O Diário do Comércio é o primeiro jornal do mundo a utilizar a Ecofont, também conhecida como "fonte ecológica dos furinhos", que reduz em até 50% o consumo de tinta na impressão de textos.
Jornal do empreendedor
Suplemento Especial
São Paulo, terça-feira, 6 de novembro de 2012
www.dcomercio.com.br
ESPECIAL
Responsabilidade ambiental Empresas buscam ajustar crescimento econômico com ações de proteção ao meio ambiente
Sinal verde para profissionais da área A necessidade de adequação à legislação cada vez mais rigorosa tem obrigado as empresas a contratar especialistas de nível técnico e superior
MARLEINE COHEN
D
ados referentes ao crescimento populacional urbano divulgados pela ONU dão conta de que pelo menos 70% da população mundial deverá viver em centros urbanos até 2050. No Brasil, a projeção é de que 93,6% da população, estimada em 254 milhões de pessoas, residirá em cidades. Segundo a Agência Nacional das Águas, 55% dos municípios brasileiros devem apresentar problemas de fornecimento de água até 2015. Para o professor José Roberto Paolillo Gomes, coordenador dos cursos de Engenharia Ambiental e Tecnologia em Gestão Ambiental da Universidade São Francisco, estes dados mostram como o mercado é promissor e está aquecido. "Isso significa que haverá necessidade de uma reorganização com relação à ocupação urbana, ao transporte, à destinação de resíduos e tecnologias, que poderão ser empregadas na construção civil ou no controle de pragas, para garantir uma produção de alimentos suficiente", constata. Profissão do presente Segundo Gomes, "falar em sustentabilidade, hoje, não é mais modismo. Tramita no Congresso um projeto de lei que determina que toda empresa com potencial poluidor tenha em seu quadro de funcionários um engenheiro ambiental. Por tudo isso, a Engenharia Ambiental não é só uma profissão para os próximos 20 anos; já é a de hoje".
Os números não negam: na Universidade São Francisco, "pelo menos 87% dos alunos que fizeram o curso estão atuando na área", calcula Gomes. No Centro Universitário Senac, onde o curso é oferecido em cinco anos, "muitas empresas que precisam se adequar à legislação ambiental brasileira, bastante avançada, vêm buscar profissionais na porta da faculdade", explica Rubens Koloski Chagas, coordenador do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária. Curso técnico ou superior?
lo MEC. Segundo Koloski, cabe ao tecnólogo avaliar a viabilidade financeira e responder pela gestão de um projeto ambiental. Na prática, ele se torna apto a mensurar riscos químicos e biológicos decorrentes de atividades organizacionais; adequar tecnologias de gestão, controle e tratamento de resíduos; implantar sistemas de gestão ambiental e coordenar equipes de qualidade ambiental nas empresas. Nem um, nem outro, porém, tem conhecimento ou autonomia para propor soluções ou técnicas diante de um problema ambiental. Esta tarefa está restrita ao engenheiro ambiental. A este profissional cabe zelar pelo desenvolvimento econô-
mico sustentável, respeitando os limites de exploração dos recursos naturais, desenvolvendo e aplicando tecnologias que protejam o ambiente dos danos causados pela ação antrópica. Suas funções consistem em preservar a qualidade da água, do ar e do solo. Ele tanto pode planejar, coordenar e administrar redes de distribuição de água, como supervisionar a coleta e o descarte do lixo, avaliar o impacto de grandes obras, propor soluções para prevenir a poluição de mananciais, rios e represas; elaborar projetos para a recuperação de áreas degradadas; e monitorar o ambiente marinho e costeiro, atuando na prevenção e no controle de erosões em praias. As contratações se dão tan-
to na iniciativa privada como em órgãos públicos e no Terceiro Setor. Segundo Koloski, a maior demanda do mercado, hoje, vem do setor industrial, seguido pelo de serviços. O mercado para consultoria também tem boa oferta de vagas. "Até mesmo as instituições bancárias e as seguradoras estão contratando engenheiros ambientais para que possam avaliar os riscos de desastres naturais antes de oferecer seus prêmios", afirma, explicando ser este "um nicho promissor em função das mudanças climáticas".
Rubens Koloski explica que Oportunidades existe uma diferença entre o De seu lado, o poder público técnico ambiental, o tecnólovem aumentando os investigo em gestão ambiental e o mentos em e n g e n h e i r o Marcelo Justo/Folhapress obras de saambiental. neamento, e Enquanto o as empresas primeiro curc on tr at ad as so, de nível b u s c a m f etécnico, corbrilmente perespo ndente lo profissioao Ensino Ménal da área. dio, habilita Indústrias de em dois anos base, como o futuro proas de papel e fissional a celulose, miidentificar neração ou problemas p e t r oq u í m iambientais – ca; usinas poluição do t e r m e l é t r iar, contamicas e grandes nação da o b r a s d e i nágua ou do f r ae s t r u tu r a solo, entre (rodovias, outros –, o seportos e fergundo, tamrovias) também em dois bém depenanos, é de nídem do engevel superior e A maior demanda do mercado, hoje, vem do setor industrial, seguido pelo de serviços n h e i r o a maprovado pe-
biental para controle da poluição, enquanto o especialista em tratamento de efluentes industriais conta igualmente com boas chances de colocação. Ainda no setor público, as vagas estão em órgãos do Meio Ambiente e em empresas estatais associadas ao tratamento de esgoto, conservação e recuperação de áreas degradadas, por exemplo. No setor privado, as oportunidades estão nas grandes indústrias com potencial poluidor e nas empresas de consultoria e auditoria ambiental. Segundo Gomes, da Universidade São Francisco, a demanda por este tipo de profissional é maior no Sul e no Sudeste, mas o Nordeste desponta como mercado promissor, em especial Natal e Fortaleza, por conta do seu parque eólico. Para seguir na profissão, diz ele, "é preciso gostar de desafios, ser empreendedor e sensível aos problemas das comunidades". Mas a paixão pela causa ecológica não basta. A carreira exige uso do raciocínio lógico e graduar-se supõe enfrentar uma carga pesada de matérias exatas. "Em termos acadêmicos, é preciso gostar de matemática, física, química e biologia", avisa. Também é importante gostar de trabalhar no computador, para desenvolver projetos e aplicar o conhecimento técnico e conceitual adquirido. O salário, porém, pode ser tentador: nunca menos de R$ 2.500 para quem acabou de se formar.