Diário do Comércio

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DIÁRIO DO COMÉRCIO

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terça-feira, 18 de outubro de 2011

Spencer Platt/Reuters

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Manifestantes protestam no centro de Nova York, onde o movimento começou e conquistou outros estados e países.

Além de vários países da Europa, movimento começa a atrair a atenção da China e do Japão, e já conquistou o presidente da ONU, Ban Kimoon, que disse ter simpatia pela ação global.

Mark Blinch/Reuters

Carl Court/AFP

Daniel Roland/AFP

Ocupe Wall Street completa 30 dias

Ativistas se aquecem em fogo aceso em frente ao símbolo do euro em Frankfurt (à esq.), enquanto outros continuam acampados em Londres (centro), e em Toronto.

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movimento Ocupe Wall Street obteve novo ímpeto ontem, com quase US$ 300 mil em caixa e a satisfação de atrair a atenção mundial para seu protesto contra a crise financeira e a iniquidade econômica. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, expressou simpatia aos manifestantes e até mesmo o governo da China, que se abstém de comentar assuntos internos dos outros países, disse que algumas questões levantadas pelos manifestantes norte-americanos são pertinentes. O movimento começou em 17 de setembro. "Nós sentimos que existem questões levantadas por esse movimento que devem ser avaliadas", disse Liu Weimin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, em Pequim. "Por meio da mídia sabemos que existem muitos comentários, discussões e reflexões", disse Liu. O jornal estatal Global Times disse em editorial que os chineses deveriam "observar calmamente o movimento de protestos e a situação mundial e não serem confundidos por pontos de vista extremistas".

A partir de algumas dezenas de manifestantes que começaram a acampar em protestos contra Wall Street no parque Zuccotti, em Manhattan, o movimento cresceu para ações de centenas de milhares de pessoas não apenas nas maiores cidades dos Estados Unidos, como também do Canadá e da Europa. Ban disse que os ministros das Finanças dos países do G20, grupo das 20 nações mais industrializadas, agora em reunião em Paris, deveriam escutar os manifestantes. "Olhar apenas para os assuntos econômicos internos não dará respostas à essa crise econômica internacional, que é muito séria", disse Ban. "Isso é o que vemos ao redor do mundo e que começou a partir de Wall Street, as pessoas estão mostrando suas frustrações e tentam mandar uma mensagem bem clara ao redor do mundo". Os manifestantes de Wall Street ainda não estabeleceram uma demanda específica, mas querem aproveitar a notoriedade conquistada com os protestos realizados em todo o mundo no sábado, que levaram centenas de milhares de pessoas às ruas, principalmente nos Estados Unidos e na Europa.

Bolsas da Europa caem com baixa expectativa de solução Pawe Kopczynski/Reuters

O presidente Barack Obama fez referência aos protestos durante a homenagem feita no domingo no monumento a Martin Luther King Jr , dizendo que o líder pelos direitos civis "gostaria que desafiássemos os excessos de Wall Street sem demonizar os que lá trabalham". No final de semana passado, ocorreram manifestações em Londres, Roma, Seattle, Madri, Paris e várias outras cidades. Os maiores protestos surgiram na Europa. Em Roma, centenas de arruaceiros se infiltraram em uma passeata pacífica de dezenas de milhares de pessoas, provocando danos estimados em pelo menos 1 milhão de euro (US$ 1,4 milhão) com atos de vandalismo. Ao redor dos Estados Unidos, mais de 350 pessoas foram detidas em seis cidades durante todos os protestos. Em Nova York, mais de US$ 300 mil em dinheiro vivo foram doados ao movimento por meio da internet ou de pessoas que visitaram o parque Zuccotti, disse Bill Dobbs, que atua como assessor de imprensa do Ocupe Wall Street. As pessoas também têm doado objetos que vão de cobertores a sacos de dormir, de latas de comida a materiais de higiene e suprimentos

Portugal corta gastos e eleva impostos

iPhones 4S: 4 milhões vendidos O em 3 dias.

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s principais índices do mercado de ações da Europa fecharam em baixa ontem, com a redução da esperança de que uma solução abrangente para a crise da dívida na zona do euro possa ser anunciada em uma reunião de cúpula da União Europeia no fim de semana. O índice pan-europeu Stoxx 600, por exemplo, caiu 0,96%. As perdas de ontem ocorrem após três semanas consecutivas de ganhos. Na Itália, os bancos UniCredit e Intesa Sanpaolo tiveram quedas de 6,1% e 5,3%, respectivamente. Na Alemanha, o índice DAX 30

caiu 1,81%. O índice CAC 40, na França, perdeu 1,61%. Entre outras ações que oscilaram bastante, as da SGL Carbon ganharam 12,5% em Frankfurt, após a revista alemã Der Spiegel informar que a fabricante de automóveis BMW quer comprar uma parcela da fabricante de produtos com carbono. Em Amsterdã, Royal Philips Electronics perdeu 1,9%. No Reino Unido, o índice FTSE 100 caiu 0,54%. Em Milão, o índice FTSE MIB perdeu 2,30%. Na Espanha, o índice Ibex 35 caiu 1,24%. Em Lisboa, o índice PSI 20 cedeu 1,38%.

