Especial shoppings

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Jornal do empreendedor

www.dcomercio.com.br

São Paulo, quarta-feira, 16 de outubro de 2013

ESPECIAL

SHOPPING CENTERS

batem recorde Divulgação

Este ano serão 40 inaugurações. Vários fatores contribuem para a expansão, como o aumento do poder aquisitivo do brasileiro e a entrada de investidores.

Carlos Ossamu

ste ano, a indústria de shopping center está batendo um recorde histórico. Até o fim do ano, a previsão é de que 40 empreendimentos sejam inaugurados (a previsão inicial era de 48), quase 10% do total em operação. "Hoje estamos com 476 shoppings em funcionamento no Brasil, sendo que de janeiro até agora foram inaugurados 19 empreendimentos e outros 21 estão previstos até dezembro", diz Adriana Colloca, superintendente da Abrasce - Associação Brasileira de Shopping Centers. Segundo a executiva, são investimentos grandes e de longo prazo, que começaram há dois ou três anos e estão abrindo as portas agora. "Esse crescimento é uma resposta à demanda de consumo, ascensão da classe média, com a entrada de 30 milhões de novos consumidores, e também pela disponibilidade de capital novo no mercado. Até há pouco tempo, os empreendedores construíam shoppings com capital próprio. Recentemente, passou a vir capital estrangeiro, grupos passaram a abrir capital na bolsa, aumentando os investimentos no setor. Isso contribuiu para o grande número de inaugurações que estamos vendo", observa. D e a c o rd o c o m o C e n s o

E

A Abrasce fez um estudo mostrando os impactos positivos que o shopping traz para a região ADRIANA COLLOCA

Abrasce 2012-2013, as vendas dos shoppings no ano passado somaram R$ 119,5 bilhões, um crescimento de 10,6% em relação a 2011. "Até agosto, as vendas tinham crescido 7,8% e a expectativa é que o setor cresça novamente em torno de 10% este ano", diz Adriana. Outro dado da pesquisa são as vendas realizadas por região. Do total registrado em 2012, os shoppings do Sudeste contribuem com a maior parte do faturamento: R$ 70,6 bilhões. O segundo melhor desempenho foi o da região Sul, com R$ 19 bilhões, seguido pelas regiões Nordeste (R$ 14,4 bilhões), Centro-Oeste (R$ 10 bilhões) e Norte (R$ 5,3 bilhões). Expansão A pesquisa constatou também que pela primeira vez as cidades do interior e regiões metropolitanas terão, até o final de 2013, número maior de shopping centers do que as capitais. No final de 2012, 51% dos shoppings centers estavam localizados em capitais brasileiras e 49% em outras cidades. Com as 40 inaugurações previstas para este ano, esta porcentagem deverá se inverter. "O crescimento é geral, tem ocorrido nas capitais e em outras cidades menores,

algumas estão recebendo o primeiro empreendimento agora, pois a população aumentou e também o poder aquisitivo. É um movimento natural: surgem empreendimentos onde o poder aquisitivo está crescendo", conta Adriana. "Nas capitais ainda ocorrem lançamentos, mas em um ritmo menor. Em São Paulo, onde se tem mais de 50 empreendimentos, recentemente abriu o Shopping Tucuruvi", exemplifica. Desafios do setor Se por um lado esse ritmo acelerado de lançamentos mostra o vigor do setor e atrai cada vez mais investidores,

por outro essa expansão traz alguns desafios. "O ritmo de crescimento dos lojistas nem sempre é tão rápido quanto dos empreendimentos, isso tem ocorrido em regiões mais afastadas, com carência de mão de obra. O capital que existe hoje para o empreendedor fazer o shopping nem sempre está disponível também para o lojista. Dessa forma, faltam lojistas preparados para acompanhar esse crescimento que há no setor", diz Adriana. "Também em locais mais afastados, é difícil a administradora encontrar mão de obra especializada para gerenciar o shopping. A Abrasce tem atuado nesta área, oferecendo cursos, eventos e en-

contros entre profissionais". Segundo a superintendente da Abrasce, não é essa falta de mão de obra, porém, que tem ocasionado eventuais atrasos na entrega de empreendimentos. "Abrir um shopping exige uma orquestração de vários fatores. O empreendedor nunca quer atrasar a entrega, mas às vezes isso ocorre porque ele depende de alvará da prefeitura e a realização de contrapartidas, esses são os fatores que mais pesam. Muitas vezes o shopping abre sem ter o mix completo de lojas, isso não é um grande problema", conta Adriana. "Por outro lado, tem shopping que continua com fila para a entrada de novos lojistas, não dá para falar que os lojistas hoje estão com maior poder de barganha, depende do caso, isso pode ocorrer em shoppings novos, ainda não consolidados", comenta. Adriana também rebate reclamações de lojista quanto à existência de um 13º aluguel. "Não existe 13º aluguel. O aluguel em shopping center é fixado de forma anual. O aluguel pode ser distribuído igualmente nos 12 meses, ou pode ser mais pesado no mês em que o lojista fatura mais, isso é uma opção quando ele assina o contrato", diz. Uma questão que incomoda

muito o setor, mas que há certa reserva em se comentar para não causar mal estar com o poder público, que pode dificultar a aprovação e o andamento das obras, é em relação às contrapartidas - compensações que o shopping deve realizar em troca do impacto que causará na região. Na semana passada, por exemplo, foram divulgadas na imprensa algumas contrapartidas que um megaempreendimento na Marginal Pinheiros (que terá shopping, hotel, escritórios e apartamentos) terá de cumprir: repasse de R$ 4,2 milhões para a restauração do prédio da Secretaria da Justiça, ajuda na construção de uma ponte, novas vias na Marginal, monitoramento de ruas no entorno e apoio financeiro para a despoluição do Rio Pinheiros. Segundo Adriana, os pedidos de contrapartidas têm sido cada vez maiores. "O shopping tem todo o interesse em melhorar o seu entorno, a Abrasce fez um estudo mostrando os impactos positivos que o shopping traz para a região. Claro que há esta discussão entre o que é obrigação do shopping e o que é obrigação do poder público em relação a melhorias do entorno, mas isso vem sendo negociado caso a caso por cada empreendimento", conta Adriana.


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