DC 05/04/2013

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DIÁRIO DO COMÉRCIO

sexta-feira, 5 de abril de 2013

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13 REMÉDIOS MAIS CAROS Os preços de cerca de 19 mil remédios serão reajustados em 6,31%, 4,51% e 2,7%, de acordo com a classificação do produto.

conomia

TOMATE GRÃ-FINO Os agricultotes plantaram menos, São Pedro não ajudou e as pragas não deram trégua. Como resultado, a oferta de tomate baixou muito e os preços foram às alturas. A situação produz reações curiosas. Donos de restaurantes paulistanos, por exemplo, ameaçam tirá-lo do cardápio. Renato Carbonari Ibelli

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quilo de tomate na de muita gente que faz uso cocidade de São Pau- tidiano desse legume – que lo já custa mais do tecnicamente é um fruto. Inque o de alguns cor- conformado com o aumento tes de carne. Em alguns super- de custo da matéria-prima, o mercados chega aos R$ 12, ou proprietário da tradicional seja, o mesmo preço pago pe- cantina Nello’s tirou o tomate lo quilo da costela bovina res- do cardápio, atitude que pode friada ou do ser seguida cupim, acima por outros esdos R$ 10 do tabelecimenquilo da paletos (veja re“O produtor vai ta e até o doportagem aproveitar o preço bro do cobran e s t a p á g ido pelo quilo na). A revolta do tomate lá em do frango, cima para ampliar a das cantinas quando o corpode durar área plantada. Aí a te é à passaripelo menos oferta aumenta e nho. Na mediaté a próxima ção da Fundasafra, quanseus preços caem” ção Instituto do a tendênHERON DO CARMO, DA FIPE de Pesquisas c i a é d e a uEc on ôm ic as mento da da Universidade de São Paulo oferta e, conseqüentemente, (Fipe/USP) nos últimos 12 me- queda nos preços. ses o preço do produto comum O tomate está mais caro hocresceu 92,38% na região. A je basicamente porque os prosituação não é diferente em dutores perderam dinheiro no outras regiões do País. início deste ano. Seus preços Com o preço nas alturas, o estavam se equilibrando do tomate tem azedado o molho meio para o final do ano passa-

do (veja gráfico), mas a incidência de pragas e o excesso de chuva nas regiões produtoras causaram grandes perdas nas lavouras nos primeiros meses de 2013. Além disso, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a área plantada de tomate foi reduzida em cerca de 20% neste ano, em comparação com 2012. Com a oferta menor, para desespero dos apreciadores de macarrão ao sugo, os preços sobem. Mas eles tendem a baixar, como explica Heron do Carmo, coordenador de pesquisas da Fipe. “O produtor vai aproveitar o preço do tomate lá em cima para ampliar a área plantada. Aí a oferta aumenta

e seus preços caem”. O problema, diz Carmo, é que provavelmente este ciclo de altas e quedas acentuadas nos preços se repita no próximo ano, e no outro também, e no outro... porque as chuvas e as pragas que adoram tomate certamente vão voltar. Para frear essa montanha russa de preços ele entende que seria necessária a mão do governo. “Falta uma política pública que dê garantia de preço e de crédito ao produtor. Em último caso, o governo poderia subsidiar a produção”. Para o coordenador da Fipe, se subsidiar a produção, o governo evitaria as variações ne-

gativas de preço, inclusive as causadas por eventuais supersafras. Variação de preço nada mais é do que a velha conhecida inflação. E são justamente os preços dos alimentos, com ênfase para o tomate, que tem pressionado a inflação oficial medida pelo governo, hoje em 6,31% pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). “Os alimentos básicos contribuíram para elevar em 1 ponto percentual a inflação dos últimos 12 me-

ses”, diz Carmo. Se o governo ainda não fala em subsídio para produção de alimentos, ao menos mostrou que se preocupa com o impacto que este segmento de produtos causa na inflação ao desonerar a cesta básica do PISCofins e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). “É pouco. Seriam preciso medidas mais efetivas”, comenta Carmo. O que todos querem, desta vez, é que tudo acabe em pizza.

Leonardo Colosso/Folhapress

O preço aumentou 92,38% nos últimos 12 meses... e o ciclo de altas e quedas acentuadas pode se repetir no próximo ano

Quem será o Totonho do século 21?

Nas cantinas, quase boicote. Lucia Helena de Camargo

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ntre os profisssionais da cozinha, a indignação com a alta do preço do tomate se expressa numa medida prática: simplesmente evitar o uso do produto na preparação de pratos. Essa é a ideia defendida por Augusto Cordeiro Mello, um dos proprietários do Nello's, tradicional cantina paulistana. Em comunicado postado ontem por ele nas redes sociais – que em um dia já alcançava cerca de 700 "curtidas" dos internautas – o empresário convida clientes e donos de restaurantes a se unirem contra a alta do preço do produto. "A caixa de tomates de 20 quilos teve preço máximo durante todo o ano de 2012 de R$ 70. O preço normal oscila entre R$ 20 e R$ 35. E agora está sendo vendida a R$ 150!", afirma, ultrajado. "O aumento é de muito mais que 100%. A batata e o pimentão não chegaram a esses extremos, mas também aumentaram mais de 80%. Nosso governo insiste que devemos trocar um pouco de inflação para termos crescimento. Pedimos o direito de discordar veementemente desta visão", reforça. Mello garante que, mesmo com a alta, não aumentou o preço de nenhum prato em seu restaurante. "Também não banimos o tomate

