14/11/2011

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DIÁRIO DO COMÉRCIO

sábado, domingo e segunda-feira, 12, 13 e 14 de novembro de 2011

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9 "EXEMPLAR" Segundo o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a ocupação da Rocinha, do Vidigal e da Chácara do Céu "foi uma operação exemplar.

Samir Trade

Mais um Marco da Paz, agora em Assis, Itália. Brancati Luigi, assessor especial da presidência da ACSP, inaugurou monumento no sábado. Eduardo Fiora*

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Brancati Luigi, ao lado do prefeito Claudio Ricci, emocionou-se na cerimônia em Assis.

Marco da Paz monumento idealizado por Gaetano Brancati Luigi, assessor especial da presidência da Associação Comercial de São Paulo, continua fazendo história mundo afora. Desta vez, o destino de Luigi foi a cidade italiana de Assis, onde peregrinos de várias nacionalidades podem, a partir de agora, incluir em seus roteiros visita a esse singelo monumento. Luigi e uma comitiva brasileira formada por amigos pessoais e dirigentes da ACSP (Roberto Mateus Ordine, vice presidente e coordenador das Distritais da ACSP, e João Bico, su-

perintendente da Distrital Norte, entre outros) participaram da inauguração ao lado do prefeito de Assis, Claudio Ricci e de autoridades eclesiásticas. O vereador Gilberto Natalini (PV) representou a Câmara Municipal de São Paulo no evento realizado numa grande e bela área verde de Assis (Parque Rainha Margarida). Ricci ressaltou o valor simbólico do novo monumento encravado numa cidade que, anualmente, recebe mais de 6 milhões de turistas de diversas nacionalidades. "Mais do que um monumento, o Marco da Paz que inauguramos em Assis é gesto de dois povos (Brasil e Itália) para a construção de um mundo mais humano", disse Ricci, lembrando que Assis foi declarada pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a educação, ciência e cultura)

patrimônio histórico mundial. Luigi, imigrante italiano que deixou o sul da Itália (Cosenza, cidade da Região Calábria) ao final da Segunda Guerra Mundial com apenas oito de idade, explicou aos italianos a origem do Marco da Paz, hoje presente em cidades do Brasil, Argentina, Uruguai e China. "Vivi, ainda criança, a dureza da guerra com seus bombardeios, destruição, mortes e fome. Por conta dessa realidade eu saí à procura de algo que pudesse expressar a cultura da paz. Foi assim que idealizei esse monumento", disse ele, sem conter as lágrimas. "A cultura da paz é a solução para o mundo redescobrir valores como fraternidade e solidariedade", acrescentou Luigi. Representante do Conselho Pontifício Justiça e Paz no evento de Assis, terra natal de São Francisco (patrono da Itália), o

padre jesuíta Michael Czerrny encaixou no seu discurso um tema sobre o qual o Vaticano firmou, no final de outubro, posicionamento claro e objetivo: a reforma do sistema financeiro e monetário internacional na perspectiva de uma autoridade pública com competência universal. "Sem que se redistribuam riquezas, sem que haja cooperação comercial e resolução de conflitos não há como falarmos em paz mundial", afirmou de maneira enfática o religioso de origem tcheca. Também em cerimônia oficial, Brancati Luigi recebeu homenagem especial ao ser nomeado como "Cavalheiro do Milênio pela Paz", título concedido pelo Centro Internacional para a Paz entre os Povos, entidade com sede em Assis. *O jornalista viajou à convite da comitiva.

Rocinha ocupada. Sem tiros. Marcos Michael/Reuters

Ação foi o primeiro passo para a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora, a 19ª UPP no Rio. Foram usados sete helicópteros, 18 blindados da Marinha e mais sete da Polícia Militar (caveirões).

