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DIÁRIO DO COMÉRCIO
terça-feira, 30 de abril de 2013
5 NEGATIVA Dilma não vai prestigiar a festa dos trabalhadores, amanhã, em SP.
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AFIRMATIVA Em contrapartida, virão: Eduardo Campos, Aécio e Marina Silva.
Moisés Palacios/ Folhapress
Vaiada, Dilma teme o 1º de maio. Ela não irá à festa de 1º de maio que a Força Sindical realiza para comemorar o Dia do Trabalhador. Aécio Neves, Marina Silva e Eduardo Campos irão.
E
m fase de nova migração para a oposição, o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), pretende transformar o ato de 1º de Maio, amanhã, em São Paulo, em um grande palanque para os prováveis adversários da presidenta Dilma Rousseff nas eleições do ano que vem. Convidados pelo sindicalista, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), o senador Aécio Neves (PSDBMG) e a ex-ministra Marina Silva (Rede) já confirmaram presença no ato que será realizado em Santana, zona norte da capital paulista. Vaias – Ontem, a presidente Dilma foi vaiada por duas vezes por produtores rurais durante a cerimônia de entrega de 300 ônibus escolares em Campo Grande (MS). Ao ser anunciada no microfone, a presidente ouviu longas vaias, seguidas de palmas e gritos de "Dilma, Dilma'' de apoiadores. A segunda vaia ocorreu após o prefeito da capital, Alcides Bernal (PT), descrever Dilma como "a melhor presidenta''. A petista acenou para o público ao subir no palco, enquanto era vaiada. "Pelo menos me deixem terminar o que eu vim dizer", pediu a presidente aos ruidosos manifestantes na plateia. Constrangido, o governador André Puccinelli (PMDB) chegou a ir ao microfone pedir "respeito" à presidente. Em discurso, Dilma afagou os manifestantes: "Ô gente, eu acho bom vocês gritarem. Democracia é isso." A presidente ressaltou então que nenhum país do mundo se torna desenvolvido sem educação em tempo integral. Dilma afirmou que governo e famílias devem valorizar a educação desde a creche, on-
A
de, segundo ela, as desigualdades começam a ser combatidas, com as crianças recebendo os mesmos incentivos e estímulos educacionais. Depois, segundo ela, é preciso buscar que todas as crianças estejam plenamente alfabetizadas até os oito anos, para que o desenvolvimento posterior se torne mais fácil. Dia do trabalho – Em meio à ameaça das centrais sindicais usarem as comemorações do Dia do Trabalho para hostilizar a presidente, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho – que deve ser o representante do Palácio do Planalto no ato – afirmou que a data é uma festa de todos os trabalhadores. Ao ser questionado sobre a presença dos rivais da presidente, o ministro respondeu: "Eles convidam quem eles quiserem, nós temos sempre ido. O governo tem muita consciência do que ele mudou, do que nós conseguimos junto com os trabalhadores mudar nessa questão toda do emprego. (...) Temos muito o que comemorar no dia 1º. de Maio. É provável que a gente esteja presente, sim, com muita honra, orgulho de ser um governo que recebe trabalhadores, dialoga com trabalhadores, que atende as reivindicações que são possíveis." Além do palanque que a Força Sindical dará a oponentes de Dilma, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) já avisou que vai usar a festa para pressionar Dilma em relação à agenda sindical. O movimento está reclamando da ausência de resposta aos trabalhadores sobre uma pauta com 11 itens, entregue ao governo em 6 de março. A ideia é que o calendário de paralisações já comece a ser discutido. Carvalho minimizou os impasses e disse que
Pelo menos me deixem terminar o que eu vim dizer... Ô gente, eu acho bom vocês gritarem. Democracia é isso. DILMA ROUSSEFF
hoje mesmo haverá definição sobre as reivindicações. "A presidenta recebeu as centrais, estamos olhando a pauta das centrais, mas ela não vai ao 1º de maio. Amanhã (hoje) vamos ter uma definição sobre as posições do governo", afirmou o ministro. Apesar de rebater as críticas dos sindicalistas, Gilberto Carvalho elogiou o movimento: "O Ministério do Trabalho hoje segue trabalhando em diálogo com os sindicatos. O movimento sindical está bem organizado, não temos que interferir ou dar sugestões de mudança neste momento, acho que está bem." (Agências)
A presidente e os vira-latas
