

• As centrais solares necessitam de pouca manutenção.

• A tecnologia dos painéis solares é cada vez melhor, sendo cada vez mais potentes e com um custo acessível.

• A energia solar não polui durante a sua exploração. A poluição decorrente da fabricação dos equipamentos necessários para a construção dos painéis solares é controlável.

• Em países como Portugal, com grande número de horas de sol, a utilização da energia solar é viável em praticamente todo o território.

• A energia solar é uma excelente solução para lugares remotos ou de difícil acesso, pois a sua instalação em pequena escala não obriga a grandes investimentos em linhas de transmissão.

Desvantagens da energia solar

• A produção de energia está muito dependente da situação meteorológica (dias nublados, chuva, neve), além de que, durante a noite, não existe produção alguma, o que obriga a que existam meios de armazenamento da energia produzida durante o dia em locais onde os painéis solares não estejam ligados à rede de transmissão de energia.

• Locais em latitudes médias e altas (como, por exemplo, países como a Finlândia, a Islândia, a Nova Zelândia e o sul da Argentina e do Chile) sofrem quedas bruscas de produção durante os meses de inverno devido à menor disponibilidade diária de radiação solar. Locais com frequente cobertura de nuvens (Londres) tendem a ter variações diárias de produção, de acordo com o grau de nebulosidade.

• As formas de armazenamento da energia solar são pouco eficientes quando comparadas com os combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás) e a energia hidroelétrica (água).

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As Estações Náuticas enquanto paradigma do turismo sustentável

Verão A época estival é a ideal para o reforço do compromisso das Estações Náuticas da região com o futuro da economia e do turismo sustentável

As Estações Náuticas da região aveirense propõem-se reforçar a divulgação da sua atividade turística, o desenvolvimento da rede de oferta turística náutica de qualidade, organizada a partir da valorização integrada dos recursos náuticos presentes num território, que inclui a oferta de alojamento, restauração, atividades náuticas e outras atividades e serviços relevantes para a atração de turistas e outros utilizadores, acrescentando valor e criando experiências diversificadas e integradas.

São seis as Estações Náuticas já certificadas, com o objetivo que passa por manter um trabalho contínuo de promoção

do território e das suas especificidades, assim como do sector náutico português na sua totalidade – desde os destinos de costa aos territórios do interior, como rios, lagos e albufeiras de barragens da Região Centro.

Um dos objetivos da coordenação das mesmas, pela mão de António José Correia, é a de promover um dos grandes pilares do projeto: a sustentabilidade. “É com um enorme orgulho que marcamos o reforço do nosso compromisso com o futuro da economia, e consequentemente, do turismo sustentável”.

António José Correia assi-

Um dos objetivos da coordenação das mesmas é promover um dos grandes pilares do projeto: a sustentabilidade

nou, recentemente, um protocolo de cooperação entre o Fórum Oceano e a Biosphere Portugal, com o pressuposto de apoiar as Estações Náuticas na sua afirmação como ofertas sustentáveis, através da atribuição do Certificado Biosphere Sustainable Lifestyle às mesmas. Para o coordenador, «este momento pretende dar início a um plano de trabalho integrado quanto à inovação, ao desenvolvimento de economias verdes, inclusivas e com baixas emissões, assim como contribuir para a proteção da criatividade cultural, a diversidade e o bem-estar humano e dos ecossistemas em Portu-

gal». Na região de Aveiro, há seis estações náuticas - Aveiro, Vagos, Ílhavo, Murtosa, Ovar e Estarreja. No último fim-de-semana, esta última esteve particularmente ativa na sua missão de divulgação das potencialidades naturais e a ovarense anunciou uma agenda de acções.

A Estação Náutica de Estarreja promoveu dois dias com experiências gratuitas para todos usufruirem e desfrutarem da beleza da Ria. Com coordenação da Câmara Municipal, da programação da 2.ª edição do evento “Descobrir e Experienciar a Ria”, que volta a contar com o apoio de diversos

parceiros, destacou-se a inauguração das obras de Reabilitação do Cais da Ribeira da Aldeia, em Pardilhó.

Isabel Simões Pinto, vereadora da Cultura e Eventos, nota que «com passos curtos e com o envolvimento empenhado de todos os parceiros, temos vindo a trilhar um caminho seguro e essencial para a promoção e a qualificação de uma oferta turística integrada no município de Estarreja, valorizando o património natural e cultural, particularmente todas as tradições e atividades ligadas à Ria». A edição deste ano, centrada no polo de Pardilhó – Ribeira da Aldeia, mas também

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com atividades no polo de Salreu – Esteiro de Salreu, «revelou como a beleza da arte se cruza, na perfeição, com a beleza da natureza», enalteceu a autarca.

Desportos Náuticos

A Estação Náutica de Estarreja vem potenciar a frente lagunar do território banhado pelos braços da Ria, para a prática de desportos náuticos, aliado à contemplação da beleza do património natural. Neste âmbito, Isabel Simões Pinto realça que «tornar os desportos náuticos na Ria acessíveis a todos é um dos nossos desígnios, contribuindo para a inclusão social de centenas de jovens e adultos, e este ano também de idosos, com necessidades especiais e/ou com problemas de mobilidade, que puderam praticar exercício físico na água e em contacto com a natureza». Esta é, realça, «mais uma forma de promovermos a igualdade na nossa comunidade, prevenindo e combatendo todo o tipo de discriminação que resulte de fatores como a idade ou a deficiência, em estreita articulação com a ANDDI e com os diversos parceiros da EN, que têm um papel essencial nesta componente, proporcionando momentos felizes a todos os participantes».

A Estação Náutica de Estarreja divide-se em dois pólos: na Ribeira da Aldeia, Pardilhó, e onde está localizado o Centro de Interpretação de Construção Naval, e o Cais do Esteiro de Salreu, onde se situa o Centro de Interpretação Ambiental da BioRia.

O convite era pegar na família e nos amigos com destino à Estação Náutica estarrejense e ver do céu as paisagens únicas da Ria ou passear de bicicleta ou de veículo elétrico, admirando a biodiversidade deste local único; visitar exposições e estaleiros ou participar em “workshops” que

Sabia que...?

ESTAÇÃO NÁUTICA DE AVEIRO

A cidade de Aveiro tem uma ligação inegável com a água, oferecendo atividades náuticas muito diversificadas. Já nas águas mais calmas da Fonte Nova, apenas a canoagem é elegível. Não obstante, a cidade dos canais tem aliada a si uma beleza inconfundível pela sua arquitetura e pela sua cultura. Não deixe de percorrer as suas ruas coloridas e ficar a conhecer uma das mais belas zonas do Centro de Portugal.

ESTAÇÃO NÁUTICA DE VAGOS

A Agenda Náutica de vagos já arrancou em maio e conhece o ponto alto no própximo dia 27 de agosto, com a “Night Drop”, uma sessão de surf noturno, na praia da Vagueira, numa organização da Associação de Surfistas de Vagos, em parceria com a edilidade. Pela sua extensa costa marítima e zona de águas interiores que atravessam a cidade, está ao dispor dos visitantes uma grande diversidade de infraestruturas náuticas . Na Praia da Vagueira, a sul, é ainda possível ter aulas de Surf, Bodyboard e Longboard onde se pretende afirmar como destino balnear por excelência.

ESTAÇÃO NÁUTICA DE ÍLHAVO

A Estação Náutica de Ílhavo (ENMI) é das que mais recursos apresenta, inclui desde escolas náuticas a atividades de exploração da natureza e prática desportiva sem esquecer a sintonia com o alojamento. Surf, kitesurf, vela, mergulho, Stand Up Paddle ou natação são apenas algumas das modalidades a experimentar.

