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DIÁRIO DO COMÉRCIO
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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
Nem Mandela, responsável pelo fim do regime do apartheid, deixou o governo com o índice de Lula. Clésio Andrade
olítica
Agradecido, Abbas vem à posse de Dilma. Hoje Dilma Rousseff vai se encontrar com o primeiro-ministro Boyco Borissov, da Bulgária, terra de Pedro Rousseff, pai da futura presidente. Musa Al-Shaer/Pool – 16.3.1010
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presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, desembarca amanhã em Brasília com três missões: participar da posse da presidente eleita Dilma Rousseff; agradecer a solidariedade prestada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à causa palestina e o reconhecimento, pelo Brasil, do Estado palestino; e lançar a primeira pedra fundamental da nova embaixada dos territórios palestinos em Brasília. O terreno foi doado pelo governo brasileiro. O embaixador do Estado da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, disse que está tentando ainda uma audiência com o presidente Lula, para que Abbas possa lhe transmitir, pessoalmente, "todo o seu empenho" na busca da paz na região
Lula teve um encontro com Mahmoud Abbas em março deste ano
e agradecer o "apoio" do Brasil à Palestina, ao reconhecer recentemente o Estado Palestino, dentro das fronteiras de 4 de junho de 1967 – exemplo que acabou seguido por outros países vizinhos, como Argentina, Bolívia e Uruguai. Equador, Peru e Paraguai já sinalizaram que também reconhecerão a Palestina. Viagem pela AL – Depois da visita ao Brasil, Mahmoud Abbas deverá seguir para outros países da América Latina. Entretanto, ainda não foi definido o roteiro a ser cumprido, conforme informou o embaixador da Autoridade Nacional Palestina. Na posse da presidente Dilma, Abbas aproveitará para conversar com outros líderes latinoamericanos, com o objetivo de garantir o progressivo reconhecimento dos territórios palesti-
nos, devido à estagnação das negociações com Israel. Apoio búlgaro – A presidente eleita Dilma Rousseff vai se encontrar hoje com o primeiro-ministro da Bulgária, Boyco Borissov, que veio participar da solenidade de posse no sábado. A vinda do chefe de Governo foi motivada pelo fato de o pai (já falecido) da futura presidente, Pedro Rousseff, ter nascido na Bulgária. Ao se mudar para o Brasil, ele obteve a nacionalidade brasileira. Comunicado do Itamaraty informa que Dilma será acompanhada do ministro Celso Amorim e de seu sucessor, Antonio Patriota. "A visita tem especial significado em virtude da ascendência búlgara da presidente eleita", diz a mensagem. (Agências)
Mariana Bazo/Reuters
RITUAL XAMÂNICO –
"Nunca antes no mundo" houve presidente tão popular como Lula Lula deixa o governo no próximo dia 31 com recorde mundial de popularidade: 87% de aprovação. CLÉSIO ANDRADE. ex-presidente da Uruguai Tabaré Vázquez e o ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela tiveram índices de popularidade tão altos em fim de governo. Ainda assim, as médias dos outros líderes ficaram abaixo do índice de Lula. Segundo informa a pesquisa CNT/Sensus, Michelle Bachelet atingiu 84% de aprovação pessoal ao deixar o governo e Tabaré Vázquez, 80%. Ambos deixaram seus governos neste ano. O ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela, res-
ponsável pelo fim do regime do apartheid naquele país, deixou o governo com 82% de aprovação popular em 1999. A lista aponta ainda Néstor Kirchner, da Argentina (55%), os ex-primeiros-ministros britânicos Tony Blair (44%) e Margaret Thatcher (52%), e o expresidente norte-americano Franklin Roosevelt (66%). A CNT não informou qual a fonte de informação para montar a lista. O presidente da CNT só esclareceu que o Sensus pesquisou fontes credenciadas. O mesmo levantamento lembra que Fernando Henrique Cardoso tinha apenas 26% de aprovação popular ao concluir os oito anos de governo em 2001. A CNT observa que os ex-presidentes brasileiros Juscelino Kubitschek e Getúlio Vargas já foram citados como os melhores presidentes do Brasil, mas pondera que não há pesquisa de popularidade realizada enquanto estiveram no governo. (Agências)
Campo de Lula, em homenagem... à lula.