FMI – A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, disse ontem que os bancos europeus precisam fortalecer seu capital. "A prioridade é buscar fundos de seus acionistas e, como último recurso, um mecanismo coletivo que possa incluir intervenção estatal." Ela afirmou também que os bancos precisam isolar suas atividades de varejo das de investimento. Segundo ela, o FMI não exige fundos adicionais para ajudar países que possam precisar dele. "Eu considero que o FMI tem meios apropriados por enquanto", disse Lagarde.

Apple informou ontem que já vendeu 4 milhões de unidades do iPhone 4S desde que as vendas começaram, há três dias. A comercialização do produto começou na sextafeira no Japão, Austrália, França, Reino Unido, Alemanha, Canadá e Estados Unidos. A empresa recebeu mais de 1 milhão de pedidos online nas primeiras 24 horas após o início das vendas, superando os 600 mil pedidos pela versão anterior, o iPhone 4. Apresentado apenas um dia antes da morte do cofundador da Apple, Steve Jobs, o aparelho foi primeiramente considerado

decepcionante, parcialmente porque parecia idêntico ao modelo anterior. Mas a grande expectativa quanto ao novo software de voz, chamado "Siri", ajudou a impulsionar os pedidos. Junto ao novo iPhone, mais de 25 milhões de clientes estão utilizando o sistema operacional iOS 5, cinco dias após seu lançamento, e mais de 20 milhões de usuários assinaram serviços de computação em nuvem, informou a Apple. A mais recente versão do iPhone estará disponível em outros 22 países em 28 de outubro e em mais de 70 países até o fim do ano. (Reuters) Jason Reed/Reuters

Operadores acompanham pregão na bolsa de Frankfurt, onde as ações oscilaram bastante ontem.

médicos. Dentre os itens doados estão 20 pares de óculos de natação para proteger os manifestantes de ataques com gás pimenta. Partidários dos protestos enviam cerca de 300 caixas com objetos por dia, muitas delas com recados e cartas, disse Justin Strekal, estudante universitário e organizador político que viajou de Cleveland para Nova York para ajudar o movimento. "Algumas são de cortar o coração, são bonitas" e foram enviadas por pessoas que perderam empregos e casas, disse ele. "Então, elas enviam o que podem, mesmo se for algo pequeno." Manifestantes em todo o país disseram que os protestos do final de semana deram mais energia ao movimento. "É uma trajetória ascendente", disse John St. Lawrence, advogado da Flórida especializado no mercado imobiliário, que participou do Ocupe Orlando no sábado, que atraiu mais de 1,5 mil pessoas. Centenas de manifestantes se misturaram com bancários confusos ontem em um acampamento armado do lado de fora da Catedral de São Paulo, em Londres. Mas em Seattle, a polícia deteve pessoas que não queriam retirar sua barracas, armadas em um parque. (AE)

Além do iPhone 4S, o iOS 5 conquistou 20 milhões de pessoas.

ministro de Finanças de Portugal, Vitor Gaspar, disse ontem que o país está comprometido a implementar medidas de austeridade impopulares para reduzir o déficit orçamentário, mesmo que elas levem a uma maior recessão. Mas ele afirmou que o futuro de Portugal depende de como a zona do euro vai resolver a crise. De acordo com Gaspar, uma recessão branda não vai tirar Portugal dos trilhos, "mas o que fará diferença é se a Europa terá uma forma credível para resolver a crise". Ele disse que espera que a reunião de cúpula da União Europeia, no dia 23, forneça "um pacote que contribua para a resolução da crise". Ontem, o governo apresentou o projeto do orçamento para 2012, no qual inclui cortes de gastos e aumentos de impostos. A previsão é que o déficit caia para 4,5% do PIB em 2012 e 3% em 2013, da marca de 5,9% prevista para este ano. Em 2010, o déficit havia sido de 9,8% do PIB. Já a taxa de desemprego, que superou 12% este ano, deve atingir 13,4% em 2012. O projeto do orçamento também propõe a elevação do imposto de valor agregado (VAT, na sigla em inglês) sobre alguns produtos e a criação de uma taxação sobre o lucro das companhias. As empresas poderão ainda aumentar em 30 minutos o tempo de trabalho diário, sem elevar os salários. (AE)


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