ESTAÇÃO NÁUTICA DA MURTOSA

No coração da Ria de Aveiro, a Murtosa é dona de uma riqueza paisagística e ambiental inigualável. É aqui possível andar de moliceiro à vela, de forma tradicional e é possível assistir à construção destes mesmos moliceiros no Estaleiro de Construção Naval Tradicional do mestre José Rito. Este ano, a programação do “Sol da Torreira” incluiu um conjunto vasto de iniciativas, como feiras temáticas, exposições e atividades lúdicas e desportivas na praia e decorre entre 2 de julho e 27 de agosto.

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enaltecem a decoração do moliceiro, eram algumas das experiências para observar, sentir, viver e colecionar.

Quase em simultâneo, ao lado, em Ovar, era lançada a Agenda Náutica que inclui uma série de atividades que arrancam no dia 2 de julho, de capacitação para a sustentabilidade, tendo como destinatários as diversas tipologias de parceiros, tendo como priori-

dade as empresas de prestação de serviços de animação turística náutica.

As iniciativas, abertas à participação de todos, integram o programa vareiro de animação de verão e de experiências em que as potencialidades naturais, paisagísticas e náuticas do concelho estão em destaque.

Concertos e “sunsets” em espaços emblemáticos, experiências náuticas gratuitas, ex-

posições e competições desportivas são algumas das propostas que poderão ser usufruídas durante os meses de julho, agosto e setembro.

Instalada no cais do Puxadouro, em Válega, a CENÁRIO - Centro Náutico da Ria de Ovar, é a responsável pela exposição montada nas escola de Artes e ofícios de Ovar, denominada “Os Barcos, vidas & memórias” e oferece visitas

guiadas ao seu espaço de construção e reconversão naval.

No caso de Ovar, o presidente da Câmara Municipal, Salvador Malheiro, refere que «a vantagem de contar com o mar Atlântico, com a barrinha de Esmoriz, com o rio Cáster e com várias massas de água integradas na ria de Aveiro, representa uma grande diversidade de opções para diferentes

tipos de utilizadores». O autarca pretende, aliás, «valorizar o trabalho que se vem desenvolvendo em Ovar há muito tempo, mas que ainda passa algo despercebido aos operadores turísticos de outras regiões do país e também no estrangeiro, como é o caso da prática de vela, canoagem, surf e 'stand-up paddle', dos percursos de barco e da própria carpintaria naval».

Associando essa oferta aos espaços museológicos do concelho, à sua programação cultural e à atividade de outros parceiros públicos, privados e associativos, a Estação Náutica de Ovar quer estimular o crescimento das atividades marítimo-turísticas no território, atrair novos públicos e facilitar o combate à sazonalidade, aumentando o tempo de permanência no município.

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Automobilismo é sinónimo de sustentabilidade em Vagos

Sensibilização Organizadores e praticantes da modalidade têm feito da neutralidade carbónica uma bandeira e o município vaguense, sendo uma referência na preservação ecológica, também tem estado na linha da frente, de braços-dados com o projecto Race4Eco

Falar de sustentabilidade ambiental no desporto em 2022 –“Ano Internacional das Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável” - é também falar de automobilismo. A emissão de gases carbónicos nocivos ao ambiente provocada pelas provas automobi-

lísticas obriga organizadores e praticantes a repensarem o futuro de uma modalidade muito apreciada em todo mundo de forma a torná-la o mais sustentável possível em termos ecológicos.

E é também na sustentabilidade do desporto automóvel

que entra o município de Vagos, através da organização do Rali da Bairrada, prova que desde a primeira de três edições se associa ao projecto Race4Eco. Um programa inovador em Portugal criado há cinco anos pela Promolafões, com a parceria da Federação

Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK), que tem como principal objetivo a redução da pegada ecológica deixada pela poluição provocada pelo rali, através da promoção das boas práticas ambientais.

O município vaguense há três anos que tem vindo a passar uma mensagem da “missão verde” do Race4Eco no Rali da Bairrada, como forma reduzir as emoções de CO2 que a caravana automobilística produz em Vagos. A comissão de organização da prova é a primeira a dar o exemplo com a utilização de veículos elétricos ou híbridos e na redução de distâncias na orgânica da prova para minorar o impacte ambiental, mas também promovendo outras ações, nomeadamente na recolha de lixo, com a colocação de ecopontos em várias zonas do percurso

onde a presença de público é maior, e a plantação de árvores em várias zonas do concelho.

Preservação do ambiente é preocupação

vaguense

A Câmara Municipal de Vagos tem agido de forma enérgica na preservação ambiental para dar à população melhor qualidade de vida, e para além do Rali da Bairrada, um dos mais recentes projetos é o da reciclagem, organizando palestras nos estabelecimentos de ensino do Agrupamento de Escolas de Vagos. Silvério Regalado, presidente da autarquia, não tem dúvidas de que «a preservação do meio ambiente» é uma preocupação que começa a ser cada vez mais intrínseca a todas as pessoas.

O autarca de Vagos recorda que, ao nível mobilidade, «já foram instalados três carrega-

mentos de viaturas elétricas: um na Praia da Vagueira, outro na Ponte de Vagos e, um posto rápido no centro da vila, que serve também para promover a utilização destes meios de mobilidade elétrica». Silvério Regalado classifica o Race4Eco como um projeto «importante para a organização do Rali da Bairrada», e ao qual o município «não poderia estar dissociado».

A contribuição do município vaguense para minimização da pegada ecológica «como forma de pensar um futuro, claro e objetivo», segundo Silvério Regalado, está também vincada no projeto a decorrer em conjunto com a Associação Zero, a Universidade de Aveiro e outros municípios da região aveirense, que visa medir a pegada ecológica de cada um dos habitantes no concelho de Vagos.

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“Race 4Eco” já contribuiu para a neutralidade ambiental

O conjunto de medidas do “Race4Eco” para atingir o mais possível a neutralidade ambiental já deixou marca visível no concelho , mas também o “feedback” da população de Vagos também demonstra a sua consciencialização para o problema ambiental do planeta.

José Correia, presidente da Promolafões, fala da «preocupação em envolver e transmitir as boas práticas ambientais com a comunidade escolar, porque os jovens são o futuro», justificando esta interação com a população juvenil como forma de colocar em prática a mensagem ambiental que «muitas vezes fica pela burocracia institucionalizada em diversas entidades».

«A verdade é que temos tido o “feedback” muito positivo das crianças e jovens, mas

também dos adultos, que acompanham a prova», garante José Correia, que está ligado ao desporto automóvel há quase três décadas anos e gere há 17 anos os desígnios da Promolafões, empresa de promoção de eventos sediada em Reigoso, Oliveira de Frades, que promove estas e outras iniciativas ecológicas em eventos, também de caráter cultural e social.

E no interesse da redução da pegada ambiental deixada pela prova, o “Race4Eco” já contribuiu para a neutralidade ambiental, juntando pilotos e crianças do município na plantação de 70 pinheiros mansos na Zona Industrial de Vagos em pleno “Dia Mundial da Árvore”, dando corpo a um projeto que pode vir a ser candidato aos “Global Mobi AAwards Prio”, cujo objetivo é dar visibilidade pública aos novos paradigmas da mobilidade inteligente e estimular projetos e políticas que possam contribuir para uma economia descarbonizada.

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BrickITsmart é um projeto inovador de construção sustentável

Investigação BrickITsmart, desenvolvido pela Universidade de Aveiro (UA), em parceria com a empresa Dreamdomus, apresenta uma construção rápida, fácil e de custo acessível

Com o objetivo de desenvolver módulos habitáveis que sejam fáceis de fabricar, transportar e instalar, o projeto BrickITsmart é uma opção que oferece ao consumidor final a possibilidade de “fazer” o seu próprio espaço recorrendo ao conceito “Do It Yourself” (DIY).

Carlos Relvas, investigador do Departamento de Engenharia Mecânica da UA que tem acompanhado todo o projeto esteve à conversa com o Diário de Aveiro.

Em que ponto está o desenvolvimento do BrickITsmart?

