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Metro Mondego
diário as beiras | 09-01-2014
Textos e fotos | António Rosado
Protesto depois de amanhã em Lisboa
Metro Mondego só avança com aprovação da Europa Só se o Governo apresentar o projeto do Metro Mondego (urbano e suburbano) como prioritário na candidatura a fundos comunitários é que a empreitada poderá ser retomada. Resultados da avaliação nacional de projetos candidatos devem ser tornados públicos este mês
Jaime Ramos
111 O líder do Movimento Cívico de Coimbra, Góis, Lousã e Miranda do Corvo, Jaime Ramos, confirma que as populações dos quatro concelhos envolvidos deslocam-se depois de amanhã, sábado, a Lisboa, para levar a cabo concentrações em frente à Assembleia da República e à residência oficial do primeiroministro. A iniciativa chegou a estar comprometida perante a notícia de que nesse dia Passos Coelho se deslocaria a Coimbra, o que, entretanto, terá sido desmentido. Jaime Ramos diz que a viagem à capital “pretende pressionar o Governo a incluir o Metro Mondego (MM) na lista dos projetos nacionais de alto valor acrescentado, a candidatar a fundos comunitários”. O ativista desta causa acrescenta que “não podemos comparar o MM com projetos novos no país, porque o Ramal Ferroviário da Lousã já existia antes da retirada dos carris e transportava um milhão de passageiros por ano”. O também médico sublinha que “está na altura do Governo assumir as suas responsabilidades políticas, até porque todos já disseram que apoiavam o projeto”. Jaime Ramos está satisfeito com a proposta de integração dos SMTUC no MM, mas desafia a Câmara de Coimbra a ir mais longe, incluindo na mesma estrutura o sistema de gestão dos parques públicos de estacionamento.
111 O impasse a que chegou o Metro Mondego (MM), desde que foram totalmente suspensos todos os trabalhos há dois anos, reduz a esperança de que alguma vez venham a ser repostos os carris no Ramal da Lousã ou abertas as linhas urbanas previstas para Coimbra. Uma coisa é certa, se o projeto for retomado terá de avançar em conjunto, na sua vertente urbana e semi-urbana (eventualmente com a exclusão do troço final Lousã-Serpins). Isto porque, de acordo com fontes contactadas pelo DIÁRIO AS BEIRAS, só assim será possível atenuar o défice de exploração anual. Ou seja, a maior procura que existirá na cidade iria compensar uma maior despesa de exploração que possa registar-se no Ramal da Lousã. Aliás, é neste âmbito que o presidente da autarquia de Coimbra defendeu, na semana passada, a integração dos Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos (SMTUC) na MM, o que foi subscrito pelos outros presidentes de municípios envolvidos. Entretanto, embora já tenham ocorrido muitas demolições na Baixa de Coimbra para abrir o Canal do Metro, é na área suburbana que está feito, até agora, o maior investimento, num total que se aproxima dos 100 milhões de euros, como confirmou fonte da MM e que está bem patente nas infraestruturas construídas. "Raid fotográfico” Uma espécie de “raid fotográfico” realizado esta semana pela reportagem do DIÁRIO AS BEIRAS ao longo da linha revela nove pontes e seis pontões alvo de reparação – de que se destacam as pontes da Portela (Ceira) e do Boque (Serpins) – seis túneis construídos ao longo do percurso, dezenas de estruturas de estabilização, incluindo grandes taludes de betão, 16 plataformas para passageiros construídas nas estações e, ainda, centenas de lugares de estacionamento e quilómetros de asfalto em nós de ligação rodoviária às
O trajeto do Metro Mondego, que já deveria estar concluído há uma década, serpenteia por entre os pilares da A13, a inaugurar dentro de quatro meses
estações. O ponto da situação financeira da MM dá conta de quatro milhões de euros gastos nos interfaces da Lousã, Miranda do Corvo e Ceira – incluindo expropriações – e 56,5 milhões aplicados em infraestruturas, ou seja no dois troços contínuos de Miranda do Corvo para montante, até Serpins e, para jusante, até ao Alto de São João. A estes valores acrescem as despesas de funcionamento, salários e atribuição de automóveis a gestores (desde 1996 a 2011) e diversos estudos para implantação do projeto na área urbana. Os concursos cancelados desde
2009 referem-se às infra-estruturas dos segmentos Alto de São João/São José e Coimbra-B/Portagem, bem como a implantação de sinalização, telecomunicações e energia. Nunca chegaram a ser lançados os concursos de material circulante, troço Portagem/São José, equipamento das estações, bilhética e parque de materais em Sobral de Ceira. Concentração no sábado Depois de amanhã, sábado, o Movimento Cívico de Coimbra, Góis, Lousã e Miranda vai fazer uma concentração em Lisboa, com deslocação à residência oficial do
primeiro-ministro, Passos Coelho, e à Assembleia da República, de forma a pressionar o Governo a dar prioridade ao projeto para financiamento da União Europeia. Só assim será possível concluir as empreitadas em falta, que deverão custar mais 300 milhões de euros, com financiamento comunitário, que poderá rondar os 70 por cento, ou seja entre 190 e 210 milhões. As contas estão feitas para aquisição de material circulante novo, todavia será possível poupar 20 milhões de euros neste equipamento, negociando a compra de carruagens do Metro do Porto. | António Rosado