Diário do Comércio

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quinta-feira, 28 de novembro de 2013

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O mercado de consumo interno continua sustentando a economia Marcio Milan, vice-presidente da Abras

Vendas nos supermercados avançam 5,2% Baixo desemprego e o crescimento da renda sustentam o consumo segundo a Abras, que diante dos últimos resultados projeta um faturamento maior para o ano. Evelson de Freitas/ EC

Paula Cunha alta expressiva de 5,24% nas vendas reais dos supermercados no mês de outubro, ante setembro, fez o setor redimencionar sua projeção de desempenho para todo o ano. Com este último resultado, as vendas acumuladas desde o início de 2013 registram avanço de 5,23%, comparadas a igual período do ano passado. Assim, a expectativa de crescimento do faturamento passou de 4,5% para até 5,2%, acima da meta oficial fixada em 5% e próximo do aumento de 5,3% registrada em 2012. É a terceira vez que a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) eleva sua previsão para o ano. Em comparação com outubro do ano passado, as vendas foram 7,93% maiores. Todos os resultados já foram deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Para Marcio Milan, vice-presidente da entidade, "com dois meses para o encerramento do ano e com boas perspectivas para as vendas de Natal, parece bastante provável que as vendas consigam superar a expectativa de crescimento". Ele reforça ainda que "o mercado de consumo interno continua sustentando o crescimento da economia". Milan atribuiu boa parte do resultado positivo de outubro ao baixo nível de desemprego do País – que pelos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) está em 5,2%, o mais baixo resultado desde o início da série iniciada em 2002 – e também ao au-

A

por cento foi o aumento dos preços de 35 itens que fazem parte da cesta da Abras em outubro, na comparação com igual mês de 2012.

Setor supermercadista está otimista com os resultados de 2013 e já programa investimentos em ampliação e novas unidades para 2014 mento dos rendimentos médios dos salários, o que implica em maior disponibilidade de renda para o consumo. O vice-presidente da Abras ressaltou também o processo de desaceleração da inflação dos alimentos nos últimos meses em comparação com o avanço observado no primeiro semestre como outro fator importante para a recuperação do poder aquisitivo dos salários e para o resultado obtido pelo setor no mês passado. Entretanto, em outubro, os preços dos supermercados voltaram a subir. Abrasmercado – A cesta

Enfim, indústria retoma confiança na economia. pós cinco quedas seguidas, o Índice de Confiança da Indústria (ICI) avançou 1,2% em novembro em relação ao que foi registrado no final do mês anterior, ao passar a 99,0 pontos, ante 97,8 pontos. Segundo dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgados ontem, o Índice da Situação Atual (ISA) avançou 1,8%, para 99,9 pontos, também interrompendo uma série de cinco quedas consecutivas. Já o Índice de Expectativas (IE) avançou pelo segundo mês, 0,6%, para 98,1 pontos. "O resultado geral da sondagem de novembro sugere que o período de sucessivas quedas da confiança pode ter ficado para trás. A indústria deve apresentar no quarto trimestre de 2013 desempenho superior ao do trimestre anterior, embora o ritmo de atividade do setor esteja apenas em uma transição entre fraco e moderado", avaliou a FGV em seu estudo. O indicador que avalia o nível de demanda foi o que mais contribuiu para a alta do ISA, ao subir 3,8%, para 99,0 pontos, maior nível do ano desde o mês de junho. A proporção de empresas que avalia o nível de demanda como forte aumentou para 13,9% em novembro, ante

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7,16

13,3%, enquanto a parcela de empresas que a avaliam como fraco recuou para 14,9%, ante 17,9%. Em relação ao IE, o maior impacto veio do indicador de emprego previsto, com avanço de 2,6%, para 107,1 pontos, maior patamar no ano desde o mês de junho. Foi registrado aumento na proporção de empresas que preveem ampliação no total de pessoal ocupado nos três meses seguintes, para 20,6%, ante 14,8% verificado anteriormente. A parcela das que p re v e e m d i m i n u i ç ã o f o i a 13,5%, sendo que no levantamento anterior estava em 10,4%. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) alcançou 84,3% em novembro, ante 84,1% em outubro, maior nível no ano desde o mês de julho. Dados do IBGE mostram que a indústria brasileira enfrenta um ano de performance errática, apresentando dificuldades de firmar recuperação apesar de medidas de estímulo do governo. Em setembro, a produção recuperou-se de dois meses de fraqueza ao avançar 0,7%. Os números de outubro da produção industrial do país serão divulgados pelo IBGE em 4 de dezembro. (Reuters)

composta de 35 itens de amplo consumo situou-se em R$ 358,60, cifra 1,71% superior ao resultado de setembro, de acordo com a pesquisa da GfK– uma das grandes empresa de pesquisa de mercado – feita em parceria com a Abras. Em relação a outubro de 2012, houve avanço de 7,16%. Esta é a primeira alta após quatro meses de quedas consecutivas. Com a elevação registrada, a cesta da Abras ficou um pouco acima da inflação. As altas mais expressivas foram as do tomate (24,29%), batata (8,48%), carne dianteiro (4,55%) e carne traseiro