Este projeto teve um período de desenvolvimento, mas agora está mais parado. Com um investimento total de cerca de 400 mil euros, beneficiou do COMPETE 2020, em copromoção entre uma equipa de investigadores da UA e a empresa Dreamdomus. A Dreamdomus, do Barreiro, é especializada na área da construção pré-fabricada modular. Eles mostraram-se muito interessados e nós montámos o projeto de copromoção 2020 e isso permitiu-nos desenvolver. Passámos da ideia até à construção de um modelo físico, com um protótipo. Isto é, estivemos em estudos experimentais entre 2018 e 2020. Dentro da Universidade continuamos a explorar esta ideia e isso já deu origem a mais trabalhos de investigação. No entanto, a empresa com quem fizemos parceria está com uma grande sobrecarga de trabalho, o que não lhe permite apostar num

novo produto. Ou seja, este nosso produto está a aguardar melhores dias e eu estou perfeitamente convencido de que eles virão.

Qual é a razão para estarem a atravessar uma fase mais parada?

Nesta altura, sentimos que é difícil para as empresas recrutarem mão-de-obra e, até mesmo nós, estamos mais sobre-

carregados, por isso, as coisas tornam-se mais complicadas e obrigam a dilatar os resultados no tempo.

Pelo que se destaca este projeto?

Quisemos desenvolver um produto que fosse fácil e rápido de fabricar, de transportar e de montar, tendo em conta o conceito “Do It Yourself”. Para explicar é mais fácil se compararmos com as peças da Lego. As peças da Lego são eternas. Podemos fazer várias construções com as mesmas peças e sem desperdício. Esta é a grande vantagem desta ideia. Ou seja, os módulos do BrickITsmart são montados e instalados sem qualquer ligação permanente. Não são colados, não há nenhum adesivo… E isto permite que, posteriormente, possam ser desmontados e reutilizados numa qualquer outra configuração. Podem ser utilizados em duas

situações: internamente, na criação de divisórias de espaços, e no exterior, como um pequeno espaço anexo à sua casa. ´

É uma solução rápida e fácil de montar...

Exatamente. O protótipo que montámos tinha três metros de largura por três metros de comprimento, e demorou cerca de três horas a ser montado.

Isto é, é um sistema que se monta muito rapidamente e que pode ser reutilizado, sem desperdício, o que é muito importante ao nível da sustentabilidade.

Quais são as possíveis utilizações para esta solução modular?

É muito difícil não me entusiasmar com este projeto. São poucas as ideias que acabamos por adotar e acarinhar desta forma. Por exemplo, numa situação de guerra, com

refugiados, esta é uma solução ótima. Muito melhor do que todas as soluções que existem atualmente, como as tendas ou os contentores. Mais nenhuma oferece estas condições de durabilidade e de impacto ambiental. Depois de utilizarmos uma determinada construção, podemos desmontar tudo e transportar para outro local.

Por exemplo, num caso em que se tenha de alojar estudantes deslocados, durante um determinado período. Este sistema pode ser instalado num pavilhão (ou em qualquer espaço amplo) permitindo criar divisórias e a devida privacidade. Não me parece viável colocar um contentor dentro de um pavilhão e as tendas não dão a mesma privacidade.

A ideia é caminhar com pequenos passos…

A ideia é que este projeto chegue ao ponto de ser utilizado como uma casa modular dita

“normal”, num terreno para o efeito. Mas, neste momento, isso ainda não é possível. A nossa primeira aposta é viabilizar um pequeno anexo à casa principal e continuar a testar até pudermos atingir uma escalada maior. Ainda estamos a explorar...

O projeto é uma opção que oferece ao consumidor final a possibilidade de “fazer” o seu próprio espaço

Ou seja, nessa escala maior, este projeto acabará ser considerada uma casa modular propriamente dita... Sim. Essa é a nossa meta.

Qual é o material que constitui os módulos?

Então, a primeira vertente do projeto baseou-se no uso de materiais correntes na indústria, mas agora estamos a virar-nos para a utilização de materiais mais sustentáveis. O protótipo foi construído com o XPS. É o mesmo material que é utilizado para fazer o capoto das casas. Escolhemos esse material porque é leve e oferece-nos o isolamento térmico pretendido para termos conforto. Por exemplo, os contentores não têm isolamento. Muitas vezes, tem de se recorrer ao ar condicionado.

É um projeto que já se encontra patenteado.

Foi despoletado a partir de uma ideia, que foi submetida para uma patente e já conseguimos a patente nacional e internacional. A patente internacional está concedida e com reserva de direitos de propriedade em oito países europeus, que são aqueles que nos revelaram maior apetência para o mercado da construção modular e do “DYU”. Por exemplo,

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a Espanha, a França, a Inglaterra e a Suécia.

O que é que essa patente significa para esses países?

Significa que eles não poderão introduzir no mercado deles nenhum produto com as caraterísticas que temos indicadas nas nossas reivindicações. Quando fazemos a patente dizemos o que é que o nosso produto tem de inovador e, neste caso, a nossa inovação está descrita em cerca de 12 países.

Qual é a maior dificuldade?

Uma das dificuldades da construção modular é a aplicabilidade das artes técnicas. Vejamos… o caso das canalizações, da eletricidade… Estas áreas requerem técnicos. O objetivo é complementarmos o

nosso produto com as soluções para a instalação dessas chamadas artes técnicas. Estamos a trabalhar nesse sentido. Temos de desconstruir a perceção de que a construção modular é pouco apelativa e destinada a situações de emergência temporária. Não é isso que vislumbramos como potencial para este produto.

Ou seja, o projeto ainda não está no ponto de ser lançado no mercado…

Não, ainda não está, mas é importante referir que nós precisaríamos de muito tempo para o fazer chegar ao mercado. E por fases, claro. Numa primeira fase, o lançamento poderia ser só da estrutura em si, caminhando até chegarmos a vender também o produto com as caraterísticas para as partes técnicas.

Ao ser comercializado, será um produto caro?

Não. Nós queremos ter uma oferta por metro quadrado bastante competitiva.

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Especial 37.º Aniversário

Especial 37.º Aniversário

Por exemplo, num edificado idêntico ao nosso protótipo, de três metros por três metros, o objetivo é que o custo se situasse entre os 5 e os 10 mil euros. Claro que depois a escolha dos materiais torna o produto mais caro ou mais barato.

Estou convencido que, com a abertura de linhas de financiamento, a UA e a empresa vai dar uma nova vida a este projeto

O protótipo ainda está montado?

Não. O protótipo foi já foi desmontado e transportado muito facilmente do Barreiro para as instalações da universidade,

onde vai ser reinstalado para servir como espaço de apoio.

Agora… a médio prazo, qual é o próximo passo?

O próximo passo… Estou convencido que, com a abertura de novas linhas de financiamento, a Universidade e a Dreamdomus vai dar uma nova vida a este projeto. Temos falado com alguma regularidade com a empresa e eles continuam a acreditar que este é um projeto com futuro. Infelizmente, têm acontecido alguns constrangimentos e nós temos de definir prioridades, claro. Acreditamos que vamos conseguir ter um produto competitivo e sustentável. Resumindo, a questão que para nós é mais importante é o facto de conseguirmos ter vidas sucessivas para cada um dos nossos módulos. Nada vai para o aterro. É encontrar aqui uma excelente solução.

