DC 20/03/2012

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DIÁRIO DO COMÉRCIO

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terça-feira, 20 de março de 2012

Ocupamos a 104ª posição no ranking mundial de infraestrutura e as 118ª e 91ª nas listas de qualidade das rodovias e ferrovias. José Ramos Torres de Melo, da CTLOG

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Agronegócio está ameaçado Gargalos na infraestrutura e logística, especialmente em áreas como transporte, armazenagem e capacitação técnica podem interferir na continuidade do desempenho positivo que o setor tem alcançado. Arquivo/ABr

Paula Cunha

O

agronegócio brasileiro foi o segmento que conseguiu realizar os maiores avanços tecnológicos dentro da economia brasileira. O setor tem hoje um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 2,5 trilhões e é responsável pela geração de 37% dos postos de trabalho em todo o País. Mas a continuidade deste desempenho positivo está ameaçada pelos gargalos em infraestrutura e logística, especialmente nas áreas de armazenagem e capacitação técnica. Estas são as conclusões apresentadas na mesa redonda "O cenário atual do agronegócio", realizada ontem pela revista Conjuntura Econômica, editada pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), na capital paulista. Para Roberto Rodrigues, exministro da Agricultura e coordenador do Centro de Agronegócio (GV Agro), da FGV, o Brasil aumentou em 80% a produção e elevou a área plantada em 30% nos últimos 20 anos. Entretanto, faltam investimentos maciços em logística, defesa sanitária e uma estratégia governamental mais consistente. Manuel Otero, representante do Instituto Interamericano de Cooperação da Agricultura (IICA), da Organização dos Estados Americanos (OEA), enfatizou que o setor precisa estabelecer metas. Entre elas ele citou proteger o mercado de trabalho, assegurar o abastecimento interno de alimentos, aumentar a produção, estabilizar os preços e estimular o consumo com a adoção de políticas setoriais específicas. Da parte do governo federal, José Carlos Vaz, secretário executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), lembrou

Previsão de Selic a 9% é antecipada para abril

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O Brasil aumentou em 80% a produção e elevou a área plantada em 30% nos últimos 20 anos, mas setor ainda necessita de investimentos. que é preciso redimensionar as políticas agrícolas, levando-se em conta fatores como política ambiental, terras para estrangeiros, defesa sanitária animal e regulamentação de cultivos agropecuários. Painéis – O primeiro painel mostrou desafios e gargalos da governabilidade e do sistema produtivo em relação à legislação e ao Código Florestal, que está sendo discutido no Congresso Nacional. Para Rodrigo Lima, gerente geral do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone Brasil), garantir a segurança jurídica é um ponto importante nesta discussão, pois existem 30 milhões de hectares de áreas produtivas que podem ser inviabilizadas pelo projeto. O representante de agronegócios do Banco Mundial, Luiz

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por cento do PIB brasileiro são destinados à logística, 8% mais do que em muitos países, mas R$ 17 bi são desperdiçados. Daniel de Campos, opinou que o setor privado deve buscar a atividade sustentável com redução de riscos e que os investimentos são altos mas não impossíveis. Já Werner Grau Neto, sócio da Pinheiro Neto Advogados,

considerou precipitado colocar o Código Florestal em antagonismo com o agronegócio antes mesmo da sua votação. Desanimador – O segundo painel discutiu a logística de transporte para o agronegócio e desenhou um quadro desanimador para o Brasil, que investe apenas 0,42% do PIB em transporte. "Ocupamos a 104ª posição no ranking mundial de infraestrutura e as 118ª e 91ª nas listas de qualidade das rodovias e ferrovias", disse José Ramos Torres de Melo, presidente da Câmara Temática de Infraestrutura e Logística do Agronegócio (CTLOG). Para Melo, a infraestrutura do transporte não acompanhou o crescimento da produção do agronegócio, o que pode ser resolvido com liberdade de investimentos privados,

aumento da capacidade operacional, redução da carga tributária e a imediata licitação de áreas disponíveis nos portos públicos. Hermann Gonçalves Marx, professor master da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), lembrou que 20% do PIB brasileiro são destinados à logística. O índice é 8% superior ao de diversos países, mas o desperdício é estimado em R$ 17 bilhões. Marx destacou que, segundo a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) investiu R$ 2,7 bilhões em portos, mas seriam necessários R$ 4,4 bilhões. O mesmo acontece com as rodovias, que receberam R$ 33 bilhões, mas a entidade afirma que são necessários R$ 93 bilhões.

Patrícia Cruz/LUZ

O acréscimo no valor dos remédios do nível 2, que têm participação de genéricos igual ou superior a 15% e abaixo de 20%, pode chegar a 2,8%.

Medicamentos devem subir até 5,85% a partir do dia 31

O

s medicamentos poderão ter aumento de até 5,85% a partir do próximo dia 31, de acordo com resolução publicada no Diário Oficial da União de ontem. O reajuste autorizado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) determina três variações, levando em consideração a participação dos genéricos em cada categoria por ampliarem a concorrência. No nível 1, que engloba me-

dicamentos com participação de genéricos igual ou superior a 20% do faturamento, o acréscimo no valor pode chegar a 5,85%. No nível 2, no qual estão os medicamentos com participação de genéricos igual ou superior a 15% e abaixo de 20%, o aumento no custo pode chegar a 2,8%. Já no nível 3, categoria com participação de genéricos abaixo de 15%, as empresas devem reduzir os preços em

0,25%, "pois não tem havido repasse da produtividade nestas classes", segundo a resolução. A alteração terá como referência o preço praticado em 31 de março de 2011. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), acumulou variação de 5,85% no período compreendido entre março de 2011 e fevereiro de 2012. (Folhapress)

o primeiro relatório Focus com as projeções do mercado financeiro após a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), as previsões para a taxa Selic neste ano e em 2013 foram mantidas em 9% e 10%, respectivamente. No entanto, o mercado agora estima que a taxa básica de juros cairá para 9% ao ano já em abril, permanecendo nesse patamar até fevereiro de 2013 e passando a 9,5% em março, segundo a mediana das projeções. A estimativa anterior era de que esse nível seria alcançado em maio e que a Selic voltaria a subir em janeiro, para 9,5% ao ano. No Top 5 – que reúne as instituições que mais acertam as projeções no relatório Focus –, a Selic também é estimada em 9% para abril. Na última reunião do Copom, a Selic foi reduzida em 0,75 ponto percentual, para 9,75% ao ano. Na ata da reunião, o Copom deixou claro que pretende levar a Selic para patamares "ligeiramente acima dos mínimos históricos" e estabilizá-la neste nível. O piso já alcançado na taxa básica de juros é de 8,75% ao ano. Projeções – As projeções do mercado para inflação, taxa de câmbio e crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mantiveram-se praticamente inalteradas em relação ao relatório da semana passada. Houve apenas uma ligeira elevação na estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 12 meses, a 5,37%, após 5,36% no Focus anterior. Os agentes preveem que o IPCA feche 2012 em 5,27% e 2013 em 5,5%. A previsão para a taxa de câmbio no fim do ano é de R$ 1,75 por dólar, enquanto o crescimento do PIB é estimado em 3,3% neste ano e 4,2% em 2013. (Reuters)


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