Uma radiografia do setor de Saúde Suplementar

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Jornal do empreendedor

São Paulo, terça-feira, 21 de maio de 2013

Allen and Kleantho/Image Source

ESPECIAL

Uma radiografia do setor de Saúde Suplementar As operadoras de planos de saúde faturaram R$ 95 bilhões no ano passado, um crescimento de mais de 12%, totalizando quase 48 milhões de beneficiários

CARLOS OSSAMU

O

s planos de saúde têm origem nas Santas Casas de Misericórdia, instituições vinculadas à Igreja Católica. Elas foram as principais prestadoras de serviços hospitalares no País, desde o período colonial, passando pelo Império, República Velha e estendendo-se até o Estado Novo, na primeira metade do século 20. As oportunidades de exploração econômica da assistência à saúde surgiram na década de 30 no Brasil e tiveram um forte crescimento no final da década de 50, quando o País iniciou o processo de industrialização, com a instalação de fábricas na região do ABC Paulista. Nessa ocasião, as instituições hospitalares privadas consolidaram-se como as principais prestadoras de

serviço à classe média emergente. Ainda no século passado, o sistema de saúde brasileiro seguiu a trajetória de outros países latino-americanos, como México, Chile, Argentina e Uruguai, desenvolvendo-se a partir da previdência social. Foi quando surgiram as chamadas CAPs, ou seja, as Caixas de Aposentadorias e Pensões, inicialmente para os trabalhadores da estrada de ferro. Depois, vieram os Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs), unificados no que se chamou Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), que gerou o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps), criado em 1974. Hoje, o setor brasileiro de planos e seguros de saúde é o segundo maior sistema priva-

do de saúde do mundo. Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), órgão vinculado ao Ministério da Saúde que regula, normatiza e fiscaliza o setor de planos de saúde, em dezembro de 2012 havia 47,9 milhões de beneficiários vinculados a planos de assistência médica, cerca de 970 mil a mais que em dezembro de 2011. Desempenho Os dados da receita de contraprestações das operadoras são preliminares, tendo sido informados até 08/04/2013. Esses dados apontam que a receita atingiu R$ 95 bilhões em 2012, indicando crescimento de 12,2% em relação a 2011. Números mais precisos deverão ser informados no próximo levantamento da

Divulgação

Santa Casa de Misericórdia: a saúde privada e os planos de saúde tiveram origem nestas instituições ligadas à Igreja Católica.

ANS, mas já parecem indicar um crescimento pouco inferior ao observado no ano anterior, que foi de 13,5%. A receita média por beneficiário em operadoras médico-hospitalares foi de R$ 154,50 em 2012 (9,4% superior a de 2011). A taxa de sinistralidade (relação entre a despesa assistencial e a receita de contraprestações) atingiu 85%. O número de beneficiários de planos de assistência médica cresceu 2,06% no último ano, o menor crescimento desde 2003. A variação do número de beneficiários em planos exclusivamente odontológicos, embora mais expressivo (9,97% no ano), foi o menor em toda a série, desde dezembro de 2002. A taxa de crescimento anual do número de beneficiários em planos coletivos de assistência médica manteve o patamar observado em todo o ano de 2012, de pouco mais de 3%. O número de beneficiários em planos coletivos empresariais cresceu 4,25%, no período. Nos planos coletivos por adesão, por sua vez, este número continua em queda (-2,08% no último ano), fenômeno que se observa ininterruptamente desde o trimestre terminado em junho de 2010. A taxa de crescimento anual do número de beneficiários em planos individuais de assistência médica, também menor que nos anos anterio-

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r e s , foi de 1,6%, com variação negativa no último trimestre (-0,26%). Entre os planos exclusivamente odontológicos, o crescimento dos individuais (9,78%) foi, no último ano, semelhante ao dos planos coletivos (10,66%). São basicamente quatro modalidades de operadoras: medicina de grupo (possuem médicos e hospitais próprios), cooperativas médicas (Unimed), seguro saúde (seguradoras) e autogestão. Desde 2002, o número de beneficiários de planos de assistência médica das cooperativas médicas tem crescido acima da

média do setor. Em 2012, esta modalidade de operadora cresceu, novamente, acima da média (2,42%) e passou a ter a maior parcela do mercado (17,5 milhões, em dezembro), superando as medicinas de grupo, que cresceram, em média 0,54% e terminaram o ano com 17,4 milhões de beneficiários. Em 2012, a modalidade que mais cresceu foi o das seguradoras especializadas em saúde (7,47%), bem acima da média do mercado e atingiu 6,3 milhões de beneficiários, 92,8% dos quais em planos coletivos.


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