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GROHE e Everwave inauguram plataforma de limpeza para rios livres de plástico

Ambiente Esta parceria está agora a tomar uma nova forma, com a implantação-piloto da inovadora plataforma de limpeza HiveX, lançada em março deste ano, no rio Bacchiglione, em Pádua, Itália

A GROHE, sediada em Albergaria-a-Velha, em parceria com a Everwave, inauguraram uma plataforma de limpeza para rios livres de plástico e para proteger os oceanos. Esta parceria está agora a tomar uma nova forma, com a implantação-piloto da inovadora plataforma de limpeza HiveX,

lançada em março deste ano, no rio Bacchiglione, em Pádua, Itália. A colaborar com a Everwave desde 2019, a GROHE contribuiu «com orgulho para a inauguração da plataforma patenteada HiveX». Ancorada, a plataforma utiliza a energia da corrente do rio para desviar e armazenar, de modo contí-

nuo, os resíduos flutuantes – é eficiente em termos energéticos e amiga do ambiente, dado que a tecnologia passiva utiliza a energia do que a rodeia para funcionar. O desenho em forma de favo de mel abranda a corrente da água, assegurando que as partículas de plástico alcançam a superfície e são fil-

tradas (e que apenas os resíduos são recolhidos, enquanto os animais permanecem ilesos). Uma vez instalada, a sua arquitetura interna permite recolher até cinco toneladas de resíduos. Tal evita que o lixo chegue ao Golfo de Veneza, impedindo assim eventuais danos para o ambiente e a vida

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selvagem. Clemens Feigl, CEO e cofundador da Everwave, referiu que, «inicialmente, queríamos desenvolver uma tecnologia para os oceanos. À medida que a investigação avançava, tornou-se claro que é mais eficaz começar pelos rios, uma vez que 80 por cento dos resíduos nos oceanos vêm de lá. Graças à configuração modular e à sua tecnologia, a HiveX é uma solução simples que pode ser implementada em muitos rios, ajudando a limpar cursos de água em todo o globo – sem custos elevados ou ser preciso pessoal especializado. Estamos gratos à GROHE por apoiar há anos a nossa missão de proteger os oceanos, e por, enquanto marca, ter um impacto tão positivo no ambiente».

Além de limpar os sistemas vulneráveis de água, os parceiros também estão empenhados na educação e em inspirar os consumidores a terem um estilo de vida mais sustentável. Jonas Brennwald, líder da LIXIL EMENA, afirmou que «a

estreita parceria demonstra que, ao utilizar os conhecimentos especializados de uma marca global, uma “start-up” social pode ter um impacto direto e tangível». Adiantou ainda que «a parceria com a Everwave reforça o nosso papel como líder da indústria em termos de sustentabilidade e ajuda-nos a abrir novos caminhos na nossa contribuição para o objetivo 6 de desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas», ou seja, água potável e saneamento.

A plataforma utiliza a energia da corrente do rio para desviar e armazenar de modo contínuo, os resíduos flutuantes

Clemens Feigl acrescentou também que “o apoio da GROHE na qualidade de líder mundial ajuda-nos a ganhar visibilidade na região e a impulsionar o nosso objetivo de

termos oceanos saudáveis. Ao combinarmos os nossos pontos fortes e alertarmos para a crise global de plástico, o ambiente emerge como vencedor desta nossa colaboração”.

A transformação para ter impacto apenas pode ser conseguida em conjunto, pelo que a GROHE se concentra em dar um exemplo positivo e com diversas soluções, tais como o sistema de água GROHE Blue e a campanha “Made for your Water”, que apela ao poder da mudança coletiva de comportamentos para reduzir a utilização de plástico e contribuir para um ambiente mais limpo. Jonas Brennwald explicou que «com as nossas iniciativas de marca, queremos facilitar e inspirar os consumidores e os nossos parceiros industriais a participar na jornada da redução de plástico. Os nossos esforços, complementados pela colaboração com a Everwave, demonstram que, juntos, podemos aproximar-nos do nosso objetivo de um futuro que valha a pena viver com menos plástico».

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Especial 37.º Aniversário

A líder mundial em soluções completas para casa de banho e acessórios de cozinha, GROHE, prossegue, desta forma, com o objetivo de combater a poluição de plástico com a sua marca “Less Plastic Initiative” e lança, assim, as bases para aumentar os seus esforços colaborativos de sustentabilidade.

É de salientar que esta empresa detém em Portugal uma unidade de produção em Albergaria-a-Velha e é desde 2014 que faz parte do poderoso portefólio de marcas da LIXIL, a fabricante japonesa de produtos pioneiros de água e para habitação. No sentido de proporcionar “Pure Freude an Wasser” (pura alegria da água), cada produto GROHE tem por base os valores de qualidade, tecnologia, design e sustentabilidade da insígnia.

Ou seja, focada nas necessidades dos clientes, a GROHE cria soluções sustentáveis de produto que proporcionam valor acrescentado e melhoram a vida dos consumidores.

No sentido de facilitar o trabalho diário dos seus parceiros profissionais, a marca disponibiliza também uma gama abrangente de serviços, incluindo o programa de fidelidade GROHE + ou o GIVE – programa de formação para a próxima geração de instaladores. Com a água como ponto fulcral do seu negócio, a GROHE contribui para a estratégia de responsabilidade corporativa da LIXIL através de uma cadeia de valor que poupa recursos, isto é, desde a produção neutra de CO2 (que inclui projetos de compensação de CO2) a tecnologias de produto que poupam água e energia, passando pela remoção de plástico desnecessário nas embalagens, e até ao lançamento dos produtos com certificação Cradle to Cradle.

Em 2021, a GROHE recebeu o 12.º lugar do Top 25 “Multinational Employers in Europe 2021”, como um bom local para trabalhar. A GROHE obteve esta certificação em mais de 20 países, Portugal incluído.

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Escolas da cidade de Aveiro andam sobre rodas

CicloExpresso O desafio lançado às famílias é que as crianças se desloquem para a escola de bicicleta ou outros meios de mobilidade suave. Projeto ainda é considerado “piloto”, mas tem tudo para continuar a ganhar novos adeptos

Em cada uma das quatro escolas básicas do agrupamento de Aveiro – Glória, Vera Cruz, Barrocas e Santiago – existe um cicloexpresso, uma iniciativa que consiste em lançar o desafio aos alunos de ir de bicicleta para a escola. Na Escola Básica da Vera Cruz, o CicloExpresso arrancou em 2021, no decurso do jogo da mobilidade sustentável “A Serpente Papa-Léguas”.

A iniciativa foi dinamizada por vários pais entusiastas da bicicleta que, anteriormente –em setembro de 2020 –, se tinham constituído em grupo de Wahtsapp para implementar o cicloexpresso e promover as viagens em meios de mobilidade suave não poluente (como a bicicleta) para a escola, ao longo do ano letivo.

Em cada uma das escolas, os cicloexpressos são organizados de forma independente pelas respetivas associações de pais, tendo regularidade, rotinas e

percursos muito distintos uns dos outros.

Então, e como tudo de processa? Pais e filhos combinam viagens através de um grupo no Whatsapp, e depois juntamse nos pontos de encontro previamente definidos para seguirem juntos de bicicleta para a escola. A explicação é dada por Nuno Lopes, da APEVECA (Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola Bá-

sica da Vera Cruz), na qual está integrada a iniciativa.

A viagem, prossegue, é aberta a todas as crianças que queiram participar. Seguem viagem ciclável numa ‘caixa’ de segurança criada pelos pais que as acompanham à escola. No caso da EB da Vera Cruz, o CicloExpresso está organizado em duas linhas – a Linha da Beira Mar (com ponto de partida no Largo dos Bombeiros Novos) e

A dinâmica voltou a ganhar vida em setembro de 2021, no âmbito da Semana Europeia da Mobilidade - Dia Europeu sem Carros

a Linha das Barrocas (ponto de partida junto ao Centro Social e Paroquial da Vera Cruz) -, cobrindo os dois trajetos mais recorrentes para chegar à escola. Ocorre, no mínimo, uma vez por semana (à sexta-feira).

Esta dinâmica voltou a iniciar em setembro de 2021, no âmbito da Semana Europeia da Mobilidade - Dia Europeu sem Carros, tendo decorrido de forma «ainda um pouco irregular,

sobretudo nos meses letivos menos chuvosos e mais solarengos», dá conta Nuno Lopes.

De referir que o arranque pioneiro dos cicloexpressos em Aveiro ocorreu em 2017, pela mão da Associação de Pais do Centro Escolar das Barrocas (a APEJIB), que tem vindo a inspirar as restantes escolas desde então, dando, assim, origem aos cicloexpressos que, atualmente, existem na cidade.