presidente Dilma Rousseff afirmou ontem, em Campo Grande (MS), que tem "muita confiança" no Brasil que vai continuar crescendo. "Hoje, além de mostrar um futebol fantástico, mostramos também que somos capazes de distribuir renda, somos um País mais estável, que controla sua inflação, que tem a menor taxa de desemprego." Em discurso, Dilma citou uma crônica de Nelson Rodrigues sobre o "complexo de vira-lata" do povo brasileiro, que traduziu como sendo pessimista e passado. "Nos últimos 10 anos, nós enterramos o complexo de vira-lata, somos um País vencedor." Ressaltou que o País tem todas as condições de avançar e que hoje é respeitado no mundo todo. "Somos fortes, uma das maiores economias, indústria forte e competitiva." Segundo Dilma, o governo vai enviar nova proposta para uso dos recursos dos royalties na educação. O objetivo é que os recursos do pré-sal sejam usados só nessa área. "Vamos insistir nisso, vamos teimar. O País tem de destinar essa sua grande riqueza para ser gasta
em educação." A presidente reiterou que o Brasil vem dando vários passos importantes. "Distribuímos renda, elevamos a classe média, tivemos várias ações no sentido de valorizar o trabalho. O Brasil evoluiu muito, mas tem uma coisa que é crucial para darmos o salto que necessitamos pra nos transformar em um País de classe média e em uma na-
Nos últimos 10 anos, nós enterramos o complexo de viralata. Somos fortes, temos indústria competitiva. DILMA ROUSSEFF ção desenvolvida." Segundo ela, este "salto" só será dado por meio da educação. Mudança – Dilma disse que "o Brasil mudou". Afirmou que, no passado, para um governante passar recursos a outro, ele tinha de ter a mesma visão política, o mesmo credo e até a mesma "convic-
ção futebolística" para poder passar recursos. Hoje, o País passou a ter uma relação clara com Estados e municípios: "Respeitamos prefeitos e governadores porque todos fomos eleitos por voto popular." Segundo ela, é importante dar atenção às localidades do interior do País, e não só às zonas urbanas. "Além de dar importância à zona urbana, que é geralmente a tendência nos demais Estados da Federação, nós temos de dar importância para o interior." Ela disse que o Brasil voltou a investir em aeroportos regionais e anunciou que o governo vai subsidiar assentos nos aviões para que se tornem competitivos. "Vamos subsidiar passagens em voos regionais." A presidente também anunciou que oito aeroportos regionais de Mato Grosso do Sul terão R$ 201 milhões. Segundo Dilma, o governo está construindo uma fábrica de fertilizantes nitrogenados em Três Lagoas. "Fertilizante é tão importante quanto petróleo. Mato Grosso do Sul tem oferta de gás vinda da Bolívia, o que torna atraente a produção de fertilizantes." (Agências)
Depois de amargar vaias dos produtores rurais em Campo Grande, Dilma enfrenta a saia justa de um quase beijo.
Campos: PSB e PT chegaram ao consenso sobre slogans.
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O governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, demonstrou ter gostado da publicidade partidária gratuita do PT na televisão, na qual a presidente Dilma Rousseff disse que "é possível fazer cada vez mais" – frase muito semelhante à adotada por ele há algum tempo ("É possível fazer mais"). Indagado sobre como viu a publicidade partidária gratuita do PT, Campos respondeu: "Construímos um consenso." Além disso, ele negou que haja conflitos na relação com Dilma. "Minha relação com a presidente é a mesma de sempre – e vocês (jornalistas) sempre disseram que era ótima." De acordo com ele, "é muito importante que o PSB e a presidente falem na mesma linha". "O PSB compreende que essa é
uma caminhada, que vem de longe, na qual muitos colaboraram, e chegamos até aqui – e é fundamental que possamos ter a compreensão de que sempre é possível fazer mais. Quem está na vida pública tem de sempre sonhar em fazer mais." "No governo de Pernambuco, eu sempre procuro fazer mais e melhor, com menos recursos, em menos tempo. Esse é um consenso que vem se estabelecendo e é bom que a gente tenha produzido esse debate para que todos possamos ter a clareza que há muito mais a ser feito." Participante do 12º Fórum de Comandatuba, um dos principais eventos empresariais do País, em Una (BA), Campos virou o centro das atenções de boa parte dos que prestigiaram o encontro. Travou várias conversas com parlamentares,
prefeitos e governadores – tanto de situação como de oposição – e iniciou uma negociação com o presidente da P&G no Brasil, Alberto Carvalho, para a instalação de uma fábrica da empresa em Pernambuco. Ao deixar o evento, na tarde de ontem, o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB disse que começa amanhã, feriado nacional do Dia do Trabalho, uma viagem "de alguns dias" pelo interior do Estado. "Estou indo fazer uma série de visitas ao Sertão", afirmou. "Escolhemos passar o 1º de maio, dia de comemoração da luta dos trabalhadores, junto aos trabalhadores sertanejos que estão vivendo um momento extremamente duro, com a maior estiagem dos últimos 50 anos. Mas a agenda ainda não está definida." (Estadão Conteúdo)