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P e t ro b r a s e n c a m inhou ontem à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) uma declaração de "comercialidade" de petróleo e de gás recuperáveis nas áreas de Tupi e Iracema, ambas na Bacia de Santos. Na proposta, a Petrobras sugere o nome de Campo de Lula, para o Tupi, e de Cernambi, para Iracema – coincidentemente, ambas são denominações de moluscos. Vale esclarecer, no entanto, que é tradição da estatal dar nomes de animais marinhos aos campos descobertos em áreas muito profundas. Em nota, a Petrobras informa que os dois campos fazem parte do Bloco BMS-11 e que as
re s e r v a s s omam um total de 8,3 bilhões de barris de petróleo e gás, sendo 6,5 bilhões no Campo de Lula e 1,8 bilhão no Campo de Cernambi. De acordo com a estatal, "o Campo de Lula será o primeiro campo supergigante de petróleo do país [volume recuperável acima de 5 bilhões de barris de óleo equivalente], e o Campo de Cernambi está entre os cinco maiores campos gigantes do Brasil". A nota da Petrobras explica
que a declaração de comercialidade ocorre após a execução do Programa de Avaliação Exploratória na área, a partir do primeiro poço, perfurado em outubro de 2006. Além desse documento, a Petrobras enviou para a ANP os planos de Desenvolvimento da Produção para os dois campos. "O sucesso exploratório obtido na área representa o elevado potencial do pré-sal, que já começa a contribuir para o crescimento da curva de produção e das reservas de petróleo e gás da companhia", diz o comunicado. O Bloco BMS-11 é operado pela Petrobras, com 65% da concessão, em parceria com a britânica BG Group, com 25%, e a portuguesa Galp Energia, com 10%. (ABr)
Coimbra, o novo diretor-geral da PF.
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futuro ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, anunciou ontem que o atual superintendente da Polícia Federal em São Paulo, Leandro Coimbra, será o novo diretor-geral da PF. Segundo Cardozo, a escolha não foi simples: "Não é fácil escolher um nome, entre a oferta de nomes. Entrevistei várias pessoas. A partir de uma avaliação feita por mim, nós escolhemos Leandro Daiello Coimbra". Coimbra, de 44 anos, está na Polícia Federal desde 1995, e, em 2008, assumiu a superintendência de São Paulo. "A PF terá uma atuação muito importante no Ministério da Justiça", disse Cardozo, que também anunciou a permanência no cargo do diretor-geral do Departamento de Polícia Rodoviária Federal, Hélio Derene. Cardozo também anunciou que Luiz Paulo Barreto, atual ministro da Justiça, será o secretário executivo do ministério. Aposentadoria – O Diário Oficial da União publicou ontem a portaria do Departamento de Polícia Federal (DPF), que concede aposentadoria ao delegado e atual diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa. A decisão foi do próprio Corrêa, que a comunicou pessoalmente à presidente Dilma Rousseff, na tarde de terça-feira, na sede do governo
Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr
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presidente Luiz Inácio Lula da Silva descerá a rampa do Palácio do Planalto, no próximo dia 1º de janeiro, com uma popularidade recorde: 87% de aprovação. É o que indicou ontem o levantamento da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) em parceria com o Instituto Sensus. Assim, o presidente brasileiro concluirá os seus oito anos de mandato como o chefe de Estado mais bem avaliado no mundo todo. Em relação ao governo da presidente eleita, Dilma Rousseff, 69% da população tem a expectativa de que será ótimo ou bom. Os outros 6% acham que será ruim ou péssimo e 17% acham que será regular. "Lula deixa o governo no próximo dia 31 com recorde mundial de popularidade", comentou o presidente da CNT, Clésio Andrade. De acordo com a lista, só a ex-presidente do Chile Michelle Bachelet, o
Em Lima, xamãs levantam as bandeiras do Brasil e dos EUA. É a tradição do antigo ritual de ano-novo, em que eles se reúnem para encenar desejos de bons fluidos para o mundo. No caso, sorte para a nova presidente eleita do Brasil e muita paz para os Estados Unidos.