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Entretanto, os alunos também começaram, este ano, a aprender a andar de bicicleta na escola. Esta iniciativa do Agrupamento de Escolas de Aveiro contou com a colaboração de professores e alunos do 9.º ano da EB2/3 João Afonso, tendo sido considerada «um sucesso» pelo professor coordenador da iniciativa, Manuel Candal. Envolveu todas as turmas, permitindo que muitos alunos tivessem um espaço para aprender a andar de bicicleta ou ganhar mais confiança.

No futuro, o grupo da mobilidade sustentável da APEVECA dá conta que pretende, em parceria com o Agrupamento de Escolas de Aveiro, organizar uma iniciativa que permita trazer a família à escola. «Sabemos que muitas famílias não sentem confiança para andar na estrada e ultrapassar obstáculos ou enfrentar cruzamentos, e queremos contribuir para que percam o receio de usar a bicicleta nas vias rodoviárias da cidade», sustenta a associação.

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Aprender a andar de bicicleta na escola

Especial 37.º Aniversário

Contribuir para uma cidade ‘bike friendly’

Nuno Lopes explica que os grupos de trabalho para a mobilidade sustentável e ativa de cada uma das escolas básicas tem estado em contacto, o que permitiu a organização conjunta de algumas iniciativas durante o mês de maio, integradas no programa “Mês da Mobilidade Escolar Ativa e Sustentável”. São disso exemplo a “Serpente Papa-Léguas - Jogo da Mobilidade”, e ainda ,o “Ci-

clopasseio Escolar”, que decorreu a 5 junho e serviu para celebrar, duplamente, o Dia Mundial da Bicicleta e o Dia do Ambiente. Este programa de ação contou o apoio e incentivo da Câmara Municipal de Aveiro, do Agrupamento de Escolas de Aveiro e da Ciclaveiro.

«A ideia de um planeta mais sustentável é um mero conceito teórico utópico se nada fizermos no nosso dia a dia para dar corpo a essa visão. A sustentabilidade é uma missão

de todos, e por isso, com esta mobilização para o uso de transportes suaves e sustentáveis, pretendemos: ajudar a crescer a comunidade das famílias que utilizam a bicicleta para se movimentar na cidade de Aveiro da e para a escola; reduzir os índices de CO2 à porta da escola, melhorando o ambiente de proximidade; contribuir para que Aveiro registe menos poluição atmosférica e seja uma cidade mais saudável; e contribuir para que

a cidade melhore, progressivamente, as condições de segurança para os ciclistas e seja cada vez mais uma cidade ‘bike friendly’», sustenta o elemento da APEVECA.

Ao fim de dois anos de experimentação, e apesar de ter tido «momentos de grande participação», Nuno Lopes reconhece que esta dinâmica do CicloExpresso pode ainda ser considerada uma ‘atividade piloto’, que «procura reunir mais aderentes, para que possa

ocorrer mais regularmente e em mais dias da semana ao longo do ano letivo».

guramente, gostariam de participar mais vezes, mas a adesão prática vai demonstrando a dificuldade que, no geral, as famílias têm em conseguir organizar as rotinas para poderem utilizar a bicicleta (ou outros modos de mobilidade sustentável) mais regularmente», admite o responsável.

«O grupo de simpatizantes aumentou, e temos agora um grupo de pais mais alargado, composto por pessoas que, se-

“Siga-a-Pé” é outra das alternativas Também no que respeita ao jogo “Serpente Papa-Léguas”, o

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«A sustentabilidade é uma missão de todos e, por isso, com esta mobilização pretendemos ajudar a comunidade»

balanço é «claramente positivo». «Houve um marcado envolvimento de alunos, pais e professores, o que permitiu a adesão de muitas crianças à iniciativa. De uma forma lúdica, assistimos à passagem de valores fundamentais como a cooperação, o sentido de responsabilidade e a preocupação com a saúde e o meio ambiente. Sem o envolvimento de todos e sem a clara dedicação dos professores a esta causa, o “Jogo da Serpente” não teria cor-

rido tão bem. Estamos ansiosos pelo próximo», admite.

«Importa dizer que, ao longo do ano, observamos muitas famílias que, vivendo relativamente próximo da escola - numa das maiores áreas habitacionais da cidade -, se deslocam para a escola a pé», acrescenta.

Tendo em conta esta realidade e, mais uma vez, inspirado no exemplo do Centro Escolar das Barrocas, o Grupo de Mobilidade Sustentável da Vera Cruz lançou, a título piloto, o

“Siga-a-Pé”, procurando criar uma alternativa às deslocações em bicicleta durante a semana do jogo da “Serpente Papa-Léguas”.

«Pelas conversas que vamos tendo, sentimos que há sensibilidade e desejo dos pais da nossa comunidade de poderem usar a bicicleta ou outras alternativas suaves mais regularmente, contudo, as dinâmicas pessoais, familiares e profissionais acabam por limitar essa prática», reforça Nuno Lopes,

assumindo limitações de várias ordens. «Podemos enumerar a ausência de uma cultura para a bicicleta (que implica, por exemplo, organização logística, a aquisição de modelos mais adequados aos trajetos urbanos, o vestuário adequado, a existência de espaço em casa, ou a manutenção regular das mesmas, entre outras); a definição de prioridades de organização do tempo e das rotinas familiares, que assentam muito na viatura para mitigar a saída

(sempre) apressada de casa; e, não menos importante, a necessidade de uma estrutura integrada de vias que permitam fazer os trajetos de forma mais segura», enumera.

Na opinião deste encarregado de educação, a cidade de Aveiro, «considerando a sua orografia/relevo, é, seguramente, das cidades portuguesas mais convidativas para que os seus habitantes possam considerar os meios de transporte suaves como uma excelente al-

ternativa ao automóvel, e vemos que existem famílias na comunidade da Escola da Vera Cruz que procuram fazer deste modo de transporte a regra e não exceção». Contudo, denota que, «apesar de já existirem alguns trajetos preparados para as bicicletas ao longo da cidade, ainda existem algumas áreas de melhoria a incrementar nos acessos à escola e aos locais mais centrais frequentados pelas crianças (como ATLs, pavilhões, piscinas...)».

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37.º Aniversário

Jardim sensorial torna recreio mais apelativo

A EB1 Vera Cruz levou a cabo, no final deste ano letivo, um projeto que envolveu toda a comunidade escolar e que pretendeu «transformar esta escola num espaço mais verde e sustentável», através da execução de um jardim sensorial e de uma horta no recreio do alunos. Esta ação resultou de um desafio lançado pela Universidade de Aveiro, mais concretamente

pelo Departamento de Economia, que propôs à APEVECA trabalhar cooperativamente na realização de diversas atividades para o desenvolvimento de um recreio mais verde, no âmbito do projeto Erasmus + Coeducation in Green.

«A importância deste projeto resulta, essencialmente, da urgência dos temas ambientais, da sustentabilidade, inclusão e

acessibilidade, por isso, todos os elementos da comunidade escolar (pais alunos e professoras) abraçaram este projeto, como forma, também, de oferecer às crianças novos temas, espaços e experiências de aprendizagem», sustenta Marta Dias, da Direção da APEVECA. Os trabalhos começaram no mês de maio e, neste momento, já conta com os canteiros para

Este foi um projeto que envolveu toda a comunidade escolar para «transformar esta escola num espaço mais verde»

a horta, preparados de acordo com as técnicas de permacultura; e o jardim sensorial já conta com canteiros com recurso a várias estruturas, quer verticais quer horizontais. Existe, também, um espaço para a música, com a instalação de diversos instrumentos com recursos a materiais reciclados, bem como bancos de jardim. Até ao final do ano, este espaço

contará, também, com um auditório ao ar livre e um caminho sensorial. Assim, no início do próximo ano letivo, a EB1 Vera Cruz «estará pronta para receber os alunos com um recreio mais apelativo e amigo do ambiente, no qual poderão, ao longo do ano, desenvolver projetos de aprendizagem ao ar livre e sobre temas ambientais», sustenta a responsável.

