São Paulo, terça-feira, 17 de setembro de 2013
Jornal do empreendedor
Especial Logística
O gargalo que impede o
crescimento do País
O custo logístico nacional corresponde a 12% do PIB, enquanto nos Estados Unidos este número é de apenas 8% Marleine Cohen
N
a d a m e n o s q u e ria R$ 83,2 bilhões ao ano. De acordo com a Conab, a multimodal, e investimentos O setor cuja receita fica na malha ferroviária como al- capacidade instalada dos silos 13% da receita bruta das empre- mais comprometida com o ternativa de transporte mais e armazéns em todo o territósas nacionais se custo logístico é o de bens de econômica. rio nacional chega a 148,3 midestinam a pagar custos logís- capital (22,69%), seguido de lhões de toneladas de grãos. Caos logístico ticos. A conta, feita na ponta construção (20,88%). O meSegundo indicadores internado lápis pelo Núcleo CCR de In- nor comprometimento é do cionais, porém, o Brasil deveAs projeções são claras: não ria ter infraestrutura montada fraestrutura e Logística da setor químico (6,29%). Estradas em má condição poderia haver melhor pers- para guardar 220 milhões de Fundação Dom Cabral, responsável pelo estudo "Custos (54,5%), burocracia governa- pectiva para o Brasil nos próxi- toneladas. Logísticos no Brasil", vale para mental (51,2%), restrição de mos anos. Consolidando proA mobilidade também deixa as 126 empresas de diversos carga e descarga nos grandes gressivamente sua posição a desejar. Lançado pelo goversetores que foram analisadas centros urbanos (49,6%) e fal- como um dos maiores produ- no federal em janeiro de 2007, no ano passado e, juntas, re- ta de concorrência de modais tores de grãos do mundo, o o Programa de Aceleração do presentam 20% do Produto In- (48,3%) são, por ordem de País ainda patina, todavia, no Crescimento (PAC) já nasceu terno Bruto (PIB). O transporte grandeza, as principais razões caos logístico. correndo atrás da capacidade de longa distância, realizado apontadas pelas empresas A safra deste ano deve bater instalada de movimentação por ferrovia e rodovia, respon- para o aumento do custo logís- novo recorde e chegar a 184 de cargas: no Brasil, faltam tride pela maior parte das despe- tico no Brasil. milhões de toneladas – 11% a lhos e faltam portos. Além dissas – cerca de 38% do total. Em Para reduzi-lo, sete de cada mais que a anterior, segundo so, a malha rodoviária precisa seguida, destacam-se os cus- dez organizações (70,7%) levantamento da Companhia ser ampliada e recuperada. tos de armazenagem (18%), consultadas apontam como de Abastecimento (Conab). De acordo com estudo elabodistribuição urbana (16%) e solução uma melhor gestão Mas onde armazenar e como rado pelo Ipea (Instituto de Pesdespesas portuárias e aero- das rodovias com integração escoar a produção? quisa Econômica Aplicada), portuárias (13%). O l e v a n t amento também revela que o custo logístico nacional corresponde a 12% do P I B ; n o s E s t ados Unidos, ele é de 8% do PIB. bilhões de reais das empresas culpam das cargas H is to ri ca me nseriam economizados as péssimas transportadas te, o pico de inse a logística condições das nacionalmente são jeção de recurbrasileira fosse mais estradas pelo deslocadas por meio sos se deu, no e f i c i e nte aumento nos custos das rodovias Brasil, na década de 70, quando foram aplicadas grandes quantias no setor rodoviário. Se a logística brasileira tivesse a mesma performance que a norteamericana, o País economizaSXC
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que deu origem ao livro "Infraestrutura econômica no Brasil: diagnósticos e perspectivas para 2025", lançado em 2010, "atualmente, 61% das cargas transportadas nacionalmente são deslocadas por meio das rodovias", sendo que o Brasil possui a terceira malha rodoviária mais extensa do mundo. Todavia, para a Fundação Dom Cabral e o Fórum Econômico Mundial, apenas 12% destas vias estavam pavimentadas em 2009. Nos Estados Unidos, a participação das rodovias no transporte de carga é de 26%; na Austrália, de 24%; e na China, de apenas 8%, de acordo com dados de 2006. Ao todo, são mais de 61 mil quilômetros só em autoestradas federais pavimentadas no Brasil. Ainda de acordo com o
livro, que integra o projeto "Perspectivas do Desenvolvimento Brasileiro", desde os anos de 1950, "a matriz de transporte nacional tem se mantido desequilibrada, com larga vantagem para este modal, cujos custos, muitas vezes, superam aqueles apresentados por outros". Segundo mapeamento das obras rodoviárias do Ipea, o País carece de R$ 183,5 bilhões em investimentos "para sanar os problemas e impulsionar o setor rodoviário nacional, ampliando sua eficiência e seu impacto sobre a economia". Só em obras de recuperação, adequação e duplicação – quase 80% do total das necessidades –, são R$ 144,18 bilhões. Há ainda uma demanda de quase R$ 40 bilhões para a construção e pavimentação de novas vias federais ou novos trechos em vias já existentes. Nas cinco regiões, há que ampliar dez terminais rodoviários e construir no mínimo outros 25, atendendo a um total de 17 unidades federativas. Paralelamente a esta infraestrutura de âmbito federal, computam-se "a construção de contornos rodoviários municipais, que implicam em uma opção para o tráfego de carga, e demandas por obras em rodovias estaduais q u e s o m a m R$ 14,65 bilhões".