do cardápio, como chegaram a publicar, mas estamos sugerindo outros preparos, que podem ser tão bons quanto ou até melhores". Se alguém pede um espaguete ao vôngole, por exemplo, Mello vai até a mesa e pergunta se o cliente aceita que o tomate seja substituído por alho e óleo. "Pessoalmente, eu acho que fica mais gostoso, além de mais leve." Outras sugestões: em vez de filé à parmegiana, sugere scaloppine ao madeira com arroz à piemontesa ou saltimbocca alla Romana com purê . O pequeno custa R$ 39 e o grande, R$ 45. Para reforçar a ideia de que "nem só de tomate vive a cozinha italiana", ele lembra que das nove receitas de carne que possui no cardápio, apenas duas levam tomate. Entre as massas, a equação não é tão favorável ao boicote: de 23 pastas, apenas dez dispensam o ingrediente. Mas o empresário promete armar sua barricada e resistir até o fim. "Vamos parar de comprar até que o preço ceda. Preferimos ficar sem a mercadoria a repassar um aumento abusivo aos nossos clientes." O movimento ganhou adesões. Outras casas italianas, como Cosí, Spadaccino, Quatrino, Salvatore, também estão sugerindo aos clientes o consumo de pratos sem o tomate. Os restaurantes estão trocando

a página inicial do menu, na qual são colocadas as sugestões do dia (por ficarem em evidência, acabam sendo as mais pedidas). O Cosí de Santa Cecília sugere a crista de galo recheada com queijo de cabra, creme de cebola roxa ao porto e pó de azeitonas pretas (R$ 38); o Quattrino recomenda seu filé mignon Quattrino, acompanhado de risoto de queijo ementhal (R$ 62,80) e o Sallvattore vai de salmão grelhado laqueado com mel acompanhado de polenta ao ferro (R$ 47,50). Os demais donos de restaurantes elegeram Mello o porta-voz do movimento. "Neste momento, a administração é crítica. É preciso ter em mente que o custo da energia elétrica caiu, mas o do gás subiu. A batata e os laticínios subiram muito. A desoneração da cesta básica parece que ficou no bolso do produtor", lembra Mello. Ele pondera, porém, que o restaurante que não consegue manter os preços em razão da alta dos custos possui falhas na administração. "Qualquer dona de casa sabe como fazer. Se um produto está caro, deixa-se de comprar. E oferece à família comida feita com outros ingredientes. Os paulistanos podem aprender também a fazer uma política inteligente de substituições sem perder o prazer gastronômico com isso."

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tomate é useiro e vezeiro, para usar uma expressão da época, em cutucar os índices de inflação. Em meados dos anos 1970 – puxa, já lá se vão 50 anos! –, o legume/fruta (há divergências) aprontou tanto que forjou a identificação de um vilão dos preços. Tratavase de Totonho, o rei do tomate, um "atravessador" que dominava as feiras do Rio de Janeiro e que virou notícia diária nos jornais e capa de revista (não havia internet, certo?). Naquele tempo, o indicador utilizado como referência nacional era o IGP-DI, calculado basicamente no Rio e que girava em tornou de 2/3% ao mês. Nasceu ali uma discussão que ainda perdura: preços de legumes e verduras são sazonais; sobem e descem, na origem, com volatilidade. Por causa disso, o então ministro da Fazenda, Mário Henrique Simonsen, um craque cuja inteligência granjeava aceitação geral,

propôs que esses preços voláteis fossem retirados da coleta nos momentos de pico, para que não se eternizassem no índice. Uma vez incorporados ao índice geral nunca mais baixariam na ponta final do consumo, mesmo que tombasse lá na origem - inercialização, grosso modo, em economês. Simonsen engoliu muitas críticas (ou tomates, cujo custo de produção é dos mais complicados) e a proposta, considerada por alguns uma forma de mascarar a verdade, não prosperou. Passaram-se décadas, a inflação inercial foi combatida aqui e ali (sobretudo com o Plano Real), mas a indexação resiste e volta à baila o assunto. E a encrenca permanece: o tomate subiu 18% em março em São Paulo mesmo com a inflação paulistana na casa do 0,4% mensal. Nos anos 10 do século 21, agora em São Paulo, quem tomou o lugar do velho Totonho? JRN

AIG Resseguros Brasil S.A. CNPJ nº 13.525.547/0001-52 DECLARAÇÃO DE PROPÓSITO Roberto Tadeu Ramos Carneiro, brasileiro, solteiro, securitário, portador da carteira de identidade RG nº 9965222 / SSP e inscrito no CPF/MF sob nº 029.493.368-92, residente e domiciliado na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo; declara respectivamente sua intenção de exercer o cargo de Diretor na AIG Resseguros Brasil S.A., e que preenche as condições estabelecidas nos arts. 3º e 4º da Resolução CNSP nº 136, de 2005. Esclarece que, nos termos da regulamentação em vigor, eventuais impugnações a presente declaração deverão ser comunicadas diretamente à Superintendência de Seguros Privados SUSEP, no endereço abaixo, no prazo máximo de quinze dias, contados da data desta publicação, por meio de documento em que os autores estejam devidamente identificados, acompanhados da documentação comprobatória, observado que o declarante poderá, na forma de legislação em vigor, ter direito à vista do respectivo processo. São Paulo (SP), 04 de abril de 2013 Roberto Tadeu Ramos Carneiro Superintendência de Seguros Privados - Coordenação-Geral de Registros e Autorizações - CGRAT Avenida Presidente Vargas, 730, 9º andar - Rio de Janeiro - RJ, CEP 20071-900


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