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Especial
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37.º Aniversário

Sustentabilidade: mais do que reciclar, temos de reduzir

Entrevista Richard Tavares, embaixador alumni UA, atualmente na Agência de Execução Europeia do Clima, das Infraestruturas e do Ambiente (CINEA), em Bruxelas, afirma que é urgente reduzir o comodismo e mudar hábitos de consumo em prol da sustentabilidade e do futuro do planeta

Mais do que fazer reciclagem, é fundamental reduzir o consumo e mudar hábitos de vida que estão, grande parte das vezes, relacionados com comodismo e não com necessidade.

Quem o diz é Richard Tavares, licenciado em Engenharia do Ambiente e doutorado em Ciências Aplicadas ao Ambiente, pela Universidade de Aveiro (UA) e que assume funções de coordenação e aprovação de projetos de investi-

gação na Agência de Execução Europeia do Clima, das Infraestruturas e do Ambiente (CINEA), em Bruxelas.

Numa altura em que tanto se fala de alterações climáticas, ainda estamos a tempo de agir?

Richard Tavares: Pessoalmente, e ao ver os resultados dos últimos relatórios do IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change, ainda temos

tempo para agir, mas não muito.Vimos que, por exemplo, durante o confinamento as emissões diminuíram drasticamente. Existe um conjunto de trabalhos e publicações científicas que demonstram o impacto imediato desta mudança radical de comportamento. Temos assistido a eventos climáticos extremos como chuvas torrenciais, inundações, seca... são episódios a que teremos de nos adaptar porque serão

cada vez mais frequentes. Agora, temos de pensar numa mudança efetiva, não na prespetiva de mudar o planeta em si, porque até podemos reduzir as emissões agora em 90 por cento, mas o impacto propriamente dito só daqui a 10 a 50 anos é que se verá, nunca é imediato. No entanto, isso permite-nos adaptar mais facilmente.

É tempo de a sociedade começar a pensar de outra maneira

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sobre o consumo, tem de ser mais moderado e mais responsável. Mais do que reciclar, passa sobretudo por reduzir, por repensar o consumo, ou o comodismo, do dia a dia. Há que mudar a perspetiva.

O que podemos mudar, por exemplo?

Tudo começa nas coisas simples. Muitas vezes, é mais fácil comprar uma caixa plástica porque é mais barata, mas uma de vidro dura muito mais tempo. Optar pela compra a granel. Há demasiado plástico e esse é um dos maiores problemas para o ambiente. Uma coisas que me choca, literalmente - e espero que as coisa comecem a mudar com a legislação - é ver produtos “bio” embalados em plástico. É contraproducente. Não faz sentido. Tem de haver uma mudança efetiva de consumo. É difícil, sim, e leva tempo. E mais do que cultural é, na minha opinião, o comodismo. É mais fácil, em vez de levar um conjunto de sacos em tecido para a loja, pagar por

Tudo começa nas coisas simples. É mais fácil comprar uma caixa plástica. É mais barata, mas a de vidro dura mais

Vivemos numa região com forte produção de bicicletas e condições para usar esse meio de transporte

mais um saco plástico que depois fica a acumular em casa.

E no diz respeito à mobilidade?

Deviamos usar mais os transportes públicos, sempre que possível, em vez de usar o carro para tudo, sobretudo quem vive nas cidades. Vivemos numa região com forte produção de bicicletas e condições para usar esse meio de transporte. Temos de incentivar mais e deixar de usar tanto o carro. Aveiro foi a cidade que lançou a buga, o primeiro passo, foi o primeiro exemplo a nível internacional que se lançou. Noutros países já está tão implementado e já tão enraizado esse sistema e, infelizmente, Portugal está a adaptar-se muito lentamente, e não podemos dizer que é por questões meteorológicas.

Portugal comprometeu-se a reduzir as emissões de CO2 em 30 por cento até 2030. Isso é mesmo possível e passa por quê?

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88 Especial 37.º Aniversário
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Há uma nova grande rota para os adeptos das caminhadas e do BTT

Percurso A Grande Rota das Montanhas Mágicas une os municípios de Arouca, Castelo de Paiva, Sever do Vouga, Vale de Cambra, São Pedro do Sul, Castro Daire e Cinfães

Nos últimos dias, a Associação de Desenvolvimento Rural Integrado das Serras de Montemuro, Arada e Gralheira (ADRIMAG) inaugurou, na aldeia de Felgueira, em Arões, Vale de Cambra, a GR60Grande Rota das Montanhas Mágicas. O projeto une os municípios de Vale de Cambra, Arouca, Castelo de Paiva, São Pedro do Sul, Castro Daire, Sever do Vouga e Cinfães, assim como várias entidades nacionais no desígnio comum de

«valorizar, e não só do ponto de vista turístico e económico, um território abraçado pelas serras da Freita, Arada, Arestal e Montemuro, assim como os vales dos rios Douro, Vouga, Paiva, Bestança, Caima e Teixeira». Trata-se de um percurso circular de, aproximadamente, 280 quilómetros, que liga vários locais de interesse natural, patrimonial e cultural, para serem apreciados de bicicleta (em oito etapas) ou a pé (14 etapas).

Desenhado para os amantes dos desportos radicais e do turismo de natureza, almeja tornar-se, a breve trecho, numa «referência nacional e internacional» nas áreas do «cycling» e do «walking». O projeto, pensado pela ADRIMAG foi, assim, abraçado «com entusiasmo» pelos respetivos municípios com vista à criação de uma oferta turística «diferenciadora e estruturada».

João Pinho, coordenador da ADRIMAG, entende que se

trata de um produto turístico «que muito vai valorizar este território». Centrado na prática de desportos de aventura e, por isso mesmo, com grande capacidade de atratividade para os adeptos do turismo de natureza, esta GR60 «tem, também um grande potencial para dinamizar, por arrasto, toda a economia dos concelhos atravessados pelo traçado, da restauração à hotelaria, do comércio às empresas de animação turística».

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A sessão de apresentação contou com a “estreia” do destino, em cima de uma bicicleta, num percurso que teve a duração de 15 minutos. Esta jornada de trabalho contou com as participações da secretária de Estado do Desenvolvimento Regional, Isabel Ferreira, dos presidentes de todas as autarquias envolvidas, dos mais al-

Trata-se de um percurso circular de, aproximadamente, 280 quilómetros, que liga vários locais de interesse natural, patrimonial e cultural

tos representantes da Federação Portuguesa de Ciclismo, da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal, do Turismo do Porto e Norte de Portugal, do Turismo do Centro de Portugal, do Turismo de Portugal e, também, de vários especialistas.

Para lá das autarquias mencionadas, o projeto tem como

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parceiros a Federação Portuguesa de Ciclismo, a Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal, o Turismo do Porto e Norte de Portugal e o Turismo do Centro de Portugal.

Pontos de interesse e zonas especiais

Os passadiços, baloiços, percursos pedestres e cicláveis estão na moda. E como em tudo na vida existem vantagens e desvantagens.

Quem cria e usufrui destes equipamentos nem sempre se poupa a exageros e nem sempre tem presente que a natureza é sensível e precisa de cuidados. Independentemente disso, a Grande Rota das Montanhas Mágicas é bem-vinda ao clube.

O mapa da GR60 contempla, ainda, vários pontos de interesse, com os da Rota da Água e da Pedra e, também, quatro zonas especiais classificadas na Rede Natura 2000 e o Arouca Geopark Mundial da UNESCO. Estes últimos locais somam, aliás, mais 50 por

cento da área total do território em causa. Além disso, o projeto – que tem a Grande Travessia de BTT dividida em oito etapas (dimensionadas para serem

completadas a uma média de uma por dia, por praticantes habituais e, claro, dependendo do ritmo imposto e da respetiva aptidão física na modali-

dade) e o circuito pedestre em 14 segmentos (que podem ser finalizados em 14 dias) está devidamente sinalizado e possui vários pontos de apoio ao

longo de todo o percurso, estando dotado das condições necessárias à prática das disciplinas para as quais foi pensado, inclusive na promoção das

práticas ambientais responsáveis.

