DIÁRIO DO COMÉRCIO
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sábado, domingo e segunda-feira, 12, 13 e 14 de maio de 2012
Embora seja legítima toda manifestação de qualquer grupo social, ela só pode ser aceita quando feita nos limites da lei e respeitando os direitos dos demais. Rogério Amato
pinião
Respeitar os direitos de todos Nilton Fukuda/AE
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trânsito de São Paulo é, no geral, bastante complicado. Não apenas pelo excesso de veículos, como pelas características da cidade, especialmente as do seu centro expandido, no qual qualquer problema que interrompa ou dificulte a circulação, provoca reflexos em toda sua extensão, resultando, muitas vezes, na sua quase paralisação. Isso acarreta grandes prejuízos para a população, seja a que se utiliza dos coletivos, como a que se vale de seus carros, impedindo o cumprimento de horários. Isso provoca desgaste físico e emocional, além de aumentar a poluição. Para tentar diminuir os congestionamentos normais, as autoridades municipais impuseram o rodízio para os carros particulares e adotaram severas restrições de horários de circulação na área central para os caminhões, visando assim reduzir o número de veículos que transitam por essa área. Apesar dessas restrições, o trânsito ainda continua difícil e as dificuldades aumentam quando ocorrem acidentes de qualquer tipo, que limitam a circulação de veículos em qualquer via da área central. Tais acidentes são, no geral, inevitáveis e imprevisíveis e resta à população que se desloca nessa área ter paciência e esperar que as providências das autoridades do trânsito sejam rápidas e eficazes. O que não se pode aceitar, contudo, é que a paralisação do trânsito seja provocada intencionalmente por grupos de pessoas que, para protestar ou reivindicar qualquer coisa, se arvoram o direto de desrespeitar o direito dos demais cidadãos de circularem pelas regiões atingidas por suas ações.
Manifestação em plena rua Boa Vista, no Centro da Capital: a via estreita tem sido palco de inúmeros movimentos de protestos, que desrespeitam o cidadão e paralisam o trânsito.
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Boa Vista, por exemplo, uma via estreita, mas fundamental para a fluidez dos veículos que circulam na área central, tem sido palco de inúmeros movimentos de protestos, desde que diversos órgãos governamentais foram transferidos para essa rua, onde fica a sede da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). Talvez por ser ano eleitoral, essas manifestações têm se multiplicado, por parte de grupos que reivindicam moradias. Como sempre, esse tipo de manifestação é organizada por um autodenominado "Movimento Social", no caso o dos "sem-teto", e se utiliza de mulheres e crianças para evitar a ação da
se autodenomine de "Movimento Social".
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ROGÉRIO AMATO polícia. Mesmo quando não ocorrem atos de violência, fica clara a intenção dos organizadores da manifestação de bloquear o trânsito "para chamar a atenção", segundo eles. Embora seja legítima toda manifestação de qualquer grupo social, ela só pode ser aceita quando feita nos limites da lei e respeitando os direitos dos demais. Não se pode aceitar que a
vida da cidade seja tumultuada sob qualquer pretexto, pois a liberdade de cada um termina onde começa a dos demais. Por mais que suas reivindicações possam ser justas, o que nem sempre é o caso, não se pode aceitar que o "direito de ir e vir" de uma ampla parcela da população paulistana seja afetado pela ação de qualquer grupo, mesmo que
emocracia pressupõe o respeito às normas de convivência entre os diversos grupos sociais, mediado pelo governo com base na lei e na ordem, sem que as relações entre eles se tornem "conflitivas". Não se trata de criminalizar os movimentos sociais, mas de punir atos de violência contra os direitos dos cidadãos, sejam eles praticados por quem quer que seja, seja qual for a sua justificativa. O direito de protestar, reivindicar, criticar ou de apoiar deve ser sempre preservado, seja para o indivíduo ou para qualquer grupo. Esse é um dos pilares do regime democrático.
Talvez uma solução para conciliar o direito de protesto e o direito da população de "ir e vir" seja a de se estabelecer locais para a realização de manifestações, que causem o menor trauma possível à vida da cidade.