Policiais rodoviárias federais abrirão o caminho na posse de Dilma
de transição, em Brasília. O diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot, confirmou ontem, ter aceitado o convite de Dilma Rousseff para permanecer no cargo durante o próximo governo. Escolta feminina – Montadas em motos, seis agentes femininas da Polícia Rodoviária Federal serão responsáveis pela escolta da presidente eleita, Dilma Rousseff, no percurso que ela fará de carro no dia da posse. Ontem, as motociclistas fizeram uma simulação dos procedimentos que vão executar no dia 1º de janeiro. Segundo o Portal G1, elas acompanharão a presidente
no trajeto entre a Granja do Torto e a Catedral de Brasília. Da Catedral, Dilma segue em carro aberto até o Congresso, onde será recebida pelos presidentes da Câmara e do Senado e assinará o termo de posse. O chefe da Comunicação Social da PRF, inspetor Alexandre Castilho, informou que 12 batedores foram convocados para fazer a segurança de Dilma no dia da posse, mas as agentes é que terão destaque. Elas serão as responsáveis por abrir caminho para o comboio da presidente e, com as motos, formarão uma "ponta de lança" na frente do carro oficial. A escolha de mulheres para a função é, de acordo com Castilho, uma homenagem a Dilma. (Agências)
Enfim, hoje sai decisão sobre Battisti. Economist: Dilma terá vários desafios.
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presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, na tarde de ontem, que deixou para hoje o anúncio sobre a questão da concessão de refúgio a Cesare Battisti (foto), condenado na Itália por várias mortes. Na parte da manhã, sua equipe havia indicado que ele faria o anúncio ontem. Lula explicou que ainda não teve tempo de ler com toda a atenção necessária o parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) sobre o caso . Embora não tenha sido divulgado, comenta-se, nos bastidores, que o presidente é favorável à concessão do refúgio a Battisti no Brasil, apesar de prováveis compli-
cações políticas no futuro. É que ao se decidir pela concessão, o presidente arrisca ferir o tratado de extradição do José Cruz/ABR Brasil com a Itália, o que poderia levar até a um pedido de impeachment. Cesare Battisti, preso no Brasil e condenado, teve seu caso analisado em 2009 pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Na ocasião, os magistrados decidiram que cabe ao chefe do Executivo a decisão final sobre a concessão
de refúgio político a Battisti. O então ministro da Justiça, Tarso Genro, reconheceu essa condição ao italiano, mas o caso havia sido questionado pelo governo da Itália em um pedido de extradição. Entre 1976 e 1979, Battisti foi membro do PAC (Proletários Armados pelo Comunismo), organização de esquerda que se envolveu em quatro mortes. O italiano nega os crimes. (Folhapress)
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revista britânica Th e Economist p u b l ic o u ontem, em seu site (www.economist.com), ampla reportagem analítica sobre os desafios que a presidente eleita Dilma Rousseff (PT) enfrentará quando tomar posse. A matéria elogia a escolha de Antônio Palocci para chefiar a Casa Civil, como uma demonstração de "autoconfiança" de Dilma, e lista vários desafios que a eleita enfrentará no governo: conter a inflação e, ao mesmo tempo, reduzir juros e gastos públicos, mantendo o crescimento econômico; realizar as obras de infraestrutura que darão um apoio ao crescimento sustentado da economia, já com vistas ao Mundial
de Futebol de 2014 e à Olimpíada de 2016 no Rio de Janeiro; e cortar a dívida pública do governo, atualmente em 42% do Produto Interno Bruto (PIB) para algo ao redor de 30%. "Ela disse que deseja que as taxas de juros reais, atualmente as mais altas em qualquer uma das maiores economias do mundo, caiam de 5% para 2% até 2014. Mas a inflação subiu para 5,6% em novembro", diz o texto, lembrando que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, subiu o compulsório dos bancos recentemente, numa tentativa de esfriar o crescimento econômico. A revista lembra que vários economistas esperam uma alta de meio ponto na taxa básica de juros, a
Selic (agora em 10,75%), em janeiro, e duas ou três altas posteriores durante 2011. O texto destaca que Dilma resiste a pressões do PT e dos aliados da base do governo para um aumento maior no salário mínimo. "Lula escolheu Rousseff como sua sucessora, em parte porque alternativas mais óbvias foram descartadas por vários escândalos. Mas ele também viu nela alguém que pode transformar grandes projetos em realidade. O Brasil, há muito tempo, gasta pouco em infraestrutura, e o crescimento econômico está tornando o déficit ainda mais aparente", diz a matéria, lembrando que vários aeroportos do País operam no limite. (AE)