Dez lugares classificados como Aldeia de Portugal, casas senhoriais, solares, santuários, calvários, ruínas de complexos mineiros (Braçal e Chãs), museus, oficinas de artesanato e centros de interpretação e florestas com geossítios, cascatas, lagoas e albufeiras são alguns dos pontos de interesse ao longo da GR60, que em alguns casos organiza numa proposta mais abrangente trilhos já existentes.

O trajeto cruza quatro zonas Rede Natura 2000, sujeitas a proteção especial por serem habitat de espécies selvagens ameaçadas.

Quem gosta de adrenalina também tem opções

Para quem gosta de adrenalina, as Montanhas Mágicas proporcionam atividades de aumentar o batimento cardíaco, tais como “rafting”, “kayaking”, canoagem, “stand up padle”, escalada, arvorismo, “paintball”, e muitas outras.

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Resíduos Sólidos do Centro recolheu mais de 434 mil toneladas em 2021

A ERSUC – Resíduos Sólidos do Centro recolheu, em 2021, mais de 434 mil toneladas de resíduos nos 36 municípios da sua área de intervenção, revelou a empresa, recentemente, à Lusa. Assim, durante o ano de 2021, entraram nas instalações da ERSUC (Sistema Multimunicipal de Tratamento e Valorização de Resíduos Sólidos Urbanos do Litoral Centro), localizadas em Coimbra, 434.629 toneladas de resíduos, dos quais 87 por cento correspondem à recolha indiferenciada e 13 por cento à recolha seletiva. Conforme refere o comunicado, comparativamente com 2020, verificou-se um acréscimo de dois por cento na recolha indiferenciada e um decréscimo de um por cento no total das quantidades recolhidas seletivamente (ecopontos e recolha porta a porta no comércio e nos serviços). De acordo com os dados revelados à Lusa, a recolha do vidro cresceu dois por cento e a do plástico cinco por cento, enquanto que o papel e o cartão registou um decréscimo de sete por cento.

A ERSUC registou ainda um aumento face a 2020 na retoma de materiais recicláveis, em resultado da recuperação de resíduos no tratamento mecânico e biológico e da recolha seletiva. «Em todos os municípios foi conseguida, e noutros ultrapassada, a meta dos 180 habitantes por ecoponto», pode ler-se. «Em 2021, foram instalados mais 49 ecopontos nos 36 concelhos do sistema, o que perfaz um total de 5.709», disse uma fonte da empresa, salientando que «existe,

atualmente, uma densidade de 161 habitantes por ecoponto, o que é muito bom».

Futuramente, as metas ambientais da responsabilidade daquele operador «serão definidas no documento estratégico do setor que se encontra em consulta pública - Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos 2030 (PERSU 2030) – e ainda não publicado».

A ERSUC registou um aumento face a 2020 na retoma de materiais recicláveis, em resultado da recuperação de resíduos

Recorde-se que a ERSUC abrange uma área de 6.700 quilómetros quadrados (7,9 por cento do território nacional) e trata mais de 400 mil toneladas de resíduos por ano, servindo uma população de aproximadamente um milhão de habitantes de 36 municípios dos distritos de Aveiro, Coimbra e Leiria. O sistema inclui os concelhos de Águeda, Albergaria-a-Velha, Alvaiázere, Anadia, Ansião, Arganil, Arouca, Aveiro, Cantanhede, Castanheira de Pera, Coimbra, Condeixa-a-Nova, Estarreja, Figueira da Foz, Figueiró dos Vinhos, Góis, Ílhavo, Lousã, Mealhada, Mira, Miranda do Corvo, Montemor-o-Velho, Murtosa, Oliveira de Azeméis, Oliveira do Bairro, Ovar, Pampilhosa da Serra, Pedrógão Grande, Penacova, Penela, S. João da Madeira, Sever do Vouga, Soure, Vagos, Vale de Cambra e Vila Nova de Poiares.

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A ERSUC abrange uma área de 6.700 quilómetros quadrados, servindo uma população de aproximadamente um milhão de habitantes de 36 municípios dos distritos de Aveiro, Coimbra e Leiria
Poluição

25 Anos ao serviço da comunidade

OBanco Alimentar Contra a Fome Aveiro está a celebrar o seu 25.º Aniversário. Em junho de 1997, um grupo de cidadãos unidos pelo espírito da dádiva e da partilha, entendeu com sacrifício próprio constituir uma Instituição cuja finalidade visava a luta contra a fome e o desperdício alimentar. Servindo de intermediário entre as entidades produtoras de excedentes, e aqueles que deles se encontram deficitários, esta tarefa que se pretendia provisória, veio a mostrar-se cada vez mais necessária, fruto das várias crises sociais que ao longo dos anos foram surgindo.

Têm servido os bancos alimentares, nomeadamente o Banco Alimentar Aveiro, para congregar boas vontades, quer junto da sociedade civil, empresas, particulares e grupos cívicos, quer da autarquia, no sentido conseguir obter os géneros alimentares que têm servido para suprir algumas das carências alimentares de uma franja significativa da nossa sociedade que, pelas vicissitudes que temos vindo a sentir, não para de aumentar.

Não tem sido, porém, fácil o desempenho do Banco Alimentar Contra a Fome de Aveiro. Toda a atividade assenta no voluntariado

O Banco Alimentar Contra a Fome Aveiro tem vindo a desenvolver a sua atividade apoiando-se em 206 instituições, com quem estabeleceu parcerias e que, instaladas no terreno, nos vão dando nota das necessidades alimentares sentidas pelas famílias, nas respetivas áreas de influência. É com estas Instituições que o Banco Alimentar Contra a Fome conta, para fazer chegar, criteriosamente, às cerca de 31.200 pessoas por si apoiadas, nos 18 dos 19 concelhos do distrito de Aveiro, os bens postos à sua disposição.

Não tem sido, porém, fácil o desempenho do Banco Alimentar Contra a Fome de Aveiro. Toda a atividade dos bancos alimentares, assenta no princípio do voluntariado, constituindo-se este, o seu principal capital. Considerando que tem vindo a ser, cada vez mais difícil, conseguirmos voluntários, para por de pé as nossas habituais campanhas de recolha de alimentos e, no sentido de sensibilizarmos as pessoas, em especial os jovens, para a importância da sua participação nas atividades do banco alimentar, temos procurado criar condições, para que aqueles que dia a dia

nos acompanham na realização das tarefas que permitem o eficaz funcionamento do Banco, se sintam realizados, fazendo parte deste projeto, e procurando que, o trabalho efetuado durante as campanhas, seja uma manifestação de convívio, e de solidariedade para com os mais desfavorecidos.

Por tudo quanto temos vivido e já lá vão, para mim, mais de 12 anos de voluntariado, não podemos em hora de celebração do

*

25º Aniversário do Banco Alimentar Contra a Fome Aveiro deixar de louvar os seus fundadores e o trabalho realizado por todas as Direções que, ao longo destes anos, se dedicaram a levar a cabo a nossa missão, a “luta contra a fome e o desperdício alimentar. Presidente do Banco Alimentar Contra a Fome de Aveiro
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Cuidar e Navegar!

Como escola de formação e de valores, a Academia de Vela Sporting Clube de Aveiro não podia deixar de sensibilizar os mais jovens e a sociedade civil em geral para a problemática do lixo marinho, nomeadamente para a recolha dos plásticos que demoram milhares de anos a decompor-se.