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ssa solução certamente não será do agrado daqueles grupos cujo objetivo maior é o de provocar tumulto, baseado em motivações de natureza política ou ideológica. Nesse caso é preciso aplicar a lei com todo rigor. ROGÉRIO AMATO É PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE SÃO PAULO (ACSP) E DA FEDERAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES COMERCIAIS DO ESTADO DE SÃO PAULO (FACESP)
A DOR DO PARTO DO DESCONSERTO NACIONAL F
alam sempre da famosa dor do parto quando algo está em nascimento. Deve ser por isso que o Brasil paga uma dor de parto enorme na vida nacional quando está, ao menos se acredita que está, em busca de seu desenvolvimento, crescimento, maior equilíbrio interno na questão social, nos aspectos econômicos, educacionais e outros importantes. Olhando-se com isenção o que se observa é uma verdadeira barafunda. Enquanto o País cresce, camadas da população melhoram de vida, o poder público fica para trás na sua obrigação de propiciar infraestrutura capaz de abrigar essa nova massa consumidora e torna o cotidiano de milhões de brasileiros um suplício nas ruas, estradas, aeroportos, hospitais, cinemas, restaurantes, portos, onde
quer que se vá por excesso de gente e ausência de condições de atendimento. Mesmo que a arrecadação de impostos, taxas, emolumentos, tarifas e o que mais a capacidade burocrática for capaz de inventar, não pare de crescer. Talvez aí resida um nó. Cresce também a corrupção na mesma proporção e o dinheiro público some nos escaninhos do submundo oficial.
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bserva-se o País sendo governado pelo Supremo Tribunal Federal. Agora, até traficantes criminosos devem responder em liberdade. Que Supremo é esse que pretendendo ou fingindo olhar para o futuro dita regras definitivas em nome da Constituição calcado em subtração de valores e elevação da tibieza no combate ao errado?
PAULO SAAB Iria escrever combate aos "malfeitos" consagrado por Dilma, ma já caiu também na vala comum e perdeu sustentação. Malfeito hoje em dia é tudo que o poder público faz. O STF governa porque o Congresso legisla errado e fora do foco dos interesses nacionais. Governa porque o Executivo montou-se numa chamada base aliada que busca fortalecer cofres partidários, de grupos políticos, de políticos, e tornou-se refém de interesses escusos. Sem mencionar também o permanente
desejo por mais fundos partidários, reeleições e dominação. Na era Lula, ainda em vigência, a moralidade pública transformou-se em abstração defendida por tolos.
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os partidos? São exemplos de vergonha nacional. Não têm consciência de seu verdadeiro papel e servem de valhacouto a interesses distantes de políticas públicas e ações programáticas voltadas para o bem comum. Olham e agem em favor do bem de alguns.
Presidente Rogério Amato Vice-Presidentes Alfredo Cotait Neto Antonio Carlos Pela Carlos Roberto Pinto Monteiro Claudio Vaz Edy Luiz Kogut Érico Sodré Quirino Ferreira Francisco Mesquita Neto João de Almeida Sampaio Filho João de Favari Lincoln da Cunha Pereira Filho Luciano Afif Domingos Luís Eduardo Schoueri Luiz Gonzaga Bertelli Luiz Roberto Gonçalves Nelson Felipe Kheirallah Nilton Molina Paulo Roberto Pisauro Renato Abucham Roberto Faldini Roberto Mateus Ordine
Petistas enfiados até o pescoço no escândalo do Mensalão debatem-se, inclusive via mídia, usando da importância de seus cargos, para desviar a atenção e protelar um julgamento que vai levar para a lata de lixo da história nomes que em dados momentos, e ainda hoje, se movimentam nos bastidores dos cofres nacionais, ops, da vida do País, como se donos deles fossem. Querem por meio de sofismas, neologismos e falsificações baratas da realidade, calar a imprensa, atualmente, único instrumento efetivo no País que, mesmo tendo também seus interesses e estando ainda dependente de verbas públicas, não finge que a realidade é uma quando é outra a que se vende ao ingênuo povo brasileiro. Dói no brasileiro que consegue enxergar a realidade e a ação nefasta
de seus políticos, governantes, sua elite perversa, a dor do parto de construção de um país melhor. Até porque o Brasil é tão grande em tudo que, mesmo com toda essa irresponsabilidade governante, ele cresce, ainda que desordenado, sem estender estrutura aos benefícios, só aumentando demandas.
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nisso tudo o STF tornouse o centro das decisões nacionais. E, por força do crescimento do populismo demagógico, reflete em suas imposições ao País o desconcerto da sinfonia dos valores perdidos. E não julga os réus do Mensalão porque são petistas, e os ministros, hoje grande parte deles, têm viés partidário enamorado da era Lula. PAULO SAAB É JORNALISTA E ESCRITOR
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