Jornal do empreendedor
São Paulo, quarta-feira, 4 de setembro de 2013
Especial
Tempo bom para o turismo brasileiro Estudo mostra que o setor de turismo já responde por quase 4% do PIB nacional e as expectativas são de forte crescimento com a Copa do Mundo e Olimpíadas Carlos Ossamu
D
e acordo com dados da World Travel & Tourism Council (WTTC), a participação do turismo na economia brasileira já representa 3,7% do Produto Interno Bruto (PIB). O setor movimentou no ano passado quase US$ 77 bilhões, uma queda de quase 4% em comparação a 2011, que foi um ano excepcional, quando o faturamento alcançou mais de US$ 80 bilhões (em 2010 a receita foi de US$ 68,6 bilhões). Ao analisar a geração de empregos diretos e indiretos, a WTTC diz que em 2011 foram gerados 7,65 milhões de empregos e no ano passado, 8 milhões, que representaram, respectivamente, 7,8% e 8,3% do total de empregos gerados no País. Para o ano de 2013, estima-se um crescimento de 3,8% e uma projeção de 10,59 milhões de empregos diretos e indiretos no ano de 2023, o
Marcelo Camargo/ABr
que representa aproximadamente 9,5% do total de empregos. Estão incluídas como geradoras de empregos diretos as atividades relacionadas à hotelaria, agências de viagens, companhias aéreas, outros tipos de transportes de passageiros, restaurante e lazer. Esses dados constam do Plano Nacional de Turismo, do Ministério do Turismo. Outro indicador da expansão do turismo nacional, e de sua posição cada vez mais significativa na economia, é o crescimento do volume de crédito destinado ao setor. Tomando como referência os valores concedidos por instituições financeiras oficiais (BNDES, Banco do Brasil, Caixa, Banco da Amazônia e Banco do Nordeste), observa-se um crescimento de 923,6% de 2003 a 2012, quando da criação do Ministério do Turismo. Em 2012, o valor dos financiamentos concedidos pelas instituições financeiras federais chegou a R$ 11,2 bilhões, um aumento de 30% se comparado ao ano anterior. O turismo também vem sendo impactado de forma signifi-
cativa pelas melhorias sociais registradas nos últimos anos. Cerca de 60 milhões de brasileiros ascenderam de classe social entre os anos de 2005 e 2010, sendo que 45 milhões deixaram as classes D e E, e 15 milhões migraram da classe C para as classes superiores.
Ministro do Turismo, Gastão Vieira: o faturamento médio das agências de viagens cresceu 21,9% em 2012, em comparação ao ano anterior.
Balança negativa Entretanto, nos últimos anos o setor de turismo apresentou crescentes saldos negativos na Conta Viagens Internacionais, segundo o Banco Central. Isto em função da crescente ascensão da renda interna e da valorização cambial da moeda nacional. Essas duas variáveis ocorrendo simultaneamente, entre os anos 2003 e 2011, ocasionaram um crescimento quase exponencial do saldo negativo. No ano de 2012, os brasileiros gastaram no exterior US$ 22,2 bilhões e os turistas estrangeiros geraram ao País receita de US$ 6,6 bilhões, portanto, um déficit de US$ 15,65 bilhões. Deve-se atentar que nesse ano houve forte desvalorização do real frente ao dólar americano. As chegadas internacionais de turistas ao País não têm se alterado substancialmente em relação aos anos anteriores, mas atingiram o maior patamar já registrado – foram 5,8 milhões de chegadas em 2012. Em relação às chegadas de turistas internacionais por continente, verifica-se que o maior mercado emissor é o sul-americano, com geração de quase a metade de todo o volume de turistas estrangeiros (48,38%). Europa com 29,83% e a América do Norte com 13,43%, são os dois ou-
tros emissores expressivos. Em relação ao transporte aéreo, o ano de 2012 encerrou com aproximadamente 191 milhões de passageiros transportados (doméstico e internacional), um aumento de 6,48% em relação ao ano anterior (11,6 milhões a mais de passageiros). O mercado doméstico transportou pouco mais de 11 milhões a mais de passageiros (aumento de 6,9%) e o mercado internacional 500 mil passageiros (aumento 2,77%) em relação ao ano de 2011. A região Sudeste representa 53,05% do movimento de passageiros no Brasil, seguido da região Nordeste, com 15,92%, região Centro-Oeste, com 12,40%, região Sul, com 12,09% e região Norte, com 6,53%. Agências de viagens Segundo dados da 9ª Pesquisa Anual de Conjuntura Econômica do Turismo (Pa-
cet), divulgada pelo ministro do Turismo, Gastão Vieira, o faturamento médio das agências de viagens cresceu 21,9% em 2012, em comparação ao ano anterior. A procura por destinos nacionais foi responsável por 59% das vendas realizadas e a demanda por viagens internacionais, impulsionada pela valorização do real frente ao dólar, equivale a 41% desse total. O levantamento foi realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) com as 80 maiores empresas do setor. As contratações também estiveram em alta entre as agências de viagem. Elas ampliaram em 10,5% o quadro de pessoal e estão otimistas em relação à expansão dos negócios em 2013. Os executivos do segmento apontaram a retomada do crescimento da economia, a imagem política do Brasil no exterior e o aumento do consumo de viagens pelas classes sociais emer-
gentes como fatores que influenciaram a expansão dos negócios no ano passado. As agências também mencionaram a alta exposição do País na mídia internacional e investimentos em tecnologia como propulsores do setor. A pesquisa identificou significativa expansão das agências online, impulsionada pela entrada de novos usuários de internet. Segundo o levantamento, a internet facilita a distribuição dos produtos e impulsiona as vendas. No período, os custos das agências subiram 9,1% e os preços foram reajustados em 24,8%. A 9ª edição da Pacet ouviu executivos de nove segmentos do setor de turismo, que em 2012 faturaram R$ 57,6 bilhões e geraram 115 mil empregos. Os segmentos pesquisados são agências de viagens, hospedagem, operadores de turismo, organizadoras de eventos, transportes aéreo e rodoviário e turismo receptivo.