Avela é uma modalidade desportiva amiga do ambiente, que usa o vento como força matriz para fazer mover a embarcação. E quando praticamos um desporto na natureza, ficamos sempre mais sensíveis no cuidar e proteger o meio em que praticamos o nosso desporto, promovendo assim uma consciência para a preservação e sustentabilidade dos oceanos.

E esta preservação dos oceanos ganha proporções maiores quando entendemos os impactos reais causados pela sua destruição sistemática, colocando em risco não apenas os ecossistema marinhos mas também a própria sobrevivência humana, produzindo efeitos negativos na economia das regiões costeiras.

Atividades de limpeza costeira dão um importante contributo para que o lixo não se acumule no mar, contaminando-o e prejudicando a flora e a fauna, procurando assim neutralizar o ciclo do lixo no final do seu processo.

Assim no dia sábado de manhã dia 16 de julho, voltamos a organizar uma limpeza costeira na Ria de Aveiro, uma iniciativa em estreita colaboração com a “Fundação Ecomar” que tem procurado sensibilizar, educar e mobilizar as pessoas para a preservação dos oceanos e do planeta, uma obrigação de todos nós!

Para além da limpeza costeira, nesta mesma manhã a “Fundação Ecomar” vai dinamizar uma apresentação para os mais jovens sobre o tema do lixo marinho e a sua reciclagem.

Vamos lá impedir que o lixo marinho chegue ao mar? Ponto de encontro no Pavilhão de Vela/Canoagem do Sporting Clube de Aveiro, às 10 horas.

Participe e contribua na preservação dos oceanos, fica o desafio para “Cuidar e Navegar” nesta imensa sala de visitas também conhecida por Ria de Aveiro…

* Diretor da Academia de Vela do Sporting Clube de Aveiro

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Nuno Carvalho Silva*

Mealhada aposta no empreendedorismo, sustentabilidade e equidade

Um jornal diário com 37 anos de longevidade é algo assinalável e, por isso, as minhas primeiras palavras neste pequeno artigo são de parabéns para o Diário de Aveiro no seu todo: aos jornalistas, que nos trazem a informação da região, aos proprietários, uma vez que sabemos o quão difícil é manter economicamente um jornal diário, e a toda a equipa sem exceção. Parabéns!

Não podia ser mais feliz o tema desta edição de aniversário - “2022 o ano internacional das ciências básicas para o desenvolvimento sustentável” - e vai perfeitamente ao encontro das nossas premissas e estratégia de governação autárquica para o Município da Mealhada.

Defendemos e procuramos promover o empreendedorismo, mas sem prescindir da sustentabilidade e da equidade.

Empreendedorismo, enquanto referencial de ação política, traduz uma forma ousada de considerar os diversos agentes, sejam eles económicos, do setor social, cultural ou educativo, dando-lhes as condições ideais para serem competitivos e capacitados. Se este atributo sempre foi um fator distintivo, hoje significa atuar não

apenas num espaço local, mas de forma nacional e global. Porém, nenhum desenvolvimento deve ser cego em relação aos fatores da sua sustentabilidade, seja ela económica, social ou ambiental. As últimas décadas têm mostrado, com clareza, os custos sociais, ambientais e económicos, resultantes de estratégias de desenvolvimento sem planos integradores e multidisciplinares.

A ação política exige ainda perseguir os mais elevados padrões de equidade e de transparên-

cia. Significa isto que devem ser combatidas todas as formas de desigualdade e de arbitrariedade que minam e descredibilizam a própria ação política.

No Município da Mealhada, entendemos o desenvolvimento com base nestes três conceitos aplicados ao apoio à economia local, à recuperação dos espaços públicos, ao urbanismo, à valorização dos recursos naturais, criando a partir deles mais-valias ambientais, turísticas e de lazer. Pensamos na criação e no desenvolvimento de polos de excelência na área do conhecimento e das indústrias criativas. Pensamos no potencial existente na nossa rede associativa (cultural, desportiva, social): no que dela se poderá extrair se encontrar no poder público um parceiro estratégico fiável, que não se limite a permitir sobreviver, mas que ajude a crescer.

Para o conseguirmos, contamos com uma comunidade e corpo de funcionários competentes, motivados, orientados para o bem comum e que partilham a paixão pela sua terra.

* Presidente da Câmara Municipal da Mealhada

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Anadia aposta na sustentabilidade

Tendo em conta que as alterações climáticas são uma das maiores ameaças ambientais, sociais e económicas que o planeta e a humanidade enfrentam, atualmente, a Câmara Municipal de Anadia aposta, cada vez mais, a nível local, na sustentabilidade em todas as suas dimensões, dando o exemplo e incentivando a população a associar-se a esta causa tão importante e premente.

O desenvolvimento de medidas ambientais e a promoção de boas práticas permitem-nos ostentar, desde 2015, a Bandeira Verde Eco XXI, atribuída pela Associação Bandeira Azul da Europa. A Câmara Municipal de Anadia é também signatária do Pacto de Autarcas para o Clima e Energia e aderente da iniciativa europeia “Mayors Adapt”.

Alertar a população para esta causa tem sido e vai continuar a ser uma constante, porque, como se tem vindo a verificar, ações de sensibilização e educação suscitam responsabilidade e proatividade. A mensagem transmitida à população, através de vários meios de comunicação, tem incidido, particularmente, na reciclagem, na reutilização, na correta separação de resíduos, no consumo equilibrado de água e no combate ao abandono de monos e resíduos elétricos e eletrónicos. Relativamente aos mais novos, destaca-se o projeto “Médicos do Planeta”, que leva às escolas do concelho ensinamentos simples e práticos que fazem toda a diferença, e o apoio dado pela autarquia para que os estabelecimentos escolares sejam Eco-Escolas.

Anualmente, a Câmara Municipal de Anadia realiza a Feira do Ambiente Anadia + Verde, para sensibilizar a comunidade para a necessidade de uma alteração de comportamentos em prol de um ambiente mais sustentável, para incentivar a adoção de modos de produção mais amigos do ambiente e para promover a produção e o consumo de produtos biológicos.

Igualmente importante é o Anadia SIM (Sistema Integrado de Mobilidade), rede de transporte de passageiros do concelho de

Anadia que promove a mobilidade sustentável e que potencia uma mudança de hábitos dos habitantes e a redução da poluição e dos gastos energéticos. Ainda no que diz respeito à mobilidade, destaca-se o aumento gradual de ciclovias, a existência de dois carregadores de veículos elétricos (Anadia e Curia), a aquisição de veículos elétricos – como duas bicicletas elétricas que estão a ser utilizadas na limpeza urbana – e a disponibilização gratuita de bicicletas (B-AND) para deslocações saudáveis e ambientalmente sustentáveis.

A Câmara Municipal de Anadia tem também vindo a investir em espaços verdes, de recreio e lazer, que promovem o bemestar social e a melhoria da qualidade do ar. O Parque Urbano de Anadia, inaugurado em 2021, é um bom exemplo.

Recentemente, na 5.ª edição da Feira do Ambiente Anadia + Verde, foi apresentada a Calculadora da Pegada Ecológica para

o Município de Anadia, criada em parceria com a Universidade de Aveiro, a Associação Ambientalista ZERO e a Global Footprint Network. Esta ferramenta digital visa educar e consciencializar os munícipes para questões ambientais.

No presente mandato, existem várias medidas em vias de implementação, tais como a criação de uma zona de compostagem orgânica em cada freguesia e a criação do Gabinete Municipal de Apoio à Agricultura e Floresta, entre outras relacionadas com a Rede de Abastecimento de Água, o setor florestal, o turismo de natureza e o consumo energético. Em suma, pretende-se que Anadia continue a ser um concelho com futuro, no qual a economia circular seja um modo de vida.

* Presidente da Câmara Municipal de Anadia

A Câmara Municipal de Anadia é também signatária do Pacto de Autarcas para o Clima e Energia e aderente da iniciativa europeia Mayors Adapt. Alertar a população para esta causa tem sido e vai continuar a ser uma constante

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