(4,07%). No caso destas duas últimas, houve o impacto exercido pelo aumento das exportações para alguns países que voltaram a adquirir o produto brasileiro, o que provoca redução na oferta para o consumo interno. Entre as quedas, os destaques foram cebola (12,76%), biscoito maisena (6,46%), ovo (2,57%) e óleo de soja (1,72%). Por região – O estudo da Abras também avaliou o desempenho das cestas regionais em outubro. A que registrou elevação mais expressiva foi a da região Norte, com pre-

ço de R$ 430,53, uma elevação de 2,39% sobre setembro. Em seguida, a maior alta foi a de 2,21% no Nordeste, que fechou o mês em R$ 298,48. As duas foram influenciadas pelo aumento da carne e nos estados nordestinos os preços continuam em elevação devido à continuidade do processo de crescimento do consumo. A cesta do Sudeste foi cotada a R$ 324,26, 1,64% superior à de setembro. A da região Sul finalizou em R$ 386,70, com alta mensal de 1,19% e a do Centro Oeste ficou em R$ 321,21, alta de 1,25%. Para o diretor da GfK, a ex-

pectativa é de que novos aumentos ocorram na cesta até o final do ano em razão do aquecimento do consumo, algo considerado normal neste período. Entretanto, ele acredita que a tendência é de redução a partir do começo de 2014. O vice-presidente da Abras acredita que o desempenho positivo de outubro também será observado em novembro e dezembro, pois eles são os meses mais fortes para o setor. Milan lembrou que há grupos supermercadistas que já estão desenvolvendo e colocando em prática campanhas especiais, o que contribuirá para que o Natal deste ano tenha um bom índice de vendas. "O Natal do ano passado foi bom e acredito que este também será positivo", disse. E xp ec ta ti v as – Quanto às perspectivas de investimento a curto prazo, Milan mostrouse otimista. Sem divulgar expectativas de desempenho, ele ressaltou que a abertura de novas lojas e a reforma de diversas unidades em todo o Brasil contribuirão para um bom resultado no próximo ano. "Ninguém vai deixar de investir em 2014", concluiu.

CNI vê consumidor mais animado, mas preocupado com a inflação. Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec), calculado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), alcançou 111,8 pontos em novembro. Em outubro, o indicador tinha chegado a 110,7 pontos. Em setembro, eram 110,1 pontos, em ligeira queda perante agosto, quando o Inec marcou 110,3 pontos. A alta registrada em novembro se deve ao maior otimismo com relação ao desemprego e inflação nos próximos seis meses, aponta a CNI, que divulgou o estudo ontem. Apesar do resgate da confiança por parte dos consumidores, o resultado está abaixo do que foi registrado em novembro do ano passado: 117,0 pontos. "O novo aumento não é suficiente para levar a

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confiança do consumidor ao patamar registrado no início de 2013, antes da forte queda ocorrida em junho", avalia a CNI. Para calcular o Inec é considerado um conjunto de seis indicadores: expectativas de inflação, expectativa de desemprego, expectativa de renda pessoal, situação financeira, endividamento e compra de bens de maior valor. O Inec de novembro foi calculado a partir de pesquisa de opinião pública de abrangência nacional conduzida pelo Ibope Inteligência. Foram ouvidas 2.002 pessoas entre os dias 7 e 11 de novembro. Separadamente, o índice de expectativa de inflação registrou 109,3 pontos em novembro; ante 104,8 pontos em outubro. O índice de expectativa de

desemprego ficou em 124,6 pontos em novembro; frente 117,6 pontos em outubro. O índice de expectativa de renda pessoal ficou em 111,3 pontos; ante 111,1 pontos no mês passado. Esses índices que medem expectativas consideram o horizonte dos consumidores para os próximos seis meses. Já o índice sobre a situação financeira atual marcou 110,4 pontos este mês; ante 110,2 pontos em outubro. O indicador sobre endividamento ficou em 103,0 pontos em novembro; frente 102,5 pontos, em outubro. O único componente do Inec que recuou foi o de compras de bens de maior valor nos próximos seis meses, ficando em 114,2 pontos em novembro; ante 115,8 pontos em outubro. "Essa

queda é explicada pelo aumento do endividamento no período recente, o que limita o financiamento, muito utilizado nesse tipo de aquisição", avalia a CNI. O estudo mostra também que 41% dos entrevistados apostam que a inflação vai aumentar. Sobre a expectativa de renda pessoal para os próximos seis meses, 52% dos consultados acreditam que isso não vai mudar. Por regiões, os consumidores mais preocupados com os rumos dos preços nos próximos seis meses estão no CentroOeste e Norte, onde 65% dos entrevistados acreditam que a inflação "vai aumentar" ou "vai aumentar muito". Na Região Sul, em contraste, 53% das pessoas ouvidas apostam nessa tendência. (AE)


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