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favela da Rocinha, fumaça. Não houve nenhuma na zona sul do Rio, explosão, e aparentemente o fofoi ocupada pelas go foi causado pela queima de forças de seguran- algum material inflamável em ça na manhã de ontem. Não fo- uma ruela ou barraco, deixando ram disparados tiros durante a a polícia em alerta. operação e a situação era, até o A UPP da Rocinha será a 19ª início da noite, tranquila na re- do Rio. A favela é uma das gião. A ocupação é o primeiro maiores do Rio e sua pacificapasso para a instalação de uma ção é considerada chave para a UPP (Unidade de Polícia Paci- política de segurança da gesficadora) na comunidade. A tão de Sérgio Cabral (PMDB). ocupação repercutiu em sites Na quarta-feira passada, foi de notícias no mundo. preso Antônio Francisco BonEm entrevista, o chefe do Es- fim Lopes, o Nem, 35, apontatado Maior da Polícia Militar do como chefe do tráfico na Rodo Rio, coronel Pinheiro Neto, cinha. O governo quer saber afirmou que foram ocupadas quem seriam os policiais que, as favelas da Rocinha, Vidigal segundo Nem disse em depoie Chácara do Céu. Segundo mento informal à Polícia Fedeele, a situação estava sob domí- ral, recebiam propina de cerca nio da polícia às 6h – as forças de R$ 500 mil por mês. de segurança começaram a enPreocupação – Alguns motrar na favela por volta das 4h. radores disseram estar preocuA operação pados quanto começou às aos próximos 2h30, com a indias. "Quando terdição dos vocês [imprenQuando vocês acessos às fasa] forem em[imprensa] forem velas. O trânbora é que o bisito começou a cho vai pegar", embora é que o ser liberado diz X., que prebicho vai pegar. por volta das feriu não se X., MORADORA QUE PEDIU PARA identificar. 7h30 – quando NÃO SER IDENTIFICADA, MOSTROU blindados já Ela disse RECEIO QUANTO AOS PRÓXIMOS haviam descique não vai DIAS DA OCUPAÇÃO. do da favela. abrir a casa paSegundo a ra a polícia. polícia, cerca "Eles têm de 3 mil homens participaram mandado? Se tiverem eu abro. da ação – que contou com sete Até onde eu sei até a polícia helicópteros, 18 blindados da precisa seguir a Constituição." Marinha e mais sete da Polícia X. afirma ter medo de deixar Militar (caveirões). Pinheiro a casa sozinha quando tiver Neto explicou que foram usa- que trabalhar durante a semados 1,.3 mil policiais nas ruas, na e relata abusos, como uma 194 fuzileiros navais, 186 poli- moradora que levou um tapa ciais civis, 160 policiais fede- na cara por não responder o rais e 46 policiais rodoviários. chamado de um policial na Policiais informaram que os quinta-feira. Cássia Cristina Silva, 25 e traficantes, no início, espalharam barricadas no Vidigal para quatro filhos, filmou a casa inevitar o avanço dos blindados. teira com o celular por precauNa Rocinha, criminosos espa- ção. "Podem entrar, mas tem lharam óleo na pista para ten- que deixar tudo no lugar." Ela dormiu com os filhos no tar dificultar o avanço da políquarto e acordou com o som dos cia. Não houve confronto. Por volta das 6h, foram ouvi- helicópteros. "Eu estava com dos fogos de artifício na Roci- muito medo, mas não acontenha, possivelmente disparados ceu nada, graças a Deus. Só as pelos traficantes. Houve um crianças, que estranharam dorprincípio de incêndio e durante mir comigo e ficavam pergunalguns momentos era possível tando se a polícia ia entrar, se ia ver chamas, seguidas de muita bater neles." (Folhapress)

Thales Stadler/Folhapree

Moradores fizeram questão de ver de perto o hasteamento das bandeiras do Brasil e do Rio de Janeiro, pouco depois do meio-dia. Quando a operação começou, às 5h, as ruas estavam desertas. Assim que o dia amanheceu, a população passou a acompanhar a ação dos cerca de 3 mil policiais, registrando com celulares e máquinas fotográficas. Além da Rocinha, foram ocupadas as favelas do Vidigal e Chácara do Céu. Fotos: Sergio Moraes/Reuters


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