Jornal do empreendedor
Arte Paulo Zilberman
São Paulo, quarta-feira, 14 de agosto de 2013
Especial Tecnologia
Cada pessoa, UM COMPUTADOR. Pesquisa revela que em 2016 haverá um computador para cada brasileiro. Conheça também as principais tecnologias que estão revolucionando as empresas, trazendo agilidade, confiabilidade e redução de custos Carlos Ossamu
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irou uma tradição. Todos os anos, há 24 anos consecutivos, o professor Fernando Meierelles, da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP), convoca a imprensa para divulgar a Pesquisa Anual do Uso de TI, um amplo retrato do uso da Tecnologia da Informação nas empresas. "Entre os destaques desta edição, a nossa previsão é que até 2016 vamos ter um computador por habitante – estamos considerando tablet como um computador, ao contrário de outras pesquisas, então, as vendas de computadores não estão caindo", afirma Meirelles. Segundo ele, as empresas estão investindo 7,2% da receita em TI, um crescimento de 0,2% em comparação ao ano passado. "Parece pouco, mas é muito significativo, pois o valor tripli-
cou nos últimos 18 anos", observa. "Continua chamando a atenção a maturidade do processo de informatização e a estabilidade dos principais indicadores. Em suma, a pesquisa mostra um crescimento, positivo e consistente".
Inteligência analítica Segundo dados da pesquisa, hoje existem 118 milhões de microcomputadores em uso no Brasil (corporativo e doméstico), ou 60% per capita, o que significa dizer que estão em operação 3 computadores para cada 5 habitantes – este número dobrou em quatro anos. Para 2013, as estimativas apontam vendas de 22,6 milhões de unidades, o equivalente a um computador vendido a cada segundo. Um indicativo da maturidade
do uso de TI em uma empresa está no uso dos Sistemas Integrados de Gestão Empresarial, conhecido pela sigla ERP (Enterprise Resource Planning). Eles integram todos os dados e processos de uma organização em um único sistema. Dessa forma, os diversos sistemas departamentais (financeiro, contabilidade, recursos humanos, fabricação, marketing, vendas, compras etc) estão integrados e conversam entre si, evitando trabalhos manuais, retrabalhos e agilizando os processos. De acordo com levantamento da FGV-EAESP, as fabricantes TOTVS, SAP e Oracle detêm 81% do mercado de ERPs. A TOTVS lidera com 52% das empresas menores e a SAP fica com 51% das maiores. "A pesquisa não entra neste mérito, mas o que eu percebo é que as empresas, principalmente as de menor porte, não usam 10%
Marcos Mendes/Luz
Meirelles: continua chamando a atenção a maturidade do processo de informatização e estabilidade dos principais indicadores.
do potencial dos ERPs, que são vendidos em forma de pacotes – ou se compra tudo, ou não se tem nada, e muitas vezes a empresa precisa apenas da ponta desse iceberg", comenta. Fazendo um paralelo com o que ocorre com o usuário doméstico, muitas vezes ele precisa apenas do processador de textos Word para escrever textos simples, mas o programa oferece muito mais recursos e permite edições mais complexas. Além disso, o Word faz parte do pacote Office, com planilha eletrônica Excel e o programa de apresentação PowerPoint. A implementação de um ERP é importante para as empresas, pois com a integração dos vários sistemas departamentais, é possível desenvolver uma inteligência analítica, com o uso de Business Intelligence (BI), Customer Relationship Management (CRM), Data Warehouse e outros sistemas. Com o BI, um varejista, por exemplo, pode efetuar cruzamentos de dados e saber qual o melhor dia para fazer uma promoção ou a relação entre as condições meteorológica e a venda de produtos. Com o CRM, é possível ter todo o histórico dos clientes – o que comprou, quando e em que quantidade, o seu perfil e os contatos que fez. Neste segmento de inteligência analítica, a pesquisa da FGV-EAESP revela que a SAP detém a liderança, com 22%; seguida da Oracle, com 19%; a
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TOTVS, com 16%; a Dymamic, com 11%; IBM, com 10%; e outros, com 22%.
Primo rico Segundo conta Meirelles, o setor financeiro é quem mais investe em tecnologia. De acordo com dados da Febraban, no ano passado os bancos investiram R$ 20,1 bilhões em TI, um crescimento de 9,5%. "Os investimentos nesta área são altos porque os produtos bancários e o marketing estão muito ligados à tecnologia, seja mobile banking (acesso ao banco via celular ou tablet), ou extrato online", observa o professor. Em sua opinião, ainda há uma parcela importante da população que não está bancarizada e fazem as operações pelos correspondentes bancários – pagam contas em lotéricas ou supermercados, por exemplo.
Isso pode abrir brechas para o surgimento de um fenômeno no mercado, que ele chama de "Google Bank" – assim como foi o caso do buscador Google, frente a uma oportunidade, algum novo player surge e cresce rapidamente no mercado. "Em alguns países, as operadoras de telefonia estão fazendo o papel de banco (é o caso do Quênia): com o crédito do pré-pago, o usuário pode pagar o lanche da padaria ou comprar um jornal", comenta. Em sua opinião, os bancos brasileiros são muito conservadores, querem desenvolver tudo internamente e relutam em compartilhar recursos. "No aeroporto ou no shopping center há vários caixas eletrônicos de diversos bancos, mas justamente o seu tem uma fila enorme. Os bancos podiam compartilhar esses caixas e ofertar mais equipamentos aos clientes", diz.