Jornal do empreendedor
São Paulo, sábado, domingo e segunda-feira, 24, 25 e 26 de novembro de 2012
ESPECIAL SEGUROS
O risco aqui PASSA LONGE CARLOS OSSAMU
A
redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) no setor automobilístico e o aumento na oferta de crédito na área habitacional estão fazendo muito bem para o mercado de seguros gerais. Some-se a isso a queda na taxa de juros, a estabilidade no nível de emprego e o maior poder aquisitivo da classe média. "Enquanto o PIB no ano passado cresceu apenas 2,7%, o mercado de seguros teve um aumento de 11,7%; e este ano, de janeiro a setembro, o crescimento já soma 13%, com faturamento de R$ 35,4 bilhões nos nove primeiros meses do ano", afirma Neival Freitas, diretor-executivo da FenSeg - Federação Nacional de Seguros Gerais. O seguro de automóveis encabeça o ranking de seguros gerais, com 51% de participação no mix. Nos nove primeiros meses do ano, este ramo cresceu 14,5% em comparação ao mesmo período de 2011. "Este é um segmento onde o brasileiro já possui uma cultura de seguros. Ao comprar um carro, o consumidor já pensa em fazer um seguro, já que é um bem valioso e é uma forma de preservar o investimento", comenta Freitas. Estes números devem melhorar ainda mais, já que a Fenabrave divulgou que as vendas de veículos novos bateram recorde para o mês de outubro, avançando 18,6% sobre setembro e 21,8% na comparação com o mesmo período de 2011. O volume licenciado no mês passado somou 341,7 mil veículos, elevando o total acumulado de janeiro a outubro em 5,7% sobre o mesmo período de 2011, para 3,13 milhões de unidades. No ramo de automóveis, uma atividade ilegal que vem incomodando as seguradoras são as chamadas "proteção veicular", que o setor chama de seguro pirata. Oferecidas por cooperativas e associações a preços baixos, o proprietário do automóvel deve se associar e pagar uma mensalidade. Em caso de sinistro, eles se cotizam para pagar a indenização. "É uma atividade ilegal, sem o respaldo da Susep e que fere o Código de Defesa do Consumidor, já que, ao ser um associado, ele perde a qualidade de consumidor. Essas entidades oferecem um preço Divulgação bem abaixo de um seguro, pois não mantêm reservas técnicas e outros custos das seguradoras", diz Freitas. "Recentemente, a Susep fechou 30 entidades no Espírito Santo, que ofereciam esse tipo de proteção. A Susep tem atuado fortemente para combater essa prática". Outro setor de destaque, mas não pelo lado positivo da economia, é o de seguro rural, que apresentou um crescimento de 33% de janeiro a setembro. Este segmento responde por apenas 2,8% do mix e registrou uma arrecadação de quase R$ 993 Neival Freitas, da FenSeg milhões no período. "Como houve regiões assoladas por seca e quebra de safra, este tipo de seguro registrou um aumento na procura", explica Freitas. "Já o ramo de seguros habitacionais apresentou um crescimento de 31% de janeiro a setembro, impulsionado pelo aumento na oferta de imóveis", diz o executivo. Na opinião do diretor-executivo da FenSeg, uma categoria que tem grande potencial de crescimento é o seguro de responsabilidade civil, conhecido no meio pela sigla RC. Esta modalidade responde hoje por apenas 2% do mix de seguros gerais, mas vem crescendo a taxas de 18%. O seu objetivo é proteger o segurado de ações indenizatórias na Justiça em que ele seja responsabilizado civilmente por ter causado algum dano involuntário a outrem, seja material ou mesmo corporal. "Com os Juizados Especiais Cíveis (conhecido como Juizado de Pequenas Causas), o acesso à Justiça ficou mais fácil. Se o seu cachorro morder um vizinho, você pode ser acionado na Justiça a pagar uma indenização". Os profissionais liberais, como engenheiros, contadores e médicos podem contratar um seguro de responsabilidade civil profissional. Com tanta burocracia e obrigações acessórias a cumprir, um contador pode cometer um erro no cálculo ou até mesmo perder um prazo, acarretando uma multa pesada ao seu cliente, que exigirá que o contador assuma o prejuízo. "Com tantas obras de infraestrutura que estão sendo realizadas, algumas por causa da Copa do Mundo e Olimpíadas, o setor de seguros de engenharia também vem crescendo de forma significativa". Com estes investimentos em infraestrutura, cresce também o mercado de resseguros, que é o seguro das seguradoras. Trata-se de um setor que exige mão de obra bastante qualificada, pois lida com contratos sofisticados e de alto valor, envolvendo seguros de grandes obras, plataformas de exploração de petróleo, aviação, navios, hidrelétricas, etc. Até 2007, este mercado era um monopólio do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB Brasil - Re), empresa que atua neste mercado desde 1939. Com a Lei Complementar nº 126/2007, este monopólio foi quebrado e hoje o mercado tem 12 resseguradoras atuando. Através da operação de resseguro, a seguradora cede parte dos riscos assumidos por ela para um ou mais resseguradores.
O recorde nas vendas de automóveis, as obras de infraestrutura para a Copa do Mundo e Olimpíadas, a estabilidade econômica e a ascensão da classe média têm impulsionado o mercado de seguros, que este ano deve crescer acima de 13%. O setor representa 4,5% do PIB brasileiro, mas ainda há muito a avançar, já que em mercados maduros, este número chega a 10%.
SXC